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IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS
DE CENÁRIOS DE MITIGAÇÃO DE GASES
DE EFEITO ESTUFA NO BRASIL ATÉ 2030
Cenários de Mitigação de GEE do Setor Residencial
(Demanda de Energia)
Relatório Técnico
Autores:
Amaro Olímpio Pereira Junior e Mariana Weiss (Centro Clima/COPPE/UFRJ)
Citação:
PEREIRA JR, A.O.; e WEISS, M. (2015). Cenários do Setor Residencial . In: LA ROVERE, E. L. et al.,
2016 – Implicações Econômicas e Sociais de Cenários de Mitigação de Gases de Efeito Estufa no Brasil
até 2030: Projeto IES-Brasil, Forum Brasileiro de Mudanças Climáticas – FBMC. COPPE/UFRJ, Rio de
Janeiro, 2016.
EQUIPE DO PROJETO IES-Brasil FORUM BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS – COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL Luiz Pinguelli Rosa – Coordenador Geral Neilton Fidelis – Coordenador Executivo CENTRO CLIMA/COPPE/UFRJ – COORDENAÇÃO TÉCNICA Emilio Lèbre La Rovere – Líder de Pesquisa e Modelagem William Wills – Coordenador de Pesquisa e Modelagem Macroeconômica Carolina Burle Schmidt Dubeux, Amaro Olímpio Pereira Junior e Sergio Henrique Ferreira da Cunha – Coordenadores de Estudos Setoriais Isabella da Fonseca Zicarelli – Assistente de Coordenação ECOSYNERGY – EQUIPE DE FACILITAÇÃO Barbara C. P. Oliveira – Líder de Processo e Facilitação Sergio Marcondes Luisa Santos Sette Câmara Moreira EQUIPE DE MODELAGEM MACROECONÔMICA William Wills, Carolina Grottera, Romulo Neves Ely – Centro Clima/COPPE/UFRJ Julien Lefevre – CIRED/CNRS (Centre International de Recherche sur l’Environnement et le Dévéloppement) EQUIPE DE ESTUDOS SETORIAIS Setor de Agricultura, Floresta e Outros Usos da Terra (AFOLU): Marcelo Melo Ramalho Moreira, Leila Harfuch, Willian Kimura, Luciane Chiodi Bachion, Rodrigo Lima, Wilson Zambianco e André Nassar – Agroicone; Carolina B. S. Dubeux e Michele K.C. Walter – Centro Clima/COPPE/UFRJ Setor Energético: Amaro Olímpio Pereira Junior, Sergio Henrique Ferreira da Cunha, Thauan Santos, Mariana Weiss, Larissa Albino da Silva Santos e Patricia Turano de Carvalho – Centro Clima/COPPE/UFRJ Setor Industrial: Shigueo Watanabe Jr, Roberto Kishinami e Ana Toni – CO2 Consulting Setor de Resíduos: Saulo Machado Loureiro e Carolina B.S. Dubeux – Centro Clima/COPPE/UFRJ e Victor Zveibil Setor de Transporte: Amaro Olímpio Pereira Junior, Luan Santos e Luiza Di Beo Oliveira – Centro Clima/ COPPE/UFRJ EQUIPE DE COMUNICAÇÃO Roberta Nadalutti La Rovere GERÊNCIA ADMINISTRATIVA Charlotte Heffer – Gerente de Projeto Mariana Portellada – Assistente Administrativa Yuri Ramos Alves – Estagiário
Sumário
Introdução .................................................................................................................................... 1
1. Cenário de Plano Governamental (CPG) .......................................................................... 4
1.1. Premissas Utilizadas na Modelagem .................................................................................. 6
1.2. Medidas de Mitigação já Incluídas no CPG ....................................................................... 14
1.3. Resultados Finais ............................................................................................................. 14
2. Cenários de Mitigação Adicional (MA) .......................................................................... 19
2.1. Cenário de Mitigação Adicional 1 (MA1) .......................................................................... 19
2.1.1. Medidas de mitigação já previstas no CPG cujo alcance foi ampliado ............................ 19
2.1.2. Novas medidas de mitigação ........................................................................................... 20
2.1.3. Resultados do MA1 .......................................................................................................... 20
2.2. Cenário de Mitigação Adicional 2 (MA2) .......................................................................... 23
2.2.1. Medidas de mitigação já previstas no MA1 cujo alcance foi ampliado. .......................... 23
2.2.2. Novas medidas de mitigação ........................................................................................... 23
2.2.3. Resultados do MA2 .......................................................................................................... 25
3. Comparação entre os Cenários ..................................................................................... 27
4. Aspectos Socioeconômicos ........................................................................................... 30
Referências Bibliográficas .................................................................................................... 31
ANEXO METODOLÓGICO ...................................................................................................... 34
Figuras
Figura 1. Consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por domicílios urbanos e rurais – CPG – 2005-2030 .............................................................................................................................. 15
Figura 2. Evolução do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte – CPG – 1990-2030 ....................................................................................................................................... 16
Figura 3. Curva de custo marginal de abatimento do Setor Residencial –MA1 em relação ao CPG (US$/tCO2 evitado) ................................................................................................................. 22
Figura 4. Curva de custo marginal de abatimento do Setor Residencial- MA2 em relação ao CPG (US$/tCO2 evitado) ................................................................................................................. 27
Figura 5. Evolução do consumo energético (mil tep) no Setor Residencial nos cenários CPG, MA1 e MA2 – 1990-2030 ................................................................................................................... 28
Figura 6. Evolução das emissões (MtCO2e) no Setor Residencial nos cenários CPG, MA1 e MA2 – 1990-2030 .............................................................................................................................. 29
Figura 7. Variação das emissões do Setor Residencial (%) nos Cenários de Mitigação Adicional em relação ao Cenário de Plano Governamental ........................................................................ 29
Tabelas
Tabela 1. Consumo final energético no Setor Residencial – 2005 ......................................................... 2
Tabela 2. Participação dos usos finais no consumo de energia elétrica do Setor Residencial – 2005 .. 3
Tabela 3. Emissões de GEE, por gás, do Setor Residencial – 1990-2010 ............................................... 4
Tabela 4. Estimativas para o comportamento do número de domicílios total, urbano, rural,
eletrificado e não eletrificado- 2005-2030 ............................................................................. 5
Tabela 5. Estimativas da evolução da posse de aquecedores de água 2005-2030.............................. 10
Tabela 6. Consumo de energia dos tipos de aquecedores de água – 2005 ......................................... 11
Tabela 7. Estimativas da evolução da posse de fogões – 2005-2030 .................................................. 12
Tabela 8. Consumo de energia pelos tipos de fogão – 2005 ............................................................... 12
Tabela 9. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por domicílios urbanos e
domicílios rurais – CPG – 2005-2030 .................................................................................... 14
Tabela 10. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte energética –
CPG – 1990-2030 .................................................................................................................. 15
Tabela 11. Comparação entre as participações dos usos finais no consumo de energia elétrica do
Setor Residencial– 2005-2030 .............................................................................................. 17
Tabela 12. Consumo médio mensal de energia elétrica pelos usos finais do Setor Residencial – 2005 -
2030 ...................................................................................................................................... 17
Tabela 13. Comparação entre o CPG do LEAP e PNE 2050 para o consumo energético (mil tep) do
Setor Residencial – 2020 e 2030 ........................................................................................... 18
Tabela 14. Emissões totais (MtCO2e) do Setor Residencial no CPG por fonte– 1990-2030 .................. 18
Tabela 15. Consumo médio de GLP dos fogões (tep/ano) ..................................................................... 20
Tabela 16. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte – MA1 – 1990-
2030 ...................................................................................................................................... 21
Tabela 17. Emissões (Mt CO2e) relativas ao consumo energético total do Setor Residencial – MA1 –
1990-2030 ............................................................................................................................. 21
Tabela 18. Preço médio e consumo médio de energia elétrica dos aquecedores de água ................... 23
Tabela 19. Preço médio e consumo médio de energia elétrica dos refrigeradores .............................. 24
Tabela 20. Preço médio e consumo médio de energia elétrica das lâmpadas ...................................... 25
Tabela 21. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte –MA2 – 1990-
2030 ...................................................................................................................................... 25
Tabela 22. Estimativa de emissões (MtCO2e) do Setor Residencial – MA2 – 1990-2030 ...................... 26
Tabela 23. Custos e potencial de mitigação das medidas do MA1 em relação ao CPG ......................... 35
Tabela 24. Custos e Potencial de Mitigação das Medidas do MA2 em Relação ao CPG ........................ 36
1
Introdução
Neste relatório são apresentados os resultados do modelo setorial residencial no que tange às
estimativas da evolução do seu consumo de energia e de suas respectivas emissões de gases de efeito
estufa (GEE), até o ano de 2030.
Estas estimativas, juntamente com a simulação da adoção de medidas de mitigação de emissões do
Setor Residencial serviram de insumo para o modelo de equilíbrio geral utilizado neste estudo – o
IMACLIM-BR. Este modelo representa a estrutura da economia brasileira e seus inúmeros fluxos
energéticos, auxiliando na construção de cenários otimizados que permitam analisar os efeitos de
políticas de mitigação no crescimento econômico e desenvolvimento social, em um dado horizonte de
tempo.
São construídos três cenários de emissão: o Cenário do Plano Governamental (CPG) onde são estimadas
as emissões decorrentes das estimativas do consumo energético do Setor Residencial realizadas pelo
Governo e dois Cenários de Mitigação Adicional (MA1 e MA2) que consideram mais medidas de
mitigação no setor, sendo o MA2 mais ousado do que o MA11.
Por trabalhar com os fluxos monetários e os fluxos energéticos de uma economia, a estrutura do
IMACLIM-BR se assemelha a uma matriz insumo-produto híbrida. Como o IMACLIM-BR e os modelos
setoriais necessitam apresentar anos base iguais, optou-se pela utilização do ano base 2005, dado que
são referentes a este ano os últimos resultados relativos à matriz insumo-produto brasileira divulgados
pelo IBGE.
De acordo com a PNAD 2005 (IBGE, 2013), o Brasil contava com aproximadamente 52, 868 milhões de
domicílios, dos quais 84,48% eram tidos como urbanos e apenas 15,52% como rurais. Ainda
considerando dados da PNAD 2005 (IBGE, 2013), mais de 99, 6% dos domicílios urbanos tinham acesso à
energia elétrica no ano de 2005. Desta forma, é razoável assumir que, no ano de 2005,
aproximadamente 100% dos domicílios urbanos já podiam ser classificados como eletrificados. Já, em
relação aos domicílios rurais, em 2005, 83,8% dos domicílios podiam ser considerados eletrificados
(IBGE, 2013).
1 Os cenários de mitigação foram simulados considerando somente medidas de comando & controle (MA1 e MA2) e, ainda,
com a adoção de taxas de carbono sobre combustíveis no valor de US$20/tCO2e e US$ 100/tCO2e, respectivamente (MA1+T e MA2+T). Entretanto, no Setor Residencial, os resultados dos cenários sem e com taxa de carbono não resultaram em diferenças significativas, estando apresentados, portanto, apenas os cenários MA1 e MA2.
2
Quanto ao tamanho da população, o PNE 2030 (EPE, 2007) afirmava que em 2005 o Brasil possuía ao
todo 185,5 milhões de habitantes, dos quais 154,3 milhões residiam na região urbana e 31,2 milhões
eram habitantes da região rural. Deste modo, em média nos domicílios brasileiros residiam
aproximadamente 3,51 pessoas.
No que tange ao consumo de energia, segundo dados do Balanço Energético Nacional (EPE, 2013), o
Setor Residencial brasileiro em 2005 foi responsável por 11, 2% do consumo total final de energia do
país, ficando atrás, portanto do Setor Industrial e do Setor de Transportes que representaram 37,5 % e
26,5%, respectivamente. Já, em relação ao consumo de energia elétrica, o Setor Residencial foi
superado apenas pelo setor industrial e foi responsável por 22% de toda a energia elétrica consumida
no país, durante o ano de 2005 (EPE, 2007).
Ao final do ano de 2005, o Setor Residencial brasileiro havia acumulado um consumo energético anual
total de 21.828 mil tep (Tabela 1), o que equivale a uma média de 0,4129 tep por domicílio. A lenha,
seguida da eletricidade e posteriormente do gás liquefeito de petróleo (GLP), foram as fontes
energéticas mais utilizadas pelos brasileiros naquele ano. O fato de a lenha ser uma fonte energética
mais utilizada do que fontes mais limpas e modernas como a eletricidade e o GLP mostra que a
sociedade brasileira em 2005 ainda poderia ter muitos ganhos de eficiência neste setor. Desta forma,
segundo o BEN 2013 (EPE, 2013), desde então a lenha veio perdendo espaço principalmente pela sua
substituição pelo GLP na cocção. Isso indiretamente fez com que a eletricidade em 2007 ultrapassasse
finalmente a lenha, tornando-se a fonte energética mais significativa no consumo final total de energia
do Setor Residencial brasileiro.
Tabela 1. Consumo final energético no Setor Residencial – 2005
Fonte Consumo (10³ tep) Participação Percentual (%)
Eletricidade 7.155 32,8%
GN 191 0,9%
Querosene 17 0,1%
GLP 5.713 26,2%
Lenha 8.235 37,7%
Carvão vegetal 517 2,4%
TOTAL 21.828 100,0%
Fonte: Elaboração própria a partir de EPE (2013).
Segundo o PROCEL (2007), o Setor Residencial é constituído por um grupo bastante heterogêneo de
consumidores de energia elétrica, principalmente no que se refere ao perfil de uso de eletrodomésticos.
Isso se deve principalmente às diversidades climáticas presentes em função da grande expansão
3
territorial do país e também às desigualdades de renda familiar, que exercem grande influência nos
hábitos de consumo de energia elétrica dos domicílios.
Apesar de não ser a fonte energética mais significativa no Setor Residencial em 2005, é importante
descrever o consumo de energia elétrica pelo setor brasileiro, dado que esta fonte foi utilizada em
praticamente todos os usos finais principais do domicílio médio brasileiro. Segundo a pesquisa amostral
realizada pelo PROCEL (2007), estima-se que mais de 2/3 dos domicílios brasileiros consumiram menos
que 200 kWh de energia elétrica por mês. Na Tabela 2, é possível observar a participação dos usos finais
no consumo médio de energia elétrica pelo Setor Residencial.
Tabela 2. Participação dos usos finais no consumo de energia elétrica do Setor Residencial – 2005
Usos Finais Participação no Consumo Total
Aquecimento de água 25%
Condicionamento ambiental 3%
Refrigeração de alimentos 34%
Refrigerador 28%
Freezer 6%
Iluminação 21%
Outros usos 17%
TOTAL 100%
Fonte: Elaboração própria a partir de EPE (2007).
Com relação às emissões (Tabela 3), o Setor Residencial emitiu diretamente 23,5 MtCO2e com a queima
de combustíveis fósseis (GLP, gás natural e querosene) e de biomassa (lenha e carvão vegetal), segundo
dados do III Inventário Brasileiro de Emissões (MCTI, 2015). Em outras palavras, em 2005, 8,0% das
emissões brasileiras de GEE (CO2, CH4 e N2O) tiveram origem no Setor Residencial, com cada domicílio
emitindo em média 445 kgCO2e.
4
Tabela 3. Emissões de GEE, por gás, do Setor Residencial – 1990-2010
Setor Residencial
1990 2000 2005 2010
Mt CO2e
CO2 13,8 17,2 15,6 17,3
CH4 6,7 5,5 6,9 6,1
N20 1,0 0,9 1,1 1,0
TOTAL 21,5 23,6 23 6 24,4
Fonte: Elaboração Própria com base em MCTI (2015).
Nota: não inclui emissões da geração termelétrica
Ressalta-se que o presente capítulo apresenta valores também para as emissões da geração de
eletricidade consumida pelo Setor Residencial. Essas emissões, entretanto, são consideradas como
indiretas, pois ocorrem, de fato, no Setor Energético. No cômputo geral do estudo, tais emissões e/ou
abatimentos estão atribuídas somente ao Setor Energético, evitando-se assim, dupla contagem.
1. Cenário de Plano Governamental (CPG)
A modelagem do Setor Residencial apresenta uma abordagem do tipo bottom up, ou seja, a demanda
final total de energia é calculada com base nos consumos específicos e nas posses médias dos
equipamentos/tecnologias, na intensidade de uso e no número total de domicílios. Logo, escolheu-se
utilizar o programa paramétrico de simulação Long-range Energy Alternatives Planning System (HEAPS,
2013). Conhecido como LEAP, este programa devido à sua estrutura, facilita a organização e a realização
de estudos de demanda de energia complexos, que envolvem a construção de cenários.
A modelagem do Setor Residencial calcula o consumo de energia com base na formulação de Januzzi &
Swisher (1997), descrita no Anexo Metodológico. Segundo estes autores, a demanda final total anual de
energia de um equipamento associado a um determinado uso final de um domicílio deve ser calculada
levando em consideração:
a posse média deste equipamento;
o tempo médio de uso por dia, a quantidade média de dias por mês que é utilizado, a
quantidade média de meses por ano que é utilizado; e
a potência média do tipo de equipamento.
5
No que se refere aos dados, o comportamento das variáveis demográficas foi estimado para o Setor
Residencial a partir de diversos estudos (EPE, 2014d; IBGE, 2013; IBGE, 2014). Neste presente trabalho,
foram consideradas as projeções de crescimento da população feitas pelo IBGE (2014) e as projeções
para taxa de urbanização e para número de domicílios adotados no PNE 2050 (EPE, 2014d). Foram
utilizados também os dados da PNAD (IBGE, 2013) para o número total de domicílios em 2005 e 2010.
Os dados não disponíveis para os demais anos da série considerada foram estimados por meio de
interpolações feitas no LEAP. Estes dados podem ser observados na Tabela 4.
Tabela 4. Estimativas para o comportamento do número de domicílios total, urbano, rural, eletrificado e não eletrificado- 2005-2030
Dados 2005 2010 2020 2030
Número Total de Domicílios (milhões) 52,9 60,0 72,8 82,0
Número Total de Domicílios (número índice) 1,6 1,8 2,2 2,5
Número de Domicílios Urbanos (%) 84,5% 85,6% 86,2% 87,5%
Número de Domicílios Rurais (%) 15,5% 14,4% 13,8% 12,5%
Número de Domicílios Rurais Eletrificados (%) 83,8% 93,2% 98,3% 100,0%
Número de Domicílios Rurais Não Eletrificados(%) 16,2% 6,8% 1,7% 0,0%
População Nacional (milhões) 185,2 195,5 212,1 223,1
População Nacional (número índice) 1,3 1,3 1,4 1,5
Número de pessoas por domicílio 3,5 3,3 2,9 2,7
Fonte: IES-Brasil (2015) a partir de IBGE (2013), EPE (2014d), IBGE (2014)
As demandas finais totais anuais de energia para o Setor Residencial brasileiro visam reproduzir a
estrutura do consumo de energia deste setor, de forma a coincidir com os resultados encontrados para
estes mesmos anos no Balanço Energético Nacional (EPE, 2013). Esta estrutura foi montada com base
em informações sobre o consumo específico de energia pelos equipamentos, a posse de equipamentos,
a participação dos usos finais no consumo médio anual de energia das residências brasileiras ao longo
do período analisado. Para isso, foram utilizados alguns estudos, como: PROCEL (2007), CARDOSO
(2008), IBGE (2013), EPE (2007) e GOUVELLO (2010). Além destas fontes bibliográficas que apresentam
dados exatamente para os anos de 2005 e 2010, foram adaptados alguns dados provenientes de fontes
que apresentavam anos base vizinhos a 2005 e 2010, como por exemplo, o Balanço de Energia Útil (EPE,
2005) cujo ano base é de 2004; o PDE 2021 (EPE, 2012a) e a Nota Técnica DEA 16/12 (EPE, 2012b) cujo
ano base é 2011; o PDE 2022 (EPE, 2014a), a Nota Técnica DEA 10/14 (EPE, 2014b) cujo ano base é 2012,
o PDE 2023 (EPE, 2014c) e o PNE 2050(EPE, 2014d; EPE, 2014e). Ademais, quanto ao consumo específico
de energia pelos equipamentos, utilizou-se também como base bibliográfica outros estudos como:
6
SERPA (2001), ACHÃO (2003), ABRAVA (2014), PROCEL (2013), CARDOSO (2008), MELO (2009), LIQUIGÁS
(2013), CONPET (2013), UHLIG (2008), UHLIG (2011) e REGUEIRA (2010). A consideração destes demais
estudos foi necessária devido à existência de poucos estudos, informações e estatísticas mais
detalhados sobre este tema.
Desta forma, foram importantes para o Setor Residencial as discussões do CEC à cerca do crescimento
populacional, assim como a evolução do nível de renda, de desigualdade e de educação.
Adicionalmente, de grande relevância também foram as avaliações sobre o comportamento do
consumo residencial de energia, principalmente com relação à participação dos usos finais no consumo
de energia, ao futuro da posse de equipamentos e aos avanços na eficiência destes equipamentos
domésticos no que tange ao consumo de energia.
1.1. Premissas Utilizadas na Modelagem
As premissas indicadas pelo CEC para o Cenário do Plano Governamental (CPG) do Setor Residencial
visam demonstrar como se dará a evolução do consumo de energia das famílias de 2005 a 2030, de
acordo com os seis principais usos finais: iluminação, refrigeração de alimentos, aquecimento de água,
condicionamento de ambiente, cocção e outros usos.
Iluminação
Seguindo as estimativas do PROCEL (2007), do PNE 2030 (EPE, 2007) e do PROCEL (2013a), este estudo
assumiu que em média cada domicílio apresentava 4 lâmpadas incandescentes, sendo 2 de 40 W e 2 de
60 W, e 4 lâmpadas fluorescentes, sendo 2 de 11 W e 2 de 15 W. Estas lâmpadas estiveram ligadas em
média 4 horas por dia, durante todo o ano de 2005. Foram responsáveis por um consumo total anual de
363 kWh/domicílio (0,031208 tep/domicílio/ano), que coincide com a estimativa do PNE 2030 (EPE,
2007) para o ano de 2005.
Adicionalmente, o uso final Iluminação é o que prevê o maior ganho de eficiência energética, devido ao
banimento das lâmpadas incandescentes previsto para ocorrer em 2017, conforme determinado na
Portaria Interministerial MME/MCTI e MDIC nº 1.007/2010 (EPE, 2012b). Desta forma, entre 2005 e
2020, as lâmpadas incandescentes foram perdendo espaço para as lâmpadas fluorescentes. Apesar de a
portaria prever o banimento das lâmpadas incandescentes do mercado para o ano de 2017, neste
estudo assumiu-se que estas somente não estariam mais presentes nos domicílios brasileiros a partir de
2020, devido à vida útil das lâmpadas e à existência de estoques nos domicílios.
7
Adicionalmente, estimou-se que até 2030 aumentaria o número médio de lâmpadas por domicílio
seguindo as tendências propostas pelo PNE 2050 (EPE, 2014e). Deste modo, em 2030, cada domicílio
eletrificado possuiria em média 10 lâmpadas fluorescentes. Logo, em 2030, um domicílio consumiria em
média 187 kWh/ano (0,01610 tep/domicílio/ano).
Ainda no que tange à iluminação, vale estacar que em 2005 havia uma parcela da população brasileira
que não tinha acesso à energia elétrica. Esta parcela, composta majoritariamente por domicílios da
região rural do país, atendia na maioria das vezes ao uso iluminação através do uso de lampiões a
querosene, como revelam SERPA (2001) e ACHÃO (2003). Desta forma, assumiu-se que 80% dos
domicílios rurais não eletrificados faziam uso de lampiões a querosene para iluminação. O consumo de
energia deste equipamento equivale a 0, 01595 tep/ano/domicílio. Contudo, espera-se que o consumo
de querosene para iluminação tenda a zero, dado que se assumiu como verdadeira a hipótese de que
com o programa Luz para Todos os domicílios estarão eletrificados até 2030 (EPE, 2012b; EPE, 2014d;
EPE, 2014e).
Refrigeração de Alimentos
Quanto ao uso final Refrigeração de Alimentos, dois tipos de equipamentos estão presentes na
residência média brasileira: refrigerador e freezer. De acordo com os dados da PNAD 2005 (IBGE, 2013),
92,5% dos domicílios urbanos possuíam refrigeradores, enquanto apenas 63% dos domicílios rurais
possuíam tal equipamento. Com relação a freezer, 24% dos domicílios urbanos possuíam este
equipamento, ao passo que na região rural esse percentual caía para 17%.
De acordo com o PROCEL (2007), também em 2005, a posse média dos equipamentos por domicílio que
possuía pelo menos uma unidade do equipamento era de aproximadamente 1unidade. Espera-se que a
posse média deste equipamento cresça até o ano de 2030 chegando a aumentar 104% e 100%
respectivamente no caso dos domicílios urbanos e dos domicílios rurais. Ademais, haverá a tendência da
redução do consumo anual de energia elétrica do estoque médio no Cenário do Plano Governamental,
devido ao uso de equipamentos tanto mais eficientes como também de menor volume unitário. Isso se
deve à tendência de cada vez existir mais domicílios habitados por uma só pessoa. Já, no caso do
freezer, acredita-se que este equipamento passe a ser menos frequente nos domicílios brasileiros. Deste
modo, espera-se que a posse média de freezer pelos domicílios brasileiros desça ao patamar de 15% em
2030.
8
Por fim, vale ainda ressaltar que neste Cenário do Plano Governamental considerou-se, para os
refrigeradores, ganhos de eficiência energética anuais de 0,5% e para os freezers de 0,9%, adaptando as
previsões da Nota Técnica 16/12 (EPE, 2012b). Estes ganhos de eficiência foram estipulados de modo a
representar o consumo médio dos equipamentos divulgados no PNE 2030 (EPE, 2007) e no PNE 2050
(EPE, 2014e), assim como nos PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE, 2012b), PDE 2022 (EPE, 2014a; EPE, 2014b) e
PDE2023 (EPE, 2014c). Logo, no CPG, o consumo médio de um refrigerador médio passaria de 439
kWh/domicílio/ano (0,03775 tep/domicílio/ano) em 2005 para 308 kWh/domicílio/ano (0,02645
tep/domicílio/ano) em 2030. Por outro lado, o consumo médio de energia do equipamento freezer
médio evoluiria de 570 kWh/domicílio/ano (0,04901 tep/domicílio/ano) em 2005 para 435
kWh/domicílio/ano (0,03742 tep/domicílio/ano) em 2030.
Condicionamento de Ambiente
No que se refere ao uso final Condicionamento de Ambiente, este se divide em dois equipamentos
básicos: ar condicionado e ventilador.
Em 2005, 11% dos domicílios urbanos possuíam um aparelho de ar condicionado, segundo o PNE 2030
(EPE, 2007). Considerou-se que os domicílios rurais não possuíam aparelhos de ar condicionado devido à
menor renda média nesta região.
O equipamento ventilador encontrava-se presente em 78% dos domicílios brasileiros (urbanos e rurais)
em 2005, segundo a pesquisa amostral do PROCEL (2007). O consumo anual deste equipamento, que é
ligado apenas em média nos 4 meses mais quentes do ano, é equivalente a 70 kWh/mês (0,006
tep/ano).
Para a evolução do consumo de energia referente ao uso final Condicionamento Térmico, estima-se que
haveria um aumento significativo apenas na posse média de aparelhos de ar condicionado nos
domicílios urbanos, continuando estável, portanto a posse média de ventiladores pelos domicílios.
Desta forma, a posse média de aparelhos de ar condicionado nos domicílios urbanos chegaria a 50% em
2030, seguindo as tendências demonstradas por EPE (2007), EPE (2012a), EPE (2012b), EPE (2014a), EPE
(2014b), EPE (2014c) e EPE (2014c) e EPE (2014e).
Neste CPG, também se considerou que os aparelhos de ar condicionado apresentariam ganhos de
eficiência energética anuais de 0,7%, valor adaptado da Nota Técnica 16/12 (EPE, 2012b), de modo a
obter um consumo médio por equipamento compatível com os descritos em EPE (2007), EPE (2012a),
9
EPE (2012b), EPE (2014a), EPE (2014b), EPE (2014c) e EPE (2014e). Portanto, o consumo médio anual de
um equipamento médio de ar condicionado passaria de 615 kWh/domicílio/ano (0,05292
tep/domicílio/ano) em 2005 para 481 kWh/domicílio/ano (0,04139 tep/domicílio/ano) em 2030.
Aquecimento de Água
Juntamente com informações cedidas pelo PROCEL (2007), foram considerados os dados do PNE 2050
(EPE, 2014e) e do PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE, 2012b) referentes ao consumo de energia e à posse de
equipamentos dos domicílios para atender ao uso final aquecimento de água. Segundo o PROCEL (2007)
80,9 % dos domicílios urbanos brasileiros aqueciam água para banho no ano de 2005 utilizando chuveiro
elétrico (90,85%), chuveiros a GLP (4,4%), a Gás Natural (4,4%) e até mesmo Termossolares (0,35%).
Já a posse de aquecedores de água pelos domicílios rurais foi estimada com base nos dados doPNE 2050
(EPE, 2014e) e do PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE, 2012b) subtraindo as parcelas referentes aos domicílios
urbanos. Como resultado, encontrou-se que apenas 70% dos domicílios rurais aqueciam água. Ademais,
como na região rural não havia acesso à rede de gás natural, considerou-se que o aquecimento de água
para banho era realizado apenas através de chuveiros elétricos (98%) e chuveiros a GLP (2%).
Na Tabela 5Erro! Fonte de referência não encontrada., é demonstrada a evolução da posse de
equipamentos para aquecimento de água considerada neste estudo baseada em dados do PNE 2050
(EPE, 2014e) e do PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE, 2012b).
10
Tabela 5. Estimativas da evolução da posse de aquecedores de água 2005-2030
Domicílios Urbanos
2005 2010 2020 2030
Porcentagem de Domicílios Urbanos que Aquecem Água
80,90% 80,90% 81,80% 82,60%
Tipos de Aquecedores de Água
Chuveiro Elétrico 90,85% 88,10% 77,0% 62,5%
Aquecedor Termossolar 0,35% 3,90% 12,3% 19,0%
Aquecedor a Gás Natural 4,40% 4,80% 8,3% 18,0%
Aquecedor a GLP 4,40% 3,20% 2,4% 0,5%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Domicílios Rurais Eletrificados
2005 2010 2020 2030
Porcentagem de Domicílios Rurais que Aquecem Água
70,00% 70,00% 71,00% 72,00%
Tipos de Aquecedores de Água
Chuveiro Elétrico 98,00% 98,00% 98,50% 99,00%
GLP 2,00% 2,00% 1,50% 1,00%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Fonte: Elaboração Própria com base no PNE 2050 (EPE, 2014e) e no PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE, 2012b)
Contudo, é previsto ainda no CPG que 13,7% dos domicílios que aquecem água devem fazê-lo por meio
do aquecedor termossolar em 2030, de acordo com a Nota Técnica 16/12 (EPE, 2012b) e o PNE 2050
(EPE, 2014e). Já analisando a base de dados da ABRAVA (2013), a posse média de aquecedores de água
termossolares nos domicílios urbanos seria de aproximadamente 0,04 em 2010 e passaria para 0,19 em
2030. Ainda segundo a ABRAVA (2013), a maioria dos domicílios com aquecedor termossolar estaria
concentrada na Região Sudeste da qual é importante destacar as cidades de Belo Horizonte e São Paulo.
Na primeira, foi instituída a Lei nº 9.415/2007 que previa a criação de incentivos fiscais destinados a
proprietários de edificações que como fonte para aquecimento de água utilizassem energia solar, GLP e
gás natural; já na segunda cidade, encontra-se a Lei nº 14.459/2007 que estabelece a obrigatoriedade
da instalação de sistemas de aquecimento de água por energia solar nos prédios novos que utilizam
água quente e nas residências com 4 banheiros ou mais do município. Porém, os mesmos estudos (EPE,
2012b; ABRAVA, 2013), estimam ainda que haverá o crescimento da posse de aquecedores
termossolares impulsionada principalmente pelo Programa Minha Casa Minha Vida e pelo Programa de
Eficiência Energética da ANEEL.
11
Ainda sobre o uso final Aquecimento de Água, é previsto também um aumento no consumo de gás
natural pelos domicílios urbanos. Assim, foi previsto que a posse média de aquecedores de água a gás
natural cresceria 0,03 em 2005 para 0,13 em 2030. Esta é uma estimativa adaptada da Nota Técnica
16/12 (EPE, 2012b) e do PNE 2050 (EPE, 2014e).
O consumo de energia de cada um dos tipos de aquecedores de água foi calculado com base em dados
do EPE (2007) e CONPET (2013a), conforme discriminado na Tabela 6. É importante ainda ressaltar que
neste cenário assumiu-se que os chuveiros elétricos presentes nas residências apresentariam aumentos
anuais de consumo específico de 0,5%, como era previsto PDE 2023 (EPE, 2014c). Isso é esperado devido
à aquisição de novos chuveiros elétricos de maior potência resultante da melhoria da renda média das
famílias brasileira.
Tabela 6. Consumo de energia dos tipos de aquecedores de água – 2005
Tipo de Aquecedor de água Consumo anual do aquecedor de água
(tep)
Chuveiro Elétrico 0,05235
Aquecedor a Gás Natural 0,07800
Aquecedor a GLP 0,21000
Aquecedor Termo- Solar 0,01309
Fonte: Elaboração própria a partir de EPE (2007) e CONPET (2013a).
Cocção de Alimentos
Com relação ao uso final Cocção de Alimentos, 98,5% dos domicílios urbanos possuíam fogão frente a
92,2% dos domicílios rurais que possuíam o mesmo equipamento, de acordo com dados da PNAD 2005
(IBGE, 2013). Utilizando os dados sobre a distribuição dos tipos de fogão da Nota Técnica 16/12 (EPE,
2012b) e do PNE 2050 (EPE, 2014e), considerou-se que os domicílios urbanos em 2005 só faziam uso de
fogões a gás natural e a GLP2. Enquanto que os domicílios rurais utilizavam lenha, carvão vegetal e GLP.
É importante ainda frisar que nestas regiões mais afastadas dos grandes centros e do comércio há a
tendência de a fonte energética mais utilizada na cocção ser a lenha, devido ao fato de poder ser
recolhida nas proximidades sem custos para o consumidor (ACHÃO, 2003). Desta forma, considera-se
que a lenha teria um papel ainda mais relevante para o uso cocção nos domicílios rurais não
eletrificados, que provavelmente se encontram em locais de mais difícil acesso.
2É possível que alguma parcela destes domicílios utilizasse lenha e carvão vegetal para cocção, porém assumiu-se que esta era
uma parcela não significativa.
12
Na Tabela 7, é demonstrada a evolução da posse de equipamentos para o uso final cocção de alimentos
considerada neste estudo baseada em dados do PNE 2050 (EPE, 2014e) e do PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE,
2012b).
Tabela 7. Estimativas da evolução da posse de fogões – 2005-2030
Domicílios Urbanos
2005 2010 2020 2030
Porcentagem de Domicílios Urbanos que Possuem Fogão
98,50% 98,94% 99,30% 99,50%
Tipos de Fogão
Fogão a GLP 97,00% 96,06% 89,00% 84,00%
Fogão a Gás Natural 3,00% 3,94% 11,00% 16,00%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Domicílios Rurais Eletrificados
2005 2010 2020 2030
Porcentagem de Domicílios Rurais que Possuem Fogão
92,24% 94,15% 96,20% 97,00%
Tipos de Aquecedores de Água
Fogão a GLP 13 00% 28,64% 53,15% 64,5%
Fogão à Lenha 80,00% 65,63% 43,00% 32,50%
Fogão a Carvão Vegetal 7,00% 5,73% 3,85% 3,00%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Fonte: Elaboração Própria com base no PNE 2050 (EPE, 2014e) e no PDE 2021 (EPE, 2012a; EPE, 2012b)
Quanto ao consumo energético referente à cocção, assumiu-se que os fogões a GLP e a gás natural eram
utilizados cerca de 1 hora por dia durante todo o ano (PROCEL, 2013). Quanto aos consumos médios,
estes foram estimados com base em LIQUIGÁS (2013), CONPET (2013), UHLIG (2008), UHLIG (2011) e
REGUEIRA (2010) e se encontram descritos na Tabela 8.
Tabela 8. Consumo de energia pelos tipos de fogão – 2005
Tipo de Fogão Consumo anual de fogão (tep)
Fogão a Gás Natural 0,05100
Fogão a GLP 0 12300
Fogão à Lenha 1,31990
Fogão a Carvão Vegetal 1,16400
Fonte: Elaboração própria a partir de CONPET (2031b), LIQUIGAS (2013), UHLIG (2008), UHLIG (2011) e REGUEIRA (2010).
13
Ainda sobre o uso final Cocção de Alimentos, espera-se o aumento no consumo de gás natural nos
domicílios urbanos e a substituição do consumo de lenha e carvão vegetal por GLP nos domicílios rurais.
Já nos domicílios urbanos, a expectativa é de que irá aumentar a participação percentual dos domicílios
que utilizam fogões a gás natural. Ademais, devido aos novos padrões de estilo de vida e à tendência da
redução do número de pessoas por domicílio, espera-se que a posse média de microondas por domicílio
urbano passe de 0,3 para 0,6, entre 2005 e 2030.
Outros Usos Finais
Por fim, o presente Cenário estima, com base na Nota Técnica 16/12 (EPE, 2012b), no PDE 2021 (EPE,
2012a), na Nota Técnica 10/14 (EPE, 2014b), no PDE 2022 (EPE, 2014a), no PDE 2023(EPE, 2014c), no
PNE 2030 (EPE, 2007) e no PNE 2050 (EPE, 2014e), que tende a crescer a posse média de outros usos em
todo o território brasileiro. Segundo o PROCEL (2007), aproximadamente 44% dos domicílios brasileiros
tinham algum equipamento do grupo Outros Usos, assumiu-se as posses médias de 50% e 40% para os
domicílios urbanos e para os domicílios rurais eletrificados respectivamente. Já com relação ao consumo
de energia elétrica por estes equipamentos incluídos na categoria Outros Usos, assumiu-se um consumo
médio de 254 kWh/ano/domicílio (0,02185 tep/ano/domicílio) em 2005.
Considerou-se também que o consumo de energia elétrica dos equipamentos de Outros Uso também
iria aumentar consideravelmente. Desta forma, em 2030, esta categoria seria responsável pelo consumo
médio de 1512 kWh/domicílio ano (0,13 tep/domicílio/ano), equivalente ao consumo previsto pelo PNE
2030 (EPE, 2007). Adicionalmente, estima-se que todos os domicílios brasileiros passem a possuir
equipamentos que compõem a categoria Outros Usos. Estas variações na posse e no consumo médio
deste conjunto de equipamentos são compatíveis com as previsões da EPE para participação dos usos
finais no consumo total de energia elétrica (EPE, 2007).
Segundo a EPE (2012b), a maior participação dos outros usos no consumo de energia elétrica dos
domicílios é mais do que esperada, dado que esta categoria representava 45% do consumo de energia
elétrica dos domicílios norte-americanos ainda em 2001 EIA (2001) 3 apud EPE (2012b), enquanto que
no caso dos domicílios brasileiros em 2005 esta mesma categoria não chegava a responder nem por 20%
do consumo total de energia elétrica. De acordo com o presente Cenário de Plano Governamental, a
3 EIA – Energy Information Administration. Residential Energy Consumption Survey [RECS].Residential Consumption of Electricity by End Use, 2001. Disponível em:<http://www.eia.doe.gov/emeu/recs/ recs2001/enduse2001/enduse2001.html>.
14
categoria Outros Usos seria responsável por 58% do consumo de energia elétrica médio de um
domicílio.
1.2. Medidas de Mitigação já Incluídas no CPG
No Cenário de Plano Governamental, já são considerados os futuros ganhos de eficiência no consumo
de energia dos eletrodomésticos já previstos pela EPE.
1.3. Resultados Finais
Nesta seção, estão apresentados os resultados encontrados através da modelagem feita no LEAP para
estimar o Cenário do Plano Governamental para o consumo de energia no Setor Residencial brasileiro
para o período 2005-2030. Como dito anteriormente, o Cenário do Plano Governamental estimado para
este trabalho, além das mudanças nas variáveis demográficas previstas para o período, assume também
as previsões de ganhos de eficiência energética divulgadas na Nota Técnica 16/12 (EPE, 2012b), no PDE
2022 (2014a), no PDE 2023 (2014c) e no PNE 2050 (EPE, 2014e).
Na Tabela 9 e na Figura 1, é possível ver como se comportaria, segundo o Cenário do Plano
Governamental estimado neste trabalho, o consumo de energia no Setor Residencial brasileiro no
período 2005 – 2030 seguindo a divisão entre domicílios urbanos e rurais.
Tabela 9. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por domicílios urbanos e domicílios rurais – CPG – 2005-2030
Domicílios 2005 2010 2020 2030
Urbanos 12.156 14.695 20.022 26.130
Rurais 9.672 9.101 8.310 7.541
TOTAL 21.828 23.796 28.332 33.671
Fonte: IES-Brasil (2015).
15
Fonte: IES-Brasil (2015).
Figura 1. Consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por domicílios urbanos e rurais – CPG – 2005-2030
Já na Tabela 10 e na Figura 2, podemos visualizar como se comportaria, segundo o CPG estimado neste
trabalho, o consumo de energia no Setor Residencial de 2005 a 2030, de acordo com os tipos de fonte
energética: eletricidade, gás natural, GLP, querosene, lenha e carvão vegetal. É possível ainda verificar
que há um aumento significativo na participação da energia elétrica no balanço energético referente ao
consumo do Setor Residencial até o ano de 2030.
Tabela 10. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte energética –CPG – 1990-2030
Fonte Energética 1990 2000 2005 2010 2020 2030
Carvão Vegetal 639 409 517 509 442 347
Eletricidade 4.184 7.188 7.156 9.220 14.110 19.829
Querosene 128 36 17 4 2 0
GLP 4.988 6.325 5.712 6.298 7.504 7.844
Gás Natural 4 100 191 255 672 1.386
Lenha 7.960 6.570 8.235 7.276 5.602 4.265
Gás Canalizado 91 60 0 0 0 0
TOTAL 17.994 20.688 21.828 23.562 28.332 33.671
Fonte: IES-Brasil (2015).
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
2005 2010 2020 2030
mil
tep
Rurais
Urbanos
16
Fonte: IES-Brasil (2015).
Figura 2. Evolução do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte – CPG – 1990-2030
É importante frisar que a modelagem conseguiu reproduzir a estrutura do consumo de energia total do
Balanço Energético Nacional para os anos de 2005 e 2010 (Tabela 10), assim como que para os demais
anos foi possível obter uma evolução para o consumo energético residencial por fontes, bastante
semelhante à proposta no PNE 2050 (EPE, 2014e). Desta forma, cada domicílio seria responsável pelo
consumo aproximado de energia de 413 tep em 2005. Em 2030, este consumo de energia médio por
domicílio permanece relativamente estável (411 tep/domicílio).
Adicionalmente, este estudo conseguiu obter também uma composição do consumo de energia elétrica
por uso final relativamente próxima à disponível no PNE 2030 (EPE, 2007) para o ano de 2005, como
pode ser visto na Tabela 11 Erro! Fonte de referência não encontrada.e na Tabela 12. Já quanto à
projeção do consumo de energia elétrica pelas famílias para o ano de 2030, é possível perceber,
também nas Tabela 11 e Tabela 12, que a expectativa para distribuição da mesma pelos usos finais
sofreu alterações do PNE 2030 (EPE, 2007) para o PNE 2050 (EPE, 2014e). Apenas o uso final Outros
Usos continua a apresentar uma projeção de consumo anual de energia elétrica em 2030 próxima à
prevista pelo PNE 2030 (EPE, 2007).
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
1990 2000 2010 2020 2030
mil
tep
Gás Canalizado
Lenha
Gás Natural
GLP
Querosene
Eletricidade
Carvão Vegetal
17
Tabela 11. Comparação entre as participações dos usos finais no consumo de energia elétrica do Setor Residencial– 2005-2030
Usos Finais
Participação no Consumo de Energia Elétrica
LEAP PNE 2030
2005 2030 2005 2030 *
Aquecimento de água 27% 14% 25% 26%
Condicionamento ambiental 4% 17% 3% 2%
Refrigeração de alimentos 32% 14% 34% 15%
Refrigerador 24% 11% 28% -
Freezer 8% 2% 6% -
Iluminação 22% 7% 21% 11%
Outros Usos 14% 58% 17% 46%
TOTAL 100% 100% 100% 100%
Fonte: IES-Brasil (2015) a partir de EPE (2007).
* – Cenário Surfando na Marola (B1).
Tabela 12. Consumo médio mensal de energia elétrica pelos usos finais do Setor Residencial – 2005 -2030
Usos Finais
Consumo de Energia Elétrica (kWh/mês/domicílio)
LEAP PNE 2030
2005 2030 2005 2030 *
Aquecimento de água 36 33 35 76
Condicionamento ambiental 15 18 4 6
Refrigeração de alimentos 42 32 47 44
Refrigerador 32 27 39 -
Freezer 11 5 8 -
Iluminação 29 16 29 32
Outros Usos 19 136 23 134
Total 131 234 138 291
Fonte: IES-Brasil (2015) a partir de EPE (2007).
* – Cenário Surfando na Marola (B1).
Na Tabela 13, é possível comparar os resultados obtidos no LEAP com os propostos pelo PNE 2050 (EPE,
2014e) para o ano de 2020 e 2030. Apesar de estes não serem idênticos, são bem próximos,
demonstrando que o Cenário do Plano Governamental deste trabalho segue estimativas plausíveis.
18
Tabela 13. Comparação entre o CPG do LEAP e PNE 2050 para o consumo energético (mil tep) do Setor Residencial – 2020 e 2030
BALANÇO ENERGÉTICO
Resultados Eletricidade GN Querosene GLP Lenha Carvão Vegetal
Total
LEAP para 2020
14.110 672 2 7.504 5.602 442 28.332
PNE 2050 para 2020
14.119 619 0 7.173 5.542 412 27.864
LEAP para 2030
19.829 1.386 0 7.844 4.265 347 33.671
PNE 2050 para 2030
19.700 1.395 0 7.846 4.415 336 33.692
Fonte: IES-Brasil (2015) a partir de EPE (2014a).
Por fim, na Tabela 14 é possível observar como evoluem as emissões de GEE referentes ao consumo de
energia no Setor Residencial.
Tabela 14. Emissões totais (MtCO2e) do Setor Residencial no CPG por fonte– 1990-2030
Fonte Energética 1990 2000 2005 2010 2020 2030
Carvão Vegetal 0,168 0,107 0,136 0,133 0,116 0,091
Eletricidade 1,757 5 679 5,367 7,569 10,469 21,312
Querosene 0,388 0,109 0,051 0,023 0,006 –
GLP 13,309 16,803 15,183 17,317 19,939 20,835
Gás Natural 0,009 0,237 0,452 0,604 1,587 3,275
Lenha 7,459 6,156 7,716 6,820 5,250 3,996
Gás Canalizado 0,215 0,142 – – – –
Total 23,305 29,233 28,906 32,467 37,367 49,510
Carvão Vegetal 1,000 0,640 0,809 0,795 0,693 0,544
Eletricidade 1,000 3,231 3, 054 4,307 5,957 12,128
Querosene 1,000 0,281 0,133 0,058 0,017 –
GLP 1,000 1,262 1,141 1,301 1,498 1,565
Gás Natural 1,000 25, 000 47,750 63,839 167,634 345,979
Lenha 1,000 0,825 1,035 0,914 0,704 0,536
Gás Canalizado 1,000 0,659 – – – –
TOTAL 1,0 1,3 1,2 1,4 1,6 2,1
Fonte: IES-Brasil (2015).
19
2. Cenários de Mitigação Adicional (MA)
Nos Cenários de Mitigação Adicional, foi considerado que todas as premissas do Cenário de Plano
Governamental permaneceriam válidas, tanto no que tange às variáveis demográficas quanto ao
consumo de energia para a maioria de seus usos finais. Desta forma, somente ocorrem mudanças entre
o Cenário de Plano Governamental e os Cenários de Mitigação Adicional 1 e 2, referentes às medidas de
mitigação simuladas que têm por objetivo reduzir o consumo de energia e consequentemente as
emissões de CO2. Estão incluídas no MA1, medidas com custo de abatimento até US$20/tCO2e e no MA2
medidas até US$ 100/tCO2e. Tais medidas, que serão descritas a seguir, estão baseadas no Estudo de
Baixo Carbono desenvolvido pelo Banco Mundial (GOUVELLO, 2010).
a. Medidas consideradas nos MA
Cocção – Padrão mais rígido de eficiência para fogões a GLP
Aquecimento de água – Maior penetração de Aquecedores Termossolares
Iluminação – Substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED
Refrigeração de Alimentos – Padrão mais rígido de eficiência
b. Medidas sugeridas pelo CEC mas não modeladas
Todas as medidas sugeridas pelos membros do CEC foram modeladas.
2.1. Cenário de Mitigação Adicional 1 (MA1)
2.1.1. Medidas de mitigação já previstas no CPG cujo alcance foi ampliado
Cocção – Padrão mais rígido de eficiência para fogões a GLP
Padrões mais rígidos e obrigatórios de eficiência para os fogões a GLP foram adotados a partir de 2016.
Foi previsto que esta tecnologia mais eficiente penetraria gradativamente nos domicílios brasileiros a
partir de 2016, fazendo com que no Cenário de Mitigação Adicional 1 os queimadores dos fogões a GLP
tivessem um ganho de eficiência superior à projeção do Cenário de Plano Governamental, para o ano de
2030. Em outras palavras, no Cenário de Plano Governamental o índice de eficiência dos queimadores
evoluiria de aproximadamente 60% para 63%, significando que o estoque de equipamentos em 2030 em
média seria considerado eficiente, segundo o selo CONPET (INMETRO, 2014). Já no Cenário de Mitigação
20
Adicional 1, tal índice de eficiência chegaria a 68%, que é equivalente ao tipo de fogão a GLP disponível
atualmente no mercado com queimadores mais eficientes, segundo o INMETRO (2014). Ademais, o nível
de eficiência de 68% foi levantado por PANTANGI et al. (2011) como sendo um dos mais altos possíveis
de serem alcançados por queimadores de um fogão a GLP. Logo, esta medida de mitigação levaria à
economia no consumo de GLP de aproximadamente 0,009 tep ao ano por fogão.
O consumo anual de energia dos fogões a GLP existentes e respectivos substitutos eficientes estão
descritos na Tabela 15 e foram calculados com base nos índices de eficiência para queimadores do
INMETRO (2014) e no estudo de Tinel & Ribeiro (2013). No entanto, não foi possível determinar preços
relativos entre os dois tipos de fogão, dado que a variável eficiência ainda não se caracteriza como
significante para a determinação do preço destes equipamentos, como mostrou Mendonça et al. (2008).
Tabela 15. Consumo médio de GLP dos fogões (tep/ano)
Equipamentos Consumo de Energia em 2030 (tep/ano/domicílio)
Fogão Médio a GLP existente 0,1170
Fogão Médio a GLP eficiente 0,1083
Fonte: IES-BR (2015) com base em MELO (2009), CARDOSO(2008) e GOUVELLO(2009).
2.1.2. Novas medidas de mitigação
Não foram consideradas novas medidas de mitigação neste cenário.
2.1.3. Resultados do MA1
Como foi dito, os dois Cenários de Mitigação Adicional deste estudo assumem as premissas do CPG e
propõem algumas outras medidas de eficiência energética mais eficazes, substitutas ou
complementares. A maioria das medidas de eficiência proposta nos Cenários de Mitigação Adicional foi
adaptada do Estudo de Baixo Carbono para o Brasil do Banco Mundial (GOUVELLO, 2010).
Na Tabela 16 pode-se observar a nova matriz energética resultante da aplicação das medidas de
mitigação do MA1.
21
Tabela 16. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte – MA1 – 1990-2030
Fonte Energética 1990 2000 2005 2010 2020 2030
Carvão Vegetal 639 409 517 508 442 347
Eletricidade 4.184 7.188 7.156 9.231 14.110 19.829
Querosene 128 36 17 7 2 0
GLP 4.988 6.325 5.712 6.516 7.255 7.270
Gás Natural 4 100 191 256 672 1.386
Lenha 7.960 6.570 8.235 7.278 5.602 4.265
Gás Canalizado 91 60 0 0 0 0
TOTAL 17.994 20.688 21.828 23.796 28.083 33.097
Fonte: IES-BR (2015)
Na Tabela 17 é possível verificar as emissões do MA 1 expressas em tCO2e referente ao consumo
energético total do Setor Residencial ao longo do período de cenário.
Tabela 17. Emissões (Mt CO2e) relativas ao consumo energético total do Setor Residencial – MA1 – 1990-2030
Fonte Energética 1990 2000 2005 2010 2020 2030
Carvão Vegetal 0,168 0,107 0,136 0,133 0,116 0,091
Eletricidade 1,757 5,679 5,367 7,569 10,469 21,312
Querosene 0,388 0,109 0,051 0,023 0,006 –
GLP 13,309 16,803 15,183 17,317 19,316 19,310
Gás Natural 0,009 0,237 0,452 0,604 1,587 3,275
Lenha 7,459 6,156 7,716 6,820 5,250 3,996
Gás Canalizado 0,215 0,142 – – – –
TOTAL 23,305 29,233 23,539 32,008 36,744 47,984
Carvão Vegetal 1,000 0,640 0,809 0,795 0,693 0,544
Eletricidade 1,000 3,231 3,054 4,307 5,957 12,128
Querosene 1,000 0,281 0,133 0,058 0,017 –
GLP 1,000 1,262 1,141 1,301 1,451 1,451
Gás Natural 1,000 25,000 47,750 63,839 167,634 345,979
Lenha 1,000 0,825 1,035 0,914 0,704 0,536
Gás Canalizado 1,000 0,659 – – – –
TOTAL 1,0 1,3 1,0 1,4 1,6 2,1
Fonte: IES-BR (2015).
22
No que se refere a custos, para cada medida de mitigação, foi calculado o custo anual equivalente a
cada tonelada de CO2e evitada, baseado em Gouvello (2010, p.157). Na Figura 3, é possível observar a
curva de custo marginal de abatimento para o MA1 onde se encontra a única medida identificada com
custo marginal de abatimento até US$ 20. Trata-se da implementação de um padrão de eficiência mais
rígido para os queimadores dos fogões a GLP que se caracteriza como a medida de eficiência energética
analisa de menor custo.
Fonte: IES-BR (2015).
Nota: valores constantes para o ano de 2005.
Figura 3. Curva de Custo Marginal de Abatimento do Setor Residencial –MA1 em relação ao CPG (US$/tCO2
evitado)
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
0 5 10 15
US$
/tC
O2
e
MtCO2e
Fogão a GLP mais eficiente
23
2.2. Cenário de Mitigação Adicional 2 (MA2)
2.2.1. Medidas de mitigação já previstas no MA1 cujo alcance foi ampliado.
Aquecimento de água – Maior penetração de Aquecedores Termossolares
Incentivo à maior participação dos aquecedores solares (SAS) no uso aquecimento de água dos
domicílios brasileiros, já que no CPG e, consequentemente no MA1, está previsto que 13,7% dos
domicílios brasileiros fariam uso do aquecedor termossolar em 2030. No MA2, esta medida já estaria
prevalecendo a partir de 2015, representando até 2030, 20% do uso aquecimento de água. Estima-se
que o SAS como um substituto do chuveiro elétrico, seja por responsável em média por uma economia
de 75% no consumo de energia elétrica frente o chuveiro elétrico (EPE, 2012b; GOUVELLO, 2010).
Esta medida prevê que um maior número de cidades brasileiras siga o exemplo de São Paulo e Belo
Horizonte, no que tange à instituição de leis que garantem incentivos fiscais às edificações que utilizam
aquecedores solares para ao aquecimento de água ou mesmo que estabeleçam sua obrigatoriedade. Já
vem sendo registrados avanços legislativos em Goiânia, Vitória, Rio de Janeiro e Birigui-SP, entre 2008 e
2012. Ademais, espera-se também que haja o crescimento da posse de aquecedores termossolares
devido à continuidade do Programa Minha Casa Minha Vida e do Programa de Eficiência Energética da
ANEEL (EPE, 2012b; ABRAVA, 2013). Na Tabela 18, estão apresentados os valores considerados na
modelagem.
Tabela 18. Preço médio e consumo médio de energia elétrica dos aquecedores de água
Equipamentos Preço Unitário(R$ 2005) Consumo do Estoque em 2030
(kWh/ano/domicílio)
Chuveiro Elétrico 33,49 673
Aquecedor Termossolar (SAS) 1.674,48 (1.255,86 do aparelho +
418,62 da instalação) 152
Fonte: IES-BR (2015) com base em MELO (2009), CARDOSO (2008) e GOUVELLO (2009).
2.2.2. Novas medidas de mitigação
Refrigeração de Alimentos – Padrão mais rígido de eficiência
Adoção de padrões mais rígidos e obrigatórios de eficiência para as geladeiras a partir de 2016. Tal
medida se baseia em padrões de eficiência dos EUA, como foi proposto em Gouvello (2010). Foi previsto
que esta tecnologia penetraria gradativamente nos domicílios brasileiros, chegando a representar 30%
do estoque de geladeiras em 2030 no Cenário de Mitigação Adicional 2. Estes refrigeradores
responsáveis por um menor consumo de energia não foram considerados no Cenário de Plano
24
Governamental, dado que seu consumo médio não condizia com a previsão da EPE (2014a) para o
consumo médio do estoque de refrigeradores domiciliares.
Tanto os preços quanto o consumo anual de energia elétrica dos refrigeradores existentes e respectivos
substitutos eficientes foram calculados a partir de uma média ponderada com bases nos tipos de
equipamentos presentes nos domicílios brasileiros descritos em Melo (2009) e Cardoso (2008). Estes são
descritos na Tabela 19.
Tabela 19. Preço médio e consumo médio de energia elétrica dos refrigeradores
Equipamentos Preço Unitário(R$ 2005) Consumo do Estoque em 2030
(kWh/ano/domicílio)
Refrigerador Médio existente 1.219,02 355
Refrigerador Médio eficiente 1.465,17 264
Fonte: IES-BR (2015) com base em MELO (2009), CARDOSO (2008) e GOUVELLO (2009).
Iluminação – Substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED
Introdução de lâmpadas LED a partir de 2021. Esta tecnologia penetraria gradativamente nos domicílios
brasileiros, chegando em 2030 a representar 30% das lâmpadas no MA2. Esta maior participação das
lâmpadas LEDs é citada em IEA (2014), DEFRA (2014) e Energy Saving Trust (2014) como uma das formas
de reduzir o consumo de energia elétrica pelo uso final iluminação. As lâmpadas LED não foram
consideradas já no CPG devido ao seu alto custo e também ao fato de que esta tecnologia ainda não se
encontra consolidada para uso generalizado nos domicílios (DEFRA, 2014).
Foram mantidas a intensidade de utilização considerada no CPG e a posse média de 8 lâmpadas por
domicílio proposta pelo PROCEL (2007) e pelos estudos da EPE (EPE, 2012a; EPE, 2012b; EPE, 2014a;
EPE, 2014b). Logo, estimou-se que os domicílios que fizessem a troca deste equipamento
apresentariam, em 2030, 8 lâmpadas LED (4 lâmpadas de 11W e 4 de 8W) ao invés das convencionais 8
lâmpadas fluorescentes (4 lâmpadas de 15W e 4 de 11W) como no CPG. É importante mencionar que
tanto a lâmpada fluorescente compacta de 15W e a lâmpada LED de 11W são equivalentes a uma
lâmpada incandescente de 60W, enquanto que a lâmpada fluorescente compacta de 11W e a lâmpada
LED de 8W equivalem a uma lâmpada incandescente de 40W.
Por fim, na Tabela 20, encontram-se os preços médios e os consumos médios de energia elétrica dos
tipos de lâmpada utilizados no Cenário de Mitigação Adicional 2. Estes preços foram determinados
através de pesquisas de mercado atuais.
25
Tabela 20. Preço médio e consumo médio de energia elétrica das lâmpadas
Equipamentos Preço Unitário (R$ 2005) Consumo do Estoque em 2030 (kWh/ano/domicílio)
Lâmpada Incandescente 3,14 576
Lâmpada Fluorescente 10,05 150
Lâmpada LED 39,84 110
Fonte: IES-BR (2015)
2.2.3. Resultados do MA2
Como foi dito anteriormente, os dois Cenários de Mitigação Adicional deste estudo assumem as
projeções previstas no Cenário de Plano Governamental e propõem algumas outras medidas de
eficiência energética mais eficazes, substitutas ou complementares. A maioria das medidas de eficiência
propostas nos Cenários de Mitigação Adicional foi adaptada do Estudo de Baixo Carbono para o Brasil do
Banco Mundial (GOUVELLO, 2010). É importante frisar que todas as reduções no consumo energético
entre os cenários se deram apenas pela redução do consumo de energia resultante das medidas de
mitigação.
A Tabela 21 apresenta a nova demanda energética do setor, em razão das medidas implementadas no
cenário MA2.
Tabela 21. Estimativas do consumo de energia (mil tep) do Setor Residencial por fonte –MA2 – 1990-2030
Fonte Energética 1990 2000 2005 2010 2020 2030
Carvão Vegetal 639 409 517 508 442 347
Eletricidade 4.184 7.188 7.156 9.231 13.970 19.389
Querosene 128 36 17 7 2 0
GLP 4.988 6.325 5.712 6.516 7.255 7.270
Gás Natural 4 100 191 256 672 1.386
Lenha 7.960 6.570 8.235 7.278 5.602 4.265
Gás Canalizado 91 60 0 0 0 0
TOTAL 17.994 20.688 21.828 23.796 27.943 32.657
Fonte: (IES-BR, 2015)
26
Na Tabela 22, é possível ver como se comportariam as emissões no Cenário de Mitigação Adicional 2,
até 2030.
Tabela 22. Estimativa de emissões (MtCO2e) do Setor Residencial – MA2 – 1990-2030
Fonte Energética 1990 2000 2005 2010 2020 2030
Carvão Vegetal 0,168 0, 107 0,136 0,133 0,116 0,091
Eletricidade 1,757 5,679 5,367 7,569 10,365 20,839
Querosene 0,388 0,109 0,051 0,023 0 006 –
GLP 13,309 16,803 15,183 17,317 19,316 19,310
Gás Natural 0,009 0,237 0,452 0,604 1,587 3,275
Lenha 7,459 6,156 7,716 6,820 5,250 3,996
Gás Canalizado 0,215 0,142 – – – –
Total 23,305 29,233 23,539 32, 008 36,641 47,511
Carvão Vegetal 1,000 0,640 0,809 0,795 0,693 0,544
Eletricidade 1,000 3,231 3,054 4,307 5,898 11,858
Querosene 1,000 0,281 0,133 0,058 0,017 –
GLP 1,000 1,262 1,141 1,301 1,451 1,451
Gás Natural 1,000 25,000 47,750 63,839 167,634 345,979
Lenha 1,000 0,825 1,035 0,914 0,704 0,536
Gás Canalizado 1,000 0,659 – – – –
Total 1,0 1,3 1,0 1,4 1,6 2,0
Fonte: IES-BR (2015).
Como mencionado, a análise dos custos é baseada na proposta por Gouvello (2010, p.157). Desta forma,
para cada medida de mitigação, foi calculado o custo anual equivalente de cada tonelada de CO2e
evitada, compondo uma curva de custos marginais de abatimento.
Na Figura 4, é possível observar a curva de custo marginal de abatimento para o Cenário de Mitigação
Adicional 2, que inclui a medida de mitigação do MA1. A medida que prevê maior penetração de
aquecedores termossolares de água é a que se mostrou de menor custo. Em seguida, tem-se a
introdução das lâmpadas LED nos domicílios. Por fim, a adoção de padrões mais rígidos de eficiência
para os refrigeradores foi a única medida a apresentar um custo por tonelada de CO2 evitado muito alto,
mostrando-se, portanto, inviável de ser implementada mesmo que no Cenário de Mitigação Adicional 2,
cujo valor máximo da medida considerada é de US$100/tCO2e.
27
Fonte: IES-BR (2015).
Nota: valores constantes para o ano de 2005.
Figura 4. Curva de custo marginal de abatimento do Setor Residencial- MA2 em relação ao CPG (US$/tCO2
evitado)
3. Comparação entre os Cenários
Na Figura 5, é possível verificar a evolução do consumo energético referente ao Setor Residencial no
Cenário de Plano Governamental (CPG), no Cenário de Mitigação Adicional 1 (MA1) e no Cenário de
Mitigação Adicional 2 (MA2). Como pode se observar, nos três cenários, a estrutura da matriz energética
apresentou comportamentos semelhantes. No MA1, ocorre uma pequena redução do consumo de GLP
em relação ao CPG, devido à medida que prevê maior eficiência nos queimadores dos fogões a GLP. Já
no MA2, é prevista, além da redução do consumo de GLP, uma queda no consumo de eletricidade em
relação ao CPG, devido à maior penetração de aquecedores termossolares e à substituição de lâmpadas
fluorescentes por lâmpadas LED.
-100,00
-50,00
-
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
0 5 10 15 20
US$
/tC
O2e
MtCO2
Fogão a GLP mais eficiente Maior Penetração de Aquecedores Termosseolares de Água Introdução de Lâmpadas LED Geladeira mais eficiente
28
Fonte: IES-BR (2015).
Figura 5. Evolução do consumo energético (mil tep) no Setor Residencial nos cenários CPG, MA1 e MA2 – 1990-
2030
Na Figura 6, pode-se visualizar a evolução das emissões referentes ao Setor Residencial nos três
cenários. Como as emissões se referem ao consumo de energia do Setor Residencial, as únicas
mudanças verificadas entre os cenários dizem respeito à redução do consumo de GLP e de eletricidade
resultantes das medidas de mitigação propostas neste estudo.
No MA1 em relação ao CPG, temos o potencial de reduzir as emissões em 1,67% em 2020 e em 3,08%
em 2030 (Figura 7). Já comparando o MA2 com o CPG, o potencial de mitigação aumenta para 1,94% em
2020 e 4,04% em 2030 (Figura 7).
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
19
90
20
00
20
10
20
20
20
30
19
90
20
00
20
10
20
20
20
30
19
90
20
00
20
10
20
20
20
30
CPG CMA1 CMA2
mil
tep
Gás Canalizado
Lenha
Gás Natural
GLP
Querosene
Eletricidade
Carvão Vegetal
29
Fonte: IES-BR (2015)
Nota: Na totalização dos valores do presente estudo, as emissões de eletricidade estão computadas no capítulo de oferta de energia
Figura 6. Evolução das emissões (MtCO2e) no Setor Residencial nos cenários CPG, MA1 e MA2 – 1990-2030
Fonte: IES-BR (2015)
Figura 7. Variação das emissões do Setor Residencial (%) nos Cenários de Mitigação Adicional em relação ao
Cenário de Plano Governamental
0
10
20
30
40
50
60
19
90
20
00
20
10
20
20
20
30
19
90
20
00
20
10
20
20
20
30
19
90
20
00
20
10
20
20
20
30
CPG CMA1 CMA2
MtC
O2
e
Gás Canalizado
Lenha
Gás Natural
GLP
Querosene
Eletricidade
Carvão Vegetal
-4,50%
-4,00%
-3,50%
-3,00%
-2,50%
-2,00%
-1,50%
-1,00%
-0,50%
0,00%
2020 2030
CMA1/CPG
CMA2/CPG
30
4. Aspectos Socioeconômicos
A medida de mitigação referente a um padrão mais rígido de eficiência para fogões a GLP, por ter um
custo negativo, faria com que o Setor Residencial economizasse, ao longo do período 2015-2030, R$ 2,4
bilhões (em valores de 2005), contando os custos com investimento e com o pagamento de fatura de
consumo de GLP. Esta redução do gasto familiar com a compra de GLP é muito benéfica, por amenizar o
peso dos gastos com cocção sobre o orçamento das famílias.
As outras duas medidas de mitigação, maior penetração de aquecedores termossolares e substituição
progressiva de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED, apresentam custo do investimento superior
ao custo operacional que seria economizado com a redução do consumo elétrico (custo positivo),
requerendo para sua implantação, algum tipo de incentivo econômico ou imposição do tipo comando &
controle. Poderia ser concedido algum subsídio às lâmpadas LED de forma a torná-las mais baratas,
assim como poderia ser incentivada uma maior disseminação de projetos de leis que exigissem a
existência de aquecedores termossolares nos prédios e residências, como já existe em algumas cidades
brasileiras.
Ademais, seria interessante considerar também a possibilidade de serem desenvolvidos programas de
troca de equipamentos antigos por equipamentos mais novos e mais eficientes, cujo público alvo seria a
população com poder aquisitivo mais baixo e pertencente ao cadastro único. Esta medida asseguraria
que as famílias contempladas passassem a possuir eletrodomésticos mais eficientes. Com base em
experiências anteriores (como a executada pela Light nas favelas do Rio de Janeiro para amenizar a
incidência de furtos de luz), sugere-se que o governo poderia através desta medida propor às famílias de
baixa renda a troca de lâmpadas e refrigeradores. Contudo, após os resultados obtidos neste estudo,
acredita-se que esta medida também seria compatível e favorável para a troca de fogões, caso o
Governo tenha como objetivo reduzir o nível de emissões referentes ao Setor Residencial.
Outra iniciativa possível de ser posta em prática diria respeito ao Programa do Minha Casa Melhor,
promovido pelo Governo Federal juntamente com a Caixa Econômica Federal. Atualmente, este
programa facilita4 a compra de móveis e eletrodomésticos pelas famílias que participam do Programa
Minha Casa Minha Vida. O programa Minha Casa Melhor exige que os eletrodomésticos comprados
4A família que possui o cartão Minha Casa Melhor, tem acesso a até R$ 5 mil de crédito para comprar móveis e
eletrodomésticos. A própria família escolhe os produtos na loja licenciada e compra os mesmos pelo preço à vista com direito a, no mínimo, 5% de desconto. Posteriormente, ela vai quitando o valor da fatura junto a Caixa Econômica Federal, em um prazo de até 48 meses.
31
pelas por famílias contempladas possuam o selo de eficiência PROCEL e que estejam dentro de uma
certa faixa de preço. Fazem parte deste programa, os seguintes eletrodomésticos: refrigerador, fogão,
microondas, máquina de lavar roupas e TV digital.
Referências Bibliográficas
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Disponível em: http://www.abrava.com.br Acessado em: 1º de julho de 2014.
ACHÃO, C.C.L.. Análise da estrutura de consumo de energia pelo Setor Residencial brasileiro. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2003.
CARDOSO, R. B.. Avaliação da Economia de Energia atribuída ao Programa Selo Procel em Freezers e Refrigeradores. Itajubá:
UNIFEI. 2008.
CONPET. Consulta de Aquecedores de Água a Gás, Fogões e fornos a Gás – Programa Brasileiro de Etiquetagem. Disponível em:
http://consultaaquecedores.petrobras.com.br/Forms/TabelaConsumo.aspx. Acessado em: 20 de dezembro de 2013.
DEFRA. Saving Energy Through Better Products and Appliances A report on analysis, aims and indicative standards for energy
efficient products 2009 – 2030. 2009. Disponível em: http://archive.defra.gov.uk/environment/economy/documents/energy-
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EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Plano Nacional de Energia 2030. Rio de Janeiro, Ministério das Minas e Energia –
MME. 2007.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Plano Decenal de Expansão de Energia 2012-2021. Ministério de Minas e Energia.
Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME/EPE, 2012a.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Nota Técnica DEA 16/12: Avaliação da Eficiência energética para os próximos 10
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32
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34
ANEXO METODOLÓGICO
Segundo Januzzi & Swisher (1997), a demanda final total anual de energia direta de um equipamento,
associado a um determinado uso final de um domicílio, deve ser calculada levando em consideração a
posse média deste equipamento, o tempo médio de uso por dia, a quantidade média de dias por mês
que é utilizado, a quantidade média de meses por ano que é utilizado e a potência média do tipo de
equipamento.
Na Equação 1 e na Equação 2, é possível vislumbrar como Januzzi & Swisher (1997) estimam o cálculo da
demanda final total anual de energia direta para o Setor Residencial ( :
(1)
Em que = consumo específico médio do uso final i no Setor Residencial;
= iluminação, refrigeração; aquecimento de água; condicionamento de ar; cocção de alimentos; outros
usos.
Sendo o consumo específico médio do uso final i no Setor Residencial ( ) é calculado do seguinte
modo:
(2)
Em que = número total de domicílios com uso final ;
= posse média de equipamento por domicílio com uso final ;
= número médio de meses em que o equipamento do uso final é utilizado no ano por um
domicílio;
35
= intensidade energética média mensal ou consumo específico de energia médio mensal do
equipamento do uso final por domicílio.
O modelo de estimação da demanda final de energia direta pelo Setor Residencial proposto por Januzzi
& Swisher (1997) foi desenvolvido no programa paramétrico de simulação Long Range Energy
Alternatives Planning System (HEAPS, 2013). Mais popularmente conhecido como LEAP, este programa,
devido à sua estrutura própria, facilitou a organização e a realização de estudos de demanda complexos
como a construção de cenários para o consumo de energia direta do Setor Residencial brasileiro.
A Tabela 23 resume os custos e o potencial de mitigação da medida de mitigação “padrão de eficiência
mais rígido para os queimadores dos fogões a GLP” considerada no Cenário de Mitigação Adicional 1.
Tabela 23. Custos e potencial de mitigação das medidas do MA1 em relação ao CPG
Medida Potencial unitário de mitigação
Custo unitário de mitigação
Potencial de mitigação em 2030
Potencial de mitigação no período (2010-2030)
Custo total de mitigação no
período
(2010-2030)
tCO2e/ktep US$/tCO2e MtCO2e evitadas
MtCO2e evitadas
US$ (milhão)
Padrão mais rígido de eficiência
para fogões a GLP
2,63 (72,76) 1,511 13,682 (995,552)
Fonte: IES-BR (2015)
Nota: US$ de 2005
A Tabela 24 resume os custos e o potencial de mitigação das medidas de mitigação “Maior penetração
de aquecedores termossolares”, “Substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED” e “Padrão
mais rígido de eficiência para geladeiras” consideradas no Cenário de Mitigação Adicional 2. Como é
possível ver, a medida “Padrão mais rígido de eficiência para geladeiras” foi a única considerada inviável
por apresentar custo unitário de mitigação superior a $ 100.
36
Tabela 24. Custos e Potencial de Mitigação das Medidas do MA2 em Relação ao CPG
Medida Potencial
unitário de mitigação
Custo unitário de mitigação
Potencial de mitigação em
2030
Potencial de mitigação no
período (2010-2030)
Custo total de mitigação no
período (2010-2030)
tCO2e/ktep US$/tCO2e
MtCO2e evitadas
MtCO2e evitadas US$ (milhão)
Padrão mais rígido de eficiência para fogões a GLP
2,63 (72,76) 1,511 13,682 (995,552)
Maior penetração de Aquecedores Termossolares
7,96 15,19 1,070 1,889 28,700
Substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED
5,05 89,00 0,481 0,538 47,903
Padrão mais rígido de eficiência para Geladeiras
7,9 205,26 0,434 0,761 156,135
Fonte: IES-BR (2015).
Nota: US$ de 2005