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SEMINÁRIO PROJECTO 2013-2014 1 Incêndios Florestais no concelho da Chamusca Wildfires in Chamusca municipality André Correia Gomes Castro 1 1 Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto-Portugal, [email protected] Resumo Os incêndios florestais desde à algum tempo têm ganho grande visibilidade na sociedade, isto deve-se ao número elevado de incêndios florestais que ocorrem todos em anos em Portugal, e podemos considerar que o ano de 2003 poderá ter sido o ano chave para que houvesse uma discussão pública sobre esta temática. O meu trabalho incidirá sobre o estudo dos incêndios florestais no concelho da Chamusca, este tem como principal finalidade dar a conhecer as características deste concelho relacionadas com os incêndios florestais, para depois permitir uma melhor interpretação das diversas variáveis presentes nas questões dos incêndios florestais. Para isso vou recorrer principalmente a duas metodologias para a elaboração de mapas, que vão ser a metodologia da Autoridade Florestal Nacional (AFN) e a metodologia da Carta de Risco de Incêndio Florestal (CRIF), e para isso vou recorrer a ferramentas SIG para manusear a informação. O que se pretende deste trabalho é que ele dê-nos a conhecer as características deste concelho ao nível dos incêndios florestais, para permitir uma melhor preparação dos autoridades e das populações locais em relação aos incêndios florestais. Palavras-Chave: Incêndios, Risco, Perigosidade, Probabilidade, Suscetibilidade Abstract Wildfires since for some time have been gaining high visibility in society, this is due to the high number of wildfires that occur each year in Portugal, and we can consider the year 2003 may have been a key year for which there was a broader public discussion on this topic. My work will focus on the study of wildfires in the county of Chamusca, the main purpose is to make known the characteristics of the municipality relating to wildfires, and then allow a better interpretation of the different variables involved in issues of wildfires. For that I will use mainly two methodologies for mapping, which will be the methodology (AFN) National Forestry Authority and the methodology of the Charter of Wildfire Risk (CRIF), and for this I use GIS tools to handle the information. The aim of this work is, gives us to understand the characteristics of this county in terms of wildfires, to allow better preparation of authorities and local populations in relation to wildfires. Keywords: Fire, Risk, Hazardousness, Probability, Susceptibility Introdução Um incêndio florestal corresponde a um fogo incontrolado em florestas, matas e outros espaços com abundante vegetação. Os incêndios florestais são habituais nas áreas de clima mediterrânico, particularmente em dias quentes e secos, sobretudo quando se associa também vento forte. Podem ser o resultado de causas naturais, mas em regra, são devido a

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    Incndios Florestais no concelho da Chamusca

    Wildfires in Chamusca municipality

    Andr Correia Gomes Castro1

    1Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto-Portugal, [email protected]

    Resumo

    Os incndios florestais desde algum tempo tm ganho grande visibilidade na sociedade, isto

    deve-se ao nmero elevado de incndios florestais que ocorrem todos em anos em Portugal, e podemos

    considerar que o ano de 2003 poder ter sido o ano chave para que houvesse uma discusso pblica

    sobre esta temtica.

    O meu trabalho incidir sobre o estudo dos incndios florestais no concelho da Chamusca, este

    tem como principal finalidade dar a conhecer as caractersticas deste concelho relacionadas com os

    incndios florestais, para depois permitir uma melhor interpretao das diversas variveis presentes nas

    questes dos incndios florestais. Para isso vou recorrer principalmente a duas metodologias para a

    elaborao de mapas, que vo ser a metodologia da Autoridade Florestal Nacional (AFN) e a

    metodologia da Carta de Risco de Incndio Florestal (CRIF), e para isso vou recorrer a ferramentas SIG

    para manusear a informao.

    O que se pretende deste trabalho que ele d-nos a conhecer as caractersticas deste concelho

    ao nvel dos incndios florestais, para permitir uma melhor preparao dos autoridades e das

    populaes locais em relao aos incndios florestais.

    Palavras-Chave: Incndios, Risco, Perigosidade, Probabilidade, Suscetibilidade

    Abstract

    Wildfires since for some time have been gaining high visibility in society, this is due to the high

    number of wildfires that occur each year in Portugal, and we can consider the year 2003 may have been

    a key year for which there was a broader public discussion on this topic.

    My work will focus on the study of wildfires in the county of Chamusca, the main purpose is to

    make known the characteristics of the municipality relating to wildfires, and then allow a better

    interpretation of the different variables involved in issues of wildfires. For that I will use mainly two

    methodologies for mapping, which will be the methodology (AFN) National Forestry Authority and the

    methodology of the Charter of Wildfire Risk (CRIF), and for this I use GIS tools to handle the information.

    The aim of this work is, gives us to understand the characteristics of this county in terms of

    wildfires, to allow better preparation of authorities and local populations in relation to wildfires.

    Keywords: Fire, Risk, Hazardousness, Probability, Susceptibility

    Introduo

    Um incndio florestal corresponde a um fogo incontrolado em florestas, matas e

    outros espaos com abundante vegetao. Os incndios florestais so habituais nas reas de

    clima mediterrnico, particularmente em dias quentes e secos, sobretudo quando se associa

    tambm vento forte. Podem ser o resultado de causas naturais, mas em regra, so devido a

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    negligncia humana, e muitas vezes, a atos de natureza criminosa (Julio, R.P., Nery, F., Ribeiro,

    J.L., Castelo Branco, M., Zzere, J.L., 2009, 72 p.).

    O fogo no pode ser evitado nem eliminado, por isso uma particularidade da nossa

    Natureza com o qual temos que conviver. Como se sabe Portugal est inserido num clima

    mediterrnico no qual frequentemente fustigado por vrios incndios florestais e uma das

    caractersticas deste clima uma precipitao elevada em alguns locais do pas, que favorecem

    o crescimento da vegetao e que depois no Vero conjugado com as altas temperaturas

    podem provocar estes incndios florestais. Como j foi referido Portugal um pas muito

    fustigado por incndios florestais, estes incidem mais no Centro e Norte do pas onde existe

    maior estrutura florestal, os anos de 2003 e 2005 foram os piores anos em termos de

    incndios florestais no nosso pas, onde uma grande parte do nosso pas ardeu, incidindo

    principalmente nos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarm no ano de 2003,

    enquanto no ano de 2005 foram os distritos de Coimbra, Vila Real e Viseu os mais afetados.

    Uma das questes em volta desta problemtica ser o futuro dos incndios florestais no atual

    panorama das alteraes climticas, que como sabemos so um fator bastante importante

    tanto para o aumento dos incndios florestais numa determinada rea do territrio bem como

    para a sua diminuio.

    Para a realizao deste trabalho vou concentrar-me sobretudo em duas metodologias,

    a metodologia da CRIF, e a metodologia da AFN, estas duas metodologias baseiam-se em

    fatores condicionantes dos incndios florestais para a elaborao de mapas, enquanto na

    metodologia da CRIF existem mais parmetros para avaliar o risco, na metodologia da AFN

    estes mesmos parmetros so mais agregados, e como vou mostrar mais frente isto provoca

    diferenas entre os mapas utilizando duas metodologias diferentes.

    Neste trabalho vo ser apresentadas as metodologias utilizadas na elaborao dos

    mapas neste caso a metodologia da CRIF e da AFN, os resultados da elaborao dos mapas

    segundo estas duas metodologias, a discusso dos resultados destes mapas, e a concluso final

    sobre os incndios florestais na Chamusca.

    Objetivos

    No relatrio preliminar foram estes objetivos:

    - Elaborar a carta de suscetibilidade de incndio florestal para o concelho da Chamusca

    segundo as normas da Autoridade Florestal Nacional (AFN);

    - Identificar os diferentes usos do solo e a rea ardida no concelho da Chamusca

    segundo os dados fornecidos pelo Instituto Geogrfico Portugus (IGEO) e pelo Instituto de

    Conservao da Natureza e das Florestas (ICNF);

    - Interpretar a evoluo do uso do solo e da rea ardida ao longo do tempo.

    Estes objetivos serviram para dar uma pequena introduo do que poderia ser o

    trabalho em termos mais gerais, neste relatrio final j esto definidos objetivos mais concisos

    para realizao desta investigao sobre os incndios florestais no concelho da Chamusca, e

    que so os seguintes;

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    - Relacionar a variao do uso do solo, a rea ardida e as restantes classes de risco;

    - Perceber a importncia dos fatores condicionantes na problemtica dos incndios

    florestais;

    - Dar a conhecer as metodologias utilizadas para a realizao dos mapas;

    - Compreender os conceitos de probabilidade de ocorrncia, suscetibilidade,

    perigosidade e de risco de incndio florestal;

    - Perceber se os incndios florestais causaram ou podem causar grande impacto no

    concelho da Chamusca.

    Metodologias

    Quadro 1 Metodologia para a carta de Incndio Florestal (IGP)

    A metodologia apresentada pelo Instituto Geogrfico Portugus (IGP) uma

    adaptao de outra metodologia, neste caso desenvolvida por Chuvieco e Congalton (1989).

    Esta metodologia j sofreu algumas mudanas, com a retirada do parmetro visibilidade por

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    postos de vigia, e que depois veio aumentar a percentagem da rede viria e da densidade

    demogrfica.

    A atribuio da classificao de risco de incndio a cada tipo de ocupao do uso do

    solo foi determinada consoante os diferentes graus de inflamabilidade e combustibilidade de

    cada espcie, assim como foi avaliado o ndice de risco em termos estatsticos. Por ordem

    decrescente de importncia junta-se o declive, aumentando o risco de incndio com o

    aumento do declive, em que um declive acentuado favorece a propagao do fogo. O critrio

    Rede Viria proximidade rede viria principal e densidade de caminhos agrcolas e

    florestais, so dois fatores que interferem com o risco de incndio florestal, seja por motivo de

    negligncia ou acidente, estes ocorrem maioritariamente na proximidade s vias. Por outro

    lado a rede viria tambm pode funcionar como meio de agir em prol da preveno e combate

    de incndios florestais, pois permite a visibilidade a quem circule nas vias, permite o acesso

    das viaturas de combate e serve como corta-fogo. As exposies foram consideradas neste

    modelo como relevantes para a propagao do incndio, em virtude de influenciar as

    variaes do tempo atmosfrico durante o dia, assim como as vertentes mais expostas

    exposio solar favorecem a combusto por secura da vegetao. A densidade populacional

    assume aqui uma dupla funo, se por um lado uma densidade baixa poder dar origem a um

    aumento do risco de incndio, por poder estar associado ao abandono da propriedade por

    outro, densidades elevadas podero ter o mesmo efeito face maior probabilidade de

    negligncia, acidente ou mesmo de forma intencional (Alves, P., 2012, 33 p.).

    Figura 1 Metodologia da Autoridade Florestal Nacional (PMDFCI, 2012)

    Este modelo conceptual de elaborao de mapas sobre os incndios florestais mais

    simplificado do que o anterior, ou seja, enquanto no anterior os dados eram mais extensos

    aqui eles so mais agregados e que vai resultar em diferenas assinalveis em alguns mapas

    que fiz. Aqui aparece um dado novo, que so as vrias componentes do risco, estas

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    apresentam vrios conceitos que so necessrios introduzir para a avaliao do risco, e no qual

    eu vou centrar especial ateno nos conceitos de probabilidade, suscetibilidade, e

    perigosidade.

    A probabilidade traduz a verosimilhana de ocorrncia de um fenmeno num

    determinado local em determinadas condies. A probabilidade far-se- traduzir pela

    verosimilhana de ocorrncia anual de um incndio em determinado local, neste caso, um

    pixel de espao florestal. A suscetibilidade de um territrio ou de um pixel expressa as

    condies que esse territrio apresenta para a ocorrncia e potencial de um fenmeno danoso.

    Variveis lentas como as que derivam da topografia, e ocupao do solo, entre outras, definem

    se um territrio mais ou menos suscetvel ao fenmeno, contribuindo melhor ou pior para

    que este se verifique e, eventualmente, adquira um potencial destrutivo significativo. A

    perigosidade o produto da probabilidade e da suscetibilidade. A perigosidade a

    probabilidade de ocorrncia, num determinado intervalo de tempo e dentro de uma

    determinada rea, de um fenmeno potencialmente danoso (Varnes, 1984), ou um evento

    fsico potencialmente danoso ou atividade humana que possa causar perda de vidas ou

    ferimentos, danos em bens, interferncia social e econmica ou degradao ambiental ()

    (UN/ISDR, 2004), (PMDFCI, 2012, 47 p.).

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    Resultados

    Figura 2 Perigosidade no concelho da Chamusca

    Perigosidade % Baixo 71.4

    Baixo-Moderado 2.0

    Moderado 11.6

    Elevado 10.8

    Muito Elevado 4.2 Quadro 2 Perigosidade (%) no concelho da Chamusca

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    Figura 3 Probabilidade de ocorrncia no concelho da Chamusca

    Probabilidade de ocorrncia % Baixo 71.7

    Moderado 27.6

    Elevado 0.6

    Muito Elevado 0.008 Quadro 3 Probabilidade de ocorrncia (%) no concelho da Chamusca

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    Figura 4 Risco de Incndio Florestal no concelho da Chamusca

    Risco % Baixo 6.4

    Baixo-Moderado 8.6

    Moderado 29.7

    Elevado 40.0

    Muito Elevado 13.7

    Urbano 0.9

    Hidrografia 0.8 Quadro 4 Risco de Incndio Florestal (%) no concelho da Chamusca

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    Figura 5 Suscetibilidade no concelho da Chamusca

    Suscetibilidade % Baixa 19.2

    Baixa-Moderado 41.4

    Moderado 1.1

    Elevado 20.4

    Muito Elevado 17.8 Quadro 5 Suscetibilidade (%) no concelho da Chamusca

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    Uso e ocupao do solo no concelho da Chamusca

    Uso e ocupao do solo durante 1990 e 2006 Variao 1990-2006

    rea total concelho

    1990 (km2)

    % 2000 (km2)

    % 2006 (km2)

    % % Km2

    Terrenos artificializados

    2,4 0,3 3,8 0,5 3,9 0,5 0,2 746,01

    Florestas resinosas

    5,3 0,7 8,6 1,2 1,9 0,3 -0,4 746,01

    Florestas mistas

    27,0 3,6 34,2 4,6 23,3 3,1 -0,5 746,01

    Florestas folhosas

    481,0 64,5 462,9 62,0 429,5 57,6 -6,9 746,01

    Florestas abertas

    58,0 7,8 67,2 9,0 119,4 16,0 8,2 746,01

    Cursos de gua

    4,7 0,6 4,8 0,6 4,8 0,6 0,0 746,01

    Culturas temporrias

    75,4 10,1 78,5 10,5 78,8 10,6 0,5 746,01

    Culturas permanentes

    21,5 2,9 20,0 2,7 18,7 2,5 -0,4 746,01

    reas agrcolas heterogneas

    70,6 9,5 66,0 8,9 65,6 8,8 -0,7 746,01

    Quadro 6 Uso e ocupao do solo no concelho da Chamusca

    Grfico 1 rea ardida total e nmero de ocorrncias no concelho da Chamusca entre 1980 e 2012

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    Hec

    tarr

    es

    rea ardida total e nmero de ocorrncias no concelho da Chamusca entre 1980 e 2012

    rea Ardida Total N Ocorrncias

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    Discusso

    Nesta parte do trabalho vai-se proceder anlise dos mapas e da tabela do uso do solo,

    para depois comparar-mos os resultados entre si de forma a percebermos melhor as questes

    relacionadas com os incndios florestais.

    No mapa da perigosidade d para verificar que uma grande parte deste concelho

    apresenta valores muito baixos em relao a este parmetro, ou seja, as classes baixo e baixo-

    moderado representam neste concelho 73% da sua rea, enquanto as classes moderado,

    elevado e muito elevado apresentam valores significativamente mais baixos, estes valores

    mais baixos de perigosidade podem ter como principal influncia os indicadores relacionados

    com a probabilidade de ocorrncia, j que a rea coberta pela probabilidade de ocorrncia a

    mesma rea representada no mapa da perigosidade e a classe baixo aquela que apresenta

    um maior valor. Para fazer este mapa introduzimos outro indicador que foi a suscetibilidade

    que apresenta uma distribuio espacial totalmente diferente da probabilidade de ocorrncia,

    e relativamente s classes tambm apresenta valores totalmente diferentes. Assim sendo, a

    probabilidade de ocorrncia um fator chave para os resultados deste mapa.

    No mapa da probabilidade ocorrncia como j foi referido a classe baixo a que

    apresenta um maior valor seguido da classe moderado, a probabilidade de ocorrncia elevada

    e muito elevada apresenta valor muito residuais. Neste mapa o principal dado que utilizado

    a rea ardida e a sua evoluo temporal, e podemos ver que neste concelho no existe uma

    elevada probabilidade de ocorrncia de incndios florestais, porque como j foi mostrado

    estes valores so muito residuais, isto quer dizer que arde pouco no concelho da Chamusca e

    que tambm ao longo dos anos no se registaram grandes incndios florestais, o que contribui

    para valores muito pequenos de probabilidade de ocorrncia elevada e muito elevada.

    Relativamente ao mapa de risco de incndio florestal os dados j apresentam

    diferenas em relao aos restantes mapas, isto , as classes baixo e baixo moderado j no

    apresentam os valores mais elevados. As classes moderado, elevado e muito elevado so as

    classes com valores mais elevados neste concelho, esta diferena tem a ver sobretudo com a

    metodologia utilizada, ou seja, a metodologia da CRIF ao englobar mais variveis do que a

    metodologia da AFN, vai apresentar valores totalmente diferentes, e neste caso as classes mais

    perigosas em termos de incndios florestais, que so elevado e muito elevado, aqui neste

    mapa sofrem um aumento significativo. Neste mapa pode-se verificar que as reas com risco

    elevado e muito elevado so diferentes dos outros mapas, aqui nota-se tambm que o Norte

    do concelho o mais afetado por reas de risco muito elevado e elevado, nomeadamente em

    alguns casos pode-se ver que as reas urbanas esto rodeadas por locais de risco muito

    elevado e elevado.

    O mapa da suscetibilidade apresenta algumas semelhanas com o mapa de risco de

    incndio florestal, porque parte da metodologia presente neste mapa tambm utilizada no

    mapa anterior, neste caso as variveis dos declives e do uso e ocupao do solo. Este mapa

    introduz uma nova questo que a importncia dos cursos de gua nos incndios florestais.

    Como se pode ver as reas com a suscetibilidade elevada e muito elevada, esto localizadas

    junto aos cursos de gua, ou seja, nestes cursos de gua existem declives capazes de

    influenciar bastante um incndio florestal, juntamente com o outro indicador aqui

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    apresentado que foi o uso e ocupao do solo. Apesar do uso e ocupao do solo ser bastante

    importante, aqui os declives adquirem grande importncia por causa dos vales formados ao

    longo dos cursos de gua que agudizam a suscetibilidade daquele local, e se afastarmos dos

    cursos de gua a suscetibilidade diminui, isto quer dizer que apesar de existirem declives

    capazes de interferir nos incndios florestais, como uma parte do concelho plana a

    suscetibilidade mais elevada fica concentrada junto aos cursos de gua.

    Quanto tabela do uso e ocupao do solo no concelho da Chamusca, o que se verifica

    que os incndios florestais assumem um papel fundamental para a mudana da estrutura

    florestal do concelho. Como se pode ver as florestas resinosas, mistas e folhosas sofreram um

    decrscimo, as florestas folhosas foram as que apresentaram um decrscimo elevado, isto

    quer dizer que no perodo de tempo 1990-2006, as florestas folhosas dominavam a estrutura

    florestal do concelho, apesar de ainda apresentarem os valores mais elevados relativamente

    ao tipo de floresta existente, aquela que sofre mais com os incndios florestais. Com isto, as

    florestas abertas apresentam uma variao muito positiva, tendo registado um aumento de

    8,2% desde 1990 a 2006, ento as florestas abertas so o tipo de florestas que utilizado para

    reflorestar o concelho em caso de incndios. Tambm pode-se aqui incluir a transformao

    destas reas ardidas para outro tipo de uso e ocupao do solo, neste caso terrenos

    artificializados e culturas temporrias.

    Por ltimo no grfico do nmero de ocorrncias e a rea ardida no concelho da

    Chamusca d para ver que existe grande diferena entre a rea ardida total e o nmero de

    ocorrncias. Como j foi referido o ano 2003 foi o mais gravoso em termos de incndios

    florestais em todo o pas, e neste concelho no foi exceo a rea ardida total a mais elevada

    no perodo entre 1980 e 2012. No ano de 2003 a rea ardida total foi muito superior ao

    nmero de ocorrncias, isto quer dizer que os incndios que se registaram durante este ano

    consumiram uma grande parte da estrutura florestal do concelho apesar de no se terem

    registado tantas ocorrncias como nos outros anos. Como se pode ver no grfico a rea ardida

    total no apresenta valores muito elevados, apesar do nmero de ocorrncias em alguns anos

    ser muito superior rea ardida total, isto vai de encontro ao que j disse anteriormente que

    os incndios florestais no concelho da Chamusca no so muito frequentes, isto pode-se

    verificar j antes no mapa da probabilidade de ocorrncia, onde a maior parte das classes de

    risco predominante era baixo, o que indica que existem poucos incndios florestais neste

    concelho, e quando existem costumam consumir pouca rea deste municpio.

    Concluses

    Os incndios florestais so algo que no se pode evitar, tem que se viver com eles. Se

    os incndios florestais no podem ser evitados, ento preciso que encontremos medidas

    para diminuir a sua frequncia e a sua dimenso.

    Para proceder a esta diminuio da frequncia e diminuio dos incndios florestais

    preciso introduzir conceitos capazes de mitigar e prevenir em caso de incndio, por isso, aqui

    neste trabalho utilizamos os conceitos de risco, perigosidade, probabilidade e suscetibilidade.

    Com estes conceitos possvel identificar determinadas reas mais propcias ocorrncia de

    um incndio florestal e possveis perigos associados.

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    Esta cartografia que foi elaborada tendo em conta estas noes, visou sobretudo

    perceber melhor as dinmicas existentes no concelho da Chamusca relativamente aos

    incndios florestais. Um dos aspetos mais importantes nesta viso sobre o concelho, foi as

    diferentes metodologias utilizadas para a elaborao de mapas, estas permitiram identificar

    vrias variveis capazes de influenciar esta problemtica. E salientaria duas variveis o uso e

    ocupao do solo e os declives, estas esto mais representadas na elaborao dos mapas, ou

    seja, so aquelas onde existe uma maior influncia sobre a realizao do mapa, por exemplo o

    uso e ocupao do solo e os declives representam 59% e 21% respetivamente, no critrio de

    atribuio do valor de risco de incndio potencial segundo a metodologia da CRIF. Como

    pudemos ver existem reas mais propcias ocorrncia de incndios e danos resultantes dos

    mesmos, e para isso muito contriburam estas duas variveis aqui em cima referenciadas.

    O meu projeto visou sobretudo compreender, analisar, e interpretar os incndios

    florestais no concelho da Chamusca, como j foi referido nos objetivos deste trabalho. Com o

    recurso s ferramentas de SIG disponveis foi possvel elaborar cartografia capaz de atender a

    estes objetivos definidos, e sobretudo deu para notar grandes diferenas em termos espaciais

    no concelho e tambm com os outros concelhos tratados pelos meus colegas. Apesar deste ser

    um concelho ribatejano onde a plancie j comea a ganhar importncia, ainda existe uma rea

    florestal considervel, mas est localizada sobretudo a norte do concelho, onde o relevo

    mais acidentado.

    Assim sendo, aps a realizao destes mapas d para verificar que o risco de incndio

    florestal elevado mas a suscetibilidade, a probabilidade de ocorrncia e a perigosidade

    apresentam valores mais baixos, isto quer dizer que apesar deste ser um territrio favorvel

    ocorrncia deste fenmeno natural provvel que ele no se repita muitas vezes ao longo do

    tempo, isto vai fazer com que este concelho no seja dos mais problemticos na sua rea,

    porque no existe grande frequncia de incndios apesar de existir um risco elevado de

    incndios florestais.

    Agradecimentos

    Com a finalizao do meu trabalho cumpre-me agradecer a todos aqueles que me ajudaram a

    concluir esta etapa. Para comear agradeo minha orientadora, a Prof. Doutora Laura Soares pela

    disponibilidade em ajudar e fornecer os dados necessrio para a realizao deste trabalho e tambm

    pela pacincia em resolver os problemas inerentes aos Sistemas de Informao Geogrfica.

    Aos meus amigos e colegas da disciplina Jos Carlos Marques, Miguel Pinto, e Raquel Pinto por

    o apoio que me deram na realizao deste trabalho, tambm agradeo aos restantes colegas que

    trabalharam na temtica dos incndios florestais e que foram prestveis na partilha de informao,

    neste caso Ana Cruz, Carlos Dias, Diogo Vieira e Sara Diogo.

    Por ltimo gostava de agradecer a toda a minha famlia que sempre me apoiou neste caminho

    rduo.

    Referncias Bibliogrficas

    Julio, R.P., Nery, F., Ribeiro, J.L., Castelo Branco, M., Zzere, J.L. (2009). Guia Metodolgico para a produo de

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