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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG REGIONAL CATALÃO ESPECIALIZAÇÃO EM TRATAMENTO DE MINÉRIOS FERNANDA SANTOS ANDRADE INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO IMPELIDOR NA FLOTAÇÃO DE MINÉRIO FOSFÁTICO CATALÃO JULHO / 2014

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO IMPELIDOR NA … · 2016-03-22 · Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é investigar e determinar um valor ideal para a rotação do

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG REGIONAL CATALÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM TRATAMENTO DE MINÉRIOS

FERNANDA SANTOS ANDRADE

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO IMPELIDOR NA FLOTAÇÃO DE MINÉRIO FOSFÁTICO

CATALÃO JULHO / 2014

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FERNANDA SANTOS ANDRADE

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO IMPELIDOR NA FLOTAÇÃO DE MINÉRIO FOSFÁTICO

Orientadora: Profa. MSc. Elenice Maria Schons Silva

CATALÃO

Monografia apresentada ao

curso de pós-graduação em

Tratamento de Minérios da

Universidade Federal de Goiás

– UFG, como requisito parcial

para obtenção do título de

Especialista em Tratamento de

Minérios.

3

AGOSTO / 2014

RESUMO

A flotação representa, na atualidade, a tecnologia capaz de concentrar

eficientemente os minerais de interesse, separando os mesmos dos demais minerais

que não são interessantes. O processo de flotação é baseado em interações e

diferenciações químicas existentes entre a superfície dos minerais dispersos em

água formando uma polpa, mas também depende das forças físicas atuantes no

sistema. Este trabalho objetivou a investigação da influência da velocidade de

rotação do impelidor das células de flotação no teor recuperado de minério fosfático.

Foram realizados ensaios de flotação reproduzindo as condições industriais e

variando a velocidade em intervalos regulares. O concentrado obtido foi analisado

quimicamente. Os resultados demonstram que, a medida que se aumenta a

velocidade de rotação do impelidor o teor de minério fosfático decai e o teor dos

contaminantes aumenta. O valor tomado como base, geralmente mais utilizado

industrialmente, foi o de 1300 rpm e os ensaios demonstraram que essa não é a

velocidade ideal. Foi determinado por meio de testes em laboratório que o melhor

resultado se apresenta com a velocidade de 1150 rpm.

Palavras-chave: flotação, minérios fosfático, velocidade de rotação.

4

ABSTRACT

Flotation technology is nowadays able to efficiently concentrate the minerals of

interest, separating them to the the non-interest minerals, to the sale and use. The

flotation process is based on chemical interactions and existing differences between

minerals dispersed in water to form a pulp, but also depends on the active physical

forces. This study aimed to investigate the influence of the rotational speed of the

impeller of the flotation cells on the recover from the phosphate ore. Tests were

conducted replicating the industrial conditions and varying the speed at regular

intervals. The concentrate was sent for chemical analysis. The results demonstrate

that as much the rotational speed increases the content of the phosphate ore decays

and the content of contaminants increases. The amount taken as a basis, more

commonly used, was the 1300 RPM and tests have shown that this is not the optimal

speed, which was determined with 1150 RPM.

Keywords: flotation, phosphate ore, rotation speed.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................07

2. OBJETIVOS ..........................................................................................................09

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................09

2.2 Objetivos Específicos .....................................................................................09

3. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................10

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................11

4.1 Fosfato ............................................................................................................11

4.2 Processamento Mineral ..................................................................................14

4.2.1 Concentração por Flotação ......................................................................16

4.2.2 Reagentes na Flotação ...........................................................................18

4.2.2.1 Coletores ............................................................................................18

4.2.2.2 Depressores .......................................................................................19

4.2.2.3 Espumantes .......................................................................................20

4.2.2.4 Agentes reguladores ..........................................................................20

4.3 Mecanismos de Flotação ................................................................................21

4.3.1 Probabilidade de Flotação ........................................................................23

4.3.2 Cinética de Flotação .................................................................................25

4.4 Equipamentos de Flotação .............................................................................26

4.4.1 Células Mecânicas ....................................................................................27

4.4.1.1 Vazão de Ar ...........................................................................................28

4.4.1.2 Tempo de Residência .........................................................................29

4.4.1.3 Nível de Espuma ................................................................................29

6

4.4.1.4 Hold Up do Ar .....................................................................................29

4.4.1.5 Tamanho das Bolhas de Ar ...............................................................30

4.5 Flotação do Minério Fosfático .........................................................................31

5. METODOLOGIA ...................................................................................................33

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................36

6.1 Análise dos teores de rocha fosfática .............................................................38

6.2 Análise dos teores dos contaminantes ...........................................................40

7. CONCLUSÃO .......................................................................................................45

8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................46

ANEXOS ...................................................................................................................48

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1. INTRODUÇÃO

O fósforo é um elemento químico não metálico encontrado na forma de minerais

presentes na crosta terrestre. É economicamente aproveitável, com grande

utilização no setor agrícola, na indústria química e também em inseticidas,

tratamento de metais, entre outras aplicações.

Na natureza raramente é encontrado em estado puro. É encontrado em ligações

com outros elementos como oxigênio e cálcio. A apatita [Ca5(PO4)3(F,OH,Cl)] é o

principal mineral portador do elemento fósforo, representado a classe que pode ser

economicamente explorável. O fósforo contido na apatita é aproveitado na forma de

outro composto, o pentóxido de fósforo (P2O5), também conhecido como fosfato, é

forma mais usual que favorece sua aplicabilidade como fertilizante.

No Brasil, o fosfato é a principal fonte de fósforo atualmente. Ocorre em grandes

jazidas situadas no estado de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. Os depósitos mais

comuns e de maior importância econômica de fosfato ocorrem em rochas ígneas e

metamórficas. São depósitos que possuem uma mineralogia complexa,

frequentemente associados à dolomita e calcita.

A maiores reservas de fosfato se encontram nos Estados Unidos, Marrocos e

Rússia, representando 67% do total mundial. As reservas brasileiras de fosfato

(medidas e indicadas) estão na ordem de 3,5 bilhões de toneladas. As reservas

medidas de rocha fosfática atingem 222 milhões de toneladas de P2O5 contido em

2.288 milhões de toneladas de minério, concentradas principalmente nos estados de

Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Goiás, sendo a maioria relacionado à

ambientes geológicos vulcânicos (DNPM, 2011).

A crescente demanda por recursos minerais não renováveis para as mais diversas

aplicações e o consequente esgotamento de suas jazidas mais ricas leva o campo

de estudo do processamento mineral a aprimorar e desenvolver técnicas mais

eficientes (SANTANA, 2007). Para a concentração de minérios de teores mais

baixos, a flotação é uma técnica bastante apropriada.

8

O processo de concentração de finos por flotação é baseado no controle das

propriedades hidrofóbicas diferenciais dos minerais que se encontram dispersos

numa polpa. A parte hidrofóbica da polpa é carreada por bolhas introduzidas no

processo e a parte com afinidade à água é descarregada em outro ponto. Essas

propriedades podem ser naturais ou induzidas através da utilização de reagentes

químicos específicos.

De acordo com Oliveira (2007), no Brasil, a flotação desempenhou um papel

fundamental para o crescimento da indústria mineral, principalmente para as

indústrias de fosfato e de minério de ferro. Ainda segundo o autor, o

desenvolvimento da indústria mundial nos últimos cem anos não teria sido possível

sem a descoberta do processo de flotação. Os processos físicos tradicionais,

gravimétricos, magnéticos e eletrostáticos, em grande parte baseados nas

propriedades naturais dos minerais, não teriam possibilitado a escala de produção

necessária dos metais básicos.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é investigar e determinar um valor ideal

para a rotação do impelidor no processo de flotação em célula do minério fosfático

da região do Complexo Carbonatítico de Catalão.

Os resultados demonstraram ganhos na recuperação de minério fosfático que

acompanham a variação de rotação do impelidor. A utilização dos métodos

empregados tornou possível estabelecer qual velocidade de rotação do impelidor

apresentou melhor resultado para a flotação de fosfato melhorando a recuperação e

aproveitamento do material flotado.

Ainda com os estudos relacionados a rotação do equipamento, obteve-se dados

relacionando a velocidade de rotação às mudanças na hidrodinâmica do sistema, o

que pode vir a alterar tamanho e distribuição das bolhas de ar, taxa de

sedimentação e dispersão das partículas minerais.

9

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Investigar e determinar experimentalmente a influência da velocidade de rotação do

impelidor da célula de flotação na concentração e recuperação de minérios

fosfáticos.

2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Determinar a velocidade mais apropriada de rotação do impelidor;

Estudar a mudança da hidrodinâmica no sistema de flotação;

Montar a curva de variação de recuperação versus velocidade de rotação.

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3. JUSTIFICATIVA

As condições físicas dentro de uma célula de flotação dependem da hidrodinâmica

do sistema, sistema esse que em termos de comportamento de fluidos é

extremamente complexo. Tem-se como agentes atuantes nas condições

hidrodinâmicas das células a geração de bolhas, a alimentação de polpa e a rotação

do impelidor da célula.

Na flotação realizada em células, o impelidor desempenha um papel muito

importante. Ele é responsável por manter a polpa mineral sob agitação, evitando a

sedimentação. O impelidor eleva as partículas sólidas do fundo do tanque e dispersa

as mesmas pela célula. Além disso, é responsável pela geração e quebra das

bolhas de ar que entram no sistema, sendo que o tamanho, a velocidade e a

movimentação dessas bolhas é função direta da movimentação do impelidor. A

rotação do impelidor (ou rotor) é sem dúvida um fator que altera o regime

hidrodinâmico do sistema e consequentemente o processo de flotação.

Apesar da importância desse componente, ele traz também uma ação negativa. O

rotor é um dos grandes geradores de turbulência na célula de flotação. Certo grau

de turbulência é até desejado para manter a polpa suspensa, mas acima disso há

um excesso de energia no sistema. Os agregados partícula-bolha começam a se

desfazer, as bolhas ficam menores e mais rápidas prejudicando a colisão. O nível de

turbulência pode se elevar tanto que as partículas não desejáveis do rejeito

começam a ser arrastadas para a parte de cima da célula, saindo com o material

flotado e diminuindo a recuperação.

Acerca dos fatores expostos fica claro que é necessário se estudar e encontrar uma

velocidade ótima para a rotação do impelidor. A essa velocidade o processo de

colisão seria facilitado, as bolhas teriam uma distribuição de tamanho ideal para a

coleta e não existiria o fenômeno da turbulência excessiva para prejudicar o

processo.

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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Fosfato

Os fosfatos que são comercializados são normalmente denominados de rocha

fosfática, cujo principal mineral é a apatita. A apatita se apresenta em três

variedades: fluorapatita [Ca5(PO4)3F], hidroxiapatita [Ca5(PO4)3OH] e cloroapatita

[Ca5(PO4)3Cl] onde flúor, cloro e hidróxido se substituem na composição do mineral,

o que geralmente acontece nas rochas ígneas. Nos depósitos sedimentares existe a

predominância da carbonatoapatita [Ca5(PO4,CO3)3(OH,F)].

A apatita é um mineral que apresenta cores variadas, desde tons castanhos até

azuis. Possui brilho vítreo, densidade entre 3,1 e 3,2 g/cm3, fratura conchoidal e é o

quinto mineral na escala de dureza de Mohs. A apatita pode ser aproveitada como

gema quando se apresenta bem cristalizada. (PAIVA, 2011)

As reservas brasileiras de fosfato estão distribuídas no território brasileiro da

seguinte maneira: Minas Gerais (67%), São Paulo (6%) e Goiás (14%). Os restantes

estados participam da reserva brasileira com um somatório de aproximadamente

13% das reservas totais (DNPM, 2008).

No estado de Goiás, o fosfato é proveniente de um grande depósito ígneo

denominado Complexo Carbonatítico de Catalão I, situado na cidade de Catalão. O

complexo foi descoberto em 1894 mas apenas nas décadas de 60 e 70 devido a

pesquisas desenvolvidas por empresas públicas e privadas, é que as jazidas de

fosfato foram viabilizadas economicamente. Na formação mineral, como

apresentado na figura 2, há a ocorrência de outros minerais como pirocloro,

monazita, vermiculita e barita.

“O complexo Carbonatítico de Catalão sofreu, pelo menos, três eventos

magmáticos durante sua gênese, com forte influência de processos

hidrotermais. Além disso, o processo de intemperismo desenvolveu sobre

as rochas do complexo um manto que pode ultrapassar 100m, onde houve

concentração de fosfato, nióbio, elementos de terras-raras, titânio e

12

vermiculita. As concentrações de apatita foram formadas essencialmente

pela acumulação residual durante a alteração” (TOLEDO, 2004 apud

PAIVA, 2011).

No complexo, o depósito de fosfato é o de maior volume e importância. Devido a sua

gênese, é um depósito que apresenta alta heterogeneidade para o processo de

concentração. A rocha fosfática apresenta certa dificuldade na flotação por dois

fatores principais: a composição química da mesma, que gera íons de cálcio que

acabam competindo pelo coletor com o fósforo e há também um problema ligado a

liberação dos grãos, já que o fosfato se encontra extremamente disseminado na

formação rochosa. Os maiores contaminantes dos concentrados de apatita são os

carbonatos, óxidos de ferro e silicatos de alumínio e magnésio.

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Figura 1 - Distribuição dos depósitos minerais no Complexo Carbonatítico de Catalão I.

Fonte: Ribeiro (2008).

14

Com o passar dos anos, os depósitos minerais vão sendo exauridos e o teor de

pureza do material retirado passa a diminuir. Para que aconteça uma recuperação

satisfatória, é necessário que novos estudos sejam desenvolvidos para otimizar o

processo de flotação. Fatores como a velocidade ótima de rotação do impelidor, o

tamanho ideal das bolhas e o nível de turbulência do sistema são fatores únicos

para cada espécie mineral fazendo-se necessária uma investigação direcionada a

cada mineral estratégico.

De acordo com Paiva (2011), o estudo do processamento do minério fosfático, quer

seja no âmbito acadêmico ou prospectivo/econômico, tem avançado com a

necessidade crescente por insumos fosfatados. Este aumento na demanda de

fosfato tem incentivado a indústria dos agrominerais a desenvolver novas

tecnologias para aumentar sua produtividade e garantir uma melhor qualidade de

seus produtos.

4.2 Processamento Mineral

Os minérios, quando extraídos da natureza, em sua grande maioria, não se

encontram na sua forma pura e sim associados a outras espécies minerais

presentes nas rochas portadoras. Essas outras espécies se tornam impurezas

deletérias à utilização para a qual o minério se destina.

Em decorrência deste fato, foram desenvolvidos vários processos que têm por

objetivo a purificação do minério, separando o que é economicamente aproveitável

do que não é. A parte não aproveitável, normalmente chamada de ganga, em alguns

processos, pode até se tornar um produto secundário.

A separação ocorre devido a diferenças de propriedades entre o minério e a ganga.

Dentre essas propriedades temos: química de superfície, tamanho, forma,

densidade, suscetibilidade magnética, condutibilidade térmica e radioatividade.

Essas propriedades são a base das operações unitárias de tratamento do material

proveniente das jazidas.

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De acordo com Luz et al. (2004) apud Santana (2007), o processamento mineral

apresenta as seguintes operações unitárias:

Cominuição: britagem e moagem (redução de tamanho e liberação

física do minério);

Separação por tamanho e classificação: peneiramento, ciclonagem

etc.;

Concentração: gravítica, magnética, eletrostática, por flotação etc.;

Desaguamento: espessamento e filtragem;

Secagem: secador rotativo, secador de leito fluidizado;

Disposição do rejeito.

As operações de cominuição têm por objetivo a liberação do mineral e adequação

do tamanho das partículas para as etapas seguintes. Essa etapa se realiza por

forças de compressão e cisalhamento que fragmentam os cristais da rocha.

Na concentração ocorre a maior redução de ganga do mineral de interesse. A

técnica de concentração utilizada depende das propriedades do mineral. O sucesso

da concentração depende de três fatores: liberação física das espécies,

propriedades diferenciadoras (naturais ou não) e separabilidade dinâmica de acordo

com o equipamento utilizado (SANTANA, 2007).

As características físicas, químicas e mineralógicas do minério são determinantes

para o processo de concentração empregado. A presença de magnetita na rocha,

mesmo que em pequenos cristais torna a separação magnética viável, sozinha, ou

em combinação com outros métodos.

Minérios fosfatados resultantes de depósitos muito heterogêneos fazem necessárias

as operações de concentração, como a flotação, para que o teor de fosfato seja

aumentado e ganga retirada o máximo possível.

16

4.2.1 Concentração por flotação

A flotação é, hoje em dia, a tecnologia mais utilizada para a concentração de

minérios de baixo teor, não só para o minério fosfatado. Todo seu processo está

baseado nas interações interfaciais das partículas em um meio aquoso.

Nesse método de separação, partículas sólidas presentes em um meio líquido são

arrastadas e separadas por bolhas de ar introduzidas no processo, enquanto que as

partículas indesejáveis continuam na fase aquosa. Há certos minerais entretanto,

como os óxidos, em que a flotação acontece de maneira reversa. As bolhas de ar

arrastam para a superfície as partículas indesejáveis e o que permanece na fase

aquosa é o mineral de interesse, Isso acontece devido as propriedades do minérios

que fazem este tipo de flotação ser a mais indicada. Em ambos os casos, as

propriedades físicas e químicas das espécies presentes em solução são

responsáveis por todo o processo.

Na flotação, assim como em outras etapas do tratamento de minérios, é muito difícil

se obter o concentrado final de uma só vez. Devido a esse fato, desenvolveram-se

etapas durante o processo de flotação objetivando um maior aproveitamento do

material a ser tratado.

Geralmente executa-se uma etapa inicial chamada rougher, onde se obtém um

concentrado pobre e um rejeito que ainda tem material. O rejeito rougher é passado

em outra etapa denominada scavenger, onde a parcela de material é recuperada e o

rejeito é final. O concentrado rougher é passado numa etapa cleaner onde o teor

consegue ser aumentado até um teor desejável para um concentrado final. O

concentrado da etapa scavenger é pobre para ser considerado produto final e o

rejeito cleaner é muito rico para ser descartado, então os dois fluxos são unidos e

retornam ao circuito.

Esse circuito, conforme mostrado na figura 3 é o mais comum, mas cada empresa

faz as variações de que necessita no seu processo.

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Figura 2 - Circuito típico de flotação.

Fonte: Chaves e Rodrigues (2009).

Num sistema de flotação, três fases coexistem: líquida, sólida e gasosa. A fase

sólida é composta pelas partículas que se deseja separar. Segundo Santana (2007),

a fase líquida é sempre a água e a fase gasosa é sempre o ar.

No processo de flotação, a afinidade ou não à agua é de extrema importância. As

partículas que se deseja flotar devem ser apolares, ter afinidade pela parte gasosa

da polpa, e não pela aquosa, ou seja, devem ser hidrofóbicas. Já as partículas que

se deseja deprimir, devem ser polares, ter afinidade pela água, ou seja, hidrofílicas.

Essas propriedades são demonstradas na figura 4.

Figura 3 - Propriedades hidrofílicas ou hidrofóbicas das partículas minerais.

Fonte: Autoria própria

18

As bolhas de gás são introduzidas no processo para se ligar às partículas

hidrofóbicas, formando um conjunto partícula e bolha que, devido à diferença de

densidade, é carreado para a parte de cima do equipamento, formando uma espuma

rica do material flotado.

Segundo Santana (2007), é devido à ação de cargas elétricas que, a maioria das

espécies minerais, quando em meio aquoso, não são naturalmente hidrofóbicas.

Para realizar a flotação dos fosfatos é necessário fazer com que sua superfície polar

seja transformada em apolar, mediante a adsorção por algum reagente adequado.

Diante desse fato, quase sempre é conveniente que a polpa de minério passe por

um processo anterior à flotação, denominado condicionamento. No condicionamento

são introduzidos reagentes para que as partículas sejam modificadas para o

processo de flotação.

4.2.2 Reagentes na flotação

Os reagentes mais utilizados na flotação são os coletores, depressores,

espumantes, agentes reguladores e modificadores.

4.2.2.1 Coletores

Os coletores são agentes tensoativos adicionados a polpa de minérios para adsorver

seletivamente na interface sólido/líquido, tornando as partículas hidrofóbicas. Eles

possuem estrutura anfipática, ou seja, uma parte polar que se liga a superfície polar

das partículas e uma parte apolar, que faz a ligação da partícula com a bolha. A

figura 5 demonstra a ação adsorvente dos coletores na superfície das partículas

minerais.

Segundo Fuerstenau e Palmer (1976) apud Nascimento (2010), a adsorção

dos coletores sobre a superfície mineral pode ocorrer pela atração

eletrostática com a superfície do mineral, associação de cadeias

hidrocarbônicas do coletor ou por interação química do coletor com os íons

metálicos na superfície do mineral.

19

Figura 4 - Ação do coletor sobre as partículas.

Fonte: Santana (2007)

De acordo com sua carga elétrica do grupo polar, os coletores podem ser

classificados em aniônicos, catiônicos e não-iônicos, além de serem classificados

também de acordo com a estrutura do hidrocarboneto presente. De acordo com

Paiva (2011), os principais coletores utilizados na flotação de fosfato são coletores

aniônicos, tais como o sulfossucinamato de sódio e os ácidos graxos.

Os ácidos graxos possuem uma cadeia carbônica constituída de hidrogênio e

oxigênio e um grupo diferenciador denominado de carboxila. Podem ser

representados pela notação CH3 – (CH2)n – COOH. De acordo com a indústria

química, são reagentes desenvolvidos especialmente para a flotação de fosfato e

representam uma composição sinérgica de ácidos graxos de origem vegetal.

Um grande problema enfrentado pelos ácidos graxos como coletores de fosfato é a

baixa seletividade, já que não interagem e adsorvem apenas com a apatita, mas

também outros minerais que contém cálcio.

4.2.2.2 Depressores

Em certos casos, o coletor pode ter afinidade não apenas por uma espécie mineral

presente na polpa, mas sim por duas ou mais. Nesse caso, são utilizados os

depressores, que evitam a adsorção do coletor em uma das espécies. Além dessa

20

função, o depressor serve também para melhorar a interação entre a superfície do

mineral e as moléculas de água.

Os depressores inorgânicos são compostos químicos adicionados à flotação para

manter a superfície de um ou mais minerais hidrofílica (NASCIMENTO, 2010).

Compostos orgânicos como os polissacarídeos (amido, dextrina e seus derivados)

são comumente usados como depressores orgânicos no processo de flotação.

4.2.2.3 Espumantes

O conjunto partícula-bolha é muito delicado, devido às dimensões superfinas de

suas interfaces. Para permanecer intacta e não entrar em coalescência, a bolha

necessita de hidratação, para que sua camada seja capaz de suportar o peso da

partícula agregada até o topo do equipamento de flotação. Nesse ponto, temos a

ação dos espumantes.

Espumantes são elementos tensoativos adicionados à flotação para formar a

camada de espuma sob a polpa, fazendo com que as partículas carreadas pelas

bolha possam ser recuperadas. Ele é responsável por dar estabilidade à espuma de

flotação até que ela seja retirada do equipamento.

Alguns dos reagentes utilizados como coletores, por serem tensoativos, podem

também atuar como espumante, como os ácidos graxos. Esse tipo de associação é

economicamente atrativa, embora a falta de controle exclusivo da espuma seja um

de seus agravantes.

4.2.2.4 Agentes reguladores

Ao contrário dos outros reagentes, os agentes reguladores não pertencem a uma

espécie química exclusiva. Eles são diferentes funções químicas que tem como

objetivo fazer com que a ação do coletor seja realizada, proporcionando assim uma

separação mais efetiva e uma concentração mais eficaz.

21

Um dos principais reguladores são os que controlam o pH da solução. O pH da

polpa é de fundamental importância para que os reagentes possam agir da maneira

adequada. Valores de pH influenciam na forma como os íons se apresentam em

solução, alterando características de hidrofobicidade e hidrofilicidade das partículas.

4.3 Mecanismos de flotação

A hidrofobicidade das espécies minerais envolvidas no processo de flotação é parte

essencial para o sucesso da concentração. Mas não apenas dessa característica

depende o processo que ocorre com a polpa nos equipamentos.

Diversos fenômenos químicos e físicos fazem parte do processo, assim como

mecanismos de transporte de massa. Os mecanismos principais de transporte de

massa são a adesão da partícula na superfície da bolha e o arraste mecânico que

acontece com a solução.

De acordo com Santana (2007), pode-se dividir o transporte de massa e o arraste

mecânico em etapas que configuram os mecanismos pelo qual ocorre a coleta, são

eles:

Adesão entre bolhas e partículas na região da polpa;

Arraste mecânico de partículas suspensas na região da polpa

independente da hidrofobicidade;

Desprendimento de parte das partículas na região da espuma devido

à coalescência e/ou colapso das bolhas;

Drenagem de água e de parte das partículas suspensas entre as

bolhas na região de espuma;

Transporte de partículas aderidas às bolhas para o concentrado;

Transporte de água e partículas suspensas entre bolhas para o

concentrado (inclui partículas desprendidas).

O agregado partícula/bolha é muito importante no processo de flotação, pois ele é

responsável pelo carreamento das partículas de interesse e sua consequente

22

recuperação. A eficiência dos choques entre o mineral e a bolha depende da

turbulência do sistema utilizado.

Na figura 5, estão exemplificados os mecanismos que fazem com que ocorra a

flotação.

Figura 5 - Mecanismos de flotação.

Fonte: Santana (2007)

Em (a), as partículas entram em contato com as bolhas de ar no equipamento. Logo

após (b), as partículas podem colidir com as bolhas, escorregando e suas

superfícies e aderindo. O ângulo de contato entre bolha e partícula (c) vai influenciar

na boa adesão do conjunto. Após a colisão e a adesão (d), têm-se o conjunto

partícula bolha, responsável pela recuperação das partículas minerais.

Durante o processo de flotação, fenômenos relacionados à hidrodinâmica do

sistema e sua cinética são essenciais para que ocorra a concentração. A solução

deve possuir energia cinética suficiente para propiciar o encontro partícula/bolha,

mas essa energia não deve ser alta demais para que não desestabilize esse

agregado.

23

Dentro de uma célula de flotação existem vários fenômenos ocorrendo

simultaneamente. Existem as interações químicas provocadas pelos reagentes

adicionados e existem também as interações físicas do sistema como um todo.

A aderência depende essencialmente das interações químicas. Quanto melhor

ocorrer esta etapa mais unidos estarão a bolha e a partícula mineral. O agregado

partícula-bolha depende tanto de fatores químicos quanto de fatores físicos, mas a

eficiência de colisão é função apenas dos fatores físicos.

Esses mecanismos que fazem com que a concentração ocorra são expressos pela

probabilidade de que aconteça a flotação.

4.3.1 Probabilidade de Flotação

A probabilidade de que a flotação ocorra (Pf) é função de variáveis que dizem

respeito aos mecanismos da flotação. Pode ser expressa por:

Pf = Pc . Pa . Ps (Eq. 4.1)

Onde:

Pc = probalidade de colisão partícula-bolha;

Pa = probabilidade de adesão (afinamento e ruptura do filme líquido da bolha

durante a colisão);

Ps = probabilidade de formação de um agregado partícula-bolha estável, que

seja capaz de suportar a turbulência no interior do sistema de flotação.

A probabilidade de colisão partícula-bolha tem alta relação com a concentração

conseguida no processo. É consenso que Pc depende de variáveis físicas como a

massa específica de partículas e a viscosidade da polpa e velocidade relativa do

agregado.

Para que ocorra a adesão, o filme d’água que envolve a partícula, como mostrado

na figura 6, deve ser rompido. A velocidade com que a partícula e a bolha se

24

encontram é responsável pela eficiência desse mecanismo já que, com a velocidade

de encontro, existirá a pressão, que fará com que o filme se rompa.

Figura 6 - Filme aquoso entre uma nanobolha sobre uma superfície hidrofóbica e uma

bolha de ar de tamanho normal.

Fonte: Shubert, 2005 apud Oliveira (2007)

Além da velocidade alguns outros fatores são importantes, como: grau de hidratação

da superfície da partícula, tempo de contato entre partícula bolha, tempo que

decorre após a colisão para a partícula se localizar no ponto onde a adesão

realmente irá ocorrer.

Segundo Santana (2007), a eficiência de adesão está diretamente relacionada ao

ambiente químico predominante em um sistema de flotação. É influenciada pela

mineralogia, reagentes e condições da polpa, sendo controlada predominantemente

pelas forças superficiais dos minerais e das bolhas.

A estabilidade do conjunto partícula bolha depende da boa adesão entre os dois e

também da capacidade do mesmo em suportar a turbulência da polpa dentro do

equipamento em que se encontra. Por esse motivo a escolha do equipamentos de

flotação é de fundamental importância no processo.

25

4.3.2 Cinética de Flotação

A quantificação dos parâmetros cinéticos da flotação é de grande importância para

que a velocidade do processo seja determinada. A cinética diz respeito à variação

na quantidade do produto do overflow da espuma, ou seja, a massa do mineral

flotado, em relação ao tempo da flotação.

Se todas as variáveis do processo são mantidas constantes, a relação algébrica

entre os parâmetros é a equação da taxa de flotação. As equações podem ser

determinadas por suposições ou fatos estabelecidos sobre o mecanismo do

processo, ou mais normalmente, por determinações empíricas ou analogia química.

Fazendo-se analogia entre a cinética química, chega-se a tal equação, que

representa a cinética de flotação (Ralston et al. 1999):

𝒅𝑪(𝒕)

𝒅𝒕 = - KCn (t) (Eq. 4.2)

C = 𝑴

𝑽 (Eq. 4.3)

Onde:

C(t): concentração de sólidos no tempo no tempo t;

t: tempo de flotação;

n:ordem do processo;

K: constante da taxa de flotação;

M = massa de sólidos;

V = volume de polpa;

Admitindo que o volume não se modifique durante a flotação, o problema se torna

simples de obter a massa de material residual da célula. Essa constante é complexa,

na medida em que inclui também parâmetros operacionais como tempo de indução,

aeração, concentração de reagentes e tamanho das partículas.

26

A cinética de flotação é classificada por muitos autores como uma reação de

primeira ordem (n=1). Outros autores já a relatam como uma reação de segunda

ordem. Usualmente, se expressa a equação de taxa de primeira ordem como:

R = 1 – e-Kt (Eq. 4.4)

Onde:

R: recuperação acumulada após o tempo t;

K: constante da taxa de primeira ordem (tempo-1);

t: tempo (acumulado) de flotação.

A taxa de flotação depende do tamanho das partículas e do grau de liberação das

mesmas.

Se a eficiência de separação (ES) for descrita como a diferença entre a recuperação

do mineral valioso (Rm em %) e a recuperação da ganga no concentrado (Rg em %),

então a maximização da eficiência de separação é dada por:

𝒅𝐄𝐒

𝒅𝒕 =

𝒅(𝐑𝐦−𝐑𝐠)

𝒅𝒕 = 0 (Eq. 4.5)

Ou seja:

𝒅𝐑𝐦

𝒅𝒕 =

𝒅𝐑𝐠

𝒅𝒕 (Eq. 4.6)

No caso de uma eficiência máxima, a taxa de flotação do minério é igual à da ganga

e acontece num tempo chamado de ótimo (to). Acima desse tempo o minério flota

muito mais rapidamente que a ganga.

4.4 Equipamentos de flotação

Os equipamentos de flotação caracterizam-se por possuírem mecanismos capazes

de fazer com que as partículas de uma polpa de minério fiquem em suspensão, além

da aeração da mesma. Eles tem por objetivo separar o minério presente numa

polpa, obtendo um concentrado rico de teor do mineral de interesse, e um rejeito.

27

A eficiência de uma máquina de flotação pode ser medida por alguns parâmetros

que são: qualidade dos produtos, teor de recuperação, consumo de energia elétrica

e de reagentes, gasto com operação e gasto com manutenção em função de

toneladas de material alimentado (SANTANA, 2007).

As máquinas de flotação podem ser mecânicas, onde o ar é introduzido no processo

por agitação. Podem ser também pneumáticas, onde o ar é introduzido na parte

inferior do equipamento e não existe agitação da polpa. Entre as mais usadas temos

as células mecânicas e a coluna de flotação.

4.4.1 Células Mecânicas

As células mecânicas podem ser descritas como tanques projetados para receber

continuamente a polpa a ser flotada por uma de suas faces laterais e descarregar a

espuma pela sua parte superior e descarregar o restante da polpa com o deprimido

pela face oposta.

Figura 7 - Representação de uma célula mecânica e seu princípio de funcionamento.

Fonte: Chaves e Rodrigues (2009)

No fundo da célula existe a peça denominada impelidor ou rotor que tem por função

fornecer energia mecânica para manter a polpa em suspensão. Além disso, o

movimento rotacional do rotor gera uma pressão negativa dentro da polpa e aspira

28

ar para seu interior. Em muitos casos, a entrada desse ar é suficiente para a

flotação.

Como dito anteriormente, o rotor influencia em grande parte as condições

hidrodinâmicas dentro da célula dependendo da sua velocidade de rotação. Na

célula de flotação em bancada é possível variar a velocidade de rotação do impelidor

pela existência de um inversor de frequência no mesmo. De acordo com Chaves e

Rodrigues (2009), o controle automático do processo é uma rotina na indústria. Os

controles essenciais são os de pH e de nível das células.

Para o sucesso da flotação é desejado um grande número de bolhas de diâmetro

pequeno. As bolhas de ar introduzidas pelo rotor não tem essas características. Para

quebrá-las, existe uma peça denominada de estator. As bolhas tem diâmetro da

ordem de 1mm.

Dentro das células a polpa se encontra em agitação o que dificulta o processo de

coleta. Além disso elas tem certa inabilidade em conseguir flotar partículas de

granulometria mais fina devido á turbulência do sistema.

Todo o processo de flotação, apesar de ser baseado apenas nas propriedades

diferenciais das superfícies minerais, possui muitas variáveis. Essas variáveis são

responsáveis por uma boa recuperação de teores ou não. Todas as variáveis do

processo não são completamente conhecidas e as que se conhece não são

totalmente entendidas. Muitas das vezes elas operam em conjunto, tornando difícil

sua avaliação individual. O bom entendimento dessas variáveis e a influência das

mesmas no processo traz chances de aumentar seu rendimento.

4.4.1.1 Vazão de Ar

A vazão de ar é uma variável de grande importância no projeto, já que são as bolhas

produzidas dentro do equipamento que coletam as partículas minerais.

29

Geralmente, com o aumento da vazão de ar, ocorre ganho na recuperação do

material flotado. Isso ocorre devido ao aumento no número de bolhas e área

superficial disponível para a coleta. Essa manobra, porém, deve ser utilizada com

cautela, já que um acréscimo de ar em excesso pode causar turbulência no interior

da célula e prejudicar o processo.

A baixa vazão de ar prejudica a probabilidade de coleta, podendo ainda prejudicar o

transbordo da célula e contaminar o concentrado.

4.4.1.2 Tempo de Residência

O tempo de residência é o tempo em que uma partícula permanece dentro do

equipamento. As partículas mais finas tem um tempo de residência próximo ao da

água, já partículas mais grossas apresentam tempo inferior devido sua velocidade

de sedimentação (SANTANA, 2007).

Tempos de residência muito altos fazem com que as bolhas comecem a coalescer,

devido ao aumento da tensão superficial, gerando perda da coleta e aumento de

rejeito no concentrado.

Um tempo de residência abaixo do recomendado é ocasionado devido a uma

sobrecarga na alimentação. Quando isso ocorre, as partículas não tem tempo

suficiente para entrar em contato com as bolhas e o concentrado não obtém o teor

que poderia ter. Esse tipo de problema pode ser resolvido com controle efetivo do

volume de alimentação na célula e controle da densidade da polpa de minério.

4.4.1.3 Nível de Espuma e Água de Lavagem

O nível da camada de espuma tem grande importância na recuperação. Com uma

camada mais grossa, mesmo que o agregado partícula/bolha se rompa, as

partículas ainda tem chance de serem recuperadas pois terão de percorrer toda a

zona de espuma antes de serem rejeitadas.

30

A água de lavagem é adicionada no topo do equipamento e sua função é diminuir o

efeito de arraste das partículas de ganga causado pela subida das bolhas. Outras

funções da água de lavagem são: repor a quantidade de água naturalmente

drenada, aumentar a altura da camada de espuma e dar maior estabilidade as

bolhas, evitando que elas se rompam por falta de hidratação.

4.4.1.4 Hold Up do Ar

O hold up de ar é a definido como a fração volumétrica de gás contida em

determinada zona da célula. Segundo Takata (2009), “este parâmetro depende da

vazão de ar, do tamanho das bolhas, da densidade da polpa, do carregamento de

sólidos nas bolhas e da velocidade descendente da polpa.”

O hold up pode ser relacionado com a velocidade superficial do ar, onde a partir de

um determinado valor, o hold up permanece constante e já não se tem mais controle

da aeração. Sem esse controle, ocorre a presença de grandes bolhas, com alta

incidência de coalescência. O escoamento na célula passa para um regime

turbulento e ocorrem perdas na recuperação.

4.4.1.5 Tamanho das Bolhas de Ar

O diâmetro das bolhas de ar influencia diretamente na coleta. Bolhas de pequeno

diâmetro são mais eficientes em coletar partículas de granulometria mais finas,

porém esse diâmetro não pode ser drasticamente reduzido. Bolhas muito pequenas

não tem cinética suficiente para ascender ate o topo do equipamento carreando as

partículas aderidas.

Para a obtenção das bolhas, o ar sugado pelo rotor é quebrado pelo estator. A

velocidade de rotação do impelidor influência na capacidade do mesmo de sugar

assim como influencia também no tamanho das bolhas que são geradas dentro da

célula. A figura 7 mostra os componentes do rotor da célula de flotação e como

ocorre a descarga de fluidos na região do estator.

31

Figura 7 – Descarga de fluidos na região rotor/estator.

Fonte: Lima et al (2006)

4.5 Flotação do minério fosfático

A geologia do Complexo Carbonatítico de Catalão I favorece a existência de

diferentes fases minerais na polpa que alimenta a flotação. Além disso, existem

partículas de apatita em diferentes granulometrias e que contem teores variados de

fosfato. Essas características podem comprometer a seletividade do processo e

logo, sua eficiência e recuperação.

A formação do depósito de Catalão favoreceu uma associação muito forte entre

minerais como a calcita e a dolomita com a apatita. Essa associação traz

dificuldades à flotação visto que essas espécies reagem da mesma forma que a

apatita ao coletor aniônico.

Existe também a presença de filossilicatos que influencia fortemente na flotação de

fosfato. Íons como Fe2+, Al3+, Mg2+ etc. migram da superfície dos filossilicatos para a

solução aquosa e podem ser adsorvidos especificamente pela apatita, alterando seu

comportamento quanto à flotabilidade (GUIMARÃES et al., 2005 apud PAIVA, 2011).

Outro fator prejudicial ao processo que se apresenta no complexo geológico é o

recobrimento dos grãos de apatita por óxidos e hidróxidos de ferro, modificando sua

superfície e consequentemente a ação do coletor.

32

As tabelas 1 e 2 apresentam a análise dos concentrados fosfáticos obtidos por

flotação mostrando a porcentagem presente de cada parcela mineral e também a

origem mineralógica dos principais contaminantes do minério fosfático do Complexo

Mineroquímico de Catalão (CMC). As tabelas apresentam também, a título de

comparação, os mesmos dados para o minério fosfático do Complexo de Mineração

Tapira (CMT).

Tabela 1 - Análise típica dos concentrados fosfáticos

Elementos Tapira - CMT (%) Catalão - CMC (%)

Convencional Ultrafino Convencional Ultrafino

P2O5 35,4 34,0 36,8 34,2

CaO 50,8 48,0 48,0 44,6

Fe2O3 1,4 1,8 2,6 3,6

Al2O3 0,2 0,6 0,6 0,7

MgO 0,5 1,2 0,4 1,3

SiO2 2,0 4,8 2,4 4,8

F 1,2 1,2 2,3 2,3

TiO2 1,6 1,2 1,0 0,5

BaO 0,1 0,3 1,6 1,5

SrO 1,0 1,0 1,0 1,0

CO2 3,2 2,9 1,0 0,8

Fonte: Chaves e Barros (2009)

33

Tabela 2 - Origem mineralógica dos contaminantes no concentrado fosfático

Distribuição em peso (%)

Contaminantes Origem Tapira - CMT (%) Catalão - CMC (%)

Mineralógica Convencional Ultrafino Convencional Ultrafino

Ferro

Magnetita 10 20 15 20

Micas 70 50 55 40

Piroxênios 15 10 20 10

Outros minerais 5 20 10 30

Alumínio

Micas 80 40 65 45

Piroxênios 15 55 25 50

Outros minerais 5 5 10 5

Magnésio

Micas 70 50 60 45

Piroxênios 10 20 20 30

Outros minerais 20 30 20 25

Silício

Micas 55 30 50 40

Piroxênios 5 10 15 15

Outros minerais 40 60 35 45

Cálcio

Carbonatos 85 5 80 15

Minerais de titânio 10 85 15 75

Silicatos 5 5 5 10

Titânio

Anatásio 20 20 20 30

Perovskita 70 40 75 30

Magnetoilmenita - 40 5 40 Fonte: Chaves e Barros (2009)

34

5. METODOLOGIA

Os ensaios de flotação foram realizados em escala de bancada, utilizando-se uma

célula mecânica da marca CDC, modelo CFE-1000-EEPNBA, semelhante a

industrial porém em escala reduzida. Neste tipo de equipamento apresentado na

figura 9, é possível observar e monitorar as variáveis do processo, fazendo as

investigações necessárias.

Figura 10: Célula de flotação em bancada

Fonte: Autoria própria

A flotação de minério fosfático é normalmente realizada a velocidade de 1300

rotações por minuto (rpm), porém não existem dados suficientes para determinar

que essa é a velocidade que favorece as condições hidrodinâmicas ideais para a

flotação desse minério. Assim sendo, a velocidade de rotação foi alterada em

intervalos regulares para cada teste, acima e abaixo da rotação usual. A variação

estabelecida foi de 150 rpm de diferença. Dessa maneira, as velocidades

35

investigadas foram: 1000 (menor velocidade que se espera conseguir flotar), 1150,

1300, 1450 e 1600 rpm. A velocidade podia ser controlada no painel da célula, como

mostrado na figura 10 abaixo:

Figura 10 - Painel de controle da velocidade de rotação.

Fonte: Autoria própria.

Para realizar os ensaios de flotação em bancada foram utilizados 500g de amostra

de rocha fosfática. Em seguida foram adicionados na cuba de flotação, juntamente

com o minério, 3000 mL de água.

Os reagentes utilizados para a flotação de rocha fosfática foram depressor e coletor.

O depressor utilizado para adsorver e deprimir as partículas de óxido de ferro e sílica

foi o amido de milho fornecido pela empresa Cargill, já gelatinizado. Ele foi

adicionado a uma dosagem de 600 g/t. Para a massa utilizada no ensaio foram

usados 10 mL do produto. Após sua adição realizou-se o condicionamento por 3

min.

Logo após foi adicionado o coletor de fosfato, que é uma combinação de ácidos

graxos vegetais denominados comercialmente como Lioflot 502-A, distribuído pela

indústria química Miracema. O coletor necessitou ser saponificado antes de ser

36

utilizado na flotação para propiciar a dissociação iônica e, consequentemente, a

coleta. Para este processo foram utilizados: 100 mL de água, 3 gramas de hidróxido

de sódio anidro com 98% de pureza e 5 mL de Lioflot. A mistura foi aquecida e

agitada por aproximadamente 10 min, gerando a substância saponificada que seria

usada como coletora. A dosagem usual é de 500 g/t, tendo sido utilizado 8 mL para

os ensaios. O tempo de condicionamento do coletor foi ajustado para dois minutos.

Toda a etapa de condicionamento foi realizada com o impelidor a velocidade de

1000 rpm para propiciar o contato das partículas com os reagentes e evitar a

sedimentação. Quando o condicionamento foi concluído, realizou-se a medida do pH

com pHmetro digitai da marca Hanna Instruments. A flotação de fosfato acontece

com pH entre 9 e 9,5. Estando fora destes valores o pH necessita ser ajustado, o

que foi feito com a adição de ácido clorídrico (HCl) a 5 mol/L e hidróxido de sódio

(NaOH) a 50%.

A velocidade de rotação do impelidor foi alterada no valor definido para aquele teste

específico e variada nos próximos ensaios. O tempo de flotação variou entre 8 e 15

minutos dependendo da observação visual para se determinar a finalização ou não

de coleta do material. O material flotado em cada experimento foi recolhido em

bandejas e levado à estufa na temperatura de 105° C para a secagem.

As amostras, já secas, foram encaminhadas para análise química em equipamento

de difração de raios-X para a determinação da concentração de fosfato e dos

principais contaminantes como silicatos, carbonatos, óxidos de ferro e alumínio.

Todos os ensaios foram realizado em triplicata e dos valores de concentração

resultantes obteve-se a média, utilizada para as devidas comparações e conclusões.

37

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A energia dada ao sistema de flotação é de extrema importância para que aconteça

a coleta e recuperação do minério de interesse. No caso da operação realizada em

células mecânicas essa energia é fornecida pelo rotor e com os ensaios propostos

pode-se observar a influência da velocidade da rotação do mesmo no resultado da

flotação.

Os primeiros ensaios realizados foram com a velocidade rotacional do impelidor

fixada em 1300 rpm. Essa velocidade foi tomada como base para comparação do

resultado com as outras velocidades. Nesse ensaio, obteve-se um concentrado com

teor de 33,10% de fosfato, conforme tabela 3. Os contaminantes gerais se

apresentaram na faixa esperada para o minério do Complexo Carbonatítico de

Catalão.

Tabela 3 - Análise química da flotação de rocha fosfática a 1300 rpm.

Mineral (%)

Nb2O5 0,17

P2O5 33,10

Fe2O3 5,76

SiO2 3,78

BaO 3,34

Al2O3 0,72

CaO 42,98

MgO 0,26

CaO/P2O5 1,30

Fonte: Autoria própria

Os testes seguintes se realizaram a velocidades abaixo de 1300, (1000 e 1150 rpm).

Com estes dois ensaios ficou clara a influência da velocidade do rotor nos teores

obtidos, tanto do minério de interesse quanto dos minerais de ganga. Na tabelas 4

são apresentados os teores obtidos das parcelas mineralógicas dos concentrados

de flotação.

38

Tabela 4 - Análise química do concentrado de flotação de rocha fosfática a 1000 e 1150 rpm.

Mineral Distribuição de teores (%)

1000 rpm 1150 rpm

Nb2O5 0,18 0,16

P2O5 33,55 33,77

Fe2O3 5,76 6,01

SiO2 3,76 3,67

BaO 2,57 2,63

Al2O3 0,77 0,77

CaO 43,01 43,19

MgO 0,28 0,26

CaO/P2O5 1,28 1,28 Fonte: Autoria própria

Na tabela 5 são apresentados os resultados da análise química do concentrado

obtido as velocidades de 1450 e 1600 rpm. Ressalta-se que os dados apresentados

mostram a média obtida dos experimentos realizados em triplicata, cujos resultados

totais se encontram na tabela 6 anexo.

Tabela 5 - Análise química do concentrado de flotação de rocha fosfática a 1450 e 1600 RPM

Mineral

Distribuição de teores (%)

1000 rpm 1150 rpm

Nb2O5 0,22 0,16

P2O5 31,61 34,16

Fe2O3 7,88 5,19

SiO2 4,88 2,92

BaO 3,05 3,20

Al2O3 0,83 0,71

CaO 41,37 43,83

MgO 0,35 0,23

CaO/P2O5 1,31 1,29 Fonte: Autoria própria

39

6.1 Análise dos teores de minério fosfático

O teor de P2O5 do ensaio de 1000 rpm aumentou 1,34% em relação ao ensaio de

1300 rpm. Tal comportamento se deve ao fato da diminuição da turbulência do

sistema que possibilitou uma melhor estabilidade das bolhas e consequentemente,

uma melhor coleta. As tabelas 6, 7 e 8 que se encontram em anexo apresentam os

resultados de todos os ensaios.

O ensaio de 1150 rpm também apresentou aumento, em média, de 2% do teor de

fosfato em relação ao de 1300 e também um aumento de 0,66% em relação ao de

1000 rpm. Para efeito comparativo, observa-se que 1000 rpm fornece menos

energia para o sistema do que 1150. Logo, o teor deste último se torna mais alto.

Porém, elevando-se a rotação para 1300 rpm, é provocada uma maior turbulência, o

que faz com que o teor caia. Na figura 11 fica claro o comportamento do teor de

P2O5 em relação as velocidades testadas:

Figura 11 - Teor de P2O5 para 1000, 1150 e 1300 rpm.

Fonte: Autoria Própria

A próxima variação de velocidade foi superior ao valor de 1300 rpm sendo o ensaio

realizado a 1450 rpm. O teor de fosfato seguiu a tendência dos valores obtidos

anteriormente e caiu 4,48%. Em relação ao teste de 1150 rpm, que obteve o melhor

teor, o valor foi 6,5% menor. A curva apresentada na figura 12 demonstra o

33,00

33,10

33,20

33,30

33,40

33,50

33,60

33,70

33,80

33,90

34,00

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM

TEO

R (

%)

40

comportamento do sistema de flotação. A velocidade de 1450 RPM gerou ainda

mais turbulência no sistema, desfavorecendo a recuperação.

Figura 12 - Teor de P2O5 para 1000, 1150, 1300 e 1450 rpm.

Fonte: Autoria própria

Mantendo a constância de variação da velocidade dos ensaios foram realizados

testes também a 1600 rpm. Ao analisar estes dados observou-se um

comportamento anômalo ao esperado. O ensaio de 1600 rpm é o que representou a

maior turbulência da polpa no equipamento de flotação porém apresentou o maior

teor de fosfato. O teor obtido foi de 34,16%, sendo 1,15% maior que o melhor

resultado da sequência (1150 rpm). A figura 12 apresenta este ponto anômalo da

curva.

31,00

31,50

32,00

32,50

33,00

33,50

34,00

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM

TEO

R (

%)

41

Figura 12 - Teor de P2O5 para todos os ensaios

Fonte: Autoria própria

Os ensaios com velocidade rotacional de 1000 a 1450 RPM são correlatos e

explicados pela teoria da flotação, o que não ocorre com o ensaio de 1600 RPM. A

anormalidade pode ser explicada devido a erros de amostragem e análise, uma vez

que destoa totalmente da sequência de dados anteriores. Levanta-se também a

hipótese de uma reversão do comportamento hidrodinâmico da célula, onde uma

maior velocidade de rotação geraria quebra de bolhas. Essas bolhas de menor

tamanho seriam capazes de coletar as partículas mais finas presentes na polpa que

antes não teriam como ser recuperadas.

6.2 Análise dos teores dos contaminantes

Os teores dos contaminantes também foram analisados. O quartzo (SiO2) junto com

os óxidos de ferro (Fe2O3) são tidos como contaminantes importantes do fosfato.

Para o quartzo, inclusive, são realizadas várias etapas de flotação para “limpar” a

polpa desse material. Junto a eles são encontrados também os carbonatos como

calcita e dolomita, muito presentes no Complexo de Catalão. Os minerais alcalinos

se apresentam em grande volume e também representam contaminantes

importantes para a rocha fosfática.

31,00

31,50

32,00

32,50

33,00

33,50

34,00

34,50

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

TEO

R P

2O5(%

)

42

A análise do material utilizado para os ensaios revelou variações significativas de

comportamento dos minerais de ganga acompanhando a variação da velocidade do

impelidor. Esse comportamento se deve a heterogeneidade dos minerais presentes

na polpa como a barita (BaSO4) de massa específica 4,5 g/cm3 e a calcita (CaCO3),

de massa específica 2,72 g/cm3. Essas diferenças fazem com que cada mineral se

comporte de maneiras diferentes frente as variações de condição hidrodinâmica do

fluido onde estão contidos.

A figura 13 apresenta os teores de óxido de ferro, óxido de silício e óxido de bário e

suas variações nas velocidades de rotação analisadas:

Figura 13 - Teores de Fe2O3, SiO2 e BaO

Fonte: Autoria própria

Tomando o ensaio realizado a 1150 rpm como o melhor em termos de teor de rocha

fosfática, é possível fazer um comparativo dos teores dos contaminantes em relação

a outras velocidades.

O teor de óxido de ferro (Fe2O3) do ensaio a 1150 rpm foi 31% menor do que o teor

em 1450 rpm. Tal variação se deve a uma alta turbulência do sistema gerada pelo

aumento da velocidade que ocasiona um arraste hidrodinâmico das partículas que

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM

TEO

R (

%)

Fe2O3

SiO2

BaO

43

não deveriam sair na espuma do concentrado flotado. O menor teor de óxido de

ferro ocorreu no ensaio a 1000 rpm, sendo 4,11% menor que o ensaio de 1150.

A 1150 rpm apresenta-se o menor teor de sílica (SiO2), sendo 32,97% menor que o

pior ensaio. Isso demonstra que ele efetivamente pode ser considerado o melhor

ensaio da série, tendo também um baixo teor de óxido de bário.

Ao analisar os dados incluindo o ensaio de 1600 RPM, percebe-se novamente um

comportamento anômalo, como o que ocorreu com os teores de minério fosfático. A

essa velocidade encontra-se o menor teor de óxido de ferro, sílica, alumínio e

magnésio como demonstrado nas figuras 15, 16 e 17.

Figura 14 - Teores de Fe2O3, SiO2 e BaO em todos os ensaios.

Fonte: Autoria própria

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

TEO

R (

%)

Fe2O3

SiO2

BaO

44

Figura 15 - Teor de Al2O3 para todos os ensaios.

Fonte: Autoria própria

Figura 16 - Teor de MgO.

Fonte: Autoria própria

Assim como ocorreu com os teores de fosfato, estes pontos fora da curva para os

valores de contaminantes podem ser resultantes de vários fatores individualizados

ou da combinação deles.

0,700,710,720,730,740,750,760,770,780,790,800,810,820,830,840,85

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

TEO

R A

l 2O

3(%

)

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

TEO

R M

gO (

%)

45

Os demais gráficos com as variações de teor dos contaminantes se encontram em

anexo.

7. CONCLUSÃO

A investigação proposta revelou que existe sim uma influência da velocidade de

rotação do impelidor com o resultado da flotação de rocha fosfática. Essas

diferenças de resultado podem gerar diferenças de 2 a 6% do teor recuperado de

minério fosfático, assim como quedas significativas nos teores contaminantes.

A análise dos resultados obtidos demonstra que a velocidade de 1150 rpm se

apresenta mais favorável a flotação do que a velocidade de 1300 rpm, tida hoje

como usual. O teor de fosfato foi o mais elevado e os contaminantes não obtiveram

elevada variação, sendo em alguns casos até os mais baixos.

O ensaio realizado a 1600 rpm, como já dito anteriormente, representa um ponto

anômalo à sequência de estudo. Essa anomalia demanda maior tempo e um número

maior de ensaios, variando as velocidades em números até diferentes dos

realizados neste estudo para que possa ser completamente compreendida. Com os

ensaios realizados até o presente momento não se torna possível a completa

explicação do que ocasionou tal alteração. Sendo assim há a necessidade de

estudos posteriores.

Os experimentos foram realizados a nível de flotação em bancada mas com maiores

investigações pode-se contemplar outros objetivos como a variação e mudança de

rotação das células industriais, já que a célula de bancada é um representativo das

mesmas condições, alterando-se apenas a escala de trabalho.

As variáveis de flotação mais exploradas e estudadas atualmente são as de ordem

química como mudança de dosagens e desenvolvimento de novos reagentes mas o

presente trabalho demonstra que variações de ordem física também geram ganhos

para a concentração de rocha fosfática.

46

As variações de teores encontradas ocorrem devido apenas a mudança de

hidrodinâmica do sistema já que as dosagem de reagentes foram mantidas

constantes. Isso demonstra que a alteração das condições hidrodinâmicas

representa uma área potencial de estudos.

8. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Armando C.; PERES, Antônio E. C. A flotação como operação unitária no

tratamento de minérios. In: CHAVES, Arthur P. Teoria e prática do tratamento de

minérios: A flotação no Brasil. 2. ed. São Paulo: Signus Editora, 2009. v. 4, cap. 1,

p. 1 – 5.

CHAVES, Arthur P.; BARROS, Luiz A. F. Flotação de minérios fosfáticos. In:

CHAVES, Arthur P. Teoria e prática do tratamento de minérios: A flotação no

Brasil. 2. ed. São Paulo: Signus Editora, 2009. v. 4, cap. 5, p. 117 – 157.

CHAVES, Arthur P.; RODRIGUES, Wendel J. Máquinas de flotação. In: CHAVES,

Arthur P. Teoria e prática do tratamento de minérios: A flotação no Brasil. 2. ed.

São Paulo: Signus Editora, 2009. v. 4, cap. 2, p. 31 – 47.

LIMA, Odair A.; LEAL, Laurindo S.; BARBOSA, Flávio S. Caracterização

hidrodinâmica de células mecânicas de flotação: capacidade de bombeamento

de célula denver de laboratório. Rem: Rev. Esc. Minas. 2006, vol.59, n.4, pp. 415-

419.

NASCIMENTO, Débora Rosa. Flotação aniônica de minério de ferro. 2010. 116

(f.). (Tratamento de minérios) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro

Preto, Ouro Preto, 2010.

OLIVEIRA, José F. Flotação. In: Tendências tecnológicas Brasil 2015:

Geociências e tecnologia, 2007, Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2007. p. 133-153.

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47

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rochas de filiação carbonatítica e sua concentração por flotação. 2011. 180 (f.).

Instituto de Geociências, Universidade de Brasília, Brasília- DF, 2011.

RALSTON, J.; DUKHIN, S.S.; MISHCHUK, N.A. Inertial hydrodynamic particle

bubble interation in flotation. International Journal of Mineral Processing, v. 56, p.

207 – 256, 1999.

RIBEIRO, C. C.; 2008. Geologia, geometalurgia, controles e gênese dos

depósitos de fósforo, terras raras e titânio do Complexo Carbonatítico Catalão

I, GO. Tese de Doutorado em Geologia. Universidade de Brasília, UNB, Brasil.

RODRIGUES, Wendel J.; LEAL, Laurindo S. Importância da hidrodinâmica na

cinética de flotação de partículas grossas. Rem: Revista Escola de Minas. Ouro

Preto, vol.63, n°.4, Oct./Dec. 2010.

SANTANA, Ricardo Corrêa de. Análise da influência do tamanho da partícula na

flotação da apatita em coluna. 2007. 106 (f.). (Concentração e desenvolvimento de

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Uberlândia, Uberlândia, 2007.

SOUZA, Antônio E. Fosfato. In: Balanço Mineral Brasileiro. Brasília: DNPM, 2001.

338 p.

TAKATA, Lauro A. Flotação em coluna. . In: CHAVES, Arthur P. Teoria e prática do

tratamento de minérios: A flotação no Brasil. 2. ed. São Paulo: Signus Editora,

2009. v. 4, cap. 3, p. 53 – 64.

VIEIRA, Ana Maria. Efeito da granulometria na flotação de quartzo. 2005. 167 (f.).

(Tecnologia Mineral) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas

Gerais, Belo Horizonte, 2005.

48

ANEXO

Tabela 6: Teores totais de todos os ensaios.

Ensaio % Nb2O5 % P2O5 % Fe2O3 % SiO2

Flotação 1 1000 RPM 0,27 28,87 10,76 7,12

Flotação 2 1000 RPM 0,17 33,87 5,35 3,65

Flotação 3 1000 RPM 0,19 33,22 6,17 3,86

Flotação 1 1150 RPM 0,20 32,17 7,48 4,97

Flotação 2 1150 RPM 0,06 36,99 2,50 1,50

Flotação 3 1150 RPM 0,22 32,14 8,04 4,54

Flotação 1 1300 RPM 0,07 35,95 2,29 1,34

Flotação 2 1300 RPM 0,26 29,92 9,48 6,44

Flotação 3 1300 RPM 0,17 33,42 5,51 3,56

Flotação 1 1450 RPM 0,23 31,84 7,75 4,89

Flotação 2 1450 RPM 0,17 33,38 5,44 3,57

Flotação 3 1450 RPM 0,27 29,62 10,45 6,18

Flotação 1 1600 RPM 0,16 34,47 4,64 3,16

Flotação 2 1600 RPM 0,20 33,24 7,32 2,91

Flotação 3 1600 RPM 0,12 34,76 3,62 2,68

Fonte: Autoria própria

49

Tabela 7: Teores totais de todos os ensaios.

Ensaio % BaO % Al2O3 % CaO % MgO

Flotação 1 1000 RPM 2,54 0,80 36,97 0,38

Flotação 2 1000 RPM 2,44 0,74 43,38 0,27

Flotação 3 1000 RPM 2,70 0,79 42,63 0,29

Flotação 1 1150 RPM 2,83 0,87 41,57 0,33

Flotação 2 1150 RPM 2,60 0,56 47,02 0,13

Flotação 3 1150 RPM 2,45 0,87 40,97 0,33

Flotação 1 1300 RPM 3,63 0,61 46,22 0,13

Flotação 2 1300 RPM 2,98 0,78 39,62 0,41

Flotação 3 1300 RPM 3,41 0,76 43,1 0,25

Flotação 1 1450 RPM 3,09 0,94 41,19 0,37

Flotação 2 1450 RPM 3,27 0,79 42,95 0,32

Flotação 3 1450 RPM 2,79 0,77 39,96 0,36

Flotação 1 1600 RPM 3,05 0,7 44,39 0,23

Flotação 2 1600 RPM 2,89 0,77 42,39 0,25

Flotação 3 1600 RPM 3,65 0,67 44,7 0,21

Fonte: Autoria própria

Tabela 8: Valor médio dos teores totais obtidos.

Ensaio %

Nb2O5

%

P2O5

%

Fe2O3

%

SiO2

%

BaO

%

Al2O3

%

CaO

%

MgO

Flotação 1000 RPM 0,18 33,55 5,76 3,76 2,57 0,77 43,01 0,28

Flotação 1150 RPM 0,16 33,77 6,01 3,67 2,63 0,77 43,19 0,26

Flotação 1300 RPM 0,17 33,10 5,76 3,78 3,34 0,72 42,98 0,26

Flotação 1450 RPM 0,22 31,61 7,88 4,88 3,05 0,83 41,37 0,35

Flotação 1600 RPM 0,16 34,16 5,19 2,92 3,20 0,71 43,83 0,23

Fonte: Autoria própria

50

Figura 17: Teor de Fe2O3.

Fonte: Autoria própria

Figura 18: Teor de SiO2.

Fonte: Autoria própria

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

Teo

r Fe

2O3

(%)

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

Teo

r Si

O2

(%)

51

Figura 19: Teor de BaO.

Fonte: Autoria própria

2,50

2,60

2,70

2,80

2,90

3,00

3,10

3,20

3,30

3,40

3,50

1000 RPM 1150 RPM 1300 RPM 1450 RPM 1600 RPM

Teo

r B

aO (

%)