10
Tribunal de Justiça de Minas Gerais 1.0000.09.509623-6/000 Número do 5096236- Númeração Des.(a) Alexandre Victor de Carvalho Relator: Des.(a) Alexandre Victor de Carvalho Relator do Acordão: 13/03/2013 Data do Julgamento: 05/04/2013 Data da Publicação: EMENTA: EXCEÇÃO DA VERDADE - ABUSO DE AUTORIDADE - INOCORRÊNCIA - IMPROCEDÊNCIA. Não há que se falar em abuso de autoridade quando o Magistrado busca solucionar administrativamente situação que impacta negativamente no correto andamento da prestação jurisdicional. EXCEÇÃO DA VERDADE N° 1.0000.09.509623-6/000 - COMARCA DE SÃO LOURENÇO - EXCIPIENTE: ALEXANDER IVAN DE ALMEIDA OLIVEIRA EM CAUSA PRÓPRIA - EXCEPTO: RONALDO RIBAS DA CRUZ JD JUIZADO ESPECIAL COMARCA SÃO LOURENÇO - RELATOR: EXMO. SR. DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO ACÓRDÃO Vistos etc., acorda a ÓRGÃO ESPECIAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador HERCULANO RODRIGUES , incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM REJEITAR A PRELIMINAR E JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO. Belo Horizonte, 13 de março de 2013. DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO - Relator NOTAS TAQUIGRÁFICAS O SR. DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO: 1

InteiroTeor_10000095096236000

  • Upload
    xmacaba

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

10000095096236000 jurisprudencia

Citation preview

Page 1: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.09.509623-6/000Número do 5096236-Númeração

Des.(a) Alexandre Victor de CarvalhoRelator:

Des.(a) Alexandre Victor de CarvalhoRelator do Acordão:

13/03/2013Data do Julgamento:

05/04/2013Data da Publicação:

EMENTA: EXCEÇÃO DA VERDADE - ABUSO DE AUTORIDADE -INOCORRÊNCIA - IMPROCEDÊNCIA. Não há que se falar em abuso deautoridade quando o Magistrado busca solucionar administrativamentesituação que impacta negativamente no correto andamento da prestaçãojurisdicional.

EXCEÇÃO DA VERDADE N° 1.0000.09.509623-6/000 - COMARCA DESÃO LOURENÇO - EXCIPIENTE: ALEXANDER IVAN DE ALMEIDAOLIVEIRA EM CAUSA PRÓPRIA - EXCEPTO: RONALDO RIBAS DA CRUZJD JUIZADO ESPECIAL COMARCA SÃO LOURENÇO - RELATOR: EXMO.SR. DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda a ÓRGÃO ESPECIAL do Tribunal de Justiça do Estado deMinas Gerais, sob a Presidência do Desembargador HERCULANORODRIGUES , incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da atados julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EMREJEITAR A PRELIMINAR E JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO.

Belo Horizonte, 13 de março de 2013.

DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO:

1

Page 2: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

VOTO

1 - RELATÓRIO

Trata-se de Exceção da Verdade oposta por Alexander Ivan de AlmeidaOliveira na ação penal em que responde pela prática do crime de calúnia emface de Ronaldo Ribas da Cruz - Juiz de Direito.

A presente Exceção foi admitida às fls. 83/87.

Intimado, o excepto apresentou contestação (fls. 102/103).

Por delegação deste Relator, a colheita de prova se deu em primeiro grau(fls.118/119).

As testemunhas foram ouvidas às fls. 144/148 e 187.

Instada a se manifestar no feito, a PGJ opinou pela improcedência daExceção da Verdade (fls. 205/211).

É o relatório.

2 - PRELIMINAR

Suscita o excipiente em petição acostada aos autos (fls. 121/122), semqualquer razão, preliminar de incompetência da Justiça Estadual para julgara presente exceção. É que a atuação do excepto, aqui questionada, ocorreuno âmbito do Juizado Especial da Comarca de São Lourenço, e não a frentede suas funções eleitorais, consoante preconizado na petição, razão pelaqual não há que se falar em competência deste juízo federal para analisar aexceção.

Rejeito a preliminar.

3 - MÉRITO

Narra a denúncia que no dia 24 de julho de 2008 o excipiente

2

Page 3: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Alexander Ivan de Almeida Oliveira, através de representação encaminhadaà Corregedoria-Geral de Justiça, imputou falsamente ao excepto, Magistrado,a prática de abuso de autoridade.

Busca o excipiente, então, o reconhecimento da veracidade dos fatos por eleatribuído ao Magistrado, ou seja, o abuso de autoridade.

Ocorre que após atenta análise das provas colacionadas, na seara doparecer da Douta Procuradoria-Geral de Justiça, entendo que razão não lheassiste. Vejamos.

Eis o teor da portaria que deu ensejo a representação do excipiente porabuso de autoridade:

"O Bel. Ronaldo Ribas da Cruz, Juiz de Direito titular do Juizado Especial daComarca de São Lourenço, no uso de suas atribuições legais, considerandoa necessidade de normatização e organização das atividades da Secretariado Juizado Especial, DETERMINA que os pedidos de desarquivamento deautos só serão aceitos por meio de petição escrita fundamentada deferida edevidamente protocolada e assinada por Advogado constituído pelas partes,tendo a Secretaria da Vara do Juizado Especial o prazo de até cinco diaspara atender ao pedido.

Essa Portaria deverá ser publicada e afixada para conhecimento de todos" -fls. 55.

Registro, de pronto, que não se discute aqui o acerto do ato administrativorealizado, seja em seu aspecto de oportunidade e conveniência, seja na sualegalidade, mas sim a sua tipificação como crime, e nessa ótica, data venia,nada a ser censurado.

A portaria editada, ao que se observa, foi fruto do legítimo poderadministrativo gerencial conferido ao Magistrado na tentativa de regrarsituação de retardamento indevido na devolução dos feitos retirados emsecretaria e que, pelo excesso, impactava negativamente no corretoandamento da prestação jurisdicional.

3

Page 4: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Da mesma forma, muito embora o excipiente tenha contribuído para atomada de decisão do excepto, o ato normativo questionado não buscouatingir apenas ele, mas todos aqueles que estivessem na mesma situação,sendo, portanto, geral. Nesse sentido foram os depoimentos do próprioMagistrado e da testemunha Gilda Maria Santos Linhares, funcionária docartório (fls. 145 e 147),

Não há comprovação mínima, também, de que ouve, ainda que por um breveperíodo de tempo, atentado aos direitos e garantias legais asseguradas aoexercício profissional, mas sim, em contrapartida, uma normatização doproceder no caso específico de desarquivamento de autos.

Não há, assim, comprovação mínima da elementar do crime que ora seimputa, qual seja, o abuso, tampouco da vontade pelo excepto de abusar dopoder que detém em nome do Estado - elemento subjetivo.

4 - CONCLUSÃO

Pelo exposto, acolho parecer da Douta PGJ e JULGO IMPROCEDENTE AEXCEÇÃO DA VERDADE.

É como voto.

A SRª. DESª. MÁRCIA MILANEZ:

VOTO

Examinei o processo e não vejo como fugir à conclusão alcançada peloilustre Relator, inclusive no que se refere à rejeição da preliminar deincompetência desta Justiça Estadual para julgar o feito.

Pelo que dos autos consta, o questionamento do excipiente refere-se àatuação do Magistrado no Juizado Especial da Comarca de São Lourenço, enão em razão de suas funções eleitorais. A imputação refere-se à prática decrime comum, de abuso de autoridade, sujeito,

4

Page 5: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

em virtude da prerrogativa de função do excepto, à competência origináriadeste Tribunal de Justiça, e não à Justiça Federal.

No mérito, o ilícito atribuído pelo excipiente ao Magistrado/excepto, nostermos da representação encaminhada à Corregedoria-Geral de Justiça, dizrespeito ao crime de abuso de autoridade, previsto no artigo 3º, 'j' da Lei4.898/65, que descreve a conduta típica como sendo aquela que constituaqualquer atentado "aos direitos e garantias legais assegurados ao exercícioprofissional.", no caso, atentado contra os direitos e garantias asseguradosao exercício profissional da advocacia, supostamente praticado por meio daedição de uma portaria, datada de 28 de maio de 2008.

A questionada portaria estabelecia que,

"considerando a necessidade de normatização e organização das atividadesda Secretaria do Juizado Especial", "os pedidos de desarquivamento deautos só serão aceitos por meio de petição escrita fundamentada deferida edevidamente protocolada e assinada por Advogado constituído pelas partes,tendo a Secretaria da Vara do Juizado Especial o prazo de até cinco diaspara atender ao pedido." (fl. 55).

Sendo este o conteúdo do ato, não se pode vislumbrar no procedimento doexcepto qualquer abuso de autoridade, sendo francamente improcedente aexceção oferecida.

Isto porque o Magistrado buscou apenas disciplinar o procedimento para aretirada dos processos já arquivados do Cartório do Juizado, em razão dainformal idade e do excessivo número de pedidos verbais dedesarquivamento, que colocavam em risco o funcionamento da Secretaria,sendo o ato dirigido a todos os advogados, e não apenas ao excipiente.

Ademais, conforme bem analisado pelo nobre Relator, não se discute aqui omérito do ato, quanto à conveniência e à oportunidade, mas tão-somente asua adequação típica, ou seja, se a edição da referida

5

Page 6: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

portaria pelo excepto poderia, em tese, configurar a prática do crime deabuso de autoridade.

Por outro lado, na exceção da verdade inverte-se o ônus da prova,competindo ao excipiente fazer prova dos fatos por ele alegados na inicial,assim como compete ao Ministério Público, no âmbito da ação penal por eleinstaurada, produzir provas suficientes dos fatos narrados na denúncia.

No caso, o excipiente não se desincumbiu de seu ônus, não havendo nessesautos sequer indícios da prática do crime de abuso de autoridade peloexcepto, razão pela qual acompanho o ilustre Relator, no sentido de julgarimprocedente a exceção da verdade, encaminhando-se os autos ao juízo deorigem, para o prosseguimento do feito principal, na forma da lei.

O SR. DES. ALVIM SOARES:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. SILAS VIEIRA:

VOTO

Acompanho o e. Relator para julgar improcedente a exceção da verdade.

O ato judicial atacado pelo Excepto consistente na Portaria que buscouregularizar os pedidos de desarquivamento de autos perante o Juizado

6

Page 7: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Especial Criminal da Comarca de São Lourenço não traduz qualquer abusode autoridade por parte do Magistrado, ao contrário, revela coerência com opoder de administração dos serviços judiciários naquele juízo.

Além disso, a revogação da referida portaria não indica reconhecimento, porparte do Juiz excepto, da ocorrência de abusividade, como faz crer oexcipiente.

Não existindo comprovação inequívoca da veracidade dos fatos que foramimputados ao Magistrado, impõe-se a rejeição das justif icativasapresentadas.

É como voto.

O SR. DES. WANDER MAROTTA:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. GERALDO AUGUSTO:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. CAETANO LEVI LOPES:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. ANTÔNIO SÉRVULO:

VOTO

7

Page 8: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

De acordo.

A SRª. DESª. SELMA MARQUES:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. AFRÂNIO VILELA:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. WAGNER WILSON:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. BITENCOURT MARCONDES:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. ADILSON LAMOUNIER:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. BARROS LEVENHAGEN:

VOTO

De acordo.

8

Page 9: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

O SR. DES. LEITE PRAÇA:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. MANUEL SARAMAGO:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. EDGARD PENNA AMORIM:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. PAULO CÉZAR DIAS:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. ANTÔNIO ARMANDO DOS ANJOS:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. WANDERLEY PAIVA:

VOTO

De acordo.

9

Page 10: InteiroTeor_10000095096236000

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

SÚMULA : REJEITARAM PRELIMINAR. IMPROCEDENTE.

??

??

??

??

10