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26 ANOS BOM FIM Agosto de 2015 Guia da saúde do bairro e arredores ENCARTE Nova lei muda o mapa do Bom Fim Felipe Uhr P restes a ser vota- da pela Câmara de Vereadores, a nova lei de limi- tes dos bairros de Porto Alegre vai alterar a área do Bom Fim. O bairro vai perder um pedaço para a Independência e ganhar outro, quase equivalente, do Rio Branco. O Bom Fim é pequeno, quase um retângulo entre a rua Felipe Camarão, de um lado, e a Sarmento Leite, de outro. Nas laterais, os limites são a avenida Osvaldo Ara- nha e uma “linha imaginária” que passa entre a José Otão e a Independência. Como a orientação segui- da na nova lei é eliminar as “linhas imaginárias”, o novo limite vai coincidir com o traçado da José Otão, que fica sendo a fronteira entre o Bom Fim e a Independência. Nessa mudança, o Bom Fim perde um pedaço da sua área, embora aumente na horizontal até a Ramiro Bar- celos, incorporando um pe- daço do bairro Rio Branco. Serão criados 12 bairros novos Os limites dos atuais bair- ros de Porto Alegre foram definidos por uma lei de 1958. A mudança vem sendo discutida desde 2008, a par- tir de um estudo técnico da Secretaria de Urbanismo. O projeto que vai à vo- tação depois do recesso da Câmara de Vereadores, além da alteração no limite de vários bairros, prevê a cria- ção de 12 novos e a supres- são de um, o bairro Marcí�lio Dias, entre o Menino Deus e a Cidade Baixa. Com essa mudança, o número total de bairros da cidade passa dos atuais 81 para 92. O projeto teve sua pri- meira versão em janeiro de 2012, quando foi entregue para a análise e discussão do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA). A par- tir daí�, foram realizadas dez audiências públicas entre fevereiro e março de 2012. Entre março e julho de 2013, ocorreram 26 reuniões dos Fóruns de Região de Gestão do Planejamento, quando o Executivo entregou uma nova versão do projeto já com as modificações feitas pelos conselhos. O projeto foi aprovado pelo CMDUA em setembro de 2013 e entregue para a Câmara Municipal em no- vembro, onde segue em tramitação. Arte: Andres Vince /Google Earth Novo limite Limite atual Área incluída Área excluída Av. Osvaldo Aranha Av. Osvaldo Aranha Rua Ramiro Barcelos Rua Vasco da Gama Rua Irmão José Otão Linha imaginária Rua Sarmento Leite Rua Felipe Camarão Bairro perde um pedaço e ganha outro Uma das coordenadoras do projeto, a arquiteta Gladis Weissheimer, afirma que to- das as mudanças de limites foram feitas por consenso. Onde não houve consenso, manteve-se o traçado origi- nal. No caso do Bom Fim, que pertence à Região 1 da cida- de, não houve praticamente discordância quanto às mu- danças propostas. “A única reivindicação do Conselho foi a Ramiro” lembra Gladis. Segundo ela, moradores que- riam incluir no bairro o par- que da Redenção e a avenida José Bonifácio, extinguindo o bairro Farroupilha. A idéia foi descartada, após forte resis- tência dos poucos moradores daquelas ruas. Na votação da nova lei, a Câmara enfrentará pelo menos dois pontos polêmicos: a Arena do Grêmio hoje está no bairro Humaitá, mas há pressão dos moradores para que seja incor- porada ao bairro Farrapos; e o Pontal do Estaleiro, hoje no Praia de Belas, pode acabar ficando no Cristal. Proposta extinção do bairro Farroupilha

JÁ Bom Fim Agosto de 2015

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Agosto de 2015

Guia da saúde do bairro e arredores

ENCARTE

Nova lei muda o mapa do Bom Fim

Felipe Uhr

Prestes a ser vota-da pela Câmara de Vereadores, a nova lei de limi-tes dos bairros

de Porto Alegre vai alterar a área do Bom Fim. O bairro vai perder um pedaço para a Independência e ganhar outro, quase equivalente, do Rio Branco.

O Bom Fim é pequeno, quase um retângulo entre a rua Felipe Camarão, de um lado, e a Sarmento Leite, de outro. Nas laterais, os limites são a avenida Osvaldo Ara-nha e uma “linha imaginária” que passa entre a José Otão e a Independência.

Como a orientação segui-da na nova lei é eliminar as “linhas imaginárias”, o novo limite vai coincidir com o traçado da José Otão, que fica sendo a fronteira entre o Bom Fim e a Independência.

Nessa mudança, o Bom Fim perde um pedaço da sua área, embora aumente na horizontal até a Ramiro Bar-celos, incorporando um pe-daço do bairro Rio Branco.

Serão criados 12 bairros novos

Os limites dos atuais bair-ros de Porto Alegre foram definidos por uma lei de 1958. A mudança vem sendo discutida desde 2008, a par-tir de um estudo técnico da Secretaria de Urbanismo.

O projeto que vai à vo-tação depois do recesso da

Câmara de Vereadores, além da alteração no limite de vários bairros, prevê a cria-ção de 12 novos e a supres-são de um, o bairro Marcí�lio Dias, entre o Menino Deus e a Cidade Baixa. Com essa mudança, o número total de bairros da cidade passa dos atuais 81 para 92.

O projeto teve sua pri-meira versão em janeiro de 2012, quando foi entregue para a análise e discussão do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA). A par-

tir daí�, foram realizadas dez audiências públicas entre fevereiro e março de 2012. Entre março e julho de 2013, ocorreram 26 reuniões dos Fóruns de Região de Gestão do Planejamento, quando o Executivo entregou uma nova versão do projeto já com as modificações feitas pelos conselhos.

O projeto foi aprovado pelo CMDUA em setembro de 2013 e entregue para a Câmara Municipal em no-vembro, onde segue em tramitação.

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Av. Osvaldo Aranha

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Rua Vasco da Gama

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Linha imaginária

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Bairro perde um pedaço e ganha outro

Uma das coordenadoras do projeto, a arquiteta Gladis Weissheimer, afirma que to-das as mudanças de limites foram feitas por consenso. Onde não houve consenso, manteve-se o traçado origi-nal. No caso do Bom Fim, que pertence à Região 1 da cida-de, não houve praticamente discordância quanto às mu-danças propostas. “A única reivindicação do Conselho foi a Ramiro” lembra Gladis. Segundo ela, moradores que-riam incluir no bairro o par-

que da Redenção e a avenida José Bonifácio, extinguindo o bairro Farroupilha. A idéia foi descartada, após forte resis-tência dos poucos moradores daquelas ruas.

Na votação da nova lei, a Câmara enfrentará pelo menos dois pontos polêmicos: a Arena do Grêmio hoje está no bairro Humaitá, mas há pressão dos moradores para que seja incor-porada ao bairro Farrapos; e o Pontal do Estaleiro, hoje no Praia de Belas, pode acabar ficando no Cristal.

Proposta extinção do bairro Farroupilha

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A queda de um eucalipto de 40 metros matou uma pessoa – um juiz de direito - e deixou duas feridas no parque da Redenção em agosto de 2013.

O fato lamentável alertou para um risco encoberto. Aparentemente sadio, o eucalipto estava corroído por dentro. Era uma árvore de 70 anos, como a maioria das grandes árvores do parque.

Acendeu o alerta: e se outros eucaliptos da mesma idade tivessem o mesmo problema? Há mais de 100 no parque.

O principal grupo deles, dos maiores, fica exatamente ao lado de um local de grande concentração de pessoas – o cachorródromo, ao lado do canteiro central. A queda de uma árvore daquelas num dia de grande movimento, um domingo por exemplo, seria uma tragédia de repercussão mundial.

Encomendou-se então um estudo ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas, de São Paulo, o único no país que tem condições de fazer um diagnóstico de árvores, com equipamentos de ultrassom. Foram selecionadas 150 árvores, das mais antigas, em toda a cidade, para análise. Trinta e oito delas foram apontadas para corte por estarem doentes, com risco de cair. Eram 18 na Redenção.

Segundo a SMAM, nas outras partes da cidade, faltam apenas “uma ou duas” para remover. Na Redenção, porém, ainda faltam seis. Dois anos se passaram desde que o acidente fatal alertou para o risco. A demora talvez se explique pela complexidade da operação - foi preciso contratar um instituto de outro Estado, teve que examinar arvore por árvore, a remoção de cada árvore é operação trabalhosa, a SMAM não consegue fazer mais que uma por dia. Tudo bem.

Mas se o risco maior está no parque, a prioridade não deveria também estar lá?

Redação:Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro HistóricoCEP 90020-025 - Porto Alegre / RS

Edição fechada às 18h do dia 5 de agosto de 2015

Contatos:

(51) 3330-7272

www.jornalja.com.br

[email protected]

jornaljaeditora

jornal_ja

O Jornal Já Bom Fim é uma publicação de Jornal Já Editora

Editor: Elmar Bones

Reportagem:Elmar Bones, Felipe Uhr e Matheus Chaparini

Fotografia:Arquivo Jornal Já, PMPA,CMPA.

Comercial:Matheus Dias

Diagramação:Cabeças Fumegantes DG

DistRibuição gRatuita

ExpEDiEntE

Nota do Edi torParque tem que ser prioridade

BOM FIMURGENTE

Banheiro fechadoBanheiro é uma carência crônica

na Redenção. Para todo o parque, são apenas dois junto à José Bonifácio, ambos em condições sofrí�veis. Há um terceiro próximo à avenida Paulo Gama, na outra extremidade do par-que, mas está fechado desde março, quando foi arrombado e depredado. Os ladrões levaram pias, mictórios, canos da instalação hidráulica e toda a fiação.

Segundo o DMLU, já está agendada uma reunião com a SMAM no dia 30 de agosto, para tratar do assunto. Até lá, o local permanecerá lacrado com um cartaz na porta: “Banheiro em ma-nutenção por tempo indeterminado”.

Trem elétrico Já foi escolhido o permissionário

que vai operar o trenzinho elétrico no parque da Redenção. A ideia de usar as instalações do extinto Café do Lago para ser a estação ainda está em exame. Há uma cabine do projeto ori-ginal do parque, que está totalmente depredada, que poderia ser a bilhe-teria e ponto de embarque do dindi-nho. O café tinha que voltar a ser café.

Sinais da crise Mais de dez fachadas com placas

de “Aluga-se” na Osvaldo Aranha, da Fernandes Vieira até o túnel. Sinal da desaceleração dos negócios, mas tam-bém das mudanças que estão ocor-rendo no perfil do comércio do bairro.

Gang foi emboraA Gang, por exemplo, fechou sua

filial na Osvaldo. Não resistiu cinco anos. Vai concentrar seus esforços nas lojas em shopping.

Árvores que ameaçamNa última chuvarada caí�ram três

arvores na Redenção. Ninguém foi atingido, o parque estava vazio. O in-trigante é que as árvores que caí�ram, entre elas um eucalipto enorme, não estavam na lista feita pelos técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológi-cas, de São Paulo, que analisaram cer-ca de 150 espécimes em toda cidade e recomendaram o corte de 38 de-las, sendo 18 na Redenção. O estudo do IPT foi contratado depois que um eucalipto caiu e matou uma pessoa, além de ferir outras duas, em agosto de 2013. O diagnóstico está pronto há ano e meio, custou cerca de 90 mil reais, mas as árvores apontadas, com risco de cair, ainda não foram todas cortadas. Na Redenção faltam seis. Se-gundo a SMAM, até o final de outubro o trabalho estará concluí�do.

Foto

s: JÁ

Bom

Fim

Revista Já História.

nas bancas

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Agosto de 2015 b o m   f i m 3LEIA MAISLEIA MAIS emem www.jornal ja .com.brwww. jornal ja .com.br Livro pArA coLorir

não é arteterapia. Podem acalmar, colaborar na concentração e até ins-tigar a imaginação para posterior criação. Artete-rapia é expressão criativa, nasceu justamente para desmanchar o desenho pronto. Arteterapeutas apontam que estes livros aprisionam a criativida-de e estimulam o famoso “não sei desenhar”.

pArA eviTAr A disse-minação de uma bactéria que atinge os cavalos, a Secretaria da Agricul-tura estuda a adoção de uma tornozeleira com lacre para identificar os animais que fizeram o teste e não têm a doença. Há menos de dois meses foi registrado o primeiro caso de “mormo” no Rio Grande do Sul, no muni-cí�pio de Rolante.

A DÍviDA pÚBLicA do paí�s subiu 17% em doze meses. Chegou aos R$ 2,5 trilhões em Junho. Até o fim de 2015, pode su-perar os R$ 2,6 trilhões: para fechar suas contas, o governo federal terá que emitir novos tí�tulos até dezembro. Só para pagar os juros, o paí�s terá que desembolsar R$ 63 bilhões.

o que SerÁ da orla - O Lago Guaí�ba, cartão-postal de Porto Alegre, é a estrela da discussão urbaní�stica da cidade. No Centro, onde está iso-lado da cidade por um muro desde a enchente da década de 1940, está em jog o o destino do Cais Mauá. No caminho para a zona Sul, o Pontal do Estaleiro continua em disputa. Toda a orla é cobiçada pelo mercado imobiliário. Acompanhe a discussão pelo www.jornalja.com.br.

MeNoS ceLuLoSe - A área plantada com monoculturas de eucalipto para fins industriais caiu nos últimos cinco anos, desde que diminuí�ram os investimentos para produção de celulose. A área de plantio hoje ocupa 2% do território gaúcho. Em 2009, se-gundo e Ageflor, eram 738 mil hectares, ou 2,62%. Três grandes projetos foram abortados: Stora Enso, Votorantim e Aracruz. Esta última foi absorvida pela chilena CMPC Celulose Riograndense, que a ampliou. ONGs ambientalistas acompanham, vigilantes.

AprovADo No fiNAL de 2014 por 13 votos a 10, o pro-jeto de lei que proí�be a contra-tação de empresas doadoras de campanhas eleitorais pelo poderes Executivo e Legisla-tivo de Porto Alegre afinal irá para sanção do prefeito. O au-tor do projeto, vereador Mar-celo Sgarbossa, lançou o movi-mento #sancionafortunati, que busca apoio da sociedade civil.

Fran

cielle

Cae

tano

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todas vagas com santacruzens-es, então abrem-se excessões para moradores de outras ci-dades do interior e intercambi-stas. “Eu acho que muita gente está ficando lá. Pelo Prouni, pelas bolsas que estão saindo na Unisc, já tem mais gente conseguindo ficar e estudar sem ter que vir pra capital”, ex-plica Bruno Félix Segatto.

Bruno é mestrando em História na UFRGS, vive na Cesc desde 2009 e não é natural de Santa Cruz. Nascido em Venân-cio Aires, morou na cidade nos perí�odos 1997-99 e 2006-09. Mais antiga na casa que ele, so-mente a gata Tchanga. “Quando eu me mudei pra cá ela estava morando aqui há duas sema-nas”, conta Bruno. Para ele, o principal motivo pelo qual os jovens escolhem a Cesc é o contato com gente da cidade. “Como todo mundo é de Santa Cruz, muita gente já se con-hece. Alguns já frequentavam a casa, outros tinham familiares que moraram aqui. A casa é bem conhecida em Santa Cruz. Então ela já é uma referência pra quem vem pra cá e não sabe onde vai morar.”

Texto e fotos: Matheus Chaparini

A Casa do Es-tudante San-tacruzense foi fundada em 29 de março de 1953, no nú-

mero 278 da Tomaz Flores. Desde então, três gerações de jovens de Santa Cruz que vie-ram estudar em Porto Alegre já passaram por ali.

Antes disso, a casa funcio-nava como pensionato, e já abrigava jovens do interior que vinham estudar na capi-tal. Um grupo de estudantes decidiu se unir e comprá-la, através de um financiamento de 300 mil cruzeiros na Caixa Econômica Federal. A casa foi quitada com diversas doações de polí�ticos locais e órgãos públicos e para administrá-la foi fundada a União dos Estu-dantes Santacruzenses.

Atualmente a casa pertence à Uesc, mas funciona de forma autônoma, apenas com recur-sos próprios. As tarefas são divididas e todo morador tem de assumir algum cargo ad-ministrativo, como presidên-cia, tesouraria ou secretarias: de manutenção, comunicação, compras, limpeza. A capaci-dade total é para 21 pessoas, divididas em 10 quartos. Hoje são dez moradores fixos, mais três visitantes e três intercam-bistas - duas argentinas e uma venezuelana.

Todo começo de semestre é aberto o processo seletivo para novos moradores, neste mês serão 10 vagas. O critério é ser estudante universitário e ser de Santa Cruz. Não precisa ne-cessariamente ter nascido na cidade, basta comprovar que morou e estudou lá por pelo menos um ano. Nos últimos anos, tem sido difí�cil completar Bruno e a gata Tchanga, os moradores mais antigos da Cesc

Várias gerações de estudantes santacruzenses já passaram pelo casarão da Tomaz Flores

A República de Santa Cruz

Outro fator é a boa localiza-ção, próxima aos campi Cen-tro e Saúde da UFRGS e aces-sí�vel de ônibus para o Vale e a PUC. A questão financeira também pesa na escolha. Como a casa é propriedade da União dos Estudantes de Santa Cruz, não é necessário pagar aluguel. A mensalidade de R$130 cobre as contas da casa e eventuais custos de manutenção. Fica bem mais barato que dividir o aluguel de um apartamento. Inclusive um dos critérios utilizados na seleção é a baixa renda.

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Rua Ramiro Barcelos, 467 Sala 301, Floresta(51) 3226-1966

Atrapalhado com os números?Casos de amor e repressãoA Cesc também propor-

ciona belos casos de amor, como a shakespeariana história de Jonas Monteiro. O antigo colega de quarto de Johannes Kolberg conheceu sua namorada na casa, ou melhor, em cima da casa. Na parede dos fundos tem uma escada de ferro que leva até o telhado. Jonas costumava subir e lá em cima conheceu uma moça, moradora de um dos prédios vizinhos que têm as janelas viradas para a casa. Ali em cima, se co-nheceram, se apaixonaram e o relacionamento começou com visitas pela janela, como Romeu e Julieta. Hoje Jonas está formado em En-

genharia Mecânica e não mora mais na casa - quem se forma tem direito a morar apenas mais um semestre na Cesc. O namoro continua.

Mas as paredes verdes do casarão da Tomas Flores não guardam apenas histórias de amor. Sendo uma casa de estudantes e tendo atraves-sado o perí�odo da ditadura militar, a Cesc já teve alguns problemas com a repressão. Um senhor que diz ter mo-rado na casa na década de 70 reapareceu há alguns meses e compartilhou com os atuais moradores um destes episódios. Johannes conta que chegava em casa e o homem estava parado na

calçada, olhando admirado. Ao colocar a chave no portão, foi abordado pelo saudoso visitante “Tu sabe que aqui já foi uma casa de estudante? Sabia que eu já morei nessa casa?” Convidado a entrar, o visitante proporcionou uma tarde de memórias. Conta ele que um dia voltava da aula à tarde e ao entrar pela porta notou que não havia ninguém em casa, algo in-comum em um lar com tan-tos viventes. Foi um vizinho que deu a notí�cia: os milicos estiveram aí� e levaram todo mundo. Tivesse chego um pouco mais cedo, quem sabe tivesse o mesmo destino dos outros.

Nos quartos do casarão da Tomaz Flores, as camas ficam penduradas no teto, para aproveitar melhor o espaço

Os arquivos bem conservados guardam boa parte da história da casa dos santacruzenses. No quarto que funciona como sala de estudos há um gaveteiro de metal que guar-da fichas de papel amareladas, com fotos 3x4 bem produzidas, telefones de 4 dígitos, assinaturas caligra-fadas e dezenas de sobrenomes alemães. Ali encontramos diver-sos ex-moradores da Cesc, como um dos fundadores, o radia lista e políti-co Lauro Haggeman, falecido em maio deste ano, e o ex--prefeito de Santa Cruz e secretário da Casa Civil do governo Yeda, José Alberto Wen-zel.

No arquivo, encontramos a ficha de uma moça, raridade nos tempos antigos. “Era pouco comum gurias sairem do interior e virem es-tudar na capital. Não sei se chegava a ser proibido ter guria aqui na casa, a questão é que nenhuma guria ia vir morar aqui. Imagina como a famí-lia ficaria mal afamada naquela épo-ca em Santa Cruz: uma menina, mo-rando numa casa de estudante, com um monte guris em Porto Alegre”, acredita Bruno. Gisela Thecla Becker se mudou para a casa em 1955, quando veio prestar vestibular.

No começo de cada semestre, acontece uma festa para dar as boas vindas aos novos moradores.

Johannes Kolberg, que vive na casa desde 2012, comenta que as festas já foram mais frequentes na Cesc. “Deu uma acalma da, porque teve uma vizinha que reclamou e foi es-tabelecido um horário de silêncio. A gente procura manter essa boa re-lação. Mas a casa já foi mais ativa em relação a festas, afinal é uma

casa de estudantes, né? Hoje em dia tá todo mundo res-

ponsável, mudou o perfil do estudante.” A maioria

dos moradores da casa estuda e trabalha, en-tão acaba sobrando pouco tempo para as confraterniza-ções. Inclusive o dono do mercadi-nho tem observa-do que o pessoal de Santa Cruz

já consumiu mais cerveja em outros tempos.

O registro mais antigo encontrado nos arquivos da Cesc é um docu-mento de compra e venda, datado em 1919. Ao longo do tempo a casa passou por algumas mudanças, mas a estrutura é basicamente a mesma. No ano passado, um ex-morador apareceu para visitar e, percebendo a necessidade da uma reforma na rede elétrica - que era da década de 80 e já não dava conta das três ge-ladeiras e diversos notebooks - fez uma doação. “Ele veio aqui, parti-cipou de algumas jantas conosco e doou uma quantia para ajudar na reforma”, conta Johannes.

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Aequipe da Estra-tégia de Saúde da Famí�lia (ESF) que atua no Cen-tro de Saúde Mo-

delo de Porto Alegre (av. João Pessoa) espera a contratação de mais dois profissionais para duplicar o número de pacientes atendidos pelo programa.

Mais um médico e um téc-nico de enfermagem seriam suficientes para criar uma segunda equipe da ESF, pos-sibilitando aumentar para sete mil o número de pesso-as cadastradas.

Hoje, a única equipe está sobrecarregada, segundo a coordenadora da ESF do Posto Modelo, a enfermeira Danielle Calegari.

“Trabalhamos com uma equipe ampliada para atender adequadamente a população, mas podemos aumentar mui-to mais os atendimentos”, ex-plica a enfermeira.

Hoje, a equipe é compos-ta por 18 profissionais: dois

médicos, sendo um com 20h e outro com 40h, dois enfer-meiros, três técnicos de enfer-magem, oito agentes de saúde e uma equipe de odontologia com três profissionais. São atendidos 4.200 pacientes, quando o teto seria de 3.500.

A região de atuação da equipe compreende as ave-nidas Azenha, Ipiranga e Princesa Isabel, a Vila Plane-tário e o Condomí�nio Prince-sa Isabel, que é considerada de maior vulnerabilidade dentro do território atendi-do pelo posto.

Com a criação de uma nova equipe, o número de pessoas atendidas poderia chegar a sete mil.

Na Secretaria da Saúde, as informações divergem das da equipe do posto Mo-delo. A vice-presidente do Instituto Municipal da ESF, Nina Ceolin, diz que o pedi-do para a criação da segun-da equipe já foi atendido há seis meses.

“Uma equipe necessita de um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e dois agentes comunitários, e há profissionais lá sufi-cientes para duas equipes”, garante Nina.

No site da Prefeitura, a in-formação é de que, além do médico, são necessários dois técnicos de enfermagem e de três a seis agentes.

Posto quer ampliar Saúde da Família

No final de 2012, o Posto Modelo criou uma segunda equipe de Saúde da Família. Mais de três mil pessoas foram cadastradas, mas, logo em se-guida, excluídas do Programa. Eram moradores das ruas Lau-rindo, Santana, Sebastião Leão, Olavo Bilac, Venâncio Aires e Lobo da Costa.

A enfermeira Danielle diz que que o cancelamento desgastou todos os envolvidos no proces-so. “O cadastramento é feito porta a porta, é trabalhoso para a equipe. Depois, os moradores ficaram contando com o aten-dimento. Até hoje as pessoas reclamam muito”, afirma.

O Programa de Saúde da Família é vinculado ao Minis-tério da Saúde e gerenciado pelos municípios. Esse sistema

de atendimento se diferencia dos serviços oferecidos nas unidades básicas de saúde. Os agentes comunitários visitam as casas acompanhando prin-cipalmente pacientes crônicos, acamados, gestantes e crianças de até dois anos. O atendimen-to é mais acessível, o paciente consegue marcar consulta de um dia para o outro, sem pre-cisar entrar em fila. Também há mutirões em praças e outros es-paços públicos.

A equipe do Posto Modelo organiza ainda grupos de ca-minhadas na Redenção, grupo para gestantes e uma roda de conversa focada na saúde men-tal. Uma vez por mês a equipe vai para a rua desenvolver ati-vidades em cada uma das oito microrregiões do seu território.

Equipe presta atendimento na rua Prof Freitas e Castro

Moradores foram excluídos

Atendimentos podem chegar a 7 mil com duplicação de equipe

na esquina da Ramiro Bar-celos com a Osvaldo Aranha. Ele conta que deixou a terra natal pela falta de trabalho. Saiu do Senegal com mais dois amigos que também estão em Porto Alegre. Em-bora tenha pouca esperança de voltar a viver em seu paí�s, Cheikh preferia ter ficado. “Senegal não tem muito pro-blema, nem guerra… Só que também não tem trabalho”.

Sonha em juntar dinheiro para visitar a famí�lia, e pas-sar alguns meses no paí�s. De-pois, voltar ao Brasil. Cheikh ainda não fala muito bem o português, mas se vira com a comunicação para as ven-

Imigrantes senegaleses no Bom Fim Saiu do Senegal sozinho, an-tes passou pela Espanha e por São Paulo. A maior parte da famí�lia ficou no paí�s, mas um irmão vive no Canadá e outro está na Itália.

Mamouth achava que no Brasil a coisa seria um pou-co mais fácil, mas reconhece: “em todo lugar tem crise”.

Até o mês passado, traba-lhava em uma empresa de eletrônica em Glorinha. Baye vive com outro senegalês, na avenida Farrapos. Ele diz que não tem nenhum amigo em Porto Alegre, apenas em Glorinha. Ao contrário de Cheikh, Mamouth fala por-tuguês fluentemente. “Quem fala francês tem mais facili-dade de aprender o portu-guês”, explica.

Mamouth Baye trabalha como vendedor ambulante nas ruas do Bom Fim

das. Ele fala wolof, umas das lí�nguas locais do Senegal.

Na esquina da Osvaldo com a Felipe Camarão, ou-

tro senegalês vende relógios, bijuterias e fones de ouvido. Mamouth Baye tem 26 anos e está na cidade há um ano.

Nos últimos anos, tem sido comum a migração de senegaleses para o Brasil, em busca de oportunidades de trabalho. No Estado, Ca-xias do Sul é a cidade que mais recebe imigrantes do paí�s africano, absorvidos principalmente pela indús-tria. Cheikh Fall era um des-tes, até perder o emprego e migrar para Porto Alegre. O homem de 30 anos viveu na Serra por um ano e dois meses, depois de passar pela Espanha e Equador. Em Ca-xias, trabalhava numa indús-tria alimentí�cia.

Em Porto Alegre há cerca de um mês, Cheikh traba-lha como faxineiro em um restaurante à noite e de dia como vendedor ambulante

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Tem algo aconte-cendo naquela calçada da Bento Figueiredo. Pe-quenos e criati-

vos negócios, inaugurados em sequência, estão dando vida nova à rua, de apenas um quarteirão, entre a Rami-ro e a Felipe Camarão.

Lucas Bueno, gerente do Lagom Brewery & Pub, sente a diferença através dos co-mentários dos clientes. “Tem gente dizendo que agora dá pra passar o dia inteiro na Bento Figueiredo.”

São três opções de almo-ço, sorveteria, casa de chur-ros, duas lojas, duas casas de cervejas especiais e espetá-culos burlescos à noite.

Inaugurado em 2010, o Lagom trabalha com o con-ceito de brewery, um local que vende as cervejas que fabrica. O único vizinho era o Vermelho 23. No iní�cio deste ano, chegou a loja de cervejas Bárbaros. Em maio, a Vulp Bici Café mudou-se da Miguel Tostes para um espaço maior, ao lado do Lagom. “Sentimos falta de um espaço voltado para o ciclista urbano em Porto Alegre, uma espécie de ponto de encontro”, explica Silvia Pont, sócia do Vulp.

A Vulp também serve almo-ço vegano e disponibiliza uma oficina comunitária para fazer manutenção na sua bicicleta mediante uma contribuição espontânea.

Em outubro do ano pas-sado, chegou El Churrero. O proprietário, Lucas Menegas-si, gostava de comer churros

Bento FigueiredoNegócios criativos dão nova vida à rua

em Punta Del Este e sentia falta de um local semelhan-te em Porto Alegre, onde os churros geralmente são ven-didos em carrocinhas de rua. Publicitário de formação, ele foi à Argentina e Espanha, aprimoro-se e criou sua pró-pria receita.

No número 32, inaugurou na metade de julho a Von Te-ese. “A ideia é um lugar que pareça um cabaré parisiense dos anos 1920, mas que tam-bém tenha um mix de outros lugares, como o chá das cin-co, por exemplo”, explica a sócia Carolina Disegna.

A Von Teese abre às 15h, como casa de chá. Quando a noite cai, vira um bar de coquetéis com espetáculos burlescos e diversas atra-ções, desde um mágico até noites de poker.

A casinha cheia de antigui-dades e cacarecos cenográfi-cos, com uma cadeira pen-durada na fachada, é a Gama.

Hoje, a rua de apenas uma quadra atrai frequentadores da manhã até meia-noite

“A placa não ficou pronta, acabei pendurando essa ca-deira, porque ela representa muito a loja”, explica o dono, Pierre Rosa. “Há 20 anos faço produção de objetos pra cinema e publicidade. Agora

Novas obras, velhos problemasO descaso com a população é flagrante no corredor de ônibus da avenida Osvaldo Aranha. A Prefeitura não conseguiu explicar porque teve que refazer a pavimentação do corredor, que já tinha sido trocada no início de 2014, e quando chove a água continua acumulada, obrigando os pedestres a mo-lhar os pés ou andar aos pulos.

Barbearia fecha as portas na João TellesO Salão Lí-der encerrou suas ativida-des no dia 6 de julho. A barbearia f unc i onava na João Telles desde 1988. O proprietário era o barbeiro Francisco de Paula Freitas, o Chico. Com 55 anos de ex-periência no ofício, ele agora mora e trabalha em Viamão. O local onde funcionava o salão está sendo reformado para abrigar a futura bilheteria do bar Ocidente. Ainda não há previsão de término das obras.

Pelo bairro...

tenho um cenário meu, pra brincar todo dia, pra mexer, pra comprar, pra vender.”

A loja trabalha com com-pra, venda, troca e locação. Rosa reformou a casa, cons-truí�da em 1925, para deixá--la mais parecida com o vi-sual original. A reforma toda foi feita em oito dias, em mais quatro a loja foi mon-tada e no dia 20 de junho já

estava aberta ao público.Houve um tempo em que

o Vermelho 23, à noite, era a única atração da rua, inclu-sive com apresentações de música ao vivo. Com o tempo, o bar virou restaurante e fun-ciona apenas de dia, servindo buffet de almoço. O proprie-tário do Vermelho, Jair Lus-sani, nem pensa em voltar a abrir à noite.

O Vermelho 23 trocou a noite pelo diaNo Vulp, almoço vegano e manutenção de bicicletasLucas Menegassi, El Churrero: receita própriaLucas Bueno, gerente Lagom, abre às 18 horas

Page 8: JÁ Bom Fim Agosto de 2015

Agosto de 2015b o m   f i m8

No dia 20 de agosto entra no circuito comer-cial de cinemas o documentário

que o diretor Boca Migotto fez sobre o Bom Fim.

Na véspera, dia 19, have-rá uma pré-estreia no bar Ocidente. O “Filme sobre um

Bom Fim” aborda as agita-ções dos anos da contra-cul-tura e as mudanças ocorridas no bairro até os dias atuais.

Haverá duas sessões se-guidas de festa. A primeira exibição, marcada para 20h, será apenas para convida-dos, sobretudo membros da equipe e entrevistados.

Anos 80 voltam ao OcidenteDocumentário que resgata o Bom Fim daquela época terá pré-estreia com festa

A segunda, programada para 22h, será aberta ao pú-blico. Depois, haverá festa com discotecagem de Natá-lia Guasso, produtora e pes-quisadora das músicas que compõem a trilha sonora do filme, do montador Dré-gus de Oliveira, da diretora musical Paola Oliveira, do DJ Rafa Ferreti, entre ou-tros DJs convidados que vão trazer um pouco dos anos 1980 de volta ao salão do Ocidente.

Os ingressos já estão à venda no próprio Ocidente, no Dub Stúdio, na Piperita, na Lancheria do Parque e no Azul Cobalto. Custam R$ 20,00 e dão direito à exibição das 22h e à festa posterior. As vendas no dia estão sujei-tas à lotação do espaço, com ingressos a R$ 25,00.

“Filme Sobre um Bom Fim” foi um dos competido-res deste ano do Festival “E� Tudo Verdade”, e será exibi-do no Festival de Gramado,

dentro da Mostra Gaúcha de Longas-metragens.

O documentário retrata o movimento jovem ocorrido em Porto Alegre nos anos 1980, mais especificamente no tradicional bairro Bom Fim, então epicentro de uma transformação cultural, revi-vendo os momentos áureos dessa transição que deu voz e vez a uma juventude infla-mada de conceitos e opini-ões, com muita vontade de dizer a que veio.

O músico Nei Lisboa começou no Bom Fim, como Egisto

dal Santo, do Colarinhos Caóticos,

e Wander Wildener, dos Replicantes,

além do ator Werner Schünemann, entre

muitos outros artistas

Anos 80, auge dos punks. No parque, a moçada se reunia no extinto Escaler. A entrada do Ocidente, com a barbearia ao lado, e o Bristol, uma das várias salas de cinema do bairro

Pesquisa divulgada hoje aponta que 71,56% dos usuários do Par-que Farroupilha são contra o cer-camento. Dos que se posicionaram a favor, quase metade afirma que mudaria de ideia caso houvesse mais policiamento, iluminação e vi-gilância eletrônica.

A pesquisa, realizada pela em-presa Opinião Pública, foi divulga-da no blog de Juremir Machado no site do Correio do Povo. Foram ouvi-dos 320 frequentadores do parque nos dias 28 e 29 de junho e 2 e 4 de julho, respectivamente domingo, segunda-feira, quinta-feira e sába-do. Os resultados foram apresenta-dos em amostragens estratificadas por gênero, idade, bairro, escolari-dade e frequência.

“Quem frequenta mais o parque é contra”, comenta Assis Aymone, sociólogo responsável pela pesqui-

sa. O único cenário em que vence o cercamento é quando os entrevis-tados são divididos pela assiduida-de. Entre os que frequentam a Re-denção apenas uma ou duas vezes por mês, a aprovação é de 62% e 52% respectivamente.

A pesquisa detectou que, quan-to mais perto o entrevistado está do parque, maior a contrariedade ao cercamento. Na Cidade Baixa, o í�ndice é de 81%. Já nos bairros Moinhos de Vento, Bela Vista, Rio Branco, Auxiliadora, Floresta e Hi-

gienópolis, além da Zona Norte, os favoráveis à cerca somam em torno de 45%.

Aymone é morador do Bom Fim e frequentador da Redenção há muitos anos. A pesquisa foi reali-zada espontaneamente pela em-presa, que trabalha com pesquisa, planejamento, gestão e manejo de imagem. “Fiz a pesquisa no intuito de contribuir com o debate. O que se tem são pesquisas de Facebook, mas não são cientí�ficas.”

No iní�cio deste mês, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) confir-mou que o plebiscito sobre o cerca-mento do Parque Farroupilha será simultâneo às eleições municipais de 2016. O texto da pergunta não foi definido no projeto de lei san-cionado pelo prefeito José Fortu-natti. As opções de resposta serão “sim” ou “não.”

pesquisa aponta que maioria é contra o cercamento

Quem mora perto e frequenta mais o parque dispensa cercas. Os de mais longe querem cercar.

Cenas do documentário “Filme sobre um Bom Fim”

Arqu

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Page 9: JÁ Bom Fim Agosto de 2015

Guiab o M   f I M

Encarte do Jornal Já Bom Fim de Agosto de 2015

Pólo de serviços em expansãoA s ampliações do Hospital

de Clí�nicas e do HPS já se refletem no mercado de serviços de saúde no Bom Fim e arredores. O Clí�nicas

é o hospital-escola modelo no paí�s, atende 150 mil pessoas por mês em 52 especialidades. O HPS é o melhor serviço de emergência em trauma do Estado. Eles são as âncoras de um diversificado mercado voltado para os serviços de saúde que se expande nessa região da cidade. Só no Bom Fim são 14 clí�nicas privadas, centenas de consultórios, laboratórios de análises, serviços de diagnósticos, além de 26 farmácias e drogarias.

O Clí�nicas vai ganhar dois novos anexos que vão aumentar em 70% a sua área. O bloco cirúrgico passa de 28

para 41 salas, o Centro de Tratamento Intensivo passa de 54 para 110 leitos e o setor de recuperação pós-anestésica, que hoje tem 22 leitos, passará para 90, mais 60 poltronas de recuperação. Além disso, com a ampliação do estacionamento, serão 722 novas vagas cobertas.

As obras começaram há um ano. Até agora, foram executados 17% das obras. A conclusão é prevista para daqui a dois anos, em novembro de 2017.

O Hospital de Pronto Socorro também está em obras para aumentar e qualificar sua capacidade. O HPS presta atendimento 24 horas de emergência e urgência em 17 especialidades.

Já concluiu várias etapas de um amplo projeto de reformas, que vai até 2018 e, no final, vai quase duplicar a sua capacidade.

Em seis encartes especiais o JÁ Bom Fim vai mapear o universo dos pequenos e micro-empreendedores cujos negócios movimentam os oito bairros onde circula o jornal

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A reforma do HPS está entrando em nova etapa A ampliação do Hospital de Clinicas só será concluída em 2017

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Agosto de 20152 Guiab o m   f i m

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Junto à rua Sarmento Lei-te, limite oeste do bairro, está o complexo da Santa Casa. No outro extremo, com entrada pela rua Ra-

miro Barcelos, está o Hospital de Clí�nicas.

Entre esses dois gigantes, há outros cinco hospitais no entor-no do Bom Fim (veja o mapa).

A Santa Casa é o mais antigo hospital do Estado. Sua cons-trução iniciou em 1803 e foi concluí�da 26 anos depois.

Hoje, a Santa Casa é um com-plexo que reúne, numa mesma área, sete hospitais: Santa Cla-ra, São José, Pereira Filho, São Francisco, Santa Rita, Santo Antônio e Dom Vicente Scherer, com um total de 1.042 leitos, 60% deles destinados a atendi-mentos pelo SUS.

São 2.200 médicos, 6.300 funcionários, uma pequena ci-dade encravada entre o centro e o Bom Fim.

Os números do Clí�nicas são semelhantes: mais de dois mil médicos, seis mil funcionários. Sua cota de atendimentos pelo SUS é ainda maior: 90% .

Somando o movimento diá-rio na Santa Casa e no Hospital de Clí�nicas, entre funcionários, médicos, estudantes, visitan-tes, familiares... tem-se 30 mil pessoas que, de um modo ou de outro, se utilizam dos serviços do bairro.

Em dois extremos do Bom Fim estão os dois maiores hospitais do Estado

ClínicasLeitos ................................ 843Funcionários .................... 6.100Médicos ............. Não informadoEnfermeiros ........ Não informadoConsultas/ano ............. 590.306Internações/ano ............. 30.056Cirurgias/ano ................ 40.934Partos/ano...................... 3.567

Informações adicionaisO Hospital de Clínicas de Porto Ale-gre dedica 90% de sua estrutura de internação para atendimento de pacientes do SUS. Os restan-tes 10% são disponibilizados para atendimentos de pacientes que

tenham planos de saúde – entre diversos planos atendidos, os prin-cipais são IPERGS e UNIMED.

FêminaLeitos ................................ 187Funcionários (total) .............. 874Médicos ............................. 143Enfermeiros .......................... 71Consultas .................... 174.051Internações ................... 12.302Cirurgias ......................... 7.480Partos ............................ 4.122

Informações adicionais100% SUS. É um hospital especia-lizado no atendimento a mulheres

no ciclo gravídico-puerperal (gesta-ção, parto e pós-parto), bem como doenças ginecológicas e oncológi-cas. Possui atendimento ambulato-rial, emergência 24h, UTIs adulto e neonatal. Destacam-se os serviços de apoio a mulheres vítimas de violência, gestações e acompanha-mento de mães e bebês expostos ao vírus HIV, a unidade de repro-dução humana e o banco de leite humano.

Beneficência PortuguesaLeitos .............. 187 (116 SUS)Funcionários (total) ...... Não infor.Médicos ............................. 202

Enfermeiros .......................... 53Técnicos de enfermagem ......... 240 Atendimentos ambulatoriais ................. 64.228

(SUS 59.066+IPE e conv. 5.162)

Partos .......... Não realiza partosInternações/ano ............... 6.013

(SUS 4.921+IPE e conv. 1.092)

Cirurgias/ano .................. 4.442(SUS 3.724+IPE e conv. 718)

Informações adicionaisAtende SUS, Ipê e Convênios IPE Saúde, Social Saúde, Estel Indús-trias, GKN Indústrias, Dana Indús-trias, Gama Saúde, Unimed Unimax e co-irmãs. Pronto Atendimento 24

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Page 11: JÁ Bom Fim Agosto de 2015

Agosto de 2015 3Guiab o m   f i m

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Pacientes/dia ................ 10.342Atend. emergência ........... 78.876Nº de exames/radiologia 219.084Cirurgias de grande porte .................... 3.688

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HPSLeitos ................................ 117Funcionários .................... 1.260Médicos ............. Não informadoEnfermeiros ........ Não informadoConsultas/ano ........................ *Internações/ano ............... 4.993Cirurgias/ano .................. 3.624

* Não realiza consultas, atende somente emergências e urgências

Santa CasaLeitos ............................. 1.164Funcionários .................... 6.614Médicos .......................... 2.194Enfermeiros ........................ 517

Consultas/ano ............. 770.412Internações/ano ............. 50.501Cirurgias/ano ................ 56.566Procedimentos obstétricos/ano ............... 4.21160% SUS, 40% convênios e particulares

Presidente VargasLeitos ................................ 116Funcionários ....................... 830Médicos ............................. 240Enfermeiros .......................... 82Consultas/ano ............. 100.678Internações/ano ............... 6.467Cirurgias/ano .................. 1.800Partos/ano...................... 1.730

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Page 12: JÁ Bom Fim Agosto de 2015

Agosto de 2015Agosto de 20154 Guiab o m   f i m

medicina & saúde

pacientes buscam atendimento na capital

Medicamentos manipulados são feitos de acordo com a necessidade de cada paciente

Porto Alegre recebe mora-dores de diversas cidades do interior, que buscam o sistema de saúde da capital para se tra-tar. É o caso de Luis Henrique Massotti, natural do município de Imigrante, no vale do Taqua-ri, a 130 km de Porto Alegre. O garoto de 16 anos tem fibrose cística. “Só tem tratamento no Clínicas, então tenho que vir pra cá uma vez por mês para con-sultar. Venho desde os meus dez anos.” O pai, Luis Carlos, é quem o acompanha. O município de 3 mil habitantes possui apenas um posto de saúde com gineco-logista, pediatra e clínico geral.

Assim como Luis Henrique, milhares de pacientes que vivem em cidades pequenas e com pouca estrutura de saúde vêm a Porto Alegre para consultas, tra-tamentos e cirurgias. Deoclides da Silva Germano é motorista da Prefeitura de Itati. Ele conta

que vem à capital quase todos os dias, sempre com os quinze assentos da van ocupados. “Às vezes vêm duas vans mais um carro pequeno. Todos os dias nós trazemos de 20 a 30 pesso-as para serem atendidas aqui.”

Itati tem 3 mil habitantes e fica a 160 km da capital. Há somente um posto de saúde no município e o hospital mais pró-ximo é o Santa Luzia, em Capão da Canoa. “Mas é um quebra- galho, né? A maioria vem pra

Porto Alegre mesmo”, explica Deoclides.

A praça Major Joaquim de Queiroz, próxima ao Hospital de Clínicas, é um dos pontos de pa-rada dos motoristas. A qualquer horário do dia é fácil contar 20 ou

mais veiculos na Jerônimo de Or-nelas e na Jacinto Osório, ruas que limitam a praça. São automóveis, vans e micro-ônibus identificados com brasões de municípios gaú-chos. A facilidade para estacionar e a praça, com bancos e sombra de árvores, atraem os motoristas.

A rotina dos motoristas é in-tensa. Deoclides diz ter saído de casa às 3h30 da madruga-da, para pegar os pacientes e chegar com segurança para a primeira consulta, marcada para as 7h. O condutor distribui os pacientes nos respectivos hos-pitais e os busca depois. Segun-do ele, os mais procurados são a Santa Casa e o Hospital de Clínicas. “Tem que chegar aqui bem cedo pra não atrasar as consultas. Esses dias eu cheguei em casa às 21h, já teve vez de chegar 22h30… E no outro dia, levantamos cedo pra começar tudo de novo.”

Motoristas do interior fazem a rota dos hospitais diariamenteLuis Henrique (d) só encontra tratamento no Clínicas

Porto Alegre tem 187 farmácias de ma-nipulação, confor-me a Coordenado-

ria de Vigilância em Saúde. Só no Bom Fim, são onze estabelecimentos.

Elas têm um público fiel e esclarecido e se consolidam, com o avanço da medicina e a precisão dos diagnósticos. “O medicamento manipulado é personalizado, de acordo com a necessidade de cada paciente, com a dosagem cor-reta”, diz Fernando Spengler, proprietário das Farmácias Spengler, uma das maiores da Capital, com uma produ-ção de três mil fórmulas por mês, gerando 20 empregos nas unidades Bom Fim e Me-nino Deus.

Outro fator que leva à busca pelos manipulados é a preocupação com certas substâncias, às quais muitas pessoas são intolerantes.

A farmacêutica Carine

Farmácias demanipulação têm clientela fiel

Scheeren, da Officinalis, ex-plica que a maioria dos me-dicamentos industrializados contêm lactose, enquanto um manipulado pode usar subs-titutos. E� só um exemplo.

A Officinalis é referência em controle de qualidade. A matéria-prima passa por análise do fabricante, do distribuidor e da farmácia, além do controle da fórmula depois de pronta. “Não fa-zemos mais do que o nosso dever. qualidade é obriga-ção pra quem trabalha com saúde.”

A manipulação permite ainda a combinação de mais de um medicamento em uma mesma fórmula. “No caso de pacientes idosos, que tomam

mais de uma medicação, fa-cilita a ingestão e diminui o risco de esquecimento”, afir-ma Spengler.

A grande concorrência e a alta dos custos são as prin-cipais dificuldades, segundo Liege Borba, gerente da Ma-nipular desde 2003.

Além das despesas gerais de qualquer empresa, como aluguel, os preços das maté-rias-primas são cotados pelo dólar, o que tem aumentado o custo de produção.

“Nós buscamos estratégias para aumentar as vendas, e principalmente fidelizar os clientes. E� um mercado disputado, mas quem está estabelecido está tocando o barco.” O processo de produção é quase todo manual

Fotos: Matheus Chaparini