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2 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005 DUAS PALAVRAS Propriedade, Redacção e Administração Federação Nacional dos Professores Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 LISBOA Tels.: 213819190 - Fax: 213819198 E-mail: [email protected] Home page: http://www.fenprof.pt Director: Paulo Sucena Chefe de Redacção: Luís Lobo [email protected] Conselho de Redacção: António Avelãs e Manuel Grilo (SPGL), António Baldaia (SPN), Fernando Vicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo (SPRC), Manuel Nobre (SPZS) Coordenação: José Paulo Oliveira [email protected] Paginação e Grafismo: Tiago Madeira Composição: Idalina Martins e Lina Reis Revisão: Inês Carvalho Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A. Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto 2135-114 Samora Correia Tiragem média: 70 000 ex. Depósito Legal: 3062/88 ICS 109940 O “JF” está aberto à colaboração dos professores, mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva- se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicar quaisquer artigos, em função do espaço disponível. Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. SINDICATO DOS PROFESSORES DA GRANDE LISBOA R. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 Lisboa Tel.: 213819100 - Fax: 213819199 E-mail: [email protected] Home page: www.spgl.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DO NORTE Edif. Cristal Park R. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 Porto Tel.: 226070500 - Fax: 226070595 E-mail: [email protected] Home page: www.spn.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO CENTRO R. Lourenço Almeida de Azevedo, 20 3000-250 Coimbra Tel.: 239851660 - Fax: 239851666 E-mail: [email protected] Home page: www.sprc.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA ZONA SUL Av. Condes de Vil’Alva, 257 7000-868 Évora Tel.: 266758270 - Fax: 266758274 E-mail: [email protected] SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO AÇORES Av. D. João III, Bloco A, Nº 10 9500-310 Ponta Delgada Tel.: 296205960 - Fax: 296629698 Home page: www.spra.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Edifício Elias Garcia, R. Elias Garcia, Bloco V-1º A - 9054-525 Funchal Tel.: 291206360 - Fax: 291206369 E-mail: [email protected] Home page: www.spm-ram.org SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTRANGEIRO Sede Social: Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 Lisboa Tel.: 213833737 - Fax: 213865096 E-mail: [email protected] Home page: www.spefenprof.org Sindicatos membros da FENPROF Luís Lobo Futuro mais traumático do que impulsionador da estabilidade profissional [email protected] S erá fácil compreender que um trabalhador de elevada qualificação, com mais de metade da carreira profissional cumprida, muitas vezes já no topo, seja obrigado, em nome do interesse público, a viver pessoal e profissionalmente longe da família? Admite-se que a incerteza da manu- tenção de um contrato ou da obtenção de uma colocação faça parte do dia-a-dia de muitos que já não são propriamente jovens professores? Será admissível que professores com maior graduação e experiência profissional sejam ultrapassados por professores com menor graduação? É aceitável que haja dezenas de milhar de crianças e jovens com necessidades educativas especiais sem apoio, um milhão de portugueses sem saber ler nem escrever, uma elevadíssima taxa de abandono e insucesso es- colar, um conjunto de actividades que as escolas não realizam por assumida falta de recursos humanos, e, apesar de tudo isto, cerca de 40 000 docentes desempregados? Compreende-se que milhares de lugares nas escolas não sejam de quadro, mas sim sujeitos a contrato todos os anos? É aceitável que a resposta estratégica do governo para os elevados Índices de analfabetismo seja o encer- ramento de milhares de escolas do 1.º ciclo? O final de um período exaustivo, mas precipitado, de reuniões traduz-se pela sensaborona realidade de um texto que o que acrescenta, ao futuro dos concur- sos e colocações, é mais traumático do que impul- sionador da estabilidade profissional dos docentes portugueses. Valha algumas importantes correcções que a pressão exercida pela FENPROF obrigou — o fim das reconduções, a manutenção dos destacamentos para aproximação à residência e critérios e mecanismos mais claros e transparentes nos destacamentos por condições específicas. A abertura de lugares de quadro e a fixação de professores Se é verdade que a fixação de professores em escolas é desejável, em nome da garantia de continuidade pedagógica e da descomplexificação dos processos de concurso, também é verdade que o principal motivo por que os professores tentam, através de destacamentos por concurso, aproxi- mar-se dos locais de residência familiar, é a insuficiente abertura de vagas de quadro nas escolas, a qual deveria ser feita até aos limites das suas reais necessidades. É por isso que se defende uma nova organização dos lu- gares de quadro de es- cola, em função da actividade pedagógica e lectiva dos professo- res e das necessidades educativas dos alunos. Hoje o sistema de- pende da mendicidade das escolas junto da administração edu- cativa e não de uma efectiva autonomia dos estabelecimentos de ensino. A colocação plurianual imposta pelo governo constitui um factor de discriminação negativa em que metade dos professores estará condenada a penar com duas residências, com famílias separadas pelo próprio Estado, ou com recurso a cansativas, arriscadas, dispendiosas e distantes deslocações que não ajudam a uma adequada e serena prática docente. Milhares de professores portugueses continuarão a pagar para trabalhar e o país tem de perceber que a esses o Estado deve obrigações e deveria apoiar com incentivos ao exercício profissional em zonas isoladas e desfavorecidas, como, aliás, a lei já prevê, com regulamentação específica. Mais uma imposição de um regime que alguns defenderão não porque o conheçam, mas apenas porque será mais um ataque a milhares de trabalhadores que são Professores. Uma coisa é certa: Lurdes Rodrigues optou por perder esta oportunidade que seria determi- nante para a batalha pela qualificação e para a qual a FENPROF estava disponível para dar o seu sério contributo. Milhares de professores portugueses continuarão a pagar para trabalhar e o país tem de perceber que a esses o Estado deve obrigações e deveria apoiar com incentivos ao exercício profissional em zonas isoladas e desfavorecidas

Janeiro de 2006

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Jornal da FENPROF - Janeiro de 2006

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2 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

DUAS PALAVRAS

Propriedade, Redacção e AdministraçãoFederação Nacional dos ProfessoresRua Fialho de Almeida, 31070-128 LISBOATels.: 213819190 - Fax: 213819198E-mail: [email protected] page: http://www.fenprof.pt

Director: Paulo Sucena

Chefe de Redacção: Luís [email protected]

Conselho de Redacção: António Avelãs e ManuelGrilo (SPGL), António Baldaia (SPN), FernandoVicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo(SPRC), Manuel Nobre (SPZS)

Coordenação: José Paulo [email protected]

Paginação e Grafismo: Tiago Madeira

Composição: Idalina Martins e Lina Reis

Revisão: Inês Carvalho

Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A.Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto2135-114 Samora CorreiaTiragem média: 70 000 ex.Depósito Legal: 3062/88ICS 109940

O “JF” está aberto à colaboração dos professores,mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva-se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicarquaisquer artigos, em função do espaço disponível.Os artigos assinados são da exclusivaresponsabilidade dos seus autores.

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Sindicatos membrosda FENPROF

Luís Lobo

Futuro mais traumáticodo que impulsionadorda estabilidade profissional

[email protected]

Será fácil compreender que um trabalhador deelevada qualificação, com mais de metade dacarreira profissional cumprida, muitas vezes jáno topo, seja obrigado, em nome do interessepúblico, a viver pessoal e profissionalmente

longe da família? Admite-se que a incerteza da manu-tenção de um contrato ou da obtenção de umacolocação faça parte do dia-a-dia de muitos que jánão são propriamente jovens professores? Seráadmissível que professorescom maior graduação eexperiência profissionalsejam ultrapassados porprofessores com menorgraduação?

É aceitável que hajadezenas de milhar decrianças e jovens comnecessidades educativasespeciais sem apoio, ummilhão de portugueses semsaber ler nem escrever, umaelevadíssima taxa deabandono e insucesso es-colar, um conjunto deactividades que as escolasnão realizam por assumidafalta de recursos humanos, e, apesar de tudo isto, cercade 40 000 docentes desempregados? Compreende-seque milhares de lugares nas escolas não sejam dequadro, mas sim sujeitos a contrato todos os anos? Éaceitável que a resposta estratégica do governo paraos elevados Índices de analfabetismo seja o encer-ramento de milhares de escolas do 1.º ciclo?

O final de um período exaustivo, mas precipitado,de reuniões traduz-se pela sensaborona realidade deum texto que o que acrescenta, ao futuro dos concur-sos e colocações, é mais traumático do que impul-sionador da estabilidade profissional dos docentesportugueses. Valha algumas importantes correcções quea pressão exercida pela FENPROF obrigou — o fim dasreconduções, a manutenção dos destacamentos paraaproximação à residência e critérios e mecanismos maisclaros e transparentes nos destacamentos por condiçõesespecíficas.

A abertura de lugares de quadroe a fixação de professores

Se é verdade que a fixação de professores em

escolas é desejável, em nome da garantia decontinuidade pedagógica e da descomplexificaçãodos processos de concurso, também é verdade queo principal motivo por que os professores tentam,através de destacamentos por concurso, aproxi-mar-se dos locais de residência familiar, é ainsuficiente abertura de vagas de quadro nasescolas, a qual deveria ser feita até aos limitesdas suas reais necessidades.

É por isso que sedefende uma novaorganização dos lu-gares de quadro de es-cola, em função daactividade pedagógicae lectiva dos professo-res e das necessidadeseducativas dos alunos.Hoje o sistema de-pende da mendicidadedas escolas junto daadministração edu-cativa e não de umaefectiva autonomiados estabelecimentosde ensino. A colocaçãoplurianual imposta

pelo governo constitui um factor de discriminaçãonegativa em que metade dos professores estarácondenada a penar com duas residências, comfamílias separadas pelo próprio Estado, ou comrecurso a cansativas, arriscadas, dispendiosase distantes deslocações que não ajudam a umaadequada e serena prática docente. Milharesde professores portugueses continuarão apagar para trabalhar e o país tem de perceberque a esses o Estado deve obrigações e deveriaapoiar com incentivos ao exercício profissionalem zonas isoladas e desfavorecidas, como,aliás, a lei já prevê, com regulamentaçãoespecífica.

Mais uma imposição de um regime quealguns defenderão não porque o conheçam, masapenas porque será mais um ataque a milharesde trabalhadores que são Professores.

Uma coisa é certa: Lurdes Rodrigues optoupor perder esta oportunidade que seria determi-nante para a batalha pela qualificação e para aqual a FENPROF estava disponível para dar o seusério contributo.

Milhares de professoresportugueses continuarãoa pagar para trabalhar

e o país tem de perceberque a esses o Estado deveobrigações e deveria apoiar

com incentivos aoexercício profissional

em zonas isoladase desfavorecidas

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JORNAL DA FENPROF 3JANEIRO 2005

Revisão do ECD:Acção dos professoresserá determinante!O ME quer rever o Estatuto deCarreira dos Educadores deInfância e dos Professores dosEnsino Básico e Secundário.A avançar essa revisão, éevidente que a FENPROF nãodeixará o “oiro ao(s) bandido(s)”e irá envolver-se na negociação,se houver, e na luta que haveráde certeza.

12SUMÁRIO

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAA dignidade dos trabalhadores no coração da luta17

ACTUALIDADESuspensão e substituição dos Despachos 16795/2005 e17387/2005: cada vez mais um imperativo em nome daqualidade do ensino4FENPROF avalia negativamente revisão da legislaçãode concursos

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12ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAAumento de preços e desvalorização de salários14

REVISÃO DO ECD:Envolvimento dos professores será determinante!Mário Nogueira

6 RECRUTAMENTO E SELECÇÃO DE PESSOAL DOCENTE

10Balanço do processo negocial sobre concursosRECRUTAMENTO E SELECÇÃO DE PESSOAL DOCENTE

Parecer relativo ao projecto de decreto sobre gruposde recrutamento

RECRUTAMENTO E SELECÇÃO DE PESSOAL DOCENTE

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4 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

ACTUALIDADE

Cada vez mais um imperativo em nomeda qualidade do ensino

E

Tendo em conta que nas escolascontinuam por resolver as principaiscausas das graves perturbações gera-das pela aplicação dos despachos nº16795/2005 e nº 17387/2005, agoraagravados pela publicação do despachonº 50/2005 (planos de acompanhamentoapoio e recuperação) a FENPROF:

1. Reafirma a necessidade de serem

suspensos aqueles dois despachos

e aprovados, de forma negociada, outrosque corrijam as irregularidades eilegalidades criadas;

2. Nos termos do disposto nospontos 2 e 5, da Lei 23/98, de 26 de Maio(lei que regula a negociação colectivana Administração Pública), apresentará

FENPROF admite Greve Nacional às actividades não lectivas

m conferência de imprensa no Porto, oSecretariado Nacional da FENPROFvoltou a reafirmar a necessidade desuspensão dos despachos 1679517387, publicados em Agosto de 2005,

sem negociação, e que vieram trazer para ointerior das escolas “graves perturbações deorganização e funcionamento. Além de que,em diversos aspectos, contrariam disposiçõeslegais contidas no Estatuto de Carreira dosEducadores de Infância e dos Professores dosEnsinos Básico e Secundário (ECD), bem comoem outra legislação.”

A FENPROF, em comunicado distribuídoaos órgãos de comunicação social, retomoua sua proposta de correcção das irregulari-dades, para dessa forma adequar osdespachos ao quadro legal vigente.

Lembra-se que ainda durante o primeiroperíodo a Federação apresentou propostasconcretas que contemplariam as diversascomponentes da actividade docente nasescolas, consagradas no Estatuto da CarreiraDocente, disponibilizando-se para a celebraçãode um acordo que constituísse um espaço deconsenso sobre esta matéria. “Contudo, oMinistério da Educação não concordou com osentido positivo das propostas apresentadas”,refere, também o comunicado do SN.

Suspensão e substituição dos Despachos 16795/2005 e 17387/2005

“A par das propostas que visavam alterarconteúdos específicos daqueles despachos, aFENPROF apresentou ainda outras com quepretendia corrigir procedimentos diversos, porvezes dispersos e não uniformes na aplicação,que surgiram em várias escolas do país, quasesempre por falta de clarificação superiorquanto aos procedimentos a adoptar.”

O Secretariado Nacional considera aindaque, a culminar as opções desastrosas do MEem relação aos horários dos Professores, aInformação nº 183/JM/SEE/2005, que mereceudespacho favorável do Secretário de Estadoda Educação em 13/12/2005, e outrasinformações internas do ME não só nãocorrigiram as ilegalidades e irregularidades,como, em alguns casos, “agravaram mesmoos problemas vividos em diversas escolas”.

A FENPROF critica o ME por ter optado pelapublicação de novos normativos, quando deveriater clarificado os conceitos de “componentelectiva” e “componente não lectiva”. Como nãoo fez, caminhou na ilegalidade.

Para a Federação o mais grave é que, nãohavendo qualquer avaliação da aplicação dosdespachos, não há o reconhecimento de “queas actividades de substituição não estão atrazer quaisquer vantagens do ponto de vistapedagógico e estão, mesmo, a criar novas e

preocupantes situações de indisciplina porparte dos alunos e de stress profissionalacrescido nos docentes.”

Denunciando a dimensão do acordocelebrado pelo ME com outros sindicatos,a FENPROF alerta que “não se garante queos educadores de infância e professores doEnsino Básico deixam de desenvolveractividades no âmbito da animação e daocupação de tempos livres nos prolonga-mentos de horário.” A letra e a práticamostram ainda que se “mantêm as ilegali-dades que têm marcado o serviço desubstituições de docentes em falta que,aliás, se pretende aplicar agora ao EnsinoSecundário”. As actividades de apoiopedagógico continuam a desenvolver-se,ilegalmente na componente não lectiva.Confunde-se e amplia-se a injustiça doprocesso de justificação de faltas a umtempo de um bloco de 90 minutos.

No comunicado pode ler-se, também, apreocupação com a demagogia da “propa-lada contratação de “animadores” pelasescolas/agrupamentos, para garantiractividades no âmbito dos prolongamentosde horário”, quando ”as escolas/agrupa-mentos estão a ver recusados os pedidosapresentados para esse fim”.

um conjunto de propostas que visaatingir o objectivo antes referido;

3. Decide desde já recorrer aos

tribunais para exigir o respeito peloestatuído no ECD sobre o pagamento dasactividades de substituição como serviçodocente extraordinário, princípio que o MEinsiste em violar;

4. Se o Ministério da Educação man-tiver uma posição contrária à negociaçãoe, dessa forma, impedir a substituiçãodestes despachos por outros que res-peitem a lei e, também, as necessidadesefectivas das escolas, em nome dosdireitos de professores e alunos, aFENPROF anuncia desde já a decisão depropor aos professores e educadores de

infância a realização de uma greve

nacional às actividades não lectivas

marcadas nos horários dos docentes,

particularmente às actividades de

substituição e ao prolongamento dos

horários do 1º ciclo entre os dias 20 e

24 de Fevereiro.

No final deste período de luta, aFENPROF fará a entrega ao Ministérioda Educação de um abaixo-assinado

exigindo respeito pelo exercício daprofissão docente que recolheu já 40.000assinaturas.

Do comunicado divulgado pelo SN

na Conferência de Imprensa realizada

no Porto em 17 de Janeiro

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JORNAL DA FENPROF 5JANEIRO 2005

Paulo Sucena (Secretário Geral da FENPROF)EDITORIAL

De boas intenções…

N

JORNAL DA FENPROF 5JANEIRO 2005

um país como Portugal, dramatica-mente atingido por profundas desi-gualdades de natureza económica, so-cial e cultural entre os seus habi-tantes, surgem naturalmente graves

problemas de exclusão social e de margi-nalidade que impedem a aproximação a umasituação de coesão social, ambicionada porsucessivos governos mas só na inconsistente retóricado discurso. Como de todos é sabido, a par dademagogia impulsionada pelo carrocel dos 1ºsMinistros estende-se o discurso idealizado e con-ceptual e pragmaticamente desajustado dosMinistros da Educação que acompanharam cada umdos chefes do governo em que se promete ao país,sem que se tomem quaisquer medidas eficientes eeficazes nesse sentido, a democratização do sistemaeducativo e a construção de uma escola inclusiva degrande qualidade.

Todavia, quase trinta e dois anos passadossobre o 25 de Abril, a escola continua a nãoresponder a esse objectivo fundamental que éo de propiciar o desenvolvimento de saberes ecompetências indispensáveis a uma boaintegração profissional numa sociedade quevem desvalorizando os certificados escolares.

Com apreensão se constata que a escolaestá longe de ter criado as condições indis-pensáveis para que os alunos oriundos de meiosdesfavorecidos possam aceder com êxito aefectivas aprendizagens que lhes assegurem acontinuação dos estudos até à obtenção dequalificações que lhes permitam uma sólidaintegração social. Por outro lado, a escola temsido muitas vezes incapaz de mobilizar os seusalunos para a importância dos hábitos detrabalho, para a aposta no esforço persistenteque o processo de ensino-aprendizagem exigea cada um deles, para a necessidade daassunção de regras de disciplina e de valoresque contribuíssem para tornar a escola umespaço de afectividade e de solidariedade.Acresce que os projectos educativos, por faltade adequados apoios – nenhum Governopromoveu verdadeiramente a periferia pela

simples razão de que nunca abandonam asrédeas da centralização – não têm sidoinstrumentos capazes de incrementar umaestimulante cultura de escola e uma motivadoracultura profissional.

Num contexto precário que exigia profundaanálise dos governantes e o desenvolvimentode processos de diálogo multilateral entre osprincipais actores da comunidade educativa, oMinistério da Educação decidiu, de formaprecipitada e absurdamente desfasada da(s)realidade(s), publicar dois despachos, o nº16795/05 e o nº 17387/05, que têm funda-mentalmente contribuído para a degradação doclima humano e profissional de muitas escolas,para a frustração profissional dos docentes, parao desgaste físico e psicológico de um elevadonúmero de professores, para alguma pertur-bação e até desnorte no funcionamento dasestruturas organizacionais de muitas escolas,para a burocratização do papel do professor emdetrimento da sua dimensão pedagógica, parao aumento da indisciplina na sala de aulaquando se trata de aulas de substituição.

Perante esta realidade que a FENPROFconsidera preocupantemente negativa, exige-se que o Ministério da Educação faça umarigorosa avaliação de todo este processo emostre ao país se o resultado das suas medidasfoi no sentido da melhoria das aprendizagensdos alunos ou se, pelo contrário, ele evidenciaalgum agravamento do insucesso escolar.

Com este alerta por pano de fundo, aFENPROF vai incentivar o diálogo com osprofessores e desenvolver formas de lutaexplicitadas neste jornal se o Ministério daEducação não mostrar abertura para negociarum conjunto de propostas relativas à suspensãoe substituição dos dois despachos.

Esta é uma luta que só honra quem nelaparticipar porque está em causa a profissio-nalidade docente, o sonho da construção de umsistema educativo verdadeiramente demo-crático e de uma escola inclusiva da mais altaqualidade.

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6 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

RECRUTAMENTO E SELECÇÃO DE PESSOAL DOCENTE

Em causa está a inflexibilidade jádeclarada do M.E. relativamente a algunsaspectos, dos quais a FENPROF releva:

• A plurianualidade do concurso. Paraalém de impedir a candidatura anual dosprofessores com vista a obterem umacolocação mais próxima da sua área deresidência, esta medida impedirá o ingressonos quadros e na carreira de docentescontratados, por períodos de 4 anos, comoadiará a abertura dos lugares de quadro quesão necessários às escolas;

• A eliminação de critérios quedeterminavam a abertura de lugares dequadro. Sendo a adequação dos lugares dequadro das escolas às suas reais necessi-dades um dos factores decisivos para apromoção de estabilidade do seu corpodocente, a eliminação de alguns doscritérios inscritos na actual legislação as-sume contornos particularmente graves;

• Um mecanismo de renovação decontratos, que poderá remeter para odesemprego, definitivamente, docentescontratados que, por factores alheios à sua

FENPROF avalia negativamente revisãoda legislação de concursosAinda antes da última reunião do ciclo dedicado à discussão sobre as alterações a introduzir noactual regime de concursos, o Secretariado Nacional da FENPROF considerava “não haver condiçõespara que seja firmado qualquer acordo sobre esta matéria com o ME”. O desfecho dos encontrosde trabalho no Ministério da 5 de Outubro vieram confirmar essa conclusão.

vontade, não a obtenham, ainda que sejammais graduados profissionalmente do queos seus colegas. Pretende, também, o MEque a renovação do contrato dependa deopinião favorável da escola, o que tornariaainda mais grave esta figura de “renovaçãode contrato”;

• A ausência de qualquer mecanismode vinculação dos professores, apesar dese prever a sua necessidade durante anosconsecutivos. A manutenção de umapolítica de contratação de docentes que nãoprevê a sua integração nos quadros écontrária à tão propalada estabilidade queo ME diz pretender;

• A insistência no mecanismo de“recondução” que rapidamente levará àsubversão da graduação profissional dosdocentes que se candidatam à afectação/destacamento para aproximação, comconsequências negativas na sua colocação.Além de que prefigura uma clara violaçãoda legislação que consagra os Quadros deEscola como devendo satisfazer as suasnecessidades permanentes;

• A falta de clareza em diversos

mecanismos dos designados “destaca-mentos por condições específicas”. AFENPROF considera indispensável que todosos candidatos ao destacamento se subme-tam, previamente, a Junta Médica (o quenão é previsto pelo ME) e discorda daobrigatoriedade destes destacamentosserem plurianuais. Há situações quejustificam uma resolução definitiva,enquanto outras deverão merecer umaconsideração anual;

• As restrições que o ME pretende impor,na candidatura a “destacamento paraaproximação à residência”, aos docentescolocados em concelhos das áreas metro-politanas de Lisboa e Porto são extre-mamente lesivas dos seus interesses egeradoras de situações de desigualdade,relativamente aos colegas do restante país.

• As regras que o ME pretende imporna criação de vagas de quadro para aEducação Especial, designadamente no querespeita ao conceito de necessidadeeducativa especial (considerando apenas as“de carácter prolongado”), bem como acolocação dos docentes não em quadros de

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JORNAL DA FENPROF 7JANEIRO 2005 JORNAL DA FENPROF 7

e/ou com experiência profissional nestesubsector do sistema educativo.

Esquece-se a ministra de referir que,sendo a maior parte dos professores, nestasituação, do 1.º ciclo, muitos deles commuitos anos de serviço, não é líquido queos mesmos tenderão a mudar a suasituação profissional para a incerteza, emmuitos casos, de uma desgastante colo-cação. Esta na prática, poderá vir a obrigara deslocações permanentes não remu-neradas dentro de um agrupamento, o qualpode ter a área de um concelho.

A ministra sabe, no entanto, que onúmero de vagas previstas para osquadros do ensino especial é de cerca de3000. Se todas forem preenchidas, nãopode adicionar as novas vagas às que osprofessores, que as vão ocupar, deixam.Porque essas são as mesmas 3000 vagas.

Maria de Lurdes Rodrigues sabe, noentanto, que o número de vagas reduzirápor força do encerramento de escolas eda suspensão de lugares. Sabe tambémque o número de horários zero, com oscritérios existentes para a determinação deum lugar docente, tenderá a aumentar. A

A curiosidade do títulodado às declarações da Ministra

está no facto de “a ilustre investigadora”ou estar equivocada ou pretenderpassar para a opinião pública a ideiade que as alterações ao diploma de con-cursos trarão mais estabilidade e maisemprego aos professores portugueses.

Não menos grave será, no entanto,alguns órgãos de comunicação socialbranquearem a falácia, apresentando--a quase como o facto educativo demaior relevância dos últimos anos.

Como sabemos que estas coisasnão acontecem por acaso, explicitemosa engenharia dos números de LurdesRodrigues.

A Ministra da Educação relevoucomo um dos resultados mais impor-tantes das alterações ao diploma deconcursos a criação de 6000 novasvagas. Vagas essas que resultariam datransferência de professores do quadrode escola do ensino regular para osrecém-criados quadros da educação eensino especial, os quais estarão desti-nados aos professores especializados

Bloco

de

NotasA falácia“Novo regime vai criar seis mil vagas”(?!)

ministra tem de reconhecer que oGoverno tem a intenção de não colocara concurso novas vagas de quadro deescolas recém-criadas. Por isso, comtudo a diminuir, para descansar a opiniãopública, mente. E mente, infelizmente,com os dentes de alguns jornalistas —chefes de redacção e directores dejornais. | Luís Lobo

escola ou zona pedagógica, mas, na verdade,de agrupamento.

A FENPROF considera que a manutençãodos destacamentos para aproximação àresidência familiar, o respeito pela gradu-ação profissional na vulgarmente designada“2ª parte” do concurso, bem como oabandono de mecanismos que provocariama perversão da graduação profissional noacesso a lugares de quadro são recuosimportantes do ME face às exigências dosprofessores assumidas pela FENPROF, querno plano institucional, quer no da acção eluta reivindicativas.

Pelas razões aduzidas, a FENPROF não

se disponibiliza para a assinatura dequalquer acordo com o ME sobre estamatéria e considera que este fez poucono sentido de obter o consenso indis-pensável não só ao acordo, como, princi-palmente, à aprovação de um regime deconcurso que proporcionasse a efectiva edesejável estabilidade dos professores eeducadores e, consequentemente, dasescolas. A FENPROF considera que no fi-nal deste ciclo de reuniões deverá serelaborada uma acta de encerramento emque constem as posições das duas partes,permitindo-se assim que a FENPROFregiste as razões do seu desacordo com

este novo regime de concursos.A confirmar-se, na próxima reunião

negocial, a irredutibilidade do ME emrelação aos aspectos antes referidos, aFENPROF promoverá um conjunto deacções com vista não só a informar osprofessores e educadores das novasregras que vierem a ser aprovadas, como,principalmente, a mobilizá-los nosentido de contribuírem para a alteraçãodas normas mais negativas do novoquadro legal e para a criação decondições de verdadeira estabilidade quereverta em mais-valias pedagógicas paraas escolas.

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1. O ciclo de reuniões

Esta designação é intencional e decorredo facto de, nos termos da Lei 23/98, de 26de Maio, ser objectivo da negociaçãocolectiva a procura de consensos que levema um Acordo. Neste processo, só a FENPROFteve esse comportamento verdadeiramentenegocial. É verdade que se deram passospositivos e que o ME, perante a pressão dosprofessores e educadores e as propostasapresentadas pela FENPROF, teve de cederem aspectos que são importantes e corres-pondem a exigências apresentadas. Étambém verdade que o ME pretendiaaprovar o diploma ainda em Dezembro,desrespeitando a Lei da Negociação eaproveitando a ausência dos professores nasescolas. No entanto, perante a denúncia quefizemos e a nossa intransigência no querespeita ao cumprimento da Lei, o ME foiobrigado a respeitar os prazos legaisestabelecidos e a prolongar o ciclo dereuniões, o que se revelou positivo, poispermitiu que mais algumas propostasapresentadas pela FENPROF pudessem serdebatidas e, em alguns casos, aceites. Desdea primeira hora que o ME sabia não serpossível um acordo caso se mantivesseinflexível em relação ao carácter plurianualdo concurso. Contudo, enquanto a FENPROFflexibilizou a sua posição de partida eadmitiu discutir um modelo plurianual de

RECRUTAMENTO E SELECÇÃO DE PESSOAL DOCENTE

Balanço do processo negocial sobre

colocação que não inviabilizasse o carácteranual do concurso (tendo como referênciae ponto de partida a situação que já existena Região Autónoma dos Açores), o MEmanteve-se inflexível na plurianualidade doconcurso e das colocações, não dandopassos no sentido do acordo. Esta foi aquestão mais visível do “desacordo”,havendo, contudo, muitos outros aspectos,que a seguir se referem, que são tambémmotivo de divergência.

2. Questões essenciais

que a FENPROF considera

negativas no actual regime

de concurso

a) Carácter plurianual do concurso,tanto para ingresso nos quadros, comopara os restantes mecanismos de colo-cação, quer afectação, quer destaca-mentos. Esta medida, na prática, significao congelamento da abertura de vagas dequadro por períodos de 4 anos (3 anos seráapenas no primeiro concurso) e o impe-dimento de ingresso anual de docentescontratados nos quadros.

b) Eliminação de critérios, actualmenteem lei, que determinam a abertura delugares de quadro em novas escolas. Estarestrição é grave, uma vez que é pelopreenchimento de lugares nos quadros dasescolas que estas e os professores podem

Os educadores e professorescontinuarão a lutar pelodireito à vinculação dosdocentes contratados e pelaabertura de vagas nosquadros das escolas deacordo com as suas reaisnecessidades. Só dessa formase promoverá a verdadeiraestabilidade. Neste processo,a FENPROF provou terpropostas concretas epositivas nesse sentido. Pelocontrário, o ME optou pelaimposição de mecanismos de"fixação à força" que, comorapidamente se provará,serão apenas novos eindesejáveis focos deinstabilidade, sublinha odocumento divulgado pelaFENPROF aos jornalistas nopassado dia 12 de Janeiro.No encontro com acomunicação social,realizado em Lisboa,estiveram presentes osdirigentes sindicais PauloSucena, Abel Macedo, MárioNogueira, José FilipeEstevéns, Rita Pestana eNuno Maciel.

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JORNAL DA FENPROF 9JANEIRO 2005

encontrar a verdadeira estabilidade. AFENPROF apresentou propostas no sentidode adequar os quadros das escolas às suasreais necessidades. Contudo, não foramaceites pelo ME;

c) Eliminação do artigo 5º do ante-projecto apresentado à FENPROF, onde sedefinia o objectivo de cada quadro (Quadrode Escola, Quadro de Zona Pedagógica erespeito pelo artº 28º do ECD no que respeitaà abertura de vagas nos quadros);

d) Ausência de mecanismos de vincu-lação de docentes contratados, num clarodesrespeito pelas leis laborais, apesar de seprever a sua necessidade por períodosalargados de tempo, ao ponto de serproposta a renovação de contratos;

e) Carácter restritivo do número e daqualidade de preferências a considerar nacandidatura. Aumento insuficiente donúmero de escolas (de 75 para 100, quandodeveriam ser 150, e apenas 50 para efeitosde destacamento para aproximação) e nãoconsideração da possibilidade de candi-datura a concelhos (destacamentos paraaproximação) ou a distritos (candidatura aosquadros de escola);

f) Possibilidade de renovação decontratos que poderá remeter para odesemprego docentes que, pela sua gra-duação, eram os que estavam mais próximosde entrar nos quadros. Agrava o problemao facto de se exigir um parecer da escolacom vista à eventual renovação;

g) Exclusão dos docentes com habi-litação própria, ainda que com vários anosde serviço, mantendo a exigência de seisanos para candidatura ao concurso externo,bem como um prazo limite para se poderemapresentar a concurso;

h) Tratamento desigual, no âmbito dastransferências por ausência de serviço edos destacamentos para aproximação, en-tre os docentes de concelhos situados nasáreas geográficas de Lisboa e Porto e os quese encontram em escolas de outras regiões.Estes últimos têm como restrição demobilidade ou de transferência compulsivao respectivo concelho, os de Lisboa e Portoestão sujeitos a um conjunto de concelhos;

i) Vagas de quadro para a EducaçãoEspecial: conceito restritivo e ilegal denecessidades educativas especiais, limitado,apenas, às situações de “carácter prolon-gado”; colocação em “quadro de agrupa-

mento”, que não existe na lei, ficando odocente ligado à sua escola-sede; nãoconsideração da especialização comohabilitação profissional no âmbito dosnovos grupos de recrutamento (e, conse-quentemente de docência) – E1, E2 e E3 –a criar; não consideração da “multide-ficiência” e da “intervenção precoce” nosdois últimos;

j) Não resolução da situação profun-damente injusta que impede os professorescontratados de Técnicas Especiais deingressar num quadro.

3. Aspectos que a FENPROF

considera positivos alcançados

com a forte pressão exercida

pelos professores no 1º período

lectivo e pela FENPROF nos

diversos momentos da discussão

do projecto de diploma legal

a) Manutenção da figura de “desta-camento para aproximação”, nos termospropostos pela FENPROF no que respeita àprioridade e ordenação dos candidatos.Poder-se-ia ter ido mais longe se não fossemcolocadas restrições ao destacamento nosconcelhos das áreas geográficas de Lisboae Porto, não se limitasse a 50 o número deestabelecimentos a considerar, ou sealargasse a “concelhos”, e fosse mantida apossibilidade de candidatura a horários apartir das 18 horas;

b) Eliminação do mecanismo deRecondução que pervertia a graduaçãoprofissional dos docentes dos QZP eeliminava milhares de vagas para preenchi-mento por afectação e/ou destacamentopara aproximação;

c) Criação do intervalo 8-11 horas paraefeitos de preenchimento por contrataçãocíclica e não por oferta de escola. AFENPROF considera que teria sido aindamais positivo se o intervalo se iniciasse nas6 horas lectivas;

d) Previsão de uma solução definitivapara situações de doença ou deficiênciapermanente de professores não tendo dese sujeitar a concurso anual para destaca-mento por condições específicas;

e) Colocação dos destacamentos porcondições específicas em prioridade quepermite a sua aplicação. Esta solução exigeda tutela um rigoroso controlo de todas

concursosas situações para benefício dos docentesque, efectivamente, necessitam de usufruirdeste mecanismo, daí a preocupação daFENPROF com a não exigência desubmissão prévia a Junta Médica. Apesardo destacamento ser plurianual tem de serfeita a prova anual da situação que ojustifica;

f) Inclusão, na primeira prioridade doconcurso externo, dos professores profissio-nalizados que leccionam em estabeleci-mentos de ensino sob a tutela de outrosministérios, bem como os que se encontramna “cooperação” nos PALOP, ou no EnsinoPortuguês no Estrangeiro;

g) Criação, em regime transitório, deduas prioridades para primeira candidaturados docentes dos diversos grupos derecrutamento, de todos os sectores deensino, aos novos grupos E1, E2 e E3;

h) Esclarecimento do conceito de“experiência” na Educação Especial, comosendo a prestação efectiva de funções nostermos dos quadros legais em vigor;

i) Previsão da existência de processo dereclamação em todos os momentos doconcurso;

j) Consideração do tempo de serviçoprestado por professores no ensino superior.

4. Aspectos de natureza

específica que não merecem

concordância da FENPROF

a) Manutenção das actuais áreasgeográficas dos QZP, que são muitoextensas;

b) Existência de uma lista definitivade afectações e de outra, separada, dedestacamentos. Sendo a prioridade con-junta, ordenados os candidatos por gra-duação profissional, deverá existir uma sólista facilitando a consulta e tornando maistransparente o processo;

c) Consideração de formações comple-mentares, em regime de opção, para efeitode cálculo da classificação profissional delicenciados, cuja formação inicial era o grauacadémico de bacharel. A FENPROF defendetratamento igual para todos os docentes,devendo ser considerada a classificação queconferiu habilitação profissional para adocência. O que ficou é injusto porqueconsidera o artigo 55º e exclui o 56º do ECD,excluindo ainda os que se encontram fora

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dos quadros;d) Possibilidade de suspensão das

contratações cíclicas no final do 1º período,pelo ME, ainda que continue a existir listade candidatos por colocar;

e) Não está prevista a apresentação aJunta Médica de todos os candidatos adestacamento por condições específicas,limitando-se, apenas, aos do designado“foro psiquiátrico”. Continua, ainda, a exigir--se uma declaração que, nos termos pre-vistos, raramente poderá ser passada e querestringe as unidades de saúde comcompetência para a passar ainda que seja aadequada;

f) É dada prioridade à classificaçãoprofissional, em detrimento do tempo deserviço, para efeitos de desempate entrecandidatos;

g) Não consideração, para integraçãona 1ª prioridade no concurso externo, daprestação de 2 anos de serviço nos últimos4 anos;

h) Redução do prazo para apresentaçãode candidaturas de 8 para 5 dias;

5. Apreciação final

A FENPROF considera que neste pro-cesso se obtiveram alguns resultadospositivos, decorrentes da forte pressão e daluta dos educadores e professores o queconfirma que vale a pena lutar. Essa pressãoe luta, que alicerçou a presença da FENPROFnas reuniões realizadas no Ministério daEducação, onde apresentou e defendeupropostas concretas, levou o ME a recuarem algumas das suas intenções. Porém, asprevisíveis consequências dos aspectos que

se identificam negativamente justificam adecisão da FENPROF de não subscreverqualquer acordo sobre a matéria e obrigama que se tomem medidas concretas nosentido da alteração desses aspectos nega-tivos, que deverão envolver os docentes, emtomadas de posição resultantes de plenáriose reuniões de diversos tipos. Assim, osprofessores e educadores lutarão pelarealização de um novo concurso já nopróximo ano apoiados pela própria reali-dade que provará a necessidade desse con-curso. Da mesma forma, continuarão a lutarpelo direito à vinculação dos docentes con-tratados e pela abertura de vagas nosquadros das escolas de acordo com as suasreais necessidades. Só dessa forma sepromoverá a verdadeira estabilidade. Nesteprocesso, a FENPROF provou ter propostasconcretas e positivas nesse sentido. Pelocontrário, o ME optou pela imposição demecanismos de “fixação à força” que, comorapidamente se provará, serão apenas novose indesejáveis focos de instabilidade.

Notas finais:1. A FENPROF está extremamente

preocupada com o facto de muitos do-centes, devido ao compromisso assumidona R.A.Açores e R.A.Madeira, de aceitaçãode colocação plurianual não poderemcandidatar-se este ano ao concurso. Agravao problema o facto de no momento em quese encontrarem libertos de tal compromissonão haver concurso, o que impossibilita asua transferência para uma escola docontinente. Desta preocupação foi dadaconta ao ME aguardando-se uma decisãoque salvaguarde os direitos dos professores

e educadores.2. Não foi ainda discutido o Projecto

de Decreto-Lei que visa criar novos gruposde recrutamento e que deveria ter sidodebatido em simultâneo com o regime deconcursos. A preocupação da FENPROF étanto maior quanto a um conjunto extensode questões apresentadas, para escla-recimento sobre o alcance e consequênciasdeste diploma legal, não foi dada ainda umaresposta convincente, mais parecendo queas dúvidas que se colocaram são, também,dúvidas do Ministério da Educação, o que égrave. Na próxima semana deverá ter lugaruma reunião para discutir este projecto, nãoestando ainda marcada qualquer data.

3. Será assinada uma Acta Final, na qualo ME e a FENPROF registarão as respectivasposições relativamente ao projecto final dediploma e ao processo que levou à suaaprovação.

4. O Secretário de Estado da Edu-cação referiu, em conferência de im-prensa, que o próximo concurso seráfarto em vagas, principalmente devidoaos milhares de docentes que se can-didatarão às vagas da Educação Espe-cial. A FENPROF não compreende ondefoi o senhor Secretár io de Estadoencontrar dados que fundamentem assuas afirmações. É que, pelo contrário,tudo indica que o próximo concurso teráum número muito escasso de vagas,devendo o saldo entre “negativas” e“positivas” ser bastante desfavorável àsescolas e aos professores.

Lisboa, 12 de Janeiro de 2006O Secretariado Nacional

FENPROF decidiu não assinar qualquer acordo com o Ministério da Educação sobre esta matéria de concursos,tendo em conta alterações introduzidas à legislação em vigor que poderão contribuir para a instabilidade profissionaldos professores.Nesse sentido, o Secretariado Nacional decidiu contribuir para uma acta final de negociações, que reflicta arealidade do processo negocial e integre os motivos do desacordo e as concordâncias da FENPROF com algumasdas alterações introduzidas.

FENPROF apenas aceita assinar uma acta que seja verdadeira e transparente

As previsíveis consequências dos aspectos que seidentificam negativamente justificam a decisãoda FENPROF de não subscrever qualquer acordosobre a matéria e obrigam a que se tomem medidasconcretas no sentido da alteração desses aspectosnegativos

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JORNAL DA FENPROF 11JANEIRO 2005

A FENPROF regista que a nova versãodo projecto de Decreto-lei sobre grupos derecrutamento entregue pelo Ministério daEducação não contém qualquer alteraçãoque responda positivamente às questõescolocadas no documento da FENPROFentregue em 27 de Dezembro (consultar emwww.fenprof.pt)

Registam-se ainda como negativos aprecipitação na introdução de alteraçõesem matéria tão delicada e complexa e osucessivo adiamento da sua discussão emreuniões de negociação, que culminou coma realização de uma única reunião, aindapor cima assumida pelo Ministério daEducação como meramente técnica, nãotendo contado com a presença de qualquerdos secretários de Estado.

Relativamente ao âmbito de aplicaçãodo diploma em análise, ainda que o objectodefinido no artigo 1º seja a criação edefinição dos grupos de recrutamento dopessoal docente, a sua aplicação abrangeigualmente os docentes pertencentes aosquadros, isto é, a mobilidade docente.

Neste contexto, a FENPROF consideraprofundamente negativa a extinção dosgrupos de docência 12, 14 e 29 (Mecano-tecnia, Construção Civil e Secretariado,respectivamente), implícita no artigo 7º doprojecto. Esta medida não só suprime apossibilidade de transferência dos docentesdaqueles grupos já integrados nos quadros,como remete qualquer necessidade derecrutamento das escolas para um sistemaprecário, nos termos já aplicados actual-mente aos docentes de Técnicas Especiais,processo que a FENPROF tem reitera-damente combatido, reivindicando acriação de grupos de docência específicos,assim viabilizando a sua integração nosquadros. Isto é, o Ministério da Educaçãonão só não resolve um problema, como sepropõe alargar o seu âmbito de aplicação!

Sobre o reordenamento dos actuaisgrupos 20 (Português, Latim e Grego), 21(Português e Francês) e 22 (Inglês e

Alemão), a FENPROF critica o facto de arecuperação das vagas ser exclusivamentefeita nos grupos de Português e Inglês, nostermos previstos no artigo 9º do diploma.Se esta opção já merece reservas emqualquer dos casos, parece-nos que poderáter repercussões claramente negativas,tanto para os docentes como para asescolas, no que respeita às disciplinas deAlemão e, sobretudo, de Francês.

Quanto às fusões de grupos de docênciaprevistas nos artigos 6º e 7º do projectoparecem-nos pacíficas a que respeita aosgrupos 05, 07 e 08 (Educação Visual eTecnológica) do 2º ciclo, bem como a dosgrupos 15 e 16 (Física e Química e Químicae Física) do 3º ciclo e ensino secundário. Jáno que toca às outras três fusões propostas,a FENPROF considera as soluções apre-sentadas inadequadas.

Assim, quanto aos grupos 18 e 19(Contabilidade e Administração e Economia)do ensino secundário e 3º ciclo do ensinorecorrente, a sua junção não acautela queo recrutamento feito pelas escolas respondaàs suas reais necessidades, já que deixaráde distinguir, por exemplo, um professor comformação em Contabilidade e Administraçãode um outro com formação em Economia,Direito ou Sociologia. A este propósito,convém notar que parte dos docentes dogrupo 29 (Secretariado), que o Ministério daEducação se propõe extinguir, possuemhabilitações académicas reconhecidas comopróprias para a docência das várias disciplinasdo grupo 18 e, em muitas escolas, até deacordo com orientações do ministério,asseguram já a docência das mesmas.

Quanto à criação do grupo de Educa-ção Tecnológica no 3º ciclo parece, à partida,positiva, já que vai ao encontro doscurrículos em vigor e da formação dosdocentes, em larga medida patrocinada pelopróprio Ministério da Educação. Contudo,desta medida não deve resultar a extinção(por fusão da maioria dos actuais 12ºgrupos) de grupos em que há necessidades

específicas nos currículos do ensinosecundário, casos, a título de exemplo, dos27 (Mecanotecnia) e 28 (Electrotecnia).Também daqui resulta a consagração demedidas que obrigarão à contrataçãoprecária de docentes para suprir as necessi-dades das escolas.

Do mesmo modo não se entende aexclusão desta fusão dos grupos 29(Secretariado), por extinção, e 35 (Hortoflo-ricultura e Criação de Animais), por fusãocom os grupos 36 (Produção Vegetal) e 37(Indústrias Alimentares e Zootecnia). Osdocentes destes grupos estão igualmentehabilitados para leccionar a disciplina deEducação Tecnológica, tendo também elessido abrangidos pela formação da Univer-sidade Aberta patrocinada pelo Ministérioda Educação.

Relativamente às habilitações para aEducação Especial, a FENPROF não entendeos motivos para a exclusão da “Multide-ficiência” e da “Intervenção Precoce” doâmbito dos grupos de recrutamento E2(deficiência auditiva) e E3 (deficiência visual).

Em suma o projecto agora apresentado,na maioria das alterações propostas, nãosignifica qualquer avanço na revisão doquadro legal dos grupos e habilitações paraa docência, que se impunha, além deameaçar o aumento da precariedade,essencialmente nos grupos de naturezatecnológica, em clara contradição com apropalada necessidade de investimentonestas áreas de formação.

Lisboa, 18 de Janeiro de 2006O Secretariado Nacional da FENPROF

Parecer relativo ao projectode decreto sobre gruposde recrutamento(versão entregue em 16/01/2006)

O projecto agoraapresentado, na maioria dasalterações propostas, nãosignifica qualquer avanço narevisão do quadro legal dosgrupos e habilitações para adocência, que se impunha,além de ameaçar o aumentoda precariedade

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12 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

REVISÃO DO ECD:

Envolvimento dos professoresserá determinante!

Mário Nogueira (Secretariado Nacional da FENPROF, Coordenador da Comissão Negociadora Sindical)

O Governo, por intermédio do Ministérioda Educação, quer rever o Estatuto de Carreirados Educadores de Infância e dos Professoresdos Ensinos Básico e Secundário (ECD).

Sabe-se o que pretende o ME/Governocom a revisão, quais os pontos que queralterar, que sentido dar-lhe. Sabe-se que adescaracterização do ECD que pretende, ejá iniciada de forma avulsa, levará, de facto,à sua liquidação enquanto instrumento quedefine e regula a docência e o seu exercícioprofissional, passando a ser, apenas, umacompilação de normas gerais da Adminis-tração Pública que também se aplicam aosprofessores e educadores. Algumas medidasjá tomadas, bem como diversas declaraçõesde intenção proferidas por responsáveis doME/Governo, indiciam um profundo desres-peito pela especificidade da profissãodocente, pelas suas exigências, pelos direitose deveres dos profissionais, pelo sentidoformativo que deverá ser dado à avaliaçãodo desempenho, pelas razões que levaram àopção pela actual estrutura horizontal dacarreira (sem promoções, nem categoriasdiferenciadas), entre outros aspectos.

AS [MÁS] INTENÇÕES DO GOVERNO

O Governo pretende uniformizar asregras de avaliação do desempenho naAdministração Pública, aplicando aos corposespeciais, as regras aprovadas para o re-gime geral. Um sistema de avaliaçãopreocupado com a progressão na carreira enão com a qualidade do desempenhoprofissional, construído para ser umabarreira de progressão, por vezes intrans-ponível, com “cotas” para atribuição dasmenções qualitativas mais elevadas, numalógica de limitação do acesso aos escalõesde topo (contudo, sempre com a cínicajustificação do “mérito”). Pretende o ME/Governo reduzir e/ou liquidar direitosprofissionais, retirar especificidadesjustificadas pelo exercício da profissão, per-verter os conceitos de componente lectivae não lectiva agravando a carga horária dosprofessores, consolidar as medidas muitonegativas que o Governo tem vindo a imporaos trabalhadores da Administração Pública,

seja o aumento da idade para aposentação,ou o roubo do tempo de serviço para efeitode carreira. Quer o ME/Governo que tudose resolva em 2006 para, em 1 de Janeirode 2007, entrar em vigor o novo estatuto.

ECD: UMA CONSTRUÇÃO FEITA DE LUTA

A história do ECD é recente e, por essarazão, conhecida dos professores. Depois deanos de luta em sua exigência, o primeiroestatuto entrou em vigor em 1990. Ascondições políticas eram adversas, mas adeterminação e luta dos professores eeducadores permitiram a sua aprovação.Desde a primeira hora que se desenvolveuuma forte luta que tinha como objectivosmais relevantes a abolição da prova decandidatura para acesso ao 8º escalão e acontagem integral do tempo de serviçoprestado pelos professores e educadores.Uma luta prolongada, difícil, mas que acabouvitoriosa para os docentes portugueses.

Em 1998 teve lugar a primeira e, atéagora, única revisão do ECD. Este manteve-se repartido por dois diplomas legais, mas,fruto da luta, passou a contemplar algumasdas principais reivindicações dos docentes,nomeadamente o fim da candidatura, acontagem integral do tempo de serviço, amanutenção da paridade no topo com acarreira técnico-superior da AdministraçãoPública, a redução do número de anos parachegar ao topo da carreira e a valorizaçãodos índices salariais. Uma revisão bastantepositiva para os professores.

ESTA REVISÃO EXIGE UM GRANDEENVOLVIMENTO DE TODOS

Chega, agora, o Governo de JoséSócrates com a intenção de liquidar não sóos ganhos alcançados em 1998, comooutros aspectos essenciais da carreira.

Para a FENPROF, apesar do ECD serpassível de melhorias, de ajustamentos, denovas referências que o valorizem, essa nãoé uma prioridade negocial, ainda maisquando se conhecem as (más) intenções dagovernação. Mas para o ME/Governo é,precisamente pelas intenções que o movem!

A avançar a revisão, é evidente que aFENPROF não deixará o “oiro ao(s) bandi-do(s)” e irá envolver-se na negociação, sehouver, e na luta que haverá de certeza.

Tal como o ME/Governo, também aFENPROF apresentará as suas propostas derevisão durante o mês de Fevereiro. Propostasque vão no sentido de regulamentar o quenunca chegou a ser, como é o caso dosIncentivos à fixação em zonas isoladas;propostas que vão no sentido de reduzir oleque salarial dos docentes, de consagrarmecanismos que levem à vinculação doscontratados, de valorizar os índices salariais,de melhorar o modelo de avaliação dodesempenho contrariando a vontade que temo ME/Governo de utilizar a avaliação comoconstrangimento da progressão, de acabarcom o perverso regime de créditos deformação, de contrariar o aumento brutal daidade da reforma sem ter em conta o elevadodesgaste a que se sujeitam os docentes noseu quotidiano profissional…

Ou seja, a FENPROF não consideraprioritária a revisão do ECD, mas tambémnão se alheia nem vira a cara a esseprocesso. Se a revisão do ECD aí vem, quevenha. A FENPROF terá propostas que vãoao encontro dos anseios, justos e legítimos,dos professores e educadores; a FENPROFserá determinada e forte na defesa da classeque representa perante eventuais atentadosdo ME aos seus direitos profissionais.

O tempo que se aproxima será, tudo oindica, de luta. Seria bom que assim nãofosse, mas se assim for, cá estaremos…fortes e determinados… sempre do/ao ladodos professores e educadores!

O ME será o palco de mais um

processo negocial, mas só a acção

dos professores garantirá um estatuto

dignificante e valorizador da profissão

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JORNAL DA FENPROF 13JANEIRO 2005

A legislação em vigor reconhece o direito dos sujeitos passivos de IRS de consignarem 0,5% do impostopago a uma instituição particular de solidariedade social, ou a uma pessoa colectiva de utilidade pública(Lei nº 16/2001, de 22/6, Artº 32 nº 6).

A AMI está legalmente habilitada para receber estes donativos, importantes para o financiamento da suacrescente actividade, nomeadamente Centros Porta Amiga e acções de assistência humanitária deemergência. Os procedimentos são simples e estão descritos nas instruções de preenchimento do anexoH, bastando a indicação no quadro 9, campo 901 do nosso NIPC: 502744910.

O endereço seguinte de correio electrónico poderá ser utilizado para que a AMI preste os esclarecimentosque considere necessários: [email protected]

Apoie a AMI!

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14 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

lertando para esta injustiça, a CGTP-IN sublinha que os aumentos depreços de produtos e serviçosessenciais, decretados pelo Exe-cutivo, são inaceitáveis “pelo que

significam de mais injustiça social, maisinjusta distribuição da riqueza produzida epela particular incidência sobre as camadasmais desprotegidas da população e dasfamílias mais pobres.”

A Intersindical Nacional lembra que“tais aumentos de preços incidem sobreprodutos e serviços essenciais”, e dandocomo exemplos o pão (10% ) e os trans-portes, que nos últimos 8 meses aumen-taram 9,8%”. A Central destaca ainda queos valores definidos pelo Governo nestaescalada de agravamento do custo de vida“são muito superiores à inflação prevista,acontecem num quadro de aumento dastaxas de juro e não podem deixar de serelacionar com a política salarial doGoverno.”

“Não pode ignorar-se que a inflaçãoprevista é um número político jogado pelosGovernos, que há vários anos se situa abaixoda inflação verificada, bem como o aumentodas taxas de juro do crédito à habitação,que muito afecta a generalidade dasfamílias”, regista a Intersindical Nacional.

“Nestas circunstâncias são ainda maisinaceitáveis os aumentos salariais que o

Governo pretende impor na AdministraçãoPública, apenas 1,5%, que o patronatoprocura seja considerado referencial salarial,sem esquecer que foi recusada a propostajusta e viável de aumento e reformulaçãodo Salário Mínimo Nacional apresentadapela CGTP-IN”, observa o comunicado daCentral divulgado no dia 2 de Janeiro.

Rumo decadente

Ao salientar que as políticas seguidapelo Executivo do Engº Sócrates apontampara um “rumo decadente”, que hipoteca ofuturo do País, a CGTP-IN insiste na defesade um novo modelo de desenvolvimento,comentando a propósito:

”O futuro não pode ter por base ofundamentalismo económico e financeiro.Precisamos dum outro modelo de desen-volvimento, que, necessariamente, propor-cione uma melhoria das condições de vidados trabalhadores, através de uma maisjusta distribuição da riqueza, sendo um fac-tor determinante o aumento real dossalários, onde se inclui o Salário MínimoNacional.”

A Central considera ainda “absoluta-mente justa a indignação” que se vive emdiferentes sectores da sociedade e apela ao“protesto organizado e à continuidade ereforço das justas reivindicações salariais”.

Igreja manifesta “grande preocupação”

Entretanto, também a Igreja manifestaa sua discordância com as políticas anti-sociais do Governo e, assim, os bisposportugueses vão lembrando que “é semprenegativo obrigar as famílias a ganharem,em termos reais, menos do que no ano an-terior”…

D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga epresidente da Conferência EpiscopalPortuguesa, disse ao “Correio da Manhã” (2de Janeiro) que, “apesar de toda a conjun-tura desfavorável, o Governo podia certa-mente ir um pouco mais longe e aproximaros aumentos do valor da inflação prevista”.

“Quando os bens e serviços essenciais,como a alimentação, a água, luz, transportese outros, sofrem aumentos superiores aosdos salários é natural que as pessoas fiquempreocupadas”, disse o prelado. E continua-mos a citar o “CM”:

Manifestando “uma grande preocu-pação” com a situação social e económicaque as famílias portuguesas atravessam,sobretudo as que têm rendimentos maisbaixos, D. Jorge disse que “o Governo deveempenhar-se, sempre e cada vez mais, nocombate às desigualdades sociais queteimam em manter-se no nosso país”.

JPO

Aumento de preços e desvalorizaçãode salários

As prendas do Governo aos portugueses chegaram em Janeiro…

ANum contexto marcado pelo aumento galopante do custo de vida, tornam-se ainda maisinjustos os valores anunciados pelo Governo para a “actualização” salarial em 2006.

“Actualização” salarial para a Função Pública 1,5%

A realidade crua dos nú-

meros e das contradições

dum Governo que quer

castigar os portugueses

Inflação (prevista pelo Governo)

Aumento do preço do pão

Aumento do preço dos transportes públicos

Aumento do preço das portagens

Aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos

Aumento médio do preço do gás

2,3%

10%

2,3%

2,8%

2,3%

4,2%

14 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 14: Janeiro de 2006

JORNAL DA FENPROF 15JANEIRO 2005

ontrariamente ao que tem afirmadoo ministro das Finanças do governode Sócrates, o Orçamento do Estadopara 2006 aprovado pela Assem-bleia da República permite aumen-

tar as despesas com as remunerações certase permanentes dos trabalhadores daAdministração Pública mais do que 1,5%.

Assim, se os cálculos do governo cons-tantes do Mapa IV da Lei do Orçamento doEstado que foi aprovado pela Assembleia daRepública estiverem certos, e se o governo nãoalterar a repartição da dotação provisional queconstava dos documentos que forneceu àAssembleia da República, o governo temcobertura no Orçamento do Estado para 2006aprovado pela Assembleia da República paraaumentar as despesas com as remuneraçõescertas e permanentes dos trabalhadores daAdministração Pública em 3,9%; portanto, nãocorresponde à verdade que o governo apenaspossa conceder um aumento de 1,5% aostrabalhadores da Administração Pública. OOrçamento do Estado aprovado pela Assem-bleia da República permite ir mais longe, e seo governo não vai é porque pretende que sejamnovamente os trabalhadores da AdministraçãoPública a suportar os custos do agravamentoda crise económica e social que o levou a reverem baixa todas as previsões macro-eco-nómicas, como consta da 2ª versão doPrograma de Estabilidade e Crescimentoapresentada em Dezembro de 2005.

Estudo: OE 2006 permite aumentodos salários muito superior a 1,5%

(*) 2003 e 2004 apenas os trabalhadores com salários inferiores a cerca de 1000 euros é que foram aumentados em 1,5% e 2%, respectivamente por isso o valorconsiderado é a média ponderada. No caso dos Professores a perda do poder de compra foi ainda mais acentuada, pois nestes anos não tiveram qualquer actualizaçãodos salários.

(**) A taxa de inflação de 2006 considerada é a divulgada em Janeiro de 2006 pelo governador do Banco de Portugal.

(***) A diminuição do poder compra não se obtém subtraindo do aumento dos salários a subida da taxa de inflação como normalmente fazem os “especialistas da áreaeconómica” da comunicação social, mas sim dividindo a subida salarial pelo aumento da taxa de inflação depois de incorporar a base 100.

Os salários dos trabalhadores daAdministração Pública perderam de umaforma contínua poder de compra em 6 anosconsecutivos, como provam os dados doquadro I.

Os dados do quadro I mostram de umaforma quantificada que o poder de comprados salários dos trabalhadores da Adminis-tração Pública têm diminuído desde 2000,prevendo-se uma nova redução do poderem 2006, se a proposta do governo deaumento de apenas 1,5% for para a frente.

A este propósito, interessa recordar queem Junho de 2005, o governo de Sócratesapresentou a 1ª versão do Programa deEstabilidade e Crescimento para 2005-2009(o chamado PEC1) que previa na pág. 42,em relação aos custos salariais da Adminis-tração Pública, uma “ actualização da tabelasalarial 2% ao ano” no período 2006-2009.No entanto, confrontado o ministro dasFinanças da altura com este aumento deapenas “2% ao ano” quando na pág. 54 domesmo documento se previa uma taxa deinflação “de 2,9% em 2006”, a resposta foide que isso não significava uma reduçãodo poder dos salários em 2006, pois a“actualização da tabela salarial em 2% aoano” devia ser entendida como um aumentomédio no período do Programa, que era de2005-2009, o que significava que oaumento da tabela salarial poderia emalguns anos ser superior a 2%.

Se o governo não alterara repartição da dotaçãoprovisional que constavados documentosque forneceu à Assembleiada República, o governotem coberturano Orçamento do Estadopara 2006 aprovado pelaAssembleia da Repúblicapara aumentar as despesascom as remuneraçõescertas e permanentesdos trabalhadoresda Administração Públicaem 3,9%

C

QUADRO I

A diminuição

contínua do poder

de compra

dos salários

da Administração

Pública 2000- 2006

JORNAL DA FENPROF 15JANEIRO 2005

Page 15: Janeiro de 2006

16 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O O.E. 2006 aprovado prevêum aumento de 3,9% nas despesas

com remunerações certas e permanentes

Durante o debate do Orçamento doEstado para 2006, o actual ministro dasFinanças, confrontado várias vezes com talquestão, sempre negou que o poder decompra dos salários dos trabalhadores daAdministração Pública sofreria novaredução em 2006. Em relação a estamatéria, observe-se o quadro II que contémo valor inscrito no Orçamento do Estadopara 2006 para aumentos das despesas comas “Remunerações certas e permanentes”dos trabalhadores da Administração Públicapara este ano.

Os valores que têm força de lei, porserem aprovados pela Assembleia daRepública, são os que constam do chamadoMapa IV anexo à Lei do Orçamento doEstado e que se encontram desagregadosdos chamados Mapas Informativos, que seencontram na coluna do quadro II com otitulo “Lei do Orçamento- Mapa IV”. Osdados constantes do Relatório do Orça-mento para 2006 são apenas informativosmas servem para esclarecer melhor os dadosapresentados pelo governo.

Assim, no quadro II, na coluna “Lei doOrçamento – Mapa IV – 2006”, na linha“Remunerações certas e permanentes” estão8.389,9 milhões de euros que é a verba, deacordo com os cálculos do governo,necessária para pagar aos trabalhadores daAdministração Pública sem qualqueraumento. E o valor 8.719 milhões de eurosque está também no quadro II, na coluna“Relatório OE 2006 – Orçamento 2006” ena linha “Remunerações certas e perma-nentes” consta do quadro 3.2.12 da pág. 74

(*) O Mapa IV consta da Lei do Orçamento e é aquele que é aprovado pela Assembleia da República não inclui a dotação provisional e nem foram retiradas as cativações,e o valor das “Remunerações certas e permanentes “ consta dos Mapas Informativos, pág. 36 da Proposta do Orçamento do Estado para 2006.

(** ) Os dados da coluna denominada “Relatório OE2006” constam do Quadro 3.2.12 da pág. 74 do Relatório do Orçamento, e já inclui a dotação provisional no total de“Despesas com Pessoal” e no valor das “Remunerações certas e permanentes”.

do Relatório do OE2006 e inclui já a dotaçãoprovisional que o governo destinava naaltura ao aumento dos salários dos traba-lhadores da Administração Pública e que erade 329,1 milhões de euros do total de 443,2milhões de euros que constavam da“dotação provisional” que foi aprovada pelaAssembleia da República.

Como provam esses valores, se oscálculos do governo constantes do MapaIV aprovado pela Assembleia Repúblicaestiveram certos, e se o governo não alterara repartição da dotação provisional queconstava dos documentos que forneceu àAssembleia da República, então há cober-tura no Orçamento do Estado aprovado pelaAssembleia da República para aumentar asdespesas com as remunerações certas epermanentes dos trabalhadores da Admi-nistração Pública em 3,9% ; portanto, nãocorresponde à verdade a justificaçãoapresentada aos sindicatos da Admi-nistração Pública nem a explicação dada àopinião pública pelo ministro das Finanças

que não era possível fazer um aumento dasdespesas das remunerações dos trabalha-dores da função pública em 2006 superiora 1,5%, quando a taxa de inflação previstapelo Banco de Portugal, já em Janeiro de2006, é de 2,5% para 2006. O Orçamentodo Estado para 2006 aprovado pelaAssembleia da República permite ir maislonge como provam os dados constantes doquadro II, e se o governo não vai mais longeé porque pretende agravar ainda mais ascondições de vida dos trabalhadores daAdministração Pública, ou seja, que sejamfundamentalmente estes a pagar as conse-quências do agravamento da situaçãoeconómica e social do País resultante dapolitica centrada na obsessão do défice,como provam as previsões em baixaconstantes da 2ª versão do Programa deEstabilidade e Crescimento apresentada emDezembro de 2005.

Extracto de um Estudode Eugénio Rosa, Economista,

15 de Janeiro de 2006

QUADRO II

Verba constante do

Orçamento do Estado

para 2006. Despesas

com as remunerações

certas e permanentes -

Administração Pública

16 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

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JORNAL DA FENPROF 17JANEIRO 2005

O

A dignidade dos trabalhadoresno coração da luta

O ministro das Finanças e da AdministraçãoPública, Fernando Teixeira dos Santos,afirmou que várias dezenas de organismospodem ser extintos ou fundidos no âmbito doPrograma de Reestruturação da Admi-nistração Central (PRACE).Teixeira dos Santos ressalvou, no entanto,que “é prematuro” avançar com númerosconcretos porque ainda estão a ser discu-tidas as propostas preliminares apre-sentadas pelos grupos de trabalho dosdiversos ministérios. (…)O governante, que falava durante umasessão de trabalho do PRACE, realizada noCentro de Seminários e Congressos deCaparide, disse que vários organismos vãoser extintos ou fundidos, consoante oprocedimento que for considerado maisadequado para prosseguir o objectivo dereorganizar a administração central (…)As conclusões do PRACE deverão serconhecidas em Março.

”Dezenasde organismosdo Estado podemser extintos”

JORNAL DA FENPROF 17JANEIRO 2005

vasto salão da Casa do Alentejo, na Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa,foi pequeno para receber os dirigentes e delegados sindicais da AdministraçãoPública presentes no plenário nacional convocado pela Frente Comum, quedecorreu no dia 18 de Janeiro e no qual se chamou a atenção para anecessidade de mobilizar todos os trabalhadores de todos os sectores da Função

Pública para a jornada de 3 de Fevereiro. Assim o exige a luta determinante, emcurso, por salários dignos, pela estabilidade de emprego, pelos direitos, pelas carreirase por serviços públicos de qualidade, no âmbito de uma política objectiva demodernização das estruturas do Estado que as organizações representativas dostrabalhadores vêm reivindicado desde a primeira hora.

Tanto nas intervenções (Paulo Trindade, FNSFP; Francisco Brás, STAL; e Carvalho daSilva, CGTP-IN) como na resolução aprovada, o plenário da Casa do Alentejo destacouo firme repúdio sindical pela postura assumida pelo Governo "no processo de negociaçãopara a actualização salarial de 2006". Como se sabe, o Executivo impôs um aumento de1,5 por cento nos salários, acentuando ainda mais a perda do poder de compra dostrabalhadores em 2006, num cenário marcado por sucessivos aumentos dos preços debens essenciais. No fecho desta edição do “JF”, os combustíveis sofriam novos aumentos(os maiores, de uma só vez, nos últimos 5 anos), em consequência do agravamento doimposto sobre os produtos petrolíferos.

Ao mesmo tempo que reafirmou o empenho activo dos representantes sindicaisno esclarecimento, junto da opinião pública, “do gravoso significado social da ofensivaem curso contra a Administração Pública e os seus profissionais", o plenário de 18 deJaneiro alertou para os encerramentos e fusões de serviços na Administração Pública,preparados por comissões nomeadas pelo Governo no segredo dos Deuses (PauloTrindade) e para as consequências da onda neoliberal que se procura também imporna estruturação do Estado (Carvalho da Silva), sob a batuta do grande capital.

Após o plenário, os representantes sindicais dirigiram-se para o Ministério dasFinanças e da Administração Pública.

JPO

Manifestação Nacional da AdministraçãoPública, no dia 3 de Fevereiro em Lisboa

“Expectável” transferência

de trabalhadores para supranumerários

Sobre os efeitos que a reestruturação detodos os ministérios poderão ter nosfuncionários públicos, o ministro afirmouque “é expectável” a transferência dealguns trabalhadores para o quadro desupranumerários.Remetendo para um período posterior apossibilidade de o Estado recorrer arescisões contratuais para reduzir onúmero de funcionários, Teixeira dosSantos salientou que o objectivo é fo-mentar a mobilidade - dentro e para forada Administração Pública -, melhorar aformação dos trabalhadores, assim comocriar incentivos para aqueles que “queiramsair da Administração Pública” (…).

Lusa, 16/01/2006

Em resposta a uma política de constantes ataques e ameaçasaos trabalhadores e aos serviços, a Administração Públicavolta ao protesto nas ruas de Lisboa, numa manifestaçãonacional marcada para a tarde de 3 de Fevereiro. O alto doParque Eduardo VII será o ponto de encontro (15h00) parao desfile com destino à residência oficial do PrimeiroMinistro, em São Bento.

O vasto salão da Casado Alentejo, em Lisboa,encheu completamente

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18 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

A 10ª Marcha dos Sem reuniuna manhã de sexta-feira, 25de Novembro, em Porto Ale-gre, cerca de oito mil pessoas.O movimento começou cedo,com activistas dos movi-mentos sociais, organizados naCoordenação dos MovimentosSociais – CMS, concentrando-se em pontos diferentes dacidade.

ma pedra alusiva aos 10 anos daMarcha foi cravada na Praça daMatriz. Na segunda-feira, 28 deNovembro, um Projeto de Lei terásido entregue à Câmara de Verea-

dores da capital gaúcha garantindo que apedra permaneça no local.

A temperatura amena que predominou namanhã porto-alegrense ajudou na deslocaçãode cerca de 10 km, estabelecida para ascolunas de manifestantes que se dirigiram aocentro da cidade, colorindo ruas e avenidascom as cores dos movimentos sociais e departidos de esquerda. Um grupo com aproxi-madamente 2,5 mil pessoas deixou omonumento ao Laçador, no início da AvenidaFarrapos, às 9h30, e dirigiu-se para o BancoCentral, no centro. Trinta minutos mais tarde,outro grupo, com a mesma dimensão, saiu daponte do Guaíba e dirigiu-se ao centro pelaavenida Castelo Branco. Do viaduto JoséEduardo Utzig saiu uma terceira coluna quechegou ao centro pelas avenidas BenjaminConstant e Cristóvão Colombo. Os estudantessaíram da praça Argentina, nas proximidadesdo Campus Centro da Ufrgs e, antes de sejuntarem à manifestação na praça da Matriz,realizaram uma acção de protesto em frenteà reitoria da Uergs.

Todas as colunas tinham reivindicaçõesque unificavam os movimentos sociais. Acoluna da Farrapos reivindicou mudançasna política económica, valorização dosalário mínimo e redução da jornada detrabalho. O grupo que saiu da ponte

defendeu acesso à terra, habitação etrabalho. Já o grupo que percorreu asavenidas Benjamin e Cristóvão pediuinvestimentos na segurança, saúde eeducação. Os estudantes reivindicaram maisrecursos para a educação pública e o fimdo desmonte da Uergs provocado pelogoverno Rigotto.

Mudança da política económica

Os protestos sucederam-se durante ascaminhadas. Em frente à Bunge, uma

INTERNACIONAL

Marcha dos Sem: dez anos de luta da classetrabalhadora contra o neoliberalismo

Trabalhadores sobre a ponte do Guaíba

Placa e cartazes das edições passadas

multinacional, trabalhadores sem terraprotestaram contra a entrada ilegal demilho transgénico no estado. Já na frenteda Secretaria de Justiça e Segurança foipedida a punição dos policas que assassi-naram, em 30 de Setembro, na cidade deSapiranga, o sindicalista Jair Antônio daCosta, dirigente do Sindicato dos Sapateirosde Igrejinha. “Os trabalhadores devem sertratados com respeito e não como caso depolícia”, discursou Ivori Moraes, do MST.

Já em frente ao Banco Central, local deunificação das colunas, os discursos

U

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JORNAL DA FENPROF 19JANEIRO 2005

no alvo

A actividade preparatória do grande encontrode Atenas teve um ponto alto na assem-bleia realizada em Viena nos passados dias7 e 8 de Janeiro. Inscrições em http://works-pace.fse-esf.org (ingês, castelhano e francês)e mais pormenores desta quarta edição do FSEem www.fse-esf.org e em www.forumsocial-mundial.org.br/noticias.O início deste ano de 2006 acolheu, ainda, edesta vez de forma descentralizada, o FórumSocial Mundial, já na sua sexta edição. Sãocidades anfitriãs: Bamako (Mali - África), de 19a 23 de Janeiro de 2006; Caracas (Venezuela- América) de 24 a 29 de Janeiro de 2006 eKarachi (Paquistão - Ásia), inicialmente previstopara as mesmas datas de Caracas, masentretanto adiado por dois meses devido ao

terramoto de Outubro passado."Um outro Mundo é possível" - mais do que uma palavra de ordem, umobjectivo construído em todo o planeta com solidariedade, diálogo e vontadede construir um futuro melhor.

A capital grega vai receber de 6 a 9 de Abrilpróximo o IV Fórum Social Europeu

enfatizaram a necessidade de o governofederal mudar a sua política económica,baixando os juros e transformando o superavit primário em investimentos sociais.Agricultores e familiares, organizados naFetraf-CUT, protestaram contra o baixovalor pago pelo leite e pelo trigo. Cerca de30 litros de leite foram despejados noasfalto em frente ao banco.

Do Banco Central, os milhares demanifestantes dirigiram-se à Praça daMatriz, onde se localiza o Palácio Piratini,sede do governo gaúcho. No carro de som,dirigentes de partidos políticos de esquerda– PT, PSB e PCdoB - revezaram-se nascríticas ao modelo económico do governofederal e na política de socialização dodéfice fiscal do estado feito pelo governoRigotto, ao mesmo tempo em que promoveincentivos fiscais às grandes empresas. Igorde Bearzi, da UNE, criticou a política deincentivos fiscais do governo do estado paraquem não precisa e o desmonte da Uergs.“A UNE não joga água no moinho da direita”,ressaltou Rafael Simões, também da UNE,numa critica àqueles que se unem à direitapara dividir a classe trabalhadora.

Menos incentivos fiscais,mais investimentos sociais

Beto Aguiar, do Movimento Nacional deLuta pela Moradia, lembrou que a luta porterra e moradia no Brasil não pode sertratada como um caso de polícia e sim comouma questão de justiça social. Formiga, daVia Campesina, denunciou a entrada noestado de milho transgénico. Repete-se com

o milho o mesmo processo que transformouo estado num celeiro da soja transgénica, ocontrabando. “Que benefícios isso traz paraa população do Rio Grande do Sul?”, inda-gou. Criticou, sobretudo, a omissão dogoverno Rigotto no combate ao contra-bando.

Coube ao presidente estadual da CUT,Quintino Severo, fazer o encerramento damanifestação. Quintino abriu espaço paraa mística preparada pela organização daMarcha. Uma placa, até então encoberta poruma bandeira do Brasil, foi cravada napraça. Marcha dos Sem – Dez Anos de Lutada Classe Trabalhadora contra o Neolibe-ralismo, é o texto escrito na placa. Todas asdez edições da Marcha foram lembradascom cartazes de cada uma das edições.

“São dez anos de resistência ao neolibe-ralismo, período em que lutamos contra odesmonte do estado”, lembrou Quintino,afirmando ainda que a Marcha é ummomento de unidade dos movimentossociais. “Apesar da ofensiva neoliberal, aburguesia não conseguiu nos derrotar”,atacou. O modelo de desenvolvimento queexige elevado super avit primário e impedeinvestimentos nas áreas sociais não serve àclasse trabalhadora. Quintino afirmou que,no Rio Grande do Sul, o governo Rigottocontribui de forma decisiva para o encer-ramento de pequenas e médias empresas etambém aproveita recursos das políticassociais para fazer concessões para aburguesia. “O sucesso desta 10ª edição daMarcha nos energiza para a realização da11ª e de outras marchas, sempre comunidade e responsabilidade”, finalizou.

Em Dezembro de 2005 confirmou-se oaumento do desemprego verificado nosúltimos meses, atingindo no fim do ano479.373 pessoas, mais 2,2% que emDezembro de 2004. Apesar do ritmo deaumento ser menor que em meses ante-riores, não se prevê que venha a diminuirem 2006. O Programa de Estabilidade eCrescimento prevê uma taxa de desem-prego de 7,7% em 2006, face à previsãode 7,4% em 2005 (…)Começam a ser cada vez mais evidentesas consequências das políticas do Governoem relação à Administração Pública. Defacto, a actividade que registou maiorcrescimento do desemprego no último anofoi a administração pública, educação,saúde e acção social (com mais 12,5%).Destacam-se ainda os aumentos daindústria do vestuário (em mais 10%), dofabrico de material de transporte (com mais7,9%), da fabricação de mobiliário, recicla-gem, indústria transformadora (mais 5,7%)e da indústria do couro e de produtos docouro (mais 5,5%), que correspondem asectores importantes em termos da espe-cialização produtiva nacional e que estãoneste momento a ter grandes dificuldadesdecorrentes do aumento da concorrênciaexterna (…)Se juntarmos ao número de desempre-gados licenciados ou com o ensino secun-dário o aumento dos inscritos comodesempregados devido ao fim de acçõesde formação profissional (mais 36,8%) edos ex-estudantes (mais 8,9%) fica de-monstrada a não valorização do esforçoformativo do País, mas também a falta deeficácia das políticas de educação eformação prosseguidas. Não deixando devalorizar fortemente a formação profissional,tal como em relação à educação, sabe-se,contudo, que muitas acções de formaçãoprofissional frequentadas pelos desem-pregados servem para pouco mais do queretirá-los das estatísticas do desemprego,não tendo qualquer resultado prático.Acrescente-se que o Governo não actua deforma transparente em relação a esteaspecto ao não divulgar mensalmente onúmero de desempregados que estãoenvolvidos em acções de formação, contra-riamente ao que faz, por exemplo, relativa-mente aos desempregados a participar emprogramas ocupacionais.

CGTP-IN

18/01/2006

Onde estão os 150 milpostos de trabalhoprometidos pelo Governo?

JORNAL DA FENPROF 19

Page 19: Janeiro de 2006

20 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

DIVULGAÇÃO

A FENPROF encontra-se a preparar um Encontro Nacional de Leitores das

Universidades Portuguesas. Trata-se de uma iniciativa de grande significadotendo em conta que, integrados na comunidade docente universitária, osLeitores, provenientes de diversos países, possuem uma frágil estabilidadeemprego e vivem momentos de indefinição em relação ao seu futuro profissionale enquadramento na carreira.Como instrumento base de preparação do Encontro, a FENPROF elaborou umquestionário que distribuiu por todos os Leitores, tendo obtido uma resposta queexcedeu todas as expectativas, com a adesão de mais de 80% dos destinatários.É possível, por isso que a caracterização dos Leitores em termos profissionaisseja apresentada no Encontro de 11 de Fevereiro e que, a partir dele, sedesenvolva um debate importante para os seu futuro no ensino superior.

ENCONTRO NACIONAL DE LEITORESCOIMBRA – 11 de Fevereiro – 10.30 horas

Fac. de Letras da Universidade de Coimbra

Anfiteatro 3

De 24 a 30 de Abril próximo

decorrerá, no âmbito da Campanha

Mundial pela Educação, a sétima

“Semana de Acção Mundial”, tendo

como lema geral “Todas as Crianças

precisam de um Professor”. As

organizações que integram a

Internacional da Educação (IE),

como a FENPROF, estão

empenhadas na dinamização dessa

Semana, através de múltiplas

iniciativas a desenvolver junto dos

educadores, das famílias, das

comunidades e da opinião pública.

Uma campanha de luta contra o avanço das nego-ciações da OMC, sobre o Acordo Geral sobre oComércio de Serviços (em inglês, General Agreementon Trade in Sevices, GATS), lançada pelas comissõeslocais do ATTAC em França, está a ganhar força, deacordo com as últimas informações da TradEducation,da IE (Internacional da Educação). Até agora, cerca de560 cidades, distritos e regiões já se declararam foradas zonas de aplicação do GATS e apelam à ComissãoEuropeia que declare uma moratória sobre a conti-nuação das negociações deste acordo. A campanha

estendeu-se já à Áustria, Bélgica, Itália e Espanha enão há razão para que este movimento pare nasfronteiras da União Europeia. A Internacional daEducação, IE, pressionou todos os seus membros amobilizarem-se para acções semelhantes. As notíciasactualizadas da IE dão informações detalhadas sobreas negociações intensivas do GATS que vão ter lugardurante as "semanas de serviços" da OMC, em Feve-reiro de 2005, e explicam como essas negociaçõespoderão vir a afectar os sistemas de educação e oseducadores.

A campanha para manter a Europa fora do GATS ganha força

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JORNAL DA FENPROF 21JANEIRO 2005

"Auto da Barca do Inferno"

no Mosteiro dos Jerónimos

Formar cidadãos capazes é o objectivo central,

através do incentivo à leitura e debate de ideias

A segunda edição do “Entre Palavras” - um fórum emformato pedagógico promovido pelo “Jornal de Notícias” edestinado a todos os alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico - jáconta com o triplo das inscrições registadas no ano anterior.

São já 546 as escolas inscritas, o que representa 55% dototal de estabelecimentos de ensino do 3º ciclo a nívelnacional. O desafio lançado às escolas de incentivar os seusalunos à leitura e ao debate de ideias parece, assim, estar acaptar cada vez mais entusiastas.

Nesta segunda edição, correspondente ao ano lectivo2005/6, o objectivo central do “Entre Palavras” permaneceo mesmo: recorrendo ao jornal e aos temas da actualidade,ajudar a formar leitores mais exigentes, melhorando a suaaptidão para lerem o mundo em que vivem, aprofundaremos seus conhecimentos e debaterem em grupo a melhorforma de chegarem a soluções mais eficazes.

As notícias do “JN” são o ponto de partida para umaespécie de “encontros de leitura”, que poderão ter umaperiodicidade semanal, quinzenal ou mensal.

Este ano, os temas propostos para os debates são osseguintes: gripe das aves, toxicodependência, referendo aoaborto, o preço e a escassez do petróleo, alteraçõesclimáticas, as novas tecnologias (mp3, consolas...), asreformas do sistema de ensino, a Comunicação Social, aseleições presidenciais e a sexualidade nos jovens.

Como na primeira edição, haverá quatro tipos de “encontrosde leitura e debate de ideias“: nas turmas, interturmas,campeonatos distritais e a final, que constituirá o segundo fórumda leitura e debate de ideias.

Para participar, as escolas devem apresentar um trabalhocom o máximo de 4500 caracteres em que exponham osseus argumentos pró e contra relativamente a um dos deztemas escolhidos. Os trabalhos terão de ser enviados atéao dia 25 de Fevereiro próximo. Serão seleccionadas pararepresentar o seu distrito as escolas que apresentarem os18 melhores trabalhos.

Os temas escolhidos para os debates deste ano são osseguintes: gripe das aves, toxicodependêncía, referendo aoaborto, preço e escassez do petróleo, alterações climáticas,sexualidade nos jovens, as novas tecnologias, reformas dosistema de ensino, fenómeno dos blogues e eleiçõespresidenciais.

JN

Fórum destinado às escolas

do 3º Ciclo do Básico

“Entre Palavras”,

iniciativa do “JN”

A editora Sopa de Letras e aAcreditar - Associação de Pais eAmigos das Crianças com Cancrolançaram um interessante livro dereceitas para crianças.Está à venda directamente naassociação (R. Prof. Lima Basto nº73 em frente do IPO, em Lisboa)ou nas livrarias, em todo o País.

A nova temporada do Auto da Barcado Inferno de Gil Vicente irá ficar emcena no Mosteiro dos Jerónimos até

Abril de 2006. Em cena: de terça asexta-feira, às 11h00 e 14h00.Mantendo as linhas gerais, masintroduzindo algumas alterações,sugeridas pelos próprios professores,o "Auto da Barca do Inferno" surgeeste ano com um site que apoiará avisita "animada" ao Mosteiro e aoespectáculo, e um programa comuma selecção de textos que reportamà obra de Gil Vicente, também ele útilna complementaridade pedagógicado espectáculo.António Pires aproveita a criticamordaz, inteligente e intemporal àsociedade e cria um espectáculo onde a proximidade com o públicoe sociedade actual nos obriga a reflectir sobre a nossa condição de"tipos". A forma de representar, a música actual, e os figurinoscontemporâneos terão a ver com a maneira como os jovens secomportam hoje em dia, os seus grupos e os seus tipos, de maneiraa criar uma maior empatia e identificação junto a este público. Dojogo de actores resulta um espectáculo divertido, com muito ritmo emuita acção, sem nunca descurar o lado pedagógico que é inerentea este projecto. O Texto é representado na íntegra.Informações e Reservas: sessões de terça a sexta-feira: às 11h30e 14h30; duração da visita: 30 minutos; duração: do espectáculo 1hora; lotação da sala: 220 lugares.Marcação prévia pelo telef: 21 342 08 10 • Telm: 91 857 07 74Email: [email protected] • www.ardefilmes.no.sapo.pt

A "Artemrede" anuncia a exibição de "Bão Preto", do Grupo "AComuna" - Teatro de Pesquisa, em Alcobaça (Cine-Teatro 14h30,15 de Fevereiro) e Minde (Cine-Teatro Rogério Venâncio, 17h00,26 de Fevereiro). Numa sociedade em ruínas em que reina o terrorda guerra e a agressão brutal que cobardemente destrói tudo etodos, a vida torna-se uma impossibilidade. Contudo entre as ruínase a desordem nasce sempre uma esperança jovem, e sempre novaque acorda e desperta todos os dias para contrariar aquele horror.Sem tréguas nem desânimo, há sempre quem desperte todos osdias com poesia e a certeza no olhar, de que a alegria é a coisamais séria da vida.

"Bão Preto" em Alcobaça e Minde

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22 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Teatro

Serralves realiza no Parlamentoa sua primeira grande exposição em Lisboa

CULTURAIS

“A Mais Velha Profissão” no Nacional D. Maria II

June Tabor

Até 16 de Abril

A

Luís Miguel CintraPrémio Pessoa 2005

Fundação de Serralves apresentaa sua primeira grande exposiçãoem Lisboa, na Assembleia daRepública, exibindo cerca de 80obras de 50 artistas contem-porâneos nacionais e estran-

geiros. A exposição, intitulada “O poder daarte”, decorre no edifício da Assembleia daRepública, sem alterar o seu ritmo defuncionamento, e apresenta obras depintura, escultura, instalação, livros deartista e vídeo.

As obras escolhidas permitem “umdiálogo de confronto com o espaço ondesão apresentadas”, explicou hoje aosjornalistas João Fernandes, director doMuseu de Serralves e comissário daexposição.

A escolha das peças, patentes até 16Abril, teve em conta vários condicionalis-mos pelo facto de o Parlamento não serpor vocação um espaço museológico,explicou João Fernandes.

Neste sentido, por exemplo, é reduzido onúmero de obras em suporte de papel, dadasas condições de humidade e temperatura.

Uma das peças apresentadas na salados Passos Perdidos, de autoria de PedroCabrita Reis, teve de ter em conta que esteespaço será um dos cenários da tomadade posse do próximo Presidente daRepública, como recordou a secretária--geral da AR, Adelina Sá Carvalho.

As peças expostas procuram “não colidircom a funcionalidade e a necessária eficáciado Parlamento”, frisou João Fernandes.

O comissário esclareceu que as obrasescolhidas “serão menos conhecidas deartistas relevantes mas procuram afirmaros caminhos de uma exposição”.

Entre os nomes escolhidos estão dosde Júlio Pomar, Paula Rêgo, Rui Chafes,Juan Muñoz ou Claes Oldemburg.

Para o presidente da Fundação deSerralves, António Gomes de Pinho, “estaprimeira grande exposição em Lisboa éuma cartão de visita da sua colecção masnão representativa”.

A colecção da Fundação portuense deSerralves é constituída por peças de artecriadas a partir da década de 1960, até àactualidade.

Além da exposição no Parlamento,Serralves mostra, paralelamente, peças da

A Mais Velha Profissão, de Paula Vogel, estáem exibição na Sala Garrett, do TeatroNacional D. Maria II, em Lisboa, até 19 deFevereiro, com apresentações de quarta-feiraa sábado às 21h30 e aos domingos às 16h00.A encenação é de Fernanda Lapa e atradução do texto de Pedro Cavaleiro e GraçaCorreia. Em palco estão: Fernanda Montemor,Maria José, Glória de Matos, Lia Gama eLurdes Norberto.Com cenário/figurinos de António Lagartoe desenho de luz de Nuno Meira, “A MaisVelha Profissão” conta com direcção musi-cal de Jeff Cohen.Como sintetiza Fernanda Lapa, “a acçãodesenrola-se num banco de jardim na VerdiSquare, Broadway, Nova Iorque, em 1981,pouco depois da eleição de Ronald Reagan.

Esta peça tem cinco personagens, cinco prostitutas em final de longas carreiras:Mae - a madame -; Úrsula; Lillian; Vera e Edna - as “meninas”. A mais novatem 72 anos e, enquanto esperam os seus clientes, as mulheres relembram osseus primeiros tempos em Nova Orleães onde, segundo Mae, “a profissão erahonesta”. São mulheres de negócio cujos clientes estão literalmente em extinção:um deles foi raptado pelos filhos; outro julga estar em 1940 e insiste em pagarcom meias de seda e outros estão no hospital e talvez não voltem.”“Paula Vogel - prémio Pulitzer com Como Aprendi a Conduzir - “utiliza” assuas personagens, as velhas prostitutas, para polemizar sobre a situaçãoeconómica da mulher numa sociedade masculina”, conclui a encenadora.Mais informações pelo telefone 213250835 .

O actor e encenador Luís Miguel Cintra foidistinguido com o Prémio Pessoa 2005, sendo assima primeira personalidade das artes do espectáculodistinguida com este galardão.O júri lembrou a carreira que Luís Miguel Cintra «temconstruído, ao longo de mais de três décadas, umpercurso exemplar, tanto como actor, como nosplanos da dramaturgia e da encenação».O fundador do Teatro da Cornucópia, ouvido pelaTSF, demonstrou-se surpreendido, mas satisfeito comesta distinção.«Considero que o Prémio Pessoa não só me lisonjeiaa mim, como ao grupo de pessoas com quem tenhotrabalhado, nomeadamente no Teatro da Cornucópia,onde tenho feito a minha casa de teatro», disse LuísMiguel Cintra.Em 2004, o Prémio Pessoa, instituído pelo semanário«Expresso» e pela empresa Unisys,tinha sido atribuído ao escritorMário Cláudio.O galardão distingue anualmenteuma figura portuguesa com«intervenção relevante»na vida científica, artís-tica e literária. | TSF,16/12/2005

As actrizes Glória de Matos, Lia Gama,Maria José e Fernanda Montemor

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JORNAL DA FENPROF 23JANEIRO 2005

Literatura

Seis escritores portuguesesvão ter obras editadas em Itália

sua colecção em Guimarães, Guardae Figueira da Foz.

A Fundação de Serralves “usoutodos os seus recursos” para estaexposição, para a qual são esperados40.000 visitantes, segundo Gomes dePinho.

Além da mostra está prevista arealização de outras iniciativas, no-meadamente um colóquio sobre artee a realização de performances.

Para Gomes de Pinho, “O poderda arte” é “uma experiência queconduz i rá à redescober ta daAssembleia da República comoespaço arquitectónico e comoinstituição”.

A visita à exposição, gratuita,será realizada em grupos com ummonitor.

A vertente educativa foi uma dasvalências tidas em conta. Os serviçoseducativos da Fundação e da Assem-bleia trabalharam em conjunto comobjectivo de levar alunos das escolasa visitar a exposição. Lusa, 10/01/2006

Os escritores António Rebor-dão Navarro, Augusto Baptis-ta, Francisco Duarte Mangas,Leonel Moura, Miguel Miran-da e Teresa Saavedra vão terobras publicadas em Itália,

revelou a Campo das Letras, que dá chancelaaos autores em Portugal.“Amêndoas, Doces, Venenos”, de AntónioRebordão Navarro, “Dois Urubus Pregados noCéu”, de Miguel Miranda, “O Medo Não PodiaTer Tudo”, de Augusto Baptista e FranciscoDuarte Mangas, “Fogo em Lisboa”, de LeonelMoura, “Inventário Frente ao Espelho”, deTeresa Saavedra, são os livros traduzidos paraitaliano.Os acordos foram firmados no âmbito dacolaboração entre a Campo das Letras e aeditora italiana Nonsoloparole e tendo emconta que Portugal será o país convidado daFeira Internacional do Livro de Turim, que vaidecorrer em Maio. | Lusa, 14/01/2006

Artes Plásticas

A Fundação Eugénio de Almeida exibe em Évorauma mostra da Colecção da Portugal Telecom, comtrabalhos de artistas contemporâneos portuguesesde várias gerações. A exposição funciona no Pátiode São Miguel, até 23 de Abril.O certame reúne nomes como Helena Almeida,António Palolo e, de uma geração mais jovem, Diogo

Pimentão ou Inês Botelho. São no total 27 obras, em diferentes suportes: do desenhoà pintura, passando pela fotografia.Mais pormenores pelo telefone 266748300

Exposição de arte contemporânea portuguesa em Évora

Até 26 de Fevereiro, a exposição da IX Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xiraapresenta, no Celeiro da Patriarcal, 270 trabalhos, incluindo os dos vencedores HélderMacedo e Manuel Luís Cochofel. Hélder Macedo e Cochofel venceram ex-aequo com ostrabalhos, respectivamente, “Vejo-te” e “Rolling lives” (...) . Os trabalhos fotográficos deAntónio José Marciano, João Margalha, Jorge Faria Rato, Luís Galo Veloso e Luís MiguelRocha foram distinguidos com Menções Honrosas.Esta IX Bienal, comissariada por Américo Silva, lançou ainda para concurso dois temasrelacionados com a cidade ribatejana, de que foram vencedoras Nélia Soares e TâniaAraújo (...) Nélia Rodrigues Soares, com um conjunto de trabalhos intitulado “Cidadesde touros”, venceu este ano o Prémio para o Melhor Conjunto sobre o tema“Tauromaquia”. Tânia Sofia Araújo, por seu turno, venceu o Prémio para o MelhorConjunto de Trabalhos sobre o tema “Concelho de Vila Franca de Xira”.A fotógrafa apresentou um conjunto de seis imagens com o título“Horas que passam... sem ninguém ver”. Nesta categoria doisoutros fotógrafos foram distinguidos com Menções Honrosas,Dirk Glawe, com um conjunto de fotografias intitulado “Linhado Comboio”, e Patrícia Tiago, com “Outsider”. | Lusa, 18/01/2006

IX Bienal de Fotografia de V. Franca de Xira

O festival “INJAZZ” arranca no início de Fevereiro eleva a Faro (Teatro Municipal), no dia 10, o MárioLaginha trio, e no dia seguinte, 11, outro trio dequalidade: o do saxofonista algarvio Hugo Alves. AOrquestra de Jazz de Matosinhos, dia 23, e CarlosBica, dia 24, assegurarão os últimos concertos doINJAZZ na capital algarvia, em Fevereiro o festivalcontinua até Abril noutras cidades como Torres No-vas, Aveiro e Montemor-o-Velho, numa excelentejornada de divulgação do jazz. Os concertos de Farocomeçam às 21h30.

Música

Jazz em Faro

Mário Laginha