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jornal do nikkey SÃO PAULO, 11 DE JANEIRO DE 2006 *SHIGUEYUKI YOSHIKUNI São muitas as pretensões que eu gostaria de ver con- cretizadas, mas vou ater-me em apenas uma. Proposta quase utópica, dirão, mas so- nhar é preciso. Dentre esses sonhos, o que mais preocu- pação tem afetado a tranqüi- lidade de muitos e tornado sombrio o futuro nikkei é o que pretendo abordar com a esperança de se não solucio- nado, pelo menos atenuado. A nossa comunidade pos- sui as melhores escolas da lín- gua japonesa no País, segun- do consenso de muitos pro- fessores do setor, bem como seus livros didáticos servem de referência a muitos outros estabelecimentos de ensino. Entretanto, gostaria que elas (as escolas), não ficassem somente no ensino do japo- nês apenas para que os patrícios – a maioria – fos- sem trabalhar no Japão. Paralelamente a essa ex- celência, não seria possível en- cetar campanha no sentido de amenizar essa tendência, qua- se que irresistível pelos dóla- res? Evitar que os nossos den- tistas, engenheiros, joguem no lixo os diplomas tão ardua- mente conquistados e se aven- turem lá no outro lado do mun- do. Que os componentes de escola da entidade – há mui- tos – apontassem alternativa, após estudos e debates enfocando os mais variados aspectos da questão. E os Bunkyos, com a moral e a se- riedade conquistadas nesses quase cem anos podem influ- enciar – e muito – na decisão dos jovens. Porque no meu entender, nem a 2ª Guerra atingiu tanto a comunidade nipônica como essa onda denominada de- kassegui. Não há estatística oficial, mas lares que se des- mancham a gente conta às dezenas. O fato já está sen- do objeto de tese de doutora- do e as conclusões não são nada alvissareiras, principal- mente quanto à estabilidade familiar e emocional dos en- volvidos. Entre eles estão os parentes, os amigos chega- dos. Os filhos, na idade que mais precisam dos pais por perto, ficam sós, com paren- tes e estes, por mais que se- jam carinhosos com eles, não os substituem. Os professo- res estão notando que essa falta de afetividade tem pre- judicado e muito no aprovei- tamento escolar. Que os pais não sejam substituídos por bugigangas eletrônicas do último tipo. Não se vê nenhuma mocinha sem um celular acoplado à máquina fotográfica digital que os pais não estejam tra- balhando no Japão. Compen- sação normal, dirão alguns céticos. Os Bunkyos não devem permanecer indiferente a esse fenômeno, já que nenhuma outra entidade conceituada tem interesse pelo assunto. Ao contrário, há inúmeras, até ofi- ciais, que vêm incentivando o êxodo, todos com um só obje- tivo: o aspecto econômico. Basta dar uma olhada nos classificados dos jornais da co- munidade nikkei. Quantos dó- lares virão ao País? Estão li- xando pouco ao aspecto hu- mano. Quantos órfãos de pais vivos ou quantas viúvas de cônjuge vivo? Isso não impor- ta, de maneira alguma. Que as ações judiciais co- brando prestação alimentícia de pais ausentes ou de sepa- ração judicial por abandono ou infidelidade tenham aumenta- do também não impressiona mais. Uma ação judicial mo- vida contra alguém residindo no Japão é cara, demorada, e mesmo que a autora tenha ra- zão, dificilmente verá seu pe- dido atendido dado a tantos trâ- mites burocráticos de um país para outro. Como tudo neste País, continuaremos varrendo os problemas para baixo do ta- pete? É melhor fingir que não há problema algum. O sonho não acabou, e será possível aguardar dias melhores desde que não te- nhamos receio de engajarmos nessa batalha. *Shigueyuki Yoshikuni é jornalista e reside em Lins (SP) OPINIÃO O que eu espero do ano novo (e dos Bunkyos) A Toyota Mercosul tem no seu comando, des- de janeiro deste ano, novo presidente. A missão do japonês Shozo Hasebe é dar continuidade aos trabalhos de expansão no mercado latino- americano, fortificada na ges- tão de Hiroyuki Okabe, que desde 2001 ocupava o cargo. A empresa, que fez a jun- ção em 2003 da Toyota do Brasil e da Argentina na uni- dade Mercosul, aposta na ex- periência de Hasebe, 52 anos – sendo 30 dentro da empre- sa. Uma cerimônia realizada na noite da segunda-feira (9), com a presença de cerca de mil pessoas num hotel em São Paulo, marcou a troca dos pre- sidentes. No evento, o vice-presiden- te executivo da Toyota Motor Corporation, Tokuichi Ura- nishi, enfatizou as conquistas da montadora na região, sob a direção de Okabe, que mesmo “com as condições adversas, como a desvalorização do câmbio argentino, superou as dificuldades”. No período, foi conquistado o posto de quinta maior montadora do Brasil e de empresa automobilística mais admirada, de acordo com a edição especial de novem- bro da revista Carta Capital. Na América Latina, as ven- das cresceram com os lança- mentos dos modelos Corolla (2002), Corolla Fielder (2003), Nova Hilux e Nova Hilux SW4 (2005). Segundo Uranishi, a meta neste ano é atingir a quantidade de 8,850 milhões de carros vendidos em todo o mundo. O resultado do ano pas- sado, 8,115 mi, já é motivo de comemoração, o que a deixa entre as maiores do mundo. Okabe, que de 1993 a 1997 esteve como diretor superin- tendente da área comercial, assumiu o posto de presidente quatro anos depois, inicialmen- te na Toyota do Brasil. Em 2003, com a criação da Toyo- ta Mercosul, acumulou mais uma função. No seu discurso aos presentes, relatou: “Relembrando o passado, re- cordo que a minha primeira chegada foi em 1993, em São Bernardo do Campo, quando as atividades se resumiam à comercialização do saudoso Bandeirante. Depois a base se estabeleceu firmemente para o progresso futuro, caminhan- do com muito sacrifício com as dificuldades nas economias brasileira e argentina. Mas acreditei no potencial da re- gião e hoje, com nosso esfor- ço, superamos obstáculos e começamos a andar no cami- nho certo.” Para ele, as principais con- quistas foram chegar ao pata- mar de mais de 100 mil veícu- los produzidos no Mercosul, servindo as plataformas de exportação à América Central, América do Sul e Caribe. Sob balas e granadas - O vice-presidente Uranishi des- tacou também o trabalho do novo indicado, que “superou a crise asiática de 1997, com força e determinação, num mercado competitivo”. Sua carreira foi construída na Ásia, tendo início em 1976 na Divisão de Atividades de Construções Residenciais, passando por outros cargos, e no último ano tendo atuado como gerente geral da Divi- são de Vendas e Marketing para as regiões do Oriente Médio e Sudeste da Ásia. De acordo com os dois executi- vos, uma direção “sob balas e granadas”. Formado em Economia na Universidade de Osaka, Hasebe se disse feliz em atu- ar num “mercado tão compe- titivo e de grandes desafios como o da América Latina”. Na sua visão, enxergava o Brasil como uma força emer- gente da economia mundial, compondo o grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e Chi- na). “Acompanhei de perto, e agora é meu foco. E as con- quistas não serão possíveis sem o apoio dos governos fe- deral, estaduais e municipais, de São Paulo [São Bernardo do Campo e Indaiatuba) e do Rio Grande do Sul [Guaíba]. Desejo dar continuidade a essa relação benéfica nos pró- ximos anos”, destacou. (Cíntia Yamashiro) EMPRESAS Shozo Hasebe assume como novo presidente da Toyota Mercosul A Associação Brasileira de Taiko (ABT) apresentou on- tem, no Nikkey Palace Hotel, em São Paulo, os integrantes da Seleção Brasileira e da equipe de Atibaia, que partici- pará da oitava edição do Cam- peonato de Juniores, marcado para março, na cidade de Matsumoto, no Japão. Os 11 integrantes – a maio- ria filhos de associados da As- sociação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Atibaia (Acenbra) – embarcam no dia 14 do mesmo mês para uma estadia de dez dias naquele país. A apresentação em solo japonês acontece no dia 19. Após o evento, os brasileiros devem fazer apresentações em escolas onde estudam filhos de dekasseguis nas províncias de Gunma e Nagano. E se depen- der da canja que deram à im- prensa – tanto os integrantes da Seleção Brasileira como a equi- pe de Atibaia quase colocaram as estruturas do hotel abaixo – os brasileiros têm tudo para fa- zer bonito. Segundo o presidente da ABT, professor Ii-sei Watana- be, a equipe júnior de Atibaia, que conquistou o título da cate- goria no 2º Campeonato Brasi- leiro, realizado no final de maio do ano passado, em São Paulo, participará do evento como convidada. Será a segunda par- ticipação do País na competi- ção. No ano passado, em Yo- kohama, o Brasil foi represen- tado pela equipe do Harmonia, de São Bernardo do Campo. “Trata-se de um campeo- nato bastante tradicional no Japão e, a exemplo do ano pas- sado, deve reunir 20 equipes selecionadas entre as 47 pro- víncias japonesas. Pelo que sabemos, são equipes que têm histórias e muitos anos de trei- namentos. Pelo que ouvimos falar, a Nippon Taiko Foun- dation [Federação Japonesa de Taiko] tem mais de 800 equipes associadas, sem con- tar as escolas, que deve girar em torno de 10 mil o número de instituições onde é possível aprender taiko”, destacou Wa- tanabe, acrescentando que o Brasil ainda está “engatinhan- do” no assunto. Seleção Brasileira - Segun- do ele, a viagem, patrocinada pela Zaidan – órgão do gover- no japonês que libera verbas a pedido da Federação Japone- sa de Taiko –, faz parte de um intercâmbio cujo objetivo é aprimorar a técnica dos brasi- leiros. “Ainda estamos em fase de treinamento e tudo virá no seu devido tempo, mas para isso é preciso continuar traba- lhando”, ensina. Nelson Yoshida, um dos res- ponsáveis pelo departamento de taiko da Acenbra, concor- da. “Implantamos o taiko em Atibaia há cerca de três anos com a vinda do professor [Yukihisa] Oda. Após seu re- torno ao Japão, tentamos dar continuidade sozinhos, mas constatamos que era imprescin- dível a presença de um orien- tador. Por isso, formamos um pool de associações e, desde fevereiro do ano passado, con- tamos com os serviços da pro- fessora japonesa Miyuki Hosoe”, explica Yoshida, lem- brando que Atibaia conta hoje com cerca de 50 praticantes, de várias faixas etárias, associa- dos ou não da Acenbra. “Dis- ponibilidade de tempo e gostar de taiko são os únicos requisi- tos para participar”, avisa. Além de iniciativas como essa da Acenbra, a ABT tam- bém tem procurado desenvol- ver um trabalho próprio para alavancar a prática do taiko no País. Para isso, criou a Sele- ção Brasileira de Taiko, que reúne de 15 a 20 músicos, de diversas entidades e associa- ções de São Miguel Paulista, Suzano, Osasco, Guaíra e Har- monia, entre outras. Um dos critérios para sele- cionar os integrantes foi na base do “olhômetro”, como admite o próprio Ii-sei Wata- nabe. “Mas também contamos com a ajuda de bons profes- sores”, justifica, acrescentan- do que a idéia é formar “um grupo de líderes que possa pro- pagar o ensino do taiko em suas respectivas regiões.” “Nossa proposta é formar um grupo coeso que possa trans- mitir também a cultura japone- sa”, afirma o presidente da ABT, que calcula em cerca de 3 mil o número de praticantes no Brasil. Confederação - Outro impul- so para o aperfeiçoamento do taiko no País, antecipa Wata- nabe, é a criação de uma Con- federação Brasileira de Taiko que, por enquanto, ainda está no papel. “Isso [a criação da Confederação] possibilitaria recebermos ajuda financeira do governo japonês. Desta for- ma, poderíamos repassar essa ajuda também para as associ- ações”, conta Watanabe, ex- plicando que, sem ajuda finan- ceira, a ABT contribui apenas com apoio técnico. Para viabilizar a criação de uma Confederação, são neces- sárias três federações, porém, atualmente existe apenas uma, a Federação Paulista, criada em fevereiro de 2005. “Estamos em negociação com os Estados do Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina, mas prefiro não estipular prazos. No entanto, a diretoria teria que ser aprova- da pelos representantes das três entidades”, observa Watanabe, que ressalta a importante con- tribuição do taiko para revitali- zação das entidades e associa- ções nikkeis. “Temos um exemplo clás- sico, que é a entidade em Bra- sília, que estava praticamente desativada. Com a implanta- ção do taiko, inicialmente atra- vés das crianças, a entidade se reergueu”, comemora ele, ga- rantindo que a ABT pretende “insistir” nas regiões onde não obteve sucesso. “O aprendizado do taiko possibilita também a propaga- ção da cultura japonesa atra- vés do idioma e dos costumes. Além disso, estamos às vés- peras das festividades do Cen- tenário da Imigração Japone- sa no Brasil e o taiko poderia dar uma valiosa contribuição”, conta Watanabe, antecipando que a ABT estuda a possibili- dade de apresentar um proje- to para obter recursos junto às empresas de origem japonesa. (Aldo Shiguti) TAIKO ABT apresenta Seleção Brasileira. Equipe de Atibaia participará de evento no Japão Equipe de Atibaia, que participará do Campeonato de Juniores JORNAL DO NIKKEY JORNAL DO NIKKEY Da esq. p/ dir.: Hiroyuki Okabe, Shozo Hasebe e Tokuichi Uranishi Os pais de autistas estão convocados a participar de um encontro que acontece no próximo sábado (14), das 9h às 11h, no prédio do Enkyo. Promovido pelo médico Takayuki Yano, pai de autista, a intenção é incentivá-los a manifestarem seus desejos de desenvolver a percepção dos filhos. “No momento, não existe nenhum movimento dos pais e queria criar um consenso nesse sentido.” Yano defen- de o método AVD (Ativida- de de Vida Diária), do qual irá apresentar, que não usa medicamento no tratamento, e visa a prática de exercíci- os físicos. Ele conta ainda que “o objetivo é criar um estilo de escola que será bas- tante útil para as crianças que têm o transtorno invasivo de comportamento [autismo].” O endereço é Rua São Jo- aquim, 381, 5º andar (sala de diretoria). Inscrições pelo te- lefone 11/3385-6601. Palestra - No dia 21 (sába- do), às 10h, acontece a se- SAÚDE Encontro com pais de autista visa criar força para construção de escola gunda palestra sobre o as- sunto, no Hospital Nipo-Bra- sileiro, com a professora ja- ponesa Takako Saegusa, que desde 1994 trabalha na esco- la de autistas Montevideo Higashi, no Uruguai. As ins- crições são feitas pelo tele- fone 11/3385-6606 e o local fica na Rua Pistóia, 100, no Parque Novo Mundo.

SÃO PAULO, 11 DE JANEIRO DE 2006

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Page 1: SÃO PAULO, 11 DE JANEIRO DE 2006

jornal do nikkeySÃO PAULO, 11 DE JANEIRO DE 2006

*SHIGUEYUKI YOSHIKUNI

São muitas as pretensõesque eu gostaria de ver con-cretizadas, mas vou ater-meem apenas uma. Propostaquase utópica, dirão, mas so-nhar é preciso. Dentre essessonhos, o que mais preocu-pação tem afetado a tranqüi-lidade de muitos e tornadosombrio o futuro nikkei é oque pretendo abordar com aesperança de se não solucio-nado, pelo menos atenuado.

A nossa comunidade pos-sui as melhores escolas da lín-gua japonesa no País, segun-do consenso de muitos pro-fessores do setor, bem comoseus livros didáticos servemde referência a muitos outrosestabelecimentos de ensino.Entretanto, gostaria que elas(as escolas), não ficassemsomente no ensino do japo-nês apenas para que ospatrícios – a maioria – fos-sem trabalhar no Japão.

Paralelamente a essa ex-celência, não seria possível en-cetar campanha no sentido deamenizar essa tendência, qua-se que irresistível pelos dóla-res? Evitar que os nossos den-tistas, engenheiros, joguem nolixo os diplomas tão ardua-mente conquistados e se aven-turem lá no outro lado do mun-do. Que os componentes deescola da entidade – há mui-tos – apontassem alternativa,após estudos e debatesenfocando os mais variadosaspectos da questão. E osBunkyos, com a moral e a se-riedade conquistadas nessesquase cem anos podem influ-enciar – e muito – na decisãodos jovens.

Porque no meu entender,nem a 2ª Guerra atingiu tantoa comunidade nipônica comoessa onda denominada de-kassegui. Não há estatísticaoficial, mas lares que se des-mancham a gente conta àsdezenas. O fato já está sen-do objeto de tese de doutora-do e as conclusões não sãonada alvissareiras, principal-mente quanto à estabilidadefamiliar e emocional dos en-volvidos. Entre eles estão osparentes, os amigos chega-

dos. Os filhos, na idade quemais precisam dos pais porperto, ficam sós, com paren-tes e estes, por mais que se-jam carinhosos com eles, nãoos substituem. Os professo-res estão notando que essafalta de afetividade tem pre-judicado e muito no aprovei-tamento escolar.

Que os pais não sejamsubstituídos por bugigangaseletrônicas do último tipo.Não se vê nenhuma mocinhasem um celular acoplado àmáquina fotográfica digitalque os pais não estejam tra-balhando no Japão. Compen-sação normal, dirão algunscéticos.

Os Bunkyos não devempermanecer indiferente a essefenômeno, já que nenhumaoutra entidade conceituadatem interesse pelo assunto. Aocontrário, há inúmeras, até ofi-ciais, que vêm incentivando oêxodo, todos com um só obje-tivo: o aspecto econômico.Basta dar uma olhada nosclassificados dos jornais da co-munidade nikkei. Quantos dó-lares virão ao País? Estão li-xando pouco ao aspecto hu-mano. Quantos órfãos de paisvivos ou quantas viúvas decônjuge vivo? Isso não impor-ta, de maneira alguma.

Que as ações judiciais co-brando prestação alimentíciade pais ausentes ou de sepa-ração judicial por abandono ouinfidelidade tenham aumenta-do também não impressionamais. Uma ação judicial mo-vida contra alguém residindono Japão é cara, demorada, emesmo que a autora tenha ra-zão, dificilmente verá seu pe-dido atendido dado a tantos trâ-mites burocráticos de um paíspara outro.

Como tudo neste País,continuaremos varrendo osproblemas para baixo do ta-pete? É melhor fingir que nãohá problema algum.

O sonho não acabou, eserá possível aguardar diasmelhores desde que não te-nhamos receio de engajarmosnessa batalha.

*Shigueyuki Yoshikuni é jornalistae reside em Lins (SP)

OPINIÃO

O que eu espero do ano novo(e dos Bunkyos)

AToyota Mercosul temno seu comando, des-de janeiro deste ano,

novo presidente. A missão dojaponês Shozo Hasebe é darcontinuidade aos trabalhos deexpansão no mercado latino-americano, fortificada na ges-tão de Hiroyuki Okabe, quedesde 2001 ocupava o cargo.

A empresa, que fez a jun-ção em 2003 da Toyota doBrasil e da Argentina na uni-dade Mercosul, aposta na ex-periência de Hasebe, 52 anos– sendo 30 dentro da empre-sa. Uma cerimônia realizadana noite da segunda-feira (9),com a presença de cerca demil pessoas num hotel em SãoPaulo, marcou a troca dos pre-sidentes.

No evento, o vice-presiden-te executivo da Toyota MotorCorporation, Tokuichi Ura-nishi, enfatizou as conquistasda montadora na região, sob adireção de Okabe, que mesmo“com as condições adversas,como a desvalorização docâmbio argentino, superou asdificuldades”. No período, foiconquistado o posto de quintamaior montadora do Brasil ede empresa automobilísticamais admirada, de acordo coma edição especial de novem-bro da revista Carta Capital.

Na América Latina, as ven-das cresceram com os lança-mentos dos modelos Corolla(2002), Corolla Fielder (2003),Nova Hilux e Nova Hilux SW4

(2005). Segundo Uranishi, ameta neste ano é atingir aquantidade de 8,850 milhões decarros vendidos em todo omundo. O resultado do ano pas-sado, 8,115 mi, já é motivo decomemoração, o que a deixaentre as maiores do mundo.

Okabe, que de 1993 a 1997esteve como diretor superin-tendente da área comercial,assumiu o posto de presidentequatro anos depois, inicialmen-te na Toyota do Brasil. Em2003, com a criação da Toyo-ta Mercosul, acumulou maisuma função. No seu discursoaos presentes, relatou:“Relembrando o passado, re-cordo que a minha primeirachegada foi em 1993, em São

Bernardo do Campo, quandoas atividades se resumiam àcomercialização do saudosoBandeirante. Depois a base seestabeleceu firmemente parao progresso futuro, caminhan-do com muito sacrifício com asdificuldades nas economiasbrasileira e argentina. Masacreditei no potencial da re-gião e hoje, com nosso esfor-ço, superamos obstáculos ecomeçamos a andar no cami-nho certo.”

Para ele, as principais con-quistas foram chegar ao pata-mar de mais de 100 mil veícu-los produzidos no Mercosul,servindo as plataformas deexportação à América Central,América do Sul e Caribe.

Sob balas e granadas - Ovice-presidente Uranishi des-tacou também o trabalho donovo indicado, que “superoua crise asiática de 1997, comforça e determinação, nummercado competitivo”. Suacarreira foi construída naÁsia, tendo início em 1976 naDivisão de Atividades deConstruções Residenciais,passando por outros cargos, eno último ano tendo atuadocomo gerente geral da Divi-são de Vendas e Marketingpara as regiões do OrienteMédio e Sudeste da Ásia. Deacordo com os dois executi-vos, uma direção “sob balas egranadas”.

Formado em Economia naUniversidade de Osaka,Hasebe se disse feliz em atu-ar num “mercado tão compe-titivo e de grandes desafioscomo o da América Latina”.Na sua visão, enxergava oBrasil como uma força emer-gente da economia mundial,compondo o grupo dos BRICs(Brasil, Rússia, Índia e Chi-na). “Acompanhei de perto, eagora é meu foco. E as con-quistas não serão possíveissem o apoio dos governos fe-deral, estaduais e municipais,de São Paulo [São Bernardodo Campo e Indaiatuba) e doRio Grande do Sul [Guaíba].Desejo dar continuidade aessa relação benéfica nos pró-ximos anos”, destacou.

(Cíntia Yamashiro)

EMPRESAS

Shozo Hasebe assume como novopresidente da Toyota Mercosul

A Associação Brasileira deTaiko (ABT) apresentou on-tem, no Nikkey Palace Hotel,em São Paulo, os integrantesda Seleção Brasileira e daequipe de Atibaia, que partici-pará da oitava edição do Cam-peonato de Juniores, marcadopara março, na cidade deMatsumoto, no Japão.

Os 11 integrantes – a maio-ria filhos de associados da As-sociação Cultural e EsportivaNipo-Brasileira de Atibaia(Acenbra) – embarcam no dia14 do mesmo mês para umaestadia de dez dias naquelepaís. A apresentação em solojaponês acontece no dia 19.Após o evento, os brasileirosdevem fazer apresentações emescolas onde estudam filhos dedekasseguis nas províncias deGunma e Nagano. E se depen-der da canja que deram à im-prensa – tanto os integrantes daSeleção Brasileira como a equi-pe de Atibaia quase colocaramas estruturas do hotel abaixo –os brasileiros têm tudo para fa-zer bonito.

Segundo o presidente daABT, professor Ii-sei Watana-be, a equipe júnior de Atibaia,que conquistou o título da cate-goria no 2º Campeonato Brasi-leiro, realizado no final de maiodo ano passado, em São Paulo,

participará do evento comoconvidada. Será a segunda par-ticipação do País na competi-ção. No ano passado, em Yo-kohama, o Brasil foi represen-tado pela equipe do Harmonia,de São Bernardo do Campo.

“Trata-se de um campeo-nato bastante tradicional noJapão e, a exemplo do ano pas-sado, deve reunir 20 equipesselecionadas entre as 47 pro-víncias japonesas. Pelo quesabemos, são equipes que têmhistórias e muitos anos de trei-namentos. Pelo que ouvimosfalar, a Nippon Taiko Foun-dation [Federação Japonesade Taiko] tem mais de 800equipes associadas, sem con-

tar as escolas, que deve girarem torno de 10 mil o númerode instituições onde é possívelaprender taiko”, destacou Wa-tanabe, acrescentando que oBrasil ainda está “engatinhan-do” no assunto.

Seleção Brasileira - Segun-do ele, a viagem, patrocinadapela Zaidan – órgão do gover-no japonês que libera verbas apedido da Federação Japone-sa de Taiko –, faz parte de umintercâmbio cujo objetivo éaprimorar a técnica dos brasi-leiros. “Ainda estamos emfase de treinamento e tudo viráno seu devido tempo, mas paraisso é preciso continuar traba-

lhando”, ensina.Nelson Yoshida, um dos res-

ponsáveis pelo departamentode taiko da Acenbra, concor-da. “Implantamos o taiko emAtibaia há cerca de três anoscom a vinda do professor[Yukihisa] Oda. Após seu re-torno ao Japão, tentamos darcontinuidade sozinhos, masconstatamos que era imprescin-dível a presença de um orien-tador. Por isso, formamos umpool de associações e, desdefevereiro do ano passado, con-tamos com os serviços da pro-fessora japonesa MiyukiHosoe”, explica Yoshida, lem-brando que Atibaia conta hojecom cerca de 50 praticantes, devárias faixas etárias, associa-dos ou não da Acenbra. “Dis-ponibilidade de tempo e gostarde taiko são os únicos requisi-tos para participar”, avisa.

Além de iniciativas comoessa da Acenbra, a ABT tam-bém tem procurado desenvol-ver um trabalho próprio paraalavancar a prática do taiko noPaís. Para isso, criou a Sele-ção Brasileira de Taiko, quereúne de 15 a 20 músicos, dediversas entidades e associa-ções de São Miguel Paulista,Suzano, Osasco, Guaíra e Har-monia, entre outras.

Um dos critérios para sele-

cionar os integrantes foi nabase do “olhômetro”, comoadmite o próprio Ii-sei Wata-nabe. “Mas também contamoscom a ajuda de bons profes-sores”, justifica, acrescentan-do que a idéia é formar “umgrupo de líderes que possa pro-pagar o ensino do taiko emsuas respectivas regiões.”“Nossa proposta é formar umgrupo coeso que possa trans-mitir também a cultura japone-sa”, afirma o presidente daABT, que calcula em cerca de3 mil o número de praticantesno Brasil.

Confederação - Outro impul-so para o aperfeiçoamento dotaiko no País, antecipa Wata-nabe, é a criação de uma Con-federação Brasileira de Taikoque, por enquanto, ainda estáno papel. “Isso [a criação daConfederação] possibilitariarecebermos ajuda financeirado governo japonês. Desta for-ma, poderíamos repassar essaajuda também para as associ-ações”, conta Watanabe, ex-plicando que, sem ajuda finan-ceira, a ABT contribui apenascom apoio técnico.

Para viabilizar a criação deuma Confederação, são neces-sárias três federações, porém,atualmente existe apenas uma,

a Federação Paulista, criada emfevereiro de 2005. “Estamosem negociação com os Estadosdo Paraná, Rio de Janeiro eSanta Catarina, mas prefiro nãoestipular prazos. No entanto, adiretoria teria que ser aprova-da pelos representantes das trêsentidades”, observa Watanabe,que ressalta a importante con-tribuição do taiko para revitali-zação das entidades e associa-ções nikkeis.

“Temos um exemplo clás-sico, que é a entidade em Bra-sília, que estava praticamentedesativada. Com a implanta-ção do taiko, inicialmente atra-vés das crianças, a entidade sereergueu”, comemora ele, ga-rantindo que a ABT pretende“insistir” nas regiões onde nãoobteve sucesso.

“O aprendizado do taikopossibilita também a propaga-ção da cultura japonesa atra-vés do idioma e dos costumes.Além disso, estamos às vés-peras das festividades do Cen-tenário da Imigração Japone-sa no Brasil e o taiko poderiadar uma valiosa contribuição”,conta Watanabe, antecipandoque a ABT estuda a possibili-dade de apresentar um proje-to para obter recursos junto àsempresas de origem japonesa.

(Aldo Shiguti)

TAIKO

ABT apresenta Seleção Brasileira. Equipe de Atibaia participará de evento no Japão

Equipe de Atibaia, que participará do Campeonato de Juniores

JORNAL DO NIKKEY

JORNAL DO NIKKEY

Da esq. p/ dir.: Hiroyuki Okabe, Shozo Hasebe e Tokuichi Uranishi

Os pais de autistas estãoconvocados a participar deum encontro que acontece nopróximo sábado (14), das 9hàs 11h, no prédio do Enkyo.Promovido pelo médicoTakayuki Yano, pai de autista,a intenção é incentivá-los amanifestarem seus desejosde desenvolver a percepçãodos filhos.

“No momento, não existenenhum movimento dos paise queria criar um consensonesse sentido.” Yano defen-de o método AVD (Ativida-de de Vida Diária), do qualirá apresentar, que não usamedicamento no tratamento,e visa a prática de exercíci-os físicos. Ele conta aindaque “o objetivo é criar um

estilo de escola que será bas-tante útil para as crianças quetêm o transtorno invasivo decomportamento [autismo].”

O endereço é Rua São Jo-aquim, 381, 5º andar (sala dediretoria). Inscrições pelo te-lefone 11/3385-6601.

Palestra - No dia 21 (sába-do), às 10h, acontece a se-

SAÚDE

Encontro com pais de autista visa criar força para construção de escolagunda palestra sobre o as-sunto, no Hospital Nipo-Bra-sileiro, com a professora ja-ponesa Takako Saegusa, quedesde 1994 trabalha na esco-la de autistas MontevideoHigashi, no Uruguai. As ins-crições são feitas pelo tele-fone 11/3385-6606 e o localfica na Rua Pistóia, 100, noParque Novo Mundo.

Page 2: SÃO PAULO, 11 DE JANEIRO DE 2006

2 jornal do nikkey 11 de janeiro de 2006

C o n t a t o : c a c a u y o s h i d a @ u o l . c o m . b r

Colaboração: Marcus Hide

1: Roberto Uemura, Kihatiro Kita e Orídio Shimizu2: Kozo Ono, Mario Nakamura e Luis Aoyama3: Mônica Uehara, Elisa Nageishi e Rosa Satomi4: Masako Sigueta, Mayumi Nakanishi, CherAoyama, Sayuri Kiyota, Cida Nakamura e AliceMano5: Lauro Roberto Simões Maia e Eisuke Mano6: Inácio Hirayama, Roberto Uemura, Teruo Tana-ka, Terio Uehara, Kazuo Satomi, Komei Tomiokae Clóvis Kusano7: José Thida e Iwao Urakawa

A Kibô-No-Iê realizou o seu shinnenkai para a diretoria da entidade. O evento, que aconteceu nasexta-feira (6), foi muito descontraído e reuniu cerca de 30 pessoas, que fizeram o brinde comsaquê com flocos de ouro para trazer muito sorte no ano de 2006.

1: Yumiko Hasebe e Shozo Hasebe,novo presidente da Toyota

2: Kayoko Uranishi e Takuichi Uranishi,sênior vice-presidente da TMC

3: Julie Ann Okabe e Hiroyuki Okabedespedem-se do Brasil

4: Entre os convidados, Mario Iwamizue Kokei Uehara

5: Fernando Takada, Nilce Sakatae Makoto Tanaka

A Toyota realizou na segunda-feira (9) um grande evento para a despedida do seu antigo presi-dente e apresentação do recém-chegado, Shozo Hasebe, que ficará por cerca de quatro anos nocomando da Toyota Mercosul. Cerca de mil convidados estiveram presente no salão principal deeventos do Hotel Grand Hyatt São Paulo. Concesionários de todo o Brasil e da Argentina sereuniram para conhecer a novo presidente.

A Asebex promove até o dia 3 de fevereiro o Koshukai 2006, um conjunto de seminários cujoprincipal objetivo é fornecer informações que contribuirão para um melhor aproveitamento desua bolsa de estudos ou estágio no Japão. A abertura aconteceu na segunda-feira (9), no IwateKenjinkai.

1: Cerimônia de abertura - Mesa de autoridades com

Takanori Sekine (1º vice-presidente do Bunkyo), Rina

Sugimoto (vice-cônsul Cultural em São Paulo),

Eduardo Kashimata (presidente 2006 da Asebex),

Hiroaki Chida (1º vice-presidente do Kenren e presi-

dente do Iwate Kenjinkai do Brasil) e Ryuusuke Ishi-

bashi (dretor geral da JICA em São Paulo)

2: Confraternização com as autoridades: Lean-

dro Hattori (vice-presidente da JCI Brasil-Japão),

Mei Kanatani (Conselho da Asebex e presidente

2005), Shinji Yonamine, Eduardo Kashimata (pre-

sidente da Asebex 2006), Kazuki Watanabe (“senior

counselor for Japan” do BID), Kaori Shirosawa

(“Program Officer, Japan Program” do BID) e

Kaname Okada (“Chief Japan Program” do BID)

3: Coffee break

4: Confraternização da Asebex com os represen-

tantes do BID (Banco Interamericano de Desen-

volvimento) - Kaname Okada, Mei Kanatani,

Kaori Shirosawa e Kazuki Watanabe

5: Entre a platéia: Lucilia Satomi (presidente da

JCI Brasil-Japão gestão 2006), Edson Yamamoto,

Noboru Hataiama, Márcia Nakagawa e Omar

Okino

Nessa época do ano, ospacotes para estações de es-qui estão bem acessíveis comoBariloche, que no inverno ficarestrito a poucos turistas, nãosó pelos seus preços exorbi-tantes, mas também pela ba-dalação e falta de tranqüilida-de.

É uma boa oportunidadepara conhecer esses estaçõesda América do Sul, nesta épo-ca do ano.

O pacote sai a partir deUS$ 714,00 por pessoa emapartamento duplo para omês de fevereiro de 2006. Assaídas são diárias.

O pacote inclui: Passagemaérea de ida e volta em vôoAerolineas Argentinas, com 6noites de hospedagem no ho-tel escolhido, com café da ma-

VIAGENS

Bariloche Clássico – 7 dias (Aéreo + terrestre)

nhã, traslados de chegada esaída, traslados de Ezeiza aAeroparque em Buenos Aires,passeios Cerro Catedral e Cir-cuito Chico e seguro-viagemTouristcard Fly Plus.

Observação dos preços:Tarifas em dólares americanospor pessoa em para saídas deSão Paulo. Não estão incluí-das taxas aeroportuárias. Ta-rifas sujeitas a disponibilidadee alteração sem prévio aviso.

Parcelamento em 4x semjuros (40% entrada + saldo em3 parcelas) no cheque pré-da-tado ou no cartão de créditoou ainda em até 12 vezes comjuros.

1º dia: São Paulo/BuenosAires/Barilhoche: Apresenta-ção direta no aeroporto para

embarque com destino aBariloche. Chegada, recep-ção e traslado do aeroportoao hotel. Alojamento.2º dia - Bariloche: Café damanhã e alojamento no hotel.Pela manhã, passeio regularCircuito Chico (semascenção). Tarde livre.3º dia - Café da manhã e alo-jamento no hotel. Pela ma-nhã, passeio regular CerroCatedral (sem ascensção).Tarde livre.4º dia - Bariloche: Dia livrepara atividades pessoais.5º dia - Bariloche: Dia livrepara atividades pessoais.6º dia - Bariloche: Dia livrepara atividades pessoais.7º dia: Bariloche/São Paulo:Café da manhã. Traslado aoaeroporto para embarque devolta ao Brasil.

Diretores da Toyota brindam o evento com ta-ças de champanhe, antes do coquetel servidoaos participantes