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Restaurante Universitário sob o olhar dos funcionários. Pág. 06 Museus de Londrina são redescobertos. Pág. 10 Esporte de base passa a ser o foco de Londrina Pag. 11 Vendaval: problemas emergem Londrina e região ainda sofrem com os danos causados pelo temporal Ano 40 - Nº 3 - 27 de setembro de 2013

Jornal PreTexto Expresso 3

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Pretexto Jornal Expresso - N º 03 27-09-2013 Jornal Laboratório produzido pelo 4 º ano do Curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

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Restaurante Universitário sob o olhar dos funcionários. Pág. 06

Museus de Londrina são redescobertos. Pág. 10

Esporte de base passa a ser o foco de LondrinaPag. 11

Vendaval: problemas emergem

Londrina e região ainda sofrem com os danos causados pelo temporal

Ano

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F alar de infância é falar de pé no chão. Pé sujo, de brincar no quintal o dia inteiro, de subir na jabuticabeira. No bol-so da bermuda, as moedinhas das jabuticabas vendidas pra avó, pro tio, pra mãe, pro vizinho. Aos sábados de manhã,

roubar tijolos e tábuas do tio pra construir prateleiras em baixo da jabuti-cabeira e brin-car de casinha. Falar de infância é falar da som-bra refrescante da minha jabuti-cabeira.

Do balanço que eu construí nela, e do azedinho das jabu-ticabas. No fim da tarde, comer melancia sentada na calçada. Falar de infância é falar dos cabelos emaranhados pelo vento, o vento que encontrava o sorriso e as gargalhadas quando o balanço subia. Pela manhã, fazer buraquinhos na terra pra minha avó colocar a semente das verduras. Regar as mudas. Ajudar meu tio a alimentar

as galinhas e os porcos. Falar de infância é falar da minha égua, e das gargalhadas que eu soltava quando meu pai se dava conta da velocidade que eu permitia a ela alcançar. É falar do Sansão, o dog alemão maior que eu, meu eterno guardião. É falar da Diana, minha boxer, minha amiga. Falar de infância é falar do paiol onde minha avó armazenava batatas e cebolas, e onde eu arranjava um espacinho pra guardar minha bicicleta. É falar de longos passeios de bicicleta com meu pai aos domingos. Falar de infância é falar de tocar violão na varanda à noi-te. É falar do medo que eu tinha das aranhas na oficina do meu avô, e do carinho que ele tinha com a velha Belina cor de nariz de palhaço. Falar de infância é falar do carrinho de rolimã, de não saber dirigir o carrinho e dos arranhões no arame farpado. Falar de infância é falar do cheiro do bolo de uva da minha avó. Do pão quentinho com manteiga. De dias frios, tão frios que minha mãe não deixava subir da jabuticabeira. De dias chuvosos, em que o quintal se enchia de caracóis. Falar de infância é falar de três irmãos loirinhos. É falar da alegria com a visita dos primos. É falar de liber-dade. Falar de infância, especialmente, é falar de saudade. Sau-dade da casa, dos bichos, do pé na terra. Saudade da minha jabu-ticabeira.

No ano de 1994, o Estado Norte-Americano da California criou a chamada “Three-strikes Law” segundo a qual, criminosos com três condenações seguidas estão sujeitos, a uma pena que pode ir desde 25 anos de detenção até

prisão perpétua. Na época, a medida foi polêmica e além de contribuir para o aumento da população carcerária daquele estado, também fez aumentar substancialmente a violência contra policiais. No ano de 2013, Londrina passa por uma situação que também envolve intolerância entre a população e a polícia. Nas últimas semanas, com exatos 7 dias de intervalo duas festas universitárias foram interrompidas de forma abrupta pela polícia após denúncias sobre o incômodo que geravam devido á movimentação de pessoas. Londrina, não tem áreas com uma densidade demográfica intensa, no entanto tem um grande número de jovens devido à vida universitária. Esses jovens em média dedicam um terço do tempo com atividades de estudos e trabalhos, sem contar a despesas com alimentação e moradia - uma série de gastos que resulta em um alto padrão despesas, e restringe orçamento para outras atividades como lazer e entretenimento. As festas em repúblicas são uma

alternativa barata para divertimento que atende a demanda de um grupo sem grandes recursos para lazer. Deve haver o direito ao lazer, desde que o direito não interfira no direito de moradores dos bairros. Tal assimetria exige compreensão para que possa ser resolvida. Os dois lados devem garantir seu direito de ir e vir, no entanto a interrupção cada vez mais freqüente das festas é sintoma de que um acordo ainda é distante. Como resolver esse desgaste? Ações como a truculência da polícia, parecem resultados de total despreparo e assim como a “three strikes law” não resolvem o problema. O preconceito com universitáriaos – como ficou registrado em diversos comentários em sites de notícia – é um problema muito emblemático para a questão, é preciso primeiro se despir de tais idéias, para que ao menos a perspectiva de uma resolução possível. Do contrário apenas estaremos vendo a repetição de ações baseadas em total despreparo que aumentaram o repúdio aos órgãos de vigilância do estado. Há dois opostos em conflito, e o diálogo ainda deve prevalecer ao invés da repressão e do conflito.

Jornal Laboratório produzido pelo4º ano do Curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina

Coordenação Editorial(docentes responsáveis):Emerson DiasFábio SilveiraGisele RechLauriano Benazzi

Editor-Chefe:Bruno Leonel

Chefe de Redação:Bruno Cunha

Projeto Editorial:Emerson DiasFábio SilveiraGisele RechLauriano Benazzi

Projeto Gráfico:Erick LopesLais TaineLauriano Benazzi

Diagramação:Andreza PandulfoAngela OtaErick LopesHeron HeloyLais Taine

Chefe do Departamentode Comunicação:Mário Benedito Salles

Coordenador do Colegiadode Jornalismo:Ayoub Hanna Ayoub

Correspondência:Coordenação do Curso de JornalismoUEL – Universidade Estadual de LondrinaRodovia Celso Garcia Cid, BR 445, Km 380CEP 86057-970 Londrina – PRTel.: (43) 3371-4328E-mail: [email protected]

PreTexto na Internet:facebook.com/JornalismoUEL www.issuu.com/jornalpretextowww.jornalismouel.com

Diálogo do silêncio

Meu pé de jabuticabaAna Carolina Luz

Opinião02 27 de setembro de 2013

EDITORIAL

CRÔNICA

Falar de infância é falar da minha égua, e das gargalhadas que eu soltava quando meu pai se dava conta da velocidade que eu permitia a ela alcançar. É falar do Sansão, o dog alemão maior que eu, meu eterno guardião.

Charge de Carlos Latuff retrata as ações de “vigilância” do governo americano sobre o brasileiro; Depois de reportagens que mostraram ações de espionagem americana contra Dilma, assessores e dirigentes da Petrobras, as relações entre EUA e Brasil estão no limiar do rompimento. Governo brasileiro cobra uma posição de Obama, que até o momento não foi claro o suficiente em suas justificativas..

MEMÓRIA PRETEXTO

Há exatos 20 anos, em setembro de 93, o Pretexto perguntava aos estudantes-leitores se eles conheciam a Universidade onde viveriam no mínimo quatro anos de suas histórias. Os perfis dos candidatos a reitoria também eram esmiuçados na edição, assim como a crônica futebolística que imaginava um futuro (2005) onde os torcedores saudosistas do LEC relembravam as glórias do time.

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DEBATES

NAS REDES

[email protected]/JornalismoUEL issuu.com/jornalpretextojornalismouel.com

Confira o PreTexto e as produções dos estudantes do curso de Jornalismo da UEL na internet. Mande seus comentários e sugestões de pauta através do Facebook e do Twitter. Acompanhe também a versão digital dos jornais laboratórios e as produções das demais séries no portal de notícias do curso.

Parecer

O que você espera quan-do vai ao teatro assistir a uma apresentação de dança? Geral-mente as companhias ou es-colas de dança disponibilizam um release do espetáculo pre-viamente, o público assim sabe o que encontrará: o autor da trilha sonora, o estilo da core-ografia, ou até mesmo cenário e figurino, com a divulgação das fotos. Ainda que exista essa divulgação, o que não ocorre sempre, as apresenta-ções podem sempre surpre-ender, às vezes para melhor outras para pior.

Dos desconfortos que os coreógrafos ou diretores cos-tumam usar em cena, geral-mente o que mais incomoda é o silêncio. Isso porque eu falo aqui sobre desconfortos, e não desrespeito. Já pude presenciar o que eu consi-dero desrespeito, como o artista vomitar diversas vezes em cena (não acidentalmen-te, mas propositalmente), ou espalhar lama no teatro e nas primeiras fileiras da plateia, do público desavisado. Isso tra-ta da opinião dessa colunista, muitas outras pessoas consi-deram esses fatos como arte, respeito essa outra opinião.

Voltando ao nosso assun-to, tratando-se de desconfor-tos, o silêncio costuma real-mente incomodar a plateia. Por se tratar de um espetáculo de dança, o público espera ver os passos ritmados com uma trilha sonora, quando isso não acontece as pessoas podem se dispersar , prestar atenção nos barulhos fora do teatro, no que as outras pessoas estão fazendo. A música de fato tem essa característica de prender a atenção, mas não é tudo. Com o silêncio o artista pre-tende mostrar o público que a dança também existe na quie-tude. Sem o elemento musical a plateia tem a oportunidade de se concentrar exclusiva-mente na movimentação dos bailarinos, nos sons que a pró-pria dança produz.

Mas por qual motivo o silêncio nos provoca descon-forto? Estamos acostumados ao barulho constante, tele-visão, rádio, trânsito. Com a modernização, são raros os momentos que ficamos total-mente em silêncio. Deixa-nos inseguros, impacientes com o que pode acontecer, ou com os pequenos ruídos que apa-recem. Essa insegurança não é só característica do público, os artistas sem o elemento musical também sofrem des-sa insegurança, as atenções se concentram puramente nele, nos sons que a sua coreografia irá produzir, o artista também sai de sua área de conforto.

Essa questão do silêncio e do desconforto provoca-do por ele mostra que a arte reflete muito do cotidiano da sociedade. Sentimos-nos des-confortáveis com o que não estamos habituados. Habituar--se a estar no silêncio, ouvir o que a coreografia produz, se concentrar exclusivamente no que está em cena, algo difícil de ser feito nos dias atuais. Mas é uma questão de hábito.

Recenetemente, uma discussão a respeito de amizade virtual fez com que eu parasse um pouqui-nho meus dias de correria e re-

clamações para refletir sobre os relaciona-mentos humanos no universo on-line. E me intriga muito o fato de algumas pessoas acreditarem que vivem outra vida através da tela. Como se fossem capazes de se dividirem em duas personalidades: a que respira e a que digita. A vida virtual nada

mais é do que um complemento da pes-soal, como uma sincronização de dados: downloads para sua mente e uploads para a rede. Você não se torna outra pessoa a cada novo perfil em uma rede social, a cada nickname que inventa nas salas de bate-papo ou a cada nova foto postada no Instagram. Você ainda é um ser humano

só, sabe? E é por isso que suas ações têm o mesmo valor em qualquer uma das pla-taformas que esteja agindo.

Tudo bem, eu sei que paciência não é uma coisa que a gente pode ficar desperdiçan-do na era da informação, então vou dizer logo o que eu pretendo hoje: o que confi-gura traição para você? Os mesmos pixels e códigos que alimentam os mais diversos sentimentos também são capazes de fazer o oposto? Beleza, pergunta mal-elabora-da, desculpa. Porque, no fim, a tecnologia não faz nada sozinha e não vai destruir o relacionamento de ninguém do nada. Va-mos trabalhar melhor isso: quando falamos em relacionamento, na minha singela e inocente opinião, falamos sobre confian-ça. Ela é a base da coisa. Talvez essa minha percepção sobre sentimentos possa soar até um pouco infantil, mas, ora, se senti-mento é algo tão forte que não conhece o conceito de distância, e se suas ações têm o mesmo peso na rua da sua casa ou no fórum virtual xis, por que uma conversinha mal-intencionada com a mocinha da Bul-gária deveria ser considerada banal? Se a conversa é mal-intencionada, não importa se vai se concretizar a safadeza ali escrita ou não. Importa que ela está acontecendo.

Meu pensamento pode parecer meio complicado nessa tentativa desesperada de compartilhar o que eu acho, porque eu entendo que se você pensa de um jeito completamente diferente, as minhas ex-plicações e exemplos não estão fazendo o

mínimo sentido. Resumindo, então, para aqueles que têm um sistema operacional não compatível com o meu: O você-do--bate-papo-uol e o você-que-dorme--junto são a mesma pessoa. Seu(ua) companheiro(a) também é o(a) mesmo(a) na cama e no Facebook. Omitir com silên-cio ou com limpeza de histórico é omissão de todo jeito. E você não é mais justo e santo por se mostrar na webcam e não na praça do centro.

Por outro lado, eu, você e, se duvidar, até meus ancestrais mais conservadores, já sabemos e não ignoramos os mais dife-rentes relacionamentos existentes por aí, mas, ainda assim, concordamos que o tal do sentimento é universal, certo? Obvia-mente que meu objetivo aqui não é fazer o conselheiro amoroso e orientar sua vida afetiva, mas conversar um pouco sobre esses pensamentos um tanto quanto tor-tos acerca da vivência online. Cada casal, trio, grupo ou amigo colorido, sabe o que é melhor e mais saudável para suas vidas e, como eu bem tenho ouvido ultimamen-te, “o combinado não sai caro”, entende? Não é determinada ação ou conversa, seja no boteco ou no Skype, que define se seu relacionamento tem futuro ou está fracas-sado, mas como isso tem sido feito e com-partilhado. É o que eu tenho falado desde o título, caro amigo: trata-se da confiança.

Erick Lopes é graduando de Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina

Da confiança

Tudo bem, eu sei que paciência não é uma coisa que a gente pode ficar desperdiçando na era da informação, então vou dizer logo o que eu pretendo hoje: o que configura traição para você? Os mesmos pixels e códigos que alimentam os mais diversos sentimentos também são capazes de fazer o oposto?

GiovannaMachado

Erick Lopes

VendavalNa foto, pequena mostra dos danos causados pelas chuvas no dia 21 de Setembro de 2013. Não há como se prevenir contra mudanças de tempo e intempéries da natureza, sem aviso as chuvas e ventos de mais de 170 km/h derrubaram árvores, arrasaram com toldos, portões e causaram diversos prejuízos. Na imagem árvore derrubadas no vale do rubi.

Opinião 0327 de setembro de 2013

DEBATES

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ela

Ota

MEMÓRIA PRETEXTO

Desconforto

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Londrina04 27 de setembro de 2013

Moradores do Vista Bela acumulam prejuízosNo último domingo, uma forte ventania causou diversos estragos na cidade. No Residencial Vista Bela, um dos locais mais afetados, revelam-se diversos reflexos da situação

TEMPORAL

Com ventos de até 107 km/h, segundo o Instituto Tecnológico Simepar, uma forte tempestade atingiu Londrina na tarde do dia 22 de setembro. O temporal, que ini-ciou-se por volta das 13:45 e teve duração de cerca de 15 minutos, destelhou muitas residências e afetou o fornecimento de energia elétrica em diversos pontos da ci-dade.

Apesar de não terem sido re-gistradas mortes, diversas famílias ainda sofrem com os efeitos do ocorrido, caso de muitos morado-res do Residencial Vista Bela, zona norte de Londrina, onde cerca de 150 casas foram parcialmen-te destelhadas. Construídas pela Companhia de Habitação do Mu-nicípio (Cohab), através do pro-grama “Minha Casa, Minha Vida”, deverão ser reparadas por meio do seguro do imóvel, que todas possuem. Em comunicado oficial, o presidente da Cohab, José Ro-berto Hoffman, disse que a Caixa Econômica Federal foi acionada e já está tomando as providências cabíveis, entretanto o seguro é vá-lido apenas para as moradias, não oferecendo cobertura para mó-veis, eletrodomésticos ou quais-quer outros bens que tenham sido danificados.

Em meio a este panorama, a reportagem do Pretexto foi até o Vista Bela, e conversou com vários moradores afetados pelo aconteci-mento. Por trás dos números ofi-ciais, diversas histórias se revelam.

PrejuízosMais de quarenta e oito horas

já haviam se passado desde que

Stefani e Ketelin auxiliam a mãe, Cibele, a pintar as paredes da casa: tentativa de afastar o mofo causado pela umidade

Dois dias após o temporal, o sol auxilia na recuperação dos móveis

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O presidente da Com-panhia Municipal de Trânsi-to e Urbanização (CMTU) de Londrina, Carlos Alber-to Geirinhas, anunciou, esta semana, o rompi-mento do contrato com a Visatec. Os motivos da rescisão, de acordo com Geirinhas, são a ausência de certidões negativas de débitos federais e de débi-tos trabalhistas, frota mais velha do que o acordado em contrato e ausência de seguro-garantia obrigató-rio. A empresa era a res-ponsável pelos serviços de capina, roçagem e limpeza dos lagos de Londrina e o contrato teria prazo de duração até 2017. Empre-sas serão contratadas de modo emergencial para re-alizar os serviços que não serão mais prestados pela Visatec.

POLUIÇÃO NO LAGO IGAPÓ

A nascente do córrego Baroré que desemboca no Lago Igapó 4, em Londri-na, está sendo poluída com grande quantidade de óleo. Moradores da zona oeste, no Jardim Tókio, comen-tam que o crime ambiental seria cometido pela em-presa Gabriel & Filhos, do ramo de terraplanagem e drenagem. A empresa já foi alvo de fiscalização da Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) e da Vigi-lância Ambiental. Segundo o secretário, Cleuber Mo-raes Brito, a Prefeitura re-cebeu a denúncia há duas semanas. A empresa foi notificada e inclusive já se reuniu com a Secretaria, se comprometeneo a parar de fazer a lavagem do óleo e a consertar as irregulari-dades

RESTAURANTE POPULAR FECHADO

Falhas das empresas interessadas em assumir o Restaurante Popular de Londrina, fechado há três meses, atrasam a reabertu-ra do serviço. Três empre-sas já foram desclassificas no processo licitatório e agora uma quarta empre-sa, de Cornélio Procópio, passa pelo mesmo trâmi-te. O secretário de Gestão Pública, Rogério Carlos Dias, afirma que o risco de não se chegar a uma em-presa com condições para assinar o contrato é pe-queno, pois oito empresas foram classificadas. O valor do contrato, segundo o se-cretário, não tem sofrido grandes alterações de uma empresa para outra.

Extras

o momento em que o vendaval atingiu o Vista Bela, mas os estra-gos provocados ainda eram bem visíveis. Logo na entrada do bairro, duas construções de grande por-te – oficialmente pertencentes ao vizinho Jardim Padovani – apre-sentam avarias. A primeira delas, um barracão particular em cons-trução, tinha uma de suas paredes laterais completamente destruída. A segunda, uma igreja evangélica, estava tendo seu telhado reparado por alguns homens, entre os quais Cícero do Nascimento, pastor do local, que comentou: “Os prejuí-zos financeiros só não foram maio-res porque conseguimos proteger a aparelhagem de som. Mesmo assim, calculo que arrumar todo o estrago custará cerca de R$ 20 mil”.

Já no interior do Vista Bela, as casas térreas geminadas foram as construções que mais intensamen-te sofreram danos. Pelas ruas, mó-veis e eletrônicos se acumulavam em frente a várias casas, já que o dia de sol contribuía para a tentati-va de recuperação de alguns deles. Claudinéia da Silva, moradora do local, contou que o episódio só veio a agravar sua difícil situação. Segundo ela, praticamente todo o final de semana falta água no bairro, o que muito prejudica as famílias, principalmente nas casas onde há crianças pequenas. Claudinéia teve sua residência inundada pela água da chuva, o telhado e o forro do local necessitam de reparos, pois podem não suportar um próximo temporal. Mesmo sabendo disso, ela pondera: “não dá para esperar

Soraya Momi

do Governo, uma vez que honra mensalmente o contrato do finan-ciamento: “Não é fácil pagar, vivo com muito pouco. Mesmo assim, todo o mês o boleto chega e eu pago certinho”, afirma.

Na luta pela recuperação dos estragos de sua moradia, restou à dona de casa Cibele de Assis im-provisar a impermeabilização das paredes de sua sala e quarto com restos de tinta comum. Diversos móveis foram levados para fora, para secarem ao sol. A geladeira, entretanto, não teve salvação, e a família está utilizando outro eletre-doméstico, emprestado de uma conhecida. Cibele comenta os acontecimentos: “Na hora da chu-va, fiquei com muito medo, princi-palmente por causa das crianças e do meu bebezinho. Agora, estou com uma geladeira emprestada e não tenho condições de comprar outra. Um pessoal, que disse ser da construtora responsável pelas casas, esteve aqui e tirou muitas fotos. Só quero ver isso resolvido.” Prejuízos ressarcidos e melhoria na qualidade das moradias, mais do que desejos, direitos da população.

muito do Governo, mas se eles resolverem arrumar alguma coisa aqui, que seja a de vizinhos meus, que tiveram prejuízos muito maio-res do que os meus; eu fico na es-perança de que não aconteça nada mais sério aqui.”

Foi pensando em evitar mais prejuízos que o operador de má-quinas siderúrgicas Adilson Ramos enfrentou a ventania. Ele é vizinho de Claudinéia e mora com o pai, já idoso. Encontravam-se apenas os dois no lugar quando o telhado co-meçou a ser danificado pelo ven-to. Ao mesmo tempo, o portão soltou-se parcialmente, pondo em risco o muro e as paredes da casa. Adilson relata que, apesar da pre-ocupação com o pai e com seus pertences, saiu em meio a chuva, na tentativa de recolocar o portão em seu lugar. Acabou conseguin-do minimizar a situação, mas lista algumas perdas: “uma TV, que eu ainda estou pagando, e um radi-nho velho e simples, mas que eu gostava muito. O sofá, tenho es-peranças de que seja possível recu-perar ”. Quanto à situação da casa, ele diz esperar por providências

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68 mil pessoas foram afetadas pela chuva no ParanáAs cidades mais atingidas foram as do sudoeste do estado

PANORAMA CHUVA

Paraná 0527 de setembro de 2013

Giovanna Machado

Ao todo dez municípios, nove da região sudoeste, decla-raram situação de emergência. São eles: Corbélia, Coronel Vivi-da, Enéas Marques, Marquinho, Nova Prata do Iguaçu, Pruden-tópolis, Realeza, São João, Salto do Lontra e Verê. As chuvas e fortes vendavais atingiram o Pa-raná no final de setembro e pro-vocaram estragos em diversas cidades do estado. O sudoeste do estado foi fortemente atingi-do pela chuva.

A Defesa Civil do Paraná esti-ma que,ao todo, 68.168 pesso-as tenham sido prejudicadas pela chuva do último final de semana. Ao total 3.597 pessoas ficaram desalojadas, 2.775 permanecem nesta situação e 25 estão desa-brigadas. No estado, o total de residências que foram danifica-das pelas chuvas e vendavais é de 13.212. Calcula-se que 46 ci-dades do Paraná foram atingidas.

O município mais atingido pelas tempestades foi Corbélia. Uma forte chuva de granizo na sexta-feira (20) e a tempestade no domingo, que durou cerca de 15 minutos, danificou 80% das casas da cidade e atingiu 10 mil dos 17 mil habitantes da ci-dade. Não houve feridos duran-te a chuva, porém, a defesa civil alerta para as tentativas de con-serto de telhados. Na cidade, 23 pessoas se feriram após a chu-va tentando consertar as telhas, duas estão em estado grave. O governador do estado, Beto Ri-cha (PSDB), sobrevoou a cida-de no domingo e o prefeito da cidade, Ivanor Bernardi (PSD), decretou situação de emergên-cia na terça-feira (24).

O decreto de situação de emergência é solicitado em uma situação anormal, provocada por desastres que causam danos e prejuízos, em que o município não comporta os gastos. Na ci-dade de Salto do Lontra, onde também foi solicitado o decreto, mais de mil famílias foram preju-dicadas, com grande parte tendo suas casas destelhadas.

No norte do estado, a cida-de mais atingida foi Londrina (ver matéria na página ao lado). Em cidades vizinhas como Rolândia, Arapongas e Apucarana a chuva não foi forte, houve casos de quedas de galhos de árvores e quedas de energia, a Defesa Ci-vil do Paraná não registrou ne-nhum caso grave nessas cidades.

Em municípios vizinhos de Londrina, como Cambé e Ibi-porã, as chuvas e ventos pro-vocaram maiores danos. O se-cretário do Meio Ambiente de Cambé, Paulo César Godoi,

No mapa, os municípios mais atingidos: Corbélia, São João e Salto do Lontra.As cidades foram as primeiras a declarar situação de emergência

DETRAN

Moradores de 15 cida-des do Paraná poderão uti-lizar os serviços de novos terminais de autoatendi-mento do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) que dispensam a ida até a sede do Detran. Apucarana, Campo Mourão, Cascavel, Cianorte, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapu-ava, Maringá, Paranavaí, Pato Branco, Ponta Grossa, Sa-randi, Telêmaco Borba, To-ledo e Umuarama recebe-rão os equipamentos, que serão instalados nas sedes das Circunscrições Regionais de Trânsito, as Ciretrans. Por meio dos terminais, será possível utilizar seis servi-ços: entrada no processo de emissão da segunda via da Carteira Nacional de Habili-tação (CNH), do documen-to do veículo (CRLV), da Permissão Internacional para Dirigir (PID) entre outros.

CANIL IRREGULAR

As obras de uma escola técnica que está sendo cons-truída na BR-158, no muni-cípio de Laranjeiras do Sul - PR, correm o risco de re-troceder ao seu estágio ini-cial. Alegando que a constru-ção não possui autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transpor-tes (Dnit) para instalar-se à margem da rodovia, ação judicial propõe a demolição da mesma. O Tribunal Re-gional Federal (TRF) precisa manter a decisão para que ela se cumpra. O Governo do Estado já recorreu.

EXONERAÇÕES

O governador Beto Ri-cha (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (27), a exonera-ção de mil funcionários co-missionados e a extinção de quatro secretarias do gover-no paranaense. Os cortes fazem parte de uma série de medidas determinadas pelo governador para con-tenção de gastos e moder-nização na gestão do estado. A economia será de R$ 48 milhões por ano no paga-mento de servidores sem vinculo com o estado. Tam-bém será criada a Função de Gestão Pública (FG) para funcionários de carreira que ocupam cargos de diretoria, chefia e assessoramento, va-lorizando o servidor público concursado. Serão extintas as secretarias de Controle Interno, da Corregedoria e Ouvidoria, Assuntos da Copa 2014 e do Turismo, que será incorporada pela Secretaria da Cultura e pas-sará a se chamar Secretaria de Estado da Cultura e do Turismo.

destaca que na cidade caíram 11 árvores, arranhando carros e gerando problemas de tráfego até a equipe da Defesa Civil fina-lizar os trabalhos. Entre os casos que provocaram maior susto, segundo Godoi, está o ipê que caiu no pátio da Escola Santos

Dumont, quebrando a fiação elétrica e deixando a população sem energia durante algumas horas. A energia elétrica de al-guns bairros da cidade continuou apresentando oscilações durante a segunda-feira (23),e foi norma-lizada somente no dia seguinte.

Em Ibiporã, o chefe da De-fesa Civil, José Laurindo Petri, informou que ao todo caíram 26 árvores na cidade, e não houve famílias desalojadas. O caso mais grave foi a queda de uma tor-re de internet da BrTurbo, em três casas e um carro, mas não

houve feridos. Também houve queda de energia na cidade, em al-guns casos durou até a terça-feira (24). Petri afirma

que “O caso em Ibiporã não foi tão feio como em Londrina, mas também tivemos alguns proble-mas.

A moradora do bairro Vila Romana II em Ibiporã, Adenil-da Alves França, levou um susto quando retornou de Jataizinho

no final do domingo (22), “Eu cheguei no bairro e vi árvores caídas, galhos pendurados nos fios elétricos, as casas dos vizi-nhos atingidas, assustei quando vi a minha, minhas plantas des-truídas, as calhas fora do lugar”. A casa de Adenilda teve um to-tal de 55 telhas arrancadas pelo vento, mas ela não acionou a defesa civil. “Sorte que nem eu nem meu esposo estávamos em casa, teve muita coisa que foi destruída, ainda tem bastante coisa para arrumar”.

A Defesa Civil do Paraná ainda trabalha para reparar os danos causados pelas chuvas e o prejuízo material nas cidades atingidas. Ainda existem pessoas desalojadas, as instituições locais estão se mobilizando para ajudar os mais atingidos.

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“Sorte que nem eu nem meu esposo estávamos em casa, teve muita coisa destruída”

Árvores foram arrancadas com temporal em Londrina

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Na saída do Restaurante, por volta das 13h50, saíam os últimos estudantes. Andressa Andrade, estudante de Enge-nharia Civil foi clara e simples, ou, curta e grossa: A carne é dura! Ariele, das Artes Visuais queixou-se da falta de talheres novos. Muitos comentaram que gostam dos serviços do RU, mas a queixa da maioria é sempre a mesma, principal-mente no horário do almoço: é

muita gente pra pouco espaço.Em 15 anos de funciona-

mento, o Restaurante Univer-sitário da UEL oferece cerca de 3500 refeições ao dia. Sua capacidade é de 400 pessoas. Com um quadro de 65 funcio-nários, o RU tem de garantir almoço, janta, e café da manhã para a comunidade universi-tária. O que fica fora dos nú-meros são as dificuldades em administrar e dar conta de um trabalho que atende aos gostos

dos usuários.Heloisa Caldana tinha olhos

fundos, sentada no pátio do RU, ela esperava, com sua bengala, a volta ao trabalho. Zeladora do RU há 15 anos e mãe de 3 filhos, diz que gosta de fazer o que faz, mas que o número de trabalhadores ainda não é o suficiente. Em fase de readaptação, devido a proble-mas de saúde, a senhora de 49 anos conta que “precisava

de mais funcio-nários, porque é um serviço muito pesado”. Clarin-do Vilas Boas la-menta a demora

na aprovação de projetos como a ampliação e a contratação de funcionários. “Você trabalha e não vê chefe cuidando das coi-sas, não vê a chefia observando quem está trabalhando muito”, comenta.

ExpectativasResponsável Técnica do

RU, Marisa Kurimoto diz que o projeto de ampliação está em fase de aprovação e que há, no próximo mês, a possi-bilidade de abertura das obras.

“A expectativa é de atender em torno de 7000 refeições”, salienta. Além da demanda físi-ca, de compra de maquinários, gera-se a necessidade de maior recurso humano. Marisa Kuri-moto afirma que há um déficit de funcionários. Isto por causa de trabalhadores com proble-mas de tendinite, LER, entre outros adoecimentos, inclusive com um caso recente de óbito. “Casos em torno de 7 e 8 ser-vidores que trabalharam ple-namente em suas atividades e hoje não podem desenvolver”, diz.

Atualmente, o RU conta com contratos terceirizados para suprir o baixo quadro de funcionários. Marisa Kurimoto afirma que são 6 funcionários trabalhando por um período de até 90 dias. A respeito de concursos públicos, Marisa comenta que ainda há vagas: “Tem um que foi concretiza-do faz 60 dias; nesse concur-so existem candidatos aptos, o que falta são essas vagas em aberto serem autorizadas, anu-ídas pelo governo, que está em processo de tramitação”.

Campus06 27 de setembro de 2013

Cozinhando números na cozinha do RU

UNIVERSIDADE EM CRISE

Entre os pratos ofertados e o número de refeições preparadas, há a expectativa de melhora nas condições de trabalho dos funcionários

Yuri Martinez

Fotos: Yrui Martinez

“Precisava de mais funcionários, porque é um serviço muito pesado

65 funcionários trabalham para atender demanda de cerca de 3500 refeições por diaoverno do Paraná

Expectativa é aumentar para 7000 refeições por dia

A capacidade atual do restaurante é de 400 pessoas

Page 7: Jornal PreTexto Expresso 3

DOAÇÃO DE LIVROS

O Núcleo de Estudos da Cultura Japonesa (NECJ) re-cebeu, na última terça-feira, (24/09) duas importantes doações de livros que serão incorporados à Biblioteca do setor. As novas aquisições fo-ram cedidas por familiares de descendentes japoneses e um pioneiro da região.

Ruth e Lucy Baba, que re-sidem em São Paulo, são ne-tas da primeira professora de Língua Japonesa de Londrina, Toshiko Zakoji. Elas doaram uma coleção de 26 volumes escritos em Língua Japonesa que conta a história do Japão, e outros 14 livros que mos-tram a inserção da cultura ja-ponesa no Brasil.

O outro doador foi o escri-tor Katsuaki Saito,conhecido como Souzan Saito, ganha-dor o Prêmio Nacional de Composição Hai Kai. Ele ce-deu ao núcleo livros de poe-sias escritos por ele também em Língua Japonesa.

Para a diretora do Nú-cleo de Estudos, Estela Oka-bayaski, as doações são livros de imenso valor histórico, e por isso serão colocadas à disposição da comunidade universitária.

AJUDA DE CUSTO

A partir de outubro desse ano, 160 alunos de diferentes cursos de graduação passarão a receber uma bolsa de inclu-são social. A maior parte dos alunos está vinculada a proje-tos de pesquisa, extensão ou ensino da Uel. Com valor mensal de R$ 400,00 reais, a bolsa será repassada pela Fun-dação Araucária até setembro de 2014.

INTERCÂMBIO

Dia 5 de outubro, a CI, empresa de intercambio e turismos jovem, realiza no Shopping Catuaí, a 9ª Mostra CI de intercâmbio e viagem jovem. O evento que aconte-ce durante todo o dia é dire-cionada a jovens interessados em fazer intercâmbio ou um mochilão por vários países.

Serão realizadas palestras com especialistas do setor, além de representantes das escolas no exterior, com te-mas variados sobre intercâm-bio e viagem jovem. Entre as opções, detalhes sobre cursos de idiomas em diversos países, estudo e trabalho no exterior, intercâmbio teen, high school, Universidades, AuPair, o exclu-sivo Mochilão e muito mais.

Segundo a gerente de marketing da CI, Larissa Char-net, a mostra é uma oportu-nidade para que os estudante tenham contato direto com os representantes de institui-ções parceiras da empresa em diversos países.

(com UEL Notícias)

Campus 0727 de setembro de 2013

PerobalFesta de república termina em sirenes e pancadaria

REPRIMIDOS

Brunna Souza

Estudantes afirmam ter sofrido violência por parte dos policiais. Já a PM alega que agiu de acordo com a situação e que não houve abuso

A festa “Não se reprima” do segundo ano de psicologia da UEL, que aconteceu na sexta-fei-ra (20) acabou infelizmente em confusão. Ela acontecia em uma república no Jardim Quebec, se-gundo os jovens presentes, os policiais invadiram a festa, che-garam de forma arbitrária, e não esclareceram os motivos pelos quais estariam encerrando a festa e utilizaram de violência e abuso de poder para expulsá-las.

Três jovens foram presos por desacato, um deles, Rafael Sora-ggi, 27, descreve como foi a sua prisão. “Eles chegaram entrando gritando: Saí todo mundo, sai todo mundo! Nisso o pessoal saiu todo acuado. Eu parei pra eles e falei : Senhor tem justifi-cativa plausível que me faça sair daqui? Ali ele já me prendeu, me pego pelo braço atrás, me jogou para fora da casa e começou a me chutar”. Segundo Rafael ele só foi preso por que olhou para o rosto de um policial e tentou um diálogo.

Outro relato de um estudan-te de psicologia revela a violência dos policiais: “A hora que eu sai eu vi o pessoal filmando, inclusive um dos caras que estava filmando levou vários tapas na cara, eu vi a cena toda. O policial levou ele

para um canto e fez ele apagar o vídeo, e tipo se você olhasse para cara do policial, ou ele te batia, ou ele te levava para parede, não dava para olhar para o rosto de-les”.

Uma estudante de jornalismo, que prefere não ser identificada, confirma o relato acima. Ela dis-se que foi agredida pelos policiais com um tapa no rosto, e ainda por cima foi coagida a apagar um vídeo feito por ela onde mostrava a ação policial, com a ameaça de que se ela não apagasse, ela seria presa.

O porta-voz da policia militar, o capitão Nelson Vila descreveu a ação policial: segundo o B.O escrito pelos policiais “naquela noite houve mais de 20 ligações

Momento em que policiais estão revistando jovens do lado de fora da casa

reclamando não só do barulho, mas também por haver muita gente reunida na rua, dificultando a passagem de automóveis. Por isso foi enviado uma viatura no primeiro momento que tentou conversar com os organizadores da festa , mas ninguém da orga-

nização se mani-festou. A partir dali os policiais se reu-niram num posto na avenida Caste-lo Branco, junto

com o Choque e a Rotam, foram em direção ao local. Chegando lá eles perceberam que havia mui-tas pessoas, só dentro da casa cerca de 200 pessoas, foi cons-tatado varias irregularidades, com isso 6 policiais ingressaram na festa, foram proceder a busca. É bom salientar que em uma situa-ção como aquela o domicilio está absolutamente descaracterizado por que a tutela penal do domi-cilio é relativa a tranquilidade do-méstica, e ali estava sendo cobra-do ingresso, as pessoas estavam bebendo, havia som alto, pessoas que não eram da casa e não havia titular pela casa. A festa não tinha autorização, havia periclitação da vida, pois só havia uma saída para 200 pessoas, sendo assim

os policiais. “De acordo com o relato, não ouve abuso, a ação da polícia foi totalmente legitima, os policiais agiram de acordo com a situação.”

Segundo o capitão até o momento não há registro de nenhum documento relatando

violência policial, ele pediu para que todos aqueles que se senti-ram lesados irem até o 5ºBPM. Quando questionado ao fato de que várias mulheres foram revis-tadas por homens, a resposta foi a seguinte “é recomendado aos policiais para que não encoste em uma mulher, desde de que não haja prejuízo a diligência, mas quando há suspeita de uso de entorpecente por exemplo, os policiais podem sim revistar a to-dos”. Ou sejasegundo o capitão, a polícia agiu de acordo com a lei.

A organização da festa ad-mite que havia muita gente, e que a situação fugiu do controle. Quando perceberam havia mais de 200 pessoas em menos de duas horas de festa, e para barrar

a entrada do pessoal eles aumen-taram o valor do convite, que no inicio era R$ 5,00 chegou a R$ 50,00. Quanto a alegação da po-lícia de que houve uma tentativa de conversa, não foi confirmado. Segundo uma estudante respon-sável pela organização, mas que

não quis ser iden-tificada “ Durante toda a festa havia, no mínimo, dois organizadores na entrada, que in-

formaram ao resto da organiza-ção que a viatura estava passan-do. Mas até o momento em que a festa foi paralisada pela polícia, não houve qualquer advertência para nós da organização. Caso houvesse tentativa de primeiro contato, não teríamos deixado a situação chegar no ponto em que chegou.”

O fato é que mesmo errados, nada justifica a violência de um policial, a imagem que a popu-lação tem da polícia é cada vez mais negativa. Os próprios alunos que afirmaram ter sofrido agres-são estão com medo de aparecer em uma entrevista, não querem formalizar a denuncia ou mover um processo pois sentem medo do que pode vir a acontecer.

“Um dos caras que estava filmando levou váriostapas na cara”

“Eu vi a cena toda o policial levou ele para um canto e fez ele apagar o vídeo”

Uma pessoa que estava na festa, mas que não quis se identificar

Fernando Almeida

Page 8: Jornal PreTexto Expresso 3

Geral08 27 de setembro de 2013

Erick Lopes

Influência humana é principalcausa do aquecimento globalAlterações climáticas já são perceptíveis e devem perdurar

MEIO AMBIENTE

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgou hoje (27) um relatório que aponta a influência humana no clima como a principal causa do aque-cimento global observado des-de meados do século 20.

“O relatório concluiu que a temperatura da atmosfera e dos oceanos se elevou, a quantida-de de neve e de gelo diminuiu e que o nível do mar e de con-centração de gases de efeito estufa aumentou”, destacou um dos coordenadores do docu-mento, Qin Dahe.

Segundo o texto, a probabi-lidade de que mais da metade da elevação média da tempera-tura da Terra entre 1951 e 2010 tenham sido causadas pelo ho-mem é de 95%. Os gases de efeito estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (ºC) nesse perío-do. “A continuada emissão de gases de efeito estufa vai causar mais aquecimento e mudanças climáticas. Limitar a mudança

Ministro criticou pessimismo de analistas em relação às empresas estatais

TRABALHO SAÚDE

climática vai requerer substan-ciais e sustentadas reduções das emissões de gases de efeito estufa”, disse Thomas Stocker, outro coordenador do docu-mento.

O documento elaborado por 259 cientistas de 39 países apresentado em Estocolmo, na Suécia, mostrou que a elevação da temperatura dos oceanos até cem metros de profundidade pode variar entre 0,6 ºC e 2 ºC até 2100. Devido ao aumento do degelo dos glaciares, o nível do mar deve subir entre 26 a 55 centímetros considerando o melhor cenário e, entre 45 a 82 centímetros, no pior cenário. O gelo do Ártico pode diminuir até 94% durante o verão no He-misfério Norte até 2100. Além disso, até o fim do século 21, há pelo menos 66% de chance de a temperatura global se elevar pelo menos 2ºC em compara-ção com o período entre 1850 e 1900. Na pior das possibilida-des, a temperatura pode alcan-çar 4,8ºC até 2100.

“Com o aquecimento dos oceanos e a redução dos glacia-res, o nível global dos mares vai continuar a subir, mas em um ritmo mais rápido do que ex-perimentamos nos últimos 40 anos”, disse Qin Dahe.

De acordo com o do-cumento, as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido ni-troso aumentaram para níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. As concentra-ções de dióxido de carbono subiram 40% desde a época pré-industrial (desde 1750),

principalmente devido às emis-sões provenientes da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo. Segundo Stocker, como resultado das emissões passadas, “os efeitos no clima vão persistir por muitos séculos mesmo que as emissões pa-rem”.

O IPCC foi criado em 1988

pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne cientis-tas de diversos países. Até ago-ra, quatro relatórios foram pu-blicados. A divulgação completa do quinto documento deverá ocorrer até 2014. Os dados do IPCC servirão de base para as negociações climáticas interna-cionais. (com Agência Brasil).

Agência Brasil

Construção civil cria quase 140 mil empregos no ano

São Paulo - O nível de em-prego na construção civil do país aumentou 0,45% no último mês de agosto, com a oferta de 15,8 mil vagas. O desempenho foi melhor que o do mesmo mês do ano passado, quando o setor havia contratado 12,7 mil trabalhadores.

De janeiro a agosto deste ano, o índice alcança 4,09% e 138 mil empregos. Esse cresci-mento, no entanto, foi menos expressivo do que o registra-do em igual período de 2012, quando o número de vagas cria-das somou 234,2 mil, com ele-vação de 7,38% sobre os oito primeiros meses de 2011.

Os dados são da pesquisa feita pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Nos últimos 12 meses, en-cerrados em agosto, há retração

de 0,01%, com o corte de 417 mil trabalhadores. Já na mesma base de comparação, há um ano, o setor tinha um saldo po-sitivo de 178,3 mil empregos.

O total de trabalhadores, em agosto, somou 3,511 mi-lhões de pessoas, a maioria no Sudeste (1,774 milhão de tra-balhadores), seguido pelo Nor-deste (729,8 mil); Sul (495,3 mil); Centro-Oeste (290,8 mil) e Norte (221,7 mil).

Em São Paulo, que emprega 902,6 mil pessoas, houve eleva-ção de 0,39% sobre julho com a abertura de 3.537 vagas. Das dez regiões pesquisadas, hou-ve recuo em apenas três: San-to André (-171 trabalhadores), Ribeiro Preto (-449) e Bauru (-233).

De janeiro a agosto, o nível de emprego aumentou 4,15% no estado, com a contatação de 35,9 mil trabalhadores. E, nos últimos 12 meses, alta de 0,61% com a criação de 5,4 mil empregos.

Agência Brasil

Brasília – Hoje (27) é cele-brado o Dia Nacional da Doa-ção de Órgãos e os dados do Ministério da Saúde mostram que aumentou a disposição dos brasileiros em doar. A negativa para doação caiu de 80%, em 2003, para 45%, em 2012. Nos últimos dez anos, o número de doadores dobrou, passando de 6,5 por milhão de pessoas para 13,5 por milhão de pessoas em 2013.

A meta é chegar a 15 doa-dores por milhão até 2014. Os dados revelam também queda de 40% na quantidade de pes-soas na fila de espera por trans-plantes nos últimos anos. Em 2008 havia 64.774 pessoas na fila, em 2013, são 38.759.

O ministério avalia que cam-panhas de incentivo à população e os incentivos financeiros do governo em ampliar a rede ha-bilitada para realizar transplantes contribuíram para o avanço.

O número de doadores ain-da é baixo entre os mais jovens e os idosos, de acordo com a Associação Brasileira de Trans-plante de Órgãos (ABTO). Os doadores com menos de 18 anos de idade são 8% e os que tem acima de 65 anos são 7%.

O servidor público Haroldo Rodrigues da Costa, do Distrito Federal, enfrentou o desafio de passar por um transplante de rim em 1997. Ele conta que o novo órgão o devolveu à vida. “Levava uma vida saudável, praticava esportes, e fui sur-preendido com uma insuficiên-cia renal. Meus sonhos foram substituídos por horas sema-nais de hemodiálise. Em 1997, recebi da minha irmã o maior presente que alguém poderia receber, mais que um rim, re-cebi minha vida”, relatou.

Após o transplante, Ha-roldo Rodrigues retomou a rotina de trabalho, teve três fi-lhos e resolveu usar o esporte para divulgar a importância de

Agência Brasil

Número de doadores de órgãos dobrou nos últimos dez anos, diz Ministério da Saúde

doar órgãos. Ele já conquis-tou medalhas na Olimpíada Internacional dos Transplanta-dos disputando no tênis e leva mensagem de incentivo à doa-ção na camiseta. “Mostro para as pessoas que estão a espera de um novo órgão que é pos-sível vencer”, diz.

Atualmente, quatro estados (São Paulo, Pernambuco, Pa-raná e Rio Grande do Sul) e o Distrito Federal acabaram com a fila de espera para o trans-plante de córnea. Esse procedi-mento responde por 60% dos transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Na última quarta-feira (25), o Ministério da Saúde lançou uma campanha nacional para incentivar a doação de órgãos. A campanha será veiculada em meios de comunicação e tem como protagonista um menino de 7 anos que recebeu trans-plante de coração ao 7 meses. No Brasil, 90% dos transplan-tes são feito pelo SUS.

Page 9: Jornal PreTexto Expresso 3

Giro 0920 de setembro de 2013

Erick Lopes

“Andressa Urach sem causar não é Andressa Urach.”

“Os EUA são excepcionais, em parte porque demonstramos o desejo, através do sacrifício de sangue e riqueza, de defender não apenas nosso interesse próprio, mas os interesses de todos.”

“A tolerância é o fundamento de poder conviver em paz, e entendendo que, no mundo, somos diferentes.”

Andressa Urach, ex-fazendeira,

sobre ficar apenas de biquíni durante

o Rock in RioEGO, 21/09/2013

“Essa verborréia vem por falta de assunto, ou por falta de preparo de buscar informações das outras modalidades esportivas que existem.”Ângelo Deliberador, presidente da Fundação

de Esportes de Londrina, criticando a imprensa da cidade por, segundo ele, “falar um monte de besteira” sobre a doação de

placar para o Estádio do Café. Pretexto, 27/09/2013

“No nosso caso, isso daria algo em torno de R$720 milhões. Nas minhas contas, de leigo, não vamos nem chegar perto disso tudo.”

Alexandre Kireeff, sobre os gastos com o temporal que atingiu Londrina.

Coletiva, 26/09/2013

“Anitta é meiga e abusada. Eu sou tiro, porrada e bomba.”

Valesca Popozuda, em entrevistapara a coluna de Mônica Bergamo.

Folha de S. Paulo, 25/09/2013

“As tecnologias de telecomunicações e informação não podem ser novo campo de batalha entre os estados. Este é o momento de criamos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países.”

“Não me incomodo. Rio Muito. A vida sem humor fica muito pesada.”

Presidente Dilma Rousseff, em discurso de abertura da 68ªAssembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York.

24/09/2013

Presidente Barack Obama, dos Estados Unidos.24/09/2013

Presidente José Mujica, do Uruguai.24/09/2013

tweet da presidente Dilma Rousseff sobre o perfil Dilma Bolada27/09/2013

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Após quase três anos afastada, a presidente Dilma Rousseff volta à rede social.Além de reativar seu Twitter, Dilma também lançou perfil no Facebook e no Instagram.

Ainda na abertura da 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York:

dilmabr

SiteDilmaRousseff

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RIo Festival de

Cinema do Rio07dias e quase

100 horas.

86%de ocupação hoteleira noRio durante o evento.

700 mil pessoas.

Mais de 160 atrações.

380 filmes de mais de 60 paísesConsiderado hoje a mais importante mostra cinematográfica da América Latina, o Festival do Rio foi criado em 1999 a partir da junção de dois eventos que faziam parte do calendário cultural da cidade: a Mostra Banco Nacional e o Rio Cine Festival. A promoção é do Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente (Cima).A programação completa pode ser consultada no site www.festivaldorio.com.br

Page 10: Jornal PreTexto Expresso 3

Um círculo imperfeito abre os poemas do professor universitário Cesar Carvalho, reunidos no livro ‘Proesia’, lançado na última quarta (25), no Bar Valentino. O título faz alusão à mistura de prosa e poesia presentes no começo do livro e remete ainda à ‘proeza’, como o autor define a publicação do livro com recursos próprios.

Aos 64 anos, ele decidiu compartilhar os poemas que vem escrevendo desde os 30 - época em que encontrou um ensaio sobre a diferença entre as perspectivas oriental e ocidental e ficou encantado com os novos paradigmas.

Guiado pelo zen-budismo e pela estrutura de compo-

sição da poesia concreta, Carvalho também adotou os haicais no livro, que, di-ferentemente da tradição oriental, tratam de temas intimistas.

O lançamento do livro do professor do Depar-tamento de Ciências So-ciais da UEL contou também com um espetáculo teatral, inspirado na história “Dez Touros”, do mestre zen-budista Kakuan, do século 12, que Carvalho traduziu. “Na narra-tiva, o pastor precisa domar o touro, que é uma metáfora do nosso ego, até chegar ao conhecimento perfeito. Fiz uma releitura e trouxe isso para o processo de criação do escritor”.

Sob a forma de teatro de sombras e com falas conti-das no livro de Carvalho, “Proesia em dez atos: a estória do

Mix10 27 de setembro de 2013

Amanda Tostes

Um sorriso à beirado hai

cai‘Proesia’ de Cesar Carvalho reúne poemas bem-humorados com inspiração no haicai e na filosofia zen-budista

LITERATURA

No lançamento de ‘Proesia’, ex-integrantes do grupo Proteu apresentaram teatro de sombras com os textos de Carvalho, no Bar Valentino

o velho mastiga, nos farelos do fubá, o sabor da infância.

Ananda Ribeiro

MEMÓRIA

Dizem por aí que “quem vive de passado é museu” e os museus de Londrina têm muita história para contar. Não apenas o Histórico ou o de Arte. Ao contrário do que muita gente pensa, eles não são os únicos da cidade, que é nova, mas tem um passando rico, que preci-sa ser contado às novas gerações. Para divulgar essa História, todos os anos - desde 2007 - acontece a Pri-mavera dos Museus, que já está em sua 7ª edição. Esse ano, o evento foi realizado de 24 a 27 de setem-bro e contou com várias atividades educativas.

Segundo Regina Célia Alegro, diretora do Museu Histórico de Londrina, a semana teve duas linhas de eventos: uma para especialistas, estudantes e técnicos de museus e outra para o público em geral. O objetivo foi “favorecer um diálogo entre a cidade e seus museus. Que a se interesse e se preocupe em saber qual a função dessas casas de memória, que estão a serviço da população”, explicou Regina.

Os especialistas puderam assis-tir a palestras sobre como organizar projetos e conseguir recursos para executá-los e sobre como tratar os acervos. A professora de Arte, Margarete Costa Moraes, que re-presenta o Ministério da Cultura nos três Estados do Sul, foi uma das palestrantes. “Vim com muita alegria nesse lugar privilegiadíssimo

Amanda Tostes

Roger Bressianini

Touro” foi apresentada por ex-integrantes do Grupo Proteu: Poka Markes, Mira Roxo, Nívea Nasser e Ciça Guirado, di-rigidos por Claudio Rodrigues. Também participaram a atriz Adriana Aparecida Vitorino, os músicos da Banda TR60, Je-fferson Sabran, Alexandre Casonatto e Mateus Amaral e ain-da Kako Guirado, responsável pela sonorização.

ServiçoA publicação está à venda no site Estante Virtual e, em

breve, nas Livrarias Curitiba.

Festival de cultura“No dia 23 de novembro será

realizado o Festival Peroba Rosa, na praça do Zerão, com 12 horas de arte e cultura para toda a comuni-dade. A ideia nasceu após o suces-so das Oficinas do Cequinha, reali-zadas no antigo Departamento de Artes Visuais da UEL desde maio. Oficinas preparatórias para o festi-val nas áreas de Cartazes Digitais, Práticas de Bandas e Montagem de Som estão disponíveis pelo e-mail [email protected].

Cinema cooperativoAmanhã a Kinoarte e a Filmes

do Leste apresentam três cur-tas-metragens em parceria com o Sicoob Norte do Paraná. As produções são fruto de um projeto de oficinas sobre cinema que a Ki-noarte realizou com 60 alunos da rede pública de ensino, com o tema cooperativismo. Os filmes fazem parte do concurso cultural “Curta a Vida Cooperativista” e serão apre-sentados na15ª Edição do Festival Kinoarte de Cinema, no CineSys-temCatuaí Norte, amanhã, a partir das 16h. A entrada é gratuita.

CD mais baratoO Senado aprovou nessa se-

mana a PEC da Música. A emenda pode baratear o preço de CDs e DVDs produzidos no Brasil por artistas nacionais em até 25%, já que isenta de impostos essas produções. A proposta, no en-tanto, não agradou a bancada do Amazonas, que alegou que a imun-idade prejudicaria a Zona Franca de Manaus, onde se localizam empre-sas do setor. A emenda tem como objetivo diminuir a pirataria no país.

Londrina na Primavera dos MuseusAnanda Ribeiro

para os museus do Brasil. Um dos mais bonitos e que faz um ótimo trabalho de revitalização da memó-ria”, ela disse.

Já o público em geral pôde as-sistir a contação de histórias através dos funcionários da Biblioteca Mu-nicipal, sobre Londrina e o norte do Paraná, além de visitar as tradicio-nais exposições.

Outra atividade importante destacada por Regina foi o lança-mento do primeiro Roteiro de Museus da cidade. “Muitas pessoas pensam que Londrina tem apenas dois, o Histórico e o de Arte, mas existem vários, com diversas temá-ticas. Na área de memória, ciência e tecnologia, zoologia, geologia, anatomia, Casa de Memória, Mu-

seu da Sociedade Rural do Paraná, enfim. Keity Cassiana Bruni é pro-fessora de língua portuguesa no colégio Marcelino Champagnat e sempre leva seus alunos para visitar a Primavera dos Museus. “Este ano, além dos projetos tradicionais das exposições, teve a exposição indí-gena, a contação de história, então pudemos unir várias disciplinas: português, artes e história. Depois vamos trabalhar esse material em sala de aula interligando com nos-so conteúdo. Levamos eles para vivenciar a teoria na prática”, ela disse. A professora observou que a exposição indígena “trouxe à me-mória os primórdios dos índios de Londrina, passando depois para a parte da colonização”.

Pedro Henrique Pereira Go-mes, de 12 anos, é aluno do 7º ano da professora Keity e também gostou muito da visita. “Foi bem legal, mostra a história de Londrina e tem algumas peças bem interes-santes”. O que ele mais gostou foi da exposição indígena, “porque é a nossa história!”, ele disse. “Meu avô era descendente de índio então eu gosto bastante dessa parte”. O menino tem consciência de que “se não resgatar a história os aconteci-mentos, eles vão ficar esquecidos e ninguém mais vai lembrar”.

Pedro já visitou outras Prima-veras no Museu, mas esta foi espe-cial. “Cada ano vai melhorando um pouco, né? Então, essa aqui estava melhor.”

Regina Alegro, diretora do Museu Histórico Margarete Moraes, representante do Ministério da Cultura pessimismo de analistas em relação às empresas estatais

A semana contou com palestras, contação de histórias e exposição indígena

Tech&Cult

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Sem equipes de ponta, Londrina aposta no esporte de base

Esporte 1127 de setembro de 2013

Lucas Marcondes

Presidente da FEL diz não ser responsável pelas equipes profissionais e garante que o foco da gestão é a formação esportiva

PRATA DA CASA

Londrina já teve equipes de basquete, futsal, handebol e vôlei que atuavam a nível nacional – e não faz muito tempo. Em 2010, por exemplo, três das quatro categorias estavam ativas: futsal, handebol e vôlei. Hoje a realidade é bastante diferente. Depois do fim da equipe de handebol mas-culino em agosto, a cidade passou a contar apenas com o time de futsal feminino, que atualmente disputa o Campeonato Paranaen-se da categoria. O presidente da Fundação de Esportes de Londrina (FEL), Ângelo Deliberador, afirma que o “sumiço” dos times de por-te é explicado pela má aplicação do dinheiro público nas gestões anteriores. “Esses recursos que vieram aleatoriamente não tive-ram um enraizamento no esporte profissional. O esporte de [alto] rendimento foi estimulado de uma maneira equivocada. Nós vamos ficar com uma lacuna em algumas modalidades esportivas e elas vão pagar esse preço por alguns anos”.

Deliberador assumiu o car-go há dois meses, depois que o então presidente da fundação, o ex-jogador de futebol Élber Gio-vanni, deixou a função alegando incompatibilidade de agenda. Para o comandante da FEL, o esporte profissional não é responsabili-dade do município. “Ele tem que estar atrelado ao empresariado”, indica. Mas, segundo Deliberador, também é preciso mostrar para a iniciativa privada que vale a pena investir no esporte de base. “Nós temos que vender essa imagem ao empresário que, quando uma criança está com um quimono debaixo do braço, não está assal-tando a loja dele”. A rede municipal de educação de Londrina tem apro-ximadamente 35 mil alunos, mas a

FEL realiza atividades físicas no con-traturno escolar com apenas 6 mil deles.

Por outro lado, incentivar a formação esportiva na base sem que as meninas e meninos pos-sam ter uma perspectiva para o futuro profissional pode se tornar um trabalho incompleto. Para o professor do curso de Ciências do Esporte da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pedro Lanaro, os jovens atletas precisam ter uma fonte de inspiração futura. “É difícil um garoto que possua uma apti-dão nata se desenvolver ao alto

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Londrina tem 35 mil alunos na rede municipal de educação. Apenas 6 mil praticam esportes no contraturno escolar.

nível de rendimento sem ter onde se espelhar. Se faz necessário tam-bém ter algumas equipes de alto rendimento”, comenta Lanaro, que trabalhou 26 anos na FEL.

Caixa vazioConciliar as atividades de for-

mação com os times profissionais emperra em um problema antigo da FEL: a falta de dinheiro. O orça-mento da fundação em 2013 é de R$ 5,9 milhões. Para 2014, a pre-visão é de R$ 5,8 milhões. O per-centual para o Fundo Especial de

Incentivo vocês leem isso? a Projetos Esportivos (Feipe) está incluso nessa verba. O Feipe é o principal edital pú-blico de incentivo ao espor-te em Londrina. Os cortes no orçamento da fundação

ocorrem desde 2010 e a situação ficou mais crítica com o contin-genciamento de 30% anunciado no início do mandato do prefeito Alexandre Kireeff (PSD). Ângelo Deliberador aposta em um pro-jeto enviado para a Câmara Mu-nicipal que propõe um aumento significativo no repasse de verbas. “A lei nos dá direito a utilizar pelo menos 3% do orçamento do mu-nicípio em projetos de atividade física lazer e inclusão social”. Isso significaria um orçamento anual de R$ 30 milhões para a FEL.

A verba que a prefeitura de

Londrina destina ao esporte é mo-desta em relação a outras cidades do mesmo porte. “Joinville, em 2009, tinha um pouco mais que R$ 24 milhões destinados ao es-porte. São duas cidades com po-pulações semelhantes”, compara Lanaro. “Todos os municípios mais desenvolvidos têm esportes mais desenvolvidos. Uma coisa tem re-lação direta com a outra”, aponta ele.

Apesar dos recursos escas-sos, Londrina está próxima de receber um evento de grande porte do esporte de base do Bra-sil. Ângelo Deliberador promete para dezembro a confirmação do nome da cidade para sediar as Olímpiadas Escolares de 2014. “Com a quantidade de informa-ções que estamos enviado para o COB [Comitê Olímpico Brasi-leiro], nem vistoria vai precisar”, projeta. A cidade deve receber delegações que, juntas, somarão algo em torno de 5 mil pessoas. Mas Londrina vai precisar ajuda das vizinhas Cambé e Ibiporã para sediar o evento, porque não tem todos os centros esportivos adequados. “O esporte no Brasil ainda sobrevive de abnegação, sem grandes condições mate-riais”, comenta Lanaro. Talvez a frase se encaixe na atual realidade londrinense.

Presidente da FEL critica a imprensa de Londrina

Criticado pela mídia local por não aceitar a doação de um placar eletrônico para o Estádio do Café, Ângelo De-liberador se defendeu dizendo que a gestão pública deve se-guir o que está escrito na lei, e não abrir exceções para empresas – no caso, a Viação Garcia, que cedeu o equipa-mento. Deliberador afirmou que a crônica esportiva londri-nense disse “besteira” sobre o assunto. “Quando o futebol

não classifica, eu tenho mais cinco meses de programa, vou fazer o que? Eu iria ficar deses-perado e falar um monte de besteira”. Ele também criticou a cobertura focada no futebol. “Essa verborreia vem por falta de assunto, ou por falta de preparo de estar buscando in-formações das outras modali-dades esportivas que existem. Nós temos mais de 43 mo-dalidades conveniadas com a Fundação de Esportes”. (L.M.)“Nós vamos ficar com

uma lacuna em algumas modalidades esportivas”

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para mantê-la. “Misturar dinheiro com Jornalismo não dá certo, ou você faz bem uma coisa ou outra (...) então, não achei uma boa ideia”, explica.

No momento, Lia continua na Coor-denadoria de Comunicação da UEL e, em meados de agosto, voltou a fazer coluna social para o site da jornalista e apresen-tadora da Rede Massa, Helenida Tauil. Os anos de trabalho no colunismo, conforme ela conta, mostraram-lhe que a página é também um espaço de informações re-

levantes. “Eu vi que há re-percussão, principalmente para quem está com muita pressa (...) às vezes a pessoa não tem tempo de ler o jor-nal, mas lê o social e, agora,

nestes tempos de internet, muito mais”, argumenta. Ademais, segundo Lia Men-donça, a coluna social deixou de ser aque-le espaço dedicado somente às festas, ao glamour; hoje se procura divulgar mais os talentos da cidade, o empreendedoris-mo e tantos outros temas que rendem e já renderam matérias tão boas quanto às dos outros cadernos: “transformou-se num jornalismo de serviço, é um espaço mais empresarial, econômico”.

Sem comprometer os demais con-teúdos do Jornalismo, ponderando que “deve, sim, existir a denúncia, já que os

jornais contribuem para a melhoria da so-ciedade”, Lia também ressalta, lembrando as palavras de Rubem Braga no início des-te texto, que “é preciso encontrar espaço também para as coisas positivas”. “Às ve-zes em três linhas você consegue falar de um talento da região que está decolando, de uma história bem-sucedida”, esclarece. Ela lembra de uma vez em que citou em sua coluna o nome de uma jovem recém--formada que lhe pedira ajuda e, pouco tempo depois, a moça estava empregada. “Não existe mais a ditadura do rico na coluna social, já existiu, mas não agora”, afirma.

Com empolgação, ela recorda de quando sugeriu às televisões locais a pauta sobre uma cabeleireira que iria doar o rim ao ex-marido. “Virou notícia nacional, saiu no Jornal Hoje, na Globo News”, conta. Após tantos anos de carreira, para além das dificuldades e empecilhos, Lia Men-donça se diz realizada como profissional. “Estamos aí, estamos ligados na rede e amamos o jornal, não fique com medo das condições, se você é interessado na área, você vai conseguir (...) o importante é fazer o que a gente gosta e fazer bem feito”, finaliza a entrevista, deixando esse conselho aos colegas de profissão mais jo-vens, que os anos trabalhando na área lhe autorizam a dar.

Colunismo social também é Jornalismo

Perfil12 27 de setembro de 2013

PAIXÃO

Lia Mendonça, assessora de imprensa na Coordenadoria de Comunicação da UEL, explica por que se apaixonou pela coluna social

Há trinta anos Rubem Braga de-sabafava em forma de crônica sua tristeza com o jornalismo da época. “Os jornais noticiam

tudo, tudo, menos uma coisa tão banal de que ninguém se lembra: a vida”, escrevia o cronista. E foram exatamente essas pa-lavras tão intensas que motivaram a jorna-lista Lia Mendonça a investir no colunismo social. Trabalhando na equipe da Coorde-nadoria de Comunicação da UEL desde a década de 80, Lia descobriu na área uma forma de dar vazão a tantos talentos ou lições de vida que aparecem no dia a dia, mas que acabam escondidos em meio às

inúmeras manchetes de desastres, cor-rupção, mortes entre outros assuntos. “A gente precisa dar mais espaço para as coi-sas que estão dando certo”, defende.

O encanto pelo Jornalismo surgiu através da família. Sempre sorridente, Lia conta que se interessou pela carreira assim que a irmã mais velha começou a traba-lhar num jornal de Curitiba, cidade onde nasceu e morou por vários anos. Incenti-vada também pelo pai, ingressou na Uni-versidade Federal do Paraná para cursar a tão sonhada faculdade. Mas ao longo da graduação – como é comum acontecer com muitos alunos – o entusiasmo pelo trabalho jornalístico acabou arrefecendo, devido a algumas decepções. “A gente sentia que a profissão não era valorizada – como vemos ainda hoje”, explica sob os olhares atentos dos dois xodós de sua casa, os gatos – outra paixão da colunista.

Mas estes percalços não chegaram a calar o desejo da então estudante. As vá-rias oportunidades que apareceram logo após o término, ou mesmo durante a fa-culdade – como o estágio na Gazeta do Povo –, despertaram outra vez a vontade de escrever. “Eu percebi que era daquilo que eu gostava de verdade, e ainda hoje, depois de tantos anos, eu enxergo isso”, conta.

A princípio, depois de ser convidada

pelo Grupo Paulo Pimentel, começou a fazer reportagens sobre notícias locais. Mas não era o que lhe agradava: “não era a minha praia nem um pouco”. Foi só quando surgiu a oportunidade de tra-balhar como colunista que Lia Mendonça finalmente descobriu o campo em que gostaria de atuar. Na época, já dentro da Coordenadoria de Comunicação da UEL, recebeu o convite para escrever no cader-no de coluna social do jornal Paraná Nor-te, um projeto do então editor-chefe da Folha de Londrina, Walmor Macarini, que acabou não vingando por falta de apoio do resto do grupo. Ao mesmo tempo, outras

propostas vieram e então, após um período de oito anos na Folha de Londrina, transferiu-se para o jornal O Estado do Paraná.

Para Lia, foi uma experi-ência incrível, tanto pelas inúmeras portas que se abriram, quanto pelo reconheci-mento do público que a acompanhava. “Foi uma coisa muito gratificante você sa-ber que é lida por gente que você nem imagina. De repente, você recebe uma cartinha de uma cidadezinha lá de longe que você nem sabia que existia”, declara saudosamente. O período também mos-trou à jornalista seu alegado desinteresse por trabalhar na televisão. “Eu não me gostei na TV, não acho uma coisa natural,

eu prefiro o jornal mesmo, acredito que seja mais verdadeiro, você coloca a sua alma” explica.

Paralelamente, enquanto fazia a asses-soria de imprensa da Universidade Esta-dual de Londrina, Lia dava continuidade à coluna social n’O Estado do Paraná. Até que a empresa decidiu fechar todas as su-cursais, fazendo com que a colunista en-cerrasse sua carreira no jornal impresso. O grupo chegou a lhe fazer uma oferta para continuar com o espaço, mas ela preferiu recusar, pois, além de comprar a página, teria de procurar patrocinadores

Renan Cunha

“Não existe mais a ditadura do rico na coluna social, já existiu, mas não agora”

“Misturar dinheiro com Jornalismo não dá certo, ou você faz bem uma coisa ou outra”

Segundo Lia Mendonça, a coluna social se transformou num jornalismo de serviço, dedicado aos talentos da sociedade

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