PULA CATRACAN05 JORNAL DO MOVIMENTO PASSE LIVREABR/MAI.2012 - JOINVILLE | SCDISTRIBUIO GRATUITA

mpljoinville.blogspot.com

mpl.jlle@gmail.com

@mpljoinville

/mpljlle

O FRACASSO DO TRANSPORTE COLETIVOPRIVADO EM JOINVILLE

LICITACAODEFINIR COMO SER

O TRANSPORTE POR 15 ANOS

p.03

p.04

LUTAS PELO TRANSPORTE EM 2012p.04

charge

notas do zarco

Tallin, capital da Estnia, uma cidade de pouco mais de 400 mil habitantes que, a partir de 2013, oferecer o servio de transporte coletivo de forma totalmente gratuita. A deciso ocorreu em um plebisci-to entre os dias 19 e 25 de maro, em que a pergunta era Voc aprova a introduo de um sistema de transporte gratuito a partir de 2013?. A proposta teve 75,5% de aprovao e deve gerar uma economia de 600 euros (equivalente a R$ 1.476,00) por ano para famlias de at quatro membros.

Tarifa Zero na capital da Estnia

Luta NacionalOs primeiros meses do ano so sempre agitados para as lutas pelo transporte. Esse o perodo em que as prefeituras tentam aumentar a tarifa na surdina, se aproveit-ando das frias para desmobilizar a popu-lao. Infelizmente (para eles) essa estra-tgia se mostrou bem falha este ano. Alm de Joinville, houve forte mobilizao em Blumenau (SC) , Florianpolis (SC), Porto Alegre (RS), Vitria (ES), Teresina(PI), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) , Aracaju (SE) e Guarulhos (SP), com grandes manifestaes que mostraram que a populao no est satisfeita com o atual modelo de transporte.

A lei que institui as diretrizes da Poltica Nacional de Mobilidade Urbana, sancio-nada em janeiro, passa a valer nesse ms. Embora ainda defenda o falido modelo privado de transporte, a lei prev alguns avanos como a possibilidade da criao de taxas para subsidiar a tarifa e maior partici-pao da sociedade civil no planejamento e fiscalizao do transporte coletivo. At o momento, nada disso foi sequer lembrado na licitao, que j estabeleceu que a tarifa dever aumentar todos os anos.

Nova Lei de Mobilidade Nacional

Licitaao de Joinville base para AracajuAo que parece, o modelo goela abaixo da licitao de Joinville est fazendo escola. Na cidade de Aracaj (SE), onde tambm est acontecendo a licitao, a prefeitura pretende usar o modelo de Joinville como base. Sabemos o que isso significa: ignorar as reivindicaes dos movimentos sociais e legitimar a explorao do servio por empresas privadas. Mas l tambm h re-sistncia. O Movimento No Pago vem se articulando desde o incio contra a licitao e pela Tarifa Zero. Visite o blog deles:

2 PULA CATRACA N05

movnaopago.blogspot.com.br

matria

O fracasso do modelo privado de transporte coletivo em Joinville

3PULA CATRACA N05

O transporte coletivo de modelo privado fracassou em Joinville e poderamos dizer, a grosso modo, no restante do Bra-sil tambm. Hoje o transporte coletivo tem uma qualidade ruim, tarifa cara e incapaz de agregar mais passageiros, perdendo usurios para carros e motos. necessrio

demonstrar esse fracasso, pois assim po-deremos pensar para alm desse modelo. J que a Prefeitura de Joinville, junto aoIPPUJ (rgo que organiza o transporte na cidade), pretendem dar continuidade a esse modelo de transporte para os prximos 15 anos, atravs de uma nova licitao.

* * *A tarifa do transporte coletivo em Joinville cara. Citar um dado pode ajudar a pensar isso numa maior escala, mas no contradiz a experincia cotidiana de milhares de joinvil-lenses que sentem em seu bolso esse absurdo preo. Esse aumento pode ser comprovado observando-se o grfico abaixo:

Nota-se claramente que a tarifa ultrapassou em muito a infla-o, importante levar em conta que o reajuste dos salrios dos da maioria trabalhadores acompanha a inflao, e pensar que o principal fator de escolha do transporte coletivo pelo usurio o preo. Logo, por no se acomodar ao oramento, o nibus acaba sendo substitudo por outros meios de trans-porte ou mesmo as pessoas comeam a se movimentar menos ou no se movimentar pela cidade. A Pesquisa de Oramentos Familiares do IBGE (2008-2009) mostrou que o transporte o terceiro maior gasto das famlias no Brasil, atrs apenas de alimentao e moradia, conforme o grfico ao lado:

O Poder Pblico (Prefeitura e Vereadores) tem mostrado sua incapacidade em dar respostas ao problema de mobilidade ur-bana e de dar solues razoveis ao servio de carter pblico de transporte coletivo que de sua responsabilidade, na medida em que ele no consegue competir com outros meios de locomoo como o carro. Porm mais o mais grave a visvel no-mobilidade de parte dos joinvilenses, com pode ser visto no grfico esquerda:

matria

artigos

Lutas pelo Transporte em 2012O Movimento Passe Livre esteve junto da Frente de Luta pelo Transporte Pblico (FLTP) desde o primeiro anncio sobre o novo aumento da tarifa, em dezembro de 2011. Nesse perodo, atravs de mobiliza-es como assembleias, reunies e manifes-taes, foi possvel construir uma proposta sria para o transporte pblico em Join-ville.Em meio aos acontecimentos houve con-fronto por parte da polcia que, em uma ao que demonstra grande despreparo, utilizou spray de pimenta em manifestantes pacficos Esse evento inclusive nos rendeu uma reunio com o ministrio pblico, no qual a polcia foi proibida de utilizar spray de pimenta ou qualquer outro tipo de vio-lncia. E tambm obrigou a prefeitura a dia-logar com a FLTP.A FLTP esteve presente nas duas audin-cias pblicas sobre a licitao do transporte coletivo. Entregou sua carta programa du-rante as audincias, e utilizou das falas para apresentar suas propostas e apontar falhas no projeto apresentado pela Comisso de licitao.

Acompanhe as atividades da Frente de Luta:

A tarifa cara, a viagem demorada, falta conforto, faltam horrios. Inmeros ou-tros problemas foram elencados durante as duas audincias pblicas realizadas pela prefeitura, o que comprova o quo fracas-sado o servio prestado pelas empresas Gidion e Transtusa. A soluo, no entanto, manter o mesmo. Transporte coletivo nas mos das empresas privadas. E tudo ban-cado pela tarifa.Foi isso o que se viu nos dias 31 de janeiro e 14 de maro. A comisso de licitao, res-ponsvel pelo processo licitatrio e pela organizao das audincias, formada so-mente por membros da prefeitura e reali-zou duas audincias para apresentar um projeto que mantm todo o sistema ban-cado pela tarifa.Enquanto os representantes da prefeitura falaram por muito tempo, a populao, que foi ao microfone demonstrar sua insatisfa-o com o atual sistema, teve apenas trs minutos. Pouco tempo, mas o suficiente para dizer no ao transporte privado e pedir por mais audincias para que a licita-o possa ser debatida tambm nos bairrosApesar da presso popular, no houve res-posta a qualquer sugesto dada pelo povo. A comisso anunciou duas novas audin-cias, nos meses de abril e maio.

Licitaao, mais do mesmo

4 PULA CATRACA N05

Como pode ser visto 23,11% (ou seja, quase 1/4) da populao andam a p na cidade. Agora nos perguntamos at onde uma pessoa vai a p? Ou usando o termo criado pela prefeitura, at onde uma pes-soa vai com um micro-deslocamento? A primeira concluso que chegaremos que uma pessoa a p no vai muito longe. Fica nos arredores de sua casa, rua, no mximo do bairro, vai at o mercadinho da esquina, na lotrica pagar uma conta, na igreja, etc. Pode-se dizer que esses deslocamentos se tratam de deslocamentos de sobrevivn-cia, pois garantem apenas o mnimo para a sobrevivncia de uma pessoa, comer, pagar

suas contas, etc. Porm o acesso a outros direitos como educao, sade, lazer, cul-tura, no so garantidos. Assim o transporte fracassa ao no con-seguir cumprir o seu papel de garantir a mobilidade urbana, e ao invs disso garan-tir a excluso e a segregao espacial. E, pior ainda, garante o lucro de apenas duas famlias que gerem o transporte atravs das empresas Gidion e Transtusa, s custas do resto da populao da cidade, que ou paga caro por seu direito de acesso cidade ou ento no se locomove por ela.

nozarcao.blogspot.com/frente de lutaO que uma Licitao? o procedimento para contratao de servios ou aquisio de produtos pelo governo. A licitao o momento em que diversas empresas concorrem entre si, para ver quem presta o servio (no nosso caso, o transporte pblico) com a melhor qualidade pelo menor preo, dentro das regras estabelecidas pelo governo, para assim evitar favorecimentos.Ento podemos dizer que a licitao basicamente define duas coisas: 1- As regras do servio, ou seja, como ele vai funcionar por um determinado perodo de tempo; 2 - Quem ir operar esse servio, ou seja, a empresa mais barata e com melhor qualidade.