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Parlamentares debatem projetos e aprovam lei que pode contribuir para o combate à doença que está matando muitas pessoas no estado do Rio A dengue já se transformou em uma epidemia que matou dezenas de pessoas e tem feito o Estado do Rio refém de um mosquito. A situação alar- mante não desanima os deputados da As- sembléia Legislativa, que, nos últimos meses, vêm analisando projetos para ajudar a evitar a proliferação da doença. Num dos textos, de autoria do Poder Executivo e já transformado em lei, 12.284 agentes de saúde terão autoriza- ção para entrar nas casas de quem se recusar a atendê-los. “é uma situação extrema, mas que temos que lançar mão dela para evitar que a dengue se alastre ainda mais”, justifica o presidente da Comissão de Saúde da Casa, deputado Átila Nunes (DEM). “Nós, parlamentares, podemos e deve- mos fiscalizar as ações junto à Secretaria de Estado de Saúde e aos agentes. Não importa muito nessa hora quem é que deve fazer mais para acabar com o problema. é dever de todos cuidar da saúde pública”, sintetiza o deputado Wilson Cabral (PSB), que também é médico. Outros projetos que tramitam na Alerj para pôr fim aos focos do Aedes Aegypti, dando destinação correta ao uso de pneus, caixas d’água e vasos de plantas, por exemplo, bem como sintomas, números e como se prevenir contra a den- gue, encontram-se na matéria central desta edição. Leia e faça a sua parte! PÁGINAS 6, 7 e 8 Ano VI N° 168 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008 l NESTE NÚMERO ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JORNAL DA ALERJ Campanha lançada na Alerj estimula o voto aos 16 anos PÁGINA 3 Aquecimento global será tema da quarta edição do Parlamento Juvenil PÁGINAS 4 e 5 Rogério Cabral fala sobre os desafios da Comissão de Agricultura da Alerj PÁGINA 12 O inimigo comum Robert Davies/ SXC

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Parlamentares debatem projetos e aprovam lei que pode contribuir para o combate à doença que está matando muitas pessoas no estado do Rio

Adengue já se transformou em uma epidemia que matou dezenas de pessoas e tem feito o Estado do

Rio refém de um mosquito. A situação alar-mante não desanima os deputados da As-sembléia Legislativa, que, nos últimos meses, vêm analisando projetos para ajudar a evitar a proliferação da doença. Num dos textos, de autoria do Poder Executivo e já transformado em lei, 12.284 agentes de saúde terão autoriza-ção para entrar nas casas de quem se recusar a atendê-los. “é uma situação extrema, mas que temos que lançar mão dela para evitar que a dengue se alastre ainda mais”, justifica o presidente da Comissão de Saúde da Casa, deputado Átila Nunes (DEM).

“Nós, parlamentares, podemos e deve-mos fiscalizar as ações junto à Secretaria de Estado de Saúde e aos agentes. Não importa muito nessa hora quem é que deve fazer mais para acabar com o problema. é dever de todos cuidar da saúde pública”, sintetiza o deputado Wilson Cabral (PSB), que também é médico. Outros projetos que tramitam na Alerj para pôr fim aos focos do Aedes Aegypti, dando destinação correta ao uso de pneus, caixas d’água e vasos de plantas, por exemplo, bem como sintomas, números e como se prevenir contra a den-gue, encontram-se na matéria central desta edição. Leia e faça a sua parte!

PÁGINAS 6, 7 e 8

Ano VI N° 168 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008

lNESTE NÚMERO

A S S E M B L É I A L E G I S L A T I V A D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

JORNAL DA ALERJ

Campanha lançada na Alerj estimula o voto aos 16 anosPÁGINA 3

Aquecimentoglobal será tema da quarta edição do Parlamento JuvenilPÁGINAS 4 e 5

Rogério Cabral fala sobre os desafios da Comissão de Agricultura da AlerjPÁGINA 12

O inimigo comum

Robert Davies/ SXC

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008

*Pergunta respondida com freqüência pela Comissão Permanente de Combate à Pirataria

l Temos consciência dos transtornos causados pelo transporte ilegal em nosso estado e acompanhamos cui-dadosamente a questão. Em casos como este, a comissão encaminha um ofício ao De-partamento de Transportes Rodoviários (Detro) indicando o local da denúncia, solicita a fiscalização e acompanha o re-sultado da operação. Quando as queixas envolvem produtos

piratas – não só CDs e DVDs, mas também medicamentos ou qualquer outro produto falsificado – encaminhamos a denúncia à Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, que apreende a mercadoria e nos envia a cópia do Registro de Ocorrência, para que possa-mos acompanhar sua atuação. Nosso principal interesse é combater as grandes qua-drilhas que oferecem ser-viços ilegalmente ou abas-tecem o mercado informal com produtos falsificados. A Comissão para Prevenir e Combater a Pirataria re-cebe denúncias através do telefone 2588-1137.

DeputadoDionísio Lins(PP)

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FRASES

“Esta Casa está cometendo uma injustiça. Vamos discutir até quando vossas excelências quiserem e provar, por A mais B, que promotores de eventos não compactuam, necessariamente, com o tráfico de drogas que há em suas festas ”André do PV, sobre a afirmação de que os promotores de festas raves compactuam com o tráfico.

“Ninguém aqui é contra a festa. Nós somos contra esse ‘lençol’ que se coloca na frente delas para poder traficar, como se faz quando os traficantes contratam baile funk para encher o morro e poder vender maconha e cocaína sem serem perturbados ”Domingos Brazão (PMDB), criticando a diferença de tratamento dada ao tráfico praticado nas raves e na favela.

“ Barra Mansa merece e precisa da instalação dessa escola técnica. Ainda mais se levarmos em conta que há duas grandes obras do PAC para iniciar na cidade, pois essa mão-de-obra qualificada será necessária”Inês Pandeló (PT), sobre projeto de sua autoria que solicita a construção de uma escola técnica em Barra Mansa.

CONSuLTA POPuLAR ExPEDIENTE

PresidenteJorge Picciani

1ª Vice-presidenteCoronel Jairo

2º Vice-presidenteGilberto Palmares

3º Vice-presidentePedro Fernandes

4º Vice-presidenteGerson Bergher

1ª SecretáriaGraça Matos

2º SecretárioZito

3º SecretárioDica

4ª SecretárioFabio Silva

1a SuplenteRenata do Posto

2o SuplenteArmando José

3º SuplentePedro Augusto

4º SuplenteEdino Fonseca

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenaldo Departamento de Comunicação Social da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsávelFernanda Pedrosa (MT-13511)

Coordenação: Geiza Rocha

Reportagem: Everton Silvalima, Luciana Ferreira, Fernanda Porto e Marcela Maciel

Estagiários: Ana Beatriz Couto, Camila de Paula, Carla Boechat, Fabiano Veneza, Karina Moura, Natalia Alves e Zô Guimarães

Fotografia: Rafael Wallace

Diagramação: Daniel Tiriba

Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJEmail: [email protected]

Impressão: Gráfica da AlerjCoordenação: Leandro PinhoMontagem: Bianca Marques e Rodrigo Graciosa Tiragem: 2 mil exemplares

ALERJAssEmbLéiA LEgisLAtivA do EstAdo do Rio dE JAnEiRo

l Moro no bairro Cerâmica união, que fica no mu-nicípio de Barra do Piraí. Porém, o meu bairro e outros vizinhos, denominados Complexo Califórnia, fazem divi-sa com Volta Redonda, onde todas as nossas atividades são realizadas. Enfim, vivemos como volta redondenses, porém, na hora de pagar o IPTu e o ISS, pagamos para Barra do Piraí. Ouvi dizer que um plebiscito está sendo reivindicado pela população. A Comissão de Assuntos Municipais da Alerj pode nos ajudar? Laerte de Medeiros Cabral - Cerâmica União, Barra do Piraí

l Enfrento diariamente, a partir das 17h, os engar-rafamentos da Estrada do Portela causados por kombis, vans e ônibus piratas que fazem ponto perto do viaduto de Madureira. A Comissão de Combate à Pirataria da Alerj pode tomar alguma providência? *

l Somente após a apro-vação de Lei Complementar Federal (Projeto de Emenda Constitucional 93/07) – que está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal –, é que as Assembléias Legislativas de cada estado poderão aprovar

leis estaduais sobre criação, fusão ou desmembramento de municípios, mantendo a obrigatoriedade de a mudança ser aprovada em plebiscito pela população diretamente interessada. Por enquanto, nada pode ser feito. Para ti-rar dúvidas ou obter outras informações sobre assuntos municipais você pode entrar em contato com a comissão pessoalmente, na Alerj, que está localizada na rua Dom Manuel, s/nº, Palácio 23 de Julho, gabinete T-05, ou pelo telefone (21) 2588-1227.

DeputadoRodrigoNeves(PT)

Dúvidas, denúncias e reclamações: 0800 22 00 08

Rafael Wallace

ERRAMOS Edição 167, página 2O partido do deputado Paulo Ramos é o PDT

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008 3

“SE LIgA, 16!”

Fabiano Veneza

AAssembléia Legislativa do Estado do Rio sediou no último dia 5 o lançamento

da campanha “Se Liga 16 – Por um País com a Cara da Juventude”, organizada pela União Brasileira dos Estudan-tes Secundaristas (Ubes), pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pela Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (Ames) e por outras entidades estudantis do estado. “Essa campanha visa a estimular a cidada-nia a partir do voto, dá ferramentas e esclarece os jovens sobre um direito fundamental, conquistado a partir da Constituição de 1988, que é o de escolha dos seus representantes nos níveis nacional, estadual e municipal”, destacou o presidente da Alerj, deputa-do Jorge Picciani (PMDB), relembrando os 20 anos de conquista do voto para os jovens a partir dos 16 anos de idade. Ele aproveitou para ressaltar que a luta por este direito contribuiu para dar voz à juventude e permitir que ela também defina os destinos do País.

Para a desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), Maria Helena Cisne, que durante a solenidade elogiou a iniciativa, todo o poder de modificar o mundo está nas mãos da juventude, que precisa se utilizar desse potencial para buscar as transformações necessárias para o Brasil. “Vocês têm o coração puro, idade de sobra para lutar muito e ide-ologia. E não precisam esperar os 18 anos para dar início às mudanças que querem para o País. Façam isso hoje. Vigiem aqueles que foram eleitos e ajudem a mudar o Brasil”, aconselhou a desembargadora. Durante seu dis-curso, o presidente da Casa convocou os estudantes a se informar sobre o funcionamento e os assuntos tratados pelo Poder Legislativo.

O presidente destacou ainda que, para que a sociedade avance, a trans-parência e a participação popular são

necessárias. “Estamos aqui sempre para abrir portas e promover o diá-logo. Neste sentido foi que criamos a TV Alerj, a prestação de contas na internet e a disponibilização das viagens dos parlamentares no site da Casa”, afirmou.

O presidente da Ubes, Ismael Car-doso, concordou com a convocação de Picciani e explicou que o objetivo da cam-panha é muito maior do que incentivar os jovens a votar com 16 anos. “Nossa preten-são é debater o papel da juventude brasileira na política, que vai muito além do voto. Em 1968, ocorreu o as-sassinato, pela ditadura, do estudante Edson Luis de Lima Souto, durante uma passeata estudantil, e, no mesmo ano, o fechamento das assembléias com o AI-5. Hoje, 40 anos depois, es-tamos aqui, abrindo uma campanha para discutir as possibilidades de atuação do jovem na política, dentro do plenário de uma Casa legislativa”, comemorou. Presidente da Ames,

Janaína Maia disse que o jovem é o que mais sofre com o desemprego e a falta de investimentos na Educação. “Ninguém melhor que nós para saber o que precisamos e quem está apto a nos representar”, defendeu.

A voz da juventude também esteve presente na fala da presidente da UNE, Lúcia Stumpf. “Ao contrário do que

tentam nos empurrar, temos consciência e não podemos deixar que ninguém decida por nós”, reforçou a estudan-te, agradecendo o constante acolhimento da Alerj às lutas estudantis. “Os estudantes precisam ajudar a construir um País melhor e essa Casa sempre esteve aberta para nós. A Presidência recebe as

organizações estudantis em todas as nossas batalhas”, destacou.

Todas as cem palestras que serão re-alizadas pela campanha, que percorrerá o estado, irão contar com a presença de representantes da Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB) e do TRE-RJ, que, durante os encontros oferecerá aos participantes a oportunidade de tirar o título eleitoral.

Todo poder aos jovensEntidades estudantis lançam na Alerj campanha para estimular voto dos jovens

marCela maCiel

Cerimônia reuniu parlamentares, desembargadores, advogados e estudantes na Assembléia

“Os estudantes precisam ajudar a construir um País melhor e essa Casa sempre esteve aberta para nós”Presidente da uNE, Lúcia Stumpf

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 20084

MEIO AMbIENTE

No início do mês de março, quando a Assembléia Le-gislativa do Rio de Janeiro

deu início ao processo de divulgação da quarta edição do projeto Parlamento Juvenil, os alunos das mais de 1,6 mil unidades da rede pública de ensino do estado foram avisados de uma novida-de na já tradicional e esperada eleição. Este ano, os projetos de lei criados e defendidos pelos estudantes durante a etapa regional do Parlamento deverão tratar exclusivamente de meio ambiente, mais especificamente de medidas para conter o aquecimento global, decorrente da emissão de gases causadores do efeito estufa, como dióxido de carbono (CO²) e óxido nitroso (N

2O). A iniciativa é fruto

da parceria inédita do Parlamento Juvenil com a Secretaria estadual do Ambiente (SEA). “Temos observado, em trabalhos nas escolas do interior, que o tema é

amplamente discutido e tem despertado o interesse dos estudantes, o que gera em nós grandes expectativas com relação aos projetos que podem surgir do Parlamento Juvenil este ano”, aposta o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.

A parceria com a Secretaria do Am-biente e sua participação na coordena-ção do Parlamento, que já reúne, desde a primeira edição, a Alerj, a Secreta-ria de Estado de Educação e a rede da Fundação de Apoio à Escola Técnica do estado (Faetec), não se restringe à escolha do tema aquecimento global. “Nossa esperança é que saiam de cada região projetos que tragam soluções direcionadas para as demandas e especificidades locais. A Secretaria do Ambiente nos ajudará preparando os can-didatos para o tema, através de palestras e distribuição de material”, adiantou o coordenador de projetos especiais da Alerj, Arlindenor Pedro de Souza, que defende que o projeto seja a bandeira das eleições já nos dois turnos realizados nos municípios.

“Nas nossas edições anteriores, os repre-sentantes municipais eram escolhidos com base no carisma, deixando para discutir os projetos só na etapa regional. Esperamos que isto mude este ano”, prevê.

Em novembro, quando os 45 jovens selecionados chegarem ao Palácio Tira-dentes para passar uma semana discutin-

do, analisando e votando as propostas escolhidas, vão encontrar um Parlamento cada vez mais preocupado com o tema. Há atualmente 15 projetos sobre o assunto em tramitação na Casa, além dos muitos que falam sobre outras ações em defe-sa do meio ambiente. Recor-

dista na apresentação de propostas sobre a contenção do aquecimento, com seis projetos a serem votados, o parlamentar Rodrigo Dantas (DEM) aposta nas alter-nativas que não imponham restrições à população. “Acredito na importância de sugerir ações de substituição, que são mais facilmente assimiladas e aceitas. O cidadão, individualmente, só é nocivo ao consumir, por isso o foco na readequação

Fernanda Porto

O planeta é o foco

Parlamento Juvenil de 2008 terá como tema soluções para frear o aquecimento global

“ Nossa esperança é que saiam projetos que tragam soluções direcionadas para as demandas locais ”Arlindenor Pedro de Souza

Internet

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11 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008 5

MEIO AMbIENTE

do consumo. Medidas que cerceiam só devem existir de modo emergencial. De-vemos preservar a natureza garantindo as liberdades individuais”, defende o autor de projetos que, dentre outras coisas, prevêem medidas para conter emissões de gases causadores do efeito estufa, e da lei que obriga a instalação de sistema de aquecimento solar de água nos prédios públicos do estado.

Outro parlamentar que defende a compensação é André Corrêa (PPS), que aprovou a Resolução 329/08 que fará da Alerj um Par-lamento Neutro, através da medição das emissões de gases causadores de efeito estufa pro-duzidos pelas atividades parlamentares e do plantio de um número de árvores equivalente, com o objetivo de neutralizar o impacto ambiental causado pela Casa. “Esta medida pedagógica visa a despertar a consciência de cidadania ambiental a partir do Parlamento e a diminuir o impacto do dióxido de carbono (CO²), que gera o efeito estufa e as mudanças climáticas no planeta”, explica Corrêa.

Para a superintendente em clima e mercado de carbono da SEA, Suzana Kahn Ribeiro (ver box), a compensação dos gases emitidos ou a implemen-tação de sistemas que usem energia renovável devem ser estimuladas pa-ralelamente a noções de economia de luz e água e de seleção do lixo. “A defesa de projetos como estes deve ser

combinada à apresentação e aprovação de propostas que estejam relacionadas ao dia-a-dia da população. é mais fácil implementar leis que tratem de ações pontuais, como coleta de lixo, porque abordam te-

mas com os quais a população se identifica. Medidas mais complexas são fundamentais, mas envolvem ações interdisciplinares, o que gera rejeição por parte da população”, analisa a supe-rintendente. Os demais deputados que apresentaram propostas sobre o tema são Marcelo Simão (PHS), João Pedro (DEM), Dionísio Lins (PP), Dr. Wilson Cabral (PSB), Coronel Jairo (PSC) e Álvaro Lins(PMDB).

O prêmio No-bel da Paz, concedido ao Painel Intergo-vernamental de Mudanças Cli-máticas (IPCC) da ONU em 2007, premiou o trabalho de centenas de

cientistas que há anos se dedicam a estudos sobre a mudança do cli-ma no planeta. Dentre eles, está a pesquisadora Suzana Kahn Ribeiro, responsável pelo capítulo que tratou de transportes no relatório.

A discussão em torno do aque-cimento global se intensificou a partir da entrega do prêmio Nobel, que foi dividido entre o IPCC e Al Gore. Há alarmismo no discurso ambiental?Há exagero. Não gosto quando se fala de uma forma catastrofista, porque, ao fazer isto, você pinta um quadro tão definitivo, que paralisa as pes-soas. Se o mundo vai acabar, você relaxa, vai fazer o quê? Temos que mostrar as saídas, até porque as mu-danças são lentas. O problema é que alguns fenômenos, como furacões e tempestades, irão se intensificar. E o que está em questão é a capacidade de os povos se adaptarem, porque não podemos considerar movimentos migratórios no mundo atual. O povo de Bangladesh não poderá entrar pela Índia, ou o da Índia pelo Paquistão. Isso resultaria em guerras.

E o que vem sendo feito no Estado do Rio, para a contenção do aque-cimento global?Fizemos um inventário das emissões de gás no estado, o que nos permitirá traçar um plano de abatimento. O setor energético emite muito, então estamos analisando a possibilidade de que a rede elétrica a ser instalada tenha um percentual renovável. Tam-bém traçaremos um plano de suficiên-cia energética para a construção civil, que é um setor de grande demanda de energia, e criar o Parque do Carbono, no Maciço da Pedra Branca, para as empresas que estão querendo neu-tralizar suas emissões.

Ping Pong - Suzana Kahnl

Energia Solar – A Lei 5.184/08, do deputado Rodrigo Dantas, obriga prédios públicos a instalarem sistema de aquecimento de, pelo menos, 40% da água utilizada a partir da captação da energia solar. A instalação terá de ser feita durante a construção ou reforma dos edifícios. Campanhas nos cinemas – O projeto de lei 720/07, apresentado pelo deputado João Pedro, propõe que os cinemas do estado veiculem mensagens sobre o aquecimento global.

Filtros para indústria sucro-alcooleira – O projeto de lei 732/07, do deputado Wilson Cabral, prevê a instalação de filtros de contenção de gases nocivos nas indústrias de açúcar e álcool no estado. Vetado pelo governador, o projeto retorna à Casa para a apreciação dos parlamentares que decidem se mantém ou derrubam o veto.

Disque-Denúncia – O deputado Coronel Jairo propôs, no projeto de lei 1.110/07, a criação de um disque-denúncia voltado aos crimes ambientais.

Política sobre Mudança Climática – Estímulo ao desenvolvimento sustentável, inventário de emissões de gases e programas para conscientizar a população estão entre as medidas contidas no extenso projeto de lei 755/07, que cria a Política Estadual sobre Mudança Global do Clima, do deputado Marcelo Simão.

Redução da emissão de gases – O projeto de lei 89/07, do deputado Rodrigo Dantas, obriga o Estado a substituir, no prazo de quatro anos, toda a frota movida apenas a gasolina por veículos bi ou tri-combustíveis.

Confira os projetos apresentados sobre o assunto

“ O cidadão só é nocivo ao consumir, por isso o foco na readequação do consumo ”

Deputado Rodrigo Dantas (DEM)

Fabiano Veneza

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 200812 11 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008 76

capa

E le é pequeno, mas pode matar. Até o últi-mo dia 2 de abril de 2008, 57.010 pessoas tinham sido alvo da sua picada, sendo que 67 delas morreram. A dengue, transmi-tida pelo mosquito Aedes Aegypti, tem

alarmado toda a população, que faz filas nos hospitais em busca de tratamento. Os deputados acreditam que o Poder Legislativo pode contribuir para diminuir a incidência de casos da doença no estado e, por isso, votaram e apresenta-ram projetos de lei e indicações legislativas para combater o avanço do número de infectados. “O momento exige um investimento em comunicação de massa, com chama-das constantes na TV e no rádio, alertando para a situação. Não digo que se tenha que levar pânico, mas é preciso ser contundente, e o Governo tem que ser claro e direto: a dengue mata. O melhor colaborador que temos nesta luta é o cidadão”, avalia o presidente da Comissão de Saúde da Alerj, deputado Átila Nunes (DEM), que solicitou um assento para a Alerj no gabinete de crise instalado para o combate à epidemia de dengue no estado.

E o Governo, dando sinais de que o combate será feito de todas as formas, sancionou a Lei 5.208/08, aprovada pela Alerj em 11 de fevereiro, penalizando os proprietários de construções que se negarem a receber os agentes de saúde pública. “A mensagem foi aprimorada com a anexação de 12 emendas que detalham a forma de atuação dos agentes e aumentam as responsabilidades do estado”, defende o líder do Governo na Casa, deputado Paulo Melo (PMDB). A recusa injustificada sujeitará o infrator a multa entre R$ 200 e R$ 2 mil (no caso de imóveis residenciais) e R$ 2 mil e R$ 20 mil (no caso de imóveis comerciais). “É o caminho inexorável para que não se permita que atinjamos um estado crítico de calamidade”, reforça Átila Nunes.

Preocupado com o crescimento da dengue, ele apresentou o projeto de lei 1.221/07, que institui o programa de estímulo à instalação de caixas d’água saudáveis, fabricadas sem o uso de amianto. “Grande parte dos focos de mosquitos está nas caixas d’água de amianto, cujas tampas têm enorme

facilidade de que-brar, ao contrário dos modernos equipamentos à base de fibra de vidro. Como é impossí-vel a reposição, uma vez quebrada a tampa de amianto, a caixa fica descoberta, tornando a água um foco de larvas”, salienta ele.

O uso de asfalto ecológico na pa-vimentação e recapeamento de vias públicas é classificado, pelo deputado Olney Botelho (PDT), como uma das formas de combate à doença. “Estima-se que cerca de 21 milhões de pneus são descartados anualmente no País e isto é muito ruim porque estimula a proliferação do mosquito da dengue.

Projetos chamam atenção para a necessidade de adotar cuidados e envolver todos os cidadãos na luta contra a doença

EvErton Silvalima, marcEla maciEl E natalia alvES

Unidos para combater a dengue

Sabemos que os pneus são um grande foco de larvas desse inseto”, explica o pedetista. Botelho, autor

do projeto de lei 139/07, crê que uma das utilidades mais

saudáveis para os pneus que se transformam em lixo é a utilização

deles na fabricação de asfalto.Outro projeto de lei apresentado

com o intuito de evitar a multiplica-ção do Aedes Aegypti no estado é do

deputado Fernando Gusmão (PCdoB). De acordo com o texto (projeto 493/07),

quiosques e estabelecimentos comerciais que operam com flores e plantas ornamentais devem se integrar em programas educativos de combate a mosquitos vetores de doenças. “Os vasos de plantas ficam em pratinhos com águas e muitas dessas lojas não trocam o líquido regular-mente. Queremos ainda que essas f loriculturas distribuam, a cada venda, folhetos ensinando como combater a dengue”, enfatiza Gusmão.

Os deputados João Pedro (DEM), Beatriz Santos (PRB), Luiz Paulo e Gerson Bergher, ambos do PSDB, e José Nader (PTB) também estão preocupados em instituir normas para enfraquecer a dengue. O primeiro apresentou o projeto de lei 720/07, que obriga a exibição, em todas as salas de cinema do estado, de filme publicitário com informações sobre aqueci-mento global e defesa do meio ambiente. Já os quatro últimos são autores de indicações legislativas para a limpeza de rios e a criação de programa de transformação de pneus usados em combustível nas indústrias cimenteira e ceramista.

Depois de ter tido dengue, Joshua, de sete anos, virou um “agente-mirim” no combate aos focos do mosquito próximos à escola

“Tem que ser claro e direto: a dengue mata. O melhor colaborador que temos nesta luta é o cidadão ”Deputado Átila Nunes (DEM)

“ Estima-se que cerca de 21 milhões de pneus são descartados anualmente no País e isto é muito ruim, porque estimula a proliferação de mosquitos da dengue ”Deputado Olney Botelho (PDT)

Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o estudante de administração Thiago da Silva Pinheiro Martins, de 20 anos, cumpre a lição de casa para evitar a proliferação do Aedes Aegypti: nenhum vaso de planta em sua residência contém água parada. Mesmo assim, o jovem teve dengue

hemorrágica. “Na minha casa, cuidamos dessas coisas de praxe. Mas se o vizinho não faz, o mosquito de

lá também vem voar aqui”, observa Martins. A mobilização de todos é o que as autoridades de saúde do estado mais almejam. “A cidade do Rio é uma região endêmica devido ao clima tropical

e à geografia que facilita a proliferação do mos-quito da dengue. Assim, há um aumento no número de casos nos meses do verão. Por isso, a população tem de cuidar para que sua casa e áreas próximas não se tornem criadouros do inseto”, alerta a superintendente de Vigilância

em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio, Meri Baran.

O descaso também pode ter causado a infestação da doença na Escola Municipal Barão Homem de Melo, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Cristiana Deluiz, mãe do aluno Joshua Deluiz, de sete anos, contou que, ao lado do esta-belecimento de ensino, há um terreno baldio que parece ter focos do Aedes. “Sempre ligamos para os agentes co-munitários, mas a prefeitura não dá a devida importância. Quando meu filho teve a doença, tratei como se fosse uma virose. Ele ficou três dias com febre de 41 graus e nem le-vantava da cama”, conta Cristiana. “No nosso apartamento tenho cuidado com tudo e, no prédio, fazemos a limpeza da caixa d’água e da cobertura”, assegura.

Para Patrícia Brasil, infectologista do Ambulatório de Doenças Febris Agudas do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz, a dengue já é uma epidemia. “No Rio, a taxa de incidência está maior do que cem casos a cada 100 mil habitantes, a taxa de complicação já é superior a 40% e a taxa de letalidade chega a 20%”, destaca.

O efeito dominó da doença

Daniel Tiriba

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2008128

cApA

Os números da dengue no Estado do Rio de Janeiro em 2008*

A dengue nos últimos dez anos

Rio de Janeiro

Angra dos Reis

Tele-Dengue – para maiores informações sobre a doença, basta ligar para (21) 2575-0007

Nova Iguaçu

Campos

Agentes de saúde que combatem a dengue

12.284 Casos de dengue em todo o estado

57.010Bombeiros combatendo a dengue em todo o estado

1.200Óbitos causados pela

dengue em todo o estado

67

O mosquito Proveniente da África, o mosquito que pode transmitir a dengue e a febre amarela pica suas vítimas durante o dia. Ele é preto com manchas brancas no dorso, na cabeça e nas pernas. O macho alimenta-se exclusivamente de frutas e a fêmea necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos. Uma vez infectada, a fêmea permanece com o vírus por toda a vida, que pode chegar a 30 dias.

Sintoma da doença Febre, dores de cabeça e nas articulações, fraqueza, falta de apetite, manchas avermelhadas na pele e coceira no corpo são sintomas freqüentes da doença. Pequenos sangramentos de nariz ou gengivas, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal intensa e persistente, vômitos constantes, tonturas ao sentar ou levantar (caracterizando queda de pressão) também são sinais de alerta de que a doença pode estar evoluindo com gravidade.

Como se prevenir Evitar acúmulo de água em recipientes como pratos de plantas (colocar areia no prato), copos plásticos ou outros objetos deixados no quintal. Manter caixas d`água e lixeiras tampadas. Pneus devem ser furados e guardados em local coberto. Prédios e condomínios devem colocar água sanitária, detergente ou sal em canaletas. Verificar poços de elevadores. Manter piscinas sempre tratadas com cloro. Usar roupas mais fechadas (calças, meias e tênis) e repelente. Instalar telas nas janelas também ajuda.

Casos - 3.711 Mortes - uma Bairros atingidos - Grande Japuíba, Campo Belo, Vila Nova e morros do Centro.

Casos - 3.643Mortes - trêsBairros atingidos - Vila de Cava, Rancho Fundo, Santa Rita, Grama, Cacuia, Austin, Riachão, Tinguá e Posse.

Casos - 2.505 Mortes - trêsBairros atingidos - Jóquei Clube, Penha, Turf Clube, Parque Rosário e Jardim Carioca.

Casos - 36.647Mortes - 44 Bairros atingidos - Cidade de Deus, Camorim, Curicica, Anil, Gardênia Azul, Jacaré, Saúde, Bonsucesso, Benfica e Santo Cristo.

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil

1999

2 mil

9.0834.281

80.215

288.245

9.2422.694 2.580

31.054

66.553

57.010

80 mil

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

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* até 2 de abril de 2008

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HOMENAgEM

“ A história, a garra e a determinação transformaram Lily Marinho numa inequívoca figura humana. Tenho muita honra em homenageá-la ”Deputado Paulo Melo (PMDB)

Há mais de meio século, “num dia bonito de sol”, desembar-cava no porto da Praça Mauá,

Centro do Rio, Lily Monique de Carvalho Marinho. Muitos anos depois, a imigrante alemã, que passou grande parte da vida na França, tornou-se uma das principais incentivadoras das artes no Brasil. Essa história credenciou dona Lily, como é conhecida, a receber, no dia 5 de março, a principal comenda da Assembléia Le-gislativa do Rio, a Medalha Tiradentes. “O carioca se identifica pelo estado de espírito, e a senhora é carioca. A história, a garra e a determinação transformaram Lily Marinho numa inequívoca figura humana. Tenho muita honra em poder homenageá-la”, disse o autor do projeto de resolução de concessão do título, deputado Paulo Melo (PMDB).

Para dona Lily, a homenagem foi mo-tivo de muita emoção. “Contei em meu livro, Roberto & Lily, as circunstâncias da minha chegada às vésperas da Segunda Guerra Mundial. O Rio, naquela época, já era uma cidade maravilhosa. Ela tem hoje os mesmos problemas das grandes metrópoles do mundo, mas continua linda. Nunca pensei em morar em qualquer outra cidade, de qualquer país que seja ou do Brasil”, revelou a condecorada. Com um forte sotaque francês, Lily contou que aprendeu a falar português com uma empregada baiana. “Minha primeira professora de língua portuguesa foi nossa empregada da Bahia. Imagina só o que foi ouvir ‘óxen-te’ pela primeira vez”, contou, durante a cerimônia. Depois dessa declaração, o deputado Paulo Melo emendou: “Tive muito prazer em ver como a senhora direciona gestos ca-rinhosos a seus amigos e aos que a cercam”.

Antes do discurso de dona Lily, componentes da mesa de cerimônia saudaram a ho-menageada. O presidente

da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cícero Sandroni, fez referência ao jornalista Roberto Marinho em seu discurso. “A ABL não poderia deixar de fazer esse registro especial em referência a essa grande dama de coração brasileiro. Mas gostaria de falar da saudade que sinto do doutor Roberto, que nos deixou um legado de dedicação ao País”, opinou. Representando o governador Sérgio Cabral, o secretário de Estado da Casa Civil, Régis Fichtner, disse que todos precisam ter uma referência. “Dona Lily é uma personalidade do mundo que seria homenageada em qualquer lugar em que estivesse. Na verdade, não somos nós que estamos homenageando Lily, mas estamos sendo homenageados por ela e por essa medalha”, expressou. Fichtner completou dizendo que não há nada que nos liberte

mais do que as artes. “Dona Lily nos liberta através das artes”, concluiu.

Uma das mais importantes incentiva-doras da cultura no País, Lily Marinho nas-ceu em 1921, na Alemanha. Embaixadora da Boa Vontade pela Unesco e detentora da comenda da Legião de Honra, concedida pelo presidente francês Jacques Chirac, em 2006, dona Lily, que estudou em Paris, onde também foi eleita Miss França, em 1938, tem formação clássica em Literatura, Canto, Dicção e Arte Dramática. Casou-se duas vezes, quando esteve ao lado de dois dos maiores empresários da comunicação nacional: Horácio de Carvalho, em 1939, dono do Diário Carioca, com quem per-maneceu por 45 anos, e, em 1991, com Roberto Marinho, dono das Organizações Globo. Foi também graças a dona Lily que algumas das mais importantes mostras de arte francesa – Rodin, Picasso, Camille Claudel e Monet – chegaram ao Brasil. A socialite possui um grande acervo de obras de Guignard, Di Cavalcanti, Djanira, Iberê Camargo e Manabu Mabe, dentre outros, que já foi apresentado em diversas capitais do País.

Vida devotada à arteAlerj presta homenagem a Lily Marinho com a Medalha Tiradentes

everton Silvalima

Rafael W

allace

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l cuRTAS cuLTuRA

Rio celebra o Dia da Música ClássicaInspirados pela data, Quinteto Villa-Lobos se lança em projeto itinerante

Camila de Paula

Homenagem a São Jorge

A Lei 5.198/08, de autoria do depu-tado Jorge Babu (PT), que institui o dia 23 de abril feriado estadual em homenagem a São Jorge, foi sanciona-da pelo governador Sérgio Cabral, no dia 6 de março. Segundo o deputado, a comemoração vai além da religiosi-dade. “O fato de São Jorge ter sido um santo guerreiro, representa um exem-plo. Precisamos acreditar que apesar da violência, do desemprego, da falta de educação e de saúde, amanhã será um dia melhor”, defende Babu, que também é autor da lei municipal que instituiu o feriado na cidade do Rio.

Baixada-Barra De um lado, a expectativa de melhora da qualidade de vida da população da Baixada Fluminense que se desloca diariamente para a Barra da Tijuca. De outro, o medo de que o trânsito na região fique mais congestionado por conta das novas linhas de ônibus que ligarão a Baixada à Barra. Estes foram os argumentos sustentados pelos presidentes do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), Rogério Onofre, e da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, durante a audiência realizada pela Comissão de Transportes da Alerj, em 6 de março. “Está claro que a população dos nove municípios da Baixada ganhará muito com a nova linha”, analisa o presidente da comissão, deputado Marcelo Simão (PHS). Novo corregedor Os deputados Luiz Paulo (PSDB) e Comte Bittencourt (PPS) foram eleitos, no dia 12 de março, os novos corregedor e corregedor-substituto da Alerj, respectivamente. Eleitos por 50 votos a favor e uma abstenção, eles concorreram em chapa única para o mandato de um ano. “Nenhum dos dois pleiteou a vaga, mas a presidência optou por indicá-los, devido à postura exemplar e ao desempenho de ambos como parlamentares”, disse o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB).

A música clássica está bus-cando ares populares. Se por um lado este gênero sempre

esteve associado a um público seleto, por outro a Assembléia Legislativa do Rio mostrou que a intenção de contribuir para mudar este perfil já tem dado resultado. A partir da criação, no ano passado, do Dia Estadual da Música Clássica, comemora-do em 5 de março, iniciativas de grupos musicais têm tratado de difundi-la entre os estu-dantes. O grupo musical Quinteto Villa-Lobos, por exemplo, está realizando, de 9 de março a 19 de abril, 30 apresentações gratuitas com concertos didáticos e oficinas de música pela capital e interior do estado, destinadas a estudantes e profissionais da área de música. “Nossa idéia, ao criar a data, foi incrementar esta área da cultura, como era desejo de músicos e de admiradores deste gênero musical”, explica o autor do projeto, deputado Alessan-dro Molon (PT), acrescen-tando que sua esperança é que a medida estimule a realização de eventos de difusão da música clássica em vários locais do estado. Segundo o fagotista do quinteto, Aloysio Fagerlande, o objetivo do grupo é mostrar a música como linguagem e levar este conhecimento a quem nunca tenha tido contato com ela. “O concerto é um aprendizado inesquecível, já que a música transcende as barreiras da língua e propicia o encontro amistoso de diferentes culturas”, esclarece. As reações do pú-blico são positivas. “Todo tipo de cultura

beneficia a educação formal. Além disso, muitos estudantes nunca assistiram a um concerto musical ou entraram num teatro”, reforça a supervisora da unidade de Caxias do Colégio Pedro II, Kátia Halac. Durante o concerto didático no Teatro Municipal Raul Cortez, em Duque de Caxias, o aluno Gabriel Ferreira, de 13 anos, subiu ao palco para experimentar suas primeiras batidas em um pandeiro, enquanto o quinteto o acompanhava com clarineta, flauta, oboé, trompa e fagote. “Sempre gostei de música, mas nunca tive a oportunidade de tocar um instrumento. Depois dessa apresenta-ção me deu vontade de aprender flauta. Conheci instrumentos novos. Na escola

em que estudava antes, eu não tinha aula de música, sentia muita falta”, conta o estudante do Colégio Pedro II. “Iniciativas como esta do Quinteto Villa-Lobos, um grupo de reconhecida qualidade musical, são importantes para difundir a música clássica. Espero que outros grupos e artistas sigam este exemplo”, elogia Molon.

Gabriel Ferreira experimenta tocar acompanhado do quinteto

Camila de Paula

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TRIbuTAçãO

Mais divisas para o Rio

Aaprovação, no dia 2 de abril, pela Comissão de Consti-tuição e Justiça da Câmara

dos Deputados, das modificações suge-ridas pelo relator da proposta de emenda constitucional (PEC) do Governo federal que trata da reforma tributária, deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ), teve um capítulo importante no Parla-mento fluminense. No dia 10 de março, a Comissão de Tributação, Controle da Arrecadação e Fiscalização Tributária da Alerj, reuniu parlamentares e prefei-tos para debater a proposta do relator de suprimir a alínea da PEC que exclui, das operações com petróleo e energia elétrica, a arrecadação de 2% de ICMS pelo estado de origem do produto. “A audiência foi importante porque deu consciência não só ao Parlamento fluminense mas também aos setores produtivos da importância

da isonomia entre os estados, no que diz respeito à tributação na origem”, analisou o presidente da comissão, deputado Luiz Paulo (PSDB).

Na audiência, classificada por Picciani como “o primeiro debate público sobre a reforma tributária”, o deputado federal ex-plicou a tese que defenderia. “Nos basea-mos numa cláusula pétrea da Constituição que garante a isonomia dos estados. Tratar de maneira desigual o Estado do Rio fere a forma federativa do estado brasileiro. Com essa alínea que estava na reforma, o estado do Rio, grande produtor de petróleo, perderia muito em arrecadação tributária”, argumentou o parlamentar, que também foi à Assembléia Legislativa do Paraná e se encontrou com a bancada do Espírito Santo, antes da aprovação do relatório.

Na ocasião, o deputado federal revelou estar confiante na aprovação de seu rela-tório pela CCJ e que, em encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou sua decisão de mudar o texto e suprimir a alínea. “Temos que nos ater à admissibilidade e à constitucionalidade da matéria, ou seja, nosso parecer vai possibilitar saber se é uma discussão que

deve ou não prosseguir”, completou o pee-medebista, explicando que a questão que envolve o aumento da alíquota de 2% para 4% refere-se ao mérito da matéria e poderá ser tratada em uma comissão específica a ser constituída mais tarde, também na Câmara Federal. “é uma batalha longa: o secretário (estadual de Fazenda) Joaquim Levy disse em entrevistas que essa ex-clusão do petróleo da taxação na origem significa perdas de R$ 5 bilhões por ano para o Rio”, informou.

Durante a reunião da comissão, o relator da CCJ ouviu sugestões e respon-deu perguntas de deputados, prefeitos e representantes de entidades. O presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), acredita que corrigir a inconstituciona-lidade da PEC é o que mais importa no momento. “Temos que garantir os 2% de arrecadação na origem do petróleo, porque, assim, diminuem-se os riscos de sonegação e evasão fiscal, temas já tão complexos na área do petróleo e dos combustíveis. Se isso não acontecer, a arrecadação no destino, como quer a PEC, será um fracasso”, apontou.

Os deputados federal Silvio Lopes (PSDB-RJ) e estaduais Rodrigo Dantas (DEM), Gilberto Palmares (PT), André Corrêa (PPS), Glauco Lopes (PSDB), Paulo Ramos (PDT) e Wagner Montes (PDT) questionaram sobre os incentivos fiscais já garantidos e a necessidade de mobilização da população fluminense. “Há uma distinção e haverá regras para os incentivos já concedidos. Em alguns casos, eles vão cair em dois anos e, em outros, em oito”, precisou Leonardo Picciani. Mobilizar todos os setores do estado na defesa da arrecadação de 2% do ICMS do petróleo também é um dos principais interesses dos representan-tes de entidades presentes na reunião. “Sabemos que é uma árdua tarefa a do deputado federal de buscar uma reforma tributária moderna e consensual”, ilus-trou o vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), Carlos Gross. Também estiveram presentes na reunião o presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio (Fecomercio), Orlando Diniz, e o vice-presidente da Divisão Jurídica da Associação Comercial do Rio, Daniel Corrêa Homem de Carvalho.

Relator suprime da Reforma Tributária alínea da PEC que exclui petróleo de taxação na origem

everton Silvalima

Deputado federal Leonardo Picciani e o presidente da Comissão de Tributação, Luiz Paulo

Zô Guimarães

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“A agricultura, como qualquer setor, não caminha sozinha”

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O senhor diz que não gos-tava de política. O que o fez mudar de idéia?Sempre fui muito articulado, participava de tudo na mi-nha cidade. Por conta disso, fui convidado a me filiar no PSB. Disse que não era a pessoa indicada, que não gostava de política. De tanto insistirem, acabei fazendo a ficha no partido e passei a freqüentar as reuniões. Na segunda reunião, enquan-to esperava começar, ouvi: “Essa eleição será boa para nós porque teremos uns dois ou três vereadores. Inclusive tem um roceirinho aí que vai me trazer uns 500 votos”. O roceirinho era eu! (risos). Aí pensei: vou dar a eles muito mais do que 500 votos. No dia seguinte, saí de porta em porta, perguntando o que as pessoas achavam de eu me candidatar. Fui o mais votado do partido naquela eleição.

De que maneira a expe-riência como secretário de Agricultura contribui para o seu trabalho na comissão da Alerj?

Quando assumi a secretaria de Nova Friburgo, tínhamos 27 funcionários e nenhum programa para a área rural. Montei uma equipe e fizemos um cadastramento rural, o único do estado e pioneiro no País. Com esta medida, identificamos que Nova Fri-burgo é o maior produtor de couve-flor do mundo, que é o único produtor de morango e o maior produtor de flor de corte do es-tado. Agora meu dever passou a ser com o esta-do. Quero colocar em prática o que aprendi. A pes-quisa é sempre o primeiro passo para um bom tra-balho. Sempre soube, desde criança, que tinha que co-nhecer a minha terra para saber plantar.

E como está sendo feito este diagnóstico?Dividimos o estado em cin-co regiões, para fazer um balanço da economia rural, identificar os problemas do

campo nestas regiões, saber os municípios que têm dificul-dade na área agrícola e quais são estas dificuldades.

E o que o senhor tem feito nas outras áreas?Venho atuando nas áreas de saúde, educação e desenvol-vimento. Mas elas não deixam de ser um complemento ao desenvolvimento da atividade agrícola. Se o produtor encon-

tra educação, saú-de, investimento agrícola, fácil acesso pelas es-tradas e lazer em sua região, não tem por que sair. E, ficando, ele vai investir na terra e desenvolver sua

região. A agricultura, como qualquer outro setor, não ca-minha sozinha. Quando era presidente da Câmara, identi-fiquei cerca de 1.600 pessoas com câncer que tinham que sair de Nova Friburgo para o Rio, Petrópolis ou Teresópolis para serem tratadas. Em 2007, fizemos uma emenda para conseguir um mamógrafo pa-

ra o Hospital Municipal Raul Sertã. Em 2008, destinamos nosso orçamento para o hos-pital, R$ 1 milhão. Também pedi ao Governo a melhoria das estradas vicinais que ligam a cidade ao campo.

Qual o seu objetivo ao fim deste mandato?Realizar o Congresso Rio-Eco Rural e fazer o diagnóstico da produção rural, nos mes-mos moldes que consegui em Nova Friburgo, orientando o produtor e buscando novos in-vestimentos, só que agora em todo o estado. O congresso será a conclusão deste censo que venho realizando. Apesar de o estado investir menos de 1% do PIB em agricultu-ra, somos o segundo maior consumidor do País. Porque 93% da nossa agricultura são do tipo familiar. O Rio Eco-Rural também serve como um balanço geral de todas as formas de se viver no campo: a agricultura, a pecuária e até o turismo. O governador Sérgio Cabral já confirmou presença e se comprometeu a levar o presidente Lula.

Camila de Paula

Apesar de resistir, o deputado Rogério Cabral (PSB) acabou se convencendo de que a união de quem produz na terra não bastava. Era preciso negociar

soluções. Por isso, se candidatou a vereador em Nova Friburgo. Em 1992, foi eleito para o primeiro de quatro mandatos conse-cutivos. Entre 2001 e 2002, assumiu a Secretaria de Agricultura do município, montou uma equipe especializada e mapeou a produção friburguense. Eleito em 2006, com 33.513 votos, para seu primeiro mandato como deputado estadual, Cabral assumiu a presidência da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira da Alerj. “Em Nova Friburgo fui até a população agrícola para ver como ela estava lidando com a terra e qual é o perfil do meu agricultor. Agora este trabalho está muito maior”, avalia o deputado, que em 2007 realizou fóruns regionais para mapear a agricultura no estado.

lENTREVISTA ROGéRIO CABRAL (PSB)

Rafael Wallace

Sempre soube, desde criança, que tinha que conhecer a minha terra para saber plantar