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8/19/2019 José Guilherme Merquior
http://slidepdf.com/reader/full/jose-guilherme-merquior 1/7
JOSÉ GUILHERME MERQUIOR
Comentários diversos
OLAVO DE CARVALHO
A propósito, existe um pensamento de direita no Brasil (cuja origem passaria por nomes como Francisco Campos, os militantes do Centro Dom Vital e, contemporaneamente, Roberto Campos e José
uil!erme "er#uior$% & sr' se ilia a essa corrente% “Essa corrente”? Qual? Não há aí corrente nenhuma. Somente na
imaginação comunista poderia haver algo de comum entre um fascista
como ampos! os conservadores cat"licos do entro #om $ital e os
li%erais voltaireanos ampos e &er'uior. (í há tr)s correntes
inconciliáveis* uma di+ 'ue o poder deve ficar com o Estado! outra com
a ,gre-a! outra com o livre mercado. (s tr)s coincidem apenas no
anticomunismo! mas há milhes de ra+es para ser anticomunista! e
elas não formam entre si a unidade de uma ideologia. ( fantasia
comunista / 'ue! ignorando essa pluralidade de pontos de vista
possíveis! constr"i um espantalho de “unidade direitista” e depois se
esconde em%ai0o da cama! com medo. Ser comunista / ser idiota! e
usar as categorias comunistas de pensamento sem ser comunista / ser
ainda mais idiota.
)obre "er#uior, atribuem*se aos seus li+ros e ensaios os
undamentos de uma retomada do pensamento con+er+adorbrasileiro' eria ele desempen!ado um papel assim t-o capital%
1utra confusão. &er'uior nunca foi conservador. 2oi um li%eral3
progressista! como ampos. onservador foi 4oão amilo de 1liveira
5orres! foi 6il%erto 2re7re.
http://www.olavodecarvalho.org/textos/regis.htm
1 mais deprimente em tudo isso / 'ue o escritor assim duplamenteisolado 33 isolado pela sua pr"pria independ)ncia e pela incompreensão
8/19/2019 José Guilherme Merquior
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am%iente 33 nem sempre ag8enta o ro-ão. 9omens de valor como 1tto
&aria arpeau0 e 4os/ 6uilherme &er'uior aca%aram se
comprometendo com grupos políticos! não por interesse vil! / claro!
mas em %usca de respaldo social para melhor defender3se dos ata'ues
in-ustos 'ue sofriam! um da direita! outro da es'uerda.http://www.olavodecarvalho.org/semana/030605jt.htm
TRUEOUTSPEA !" DE JU#HO DE !$$%
https://www.youtube.com/watch?v=v!"#$%&n'(
)* livro mais $ilos,$ico do -eruior A #&t're(& do Pro)esso um livro pueril1
$rau2ssimo $iloso$icamente. )&omo $il,so$o era nada1.
le era bom em cr2tica cultural e hist,ria liter4ria.
TRUEOUTSPEA $* DE AGOSTO DE !$$%
)m matria de pol2tica era uma besta uadrada. , entendia de literatura viveu no
meio dos livros estudou toda a literatura marxista mas s, nas ideias e doutrinas. (cho
ue ele nunca leu um livro sobre a &t'&+,o d& G- no m'ndo. le s, se interessava
por palavras1.
ivro A #&t're(& do Pro)esso. tem um u7 de revolucion4rio ) uma interpreta89o
%egeliana da hist,ria s, ue o $im da hist,ria n9o vem com o ocialismo mas com o
capitalismo liberal. nt9o perspectiva revolucion4ria do mesmo jeito ...; )a tese da
nature<a do processo $raudulenta at a rai<1 em contraposi89o tese conservadora.
>&omenta as /revis0es err&d&s do -eruior numa carta ao presidenci4vel os
arney em @#A5.
A ÉTICA DA -AI1E2A
1lavo de arvalho
& lobo! :; de -unho de :<<<
http*==>>>.olavodecarvalho.org=semana=%ai0e+a.htm
8/19/2019 José Guilherme Merquior
http://slidepdf.com/reader/full/jose-guilherme-merquior 3/7
(nterior definitiva adesão do autor ao ideário li%eral! e ainda
marcado pelas resson@ncias de sua formação mar0ista! ASaudades do
carnaval. ,ntrodução crise da culturaA BSão Caulo! 2orense! DF:G
ainda /! para o meu gosto! o melhor livro do ines'uecível 4os/
6uilherme &er'uior. &uitos preferem A( nature+a do processoA! mas
tenho tantas o%-eçes ao triunfalismo progressista meio hegeliano!
meio Hantiano! aí assumido pelo autor na maturidade do seu
pensamento! 'ue prefiro ficar com a visão hist"rica mais trágica!
franHfurtiana! 'ue entene%recia as meditaçes do -ovem fil"sofo.
ASaudades do arnavalA permanece! at/ ho-e! a mais am%iciosa
tentativa de situar uma Ainterpretação do IrasilA no 'uadro da hist"ria
geral das Apaid/iasA ocidentais 3 os ideais educativos 'ue vieram! de/poca em /poca! orientando e cristali+ando os sucessivos esforços da
nossa civili+ação rumo a um modelo /tico ha%ilitado a conciliar a
organi+ação prática da sociedade com as e0ig)ncias da dignidade
espiritual da esp/cie humana.
#igo a mais am%iciosa! e não necessariamente a mais s/ria! por'ue em
seriedade / igualada por sua precursora imediata! A#esenvolvimento e
cultura. 1 pro%lema do estetismo no IrasilA! de &ário $ieira de &ello
BSão Caulo! Nacional! DJKG! a 'ual! sem tomar esse tema geral por seu
o%-eto e0plícito! muito fe+ avançar a sua compreensão ao destacar! na
formação da mentalidade das nossas classes letradas! em ve+ da
herança dos grandes ideais /tico3pedag"gicos! a influ)ncia
predominante de uma hipnose est/tica contraída de 4ean34ac'ues
Lousseau! pseudo3ideal educativo 'ue ainda ho-e contamina de um
vi/s teatral! posado e desreali+ante o grotesco de%ate A/ticoA em 'ue se
deleita uma Antelligent+iaA microc/fala.
( import@ncia vital dessas duas o%ras para n"s ho-e em dia reside
precisamente no fato de 'ue! na aus)ncia de uma visão dos modelos
superiores de conduta 'ue fundaram a nossa civili+ação 33 para não
falar das outras 33 ! toda discussão /tica tende a se perder em
casuísmos e oportunismos de uma %ai0e+a incomparável! invertendo
no fim todos os valores e consagrando como e0emplos de honrade+ e
'uase santidade os politi'ueiros mais mes'uinhos! os agitadores mais
%rutais! as estrelas mais ocamente vaidosas do Asho> %usinessA.
8/19/2019 José Guilherme Merquior
http://slidepdf.com/reader/full/jose-guilherme-merquior 4/7
Que de início todas as esperanças se depositassem sonsamente na
promessa de Apassar o Irasil a limpoA mediante C,s e cassaçes!
repetindo com signo ideol"gico inverso as omisses 6erais de
,n'u/rito do regime militar! mostra apenas a pressa indecente com 'ue
um descarado revanchismo! apostando na falta de mem"ria popular!
lança mão das armas cu-o uso condenava em seus adversários. &as
'ue! passados do+e anos de esc@ndalos! perseguiçes! demisses e
AimpeachmentsA! sem outro resultado visível senão a multiplicação das
denMncias e a fi0ação do país num estado crnico de despre+o a si
mesmo! ainda ha-a 'uem insista em 'ue Ao pro%lema do Irasil / a
impunidadeA e em 'ue tudo se resolverá com novos acr/scimos de
ferocidade na autodestruição das instituiçes! eis um fenmeno 'ue
denota! nas nossas classes falantes! -á não apenas a recusa o%stinada deaprender com a e0peri)ncia! -á não apenas a confiança cega nas
virtudes da orat"ria selvagem! mas! positivamente! uma visceral
desonestidade e uma falta completa de amor ao Irasil.
Não e0iste /tica! não e0iste moral onde não e0iste amor verdade! e
não e0iste amor verdade onde não e0iste a paci)ncia de %uscá3la.
Quando os intelectuais a%andonam toda investigação s/ria para
consagrar3se tarefa auto3assumida de Afa+er hist"riaA! de moldar o
mundo sua imagem e semelhança! de derru%ar governos e inventar
sociedades! a consci)ncia geral se re%ai0a ao nível dos ca%os eleitorais e
dos incitadores de desordens. Nesse momento! di+ia Eric $oegelin! os
personagens mais despre+íveis e caricatos! 'ue numa situação normal
seriam votados ao es'uecimento ou ao ridículo! ad'uirem sM%ito relevo
como encarnaçes literais e rasas dos caprichos da multidão enfurecida
'ue! na desorientação geral! se afirmam como um AErsat+A do %em e da
-ustiça.
4á o%servei 'ue! em outras /pocas! Alíder popularA era uma pessoa de
e0tração social humilde 'ue! por seus m/ritos e esforços pessoais! se
elevava acima de seus pares sem perder o elo de fidelidade com o meio
de origem. 9o-e! ou / um diplomado 'ue se disfarça de proleta!
imitando o vestuário e a fala dos po%res Bo 'ue / no mínimo um
desrespeitoG! ou / algum filho do acaso! 'ue! vindo de %ai0o e
desfrutando larga de seu novo padrão de vida! insiste em conservar e
alardear com orgulho sua condição originária de pessoa de poucas
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letras! choramingando sua e0clusão do ensino AelitistaA e promovendo
a identificação! altamente difamat"ria! da po%re+a com a ignor@ncia.
Esses tipos são ho-e e0i%idos multidão como modelos de vida
humana! para a edificação de nossas crianças. Em torno deles! umcírculo de intelectuais %a-uladores consagra3os como personificaçes
má0imas do g)nio popular %rasileiro. #eprimente e aviltante! esse
fenmeno reflete! nas gentes acad)micas! a perda completa da
orientação no universo dos valores e da hist"ria.
Oevado pelo discurso insano de acad)micos semiletrados! o Irasil
desgarra3se do ei0o do mundo! errando num espaço sem fundo onde
todas as proporçes se em%aralham! onde os -uí+os morais mais "%vios
suscitam esc@ndalo e onde o disforme e o o%scuro se tornam a medida
de todas as coisas.
Eis o motivo pelo 'ual / urgente retomar os estudos 'ue foram
iniciados por 4os/ 6uilherme &er'uior e &ário $ieira de &ello. 1u
aprendemos a encai0ar as aspiraçes %rasileiras no 'uadro de crit/rios
/ticos universalmente válidos 33 pois este era o pro%lema 'ue os
atormentava 33! ou logo não conseguiremos conce%er moralidade mais
alta 'ue a do delator ressentido 'ue! entre uivos de "dio cívico! enviaseus desafetos guilhotina.
O PREÇO DAS ILUSÕES
1lavo de arvalho
Di.rio do Comércio BeditorialG!/ D0 A&)& D0 1223
http*==>>>.olavodecarvalho.org=semana=<F<P<dce.html
4uma carta en+iada a José )arne5 em 67 de abril de 6/87, Joséuil!erme "er#uior aconsel!a+a ao ent-o presidente a9er : D0)D0
J; C0R&) 0)&) )<"=;<C&) > 0)?@0RDA especialmente: R0AAR R0A0) C&" C@BA' 00) E&) 0)?@0RD<)A)
F<CAR<A" "0<& A4& D<0R<4D& 0)0 =<G@, &BR<AD&) A
8/19/2019 José Guilherme Merquior
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ACHAR ?@0 I=, 0))0 )AR40K AG ?@0 4L& G A))<" L& R0AA'''M ' (+' José ".rio =ereira, : & FenNmeno "er#uior$'
0xplicando as ra9Oes dessa idéia #ue de+e ter l!e parecido t-o genial
#uanto ao destinat.rio da mensagem, o autor de A A)PC<A DA "Q"0)<) pondera+a
: C@BA H&J0 4L& &F0R0C0 "A<&R0) =0R<&) 4A A"GR<CA D& )@' & @0VAR<)"& J; 0RA' 0 & R0AA"04& 0" =0& "04&) RS) VA4A04) =ARA 4T) A$ ABR<R<A @" )<4<F<CA<V& =&04C<A D0 0U=&RA0) BRA)<0<RA) B$ =0R"<<R<A A& BRA)< <4F@<R, 0" B&A "0D<DA, 4A C&4D@A <40R4AC<&4A D0 HAVA4A, C&"& FAW & "GU<C&, 0" )04<D& "&D0RAD&R 0 R0A<)A C$ 0V<AR<A ?@0, 4& F@@R&, 4&))& R0AA"04& )0 D0))0 A R0B&?@0 D0 @"A R0C&4C<<AL& D<=&";<CAC@BAX@)A, R0C&4C<<AL& 0))A, A "GD<& =RAW&, L&C0RA ?@A4& & F&< & R0C&4H0C<"04& D0 =0?@<" =&RYA)H<4&4, 4A DGCADA =A))ADA '
)e !ou+esse um concurso mundial de pre+isOes erradas, esse
par.grao n-o perderia nem para os prognósticos do ministroira#uiano "o!ammed al*)a!a #uanto ao uturo glorioso de )addam
Hussein' =or si só, ele explica por #ue José uil!erme "er#uior,depois de morto, se tornou o direitista predileto da es#uerdabrasileira' )eus n-o exerceram nela grande inluZncia' 4-o consta#ue algum es#uerdista ten!a abjurado da admira[-o por "ic!el
Foucault por ler & 4<<<)"& D0 C;0DRA , nem aderido, exceto por ingimento t.tico, ao triunalismo liberal de A 4A@R0WA D&
=R&C0))& ' 0m compensa[-o, essas bre+es pala+ras dirigidas a um presidente da Rep\blica deixaram marcas duradouras' )arne5 n-osó pNs em pr.tica a sugest-o de reatar as rela[Oes do Brasil comCuba j. no ano seguinte, mas, no doce embalo da morte dogue+arismo, mandou tirar a disciplina :uerra Re+olucion.ria docurr]culo das escolas militares, deixando duas gera[Oes de oiciaisbrasileiros desaparel!adas para lidar com a expans-o sub+ersi+anas décadas seguintes' =ara a es#uerda, oi realmente um :pitéu emdose dupla' =ara o Brasil, +ejamos
8/19/2019 José Guilherme Merquior
http://slidepdf.com/reader/full/jose-guilherme-merquior 7/7
a$ Do total das exporta[Oes brasileiras, Cuba compra n-o mais de 2,1 por cento (dados de 1227+'!ttpXX^^^'apexbrasil'com'brXmediaXcuba'pd $'
b$ & Brasil n-o inluencia em nada a pol]tica cubana, mas Cuba,atra+és do Foro de )-o =aulo, determina e orienta a pol]tica de +.rios
pa]ses da América atina, entre os #uais o Brasil'
c$ A reconcilia[-o entre 0@A e Cuba, anunciada como ine+it.+el,simplesmente n-o aconteceu'
d$ ?uanto ao alecido :gue+arismo, é o cad.+er mais enérgico #ue j.se +iu' Hoje em dia a es#uerda é praticamente a \nica or[a pol]tica
organi9ada do continente, amparada no narcotr.ico, no apoio dam]dia internacional, na ajuda das unda[Oes bilion.rias e no poderbélico das Farc' G ali.s muito mais eica9mente coordenada pelo Forode )-o =aulo do #ue jamais o oi pela +el!a &A) (&rgani9a[-o de
)olidariedade atino*Americana$' 0m compara[-o com isso, asguerril!as dos anos _2*32 parecem escaramu[as de crian[as'
=oucos pol]ticos de es#uerda podem se gabar de !a+er contribu]do
tanto para criar essa dieren[a #uanto a dupla "er#uior*)arne5'
4o entanto, uma coisa continua imut.+el na :direita brasileiraainda predominam os #ue acreditam antes em ilusOes animadoras do#ue em diagnósticos realistas' G uma gente doente e co+arde, #ue
paga para ser enganada'