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Jus Navigandi

http://jus.uol.com.br

Flanelinhas pelo mundo: como outros pases enfrentam este problema urbano

http://jus.uol.com.br/revista/texto/19440

Publicado em06/2011

Oneir Vitor de Oliveira GuedesEnquanto as autoridades (polticas e policias) de algumas cidades buscam meios de reprimir com rigor esta conduta, em muitos municpios a ilicitude da mesma simplesmente ignorada.

SUMRIO:1. Introduo. 2. A ao dos flanelinhas alm das ruas brasileiras. 2.1. E.U.A. 2.2. Mxico 2.3. frica do Sul 2.4. Portugal. 2.5. Espanha. 3. O Brasil e a experincia aliengena. 3.1 Aprendendo com a experincia Norte Americana e Mexicana. 3.2. Aprendendo com a experincia Sul Africana. 3.3 Aprendendo com a experincia Portuguesa e Espanhola. 4. Consideraes finais

1.INTRODUO

Em meados dos anos 40, o notvel cineasta americano Walt Disney buscava inspirao para elaborar um personagem de desenho animado que representasse o perfil tpico do povo brasileiro. O resultado foi o papagaioZ Carioca, um personagem alegre, porm malandro, com averso ao trabalho e que est sempre a procura novas artimanhas para se dar bem.Muitos brasileiros trabalharam arduamente para mudar esse infeliz esteretipo macional, porm no h como negar que alguns personagens cotidianos ainda so perfeitos representantes daquela ingrata imagem elaborada dcadas atrs. Dentre estes destaca-se a figura do guardador de carros clandestino (flanelinha), um indviduo que se vale do medo natural do cidado diante da violncia urbana para oferecer um suposto servio de vigilncia sobre os veculos estacionados em vias pblicas.Colocam os condutores de em uma incmoda situao de constrangimento, de forma que o motorista deve optar entre pagar ao guardador ou ter seu veculo ou at mesmo sua integridade fsica atingidos.

O presente artigo pretende esclarecer que este problema no uma exclusividade das ruas ptrias, sendo uma questo de segurana pblica evidenciada em vrias outras naes. Vale lembrar que em artigos anteriores j demonstramos o impacto negativo da atuao dos guardadores na sociedade[01], os delitos por eles praticados[02]e a necessidade da criminalizao da conduta[03].Atualmente este um tema extremamente controverso no Brasil. Enquanto as autoridades (polticas e policias) de algumas cidades buscam meios de reprimir com rigor esta conduta[04], em muitos municpios a ilicitude da mesma simplesmente ignorada. Diante disso, o objetivo deste sucinto trabalho expor as implicaes da ao dos flanelinhas em alguns outros pases e a forma o problema foi (ou no) por eles enfrentado. Ao fim tentamos utilizar estas informaes como parmetros na busca de uma soluo vivel a nossa realidade.

2. A AO DOS FLANELINHAS ALM DAS RUAS BRASILEIRAS2.1 EUA

Os Estados Unidos nunca enfrentaram maiores dificuldades decorrentes da atuao de guardadores de carros ilegais[05], mas comeamos abordando este pas porque no incio dos anos 90 uma de suas maiores cidades encarou e venceu um "vilo urbano" cuja conduta e abordagem era muito semelhante a praticada pelos flanelinhas no Brasil. Na poca, os cidados de Nova Iorque sofriam com a ao dos"esqueegeemen", pessoas, normalmente jovens e atuando em grupo, que mediante ameaas, veladas ou no, extorquiam dinheiro de motoristas aps terem lavado os pra-brisas dos carros sem autorizao.[06]Eram figuras semelhantes quelas conhecidas nas ruas cariocas como "rodinhos", mas que atuavam de forma ainda mais violenta e intimidadora.

O problema pode parecer inofensivo em uma anlise superficial, mas suas implicaes negativas fizeram com que esta se tornasse uma das principais reclamaes dos nova-iorquinos, que viam na atuao daqueles jovens delinqentes a ausncia de ordem e autoridade, bem como uma ameaa constante, que levava ao medo e decadncia da qualidade da vida urbana. Tanto que uma das principais reivindicaes da populao nas eleies municipais em 1993 foi justamente a represso atuao dos "esqueegeemen".

Assim, o que poderia parecer em um primeiro momento algo com que a polcia sequer deveria se preocupar, estava, na verdade, atormentando aos motoristas e a sociedade como um todo. A situao em Nova Iorque chegou a esse ponto justamente porque naquele tempo havia nos EUA a idia de que a polcia no deveria investir seus esforos para manter a ordem pblica e prevenir delitos, mas sim para combater diretamente a criminalidade "pesada". Essa estratgia de prioridades fez com que desordens e pequenas infraes deixassem de ser reprimidas e que prpria criminalidade "pesada" aumentasse gradualmente.

A mudana de estratgia ocorreu quando o ento prefeito de Nova Iork, Rudolf Giuliani, e seu chefe de polcia, William Bratton, implantaram um mtodo de policiamento baseado na manuteno da ordem, enfatizando o combate ativo e agressivo de pequenas infraes, uma atuao que ficou conhecida como "Poltica de Tolerncia Zero", ao esta baseada na polmica "Broken Windows Theory"[07](Teoria das Janelas Quebradas).

Esta Operao, ao reprimir de forma eficaz a atuao dos "esqueegeemen"e de todos aqueles praticantes de pequenos delitos (pichadores, pessoas que no pagavam o metro, etc.), obteve grande sucesso na diminuio da criminalidade naquela cidade, embora muitos ainda questionem a ausncia de dados empricos capazes de comprovar sua eficcia. No obstante, o fato que, com a implantao desta poltica, os "lavadores delinqentes" simplesmente desapareceram e os motoristas finalmente se viram livres daquela extorso cotidiana.

2.2 MXICO

Independentemente das muitas crticas recebidas[08], a experincia americana foi repetida com sucesso no Mxico, que atuou incisivamente contra os "aparcacoches" (nome dado aos flanelinhas na regio). Diferentemente dos EUA, este pas h muito tempo sofria com a intimidao exercida pelos guardadores clandestinos de veculos sobre os condutores.

A existncia da cobrana para vigilncia de carros em vias pblicas mexicanas pode ser verificada at mesmo em episdios do seriado de TV "El Chavo del Ocho" (conhecido no Brasil comoChaves). Em um episdio, o ator Hctor Bonilha visita a Vila e o personagem Chaves se oferece para vigiar seu carro em troca de dinheiro. Um tempo depois o menino est de volta: _J vigiei seu carro. Quer que eu vigie denovo?_diz estendendo a mo at receber mais uma moeda.

Deixando o humor e a fico de lado, a verdade que o problema existia h muito tempo naquele pas, mas s ganhou maior relevo em 2004, poca em que o Mxico sofria com elevados ndices de criminalidade urbana, o que fez a populao ir s ruas da Cidade do Mxico exigir uma resposta das autoridades. O Governo passou ento a combater a delinqncia atravs de vrias frentes. Uma delas, talvez a medida mais importante, foi no se omitir diante de qualquer delito, por menor que fosse. Dentre estas infraes, a atividade dos "aparcacoches" (flanelinhas) foi apontada como uma das principais a serem combatidas.[09]Em 31 de maio daquele ano foi sancionada uma lei denominada "ley de cultura cvica"[10]que estabelecia as regras mnimas de comportamento do cidado e previa uma nova espcie de delito, a infrao cvica. A partir disso, os guardadores clandestinos de carros e outros "perturbadores da paz pblica" passaram a ser punidos com um breve recolhimento a priso, alm de multa de at 30 salrios mnimos.

Todas as aes encadeadas criaram um agradvel clima de respeito s leis e contriburam para frear o crescimento da delinqncia no pas (muitos detidos eram delinqentes procurados por outros crimes mais graves e devido a citada operao eles acabaram sendo finalmente presos). Na poca, os "aparcacoches" ilegais praticamente sumiram das ruas mexicanas.

2.3 FRICA DO SUL

Durante a realizao da ltima Copa das Confederaes na frica do Sul, a organizao do evento recebeu incisivos protestos relativos segurana pblica no pas. Entre as razes destas crticas estava justamente a atuao dos guardadores de carros clandestinos, que muito intimidaram os jornalistas esportivos que cobriram o evento.

O estopim aconteceu quando alguns jornalistas alemes foram abordados por flanelinhas que exigiam dinheiro no estacionamento reservado imprensa, no estdio Loftus Versfeld, em Pretria, aps uma partida entre Brasil e Itlia na primeira fase da competio. Acostumados com um grau elevado de civilidade em sua terra natal, os alemes mostram-se inconformados com a coero sofrida e acionaram a imprensa mundial.[11]Aps o incidente, Comit Organizador Local (COL) se viu em meio a uma chuva de indagaes de jornalistas de importantes veculos, como a agnciaReuters, a emissora de TV inglesaSKY, e os influentes jornaisNew York Times, dos EUA, eLe Monde, da Frana, que condenaram o fato de o pas da prxima copa ser aptico em relao a uma atividade que configura verdadeira extorso.

O Comit tentou minorar a situao alegando que episdio no se tratou de um assalto, mas sim de "um pedido de dinheiro tpico de pases do terceiro mundo". A justificativa no convenceu os reprteres das naes desenvolvidas, que no pouparam crticas quanto perturbadora atuao intimidadora dos guardadores sul-africanos.

Diante desse clima tenso, o ministro da Polcia da frica do Sul, Fikile Mbalula, afirmou que o fato no passou de um caso isolado e que no houve um roubo de fato. Um reprter daReutersretrucou dizendo que j cobriu oito Copas e isso jamais lhe aconteceu. O assunto acabou como manchete de inmeros jornais.

As modestas aes tomadas pelo poder pblico do pas foram ineficientes e o problema se repetiu na Copa do Mundo de 2014. Embora novos escndalos no tenham se repetido, as aes dos guardadores ilegais estavam entre as principais queixas dos turistas.[12]2.4 PORTUGAL

Em Portugal o flanelinha uma figura comum nos centros urbanos, sendo conhecido pelos lusitanos como"arrumador de carros" ou simplesmente "arrumador". Neste pas, a questo da cobrana ilegal pelas vagas de estacionamento em vias pblicas est intimamente ligada ao problema do uso indiscrimidado de entorpencentes, vez que a grande parte dos arrumadores so dependentes qumicos que encontraram na atividade uma forma de manter seus vcios.Um estudo intitulado "Arrumadores ou Arrumados",coordenado por Elza Pais, professora doInstituto Superior de Servio Social de Lisboa, apontou que o fenmeno de arrumar carros apresenta-se como um novo problema social decorrente das mutaes constantes da realidade lusitana. Segundo o estudo, essa situao "representa um problema social, devido sua situao de excluso social e de toxicodependncia, encontrando-se esta populao, inibida de exercer por completo a sua cidadania."No mesmo sentido, o socilogo Jos Machado Pais, doInstituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa, em um trabalho dedicado ao tema, afirma:"O senso comum alimenta a idia de que os jovens arrumadores, por serem drogados, so delinqentes, logo perigosos. Esta consensualidade legitimada por estudos que estabelecem uma correlao estreita entre consumo de drogas ilcitas e delinqncia, legitimao que sai reforada quando os media a propagam como realidade incontornvel. Alguns automobilistas contactados confessaram que, quando do dinheiro a um arrumador, o fazem por receio de represlias riscos no carro, pneus furados, vidros partidos."[13]O socilogo afirma ainda que em Portugal existem dois tipos de arrumadores: os mais jovens, vistos sempre como drogados, e os idosos, conhecidos como "chapus de chapa" (o nome decorre de um chapu tradicionalmente utilizado por eles, que segundo o socilogo lhes confere um poder simblico ou alegrico). Estes ltimos so encarados com alguma a respeitabilidade em razo de sua avanada idade, porm constantemente queixam-se de uma suposta concorrncia desleal e chantagista exercida pelos mais jovens,

Um projeto realizado na cidade portuguesa de Caldas da Rainha, desenvolvido em 2005 atravs de uma parceria Cmara Municipal, a Polcia de Segurana Pblica e outras entidades, buscou solucionar o problema atravs do fornecimento tratamento aos arrumadores dependentes de txicos. Com isso, parte dos arrumadores de automveis deixou de exercer a atividade, que em muito prejudicava a imagem turstica da cidade.[14]Entretanto, esta e outras medidas semelhantes adotadas no pas apenas amenizaram o problema, j continuam sendo noticiados inmeros casos de violncia envolvendo guardadores lusitanos.

2.5 ESPANHA

Neste pas, onde os flanelinhas so conhecidos como "gorrillas" ou "aparcacoches", o problema comeou a tomar grandes propores em fevereiro de 2006, na cidade de Crdoba, quando dois guardadores ilegais esfaquearam um homem por se opor ao pagamento.[15]Nos ltimos anos, operaes forma realizadas em Barcelona com o fim de prender guardadores, tipificando a conduta como ameaa a propriedade. Os cidados tem se indignado com os valores que lhes so extorquidos, havendo guardadores ilegais que cobram um preo "oficial" de 14 euros por vaga.[16]Em Valencia a presena indesejada de flanelinhas (boa parte formada por imigrantes africanos) um constante motivo de reclamao por moradores e turistas.[17]De acordo com o porta-voz da promotoria da cidade, a conduta punida com multa (em 2009 foram aplicadas mais de duas mil), mas em muitos casos o guardador deve ser apresentado a um juiz. Se for uma situao leve, diz o promotor, o guardador acusado de falta de desobedincia, enquanto crimes mais graves e persistentes, como coao, podem resultar at mesmo em priso.[18]No caso de crime de desobedincia, este estaria configurado porque os "gorrilas" violam o artigo 122 do "Regulamento Geral de Circulao Municipal".

A cidade de Alicante foi uma das primeiras a aprovar uma lei que probe expressamente a atividade dos guardadores. No entanto, na prtica, os agentes municipais apenas aplicam uma multa como punio e os guardadores raramente pagam. Quando so abordados pela policia local e ainda assim permanecem com a atividade, podem os "gorrilas" serem autuados por desobedincia.[19]Na cidade de Ibiza, apesar de um decreto-lei municipal de 2009 destinado a promover e garantir a segurana do cidado em espaos pblicos, muitos motoristas ainda so ameaados. O decreto-lei no conseguiu erradicar essas prticas com base no seu artigo 27, que inclui a proibio de "conduta sob o pretexto de pedir insistente, intrusivo ou agressivo". Esta regra estendida no artigo 28.1, que probe expressamente a conduta que, sob formas organizadas, representam atitudes coercitivas ou de assdio, ou de obstruir e dificultar intencionalmente livre trnsito dos cidados nos espaos pblicos.[20]O decreto-lei no s prev sanes econmicas para essas aes, mas essas multas podem ser substitudas por sesses de atendimento individualizado com os servios sociais ou cursos onde informar as pessoas afetadas pelo potencial de apoio e assistncia sociais pblicas e privadas oferecem instituies.

Aos poucos o pas comea a enfrentar de forma mais efetiva a atuao dos guardadores, havendo recentes condenaes, como a de um flanelinha condenado a um ano e meio de priso por ameaar policiais e outro condenado a seis meses em razo de uma coao contra um motorista que est se recusou a pagar.[21]

3. O BRASIL E A EXPERINCIA ALIENGENA

3.1 APRENDENDO COM A EXPERINCIA AMERICANA E MEXICANA

No Brasil, a atuao dos flanelinhas tem sido tolerada pela policia h muito tempo. A conduta muitas vezes encarada como um delito de menor relevncia, que no constitui uma prioridade diante de tantos crimes mais graves ocorridos com preocupante freqncia em todo pas[22]. Entretanto, este entendimento ignora a intrnseca relao entre essas infraes e a criminalidade como um todo, de forma que a qualidade de vida da populao tem cado concomitantemente com a permissibilidade de delitos como esse.

No se pode negar que a falta de combate aos pequenos infratores gera o descrdito da sociedade na atuao e competncia das instituies estatais, trazendo a sensao de se viver em uma terra sem lei, ou melhor, em uma terra de muitas leis, porm sem respeito a elas. Notadamente, trata-se de uma atividade que representa a impotncia do poder pblico perante a marginalidade, sua ineficincia em manter a ordem e coibir prticas que atentam contra a paz social, gerando no esprito do indivduo uma insegurana quanto proteo dispensada pelo prprio estado.

De fato, a desordem e a ausncia de represso a pequenos delitos no so, por certo, a nica causa do aumento da criminalidade no Brasil. A criminalidade um fenmeno complexo, fundamentada tambm em razes de ordem econmica, poltica e social.

No entanto, se o crime tem causas multifatoriais, as solues tambm so variadas. Assim, a conteno da ao dos flanelinhas deve ser encarada como um importante elemento no combate criminalidade e na manuteno da ordem, embora no o nico. Nesse sentido, em artigo sobre o tema, o DoutorDruzio Varella aduziu que aquelas condutas que importam na deteriorao da paisagem urbana so interpretadas como ausncia dos poderes pblicos, o que "enfraquece os controles impostos pela comunidade, aumenta a insegurana coletiva e convida prtica de crimes".[23]O Brasil pode aprender com a experincia americana, no para repetir integralmente, em patente desrespeito as garantias constitucionais, as to criticadas operaes de "Tolerncia Zero", mas sim para compreender a necessidade inadivel de se dar a devida ateno s infraes incorporadas ao cotidiano das pessoas. A ocorrncia de delitos (como o dos flanelinhas) sem a devida represso "configura as primeiras janelas quebradas que, no consertadas, iro, mais tarde, solapar todo o sistema de segurana pblica, criando um clima propcio para o aumento da criminalidade."[24]Deve-se ter em mente que os sistemas adotados na Amrica do Norte e no Mxico so baseados em diferentes premissas e que, sendo o Brasil permeado por diferentes garantias constitucionais, apenas algumas dessas premissas nos so validas[25]. Devem ser repelidas aqui idias como a intolerncia com as condutas que sequer so tipificadas ou a imposio de penas demasiadamente severas. Contudo, a diminuio da impunidade, ressocializando mais criminosos (no necessariamente impondo penas restritivas de liberdade) e prevenindo a ocorrncia de novas infraes, bem como a atuao uma polcia preparada junto comunidade, so aes que podem ser repetidas com sucesso no enfrentamento dos flanelinhas brasileiros.

3.2 APRENDENDO COM A EXPERINCIA SUL AFRICANA

Os fatos envolvendo flanelinhas durante os ltimos eventos esportivos na frica do sul devem ser tomados como lio para que o mesmo problema no se repita em nosso pas.

fato notrio que as grandes e mdias cidades brasileiras tm suas ruas loteadas por guardadores de carros clandestinos. Quem freqenta jogos de futebol sabe que os estdios nacionais so rodeados por flanelinhas, que em dias de clssico exigem antecipadamente quantias exorbitantes pela utilizao de uma vaga.

O contingente de flanelinhas nas ruas tupiniquins aumenta cada vez mais, e, assim como na frica do Sul, tem se tornando uma prtica comumente associada criminalidade e degradao do ambiente urbano. Dessa forma, percebe-se que Brasil enfrenta o mesmo problema de segurana pblica que levou imprensa mundial a criticar to duramente o pas sede do ltimo mundial de futebol. Se esta prtica injustificvel perdurar ruas brasileiras at a Copa de 2014, de se imaginar que o pas ser alvo da mesma censura internacional. De nada adiantar duplicar rodovias e desafogar o trnsito se os turistas no podero sequer estacionar seus carros livremente.

A situao demanda uma interveno imediata do poder pblico, j que conivncia estatal com esta conduta atingiu um novo patamar: o risco de um irremedivel desprestgio internacional, apto a atrapalhar at mesmo a realizao da Copa do Mundo de 2014, como ocorreu na frica do sul na ltima Copa das Confederaes e Copa do Mundo de Futebol.

Quanto a esta relao entre flanelinhas e estdios de futebol, cabe ainda mais uma considerao. Em julho de 2010, foram feitas mudanas no estatuto do torcedor atravs da Lei n 12.299/2010. As alteraes objetivaram reduzir a violncia dentro e fora dos estdios, aumentando o rigor das penas para quem invadir o campo, cometer atos de vandalismo, atuar como cambista, etc.

Ora, se o legislador queria melhorar a vida de quem freqenta os jogos, no poderia deixar de combater a atuao dos flanelinhas que tanto intimidam torcedores nas imediaes dos estdios, cobrando antecipado e com ameaas implcitas ou explcitas (e o pior que os guardadores de carros alegam cobrar por um suposto servio de vigilncia, mas abandonam o local assim que o jogo comea).

Neste sentido o radialista e narrador esportivo "Tonico", da Transamrica FM e Rdio Record AM, que pode at no entender de leis, mas entende muito de estdios de futebol, se manifestou: "A novo estatuto determina muitas outras coisas, porm deixaram de lado um detalhe super importante: Proibir os flanelinhas que importunam e constrangem quem tenta estacionar nas imediaes do estdio."[26]Atualmente, algumas aes pontuais da polcia na represso de flanelinhas at chegam a ocorrer em alguns poucos jogos[27], mas este combate ainda muito tmido se considerarmos a real dimenso do problema.

3.3 APRENDENDO COM EXPERINCIA PORTUGUESA E ESPANHOLA

A ao dos guardadores ilegais brasileiros e lusitanos funda-se em razes de natureza diversa em cada pas. Enquanto em Portugal a necessidade de dinheiro para o consumo de drogas o fator primordial para ao dos "arrumadores", no Brasil h ainda as altas taxas de desemprego, a associao da conduta a outras formas de criminalidade, o aumento exponencial da rentabilidade deste tipo de crime, o conformismo da populao e a falta de controle e represso pelo poder pblico.

Alm disso, sabe-se que os flanelinhas ptrios se mantm no ofcio porque jamais conseguiram renda semelhante trabalhando no mercado formal. Neste sentido uma pesquisa desenvolvida por Raphael Henrique de Fernandes Matos, do Departamento de antropologia da Universidade de Braslia, apontou respostas comumente dadas pelos que os guardadores para justificar a atividade e entre elas encontramos: "O salrio melhor que outros trabalhos"; "Pra trabalhar para si prprio"ou at mesmo"Porque o nico servio que gostei."[28]Mesmo que o problema tenha origem diversa, ainda assim pode o Brasil aprender com a lio lusitana no sentido de que o problema deve ser encarado tambm levando-se em conta aspectos sociais relacionados atividade. Isto porque para soluo definitiva da questo faz-se necessria ainda uma atuao integrada entre o Direito Penal e as polticas sociais, visto que afastando os flanelinhas de sua atividade criminosa, ainda assim persistir o problema da falta de ocupao.

Esta proposta de soluo consiste em uma nova postura a ser adotada pelas prefeituras, que ao invs de buscarem formas de institucionalizar a cobrana efetuada pelos guardadores atravs de cadastramento e regularizao, deveriam buscar alternativas para eliminar esse tipo de atuao nas ruas dos municpios atravs da incluso destas pessoas no mercado de trabalho formal. No se trata de formalizar a informalidade, mas sim de proporcionar alternativas de subsistncia atravs de uma ocupao digna.

Neste sentido um projeto chegou a ser adotado na cidade de Volta Redonda (RJ)[29]. A prefeitura deste municpio realizou parcerias com empresas da iniciativa privada, que assumiram o compromisso de admitir guardadores retirados das ruas em seu rol de funcionrios. Em troca, o municpio se comprometeu em capacitar estes ex-flanelinhas por meio de cursos profissionalizantes a serem custeados pela prpria prefeitura. Dessa forma ambos sairiam ganhando: as empresas admitiriam funcionrios capacitados e cumpririam com sua funo social; o municpio, por sua vez, se veria livre da incmoda e injustificvel intimidao cotidiana promovida pelos guardadores clandestinos. O projeto deu certo no incio, mas outros flanelinhas acabaram tomando o lugar daqueles que saram da ocupao (ou seja, este tipo de poltica s funcionaria se fosse implantado em conjunto com alguma forma efetiva de represso da conduta).

Quanto experincia espanhola, pode-se perceber que aquele pas tem buscado meios legais de reprimir a conduta, seja atravs da punio com base nos tipos penais j existentes, seja atravs da atuao legislativa para uma nova tipificao.

Em relao possibilidade de uma nova tipificao, assumia especial relevo no Brasil o Projeto de Lei n 4501/08, de autoria do Deputado Federal Antnio Carlos Biscaia (PT/RJ), cuja pretenso era tornar crime a "cobrana de taxa pelo servio de vigilncia de carros em locais pblicos", que constaria no Cdigo Penal como modalidade de extorso indireta, com pena prevista de um a trs anos de deteno e multa. Porm, as Comisses da Cmara protelaram de tal forma a apreciao deste projeto que ele acabou sendo arquivado quando seu autor no foi reeleito nas ltimas eleies. At agora nenhum parlamentar teve o bom-senso de reapresentar a proposta.

J em relao a punio com base aos tipos j existentes no Brasil, conforme j esclarecemos em um artigo anterior[30],como via de regra o guardador clandestino efetua o "servio" sem cumprir as condies exigida pela Lei Federal 6.242/75 (que exige autorizao especial do poder pblico para a pratica de "vigiar veculos"), sua conduta caracteriza a contraveno de exerccio irregular de profisso ou atividade.

Recentemente o Juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, integrante da Turma Recursal Criminal de Belo Horizonte, acatou um recurso do Ministrio Pblico para aceitar uma denncia que havia sido rejeitada em primeiro grau porque a Juza envolvida no caso considerava a conduta dos flanelinhas atpica, apenas um problema social. Em sua deciso, Narciso Alvarenga afirmou que a profisso de guardador foi regulamentada por lei, sendo que qualquer indivduo que exercitar o ofcio sem atender as condies legais impostas estar praticando a contraveno penal descrita no artigo 47 da Lei de Contravenes Penais (exerccio irregular de profisso ou atividade).

O magistrado aproveitou a oportunidade para rebater o outro argumento levantado em primeiro grau: "Vale mencionar tambm que a questo social no pode ser utilizada para a rejeio da denncia, tendo em vista que milhares de pessoas no Brasil encontram-se desempregadas e nem por esse motivo ficam pelas ruas cometendo crimes e contravenes penais"[31]Alm desta contraveno, a conduta dos flanelinhas pode evidenciar o cometimento de variados crimes, de acordo com peculiaridades de cada abordagem. Se a flanelinha no faz um pedido ao condutor, mas verdadeira cobrana coercitiva, presente estar o crime de extorso. Se o flanelinha simplesmente impedir que um motorista venha a usufruir de uma vaga pblica de estacionamento (exigindo pagamento adiantado, por exemplo), tal ato configurar o crime de constrangimento ilegal. Por outro lado, se um guardador clandestino se valer de meios ardilosos para que o condutor lhe pague voluntariamente (utilizando coletes ou crachs que passem a falsa aparncia de que sua situao regularizada junto aos rgos competentes), podero estar caracterizados o crime de estelionato. Caso o flanelinha venha a se passar por agente municipal competente para efetuar tal cobrana, sua conduta poder ser enquadrada como o crime de usurpao de funo pblica. Vale ressaltar ainda que existem ainda inmeros outros delitos comumente praticados de forma secundria pelos flanelinhas, tais como os crimes de dano, furto, leso corporal, supresso de documento pblico (quando rasgam multas), formao de quadrilha, corrupo ativa e at mesmo trfico de drogas, havendo ainda a possibilidade de enquadr-lo na contraveno de vadiagem caso no comprove que possui alguma ocupao lcita.

CONSIDERAES FINAIS

A necessidade do combate efetivo ao dos guardadores clandestinos de veculos j foi evidenciada em vrios pases. Trata-se de um mal globalizado. O Brasil pode aprender com as experincias de outras naes, mas deve agir rpido, pois em nenhuma parte do globo este problema atingiu o nvel encontrado aqui: Apropriao de espaos pblicos, intimidao e extorso de motoristas, danos a veculos, disputas violentas por territrio, envolvimento com milcias e trfico de drogas so apenas alguns dentre os muitos fatos abominveis praticados pelos guardadores tupiniquins

Algumas medidas isoladas j foram adotadas por aqui. Em Belo Horizonte, a "atividade de flanelinha" expressamente proibida pelo artigo 118 do Cdigo de Posturas das cidade[32]. Em Ribeiro Preto, recentemente a Promotoria de Justia de Interesses Difusos ingressou com uma ao civil pblica para acabar com a ao dos flanelinhas no municpio[33](uma ao semelhante j havia sido ajuizada pela Defensoria Pblica em Vitria[34]).

Na cidade do Rio de Janeiro a situao catica, mas ainda assim o municpio pode ser apontado como o destaque nacional em matria de combate aos guardadores ilegais. De janeiro de 2009 a setembro de 2010, segundo apontou levantamento feito pela Seop (Secretaria Especial de Ordem Pblica), 1.088 flanelinhas foram detidos[35]. Neste ano, em apenas dois dias, na ao denominada "Operao Arrumador", 224 flanelinhas foram detidos.[36]Em So Paulo a situao oposta. Enquanto a polcia paulista recentemente chegou at mesmo a declarar que no v ilicitude na conduta dos flanelinhas[37], a prefeitura e o Ministrio Pblico j manifestaram interesse em institucionalizar o problema atravs da regulamentao da atividade. Sobre o assunto, um editorial publicado recentemente no jornalO Estado de So Paulochamou a proposta de "legalizao da extorso"[38]. No mesmo sentido, o presidente da comisso de assistncia judiciria da OAB-SP, Dirceo Torrecillas Ramos, assim se posicionou;" uma atitude temerria, da Prefeitura e da PM, tentar coibir uma ao ilegal regularizando-a... As ruas so bens de todos, dos cidados que pagam impostos, e certamente sero levantados impeditivos legais no momento em que houver a tentativa de institucionalizar esse loteamento... inexplicvel o Ministrio Pblico e a Prefeitura cogitarem dar guarida a esse tipo de conduta, que ilegal, associada ao crime de extorso. loteamento de espao pblico e legalizao da extorso"[39]Essa postura do poder pblico paulista reflete uma atitude comum da poltica brasileira em relao aos seus problemas. Ao invs de combat-los, junta-se a eles, de modo que aquilo que clandestino acaba se tornando pblico e oficial, ainda que seja flagrantemente acintoso moralidade pblica e ao sistema jurdico como um todo.

Conforme j afirmamos outrora[40], deixando de lado a adoo as medidas paliativas e estratgias utpicas, podemos enumerar quatro possveis solues para o pandemnio instaurado pela atuao dos flanelinhas no Brasil: 1) Efetiva represso policial, combatendo-se, com o devido rigor, alm da contraveno de exerccio irregular de atividade, os muitos crimes costumeiramente praticados, tais como extorso, constrangimento ilegal, estelionato, dentre outros; 2) Determinao judicial para que o poder pblico retire todos os guardadores das ruas de cada cidade ou estado, um caminho possvel atravs do ajuizamento de Aes Civis Pblicas por todo pas ; 3) Criminalizao da conduta, o que deve ser feito necessariamente por lei federal; 4) Adoo de uma nova postura pela maioria das prefeituras, que ao invs de buscarem formas de institucionalizar a cobrana efetuada pelos guardadores, deveriam buscar alternativas para eliminar esse tipo de atuao atravs da capacitao e incluso destas pessoas no mercado de trabalho regular mas em empregos de verdade e no em ocupaes que reflitam aquele velho esteretipo do papagaio Z Carioca, que tanto queremos abandonar.

BIBLIOGRAFIA

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___________.A conduta criminosa dos guardadores clandestinos de veculos (flanelinhas) e a legislao penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2209, 19 jul. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 30 mai. 2011.

_______.A necessria criminalizao da conduta dos guardadores clandestinos de veculos (flanelinhas). Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2231, 10 ago. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 6 jun. 2011.

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Notas

1. GUEDES, Oneir Vitor Oliveira.Guardadores clandestinos de veculos (flanelinhas). O impacto deletrio na sociedade e o fracasso de sua regulamentao legal.Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2197, 7 jul. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 25 mai. 2011.

2. GUEDES, Oneir Vitor Oliveira. A conduta criminosa dos guardadores clandestinos de veculos (flanelinhas) e a legislao penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2209, 19 jul. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 30 mai. 2011.

3. GUEDES, Oneir Vitor Oliveira. A necessria criminalizao da conduta dos guardadores clandestinos de veculos (flanelinhas). Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2231, 10 ago. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 6 jun. 2011.

4. Jornal Estado, notcia:"Operao prende 224 flanelinhas no Estado do RJ",disponvel em: , acesso em : 6 jun 2011

5. Nos EUA, a cobrana pelas vagas em locais pblicos organizada pelo sistema de paqumetros, sendo comum em locais privados a atuao de manobristas profissionais - ouparking vallets que em nada se assemelham aos guardadores clandestinos conhecidos no Brasil (bem diferentes tambm dosvalletsde So Paulo, verdadeiros flanelinhas camuflados).

6. RUBIN, Daniel Sperb. Janelas quebradas, tolerncia zero e criminalidade .Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 62, fev. 2003. Disponvel em: .Acesso em: 23 mai. 2011.

7. WILSON, James Q.; Kelling George L. "Broken windows: the police and neighborhood safety", in: Atlantic Monthly de maro de 1982.8. Segundo os opositores, a teoria das janelas quebradas condenvel por tratar de medidas imediatistas que no atacam as reais causas do problema, por oprimir apenas os pobres e minorias, por violar garantias individuais e por ser o plano americanoum reflexo do chamado direito penal mximo.

9. Veja online, reportagem: "Pior que Rio e So Paulo: No combate ao crime, a Cidade do Mxico comea por prender camels e flanelinhas",publicada em 22 de setembro de 2004, disponvel em , acesso em 25 de mai 2011 dispona em notade do Mxico

10. A integra da lei de cultura cvica est disponvel em: acesso em 05 de mai 2011

11. Folha de S. Paulo, notcia "Flanelinha e furtos colocam Copa da frica-2010 em xeque", publicada em 23 de junho de 2009, disponvel em , acesso em 01 de mai 2011

12. Nos blogs e redes sociais as reclamaes as reclamaes eram comuns, como no blog "Gol" de Fernando Graziani segundo ele, na chegada ao estdio Ellis Park para a partida entre Eslovnia e Estados Unidos, ele viu "certamente o recorde mundial de flanelinhas em uma partida de futebol. A mdia era de um flanelinha para trs carros nas redondezas do estdio" - postagem disponvel em: , acesso em 06 jun 2011

13. PAIS,Jos Machado,Jovens arrumadores de carros - a sobrevivncia nas teias da toxicodependncia, Anlise Social, vol. XXXVI, n. 158-159, 2001, pgs. 373-398

14. Noticirio do Oeste, Disponvel em: , acesso em 15 de mai 2011

15. Jornal ABC, notcia: "El fiscal pide ms de 2.000 euros a un vovi que ray un coche", disponvel em: , acesso em 15 jun 2011

16. Jornal Dirio de Ibiza, notcia "Detienen a dos aparcacoches por amedrentar a los conductores", disponvel em:http://www.diariodeibiza.es/pitiuses-balears/2009/10/16/detienen-aparcacoches-amedrentar-conductores/366461.html, acesso em 03 jun 2011

17. Jornal Las Provincias, notcia: "La imagen de Valencia", disponvel em:http://www.lasprovincias.es/v/20110527/opinion/cartas/imagen-valencia-20110527.html, acesso em 05 jun 2011

18. Jornal Las provncias, notcia: "La Fiscala de Valencia endurece las actuaciones contra los gorrillas", disponvel em:http://www.lasprovincias.es/hemeroteca/?qAND=aparcacoches, acessp em 15 de jun 2011

19. Jornal ABC, notcia: "Los fiscales de Alicante acusarn a los gorrillas por desobediencia", disponvel em:http://www.abc.es/20091002/valencia-valencia/fiscales-alicante-acusaran-gorrillas-20091002.html, acesso em 01 jun 2011

20. Jornal Libertad Balear, noticia: "El PP lamenta que la ordenanza cvica no logre sacar a los "gorrillas" de las calles", disponvel em:http://www.libertadbalear.com/?p=183620, acesso em 03 jun 2011

21. Jornal El dia de Cordoba, noticia: "Un 'gorrilla' se enfrenta a un ao y medio de prisin por amenazar a unos polica",disponvel em:http://www.eldiadecordoba.es/article/cordoba/526148/gorrilla/se/enfrenta/ano/y/medio/prision/por/amenazar/unos/policias.html, acesso em 04 de jun 2011

22. Pelas constataes apresentadas em trabalhos anteriores conclumos que a ao dos flanelinhas no configura um delito de menor relevncia, mas sim um crime que afronta a paz social e a ordem pblica.

23. VARELLA, Druzio.Janelas Quebradas. Disponvel em:http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/3665/janelas-quebradas, acesso em 20 mai 2011.

24. RUBIN, Daniel Sperb. ob. cit..25. VOLPE FILHO, Clovis Alberto.Quanto mais comportamentos tipificados penalmente, menor o ndice de criminalidade?.Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 694, 30 maio 2005. Disponvel em: . Acesso em: 24 abr. 2009.

26. Postagem disponvel em:http://ranchodotonicao.blogspot.com/2010/07/novo-estatuto-do-torcedor-nao-proibe-os.htmlacesso em 02 jun 2011

27. O Dia, notcia: "Choque de Ordem no Engenho prende seis flanelinhas",disponvel em:, acesso em 01 jun 2011

28. MATTOS, Raphael Henrique de Fernandes,Qu Qui Vigia Doutor?: Consideraes Antropolgicas Sobre os Flanelinhas do Setor Comercial Sul. Dissertao disponvel em: acesso em 28 jun 2011

29. Portal VR, notcia: "Projeto Social vai tirar flanelinhas das ruas de VR", disponvel emhttp://www.portalvr.com/noticias/index.php?show=12062, acesso em 01 jun 2011

30. GUEDES, Oneir Vitor Oliveira. A conduta criminosa dos guardadores clandestinos de veculos (flanelinhas) e a legislao penal. Ob. cit

31. Processo 0229319-71.2010, Turma Recursal Criminal / Belo Horizonte MG, Juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, deciso proferida em 5 fev 2011, integra da deciso disponvel em: , acesso em 05 jun 2011

32. A proibio no teve eficcia prtica, conforme pode ser conferido em: Estado de Minas, notcia: "Flanelinhas ainda so donos das ruas em BH",disponvel em: , acesso em 03 jun 2011

33. O promotor Carlos Cezar Barbosa pede a atuao da Prefeitura e da Polcia Militar para coibir a ao de flanelinhas, sob pena de multa de R$ 1 mil para cada guardador flagrado na cidade. Para o ministrio Pblico, j que o Executivo Municipal considera a atividade ilegal, tem o dever de realizar uma fiscalizao para coibi-la.

34. A ntegra da petio inicial desta ao proposta pelo Defensor Pblico Carlos Eduardo Rios do Amaral est disponvel em: acesso em 08 jun 2011

35. Portal R7, notcia: "Ao menos 70% dos flanelinhas do Rio de Janeiro tm passagem pela polcia" ,disponvel em: , acesso em 05 jun 2011

36. O Globo, notcia:"Operao Arrumador prende mais de 200 pessoas",disponvel em: , acesso em 25 mai 2011

37. Jornal Agora SP, notcia "S ao de flanelinha no crime", disponvel em: , acesso em 05 jun 2011

38. ESTADO, editorial: "Legalizao da extorso"disponvel em: , acesso 8 jun 2011

39. ESTADO, matria: "Regularizar lotear o espao pblico?",disponvel em: , acesso 8 jun 2011

40. Em entrevista concedida ao Jornal A Gazeta, matria: "Ponto de Vista - Reprimir ou legalizar a ao dos flanelinhas?",disponvel em: , acesso 8 jun 2011

Autor

Oneir Vitor de Oliveira GuedesAdvogado inscrito na OAB/RJ, formado em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Como citar este texto:NBR 6023:2002 ABNTGUEDES, Oneir Vitor de Oliveira.Flanelinhas pelo mundo: como outros pases enfrentam este problema urbano.Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2919, 29 jun. 2011. Disponvel em:. Acesso em:30 jun. 2011.