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Largo Ramos de Azevedo - Revalorização do entorno do Mercado Municipal de Campinas

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Memorial do Trabalho Final de Graduação desenvolvido em favor da revalorização do patrimônio histórico de Campinas/SP, tendo como foco de estudo o conjunto de edificações no chamado Largo do Mercado Municipal.

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  • Ramos de AzevedoLARGO

    revalorizao do entorno do Mercado Municipal de Campinas

    l g i a a l v e s034036

    profa. dra. regina tirelloorientao

    universidade estadual de campinasfaculdade de arquitetura e urbanismo

    t f g 2 0 1 0

    l g i a a l v e s034036

    profa. dra. regina tirelloorientao

    universidade estadual de campinasfaculdade de arquitetura e urbanismo

    t f g 2 0 1 0

  • | AGRADECIMENTOS

    minha me, que me acompanhou de perto, sofreu com minhas dificuldades, vibrou com as minhas vitrias e me deu suporte em momentos cruciais;

    ao meu pai, que foi exemplo de vida escolar, que me alertou sobre os percalos da vida acadmica, e me apoiou quando julguei estar sozinha;

    minha irm que, sem saber, mostrou que o mundo no parou;

    aos meus avs, que me incentivaram em todas as escolhas, e se orgulharam com cada resultado;

    aos meus familiares, pela admirao e apoio.

    Aos meus colegas que se tornaram amigos;

    aos que se mostraram professores;

    aos que se dispuseram corretores;

    aos que se descobriram pacientes;

    e principalmente aos que se revelaram verdadeiros alicerces e encorajadores.

    Aos amigos que compreenderam a minha ausncia;

    e aos que se fizeram presentes.

    Aos educadores que contriburam com os ensinamentos que me trariam at aqui;

    aos funcionrios dos arquivos consultados, que me entregaram, em mos, os dados de que precisei

    aos funcionrios da FEC, que abriram as portas para me acolher.

    minha orientadora Professora Doutora Regina Andrade Tirello, que acreditou em mim,

    e me norteou sempre que o conhecimento pareceu no fazer o menor sentido.

    MUITO OBRIGADA

  • 3

  • O patrimnio cultural constitudo no pelas

    coisas materiais ou imateriais elas prprias,

    mas pelos valores de que elas so produto, ve-

    tor, suporte, referncia, libi, emblema

    Ulpiano Bezerra de Meneses

  • 5

  • | SUMRIO

    1.APRESENTAO: A DEGRADAO CONSTATADA..................8 1.1 RESUMO 1.2 INTRODUO

    1.3 PROBLEMATIZAO 2. CIDADE DE CAMPINAS: A AO DO TEMPO........................24 2.1 CAMPINAS ONTEM 2.2 PLANOS URBANOS IMAGENS DE CAMPINAS 2.3 A REGIO CENTRAL HOJE 3. LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA..................38 3.1 APRESENTAO 3.2 ANLISE DE ENTORNO: O PARADOXO DOCUMENTADO 3.2.1 INSERO URBANA 3.2.2 PLANTA DE SITUAO 3.2.3 USO DO SOLO PANORMICAS ENTORNO 3.2.4 TOPOGRAFIA 3.3 MERCADO MUNICIPAL 3.3.1 CARACTERSITCAS DO MERCADO - A FORMA

    3.3.2 LINHA DO TEMPO DOS MERCADOS 3.3.3 CARACTERSTICAS DO MERCADO- OS USOS 3.3.4 CARACTERSTICAS DO MERCADO- AS INTERFERNCIAS PANORMICAS DO MERCADO 3.4 TERMINAL MERCADO PANORMICAS DO TERMINAL

    4. DIRETRIZES: A SUTILEZA DA INTERVENO.......................69 4.1 PARTIDO, PREMISSAS E OBJETIVOS 4.2 USOS CULTURAIS 4.3 DIRETRIZES PROJETUAIS 4.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES 4.5 SETORIZAO 4.6 DRENAGEM

    4.7 PAISAGISMO 4.8 MOBILIRIO URBANO

    5. REFERNCIAS PROJETUAIS................................................89 5.1 APROPRIAO DA TOPOGRAFIA 5.2 MOBILIRIO URBANO 5.3 PISOS E DRENAGEM 5.4 REVESTIMENTOS EXTERNOS 5.5 EQUIPAMENTOS URBANOS 5.6 REVITALIZAO DE REA DE MERCADO 6. PROCESSO DE PROJETO...................................................109

    6.1 ESTUDOS E FASES 6.2 PROPOSTA FINAL

    7. REFERNCIAS CONSULTADAS..........................................137

  • 7

  • 1.APRESENTAOa degradao constatada

    1.1 RESUMO 1.2 INTRODUO 1.3 PROBLEMATIZAO

  • APRESENTAO: A DEGRADAO CONSTATADA 1.1|RESUMO

    Este Trabalho Final de Graduao se desenvolveu

    em favor da revalorizao do patrimnio histrico de Cam-

    pinas/SP, tendo como foco de estudo o conjunto de edifica-

    es no chamado Largo1 do Mercado Municipal.

    Situado na regio central da cidade, o largo concen-

    tra edificaes de valor histrico e adensamento catico de

    estabelecimentos comerciais e a partir da observao cui-

    dadosa deste entorno imediato do Mercado e de suas din-

    micas de funcionamento, foram elencadas possveis justifi-

    cativas para a desordem instaurada nesta regio peculiar da

    cidade; e registradas e mapeadas as interferncias que cola-

    boram com a degradao deste recorte do centro (Figs. 1 a

    8).

    Foi com base neste levantamento que se pde suge-

    rir formas de resgatar a condio monumental do edifcio

    histrico projetado por Ramos de Azevedo, eliminando os

    elementos degradantes e devolvendo cidade a possibili-

    1 Urbanisticamente, ela [a palavra Largo] de origem medieval e remete aos alargamentos dos traados irregulares produzidos pelos arruadores, para favorecer reas e feiras, mercados ou perspectivas de igrejas ou edifcios pblicos. (BITTENCOURT, 2009, p.38)

    Figuras 1 a 4 ^ Registro fotogrfico das interferncias degradantes do entorno do Mercado

    Fonte: Acervo Pessoal Maro/2010

  • 13

    dade fruio do Mercado.

    O desenvolvimento do trabalho resultou numa inter-

    veno considerada sutil, mas de fundamental importncia

    para a revalorizao da regio.

    Figuras 5 a 8^ Registro fotogrfico das interferncias degradantes do entorno do Mercado

    Fonte: Acervo Pessoal Maro/2010

  • APRESENTAO: A DEGRADAO CONSTATADA 1.2| INTRODUO

    Com o objetivo de desenvolver um projeto que mante-

    nha a vocao comercial original do largo do Mercado e que

    considere as condicionantes atuais de circulao, procurou-se

    avaliar historicamente o traado urbano de campinas especi-

    almente da regio envoltria do monumento histrico em ques-

    to , para refletir sobre o processo da degradao pelo qual

    passou o centro e averiguar as possibilidades de requalificao

    deste espao.

    A partir desta reflexo, observamos que para as atuais con-

    dies de degradao desse importante ponto nodal da cidade e

    de seus edifcios concorrem diversos fatores, entre os quais desta-

    camos:

    1. INADEQUAO DO PLANEJAMENTO da malha viria

    frente ao desmesurado nmero de veculos, resultado da

    falta de investimento em transportes pblicos e/ou alterna-

    tivos por muitas dcadas;

    2. as AES PARADOXAIS DE PROTEO DOS MONU-

    MENTOS histricos campineiros - representados no largo

    pelo Mercado , os quais apresentam reas envoltrias que

    Figura 9 ^ Largo do Jorumbeval (atual Largo do Mercado) na dcada de 1950

    F0nte: Acervo MIS

  • 15

    no permitem a adequada percepo dos edifcios como

    bens culturais da cidade, mesmo quando tombados.

    O projeto pretende, ento, recuperar o entorno do Mercado

    Municipal da cidade, que passou de representante do comrcio

    varejista campineiro (Fig. 10) a mais um elemento constituinte de

    um largo em constante depreciao (Fig. 11).

    Para atingir o objetivo proposto, o projeto promove a inte-

    grao de trs terrenos (Fig. 12) do centro de campinas para a

    formao de um largo essencialmente comercial , atravs de

    um conjunto de melhorias que visam estimular a racionalizao

    dos espaos, a fim de permitir uma melhor apropriao pblica

    da paisagem arquitetnica e cultural de campinas.

    O desafio ser adequar ao lugar um projeto de escala ur-

    bana que recupere a essncia e, ao mesmo tempo, que se adap-

    te ao modo contemporneo de usufruir da cidade. No se trata

    de reproduzir o antigo largo arborizado e organizado (Figs. 09

    e 1o) na trama consolidada hoje, mas sim de identificar os a-

    tributos de maior valor em cada uma das pocas e exalt-los na

    nova proposta como se no tivessem evoludo em descompas-

    so.

    < Figura 10 Largo do Mercado na dcada de 1970 F0nte: Centro de Memria da Uni-camp CMU

    < Figura 11 Largo do Mercado 2010 Fonte: Acervo Pessoal

  • ^ Figura 12 Apropriao dos terrenos do entorno para proposio do largo Fonte: Google Earth (Imagem) / Arquivo Pessoal (Montagem)

  • APRESENTAO:A DEGRADAO CONSTATADA 1.3|PROBLEMATIZAO

    A metrpole campineira cresceu e se adensou

    respeitando a malha viria implantada quando do pri-

    meiro arrruamento proposto. Isso significa que mesmo

    as constantes reconfiguraes urbanas que Campinas

    sofreu no foram suficientes para alterar significativa-

    mente o traado da regio central da cidade.

    Analisando-se a superposio dos mapas dos

    anos de 1878, 1900 e 1928 (apresentados nas pginas

    a seguir), pode-se verificar a coincidncia e manuten-

    o das camadas histricas, que evidentemente no

    acompanharam o aumento exponencial da quantida-

    de de veculos.

    Esse panorama nos leva a concluir que nem

    mesmo o crescimento ESPRAIADO isto , com ocu-

    pao dispersa em direo s bordas (Fig.13) provo-

    cado pelo grande salto de industrializao ocorrido

    principalmente a partir da dcada de 1970 foi capaz de

    impedir a SATURAO DA MALHA VIRIA da cida-

    de.

    Figura 13 ^ Imagem de satlite indicando os eixos de expanso da cidade - Espraiamento

    Fonte: Google Earth (Imagem), Acervo pessoal (Montagem)

  • Surgido como forma de desafogar o trnsito da regio central, este esprai-

    amento resultou em sucessivas experincias mal sucedidas que, ao invs de pro-

    mover os deslocamentos entre os sub-centros evitando o ncleo adensado, propu-

    nham ligaes entre reas perifricas com percursos que obrigatoriamente utili-

    zavam as principais vias do centro (Fig. 14). Assim, ao contrrio do que se previa,

    as polticas de crescimento instauraram uma desordem que se reverteu no Largo

    das seguintes maneiras:

    A insero de inmeras barreiras fsicas e visuais no entorno imediato do

    Mercado, dificultando a visualizao e, conseqentemente, a fruio do

    Monumento Histrico; (imagem)

    B priorizao dos veculos em detrimento dos pedestres, dificultando a

    apropriao do centro como ncleo original e resultando em olhares ef-

    meros sobre a cidade em prejuzo apropriao do centro como ncleo o-

    riginal narrador de parte do passado da urbe.

  • 19

    ^ Figura 14 Mapa da cidade de Campinas sinalizando o centro e os sub-centros; e existncia (ou no) das conexes entre eles. Fonte: Acervo pessoal (montagem)

  • Todo esse fenmeno atraiu ateno para a anlise de um polgono especfi-

    co (Fig. 15), nas imediaes do Mercado Municipal (Fig. 16), por apresentar tanto o

    fluxo intenso que caracteriza o adensamento da regio central, como tambm a

    conservao da vocao comercial, prpria das regies onde se instalam os merca-

    dos.

    ^ Figura 15 Regio central de Campinas e localizao do Polgono de Interesse Fonte: Google Earth (Imagem) / Arquivo Pessoal (Montagem)

  • 21

    ^ Figura 16 Polgono de Interesse e localizao do Mercado Municipal Fonte: Google Earth (Imagem) / Arquivo Pessoal (Montagem)

  • AES PELA PRESERVAO DO PATRIMNIO HISTRICO E CULTURAL EM CAMPINAS

    De acordo com Cssia Magaldi2 (apud TONON, 2003), a des-

    truio dos cones histricos conseqncia das idias de progres-

    so e modernidade e da fragilidade dos rgos de preservao. Para

    a autora, a convivncia entre o antigo e o novo considerada

    necessria.

    Em Campinas, na tentativa de reverter a degradao da

    rea central provocada pelas grandes obras promovidas, bem co-

    mo pela especulao imobiliria, o ex-prefeito Antnio da Costa

    Santos e mais alguns arquitetos preservacionistas como Srgio

    Portela, Antnio Luis Aquino, Luis Claudio Bittencourt e Marco do

    Valle constituintes do grupo denominado Febre Amarela lidera-

    ram lutas pela conservao e tombamento de imveis histricos da

    cidade.

    Conhecendo a histria de Campinas com propriedade, To-

    ninho (como Antnio era chamado) desenvolveu projetos urbans-

    ticos que consideravam a harmonia entre o antigo e o moderno; e

    promoveu intervenes para revitalizao do centro, como a pro-

    2 MAGALDI, Cssia Apud O pblico e o privado: propriedade e interesse cultural. In: Congresso Internacional Patrimnio Histrico e Cidadania. O direito mem-ria. So Paulo: DPH, 1992, So Paulo.

    posta de transferir seu gabinete para o palcio dos azulejos, smbo-

    lo do poder municipal de antigos prefeitos a recuperao da rea

    envoltria do palcio era o mote para a disseminao de um proje-

    to muito mais ambicioso para debater e modernizar a cidade res-

    peitando sua histria.

    Percebeu-se que aps a morte do prefeito algumas iniciati-

    vas foram levadas adiante, resultando em restauros como o do Pa-

    lcio da Mogiana,e das praas Bento Quirino e Carlos Gomes. Alm

    destes, as ruas 13 de Maio e Costa Aguiar passaram por processos

    de revitalizao, envolvendo mudana de piso, despoluio das

    fachadas e projeto luminotcnico. Conforme apontado por Tonon,

    inspirados pelas intervenes pontuais do centro, comerciantes de

    outras reas, como a do mercado municipal mostraram interesse

    pela revitalizao da regio, incluindo propostas para os comerci-

    antes informais (camels).

  • MAPA DE CAMPINAS 1878Fonte: Base de dados SANASA

  • MAPA DE CAMPINAS 1900Fonte: Base de dados SANASA

  • MAPA DE CAMPINAS 1928Fonte: Base de dados SANASA

  • 2.CIDADE DE CAMPINASa ao do tempo

    2.1 CAMPINAS ONTEM 2.2 PLANOS URBANOS 2.3 IMAGENS DA CIDADE 2.4 A REGIO CENTRAL HOJE

  • CIDADE DE CAMPINAS: A AO DO TEMPO 2.1|CAMPINAS ONTEM

    Campinas surgiu em meados do sculo

    XVIII com inclinao ao abastecimento e descanso

    das tropas que marchavam na direo Oeste do

    estado, provenientes do litoral. Do pouso (Primeira

    Cidade3 Mapa 01), relacionado ao fluxo da mine-

    rao, resultou um povoado e, em seguida um

    municpio, que, a partir da segunda metade do

    sculo XIX, comeou a dar sinais de desenvolvi-

    mento econmico resultante da lavoura canaviei-

    ra, indstria aucareira e, posteriormente, da cultu-

    ra do caf (Segunda Cidade Mapa 01).

    Essas TRANSFORMAES ECONMI-

    CAS, bem como a LOCALIZAO das plancies se

    refletiram na IMPLANTAO DO TECIDO URBANO campineiro: pousos, pra-

    as, Igreja e Cadeia determinaram a articulao entre as principais ruas do n-

    cleo urbano tpico do perodo. Protagonista da mudana, a RUA DIREITA (atual

    Baro de Jaguara - destaque Mapa 01) foi responsvel pela TRANSIO entre o

    desenho nuclear da vila para os eixos da CIDADE EXPANDIDA.

    3 Nomenclatura utilizada por Luiz Claudio Bittencourt, na obra Riscando a Cidade, Campinas, Arte Escrita Editora, 2009.

    Mapa 01 > 1878 R. Direita (entrada principal da cidade at Sc XX - atual Br. de Jaguara)

    Fonte: Base de dados da SANASA

    Para facilitar a

    compreenso da dinmica de

    constituio e crescimento da

    cidade de Campinas, optou-

    se pela nomenclatura

    apresentada pelo arquiteto

    Luiz Claudio Bittencourt, que

    certamente no a nica

    maneira de interpretar este

    processo, mas que neste

    trabalho foi considerada a

    mais objetiva.

  • Nas palavras de Luiz Claudio Bittencourt:

    essa ser a espinha dorsal da transio formal, funcional e simblica entre

    dois modelos urbansticos: o primeiro, colonial de tradio sertanista; o se-

    gundo, de influncia iluminista e neoclssica, prprio do imprio

    Depois de configuradas tais transies de ordem poltico-econmica,

    traduzidas na ORTOGONALIDADE DO TRAADO , constituiu-se a chamada

    Terceira Cidade (Permetro Mapas 01 e 02) que manteve o reticulado das con-

    figuraes anteriores, mas foi condicionada pelos cursos dgua existentes e

    pela malha ferroviria implantada (segunda metade do sculo XIX).

    Com o desenvolvimento possibilitado pela instalao do PARQUE FER-

    ROVIRIO (Mapa 02) das companhias Paulista, Mogiana, Ramal Frreo Cam-

    pineiro e Funilense , a economia pde se diversificar atravs do surgimento de

    novas atividades urbanas, e se consolidar mesmo com a iminente crise da inds-

    tria cafeeira.

    Foi, ento, em janeiro de 1908 que Campinas teve seu primeiro prefeito

    nomeado: Orosimbo Maia. A partir deste novo quadro poltico, o traado defini-

    do pelos primeiros arruadores da cidade e mantido at os anos 1930 passou a

    ser relacionado emergente burocracia estatal campineira, que empunhar [...]

    poder de mando sobre o desenho da cidade4.

    Nessas condies, a cidade desvinculou-se do perfil agrrio, assumindo

    4 SANTOS, Antnio da Costa. Campinas, das origens ao futuro. Editora da Uni-camp, Campinas, 2002.

    carter mais industrial e de servios.

    Formalmente, a mudana levou REFLEXO a respeito do RETICULADO:

    por um lado, RACIONALIZADOR e facilitador da localizao; por outro, REGULA-

    DOR da expanso (ao deparar-se com a topografia acidentada) e dificultador do

    fluxo (devido s dimenses).

    Mapa 02 > Campinas, 1900 mostrando as trs fases do traado

    Fonte: Base de dados da SANASA

  • Como conseqncia disso, importantes estruturaes urbanas ocorre-

    ram: as RUAS ESTREITAS que caracterizavam a Cidade do Caf foram conside-

    radas um ENTRAVE AO PROGRESSO da cidade. Assim, entre os anos de 1880 e

    1910 aconteceram as mais perceptveis mudanas na urbanizao campineira.

    Segundo Antnio da Costa Santos, a burguesia, o proletariado e as ca-

    madas sociais continuavam excludos das decises; fazendo prevalecer o PRO-

    JETO DA ELITE POLTICA da cidade de interesses contraditrios e atrasados:

    as chamadas intervenes modernizadoras permaneciam nas mos de fraes

    polticas da oligarquia do poder local5.

    De acordo com Carlos Stevenson, citado por Santos:

    importante centro de viao do Estado, centro industrial e agrcola,

    Campinas, entretanto, somente pode oferecer, circulao intensa de

    sua vida urbana, ruelas imprprias e destitudas das qualidades mais

    essenciais aos fins que lhes cabe satisfazer (Apud SANTOS,

    2001,261).

    Com a crise de 29 e a deposio da poltica caf-com-leite, Campinas

    acompanhou a decolagem da industrializao e urbanizao vivida pelo resto do

    pas, trazendo a transformao da cidade pauta de prioridades.

    Com o intuito de elaborar um plano definitivo para a cidade, foi autori-

    zada a contratao de Anhaia Melo e Prestes Maia para a implantao de um

    novo plano urbanstico que conferisse fluidez e modernizasse o centro: o chama-

    do PLANO DE REMODELAO E EXPANSO DA CIDADE DE CAMPINAS.

    5 SANTOS, Antnio da Costa. Campinas, das origens ao futuro. Editora da Uni-camp, Campinas, 2002.

    Em 1934 a prefeitura permitiu a REMODELAO da cidade, a partir do

    plano de Melo e Maia, para transformar e ampliar a antiga base fsica da cidade,

    tendo como principal alvo o Centro Histrico. Para tanto, o Cdigo de Constru-

    es deste mesmo ano permitia uso e ocupao do solo atravs da ampliao do

    SISTEMA VIRIO E ADENSAMENTO verticalizado na rea central. Assim, o

    plano que se pretendia facilitador da vida do cidado e da vida coletiva, caiu no

    grande erro (apontado por Ricardo Badar e Maria Cristina da Silva Leme)6 de

    espelhar-se no Projeto de Prestes Maia e Ulhoa Cintra para So Paulo o Plano

    de Avenidas desconsiderando as caractersticas da cidade interiorana e sinteti-

    zando o futuro imaginado para a capital. Citando Santos:

    Este desenho contm conceitualmente um modelo de cidade as-

    sentado sobre uma ocupao ampliada do solo garantida pelo sis-

    tema virio radial-perimetral e que se reproduz sem limites at onde

    a vista alcana. Este modo de crescimento urbano de baixa densi-

    dade para So Paulo definiria um padro de ocupao perifrica da

    cidade baseado na otimizao da circulao entre bairros e centro.

    Representa, portanto, uma estrutura urbana idealizada naquelas

    circunstncias histricas.

    A partir desta viso, conclui-se que a IDIA implantada havia sido sim-

    plesmente ADAPTADA para Campinas, ao invs de pensada especificamente

    para a cidade.

    Considerando que de 1930 a 45 a sociedade estava submetida aos arb-

    trios de um Estado interventor, e que de Outubro de 1942 a Janeiro de 1948

    nada mais nada menos que 19 PREFEITOS INTERVENTORES haviam governado

    6 Citados por Antnio da Costa Santos, em Campinas, das Origens ao Futuro.

  • 31

    a cidade [de Campinas]7, ficam evidentes as dificuldades encontradas pela PO-

    LTICA HEGEMNICA no s no urbanismo, mas em todas as instncias do

    governo municipal.

    Por estes entraves, o projeto implantado - Plano de Melhoramentos

    Urbanos (ver item 2.2) -, apresentou RESULTADOS SATISFATRIOS AT

    POUCO ANTES DA DCADA DE 80, quando j se percebia a SATURAO DA

    REGIO CENTRAL. Com isso, os investimentos imobilirios foram transferidos

    para as regies perifricas da cidade, tendo valorizado os eixos rodovirios em

    detrimento das vias centrais. Como conseqncia da FUGA DOS INVESTIMEN-

    TOS PRIVADOS no centro histrico, ocorreu, gradualmente, a DIMINUIO

    DOS INVESTIMENTOS PBLICOS.

    Neste perodo de novas mudanas ANOS 1980 , o marco foi a criao

    do CONDEPACC - Conselho de Defesa do Patrimnio Artstico e Cultural de

    Campinas , em 1987, e a posterior DELIMITAO E TOMBAMENTO DO CEN-

    TRO HISTRICO, no final de 1988. Entretanto, tais acontecimentos NO FO-

    RAM SUFICIENTES para alavancar projetos urbansticos que valorizassem a

    regio central de Campinas.

    Foi somente aps mais de vinte anos desse incio de preocupao com a

    preservao do centro histrico na curta GESTO DO PREFEITO ANTNIO

    DA COSTA SANTOS8, o Toninho que a Secretaria de Planejamento e Desen-

    volvimento Urbano (SEPLAMA) esboou o PLANO DE REQUALIFICAO

    URBANA DA REA CENTRAL DE CAMPINAS.

    7 (SANTOS, 2001, 250), 8 Janeiro/2000 a Setembro/2001, quando o prefeito foi assassinado e teve seu mandato assumido pela vice- prefeita Izalene Tiene.

    O projeto, posteriormente denominado Projeto Centro, consistiu na

    chamada refuncionalizao urbana traduzida em quatorze medidas para RE-

    CUPERAR O CENTRO DA CIDADE, privilegiando a interveno em algumas

    edificaes histricas de relevncia patrimonial, como o Complexo Ferrovirio, o

    Palcio dos Azulejos, a Catedral Metropolitana, alm da Rua 13 de Maio.

  • CIDADE DE CAMPINAS: A AO DO TEMPO 2.2|PLANOS URBANOS

    Com o desenvolvimento econmico campineiro ainda no sculo XIX,

    comrcio e os servios concentraram-se no centro antigo, ao mesmo tempo em

    que a frota de veculos crescia e tomava lugar dos pedestres e carroas. Dessa

    forma, os FLUXOS de pessoas e veculos AUMENTARAM DE INTENSIDADE,

    SEM DEIXAR DE CONVERGIR PARA O CENTRO. Diante dessa realidade,

    QUESTIONOU-SE O TRAADO dimensionado no primeiro arruamento, INSU-

    FICIENTE E SUBDIMENSINADO para os novos meios de transporte.

    A intransponibilidade das barreiras encontradas pelo traado planim-

    trico, aliado inadequao dos cruzamentos frente ao trnsito motorizado resul-

    tou no esgotamento da urbanizao do centro e na necessidade de se encontrar

    meios de organizao e sinalizao.

    Diante destas condies, a contestao das propores da cidade origi-

    nal levou concepo de um NOVO MODELO de urbanizao que pudesse SU-

    PORTAR O CRESCIMENTO em voga, e promover a imagem moderna da cidade.

    Com essa finalidade, em 1930 convidou-se o urbanista Lus Incio de Anhaia Melo

    (1891, 1974) e o engenheiro Francisco Prestes Maia (1896, 1965) para, respecti-

    vamente: debater planos e sistemas de planejamento, e elaborar o PLANO DE

    MELHORAMENTOS URBANOS DE CAMPINAS. De acordo com Luiz Claudio

    Bittencourt:

    esse plano deveria representar a expresso da nova dinmica urbana

    industrial, de certa maneira, vencer, pelo discurso da necessidade de

    modernizao, a forte presena fsica e simblica da cidade imperial,

    ainda visvel e perceptvel aos olhares das famlias tradicionais.

  • Uma das propostas do novo pensamento urbano foi a valorizao de

    avenidas perimetrais, contguas s ferrovias como as Avenidas Andrade

    Neves e Baro de Itapura.

    No entanto, nem mesmo a argumentao do projeto foi capaz de reverter

    sua INEFICINCIA em relao ao trnsito e ao transporte. A alterao no pre-

    servou o ncleo histrico, na medida em que optou pela demolio e CRESCI-

    MENTO SOBRE A CIDADE EXISTENTE, ao invs de propor modificaes que

    primassem pela convivncia entre o novo e o velho. Assim, as avenidas Campos

    Salles e Francisco Glicrio foram rasgadas em T, desconsiderando a existncia

    da Igreja do Rosrio que precisou ser demolida. sua frente foi redesenhado

    um conjunto de praas, que conformou o largo de mesmo nome da igreja.

    Conforme a cidade comeou a apresentar perfil de metrpole, o PLANO

    PRELIMINAR DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO tomou lugar do Plano de

    Melhoramentos Urbanos. Foi quando a escala do processo de urbanizao come-

    ou a sofrer modificao, REDIRECIONANDO A EXPANSO FSICA da cidade.

    Em auxlio ao novo plano, elaborou-se o chamado Cdigo de Constru-

    o, nomeou-se uma Comisso de Urbanismo e, contratou-se o engenheiro Pres-

    tes Maia para desenhar o Plano de Avenidas e PROMOVER A VERTICALIZAO

    da cidade. Vinculado ao Plano de Melhoramentos, o Plano Preliminar determi-

    nou novo desenho em novas densidades construtivas, promovendo a diferencia-

    o frente ao ncleo colonial do sculo XVIII e da cidade imperial do sculo XIX: o

    desenho

    elege o automvel e o edifcio vertical como referncias de tecnologia

    e progresso []. So elementos de transformao do espao, entram

    sobre a forma da cidade imperial como colagens; sobrepostos, apresen-

    tam resultado esttico limitado, apertando e congestionando a velha

    forma. Assim como a cidade racional desmantelara os smbolos do n-

    cleo urbano colonial, a cidade da mquina remarca o centro histrico

    com base em outros valores. (BITTENCOURT, 2009, p.82)

    Defende-se, ento, que mesmo as

    constantes RECONFIGURAES urbanas

    principalmente determinantes dos novos limites

    da cidade foram INSUFICIENTES para alterar

    significativamente o traado da regio central

    de Campinas. A manuteno da dimenso das

    ruas nas diferentes pocas denota que Campi-

    nas continuou confortavelmente traada para os

    bondes, e s para eles: na Campinas real, a

    quantidade de veculos automotores s aumen-

    tou, na proporo inversa adaptao da cida-

    de.

    < Mapa 03 Campinas, 1900 mostrando as Avenidas Andrade Neves e Baro de Itapura, limitadas pela ferrovia Fonte: Base de dados da SANASA

    Na dcada de 1930,

    no havia ainda a conscincia

    de preservao do patrimnio

    cultural, histrico e

    arquitetnico existente hoje.

    Naquele momento

    acreditava-se que a

    modernidade implicava na

    destruio do antigo para a

    instalao do novo, como

    uma idia de renovao.

  • CIDADE DE CAMPINAS: A AO DO TEMPO 2.3|A REGIO CENTRAL HOJE

    O passado sempre condiciona o presente, na medida em que determina os padres de nossos pensamentos e sentimentos.

    Joseph Rykwert

    A rea que hoje corresponde ao Centro de Campinas foi, durante muitos

    anos, o limite da vila ou da pequena cidade, tendo sofrido inmeros processos de

    renovao e refuncionalizao desde o seu nascimento. Foi somente a partir da

    dcada de 30 do sculo XIX que os traos mais significativos de vida urbana co-

    mearam a surgir.

    Herdeira da incompatibilidade dos planos urbanos propostos at ento,

    a Campinas de HOJE AINDA NO APRESENTA TODA A INFRAESTRUTURA

    NECESSRIA para fazer jus ao ttulo de grande plo desenvolvido.

    Fortemente urbanizada a partir dos anos 1970, num grande salto de

    industrializao, Campinas no teve aporte poltico satisfatrio no mbito

    urbano para afianar o crescimento em voga. Isso se refletiu na DISCREPN-

    CIA ENTRE O DESENHO URBANO EXISTENTE E O RECOMENDADO PARA

    ATENDER DEMANDA crescente.

    Ao longo dos anos, os limites da cidade deram lugar ao ESPRAIAMEN-

    TO, que surgiu como ALTERNATIVA PARA DESAFOGAR o trnsito da REGIO

    CENTRAL. No entanto, o que ocorreu foram sucessivas experincias mal sucedi-

    das que, ao contrrio do que se previa, instauraram a desordem e a saturao do

    centro por continuar concentrando os fluxos ao invs de irradi-los para as

    bordas da cidade. Do ponto de vista prtico, para se chegar a qualquer parte de

    Campinas, seja de transporte pblico ou de carro, inevitvel se passar pelas

    vias centrais, j saturadas.

    Hoje, cidade de grande porte e IMPORTNCIA METROPOLITANA,

    Campinas encabea uma regio composta por 19 municpios.

    Figura 17 > Insero da cidade de Campinas na Regio Metropolitana e no Estado de So Paulo

    Fonte: Acervo pessoal Base: SEPLAMA

  • Com populao de pouco mais de um milho de habitantes distribudos

    desigualmente em 4 distritos (Figura 18) e centenas de bairros concentrados

    majoritariamente na regio Sudoeste/Oeste da cidade, o municpio ocupa a rea

    de aproximadamente 900 km, sendo o maior da Regio Metropolitana9 em que

    se insere. Em conseqncia dessa estrutura consolidada, e da presena de im-

    portantes universidades, a cidade pde concentrar diversas empresas de tecno-

    logia, tornando-se um plo vigoroso, atraindo pessoas de diversas cidades, in-

    clusive fora da regio metropolitana, para trabalhar e/ou estudar.

    9

    Situada na Regio Administrativa de Campinas, a Regio Metropolitana de Campinas (RMC), institu-cionalizada atravs da Lei Complementar Estadual N. 870, de 19 de junho de 2000, constituda pelo agrupamento dos 19 seguintes municpios: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmpolis, Enge-nheiro Coelho, Holambra, Hortolndia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguarina, Monte Mor, Nova Odessa, Paulnia, Pedreira, Santa Brbara DOeste, Santo Antnio de Posse, Sumar, Valinhos e Vinhedo.

    ^ Figura 18 Campinaps e seus distritos

    Fonte: Acervo pessoal Base: Google Earth

  • 3.LARGO DO MERCADOuma cicatriz urbana

    3.1 APRESENTAO 3.2 ANLISE DE ENTORNO PANORMICAS 3.3 MERCADO MUNICIPAL PANORMICAS 3.4 TERMINAL MERCADO PANORMICAS 3.5 ESTUDO DAS VIAS DE ACESSO

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.1| APRESENTAO

    O interesse pelo centro da cidade deveu-se principalmente

    concentrao dos principais equipamentos pblicos e de servios, e

    grande parte dos estabelecimentos comerciais, de sade, e inmeras

    instituies educacionais. tambm nessa regio que se localizam o

    centro histrico e os marcos mais antigos da cidade.

    A escolha do recorte especfico Largo do Mercado atribui-se

    REPRESENTATIVIDADE histrica e dos equipamentos que nele esto

    instalados: o MERCADO MUNICIPAL de Ramos de Azevedo, e o

    TERMINAL Mercado. Diante dessas condicionantes, buscaremos propor

    uma interveno que abrande os reflexos do adensamento e dos

    percursos caticos que impedem a fruio do monumento histrico.

    A rea de estudo (Figura 19) indiretamente vinculada ao

    surgimento da cidade de Campinas, uma vez que seu traado somente

    comeou a se esboar nas condies em que o conhecemos mais de

    cem anos aps a fundao do primeiro ncleo da cidade (1774). No

    entanto, observa-se que as alteraes no seu RETICULADO sempre se

    deram em RESPEITO MALHA ANTIGA, POR QUESTES DE

    POLTICA URBANA.

    Com o objetivo de refinar o entendimento sobre a ocupao deste

    recorte peculiar10 do centro, optou-se por dividir o TRABALHO EM

    DUAS FRENTES:

    10

    Peculiar porque situa-se no limite Oeste entre o Centro e bairros como Bota-fogo e Guanabara, configurando-se como um entrave, uma cicatriz; e no como conexo entre os mesmos, na medida em que as vias do entorno no tm a pos-sibilidade de se interligar, pelos desnveis criados .

  • 43

    1 - a do polgono compreendido pelas vias Delfino Cin-

    tra, Francisco Glicrio, Campos Salles, Senador Saraiva e O-

    rozimbo Maia onde sero estudados o volume e sentido dos

    FLUXOS, bem como a possibilidade de interveno para tor-

    n-los mais fluidos;

    2- a do circuito formado pelas ruas Barreto Leme, Er-

    nesto Khulmann, Bernardino de Campos e lvares Machado,

    compreendendo tambm a chamada Praa pera A Noite

    no Castelo rea de IMPLANTAO do projeto.

    Figura 19 ^ Polgonos de estudo: FLUXOS X PROJETO

    Fonte: Google Earth

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.2| ANLISE DO ENTORNO: O PARADOXO DOCUMENTADO

    Figuras 20 a 24^

    Registro fotogrfico das interferncias degradantes do entorno do Mercado

    Fonte: Acervo Pessoal Maro/2010

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA - 3.2| ANLISE DO ENTORNO: O PARADOXO DOCUMENTADO 3.2.1| INSERO URBANA DO MERCADO 3.2.2

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA - 3.2| ANLISE DO ENTORNO: O PARADOXO DOCUMENTADO 3.2.2| PLANTA DE SITUAO

  • Incio da ala de ligao entre as Avenidas Orozimbo Maia e Senador Saraiva. Caladas em mau estado de conservao dicultam a passagem dos pedestres. Apesar de muito prxima do Mercado, no oferece acesso direto ao Monumento; e, pelo contrrio, concentra a sada de carros e nibus provenientes do Largo em via inapropriada.

    N

    PANORMICA ENTORNOAla OrozimboX Sen. Saraiva

    Rua Jorge Miranda

    PROPOSTA:estruturar com pilares espaados, promover

    integrao visual constante e ritmada

    Acervo PessoalSetembro/2010

    N

    Viaduto visto a partir da Rua Jorge Miranda. O completo preenchimento da parte inferior pista impede a visualizao do lado oposto da avenida, alm de causar estranheza e medo nos usurios a p e de automvel. Os fechamentos sombreiam consideravelmente as passagens, dando impresso de abandono; o que prejudica a apreenso do lugar, principalmente na escala do pedestre.

    PANORMICA ENTORNOAla Orozimbo X Sen. Saraiva

    Av. Orozimbo Maia

    PROPOSTA:Desacelerar veculos para

    acesso ao estacionamento do mercado, arborizar e qualicar

    o acesso de veculos e pedestres

    Acervo PessoalSetembro/2010

    N

    PANORMICA ENTORNOFachadas a serem recuperadas

    Rua Barreto Leme

    PROPOSTA:remover /padronizar

    comunicao visual, recuperar fachadas, manter os usos

    Acervo PessoalSetembro/2010

    Edicaes histricas (trs primeiros lotes) de caractersticas peculiares e usos diversos caracterizam morfologicamente o largo, mantendo o gabarito baixo em todo o entorno prximo do Mercado. Sua preservao, alm de garantir a menor interferncia fsica e visual no conjunto do Largo, mantm os usos atuais, assegurando a manuteno do pblico a que se destina

    1

    2

    3

    CONFIGURAO ATUAL

    CONFIGURAO PROPOSTA

    Viaduto em So Bernardo do Campo / SPPilares espaados garantem permeabilidade visualFonte: Prefeitura So Bernardo do Campo

    Viaduto Francisco Pinto em Feira de Santana / BAAlm da permeabilidade visual, a estrutura em pilares possibilita novos usos sob o viadutoFonte: Secretaria de Comunicao Social da Prefeitura de Feira de Santana)

    Viaduto do Glicrio em So Paulo / SPO vo resultante do distanciamento dos pilares deu lugar a uma academia publicaFonte: Cambuci Geral Blog

    A multiplicidade de vos permite passagens em diversos pontos, alm de dar possibilidade de instalao de equipamentos pblicos diversos, alternando entre jardins, academias, espaos de exposio e gratagem, etc

    Meio-o aps chuva:grande concentrao de terra proveniente de canteiros mal-acabados

    Ponto de nibus no canteiro

    central obriga existncia de

    travessia onde o uxo poderia ser

    contnuo

    Vegetao prejudicandoA passagem de pedestres

    Piso da calada em mau estado de manuteno

    Descaso com a praa obriga pedestres a transitarem pelo asfalto

    Inexistncia de conexo na escala do pedestre

    nico edifcio residencial do entorno prximo do mercado: 5

    pavimentos, com trreo comercial

    Edicaes relevantes do conjunto:Fachadas descaracterizadas pela ausncia de padro para a comunicao visual do comrcioFonte: Acervo Pessoal Setembro/2010

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.2.3| USO DO SOLO NO ENTORNO IMEDIATO DO MERCADO

    SERVIOS MISTO RESIDENCIAL

    - bares

    - restaurantes

    - drogarias

    - estacionamentos

    - servios ofertados pelo prprio

    Mercado Municipal

    - terminais de transporte coletivo prximos.

    DOIS PAVIMENTOS:

    trreo comercial

    superior servios.

    grande quantidade de consultrios odontolgicos

    verticalizao (>5 andares)

    boa localizao

    trreos comerciais

  • COMERCIAL INSTITUCIONAL OCUPAO URBANA E REAS VERDES

    edificaes trreas ou de dois pavimentos

    trreo: comrcio

    - cosmticos

    -roupas

    -artigos religiosos

    superior: servios

    - Hospital

    - faculdade (ESAMC)

    - hotel

    - Telefnica

    -Embratel

    -varejo

    - vias em mais de um nvel

    - espaos residuais sob viadutos

    - entroncamentos complexos

    -taludes limitam as passagens

    - praas subutilizadas.

    - poucas reas verdes

    - regio adensada

    - ausncia de equipamentos pblicos e locais segu-

    ro de travessia de pedestres.

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.2.4| TOPOGRAFIA

    Ao contrrio dos equipamentos ur-

    banos inseridos desordenadamente no Lar-

    go do Mercado, a TOPOGRAFIA do entorno

    do edifcio bastante FAVORVEL s suas

    VISUAIS. um terreno bastante acidentado,

    com curvas de nvel prximas, que caracteri-

    zam acessos por vias ngremes. Essas carac-

    tersticas implicam que o USURIO est

    quase sempre em POSIO PRIVILEGIADA

    para a VISUALIZAO E APRECIAO da

    edificao.

    Observa-se que o terreno que antes

    apresentava localizao delicada (por conta

    da proximidade com os pontos de aflora-

    mento de lenis freticos) pde ser conver-

    tido com obras de saneamento em local

    adequado para a instalao da ferrovia e,

    posteriormente, de todo o traado virio

    Figuras 25 e 26 > Topografia da rea estudada: planta e corte

    A A

    Corte AA

  • 51

    que se conformou at os dias de hoje.

    Para o melhor aproveitamento topo-

    grfico dos terrenos escolhidos, foram estu-

    dados diversos tipos de acessos verticais,

    tendo sido elencada como mais apropriada a

    ESCADARIA RAMPEADA.

    Figuras 27 > Escadaria Rampeada

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.3| MERCADO MUNICIPAL

    A cidade cujas edificaes so predominantemente abrigos [...] ter inevitavelmente poucos espaos pblicos e monumentos, quer se desenvolva horizontal ou verticalmente.

    Os monumentos ficaro acanhados em relao aos edifcios que os cercam

    Joseph Rykwert

    < Figura 28 Desenho da fachada principal do Mercado Municipal Fonte: Monogra-fia Mercado Municipal Disciplina HH 792 -Natlia Ometto, 2006

  • 53

    Projetado em ESTILO MOURISCO11 pelo engenheiro-

    arquiteto Francisco de Paula RAMOS DE AZEVEDO, o Mercado

    Municipal de Campinas (Figura 29 e 30) foi inaugurado em Abril de

    1908, tendo sido precedido por outros trs mercados substitudos

    devido necessidade de atender s demandas crescentes do co-

    mrcio varejista.

    Junto aos demais projetos de Ramos de Azevedo da mesma

    poca na cidade, o edifcio do Mercado tinha a misso de tentar

    reverter o chamado atraso da cidade colonial, como aponta Ana

    Maria Reis de Ges Monteiro12:

    Apesar de estar situado muito prximo ao centro da

    cidade, este stio [do quadriltero formado pelas ruas Barreto Leme,

    lvares Machado, Benjamin Constant e Jos de Alencar (atual Rua Dr.

    Ernesto Khulmann) configurava-se ento como uma rea ainda no

    totalmente urbanizada.

    11 Estilo proveniente da arquitetura das grandes mesquitas e elaboradas fortalezas palacianas, que tm como caractersticas constantes as cpulas bulbnicas, riqueza na ornamentao de superfcies atravs da utilizao de motivos florais e mosaicos estruturados geometricamente j que proibida a representao de figuras animais e humanas. Algumas dessas caractersticas esto presentes no Mercado, tais como a estruturao geomtrica das fachadas com a utilizao das faixas, geometria dos vitrais e dos mosaicos, e o barrado que remete a um estilo floral. 12

    MONTEIRO, Ana Maria Reis de Ges. Ramos de Azevedo: Presena e atuao profissional em Cam-

    pinas Editora Arte Escrita, Campinas-SP, 2009.

    < Figura 29 Ocupao atual do leito da ferro-via: Estaciona-mento privativo do Mercado Munici-pal Fonte: Acervo pessoal- Mar-o/2010

    < Figura 30 Uso atual da antiga platafor-ma da estao Carlos Botelho Fonte: Acervo pessoal- Mar-o/2010

  • Construdo no brejo drenado que margeava o ento cha-

    mado Largo do Jorumbeval, o edifcio do Mercado cedeu espao

    tambm ESTAO CARLOS BOTELHO da antiga Cia. Funilense

    de Estradas de Ferro , na plataforma que hoje o DESNVEL desti-

    nado s peixarias (Fig. 17e 18).

    Uma vez ESTRATEGICAMENTE LOCALIZADO, o Mercado

    funcionou durante muitos anos como nica FONTE DE ABASTECI-

    MENTO da cidade, assumindo assim grande importncia frente ao

    comrcio campineiro.

    Registros dessa importncia encontram-se no seu processo

    de tombamento13, de onde se destacam as seguintes consideraes:

    ... Nos domingos, o local era ponto de reunio para gente

    importante e gente simples, ocasio em que se mesclavam

    todo tipo de pessoas [..] Era o local ainda onde se encon-

    tram os moradores dos povoados e stios servidos pela Fu-

    13

    Tombamento o nome dado ao reconhecimento do valor cultural de um bem, levando-se em conta sua funo social, caractersticas histricas, artsticas, estticas, arquitetnicas, arqueolgicas, ou documental e ambiental. Quando tombado, o bem (mvel ou imvel, pblico ou privado) fica sob a tutela pblica, passando a integrar-se ao patrimnio cultural de uma localidade. O tombamento concedido a um determinado atributo do bem cultural a fim de que se garanta a continuidade da memria. O processo de tombamento consiste num conjunto de documentos que fundamentam e justificam o tombamento, e contm informaes para a identificao, conhecimento, localizao e valorizao do bem no seu contexto.

    nilense, que vinham para a cidade para fazer suas com-

    pras...14

    14 Processo de Tombamento do Mercado Municipal de Campinas que por sua vez tem suas fontes no Documentrio de Campinas dos arquivos da Biblioteca Pblica Municipal e no livro de Jlio Mariano, Campinas do Ontem e do Anteontem, Ed. Marinata, 1970.

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.3.1 CARACTERSTICAS DO MERCADO - A FORMA

    Ocupando uma rea aproximada de 7300m, o projeto

    de Ramos de Azevedo previa a construo de um corpo

    central, retangular, ladeado por dois outros, mais baixos. Em

    uma das laterais, no sentido do comprimento e com face para

    a Rua lvares Machado, foi construda a plataforma de

    embarque e desembarque da funilense.

    Ana Maria Reis de Ges Monteiro

    A partir da anlise da planta do edifcio,

    pode-se observar que, do aspecto formal, a

    edificao do Mercado Municipal constituiu-se a

    partir de uma planta poligonal, de ORIGEM

    RETANGULAR, medindo aproximadamente

    70 metros de comprimento por 15 metros de

    largura. A DESCARACTERIZAO do quadrilte-

    ro foi proveniente da SALINCIA DE QUATRO

    VOLUMES centralizados, um em cada fachada -

    marcando os acessos (Figura 31).

    HOJE, aps inmeras reformulaes

    desde simples pinturas a grandes reformas o

    edifcio perdeu um pouco de sua simetria devido

    ANEXAO de quatro corredores de bancas (na

    parte externa), ALINHANDO-SE S ANTIGAS

    Figura 31 ^

    Planta mostrando permetro original e ampliao do Mercado, com acessos em cada perodo

    Fonte: Acervo Pessoal (Montagem), SETEC - Servios Tcnicos Gerais (Base)

  • SALINCIAS (Figura 21) Assim, estima-se que a largura total te-

    nha atingido os 20 metros, tendo DESTACADO APENAS o acesso

    principal voltado para a Rua BENJAMIN CONSTANT prova-

    velmente devido ao grande fluxo condicionado pelo desenho ur-

    bano.

    Internamente, o prdio comporta 98 boxes (68 originais e e 30 a-

    ps a ampliao); e apresenta simetria bilateral, considerando-se o

    eixo longitudinal (Figura 33). Seu corpo subdivide-se, ento, em

    seis mdulos similares dois a dois entrecortados pelos corredo-

    res de acesso, que tm origem no centro de cada uma das faces.

    A iluminao e a ventilao da nave so provi-

    das pelas aberturas zenitais clarabias, sheds e vitrs

    distribudos ao longo do prdio (Figura 32).

    ^Figura 32 Vitrs. Sheds e clarabias de iluminao do Mercado Fonte: Acervo Pessoal Abril/2006

    ^Figura 34

    Boxes internos e corredores de acesso do Mercado Municipal

    Fonte: Acervo Pessoal (Montagem), SETEC Servios Tcnicos Gerais (Base)

    ^Figura 33

    Eixos de simetria observados no Mercado Municipal a partir da planta original

    Fonte: Acervo Pessoal (Montagem), SETEC Servios Tcnicos Gerais (Base)

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.3.2|CARACTERSTICAS DO MERCADO OS USOS

    O Mercado Municipal funciona diariamente, das 7h s 18h30, com exce-

    o do Domingo, quando fecha ao meio-dia. Nesse perodo, de acordo com da-

    dos disponibilizados pela SETEC - Servios Tcnicos Gerais, Autarquia que admi-

    nistra o Mercado o movimento praticamente constante, resultado do fluxo de

    usurios de Campinas e cidades da regio, com exceo dos sbados, que tm

    maior movimento.

    Para atender demanda, o Mercado conta com estacionamento privati-

    vo em todo o seu entorno (Figura 35 e 36), sendo gratuito apenas aos domingos.

    J os portes externos de acesso de pedestres localizados prximos s

    bancas externas (Figura 37) ficam abertos quando do funcionamento normal do

    Mercado, mas so fechados s 14h dos sbados, impedindo a circulao no tre-

    cho.

    < Figura 35 ^Figura 36

    Estacionamentos privativos do Mercado Municipal

    Fonte: Acervo Pessoal Maro/2010

    Figura 37 ^

    Porto de acesso de pedestres aos boxes externos do Mercado

    Fonte: Acervo Pessoal Maro/2010

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.3.3|CARACTERSTICAS DO MERCADO AS INTERFERNCIAS

    Apresentam-se agora as INTERFERNCIAS que geraram O INCMODO que conduziu a este

    trabalho. Os ELEMENTOS tais como catracas, gradis metlicos, coberturas, floreiras, relgios, placas come-

    morativas e edificaes de apoio acabaram sendo construdos/ INSTALADOS DESORGANIZADAMENTE no

    Largo em estudo, e contriburam para a OBSTRUO no s das VISUAIS do Mercado, mas tambm dos seus

    ACESSOS como mostram as fotos ao lado e abaixo (Figuras 38 a 40).

    Figura 38 ^

    Floreira refora a entrada principal do Mercado Municipal, obstruindo a calada.

    Fonte: Acervo pessoal Maro/2010

    < Figuras 39 e 40

    Gradis metlicos e cobertura de catraca compem a entrada de veculos do prprio Mercado,

    dificultando o acesso dos pedestres.

    Mais interferncias - toldos de diversos tipos, guardacorpo, edificao da Administrao do

    Mercado e mais floreiras

    Figura 41 >

    Principal visual do Mercado Municipal: Rua Benjamin Constant. So tantas as interferncias, que preciso uma dica para encontrar o monumento.

    Fonte: Acervo pessoal Maro/2010

  • A imagem acima (Figura 41) capaz de transmitir com clareza a obstruo de que o Mercado Municipal tem sido vtima: so tantas as interferncias, que fica

    difcil diferenci-lo das demais linhas que compem o entorno.

  • Mercado visto a partir da parada de nibus . A os nais de semana (foto), h pouca interferncia visual. J durante a semana, o estacionamento lota, dicultado a passagem dos pedestres, que j reduzida devido presena dos anteparos metlicos que separam o estacionamento dos pontos de nibus. Nessa vista h tambm interferncia dos telefones pblicos e da edicao da administrao do mercado.

    TelefonesPblicos

    GradilMetlico

    Cobertura de veculos

    Cabine de Cobrana do Estacionamento

    Edicao da Administrao

    RedeEltrica

    Banca

    Floreira

    Catraca e cobertura no acesso de veculos

    Banca

    PANORMICA MERCADO Fachada Principal

    Rua Benjamin Constant

    PROPOSTA:remover interferncias

    Integrar praa

    Acervo PessoalMaro/2010

    N

    N

    Mercado visto a partir do Terminal. Atentar para a quantidade de interferncias que obstruem a visualizao do Monumento Histrico.Os elementos lineares do entorno gradis metlicos, bancas de jornal, placas informativas e ao eltrica confundem-se com as faixas da fachada do Mercado.

    Placa Comemorativa

    PANORMICA MERCADO Fachada da antiga Estao

    Rua lvares Machado

    PROPOSTA:integrar Mercado ao calado

    remover interferncia

    Acervo PessoalMaro/2010

    Gradil metlico cercandoa rea do Mercado

    EdicaesAdministrativas

    Estacionamento e pontos de nibus dicultando passagem

    N

    PANORMICA BANCASFlores e Frutas

    Rua Interna do Mercado

    PROPOSTA:realocar as bancas

    facilitar acessosdar visibilidade aos produtos

    Acervo PessoalMaro/2010

    Como atrair usurios se as mercadorias esto escondidas atrs do estacionamento de veculos? O desnvel acaba dando mais visibilidade s edicaes da Rua Ernesto Khulmann do que s bancas do Mercado. Com o desenho das vagas , restringe-se o espao da calada, dicultando o trnsito dos usurios que esto a p. A beleza das frutas e ores precisa ser explorada para atrair o pblico.

    Acesso tmido aos boxes externosda Rua Ernesto Khulmann

    Espao estreito dividido entre caixas de frutas, pedestres e carrinhos de transporte

    As belezas que poderiam ser exploradas para atrair o pblico

    1

    2

    3

  • NPANORMICA VIADUTOFundos do Mercado: Floreiras

    Rua lvares Machado

    PROPOSTA:Integrar Mercado e Praa

    impedir veculospriorizar pedestre

    Acervo PessoalMaro/2010

    TFG Eduardo Corradi2009

    Fundos do Mercado sem tratamento algum. Floreiras de concreto limitam o crescimento das plantas e acabam funcionando apenas como anteparo para impedir a entrada de veculos. A vista no atrativa aos usurios, o que marginaliza o espao e desestimula o uso. Tneis de pedestres como alternativa aos desnveis do terreno: sem visibilidade causam insegurana e, muitas vezes, inibem a passagem.

    Tneis de pedestres

    Tnel de pedestres LADO A

    Tnel de pedestres LADO B

    Retrato do abandono possvel o uso contnuo?

    4

    N

    PANORMICA COMRCIORitmado

    Rua Ernesto Khulmann

    PROPOSTA:padronizar comunicao visual e uniformizar fachada para dar

    unidade ao conjunto

    Acervo PessoalMaro/2010

    Comrcio de caractersticas quase uniformes (possivelmente pertencente a poucos proprietrios diferentes). Por funcionar bem e apresentar desenhos simples, a proposta que haja retoque nas pinturas e padronizao da comunicao visual, j prevista em projeto de lei aprovado (n316/05- 2010); alm da uniformizao da calada para torn-la acessvel

    Irregularidade da calada e presena do poste dicultam a passagem

    Rebaixo da calada em

    conformidade com norma,

    mas remendado com a calada pr-existente

    Rebaixo da calada em desconformidade com a norma e irregularidade dos paraleleppedos tornam perigosa a travessia

    Comunicao visualTIPO2

    Comunicao visualTIPO1

    Comunicao visualTIPO4

    Comunicao visualTIPO3

    Comunicao visualTIPO5 Comunicao visual

    TIPO6

    N

    PANORMICA ANEXO Boxes Externos Mercado

    Rua Ernesto Khulmann

    PROPOSTA:realocar bancas, devolver vista

    e promover melhor acesso ao edifcio do Mercado

    Acervo PessoalMaro/2010

    Boxes externos do Mercado: padronizados,mas alocados em lugar privilegiado, que impede completamente a apreciao do edifcio histrico. Podem ser realocados em local menos nobre, visto que seus usos so complementares aos do Mercado. Devolver a vista do edifcio tambm contribui para a melhor apropriao do Monumento pela populao que por a transita.

    Mercado escondido: Trecho 5

    Mercado escondido: Trecho 4

    Mercado escondido: Trecho 3

    Mercado escondido: Trecho 2

    Mercado escondido: Trecho 1

    5

    6

  • LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA LINHA DO TEMPO MERCADOS CAMPINEIROS

    186

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  • 65

    LARGO DO MERCADO: UMA CICATRIZ URBANA 3.4| TERMINAL MERCADO

    Inaugurado no final da dcada de 1970, o Terminal Mercado (Fig. 42) foi o PRIMEIRO ponto de

    nibus da cidade a se estruturar como um TERMINAL. Receptor de 28 linhas de nibus

    distribudas ao lado (1 ponto final) e frente (2 - terminal de referncia) do Mercado Municipal

    (Fig.30), este terminal o nico a receber as linhas que circulam pela cidade de madrugada Corujo

    , permanecendo ABERTO 24H por dia.

    De acordo com informaes da EMDEC Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campi-

    nas S/A, responsvel pela administrao do terminal , cerca de 20MIL USURIOS so atendidos por

    dia. Exceto nas datas comemorativas, aos sbados o fluxo de usurios no centro reduzido, assim

    como a frota de nibus: diminui para 60% da capacidade normal, e a 40% aos domingos.

    Figura 42 >

    Localizao das unidades do Terminal Mercado em

    relao ao Mercado Municipal.

    Fonte: Acervo pessoal (montagem), Google Earth

    (imagem de satlite) Acervo pessoal Maro/2010

  • Figura 43 ^

    Panormica formada a partir de fotos do cruzamento das Ruas Benjamin Constant e Ernesto Khulmann vista para a entrada do Terminal Mercado.

    Fonte: TFG Eduardo Corradi - 2009

  • 67

    Atualmente, o maior entrave ao funcionamento do Terminal

    Mercado o PROBLEMA SOCIAL: por permanecer em funcionamento

    24h, permite o LIVRE ACESSO de moradores de rua que, nos horrios

    de menor movimento, apropriam-se dos bancos que atendem aos pon-

    tos de nibus para deitar, fazer refeies e dormir. Dessa forma, os de-

    mais USURIOS ficam em alerta e DISPENSAM O USO DOS EQUI-

    PAMENTOS PBLICOS.

    Na PARTE EXTERNA, trs das caladas que envolvem a quadra

    do terminal so OCUPADAS POR BANCAS DE COMRCIO INFOR-

    MAL. Esse uso promove a concentrao constante de FLUXOS, QUE

    DO VIVACIDADE rea, mas que ocorre EM CONDIES PREC-

    RIAS devido falta de PLANEJAMENTO E ORGANIZAO, como se

    observa nas figuras que seguem (Figuras 44-45).

    Figura 44 > Descaso com a pavimentao no acesso dos

    nibus Fonte: Acervo pessoal- Mar-

    o/2010

    < Figura 45 Detalhe da irregulari-dade dos boxes vista a partir do terminal Fonte: Acervo pessoal Maro/2010

  • Fiao aparente dentro dos boxes

    Quadro de fora aparente, no meio da calada

    rvore crescendo em meio s coberturas dos boxes: envolvida com plstico preto para exposio de mercadorias

    Acesso ao Terminal tumultuado pela concentrao

    de mercadorias

    N

    N

    PANORMICA CAMELSQuadro de Fora

    Rua Bernardino de Campos

    PROPOSTA:construir praa

    organizar boxesdevolver calada

    Acervo PessoalMaro/2010

    PANORMICA CAMELSPonto de Txi

    Rua Ernesto Khulmann

    PROPOSTA:construir praa

    fechar ruaorganizar boxes,

    Integrar ao caladoAcervo Pessoal

    Maro/2010

    Cameldromo visto a partir da ria Ernesto Khulmann. Neste trecho a ocupao mais regular, mas no menos densa. Aos nais de semana (foto) j no fcil identicar os acessos ao terminal. Durante a semana, as barracas ganham muito mais informao, devido presena das mercadorias, que contribuem para confundir a viso do observador.

    Cameldromo instalado na rua Bernardino de Campos: ocupao da calada, falta de padronizao dos boxes, obstruo do quadro de fora, energia puxada de forma precria e impedimento do acesso ao terminal devido ocupao das passagens pelos ambulantes sem boxes.

    Mercadorias em frente ao quadro de fora

    Cobertura dos boxes envolvendo as rvores do entorno

    Acesso ao terminal tmido, enquadrado elos boxes.

    Amplitude do acesso aos nibus impede a diferenciao

    do acesso dos pedestres ao terminal. Veculos e usurios

    entram pelo mesmo local

    Acesso ao terminal sem nenhuma identicao, em meio aos boxes, caixa de correio, e carrinho de pipoca

    3

    4

    N

    PANORMICA CAMELSOcupao da CaladaRua lvares Machado

    PROPOSTA:construir praa, reagrupar

    boxes, oferecer trajeto objetivo at o Mercado

    Acervo PessoalMaro/2010

    Cameldromo visto a partir da rua lvares Machado. Este trecho o de ocupao mais desordenada e densa. No h acessos nem indicao do terminal, que est todo encoberto pelas barracas.Observa-se que a ocupao da calada pelas barracas total, de modo que permissionrios e pedestres precisam se acomodar ou circular pelo meio da rua. Postes e rvores so incorporados pelos boxes.

    Cobertura TIPO1Toldo TIPO 1

    Cobertura TIPO2Toldo TIPO2

    Cobertura TIPO3Toldo TIPO3rvore incorporada aos boxes

    Na rua: pessoas

    Na rua: cadeiras e bancos

    Na rua: carrosPoste venda?

    Acessrio da barraca?

    N

    PANORMICA TERMINALFachada Terminal Mercado

    Rua Benjamin Constant

    PROPOSTA:remover terminal para

    estabelecer melhor conexo entre a praa criada e o

    Mercado

    Acervo PessoalMaro/2010

    A estrutura do terminal caracterizada pela fragmentao: h quatro edicaes para atender demanda interna sanitrios pblicos, espao para motoristas, espao para scais de trnsito e lanchonete. Esse tipo de diviso obriga que o sistema de segurana desses espaos seja disperso, o que diculta o trabalho. A concentrao dessas atividades pode baratear os custos com manuteno.

    Se ca aberto 24h, no precisa de porto. O trnsito dos nibus pode ser controlado apenas por semforos

    Edicao da administrao do terminal frente, e sanitrios ao fundo

    Acesso tmido ao terminal: melhor identicado pela faixa de

    pedestres do que pela visibilidade prpria do porto e da escadaria

    Edicao da administrao do terminal ao fundo

    1

    2

  • 4.DIRETRIZESa sutileza da inteveno

    4.1 PARTIDO, PREMISSAS E OBJETIVOS 4.2 USOS CULTURAIS 4.3 DIRETRIZES PROJETUAIS 4.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES 4.5 SETORIZAO 4.6 DRENAGEM 4.7 PAISAGISMO 4.8 MATERIAIS 4.9 MOBILIRIO URBANO

  • 73

    DIRETRIZES 4.1|PARTIDO, PREMISSAS E OBJETIVOS

    O projeto visa trabalhar um fragmento da cidade com base

    na reflexo de Queiroga: pretende-se privilegiar no s os LUGA-

    RES, mas tambm os PERCURSOS, acreditando que ambos so

    elementos indissociveis e imprescindveis para a criao dos VN-

    CULOS ENTRE OS INDIVDUOS E OS AMBIENTES que lhes do

    suporte.

    Das recorrentes visitas e olhares lanados sobre o centro de

    Campinas, e da vontade manifesta de trabalhar com a CONTIGI-

    DADE entre dois estratos do tempo PASSADO E PRESENTE ,

    escolheu-se o Largo do Mercado; tendo como representante hist-

    rico o edifcio do MERCADO, e como intrpretes da contempora-

    neidade os FLUXOS, que ignoram a histria em benefcio do fazer

    circular aqueles que no tm tempo a perder (MONGIN, 2009, p. 82)

    O nome da Praa foi escolhido em homenagem importn-

    cia do Engenheiro-Arquiteto Ramos de Azevedo para a cidade de

    Campinas. Na praa, alguns equipamentos educativos remetero

    memria de Ramos, com o objetivo de reinserir as edificaes his-

    tricas na pauta da preservao e conservao da cidade.

    Para elaborar ento diretrizes que levassem em considera-

    o os dois perodos identificados, dividiu-se em trs etapas a ME-

    TODOLOGIA de projeto: 1 - pautada na identificao das NO-

    CONFORMIDADES existentes no Largo; 2 pautada no entendi-

    mento das NECESSIDADES da regio; 3- pautada na elaborao

    de um projeto que tenha como base um programa que acrescente o

    MNIMO DE FUNES e que reorganize os elementos dispersos

    no Largo para melhor atender a populao que dali se aproveita.

    ^ Figura 46 - reas de interveno

  • As diretrizes ampliadas de fluxo virio sero exercitadas no

    polgono compreendido entre vias: Orozimbo Maia, Senador Sarai-

    va, Campos Sales, Francisco Glicrio e Delfino Cintra (Fig.46); en-

    quanto que as propostas especficas e o projeto sero desenvolvi-

    dos na Praa pera A Noite no Castelo e no quadrante delimitado

    pelas ruas Barreto Leme, lvares Machado, Bernardino de Campos

    e Ernesto Khulmann (Fig.46).

  • 75

    Os OBJETIVOS deste TFG so:

    1. DEVOLVER AS PERSPECTIVAS DO EDIFCIO hoje

    perdido na infinidade de interferncias fsicas e visuais

    de seu entorno.

    Para tanto, as decises de projeto pretendem:

    a. remover os elementos que prejudicavam a fruio do

    prdio pblico,

    b. propiciar a manuteno e revitalizao do comrcio

    local, visando a qualificao deste recorte peculiar do centro

    de Campinas; para a populao que j se utiliza dos servios

    ali estabelecidos, e para a atrao de mais usurios.

    Nas palavras de Franoise Choay, faremos uma manuten-

    o do cotidiano que, entretanto no exclui a presena de visitantes

    atrados por novos usos.

    ^ Figuras 47 e 48 Visuais do Mercado Municipal:

    Atual e com interveno

    Fonte: Acervo pessoal

  • 2. VALORIZAR OS FLUXOS PEATONAIS e OTIMIZAR O

    FLUXO VIRIO, responsveis pela manuteno do di-

    namismo e da vocao comercial da rea estudada;

  • 77

    3. ORGANIZAR a disposio, REORDENAR E APRIMO-

    RAR A INFRAESTRUTURA DO COMRCIO informal

    que se estabeleceu e se consolidou no Largo do Mer-

    cado e arredores.

    ^ Figura 49 a 50 -

    Banca de Flores atual e proposta

    Cameldromo atual e proposto

    Fonte: Acervo Pessoal

  • Para atingir esses objetivos, as praas e suas atividades de-

    vero constituir programas complementares, para atender de-

    manda diversa caracterstica da regio. A seguir, sero apresenta-

    dos alguns croquis que ilustram as intenes de projeto e o pro-

    grama detalhado que ser implantado.

    O PARTIDO do projeto consiste no RESGATE DAS VISU-

    AIS do mercado, a partir dos principais pontos do entorno. Para

    tanto, foram desenhados EIXOS DE CIRCULAO E VISUALIZA-

    O com origem nos acessos do mercado, apontando para os cru-

    zamentos de vias com maior POTENCIAL PEATONAL, e cotas

    mais altas, como no infogrfico que segue:

    Para estabelecer a lgica dos DESLOCAMENTOS, a se-

    qncia foi: circulao deu origem a corredores ao longo dos

    RAIOS DE APROXIMAO, constituindo TRAJETOS OBJETIVOS

    para acesso ao Mercado.

    ^ Figura 51 - Estudo de fluxos principais

    < Figura 52 Eixos de Circulao e Visualizao

  • 79

    Nos raios visuais priorizou-se o uso de vegetaes arbustivas

    e/ou rasteiras para garantir a contemplao do Monumento, mes-

    mo distncia. A amplido da rea escolhida possibilitou a criao

    de espaos generosos que, aliados utilizao de materiais perme-

    veis visual e fisicamente, permitiram a desobstruo das visuais do

    mercado, e possibilitaram sua contemplao a partir de pontos

    mais distantes.

    No intuito de tornar a ACESSIBILIDADE e as rampas como

    ELEMENTOS DE PROJETO, oferecemos PERCURSOS RAMPEA-

    DOS permeando todas as praas, a fim de proporcionar acesso a

    todos os nveis de projeto e percursos mais SUAVES (menos n-

    gremes). Para tanto, todas as rampas obedecem legislao quan-

    to mxima inclinao (variando de 5 a 8%), visando a MNIMA

    DIFERENCIAO15 entre trajetos acessveis e no-acessveis.

    15

    Conceito apresentado em Architectural Wayfinding, de Susan Hunter. Trata-se de oferecer percursos acessveis no segregantes, integrados s demais opes de percurso existentes no local.

    ^ Figura 44 - Estudo dos campos visuais

    ^ Figura 53 - Corte esquemtico para definio de portes de vegetao e manuten-

    o do campo visual.

    ^ Figura 54 - Croqui de projeto e definio das rampas, escadarias e vegetao.

  • DIRETRIZES 4.2| USOS CULTURAIS

    Acerca dos usos culturais, considera-se a teoria apresentada por Ulpiano

    Bezerra de Meneses: o autor caracteriza a CIDADE COMO BEM CULTURAL,

    que pode assumir diferentes categorias de valor, como o COGNITIVO relacio-

    nado ao conhecimento da cidade; o formal que diz respeito fruio visual da

    paisagem urbana ; e o AFETIVO que indica a percepo do meio pelos indiv-

    duos que se relacionam com o mesmo, e que, assim, adquirem um SENTIMEN-

    TO DE PERTENCIMENTO ao lugar:

    Este pertencimento, que usado para o habitante construir sua identida-

    de, s se d com a prtica cotidiana e a memria dos que a vivem. (MENESES,

    2000, p. 39).

    Conclui, ento, que a cidade ser um bem se for boa para a prtica cotidi-

    ana do espao por seus habitantes, de forma qualificada.

    Para reger a abordagem do projeto, lembramos que os valores no deri-

    vam automaticamente dos objetos:

    o patrimnio cultural constitudo no pelas coisas materiais ou imateri-

    ais elas prprias, mas pelos valores de que elas so produto, vetor, suporte, refern-

    cia, libi, emblema. (MENESES, 2000, p.31).

  • 80

    DIRETRIZES 4.3| DIRETRIZES PROJETUAIS

    Com o intuito de ORDENAR A REA DE PROJETO E

    DIRECIONAIS FUTURAS INTERVENES foram definidas

    algumas diretrizes projetuais:

    o equacionamento dos espaos vazios;

    a complementao de eixos de apropriao dos espaos pblicos passeio pblico como elemento de incluso social;

    tirar mximo proveito do stio em que est inserido, sobretudo no que se refere topografia;

    a eliminao da fiao area adaptao subterrnea da rede eltrica da regio;

    o alargamento das caladas ;

    a unificao dos pisos das praas, para dar preferncia ao pedestre;

    a proposta de novos mdulos para o comrcio informal interligando o Terminal Central ao Terminal Mercado atravs da Rua lvares Machado;

    o redesenho dos equipamentos urbanos para atender demanda da regio: sanitrios, pontos de nibus, iluminao, balizas, lixeiras, etc.;

    a priorizao do sistema de transporte coletivo em detrimento do individual;

    a drenagem urbana, com sistema de reuso de gua pluvial, jardins de chuva e galerias de captao ao longo do calado, nas escadarias e praas;

    Algo que se apresenta a favor da MANUTENO DAS

    DINMICAS LOCAIS o seu prprio funcionamento. No entanto, a

    subutilizao no perodo noturno e aos domingos leva a crer que

    so necessrios incentivos dar condies para que essa

    apropriao acontea como nos outros dias e horrios. Para tanto,

    sero propostos programas como bares, restaurantes e espaos

    para apresentaes teatrais e musicais, que favoream a

    movimentao de pessoas no perodo noturno. Tambm devero

    ser sugeridos pontos de iluminao da praa, seus percursos, sua

    vegetao, e principalmente o edifcio do Mercado. Essa iluminao

    ir atuar como ferramenta de auxlio ao aumento da seguridade no

    local, e tambm ir contribuir para o embelezamento do espao

    pblico e seus elementos, atraindo maior nmero de usurios.

    Levando em considerao que O COMRCIO AMALGAMA

    E TORNA DINMICAS AS ATIVIDADES E ESPAOS

    anteriormente estticos, optou-se por mant-lo com suas

    caractersticas originais, investindo apenas na configurao

    esttica; e no mobilirio, que tambm item de atrao das

    pessoas para o fruir do espao.

  • 81

    DIRETRIZES 4.4| PROGRAMA DE NECESSIDADES

  • 82

    DIRETRIZES 4.5| SETORIZAO

    ^ Figura 55 - Setorizao do programa.

  • 83

    DIRETRIZES 4.6| DRENAGEM

    Observando a topografia do terreno onde se insere o Largo, inevitvel associar a topografia

    ao passado brejoso deste recorte do centro, que se localiza em uma das cotas mais baixas do centro da

    cidade.

    Assim, fez-se necessrio tratar a drenagem urbana como ponto prioritrio na configurao da

    praa e escolha dos revestimentos principalmente dos pisos.

    Num estudo rpido das reas de contribuio do entorno, bem como da confluncia dos fios

    de gua provenientes destas reas, foi obtida a foto de 01 (ao lado) caracterizando uma grande

    propenso formao de piscino nos arredores do Mercado. Assim, para evitar problemas de

    segurana e sade de ordem pblica optou-se por propor nas praas pisos drenantes e grelhas (ver

    item 6.3 deste memorial) em toda a extenso do Largo projetado.

    Contando ainda com a captao feita atravs de bocasde-lobo (com e sem depresso

    figuras abaixo) garante-se boa parte do escoamento da gua para as galerias subterrneas que

    desembocam no canal da Av. Orozimbo Maia.

    Levando-se em conta esta preocupao do projeto, foi esquematizada, ento a

    representao 02 (ao lado), que mostra a drenagem pretendida em projeto.

  • DIRETRIZES 4.7| PAISAGISMO

    Pensando no Largo Ramos de Azevedo como um lugar de

    permanncia, seja de visitantes que freqentaro os equipamentos

    propostos para a praa, seja dos comerciantes informais que trabalharo

    nela, optou-se por um paisagismo que convidasse o usurio

    contemplao.

    Para tanto, foram usados diferentes portes de vegetao, desde

    forraes de poucos centmetros a rvores que chegam a ter at 12

    metros de altura, a fim de que de cada ponto da praa oferea visuais

    diferentes e especiais, sempre respeitando a fruio do Mercado

    Municipal.

    Neste sentido, tambm optou-se por plantas de diferentes cores

    e pocas de florao, assegurando assim, que a cada estao do ano,

    seja oferecida uma nova paisagem ao passante.

    Ainda, os diferentes portes propostos permitem uma melhor adequao do paisagismo s necessidades e limitaes impostas pelos

    equipamentos urbanos e drenagem propostos, considerando tambm as fiaes eltricas e disposio do mobilirio.

    A seguir ser apresentada uma tabela com a vegetao escolhida, com imagens, nome cientfico e popular, porte e florao.

  • Representao Imagem Espcie Nome popularPlanta Ja

    n

    Fev

    Mar

    Abr

    Mai

    Jun

    Jul

    Ago

    Set

    Out

    No

    v

    Dez

    Paineira-rosaObservaes

    Florao

    1

    Cedrela fissilis Cedro-rosaObservaes

    Ip- BrancoObservaes

    Observaes

    indicada para reas com rede area

    Erythrina mulungu MulunguObservaes

    Tibouchina Granulosa Quaresmeira

    PEQU

    ENO

    PO

    RTE

    MD

    IO PO

    RTE

    GRA

    ND

    E PO

    RTE

    2

    3

    1

    2

    Bauhinia forficata

    Psidium cattlelanum

    Tabebuia roseo-alba

    Chorisia speciosa

    3

    1

    2

    Pata-de-vacaObservaes

    AraObservaes

    indicada para reas com rede area

    3

    Rodanthe manglesii Silver KingObservaes

    Senna macranthera Fava-do-campoObservaes

    Caladium lindenii Orelha de ElefanteObservaes

    de 20 a 40cm de altura/ perene

    5

    ARBU

    STO

    S

    Zinnia elegans Znia

    de 60 a 80cm de altura

    Observaes

    4 Colocasia esculenta Inhame dos AoresObservaes

    de 70 a 120cm de altura/ perene

    Calendula officinalis CalndulaObservaes

    de 30 a 40cm de altura

    de 40 a 60cm de altura

    1

    2

    plantio preferencial em terrenos inclinados/ combate a acidez do solo/ perene

    Ophipogon jaburan Barba de Serpente

    locais ensolarados e semi-sombreados/ perene

    Observaes

    Zoysia Japonica Grama EsmeraldaObservaes

    perene

    Ixora Coccinea Mini IxoraObservaes

    FORR

    AES

    4

    1

    2

    3

    Arachis repens Grama AmendoimObservaes

  • DIRETRIZES 4.8| MATERIAIS A escolha de materiais configura-se como um importante item do projeto, j que um

    dos elementos responsveis por PROMOVER HARMONIA ESTTICA E ESPACIAL AO LOCAL.

    Como OBJETIVO, pretende-se que os usurios possam e queiram experimentar todos os lugares

    projetados identificando a UNIDADE PELA APLICAO DOS MATERIAIS, e no pela simples

    repetio do mobilirio urbano.

    Nesse sentido, so sugeridos:

    - madeira plstica mobilirio urbano

    - blocos cimentcios paisagismo vertical

    - placas cimentcias bancas Hortifruti

    - ao corten estrutura, revestimentos e mobilirio urbano

    - ao patinado - estrutura, revestimentos e mobilirio urbano

    - pedra pisos

    - grelhas metlicas pisos drenantes

    Figura 56 > Quadro de materiais e texturas referenciais para o projeto.

  • 87

    DIRETRIZES 4.9| MOBILIRIO URBANO

    Para a implantao do mobilirio adequado ao largo proposto, fez-se

    necessrio considerar as condies atuais de distribuio dos bancos, telefones

    pblicos, lixeiras, totens informativos, etc. De posse das informaes colhidas in loco

    (e anteriormente mapeadas - item 3.3.3), observou-se:

    1. Distribuio desigual do mobilirio: carncia em alguns pontos; abundncia em outros;

    2. Sub-utilizao do mobilirio em espaos hostis;

    3. Incompatibilidade formal entre os itens; tendo cada um obedecido padronagem estabelecida pela prefeitura ou pelas concessionrias responsveis (Telefnica/CPFL);

    4. Ausncia de relao formal com o Monumento Histrico;

    5. Deficincia de placas informativas sobre o Mercado e seu funcionamento;

    6. Inexistncia de placas direcionais indicando vias ou pontos de referncia do entorno.

    A partir dessa anlise, e em busca de evitar as mesmas falhas, foi tomado como referncia principal o mobilirio projetado pelo

    escritrio Diller & Scofiddio para o High Line Park de Nova Iorque (Fig. 57 - ver mais no item 5.2), alm dos exemplos de escadarias da

    Federation Square, em Melbourne; da Robson Square, em Vancouver; do projeto da pera de Stavanger; e da Piazza di Spagna, em Roma

    (imagens disponveis no item 5.1).

    Assim, uma alterao no design e na regularidade do mobilirio foi imprescindvel para a criao de uma linguagem nica no Largo

    todo. Acreditando que a melhor forma de insero destes itens seria atravs da menor interveno possvel, foram propostas escadas que se

    ^ Figura 57 Mobilirio urbano no High Line Park

    Fonte: www.thehighline.org

  • amalgamam para a formao de grandes arquibancadas. Assim, foi possvel suprimir grande

    parte dos bancos necessrios pela praticidade dos degraus, integrados ao desenho das praas.

    Nestes pontos como na escadaria das floriculturas (Fig 58) possvel transitar entre

    os diferentes nveis em que se divide o Largo, bem como parar para contemplar a paisagem e

    o edifcio do mercado, ou fazer um lanche rpido; e at mesmo aproveitar para comprar

    frutas, legumes, verduras e flores.

    Dando suporte a esses assentos alternativos, foi criado um desenho continuo de banco

    que, com diferentes alturas e inclinaes transforma-se em piso, banco, encosto, totem,

    cabine telefnica, guardacorpo, lixeira, etc (Fig 59).

    ^ Figuras 58 e 59 Escadaria Floriculturas e Mobiliario contnuo

  • 5.REFERNCIAS PROJETUAIS

    5.1 APROPRIAO DA TOPOGRAFIA 5.2 MOBILIRIO URBANO 5.3 PISOS E DRENAGEM 5.4 REVESTIMENTOS EXTERNOS 5.5 EQUIPAMENTOS URBANOS 5.6 REVITALIZAO DE REA DE MERCADO

  • 91

    REFERNCIAS PROJETUAIS 5.1| APROPRIAO DA TOPOGRAFIA

    A. FEDERATION SQUARE

    Lab Architecture Studio

    Melbourne, Austrlia, 2003

    Figuras 60 a 62 - Federation Square.

    O projeto se apropria do desnvel conciliando rampas, patamares e

    escadarias, de forma a proporcionar transies suaves entre os

    percursos.

  • B. ROBSON SQUARE

    Arthur Erickson

    Vancouver, Colmbia Britnica, 1983

    Figura 63-65 -

    Robson Square.

    O projeto trabalha

    rampas, escadas e

    paisagismo de

    maneira integrada,

    fazendo com que o

    percurso torne-se

    tambm uma

    atrao no espao

    pblico.

  • C. OPERA STAVANGER

    Medplan AS Arkitekter

    Stavanger, Noruega. Concluso prevista para 2012.

    Figuras 66 a 68 - Opera Stavanger

    Trata-se de mais um projeto que trabalha escadarias,

    patamares e rampas em conjunto. Vence um grande desnvel

    convergindo para um extenso plat, onde podem acontecer

    eventos, apresentaes e encontros.

  • D. PIAZZA DI SPAGNA

    Francesco de Sanctis

    Roma, Itlia, 1726

    Figuras 69 a 71 - Piazza di Spagna.

    A configurao das amplas escadarias desta praa um convite ao percurso que

    converge para a Igreja (monumento histrico de grande destaque nesta praa).

  • REFERNCIAS PROJETUAIS 5.2| MOBILIRIO URBANO

    A. MARIN COUNTRY DAY SCHOOL

    CMG Landscape Architecture

    Corte Madera, Canad, 1997

    Figuras 72-74 - Bancos em Marin Country Day School.

    Os bancos propostos para este espao, alm de funcionarem com a funo

    bsica de promover a permanncia e acomodao de usurios, configuram

    pequenos espaos de encontro pela sua disposio e suas dimenses.

  • B. SESC PAULISTA

    So Paulo, Brasil, 2010

    Figuras 75 e 76: rea externa da Unidade SESC Paulista.

    O projeto cria um nico elemento que funciona como jardineira e banco. A iluminao embutida e valoriza a vegetao.

  • C. GUARDA-CORPO EM REAS PBLICAS

    Nova Iorque, EUA

    Figura 77 - rea externa em Nova Iorque.

    O projeto utiliza elementos como madeira, vegetao e cabos de ao para compor um limite entre reas pblicas, dividindo espaos de fluxo virio e fluxo/permanncia de pedestres.

  • D. MOBILIRIO INTEGRADO

    Diller & Scoffidio

    High Line ParkNova Iorque, EUA

    Figuras 78 a 80 reas de estar no High Line Park

    A continuidade entre piso e banco suaviza a implantao do mobilirio, fazendo com que este se integre melhor

    com a praa de estar. A utilizao de materiais similares/compatveis confere unidade ao projeto.

  • REFERNCIAS PROJETUAIS 5.3| PISOS E DRENAGEM

    A. NEMO

    Renzo Piano

    Amsterdam, Holanda, 1997

    Figuras 81-83 pisos e grelhas drenantes.

    Este projeto traz uma combinao de

    pisos para proporcionar diversos usos.

    Trabalha-se com placas de cimento,

    tablados em madeira, espelhos dgua e

    grelhas metlicas. O programa e seu

    mobilirio so dispostos ao longo da

    grande escadaria sobre o edifcio,

    configurando uma extensa rea de

    encontro, confraternizao e

    contemplao.

  • B. SCHOUWBURGPLEIN

    West 8

    Rotterdam, Holanda, 1996

    Figuras 84-86 - Pisos da praa pblica Schouwburgplein.

    A praa composta por pisos em madeira, pedra e grelhas metlicas. Algumas dessas

    grelhas tem a funo de drenagem, que tambm feita atravs das juntas secas dos demais

    pisos. Outros trechos das grelhas metlicas funcionam como fontes, de onde saem jatos de

    gua periodicamente. Apesar de ser uma grande rea pavimentada, essa praa trabalha

    como uma extensa rea de drenagem, j que a escolha dos pisos possibilita o escoamento.

  • REFERNCIAS PROJETUAIS 5.4| REVESTIMENTOS EXTERNOS

    A. OSLO INTERNATIONAL SCHOOL

    Jarmund/Vigsns AS Architects MNAL

    Oslo, Noruega, 2009

    Figuras 87-88: Fachadas

    A modulao da fachada d dinamismo

    edificao. So utilizadas placas de

    fibrocimento em 10 diferentes cores.

  • B. LIVERPOOL JOHN LENNON AIRPORT

    Leach Rhodes and Walker

    Liverpool, Inglaterra, 1930 (provvel reformulao da fachada em 1990)

    Figuras 89-90 - Fachadas

    A fachada composta por painis de alta densidade, produzidos a partir de papel Kraft e

    resinas, condensados a altas temperaturas, da marca Parklex. O acabamento feito com

    lminas de madeira natural altamente resistentes aos raios UV e s intempries.

  • C. SAINT PAULS SQUARE

    RHWL Architects

    Liverpool, Inglaterra, 2010

    Figuras 91 e 92 - Fachada

    Assim como o projeto mostrado acima, o edifcio Saint Pauls Square tem sua fachada compost