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Logística reversa: uma alternativa para reduzir custos e criar valorManuel Garcia GarciaMestrando da Unip – Curso de Mestrado em AdministraçãoTel: +5511-6943-8185 / 9623-6964e-mail: [email protected]
Curriculum Vitae:- Professor de Cursos Livres de Logística – Senac SP- Pós Graduação em Gestão da Cadeia de Suprimentos – IBMEC SP- Pós Graduação em Gestão de produtos – FGV- Pós Graduação em e-Business Faculdade Tancredo Neves- Engenharia eletrônica – Faculdade Engenharia Mauá
RESUMOO estudo e o gerenciamento da Cadeia de Suprimentos busca otimizar o fluxo de produtos na direção da Cadeia para o Cliente, e deixa em segundo plano o fluxo no sentido do Cliente para Cadeia, considerando que está é uma atividade que só agrega custos.O artigo aborda a necessidade de repensar a Cadeia de Suprimentos para uma Cadeia de Suprimentos Integral, que leve em consideração todo o ciclo de vida do produto, que não termina com a entrega do produto ao cliente, mas se estende da devolução do produto pelo cliente para descarte, ou recuperação ou remanufatura, permitindo a reentrada do fluxo de material na cadeia de suprimentos. O processo logístico envolvido neste ciclo reverso é a Logística Reversa que precisa ser entendida pelas empresas como uma oportunidade de adicionar valor quer pela imagem da empresa junto à sociedade com relação aos aspectos ambientais e a sua responsabilidade social, quer pela oportunidade de agregar serviços criando diferenciais competitivos, e pela gestão integrada do ciclo do produto e dos custos envolvidos ao longo da vida do produto, e possibilitando desta forma a redução de custos e gerando vantagem competitiva. Um estudo de caso considerando a reutilização de embalagem busca exemplificar as oportunidades que podem ser obtidas com o repensar da logística reversa.
PALAVRAS-CHAVE: Logística reversa, ciclo de vida do produto, reutilização de embalagem, processo logístico reverso.
ABSTRACT
The management of the supply chain in general is focused on the direct logistic flow, it is, from the chain to the customer, and leaves in second plan the flow from the customer to the chain, since only takes into account the cost added in this activity. The article discuss how to thinking about Integral Supply Chain Management (ISCM), it takes into consideration the total product life cycle, that not ends when product is delivery to the customer, but it extends from product customer and re-entered of the material flow in the supplier chain. The Logistic process involved in this reverse cycle is known as Reverse Logistics, that needs to be understood by the companies as an opportunity to add value in the brand image as result of the environmental and social responsibility, as for the opportunities of joining services and creating competitive advantages by the integral product cycle and cost management. A case study considering the packing re-use is analyzed as application sample of opportunities that can be obtained to cost saving with the Reverse Logistics management.
KEY-WORDS: Reverse Logistic, product life cycle, re-use packing, reverse logistic process
Logística reversa: uma alternativa para reduzir custos e criar valorRESUMO
O estudo e o gerenciamento da Cadeia de Suprimentos busca otimizar o fluxo de produtos na direção da Cadeia para o Cliente, e deixa em segundo plano o fluxo no sentido do Cliente para Cadeia, considerando que está é uma atividade que só agrega custos.O artigo aborda a necessidade de repensar a Cadeia de Suprimentos para uma Cadeia de Suprimentos Integral, que leve em consideração todo o ciclo de vida do produto, que não termina com a entrega do produto ao cliente, mas se estende da devolução do produto pelo cliente para descarte, ou recuperação ou remanufatura, permitindo a reentrada do fluxo de material na cadeia de suprimentos. O processo logístico envolvido neste ciclo reverso é a Logística Reversa que precisa ser entendida pelas empresas como uma oportunidade de adicionar valor quer pela imagem da empresa junto à sociedade com relação aos aspectos ambientais e a sua responsabilidade social, quer pela oportunidade de agregar serviços criando diferenciais competitivos, e pela gestão integrada do ciclo do produto e dos custos envolvidos ao longo da vida do produto, e com isto possibilitando a redução de custos e gerando vantagem competitiva. Um estudo de caso considerando a reutilização de embalagem busca exemplificar as oportunidades que podem ser obtidas com o repensar da logística reversa.
PALAVRAS-CHAVE: Logística reversa, ciclo de vida do produto, reutilização de embalagem,
processo logístico reverso.
ABSTRACT
The management of the supply chain in general is focused on the direct logistic flow, it is, from the chain to the customer, and leaves in second plan the flow from the customer to the chain, since only takes into account the cost added in this activity. The article discuss how to thinking about Integral Supply Chain Management (ISCM), it takes into consideration the total product life cycle, that not ends when product is delivery to the customer, but it extends from product customer and re-entered of the material flow in the supplier chain. The Logistic process involved in this reverse cycle is known as Reverse Logistics, that needs to be understood by the companies as an opportunity to add value in the brand image as result of the environmental and social responsibility, as for the opportunities of joining services and creating competitive advantages by the integral product cycle and cost management. A case study considering the packing re-use is analyzed as application sample of opportunities that can be obtained to cost saving with the Reverse Logistics management.
KEY-WORDS: Reverse Logistics, product life cycle, re-use packing, reverse logistic process
Tópicos a serem abordados
1. Introdução
2. As mudanças no ambiente das empresas
3. O Ciclo de vida do produto e o valor em função do tempo
4. A Logística reversa
5. A diferença entre o fluxo direto e o fluxo reverso da Cadeia Logística
6. Fluxos de Pós-consumo e Pós-venda
7. Fatores que influenciam as escolhas do modelamento da logística reversa
8. Estudo de caso: reutilização de big-bags no caso de uma mineradora exportadora de
bauxita.
9. Conclusões
10. Bibliografia
11. Anexo-1
1. INTRODUÇÃO
A contínua busca por menores impactos ambientais são resultantes de exigências impostas pela
sociedade através dos consumidores e de requisitos legais governamentais.. As legislações
ambientais tornaram-se mais duras na última década, exigindo das empresas um comportamento
ambiental mais ativo, responsabilizando-as pela completa gestão do ciclo de vida dos seus
produtos, diminuindo assim os impactos ambientais não apenas dos processos, mas também
daqueles causados pelas atividades de descarte. Isto faz com que aumente a porcentagem da
utilização de materiais e embalagens reciclados. É crescente entre os clientes a consciência para a
reciclagem e por processos de manufatura mais limpos, espera-se que para cada produto novo
adquirido um produto antigo deva ser reciclado (KRIKKE, 2001).
Segundo DORNIER et al, 2000, p.40: “No início os investimentos em logística focaram-se
principalmente no fluxo das empresas para o mercado (fluxo direto)”.
DORNIER et al., 2000, p.39, colocam que a definição atual de logística deveria englobar todas as
formas de movimentos de produtos e informações. Essa nova visão da logística amplia o escopo
de atuação da área, passando a incluir não só fluxos diretos tradicionalmente considerados, mas
também os fluxos de retorno de peças a serem reparadas, de embalagens e seus acessórios, de
produtos vendidos e devolvidos e de produtos usados ou consumidos a serem reciclados.
Já para CHISTOPHER, 1999, a decisão de gerenciar os fluxos reversos amplia ainda mais as
oportunidades de acréscimo de valor de diferentes naturezas que a atividade logística pode
agregar ao bem.
Para LEITE, 2003, p135, a nítida redução do ciclo de vida de produtos que se observa nas últimas
décadas gera excedentes de produtos de pós-consumo e de pós–venda cujo retorno precisa ser
equacionado.
Segundo ASHBY, 1970, p. 96, com a inclusão da logística reversa no sistema sócio-econômico
atual, pode levar o equilíbrio nos padrões de produção e consumo sustentáveis. “(...) o todo se
acha em estado de equilíbrio se e somente se cada parte se achar em estado de equilíbrio nas
condições proporcionadas pela outra parte”.
2. AS MUDANÇAS DO AMBIENTE DAS EMPRESAS
Sobre o papel do cliente BALLOU, 1993, p.88, já mencionava a seguinte preocupação relativa ao
fluxo reverso: “O movimento de valorização do consumidor, iniciado por Ralph Nader, aumentou
a percepção do público para produtos defeituosos (...) os riscos são muito maiores hoje para
empresas que não antecipem a possibilidade de recolhimento de um produto”.
Políticas governamentais, vantagens competitivas, mudanças tecnológicas, economia de energia e
o mercado são forças que pressionam as empresas a considerarem os fluxos reversos no seu
planejamento estratégico (DORNIER et al, 2000, pg37-44).
Para BALLOU, 1993, pg348, mencionando as questões relativas a ecologia como força
propulsora para mudança e a necessidade de tornar mais eficientes os canais de retorno: “A
preocupação com a ecologia e o meio ambiente crescem junto com a população e a
industrialização. Uma das principais questões é a da reciclagem dos resíduos sólidos. O mundo
possui sofisticados canais para matérias primas e produtos acabados, porém deu-se pouca atenção
para a reutilização destes materiais de produção (...) é geralmente mais barato usar matérias
primas virgens do que material reciclado, em parte pelo pouco desenvolvimento dos canais de
retorno, que ainda são menos eficientes do que os canais de distribuição de produtos”
Segundo LEITE apud Ansoff, 1978: 40, Martins, 1996, Leite, 1998, a redução do ciclo de vida
mercadológico dos bens de consumo de utilidade, devido à inclusão de novos materiais, à
obsolescência planejada, à grande variedade de novos lançamentos, à busca de redução de custos
de distribuição, à redução de custos de embalagens, e ao elevado custo relativo dos serviços de
manutenção, tem gerado excessos de bens e materiais descartados pela sociedade e contribuído
para o esgotamento acelerado dos meios tradicionais de disposição final dos mesmos, e em
conseqüência, aumentado às disposições inseguras, geradoras de poluição ambiental.
Neste aspecto as regulamentações governamentais, que são fruto da mobilização da Sociedade,
de uma visão nova de ecologia, das obrigações com relação à destinação final dos resíduos e das
próprias projeções assustadoras do volume de resíduos sólidos a serem gerados, foram assim
descritas por LEITE, “novos princípios de proteção ambiental estão sendo propagados: EPR
(Extended Product Responsability) ou responsabilidade do produto estendida, ou seja, a idéia que
a cadeia industrial de produto, que de certa forma agride o ambiente, deve se responsabilizar pelo
que acontece com os mesmos após o seu uso original”.
Neste contexto, observa-se a crescente importância que a legislação ambiental e os seus impactos
na sociedade moderna, o que faz necessariamente rever a forma de projetar-se os produtos e
considerar os aspectos logísticos envolvidos pós-consumo, neste ponto que a logística reversa
torna-se importante, pois trata da gestão integral do fluxo de retorno das embalagens, produtos
e/ou resíduos industriais para a cadeia produtiva.
No Brasil, há normas legais de produtos específicos, tais como:
- Resolução Conama n° 9, de 31.08.93: proíbe a industrialização e comercialização de novos
óleos não recicláveis, nacionais ou importados, e estabelece que todo óleo lubrificante usado
deverá ser destinado à reciclagem;
- Resolução Conama n° 257, de 30.07.99: estabelece que pilhas e baterias usadas que
contenham chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos devem ser entregues aos que as
comercializam, ou às redes de assistência técnica autorizadas, para repasse aos fabricantes ou
importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de
reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada;
- Resolução Conama n° 258, de 26.08.99: estabelece que as empresas fabricantes e as
importadoras de pneus ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente
adequada, aos pneus inservíveis, proporcionalmente às quantidades fabricadas e importadas.
Desde 2005, para cada quatro pneus fabricados e importados, os fabricantes e importadores
deverão dar destinação final a cinco inservíveis;
- Lei n° 3.369 do Estado do Rio de Janeiro, de 07.01.00: estabelece que todas as empresas
que utilizam garrafas e embalagens plásticas na comercialização de seus produtos serão
responsáveis pela destinação final, ambientalmente adequada das mesmas.
Dentro deste quadro de mudanças é preciso que as empresas procurem criar valor tendo em conta
a Sustentabilidade que implica de acordo com MANZINI e VEZZOLI, 2002:- Usar recursos renováveis;- Reduzir aqueles não renováveis;- Respeitar a capacidade de auto - reciclagem do meio ambiente;- Reutilizar e reciclar os recursosO mundo será obrigado a se desenvolver de forma sustentável, ou seja, que preserve o meio
ambiente, e as empresas deverão fazer o mesmo, por iniciativa própria ou por exigência legal
(SHRIVASTAVA e HART, 1998).
Observa-se que o fluxo reverso de pós-consumo, apresenta-se como o grande desafio a ser
equacionado tanto pelas empresas, governos, e pela própria sociedade. Do ponto de vista das
empresas a utilização destes fluxos, do eco-design (FIKSEL, 1996), pode ser utilizado como
uma vantagem competitiva através da agregação de valor ao cliente, economia de energia e
melhoria na imagem de marca; do ponto de vista dos governos a necessidade de controle
ambiental e do ponto de vista da sociedade a educação e compreensão dos conceitos de
autosustentabilidade.
3. CICLO DE VIDA DO PRODUTO E O VALOR EM FUNÇÃO DO TEMPO
Os bens industriais apresentam ciclos de vida útil que variam de algumas semanas a algumas
décadas, classificando-se em bens descartáveis, semiduráveis ou duráveis, que são disponibi-
lizados pela sociedade ao término de sua utilidade original (LEITE,2003)
BOWERSOX e CLOSS (2001, p.51-52) apresentam a idéia de “Apoio ao Ciclo de Vida” como
um dos objetivos operacionais da logística moderna referindo-se ao prolongamento da logística
para além do fluxo direto dos materiais, considerando também os fluxos reversos de produtos em
geral.
Ciclo de vida do Produto: dos insumos, a transformação em produtos e o seu retorno ou
descarte final.
No esquema abaixo vemos como se processa o ciclo de vida de um produto da obtenção das
materiais primas, sua manufatura, distribuição, comercialização e retorno (pós-venda ou pós-
consumo). O ciclo de vida do produto se encerra quando do seu descarte final de forma segura,
podendo dentro do ciclo de vida, ter sido recuperado, remanufaturado e retornado ao mercado, ou
ainda sua partes, ou subpartes, terem sido reaproveitadas ou recicladas.
Logística Reversa para Retorno de Produto
Matéria Prima Manufatura Distribuição Varejo
DescarteRemanufaturados Mercado secundario
Componentes recuperados
Avaliaçãoretorno
Produto novo Aquisição
Cliente
Logística Reversa para Retorno de Produto
Matéria Prima Manufatura Distribuição VarejoMatéria Prima Manufatura Distribuição Varejo
DescarteRemanufaturados Mercado secundario
Componentes recuperados
Avaliaçãoretorno
Produto novo Aquisição
Cliente
Tendo por base os dados de retorno de produtos, vide Tabela-1, por ROGER e TIBBEN, 1999,
observa-se que quanto maior for o percentual de retorno e o valor envolvido do produto mais
importante será a gestão a gestão do ciclo de retorno do produto de modo a capturar o valor.
Tabela-1 : ROGER e TIBBEN, 1999, Going Backwards: Reverse Logistics Trends& Practices
O Valor do retorno dos Produtos
A fig.1, Blackburn et al, 2004, p.5, ilustra que o valor de retorno de um produto deprecia-se no
tempo, e este por sua vez depende do tipo de produto, da competitividade no mercado. O que
mostra que um produto não consumido (pós-venda) que tenha retornado, resulta numa perda de
valor ao retornar ao mercado. Assim, para produtos de alto valor e de rápida depreciação, por
exemplo o computadores, o seu tempo de retorno é fundamental para a recuperação de valor, logo
os custos de retorno envolvem os custos de processo da logística reversa e a perda de valor
devido ao tempo entre a sua introdução na cadeia reversa e o seu retorno ao mercado. Ou escrito
de outra forma:
Custo de Retorno para produtos pós-venda=Valor de Retorno + Custo LR – Valor recuperado
Onde:
Valor de retorno: valor do produto no mercado considerando o efeito de depreciação no tempo
Custo LR: custo da Logística reversa, envolve todo o processo para torna-lo disponível ao
mercado novamente.
Valor Recuperado: valor pago pelo mercado do produto retornado considerando a depreciação no
momento de seu retorno.
Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p5
De acordo com Reverse Logistics Executive Concil (RLEC), http://www.rlec.org/, : o custo de
um OEM (Original Equipment Manufacturer) pode ser reduzido em 35%, com base que 10% a
20% dos computadores ou produtos eletrônicos retornam, e que esses produtos depreciam-se a
uma taxa de 3%por semana. Os atrasos no retorno dos produtos deixam os clientes insatisfeitos e
podem resultar em impactos no market share.
4. A LOGISTICA REVERSA
ROGERS e TIBBEN-LEMBKE (1999, Cap.2, p17) definem logística reversa como o processo de
planejamento, implementação e controle do fluxo de produtos acabados e as respectivas
informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar
valor ou adequar o seu destino.
Fig.1 – Valor de retorno do Produto em função do tempo
STOCK (1998) por sua vez define que a logística reversa trata do retorno de produtos,
reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos e reforma,
reparação e remanufatura de bens retornados.
LACERDA, 2002, a logística reversa pode ser entendida como um processo complementar à
logística tradicional, pois enquanto a última tem o papel de levar produtos de sua origem dos
fornecedores até os clientes intermediários ou finais, a logística reversa deve completar o ciclo,
trazendo de volta os produtos já utilizados dos diferentes pontos de consumo a sua origem. No
processo da logística reversa, os produtos passam por uma etapa de reciclagem e voltam
novamente à cadeia até ser finalmente descartado, percorrendo o “ciclo de vida do produto”
A logística reversa pode, portanto, ser entendida como a área da logística empresarial que visa
equacionar os aspectos logísticos do retorno dos bens ao ciclo produtivo ou de negócios através
da multiplicidade de canais de distribuição reversos de pós–venda e de pós–consumo, agregando-
lhes valor econômico, ecológico, legal e de localização (LEITE, 2003; CLM, 1993; FULLER,
ALLEN, 1995).
A logística reversa compreende todas as atividades enfocadas na redução, reutilização e
reciclagem, ou seja, a gestão e distribuição de material descartável.
A logística reversa estabelece algumas medidas para evitar e/ou diminuir a quantidade de
material descartável, como:
Reduzir os resíduos na origem dos mesmos;
Reutilizar os materiais, maximizando o nível de rotação;
Implementar sistemas de recuperação.
Reciclar uma tonelada de plástico economiza 130quilos de petróleo; para uma tonelada de vidro
gasta-se 70% menos energia do que fabricar, e para cada tonelada de papel reciclado poupa-se 22
árvores, e consome 71% menos energia, além de polui 74% menos que fabricar o produto.
(IARIA, 2002).
O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que retornam ao processo
tradicional conforme a natureza do material e do motivo pelo qual este entra no sistema.
A Fig.2 mostra o impacto do retorno de produtos na cadeia reversa, quanto mais próximo do
inicio da cadeia e mais rápido o retorno ao mercado menor a perda de valor.
O “Pipeline” de retorno de produtos na Cadeia reversa – Fig-2
Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p.4
Tabela-2 : Taxas de Retorno mais comums da cadeia Reversa
Tabela-3: Atividades comuns da Cadeia Reversa
Fonte: ROGER e TIBBEN, 1999, Going Backwards: Reverse Logistics Trends& Practices
15%Descarte10%Aprov. componentes20%Novos10%Pequenos reparos45%reparáveis
PercentagemComposição
15%Descarte10%Aprov. componentes20%Novos10%Pequenos reparos45%reparáveis
PercentagemComposição
LACERDA (2002) lista como fatores críticos de sucesso nos casos de logística reversa os
seguintes elementos:
Bons controles de entrada: consiste na identificação do estado dos materiais a serem
retornados e a decisão se o material pode ou não ser re-utilizado;
Processos padronizados e mapeados: a mudança do foco na logística reversa, onde deixa de
ser um processo esporádico e de contingência, passando a ser considerado um processo
regular, que requer documentação adequada através do mapeamento de processos e
formalização de procedimentos. Assim, pode-se estabelecer controles e oportunidades de
melhorias;
Tempo de ciclo reduzido: é o tempo considerado entre a identificação da necessidade de
reciclagem, disposição ou retorno de produtos e o seu efetivo processamento;
Sistemas de informação: o processo de logística reversa necessita do suporte da tecnologia
da informação (TI), a fim de viabilizar o atendimento de requerimentos necessários para a
operação. Entre as funcionalidades requeridas pode-se listar: Informação centralizada e
confiável, rastreabilidade, avaliação de avarias, etc;
Rede logística planejada: consiste na infra-estrutura logística adequada para lidar com os
fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais processados. Envolve
instalações, sistemas, recursos (financeiros, humanos e máquinas), entre outros;
Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: como há uma série de agentes
envolvidos no processo, surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes
envolvidas. Informações tais como, nível de estoques, previsão de vendas e tempo de
reposição dos materiais, devem ser trocadas entre os membros da cadeia para que o sistema
funcione de maneira eficiente.
De acordo KIM, 2001, a gestão de retorno de produtos é mais do que decidir o que fazer com ele,
envolve a captura de informações que permitam entender os motivos do seu retorno e com isto
atuar sobre as causas da insatisfação dos clientes contribuindo para reduzir os retornos futuros,
alem de que um processo rápido e eficiente para os clientes aumenta a credibilidade.
Estas informações podem ajudar tanto na fabricação, na embalagem e nas ações de marketing
(promoções com produtos de retorno em determinados mercados, e melhoria do produto/serviço).
Para aproveitar o retorno de produtos do mercado de forma sincronizada e fazer ações de
promoções especificas em certos mercados é necessário disponibilizar e sincronizar as
informações para o marketing, isto pode ser feito através de um adequado gerenciamento do
Gerenciamento da Cadeia Reversa (RSCM), de modo que seja feito no menor tempo possível,
reduzindo a perda de valor do produto por conta da depreciação de mercado e pelo aumento da
eficiência.
“As ações de pós-venda constituem-se em um elemento de fidelização, podem até mesmo vir a se
transformar em oportunidades de alavancar novos negócios, através da prestação de outros
serviços não restritos à assistência técnica, propiciando o surgimento de uma nova unidade de
negócios na organização (FIGUEIREDO, 2002)”.
Principais razões que levam as empresas a atuarem em Logística Reversa (ROGERS e TIBBEN-LEMBKE, 1999 e MULLER, 2005).
1) Legislação Ambiental que força as empresas a retornarem seus produtos e cuidar do tratamento necessário;2) Benefícios econômicos do uso de produtos que retornam ao processo de produção, ao invés dos altos custos do correto descarte do lixo;3) A crescente conscientização ambiental dos consumidores;4) Razões competitivas – Diferenciação por serviço;5) Limpeza do canal de distribuição;6) Proteção de Margem de Lucro;7) Recaptura de valor e recuperação de ativos.
5. A DIFERENÇA ENTRE O FLUXO DIRETO E O FLUXO REVERSO DA CADEIA
LOGISTICA
De acordo com Krikke (1998, p.154) e MULLER (2005), há diferenças fundamentais entre os
fluxos direto e reverso da Cadeia Logística, dentre as quais estão: Na Cadeia Logística convencional os produtos são puxados pelo sistema,
enquanto que na Logística Reversa existe uma combinação entre puxar e empurrar os produtos pela cadeia de suprimentos. Isto acontece, pois há, em muitos casos, uma legislação que aumenta a responsabilidade do produtor. Quantidades de descarte já são limitadas em muitos paises.
Os Fluxos Logísticos Reversos não se dispõem de forma divergente, como os fluxos convencionais, mas sim podendo ser divergentes e convergente ao mesmo tempo.
O processo produtivo ultrapassa os limites das unidades de produção no sistema de Logística
Reversa. Os fluxos de retorno seguem um diagrama de processamento pré-definido, no qual os produtos (descartados) são transformados em produtos secundários, componentes e materiais. Os processos de produção aparecem incorporados à rede de distribuição.
Ao contrario do processo convencional, o processo reverso possui um nível de incerteza bastante alto. Questões como qualidade e demanda tornam-se difíceis de controlar.
Para KIM, 2001, as empresas tradicionais focam na melhoria da eficiência de sua cadeia direta
(insumos para entrega dos produtos aos clientes), já a cadeia reversa é um processo bem
diferente, pois envolve: Retornos de credito; Substituição de garantia; Trocas; Reparos; Perdas
que podem ocorrer. A utilização de sistemas tradicionais de supply chain tem se mostrados
ineficientes para lidar com estas novas condições, e para avaliar o valor do retorno.
Historicamente, perdas na cadeia reversa tem sido absorvidas ou simplesmente aceitas como uma
perda da operação.
6. O PÓS-CONSUMO E PÓS-VENDA
Para Leite, 2003, os fluxos logísticos reversos podem ser classificados como de pós-consumo e
pós-venda. Pode-se notar que os fluxos reversos de pós-venda, dado o enfoque logístico no
cliente e os fatores econômicos envolvidos, ocupam uma preocupação maior dentro das
empresas.
Pós-Consumo:
De acordo com Mueller (2005), este canal de distribuição reversa (Fig.3) tem sido utilizado há
bastante tempo por fabricantes de bebidas, que precisam retornar suas embalagens, a fim de
reutilizá-las. Siderúrgicas já usam parte da sucata produzida por seus clientes com insumo de produção. O retorno de latas de alumínio se torna cada vez mais um negócio rentável, e as indústrias procuram inovar os métodos de proceder com o retorno destas embalagens.Um outro canal de logística reversa de pós-consumo tem se tornado necessário, o retorno de produtos altamente nocivos ao meio ambiente. Embalagens de agrotóxicos, pilhas, baterias assim como produtos utilizados em pesquisas laboratoriais. Estes produtos contêm compostos químicos tóxicos e compostos químicos radioativos, e nestes casos o perigo, na falta de uma cadeia reversa de recolhimento, é iminente.O retorno de equipamentos tecnológicos tem se mostrado um novo e lucrativo setor. Peças e equipamentos podem ser reutilizados, dentre outras coisas se encontram minérios de alto valor agregado, como cobre, prata e ouro.
Fig.3 – Fonte: Fluxograma da Logística reversa pós-consumo, Leite, 2003.
Logística do Pós-venda:Com o aumento da velocidade da própria logística, que permite a entrega dos produtos num menor espaço de tempo, segue uma nova forma de consumo, juntamente com uma nova visão de canal de distribuição (Fig.4).
Para este novo formato, o fornecedor não se preocupa apenas em garantir o produto para o cliente, no menor tempo possível e com total segurança, mas também em estar pronto para um regresso imediato, caso este seja necessário.O ciclo de vida do produto não termina mais ao chegar no consumidor final.Parte dos produtos necessitam retornar aos fornecedores por razões comerciais, garantias dadas pelos fabricantes, erros no processamento de pedidos e falhas de funcionamento (Tabela-4).Tem-se um Código do Consumidor bastante rigoroso que permite ao consumidor desistir e retornar sua compra num prazo de sete dias. Várias empresas, por razões competitivas, estão adotando políticas mais liberais de devolução de produtos.Empresas que não possuem um fluxo logístico reverso perdem clientes por não possuírem uma solução eficiente para lidar com pedidos de devolução e substituição de produtos. A ação de preparar a empresa para atender estas exigências minimiza futuros desgastes com clientes ou parceiros. A logística reversa de pós-venda segue o propósito da criação deste determinado setor, agregando valor ao produto e garantindo um diferencial competitivo. A confiança entre os dois extremos da cadeia de distribuição pode se tornar o ponto chave para a próxima venda.
Fig.4 – Fonte: Fluxograma da Logística reversa pós-consumo, Leite, 2003.
Tabela-4: Causas de retorno
Segundo LEITE, 2003, p.207, a agregação de Valor da Logística Reversa para o pós-venda, ocorre da seguinte forma:Para os clientes e fornecedores: Liberação de área de loja Redistribuição de estoques nos canais Serviço perceptível ao cliente Revalorização de ativos Reaproveitamento de componentes Reaproveitamento de materiais Incentivo a nova aquisiçãoResultando em: Maior competitividade Redução de custos Melhor Imagem Corporativa7. FATORES QUE INFLUENCIAM AS ESCOLHAS DE MODELAMENTO DA
LOGÍSTICA REVERSA
Segundo LEITE, 1999 e FELIZARDO et al, para a realização de projetos de Cadeia de
Distribuição Reversa (Reverse Supply Chain), destaca-se os principais fatores que condicionam a
necessidade de tornar possível este fluxo, como também, fatores que podem modificar a estrutura
e organização destes Canais Reversos:
- Custos: ainda não bem definidos e de difícil avaliação;- Oferta: de materiais reciclados, permitindo a continuidade industrial necessária;- Qualidade: adequada ao processo industrial e constante para garantir rendimentos operacionais economicamente competitivos;- Tecnologia: a tecnologia e o teor de determinada matéria-prima podem variar em função do produto de pós-consumo utilizado, redundando em custos diferentes e orientando o mercado de pós-consumo para aquele que se apresente mais conveniente;- Logística: a característica logística das matérias de pós-consumo, e em particular a transportabilidade dos mesmos, revela-se de enorme importância na estruturação e eficiência dos canais reversos;
- Mercado: é necessário que haja quantitativa e qualitativamente mercado para os produtos fabricados com materiais reciclados;- Ecologia: novos comportamentos passam a exigir novas posições estratégicas das empresas sobre o impacto de seus produtos e processos industriais;- Governo: legislação, subsídios que afetam o interesse nos materiais reciclados.- Responsabilidade Social: valorização social e possibilidade de produção e consumo de produtos ecologicamente corretos.Esquematicamente podemos representar da seguinte forma (Fig-5):
Fig.5 - Fonte: LEITE, 1999, p.47 – Fatores que condicionam a Cadeia Distribuição Reversa (CDR)
Os projetos de Canais de Distribuição Reversa visam a reutilização, o aproveitamento e/ou reciclagem.Estes projetos variam conforme a necessidade da empresa.
Fig.6 - Fonte: Redes de distribuição reversa, FELIZARDO et al
Para BLACKBURN et al, 2004 a análise do modelamento deve levar em conta o valor do
produto e sua deprecisão no tempo, produtos de alto valor com rápida depreciação (Fig-7: High
MVT) precisam de sistemas ágeis onde o tempo de resposta é o fator relevante para recuperação
de valor.
Já para produtos com depreciação baixa, ou de baixo valor (Fig.7: Low MVT) é necessário uma
rede reversa eficiente em custo de modo a minimizar a perda na cadeia
Fig.7 - Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p.7
Na Fig.8 temos o processo de decisão para escolha da do tipo de cadeia mais apropriada em
função do valor de perda (MVT: Marginal Value of time for returns)
Fig.8 - Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p.8
Cadeia Eficiente – cadeia desenhada para entregar o produto a baixo custo
Cadeia responsiva (Ágil)– cadeia desenhada para dar velocidade de resposta
Outro Fator importante é a inspeção do produto no inicio da cadeia reversa, erros cometidos aqui
podem resultar em aumentos significativos de tempo e custos.
Fig.9 - Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p.9
TDD = (TPL + TINSP), onde:
TDD: Tempo de tomada decisão da destinação
TPL: Tempo dos produtos na cadeia de retorno (pipeline) até a chegada da inspeção
TINSP: Tempo na fila de inspeção + Tempo dos testes.
Na Fig.9, temos TPL = 2 meses, TINSP = 40dias o que implica em TDD = 100dias.
Assim, dependendo do tipo do produto e do fator de depreciação do valor no tempo (MVT) este
processo pode ser crucial na recuperação de valor e na satisfação dos clientes.
Outro fator de decisão relaciona-se a decisão de Centralizar ou Descentralizar os retornos, irá
depender do tipo do produto envolvido, do fator depreciação de valor no tempo, da distribuição
geográfica e dos custos de transporte, são os mesmos tipos de decisão na gestão de distribuição
na Logística direta.
A Centralização seria aplicada para produtos de baixo valor ou baixa depreciação (Fig.10)
Fig.10 - Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p.8
A Descentralização (Fig.11) seria aplicada a produtos de alto valor e com alta depreciação, ou de
grande impacto para o cliente. Procura-se antecipar o retorno e a tomada de decisão, porem é um
processo mais caro pois a atividade de avaliação fica disperso, sua aplicação precisa ser feita
para produtos de alto valor agregado, ou ciclo de vida curto
Fig.11 - Fonte: Blackburn et al, 2004. California Management Review Vol. 46, N-2, p.11
8. ESTUDO DE CASO:
O presente estudo de caso foi objeto de análise de uma situação real, que tinha como objetivo
verificar a alternativa de reutilizar as embalagens (“big bag”) para transporte de bauxita dentro de
empresas de um mesmo grupo, envolvendo a mineradora no Brasil e seu Centro de Distribuição
nos Estados Unidos.
8.1- Caracterização da Empresa
Os Estados Unidos e o Canadá são os maiores produtores mundiais de alumínio. Entretanto,
nenhum deles possui jazidas de bauxita em seu território, dependendo exclusivamente da
importação. O Brasil tem a terceira maior reserva do minério no mundo, localizada na região
amazônica, perdendo apenas para Austrália e Guiné. Além da Amazônia, o alumínio pode ser
encontrado no sudeste do Brasil, na região de Poços de Caldas (MG) e Cataguases (MG). A
bauxita é o minério mais importante para a produção de alumínio, contendo de 35% a 55% de
óxido de alumínio.
A mineradora que iremos analisar está sediada em Minas Gerais, foi estabelecida a mais de 50
anos e controla reservas de 300 milhões métricos de toneladas, possui um faturamento de U$120
milhões/ano.
A bauxita e enviada à sua unidade de armazenagem e distribuição (“warehouse”) em Rosenberg
no Texas, distribuindo a partir desta unidade para o México, o Canadá e os Estados Unidos.
8.2- Caracterização do problema
O presente estudo de caso pode ser caracterizado como sendo:
- Razão do retorno: processo de distribuição
- Análise dos direcionadores: econômico, logístico, legislação, tecnologia e ecológico.
- Decidir se a reutilização é viável ou não e quais os pontos a serem considerados em sua
implantação.
8.3- Cenário Anterior
A bauxita na forma granular é unitizada em big-bags de 1,5 ton e acomodada em containers de
20ft, que por sua vez são transportados de navio até o Texas. Cada container contém 18 big-bags
totalizando 27 ton. A capacidade máxima dos containers é 30 ton.
No porto, já no Texas, é realizado o splitting da carga. São retirados quatro big-bags de cada
container para atendimento da restrição de carga rodoviária igual a 21 ton. Os big-bags retirados
são encaminhados de veículos de menor porte até o Centro de Distribuição.
O Centro de Distribuição (CD) é uma empresa pertencente ao grupo localizada em Rosenberg, a
40 milhas de Houston, Texas. A unidade de armazenagem no CD são os próprios big-bags.
Na distribuição os big-bags são descarregados por ação de gravidade em um sistema conveyor,
que abastece os veículos de distribuição (a granel) também por ação de gravidade. Depois de
descarregados os big-bags, os mesmos são vendidos ao mercado norte-americano. Cada big-bag é
adquirido por cerca de R$30 a R$40 (no Brasil) e vendido (nos EUA) a US$ 2,00 cada.
O valor do big-bag representa cerca de 4% do valor da mercadoria nele contido
Os big-bags utilizados atualmente são considerados do tipo one-way, porém, ainda podem ser
reutilizados de duas a três vezes, conforme estudos previamente realizados.
Em média são exportados cerca de 150 containers por mês, com cerca de 2700 big-bags.
O frete de retorno de um container contendo cerca de 8.000 big-bags custa cerca de US$700.
8.4- Análise dos Fatores direcionadores
Fator econômico: a economia resultante da reutilização dos big-bags, mesmo considerando a
possibilidade de utilização de uma única vez mostrou-se significativa resultando numa economia
potencial de U$245.318 (Conservador), conforme mostrado na tabela-5.
Considerações realizadas para reutilização:
- Para retornar os big-bags de forma econômica necessita-se acumular uma quantidade que
possa utilizar um container de 20ft e retorno marítimo, e isto implica em um prazo de dois
meses entre o envio da carga para o CD, a disponibilização de big-bags de retorno em
quantidade suficiente, e o tempo de retorno e desembaraço.
- Após a reutilização (uma vez) o big bag é vendido
Tabela-5: Avaliação dos custos envolvidos com e sem reutilização dos big bags
Fator Logístico: Envolve adicionar um sistema de controle logístico das embalagens de
retorno.Os big-bags utilizados, dentro da proposta de reutilização, requer controle (quantidades
enviadas, recebidas e retornadas, número de utilizações), inspeção antes do envio, e acumular
Compra de big-bags = 5400 unidades a R$ 40 cadaVenda de big-bags = 5400 unidades a US$ 2 cadaReutilização de big-bags = 1 vez (conservador)1 US$ = R$ 2,20Frete Retorno = 1 container 20 ft com 5400 big-bags a US$ 700
Bimestre 1 Bimestre 2 Bimestre 3 Bimestre 4 Bimestre 5 Bimestre 6 Total AnualCompra = US$ 98120 Compra = US$ 98121 Compra = US$ 98122 Compra = US$ 98123 Compra = US$ 98124 Compra = US$ 98125Venda = US$ 10.800 Venda = US$ 10.801 Venda = US$ 10.802 Venda = US$ 10.803 Venda = US$ 10.804 Venda = US$ 10.805Frete Retorno = US$ 0 Frete Retorno = US$ 1 Frete Retorno = US$ 2 Frete Retorno = US$ 3 Frete Retorno = US$ 4 Frete Retorno = US$ 5Compra = US$ 103.091 Compra = US$ 0 Compra = US$ 103.091 Compra = US$ 0 Compra = US$ 103.091 Compra = US$ 0Venda = US$ 0 Venda = US$ 10.800 Venda = US$ 0 Venda = US$ 10.800 Venda = US$ 0 Venda = US$ 10.800Frete Retorno = US$ 700 Frete Retorno = US$ 0 Frete Retorno = US$ 700 Frete Retorno = US$ 0 Frete Retorno = US$ 700 Frete Retorno = US$ 0
Potencial Economia 245.318
Sem Reutilização de big-bags
US$ 524.291
Com Reutilização de big-bags
US$ 278.973
uma quantidade para retorno de modo a melhor utilizar um container de 20ft, e com isto reduzir o
custo do retorno. Um certo fator de perda (5%) foi considerado na compra de modo a compensar
eventuais perdas antes do re-uso e posterior descarte. Um sistema de informações acurado é
crucial para o bom desempenho da integração da logística reversa e direta (compra ou não de big-
bags). No presente estudo consideramos apenas o re-uso de apenas uma vez, após o que o big-bag
é descartado (vendido no mercado EUA). O eventual risco pode ser minimizado pelo sistema de
controle dos retornos e pelo fato que os big-bags são disponíveis com fornecedores locais.
Fator Legislação: o re-uso dos big-bags não encontra restrições nem nos USA nem no Brasil
para o tipo de produto que é utilizado (bauxita). No aspecto legal os big-bags devem observar
procedimentos mencionados no art14 no anexo I ao decreto n.5532 no capitulo VIII (exportação
sem cobertura cambial) e discriminados no anexo “E”, de modo que possam ter um registro de
saída (exportação provisória) e ao retornarem possam ser liberados.
Fator Tecnológico: os big-bags denominados one-way pelos testes realizados resistem a re-
utilização entre duas a três vezes dentro das especificações de carga atual, no estudo de
viabilidade considerou-se o re-uso de apenas uma vez, na medida que o processo estiver
implantado irá ser avaliado a sua re-utilização de uma para duas vezes.
Há big-bags desenvolvidos para múltiplos re-usos, com custos muitos maiores, esta avaliação
será feita num outro estudo após a implantação com os big-bags atuais (one-way).
Os big-bags utilizados atualmente são considerados do tipo one-way, porém, ainda podem ser
reutilizados de duas a três vezes, conforme experiência levantada dentro do segmento.
Fig.12- Tipos de Big Bags
Fator Ecológico: os big bags após o seu uso são reciclados (material base polipropileno), o seu
re-uso resulta em economia de matéria prima (derivado do petróleo).
Cenário atual: a reutilização de uma única vez foi implantada com sucesso e os ganhos são
maiores que os considerados, isto é, alem da redução do custo de compras e de disposição como
principal beneficio (Rogers and Tibben-Lembke, 1999, pg125), obtem-se redução no custo de
capital que não foi considerado inicialmente.
Foram determinantes para o sucesso da implantação:
- Bons controles de entrada e processos redesenhados integrando a logística direta e a reversa
(relativa aos big-bags)
- Sistema de informação acurados, dando visibilidades dos big-bags em transito, em uso no
CD, e disponíveis para retorno, bem como dos custos envolvidos.
- Planejamento de compra dos big-bags e controle de estoque vinculado com os retornos.
- Relações colaborativas entre as empresas entendendo o valor adicionado com a implantação
desta logística reversa de embalagens.
9. CONCLUSÕES
A Logística Reversa conforme mostrado nos tópicos anteriores pode ser uma fonte de vantagem
competitiva para as empresas, conforme mencionado pelos diversos pesquisadores, e na medida
que as cadeias de suprimento que competem entre si, esforçam-se para otimizar a cadeia direta e
deixam de lado a cadeia reversa, criam-se oportunidades para gerar vantagens competitivas para
as empresas que focam na sua cadeia integral (direta e reversa).
O Canal reverso envolve os seguintes aspectos a serem considerados:
- Satisfação dos consumidores, sua fidelização e retenção através de serviços que adicionem
valor no fluxo de retorno;
- Desenvolvimento sustentável que reforce a imagem de marca através da responsabilidade
social e ambiental;
- Oportunidades de redução de custo pela reutilização de materiais de embalagem, como o
mostrado no estudo de caso;
- Otimização da rede reversa, pela escolha adequada de sua tipologia, tendo em conta que todo
produto é perecível, que seu valor deprecia-se no tempo, e que o tempo influi no valor de
retorno.
- Da mesma forma que na cadeia direta o gerenciamento da cadeia reversa depende do fluxo de
informações, acuracidade, disponibilidade e integração através de ferramentas de apoio.
- Da cooperação entre os parceiros da rede, fator relevante para o sucesso das atividades
envolvidas na cadeia reversa.
No Brasil a reciclagem não ocorre por uma mudança de consciência ecológica e ambiental
especialmente no pós-consumo, mas ligada ao aumento do desemprego e a informalidade, isto
traz como conseqüência uma rede informal, não organizada, não integrada no nível de
informações, resultando em maiores dificuldades no gerenciamento do pós-consumo em caso das
empresas terem de responder pelo destino final dos produtos no final de sua vida útil, cuja
abrangência de aplicação encontra-se em discussão em órgãos do meio ambiente (CONAMA e
Ministério do Meio Ambiente).
No pós-venda, o processo está implementado a mais tempo, não quer dizer que esteja otimizado,
apenas que como envolve os clientes finais e traz um impacto de curto prazo na reputação das
empresas as ações foram maiores nesta direção. Para os fabricantes OEM há uma forte tendência
de terceirização das atividades do controle do ciclo de retorno dos produtos, sendo que uma das
dificuldades reside na falta de integração das informações na cadeia reversa entre as partes
envolvidas, bem como na falta de ferramentas apropriadas para esta integração (Kim, 2001 e
Caldwell, 1999).
O desenvolvimento sustentável pressupõe o envolvimento da empresa com as questões do ciclo
de vida dos seus produtos, que envolve desde a escolha de materiais a serem utilizados nos
produtos e em suas embalagens e que sejam ambientalmente adequados e dentro da concepção do
ecodesign, passando pela manufatura limpa que reduza consumo de materiais, energia, e
resíduos, pela distribuição que busque economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes,
e no controle das cadeias de retorno do pós-venda e pós-consumo que atendam no mínimo as
legislações aplicáveis, e participe na conscientização do consumidor em seu papel dentro deste
sistema sustentável.
O comprometimento das empresas com relação a estas questões podem ser classificados como:
Reativas, Pró-ativas e em Fase de agregação de Valor
Empresas em Fase Reativa em relação ao meio ambiente são caracterizadas pelo
cumprimento da legislação, regulamentos e adequação às pressões externas da sociedade,
revelando uma visão introspectiva que não inclui os impactos de seus produtos ou processos
ao meio ambiente nas reflexões estratégicas da empresa.
Empresas em Fase Pró-Ativa apresentam a vantagem de se antecipar às novas
regulamentações, e mesmo influir nas mesmas, criando uma imagem satisfatória junto ao
público e razoável comprometimento da hierarquia superior com os problemas ambientais.
Empresas em Fase de agregação de Valor, revelam grande comprometimento com o meio
ambiente integrando-o em sua reflexão estratégica como diferencial competitivo, utilizam a
análise de ciclo de vida do produto no sentido de medir os impactos causados ao meio
ambiente, projetam produtos para serem facilmente desmontados ou reciclados (Design for
Recycling), criam uma relação de comprometimento com o meio ambiente em suas redes de
suprimento e distribuição (EPR =Extended Product Responsability), incentivam as diversas
áreas especializadas na concepção e operação de redes de distribuição reversas , de sistemas
de reciclagens internos e em parcerias nas cadeias reversas (Reverse Supply Chain) e gerando
diferencial competitivo através da distribuição reversa.(SHET e PARVATIYAR, 1995: 8-19),
(LEITE, 2000).
A velocidade com que a Logística Reversa irá se desenvolver para a empresa passar do estágio
reativa para de agregação de valor dependerá o estágio em que se encontra o pensamento
estratégico em relação à sustentabilidade, e a sua percepção de valor quer nas questões sócio-
ambientais que envolve o pós-consumo, quer na oferta de serviços no pós-venda e as
oportunidades de usar esta cadeia reversa como uma vantagem competitiva.
O estudo de Caso realizado, não é novo em termos de reutilização de embalagens, mas a
identificação da oportunidade, a análise de viabilidade, seguido do redesenho dos processos, e
superação da dificuldade de implementação, propiciaram um aprendizado que estimula a empresa
a desenvolver outros projetos com a concepção da logística reversa incorporada em sua cadeia
logística.
As dificuldades já mencionadas de integração das informações, falta de sistemas de apoio
(ferramentas que integradas), e problemas de colaboração entre as partes envolvidas são os
principais obstáculos após vencida a fase inicial de conscientização do valor adicionado pela
Logística reversa.
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ANEXO-1: Impacto da efetividade e responsividade da Cadeia Logística Reversa sobre o EVA