Manual_manuseio de películas

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  • 1NDICEIntroduo ......................................... 21. O ambiente de trabalho .......... 32. Manuseio do filme .................... 42.1. Tcnicas para desprender

    a tampa da lata ............................. 42.2. Para retirar o filme da lata .......... 52.3. Exame manual do filme ............... 62.4. Cuidados com o rolo ..................... 8

    Como enrolar o filme .................. 102.5. O que observar

    na anlise do filme ..................... 113. Identificao dos materiais . 123.1. A estrutura dos materiais .......... 123.2. Tipos de suporte (ou base) ......... 13

    Nitrato de celulose ..................... 13Acetato de celulose ..................... 13Polister ...................................... 14

    3.3. A emulso ................................... 163.4. Tipos de materiais ...................... 17

    NO Negativo Original ............. 19CO Cpia .................................. 22DP Mster ................................ 22DN Contratipo ......................... 23Outros materiaise suas siglas ................................ 25

    3.5. Outras informaes tcnicas ...... 27Metragem ................................... 27Tela normal e tela scope ............. 28Bitola .......................................... 30

    4. Anlise do estado deconservao ............................. 30

    4.1. Deteriorao do suporte ............. 31Sndrome do vinagre .................. 31Hidrlise no suportede nitrato .................................... 39Tipos de deformaes:ressecamento, abaulamentoe encolhimento ........................... 41

    Defeitos da perfurao ............... 43Riscos no suporte ....................... 44Rupturas e outros danos comuns 45

    4.2. Deteriorao da emulso ............ 46Fungos & cia. .............................. 46Riscos na emulso ...................... 47Excesso de umidade ................... 47Desprendimentoda emulso .................................. 48Estriamento da emulso ............ 48Reticulao ................................. 49Descoramentoda imagem colorida .................... 50Esmaecimentoda imagem p&b .......................... 51Sulfurao ................................... 51Metalizao ................................. 52Manchas esmaltadas (ou transfe-rncia de brilho) ......................... 52

    4.3. Outras ocorrncias ..................... 534.4. Defeito sem identificao ........... 545. Atribuio do grau tcnico

    de conservao (GT) .............. 556. Tratamentos bsicos .............. 566.1. Limpeza manual ......................... 576.2. Consertos de perfurao ............ 596.3. Consertos e substituio de

    emendas ...................................... 627. Anexos ....................................... 677.1. Modelo de rgua ......................... 677.2. Modelo de ficha

    de catalogao ............................. 67Exemplo de fichade catalogao preenchida .......... 70

    EncartesModelo da rguaGabarito de filmepara estimar o encolhimento

  • 2objetivo deste manual orientar o primeiro contato comum filme, ou seja, como proceder ao encontrar esse tipo deO

    documento, informando: quais os recursos necessrios para mexer com as pelculas; como mexer com os filmes e que cuidados tomar; como reconhecer e classificar o material cinematogrfico; como identificar o estado de deteriorao de uma pelcula; quais as primeiras providncias a tomar; e at como fazer pequenos consertos diretamente na pe-

    lcula.No primeiro contato com um filme, h vrias informao que de-

    vem ser recolhidas para a ficha de catalogao, que rene informaessobre contedo e aspectos tcnicos. Este manual ensina a preencher aficha nas partes de identificao de materiais e anlise do estado deconservao. As informaes de contedo esto descritas no Manual decatalogao. A conservao de um acervo ser tratada no Manual depreservao cinematogrfica.

    As informaes anotadas logo que o filme foi encontrado e os pri-meiros tratamentos que recebeu serviro de base para as decises decomo cuidar do material, quais os procedimentos necessrios, que tipode interveno ser utilizada, etc. Quanto mais precisas forem as infor-maes levantadas no primeiro momento, maiores sero as possibili-dades de sucesso nas aes futuras. Quanto mais eficientes formos nes-se momento, melhor preservaremos nossos filmes.

    Os mtodos descritos aqui so utilizados na Cinemateca Brasi-leira h vrios anos. Mas claro que os procedimentos de conservaorenovam-se continuamente, com novas informaes e pesquisas. A pr-pria Cinemateca j reavaliou e aperfeioou seus procedimentos vriasvezes.

    Vale lembrar que nenhum procedimento de preservao deve serencarado de forma isolada. Cada interveno deve ser pensada comoparte de um todo, o Sistema de Preservao. Cada ao deve estarintegrada com as demais. o conjunto de aes que vai assegurar ocumprimento do nosso objetivo principal: preservar a pelcula cinema-togrfica. As instrues descritas neste manual so os primeiros passosdentro desse universo.

    INTRODUO

  • 31. O AMBIENTE DE TRABALHOAssim como todos os ambientes onde os filmes sero manipulados

    ou armazenados, o ambiente de trabalho deve ser limpo e organizado. Asregras de limpeza, manuteno e organizao devem ser observadas comrigor.

    A primeira regra :

    As partculas de p que pairam noar costumam grudar na superfcie do fil-me. Podem no ser claramente visveis,mas qualquer reproduo transformaressa sujeirinha em um ponto fotografa-do, que no poder mais ser eliminado.E esse ponto depois ser ampliado mui-tas vezes numa tela de projeo.

    Mantenha tudo muito limpo: o local, os mveis, os instrumentosde trabalho, os equipamentos e tudo o que tiver contato com o filme inclusive suas mos.

    Tome cuidado com os produtos de limpeza, especialmente na mesade trabalho. Seja qual for o produto utilizado, certifique-se de que foicompletamente removido antes de iniciar o trabalho com o filme. D especial ateno limpeza das coladeiras (fig. 1), que acumu-lam cola e durex nas facas e nos guias onde encaixam as perfuraes. Faa manuteno preventiva de todos os instrumentos e equipa-mentos para que no causem danos aos filmes. Eles devem estar sem-pre regulados, ajustados ou lubrificados, conforme o caso. Cuidado com os equipamentos que precisam de lubrificao. Re-tire sempre o excesso de lubrificantes, pois eles tendem a contaminaro material flmico.

    Outras regras importantes:

    Um dos equipamentos que precisam de limpeza constante a coladeira dedurex, principalmente nas guias para encaixe das perfuraes e nas facas.

    FIGURA 1

  • 42. MANUSEIO DO FILMEO primeiro passo abrir a lata onde o filme est guardado. Isso

    pode no ser to simples como parece. Muitas vezes a tampa est muitoapertada ou a ferrugem causou uma aderncia da tampa, e romper essacola de ferrugem pode ser difcil.

    2.1. TCNICAS PARA DESPRENDER A TAMPA DA LATAa) Com as duas mos, segure a lata na posio horizontal e com

    a tampa para cima; d uma pancada leve e seca com o rebor-do da tampa na beira da bancada de trabalho ou de umaestante de metal.Ou:

    b) Segure a lata em p e d pancadinhas com um objeto demadeira na borda da tampa (na Cinemateca, usamos umargua grossa de madeira fig. 2). O movimento de bater natampa para solt-la semelhante ao de descascar um cocoverde ou uma cana. Repita a operao em toda a volta datampa. Cuidado: no bata at a tampa se soltar completa-mente, seno o filme cair no cho.

    Para desprendera tampa, pode-se darpancadas suaves comum objeto de madeira.

    FIGURA 2

    Ou:c) Introduza uma chave de fenda de ponta larga entre a borda

    da tampa e o pequeno ressalto que h normalmente na late-ral do fundo da lata e faa uma alavanca, forando a tampa ase soltar do fundo (fig. 3). Repita a operao em toda a voltada lata. Ao colocar a chave de fenda na lata, introduza ape-nas a poro necessria para fazer a alavanca tome todo ocuidado para no arranhar o rolo de filme com a ponta dachave de fenda.

  • 5Quando est muitodifcil de abrir umalata, uma chave defenda pode ajudar.Tome cuidado parano arranhar o filme.

    FIGURA 3

    2.2. PARA RETIRAR O FILME DA LATAA maneira mais prtica e segura de tirar o rolo de filme da lata

    primeiro colocar a lata na horizontal e inclin-la um pouco, de formaque o rolo se apie no fundo da lata. Ponha o polegar no centro do rolo eo dedo mdio na parte de fora do rolo, pressione levemente, para seguraro rolo, e retire-o da lata. Com a outra mo, segure a parte de trs do roloe coloque-o na mesa de trabalho (fig. 4).

    Para pegar o filme, segure-o do centro para as bordase apie a lateral do rolo colocando uma mo por baixo do filme.

    Se o rolo for muito grande e seu dimetro for maior do que a aber-tura da sua mo: deixe a lata apoiada na mesa, pegue o rolo com as duasmos, usando uma delas para apoi-lo por baixo e puxe-o para a mesa(fig. 5).

    FIGURA 4

  • 6A razo desses cuidados que o rolo pode estar enrolado de formafrouxa e nesse caso a tendncia de o centro do rolo cair muito grande.Se isto acontecer:

    a) no tente recolocar o miolo que caiu;b) apie o rolo no prato da mesa enroladeira as duas partes

    e v desenrolando devagar, at chegar ao ponto onde o rolose desprendeu;

    c) rebobine o rolo inteiro.

    2.3. EXAME MANUAL DO FILMEAntes de mais nada, NO PROJETE O FILME: no coloque a pelcula

    em nenhum projetor ou qualquer outro aparelho que utilize roletes den-tados ou grifas o que inclui quase todos os equipamentos. Quase sem-pre o filme antigo est encolhido e precisa ser recuperado antes de sercolocado em qualquer mquina. Infelizmente, muitos filmes se perde-ram ou tiveram mais estragos causados por uma projeo do que pelotempo.

    O filme deve ser examinado manualmente. Esse exame vai identi-ficar de que material se trata e o seu estado de conservao. Somenteaps essa primeira anlise ser possvel avaliar o que fazer e o que nofazer com o filme.

    O primeiro exame pode ser realizado em uma mesa comum ou, depreferncia, em uma mesa enroladeira. A diferena a profundidade dasinformaes que sero recolhidas.

    Um rolo muito grande ou frouxo precisa ser apoiado com as duas mos.

    FIGURA 5

  • 7Desenrole algumasespirais do rolo para

    examinar o filme.

    EXAME EM UMA MESA COMUMPrimeiro retire o filme da lata, conforme j descrito. Comece o

    exame:1. Vista as luvas de algodo e apie o rolo na mesa.2. Segure o filme pelas bordas e desenrole algumas espirais

    (fig. 6). No coloque os dedos na imagem ou na pista de som.

    3. Anote tudo o que encontrar nessas primeira voltas do rolo:quaisquer anotaes ou inscries, informaes tcnicas etc.Preencha a ficha de catalogao seguindo as instrues des-te manual e do de catalogao.

    4. Completado o exame, prenda a ponta do rolo de acordo como descrito no item 2.4, Cuidados com o rolo.

    5. Guarde o rolo em uma embalagem adequada. Se a lata ouembalagem original estiver em mau estado de conservao(amassada, enferrujada, etc.) necessrio substitu-la.

    6. Ao substituir a embalagem, anote todas as informaes queencontrar no rtulo da lata original: ttulo, nmero do rolo,tipo de material, anotaes do contedo, enfim, tudo. Essasinformaes tambm devem ser anotadas na ficha de catalo-gao do filme.

    Em geral as pontas so um resumo do que vai ser encontrado nofilme: os defeitos e problemas tendem a estar presentes e intensificadosnos metros iniciais e finais do rolo. Portanto, mesmo que o filme no sejaexaminado em toda a sua extenso, o que se observa nas pontas costumaestar bem prximo do real estado de conservao do rolo todo.

    FIGURA 6

  • 8EXAME EM MESA ENROLADEIRA

    A mesa enroladeira horizontal mais segura paraa manipulao da pelcula.

    FIGURA 7

    A experincia mostrou que a mesa enroladeira horizontal (fig. 7) a mais segura para a manipulao da pelcula. As mesas desse tipo somais fceis de controlar e esto menos propensas a acidentes do que asmesas verticais (muito comuns nas cabines de cinema). Uma mesaenroladeira horizontal permite maior controle na velocidade e no examedo material em toda a sua extenso.

    2.4. CUIDADOS COM O ROLOPara colocar o filme na enroladeira, ponha o rolo no prato da es-

    querda, puxe a ponta e prenda-o no batoque do prato da direita. V enro-lando o filme com cuidado, para fazer o exame. Anote o que observar naficha de catalogao.

    1. Coloque uma ponta de proteo no incio e no final decada rolo. Utilize um pedao de filme no revelado, transpa-rente ou opaco. O comprimento dessa proteo pode variarconforme o uso do material, mas uma ponta de aproximada-mente 2 metros suficiente para qualquer uso. Nunca deixemenos do que duas voltas de ponta, no incio e no final dorolo.

    2. Se dispuser de uma coladeira, emende a ponta no filme. Seno, simplesmente enrole a ponta ao redor do filme.

    3. Prenda a ponta com uma fita adesiva plstica (durex) paraque o rolo no afrouxe (fig. 8). O afrouxamento pode criaratrito entre as espirais (causando riscos no suporte e na

  • 94. De preferncia, prenda a ponta com durex, e nunca use fitacrepe ou similares. Com o tempo a cola, tanto do durex quantoda fita crepe, costuma se desprender da fita e aderir ao filme mas possvel limpar a cola de durex e no se conseguelimpar a cola da fita crepe.

    5. Use batoques para enrolar os filmes. O rolo deve ser guar-dado, transportado e manipulado sempre com batoque (tam-bm chamado miolo, batoque aquele disco colocado no cen-tro do rolo). Com exceo de quando vai ser projetado e colocado em carretis prprios, no existe nenhuma outracircunstncia em que o filme deva ficar sem batoque. Trata-se de uma proteo bsica e fundamental para a conserva-o do filme.

    6. D preferncia a batoques de dimetro maior, especialmen-te para o material de guarda prolongada. Com o tempo ofilme tende a se encaracolar, fixando a curva do enrolamento.Os batoques grandes minimizam essa tendncia.

    7. S possvel colocar um batoque no rolo em uma mesa enro-ladeira. Se seu filme no est com batoque e voc no dispede uma enroladeira, deixe o rolo do jeito que est. No tenteforar o centro para colocar o batoque.

    Prenda a pontade proteo do rolo

    com durex.

    FIGURA 8

    emulso) e pequenas bolsas de ar, que facilitam a entrada deumidade, impurezas e outros agentes de deteriorao (vejaComo enrolar o filme).

  • 10

    FIGURA 9

    COMO ENROLAR O FILMEUm filme permanece enrolado a maior parte da sua vida. Uma

    pelcula enrolada corretamente muito resistente e o enrolamento cor-reto uma forma de preservar o filme. Ao contrrio, qualquer irregula-ridade no enrolamento converte o rolo em um objeto de fcil deteriora-o. Ao enrolar um filme em batoque ou carretis:

    1. Segure o filme pelas bordas, sem tocar nas reas de imageme pista de som;

    2. Use sempre uma luva de algodo;3. Ao bobinar um rolo de filme, mantenha presso e tenso

    constantes. Da posio da sua mo e da intensidade da pres-so, ao segurar o filme, vai resultar um enrolamento maisjusto ou mais frouxo, mais ou menos homogneo, mais oumenos alinhado;

    4. Mantenha velocidade constante, ao bobinar. Mudanas brus-cas de velocidade causam diferena de tenso entre as espi-rais e isso aumenta muito a probabilidade de o centro dorolo escapar.

    O rolo deve estar enrolado de forma que a presso de uma espiralsobre a outra seja igual em todas as voltas. A superfcie deve estar ali-nhada, regular (fig. 10): no devem sobrar espirais mais altas ou trechoscom elevaes. Deixar as espirais alinhadas, ao enrolar o filme, especi-almente importante para o transporte. comum que as cpias de proje-o estraguem devido ao mau enrolamento (fig. 11): as espirais desali-nhadas so amassadas pela tampa da lata e isso destri completamenteas perfuraes.

    ARMAZENE O FILME NA HORIZONTAL (fig. 9), nunca na vertical. As pilhas no devem exceder dez latas, por causa do peso de umasobre a outra.

    q

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    Um rolo de filme bem enrolado.

    FIGURA 10

    Um rolo de filme mal enrolado.

    FIGURA 11

    2.5. O QUE OBSERVAR NA ANLISE DO FILMEAlgumas informaes de contedo devem ser anotadas imediata-

    mente, como: ttulo, origem, procedncia, etc. Pode ser uma listagemsimples, o importante diferenciar um filme do outro. Neste manualvamos utilizar uma Ficha de Catalogao como exemplo. Essa ficha (anexano final) pode ser utilizada tanto por um acervo de uma instituio quantopor colecionadores particulares. uma forma de organizar as informa-es e lembrar ao examinador o que deve ser observado.

    Esse o melhor momento de atribuir ao filme um nmero de tom-bo ou equivalente para controle. O Manual de catalogao ensina comofazer isso corretamente e os demais procedimentos ligados ao contedo.

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    As informaes tcnicas bsicas a serem anotadas so: tipo de material e cdigo para sua identificao tipo de suporte e emulso metragem bitola janela e tela nmero de rolos defeitos e sinais de deteriorao atribuio de um grau tcnico.

    Como identificar e anotar todas essas informaes o que tratare-mos a seguir.

    3. IDENTIFICAO DOS MATERIAISVamos tratar aqui da identificao tcnica dos materiais. Para isso

    preciso conhecer a estrutura da pelcula cinematogrfica, os vrios ti-pos de objetos (negativos, cpias, pistas de som, etc.) que o fazer cinemaproduz e algumas prticas do processamento desses objetos.

    3.1. A ESTRUTURA DOS MATERIAISO filme cinematogrfico constitudo de vrias camadas: no mni-

    mo trs camadas, no filme preto-e-branco; e no mnimo seis, no filmecolorido. Dessas camadas, essencial reconhecer duas, presentes emqualquer tipo de filme:

    1. SUPORTE um plstico flexvel, transparente e uniforme,que d sustentao fsica emulso;

    2. EMULSO uma camada de gelatina que abriga e mantmestvel a substncia formadora da imagem gro de prata,no filme preto-e-branco, ou corantes, no filme colorido.

    FIGURA 12Elemento formador

    da imagem

    Emulso

    Suporte

  • 13

    3.2. TIPOS DE SUPORTE (OU BASE)O suporte do filme, desde que comeou a ser feito, passou por gran-

    des modificaes. O primeiro suporte fabricado foi o nitrato de celulose,que foi substitudo definitivamente a partir da dcada de 50 pelo acetatode celulose. Mais recentemente, alguns filmes tm suporte de polister.

    NITRATO DE CELULOSEPrincipal suporte utilizado para filmes cinematogrficos at a d-

    cada de 50, foi substitudo pelo acetato de celulose por questes de segu-rana. O nitrato de celulose um material bastante instvel e extrema-mente inflamvel, por isso exige cuidados especiais para ser manipulado.

    Caso encontre filmes em suporte de nitrato de celulose em seuarquivo:

    1. separe o(s) filme(s) em suporte de nitrato dos demais obje-tos do acervo;

    2. guarde-o(s) em local fresco e seco, isolado dos locais de tra-balho e de circulao de pessoas;

    3. entre em contato com a Cinemateca Brasileira imediatamen-te, para receber instrues mais especficas.

    ACETATO DE CELULOSENa busca de um suporte mais seguro, que no se incendiasse com

    facilidade, foi desenvolvido o acetato de celulose. A princpio diacetato eposteriormente triacetato de celulose, esse suporte foi chamado de su-porte seguro, ou de segurana (safety), pois sua inflamabilidade muitobaixa.

    Porm o suporte de acetato tambm um material frgil e de con-servao complexa. Alguns produtos utilizados na sua fabricao sovolteis e se desprendem, tornando-o quebradio e ressecado. Nos est-gios mais avanados de deteriorao, a perda de substncia gera adesplastificao. Conhecida como sndrome do vinagre, esta a piorforma de deteriorao do suporte de acetato (veja o item 4.1, Deteriora-o do suporte).

    Ateno: muito importante manter filmes em suporte de nitra-to longe de qualquer fonte de calor. Um filme desse tipo pode entrarem combusto espontnea, isto , pegar fogo sozinho por causa docalor. Se o filme incendiar-se, NO TENTE APAGAR O FOGO. Cuide para queo fogo no se espalhe em outros materiais e chame o Corpo de Bom-beiros (193).

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    POLISTERO suporte de polister foi criado como uma tentativa de superar a

    fragilidade do suporte de acetato. Trata-se de um material mais estvele de mais fcil conservao. Uma das suas grandes vantagens no en-colher, como acontece com o acetato e especialmente com o nitrato.Embora o suporte de polister exista desde a dcada de 30, no Brasil seuuso em materiais cinematogrficos tornou-se mais significativo a partirda dcada de 90.

    PARA IDENTIFICAR O SUPORTEComo vimos, uma das informaes importantes para a conserva-

    o de um filme saber de que feito seu suporte. Para identificar qual o suporte dos filmes, observe:

    Marca de borda: na lateral do filme, entre a perfurao e aborda, no sentido longitudinal, est escrito NITRATE (fig.13) para o filme de nitrato e SAFETY (fig. 14), ou simples-mente um S entre as perfuraes (fig. 15), no filme deacetato.

    Marca de bordado filme de nitrato

    de celulose.

    FIGURA 13

    Marca de bordado filme de acetatode celulose.

    FIGURA 14

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    Outra forma de marcaro filme de acetato de

    celulose. (Hora e vez deAugusto Matraga, 1965,

    dir. Roberto Santos.)

    FIGURA 15

    Quando no h nenhuma marca na borda, observe as ima-gens. Se sugerirem uma produo anterior dcada de 50,considere que nitrato e tome as providncias necessrias.

    Cheire o filme: o nitrato cheira a banana madura, quandoentra em processo de deteriorao; o acetato cheira a vi-nagre.

    Na dvida, opte pelo pior: considere que nitrato e tome asprovidncias necessrias.

    Filmes 16 mm e 8 mm nunca foram fabricados com base de nitra-to de celulose.

    Tome cuidado quando existe mais de uma marca de borda no ma-terial examinado. Nos processos de duplicao, muitas vezes as marcasde borda tambm so copiadas. bastante comum encontrarmos umamarca nitrate e outra safety no mesmo material. Quase sempre umamarca est com as letras brancas sobre fundo escuro e a outra est escri-ta com letras pretas o mais comum que o material tenha o tipo desuporte que est marcado com as letras pretas. Mas esta indicao no 100% segura: procure outras indicaes para ter certeza quanto ao tipode suporte.

    Fique atento aos negativos originais de filmes das dcadas de 50 e60. freqente existirem trechos (ou seqncias) com suporte de nitratoentre cenas com suporte de acetato. Nesse caso, considere como se fosseum filme inteiramente de nitrato, mas anote que h mistura.

    Diferenciar os filmes com suporte de acetato dos que tm suportede polister j no to fcil. Os fabricantes no gravam nenhuma mar-ca de borda para diferenci-los. Duas dicas vo ajudar:

  • 16

    o suporte de polister mais fino, tem menos espessura doque acetato;

    o rolo de polister, quando colocado contra a luz, maistranslcido do que o rolo de acetato;

    tente fazer um emenda de cola (veja o cap. 6, Tratamentosbsicos): o polister no cola com as tcnicas tradicionais,s com ultra-som.

    De qualquer forma, filmes de acetato e de polister sero tratadosda mesma forma e armazenados juntos. A importncia de saber se osuporte de polister que sua conservao mais fcil, portanto ofilme ter mais chances de sobreviver ao do tempo.

    O motivo mais importante da identificao do suporte separaros filmes de nitrato dos demais.

    3.3. A EMULSOA emulso a reunio da gelatina com os elementos formadores

    de imagem, tambm chamados camada fotossensvel. Em outras pala-vras, nessa camada que est a imagem do filme propriamente dita.

    A imagem fotogrfica formada por microscpicos gros de prata(no caso de um filme preto-e-branco) ou de corantes orgnicos (no casodo colorido). Esses microgros situam-se na camada de gelatina, queserve com um meio de fixao e proteo.

    Fotogramas de filme p&b. esquerda um negativo, direita, cpia do mesmo plano.(Matar ou correr, 1954, dir.Carlos Manga.)

    FILMES PRETO-E-BRANCOPodem ser negativos ou

    positivos. Em geral tm o supor-te transparente ou com tons decinza-claro e homogneo, enquan-to a imagem formada por tonsde cinza, que vo desde o preto ato branco (fig. 16).

    FIGURA 16

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    FILMES COLORIDOSPodem ser negativos ou positivos. O positivo tem a base transpa-

    rente e a imagem com tons das vrias cores. O negativo tem a basealaranjada (fig. 17).

    FIGURA 17

    q

    FILMES TINGIDOS OU VIRADOSEsses filmes so um filme preto-e-branco processado em um ba-

    nho que agrega cor prata ou base (fig. 18). Trata-se de um processoantigo, muito utilizado nos filmes com base de nitrato. A cor adquiridadistingue-se da cor de um filme colorido por ter apenas uma ou duascores.

    bastante comum haver, em um mesmo filme, ambos os proces-sos, tanto o tingimento quanto a viragem. O resultado uma imagemcom duas cores.

    FIGURA 18

    q

    3.4. TIPOS DE MATERIAIS E SUAS SIGLASExistem vrios materiais que so gerados (ou produzidos) nos v-

    rios estgios da feitura de um filme. Para que se saiba identificar cadaum desses materiais necessrio compreender um pouco como se fazum filme.

    A feitura de um filme seja ele de curta, mdia ou longa metragem,fico ou documentrio se desdobra em vrias etapas. Embora o fazer

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    filme esteja passando por grandes modificaes em funo das novastecnologias digitais, de maneira geral as etapas seguintes seriam as con-vencionais na realizao de um filme:

    IMAGEM filmagem de testes (de atores, de iluminao, de figurinos,

    de locaes, etc.); filmagem do roteiro previamente escrito, que gera o negati-

    vo filmado, ou negativo de imagem; tiragem de um copio a partir do negativo filmado (o copio

    uma cpia de trabalho que tem todos os planos mais asindicaes que precedem cada uma das cenas);

    montagem do copio; montagem do negativo de imagem de acordo com o copio

    montado; marcao de luz no negativo de imagem (para correes ou

    efeitos); testes de copiagem.

    SOM dublagem; gravao de msicas e efeitos sonoros; transcrio dos sons gravados para uma fita magntica per-

    furada; montagem das pistas sonoras; mixagem das pistas montadas; transferncia da trilha sonora mixada para um negativo de

    som.

    IMAGEM/SOM tiragem de uma primeira cpia sincronizada dos negativos

    montados de imagem e som (essa cpia chamada cpia zero); correo das marcaes de luz defeituosas; tiragem das cpias que sero exibidas para o pblico.

    Quando se trata de um filme destinado a ser exibido no circuitocomercial, paralelamente sua finalizao confeccionado um trailer.

    Os efeitos especiais (fuses, sobreimpresses, etc.) includos nofilme ou no trailer podem tambm exigir a confeco de vrios materiaisintermedirios, que substituiro os trechos correspondentes do negati-vo original no-trucado.

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    Existem ainda outros materiais que so produzidos aps a conclu-so do filme e que tm grande importncia para a preservao. Os prin-cipais so o mster (do ingls master), que uma matriz positiva desegunda gerao, e o contratipo, que uma matriz negativa de segun-da gerao.

    RECONHECENDO E CLASSIFICANDOOS DIVERSOS MATERIAIS: NEGATIVO, CPIA, MSTERNo trabalho de identificao do material fundamental que se

    utilize uma nomenclatura nica, padronizada, para cada tipo de objeto.Os cdigos a seguir so os utilizados pela Cinemateca Brasileira h vri-as dcadas.

    NO NEGATIVO ORIGINALTrata-se do negativo original montado, que pode ser de imagem ou

    de som. a matriz negativa de um filme, que contm sua verso final eacabada, constituda por planos ordenados conforme o copio montado.

    O negativo original de imagem pode ser reconhecido por:a) presena sistemtica de emendas em toda mudana de pla-

    no, feitas com cola;b) presena freqente de picotes na perfurao, prximos s

    emendas, destinados correo de luz no momento dacopiagem (fig. 19);

    Algumas caractersticastpicas de um negativooriginal so presenade emendas em todamudana de plano e picotesde marcao de luz.(Hora e vez de AugustoMatraga, 1965, dir. RobertoSantos.)

    FIGURA 19

    c) presena ocasional, no segundo fotograma de cada plano, deum nmero escrito a nanquim, que vai de 1 a infinito, doincio para o fim do rolo, e anotado pela montadora de ne-gativo no momento da colagem dos planos;

  • 20

    d) presena de uma seqncia dos nmeros na borda do supor-te (impressos pelo fabricante da pelcula virgem em ordemcrescente a cada 16 fotogramas no filme de 35 mm), que sem-pre sofre uma descontinuidade a cada mudana de plano,uma vez que as tomadas originais contnuas foram cortadase rearranjadas durante a montagem do filme. Tal como asmarcas, os nmeros de borda de um negativo original sosempre evidentes e no h superposio de diferentes sriesde nmeros num mesmo plano.

    Em um negativo montado comum a combinao de pelculasde diferentes marcas e isso facilmente observvel quando se atentapara a variao de tons dos suportes de cada plano (esses tons da basecostumam variar de fabricante para fabricante, de emulso para emulso)ou para as diferentes marcas impressas nas bordas dos suportes (Agfa,Kodak, Gevaert, Dupont, etc.). As marcas, num negativo montado, po-dem se alternar a cada mudana de plano, mas nunca se sobrepem nummesmo plano quando o negativo original.

    As pontas de um rolo de negativo original montado costumam apre-sentar sinais e starts (trecho com cerca de 3 metros em que h um fotogramacom o incio marcado em ingls, start) destinados sincronizao daimagem com o som. Geralmente, nas pontas de incio e prximo s marcasde sincronismo, so encontrados registros a nanquim, feitos pela montadorade negativo ou pelo laboratrio processador da primeira cpia, que infor-mam: o nome do filme, a caraterstica do material (quase sempre neg.imagem ou negativo de imagem) e a tambm a data do trmino damontagem do negativo ou da tiragem da primeira cpia.

    Quando a montagem do negativo original realizada por mon-tadoras profissionais, pertencentes aos quadros de laboratrios comerci-ais ou de produtoras, costume haver um cuidado especial na rotulageme embalagem dos negativos montados. Um examinador atento percebe-r, com a experincia, como diferenciar, numa massa de latas, os rtulosde negativos originais montados dos rtulos de outros materiais (cpias,copies, sobras, etc.).

    O negativo original de som, ao contrrio do de imagem, ummaterial acabado. Todo o processo de montagem do som feito antes dese gravar a pista de som na pelcula cinematogrfica. Pode ser reconhe-cido pelas seguintes caractersticas:

    a) a pista de som ocupa uma pequena faixa, contnua e de lar-gura regular, na lateral da pelcula, junto perfurao;

    b) a pelcula totalmente transparente na rea que estaria ocu-pada pela imagem;

    c) o rolo no tem emendas, ou tem pouqussimas emendas;

  • 21

    d) quando h emendas, habitual a presena de um picote emforma de tringulo exatamente no ponto da emenda quepassa a pista de som;

    e) possvel perceber a freqncia do som gravado nasalternncias de parte claras e partes escuras, da pista de som.

    Existem vrios tipos de pista de som. Os mais comuns so: Som ptico: uma pista gravada fotograficamente na pel-

    cula. Os tipos mais comuns so: o som ptico de densidadevarivel (anota-se DV, fig. 21) e o som ptico de rea varivel(AV, fig. 20).

    Exemplo de somptico de reavarivel (AV).

    FIGURA 20

    Exemplo de som ptico de densidade varivel (DV).(Aconteceu na Bahia n. 2, 1948, dir. A. Robatto Filho.)

    FIGURA 21

  • 22

    Som magntico: a pista magntica ocupa a mesma reaque a pista ptica. Visualmente uma pequena faixa, aplica-da na lateral do filme, de colorao bastante semelhante de uma fita de vdeo.

    Pode acontecer que o negativo de som tenha uma pista em cadalado do rolo. Trata-se de uma prtica de economia: a pista de som corres-pondente a um rolo de imagem gravada em um sentido do rolo e a pistacorrespondente a outro rolo de imagem gravada no sentido oposto dorolo de negativo de som.

    Aos materiais que no possuem nenhuma pista de som, nos quaiss existe imagem, convencionou-se chamar:

    mudo quando o filme sonoro, mas o material que se estmanipulando no contm a pista de som;

    silencioso quando o filme foi feito originalmente sem som.A obra nunca teve uma pista de som na pelcula.

    CO CPIA a verso final e acabada de um filme. Nela, a obra cinematogr-

    fica est terminada. Pode estar completa ou incompleta, pode ser con-servada como material de arquivo, mas foi feita para a apresentaopblica do filme.

    Deve ser proveniente de um material editado, seja ele um negati-vo original montado, um mster ou contratipo com a verso final de umfilme, uma outra cpia, etc. No importa qual seja a matriz, a cpia ummaterial positivo com as seguintes caractersticas:

    a) contm as imagem e pista de som;b) traz apresentao, crditos, ficha tcnica, letreiros de incio

    e fim;c) quando nova, no deve ter emendas;d) quando j bastante projetada, pode apresentar grande n-

    mero de emendas, mas nunca como o negativo original, ondeas emendas coincidem com a passagem de cena;

    e) possui starts e marcas caractersticas de projeo.

    DP MSTERA sigla vem de duplicating positive, isto , um filme positivo com a

    verso final e acabada de um filme (imagem e/ou som) destinada no exibio mas sim duplicao, ou copiagem. Trata-se de uma matrizpositiva de segunda gerao.

    H duas caractersticas simples que diferenciam um mster deuma cpia de projeo:

  • 23

    a) a forma da perfurao: nas cpias de projeo, as perfuraotm os quatro lados retos (perfurao positiva fig. 21), nosmsteres, as perfuraes apresentam duas laterais curvas(perfurao negativa fig. 20);

    b) o tom do suporte: nas cpias de projeo o suporte (quandonovo) translcido e incolor, nos msteres costuma seramarronzado ou azulado.

    Uma observao mais atenta da imagem poder diferenciar a c-pia do mster pela sua qualidade fotogrfica. O mster de boa qualidade,por ser uma matriz de duplicao, deve ter um contraste muito baixo, ouseja, no deve ter nem regies de altas luzes, muito claras, nem regiesde sombra fechada, muito densa. Ao contrrio, uma boa cpia tem pre-tos e brancos muito bem definidos.

    Ateno: Os reversveis originais montados (material que no temnegativo, como os slides de fotografia), muito comuns nos formatos16 mm, 8 mm e Super 8 mm, so classificados como DP. Contudono deixe de anotar, na ficha de catalogao, que se trata de umreversvel.

    esquerda, um mster e, direita,uma cpia do mesmo plano.Repare na diferena de tons decinza entre os dois exemplos.(Matar ou correr, 1954, dir. CarlosManga.)

    DN CONTRATIPOA sigla vem de Duplicating Nega-

    tive e identifica qualquer negativo mon-tado que no seja o negativo original:qualquer negativo no-original que apre-sente a verso final editada de um filme. Portanto, uma matriz negati-va de segunda gerao.

    Distingue-se do negativo original pelas seguintes caractersticas:a) ausncia de emendas entre um plano e outro;

    FIGURA 22

  • 24

    b) numerao de borda em seqncia, sem descontinuidade nasmudanas de planos;

    c) superposio de marcas e nmeros de borda do suporte (mis-turam-se os sinais de borda do filme anterior, de onde foitirado o contratipo, como os sinais do prprio filme decontratipo);

    d) ausncia de numerao a nanquim;e) trata-se de uma mesma emulso/suporte para todos os pla-

    nos (diferente do negativo original montado, que pode apre-sentar vrios materiais, de fabricantes diferentes, em vriosplanos).

    Seja o material preto-e-branco ou colorido, classifica-se comocontratipo (DN) qualquer duplicao negativa.

    NA FICHA DE CATALOGAO essas siglas precisam ser anotadas nocampo especfico, cdigo do material. A utilizao das siglas permite umavisualizao rpida do tipo de material. Para uma identificao mais com-pleta, essas siglas se compem com mais uma letra:

    X quando o material em questo contm apenas a imagem daobra;

    Y quando o material contm apenas o som da obra;Z quando o material combinado, ou seja, contm a imagem e o

    som da obra.

    Na FICHA DE CATALOGAO, as principais siglas de identificao fi-cam da seguinte maneira:

    NOX negativo original de imagemNOY negativo original de somCOZ cpia combinada (imagem e som no mesmo material)COX cpia de imagem (de um filme mudo, por exemplo)COY cpia do somDPX mster de imagemDPY mster de somDPZ mster combinadoDNX contratipo de imagemDNY contratipo de somDNZ contratipo combinado

    E assim por diante.Qualquer sigla de identificao de material na maior parte das

    vezes estar acompanhada do X, Y ou Z.

  • 25

    OUTROS MATERIAISOs materiais j descritos so os mais freqentes e os principais

    para a preservao de obras cinematogrficas. Existem outros materiaisque, em geral, no contm a obra completa, mas tambm devem ser cor-retamente identificados. Em algumas ocasies, como na restaurao deuma obra, por exemplo, esses outros materiais podem assumir papel fun-damental para o resgate de imagens ou sons que tenham se perdido coma deteriorao dos originais.

    So eles:NI negativo de imagem no-montado. reconhecido pela ocor-

    rncia peridica de claquetes ou paradas de cmara entreuma tomada e outra, pela presena ocasional de vus ouborres sobre a imagem (normalmente descartados duran-te a montagem do filme), pelas repeties de cenas ou to-madas (durante a montagem escolhida apenas a melhortomada de cada cena), por uma maior continuidade ou ex-tenso da seqncia dos nmeros de borda (num NI essaseqncia no se interrompe a cada mudana de plano; aocontrrio, ela costuma se estender por muitas tomadas ecenas diferentes), pela ausncia, em geral, de pontas comidentificao clara do material contido no rolo (quando exis-tem, as anotaes costumam ser a lpis dermatogrfico eno a nanquim)

    PI positivo de imagem no-montado. conveniente classifi-car sob este cdigo os materiais de imagem que nunca che-garam a ser editados, isto , que no seriam sobras de ima-gem. Podem ser classificados como PI as sobras de no-fic-o que, por sua grande extenso, possibilidades deaproveitamento ou boa qualidade, meream um rtulo me-nos depreciativo do que sobra

    SO sobras de imagem (positivas ou negativas), isto , toma-das no utilizadas na edio final, mesmo que estejammisturadas a pontas ou restos de tomadas utilizadas naedio final

    FR fragmento de um material editado, no-selecionado pelo ar-quivo (indicar a que conjunto pertenceria o fragmento)

    AP apresentao ou crditos de um filme (positivo ou negati-vo): somente um material montado e parte integrante donegativo original, do copio montado ou de uma cpia deexibio

    LT letreiros no-montados (negativo ou positivo)

  • 26

    LG banda com legendas sincronizadas imagemCP copio montado (imagem muda)CT cpia de trabalho (imagem montada com dilogos sincroni-

    zados inscritos no mesmo suporte): indicar se os dilogosso dublados ou se so tirados do som-guia

    BD banda montada de dilogo *BR banda montada de rudo*BM banda montada de msica*BL banda montada de locuo ou narrao*BS banda montada com som direto (a mais usual a banda

    com falas e rudos ou sons ambientes)*BI banda internacional (msica e rudos mixados)*BX banda mixada (dilogos ou falas, msicas e rudos mixados)*SS sobras de som: verificar se so dilogos, msicas, rudos,

    etc.PS positivo de som no-montado: idem ao anteriorNS negativo de som no-montado: idem ao anteriorCR cortes de censura: imagem ou som, positivo, negativo ou

    magnticoCC certificado de censura: imagem ou som, positivo, negativo

    ou magnticoTR trucas, isto , duplicaes (copies, msteres, internegativos)

    feitas para a obteno de efeitos especiais requeridos nafinalizao

    TT teste de imagem ou de som, ou melhor, de imagem mudaou sincronizada a falas (positivo ou negativo, montada ouno)

    SD som direto no-montado ou no utilizado na edio final*MU msica no-montada gravada originalmente para o filme

    (positivo ou negativo, ptico ou magntico, perfurado ouno)

    MI miscelnea: mistura de materiais secundrios ou nitidamen-te irrelevantes

    IN material indeterminado ou no-caracterizado, mas prova-velmente um material de trabalho ou sobra de material detrabalho

    * muito comum em material magntico

  • 27

    3.5. OUTRAS INFORMAES TCNICASMETRAGEM MODELO DA RGUA muito importante saber a metragem de cada rolo de filme. Para

    quase tudo o que se faz com filme (projeo, duplicao, telecinagem,restaurao) necessrio saber o tamanho ou o tempo do filme. Existemequipamentos que medem com exatido os metros de um rolo, mas umamedida aproximada j suficiente para a maioria dos casos. Reproduzaa rgua modelo que se encontra no fim deste manual e utilize-a daseguinte forma:

    1. Com o rolo deitado sobre a mesa, coloque a ponta da rguaem que est escrito batoque em uma lateral e posicione argua para medir o dimetro do rolo (fig. 23);

    2. procure alinhar a lateral da rgua com os raios do batoque,para garantir que ela esteja reta;

    3. veja quantos metros a rgua indica no extremo oposto dorolo;

    4. use um lado da rgua para rolos com batoque pequeno e ooutro para os rolos com batoque grande.

    A rgua (veja modelo no final do manual) serve para dar uma metragemaproximada do rolo de filme.

    FIGURA 23

    NMERO DE ROLOSDeve-se distinguir com clareza duas coisas:a) a quantidade de rolos do material e

  • 28

    b) a quantidade de latas que embalam esses rolos muitas ve-zes existem dois ou mais rolos numa mesma lata.

    A quantidade de rolos de um filme geralmente est relacionadacom o que chamamos de nmeros de partes do filme.

    Os rolos devem estar numerados (no rtulo e nas pontas proteto-ras do filme) e sempre dever haver uma indicao do total de rolos queperfazem o filme, de modo que seja possvel conferir se o filme est com-pleto ou no.

    Exemplo: a numerao rolo 1/10 corresponde primeira partede um total de dez rolos; rolo 10/10 indica a dcima parte desse total dedez rolos. Se todos eles estiverem presentes (rolo 1/10; rolo 2/10; rolo 3/10; rolo 4/10, etc. at o rolo 10/10), ento pode-se considerar que o filmeest completo.

    Caso se perceba a falta de um ou mais rolos, a falta dever serindicada com destaque na ficha: faltam os rolos 5/10 e 7/10.

    COMPLETO OU INCOMPLETOConforme j explicado, considera-se que o filme est completo se

    no arquivo existem todos os rolos.Quando o filme formado por s um rolo (rolo 1/1 parte 1 de um

    total de 1), o mais fcil observar se h letreiros de incio e final. Emcaso positivo, o filme deve estar completo que integram a obra.

    Existe a possibilidade de o material estar lesado, de faltarem ce-nas no meio do filme. Em um primeiro momento no ser possvel per-ceber esse tipo de problema, que s ser identificado quando de umacatalogao mais aprofundada (veja Manual de catalogao).

    MONTADO OU NO-MONTADOO captulo 3, Identificao dos materiais, descreve quais so

    e como reconhecer os materiais montados e os no-montados.

    TELA NORMAL E TELA SCOPEEsta caracterstica refere-se principalmente ao formato do

    fotograma. Existem algumas medidas padronizadas no mundo inteiro.Em um primeiro momento, basta saber se a tela normal ou scope, por-que isso vai determinar escolhas de equipamentos de reproduo, proje-o, etc.

    Na tela scope, a imagem alongada no sentido vertical, como setivesse sido repuxada, esticada. A proporo no real: as pessoas e osobjetos ficam compridos.

  • 29

    Fotograma com tela scopee janela sonora (asperfuraes no aparecemnesta ilustrao).(O homem mau dormebem, 1960, dir. AkiraKurosawa.)

    FIGURA 24

    Na tela normal, v-se a imagem como ela realmente , sem de-formaes, mantendo as propores da imagem fotografada.

    JANELA SILENCIOSA E JANELA SONORANa janela sonora, h um espao entre uma lateral do fotograma

    da imagem e a perfurao, destinado pista de som, que uma faixaestreita e contnua. A pista pode no estar no filme, mas se houver oespao para ela ser um filme com janela sonora (fig. 24).

    Na janela silenciosa (ou janela muda) a imagem ocupa ofotograma inteiro, de perfurao a perfurao. No h espao para apista de som. (fig 25)

    Fotograma com tela normale janela silenciosa. (Viagens de

    Cornlio Pires, dcada de 1920.)

    FIGURA 25

  • 30

    BITOLA a largura ou formato do filme. As bitolas ou formatos mais co-

    muns no Brasil so: 35 mm, 16 mm, Super 8 mm (ou S8) e 9 mm.As duas primeira medidas, em geral, compreendem a maior parte

    de um acervo filmogrfico. Para ter certeza de qual a bitola do seumaterial, simplesmente pegue uma rgua comum e mea a largura dofilme: o de 35 mm mede exatamente 35 milmetros de uma borda dofilme outra, e o mesmo se aplica s demais bitolas.

    Sempre pode haver uma pequena diferena nessa medida, devidoa um eventual encolhimento.

    O filme 16 mm possui uma perfuraopara cada fotograma, enquantoo 35 mm (veja fig. 25) possui quatroperfuraes por fotograma. (ComedyCapers, dcada de 1910(?).)

    FIGURA 26

    4. ANLISE DO ESTADO DE CONSERVAOO filme cinematogrfico um material frgil e de difcil conserva-

    o, especialmente em ambientes midos e quentes, como nosso climanatural. Para que um acervo flmico seja conservado por longo perodo fundamental que o responsvel pela conservao seja capaz de reconhe-cer as formas de deteriorao, seus agentes e que providncias tomar

  • 31

    para minimizar ou interromper a ao dos agentes de deteriorao. Emboa parte dos casos, os defeitos podem ser revertidos se receberem trata-mento especializado a tempo.

    Compreender como e porqu os filmes se deterioram, quais os pro-cedimentos de conservao, como prevenir a deteriorao e comodesacelerar a deteriorao de filmes j atacados so assuntos desenvolvi-dos no Manual de preservao. No presente manual vamos descrever asprincipais formas de deteriorao que podem ocorrer em um filme e comolidar com elas de forma imediata.

    Os defeitos dos filmes descritos a seguir so os mais comuns. Sem-pre que se identificar um problema de conservao no filme, importan-te anotar a intensidade e a extenso do problema. Por exemplo: os riscospodem ser longos ou curtos, muitos ou poucos, profundos ou superfici-ais. Quando ocorrem em grande quantidade e muito profundos, os riscospodem inutilizar completamente uma cpia. Anotando-se simplesmenteriscos, sem indicar a intensidade, na verdade no se informa o princi-pal: quanto o defeito interfere na apreciao da obra.

    4.1. DETERIORAO DO SUPORTEH vrios tipos de deteriorao do suporte, com vrios graus de

    gravidade. Alguns tipos de deteriorao so especficos de cada suporte,outros so comuns a filmes de acetato, nitrato ou polister.

    SNDROME DO VINAGRE: DESPLASTIFICAOE CRISTALIZAO DO SUPORTE DE ACETATOPior forma de deteriorao do suporte de acetato, a sndrome do

    vinagre tem vrios estgios e um processo de deteriorao que nopode ser interrompido, apenas retardado. Pode destruir um filme com-pletamente em poucos anos, dependendo das condies de guarda. Acon-tece em alguns estgios bem definidos.

    Primeiro estgio, grau tcnico 3C: apenas odor.A pelcula no apresenta nenhuma alterao visvel, mas exala

    leve cheiro de vinagre. Nesse estgio o filme ainda duplicvel normal-mente, mas o processo j se iniciou e chegar ao estgio seguinte umaquesto de tempo.

    Segundo estgio, grau tcnico 3Cx: desplastificao.O cheiro de vinagre mais intenso; o suporte mostra-se mais amo-

    lecido, perde rigidez; em geral est acompanhado de abaulamento pro-nunciado. tambm comum se perceber uma espcie de craquel nobrilho do suporte quando incide uma luz.

  • 32

    Terceiro estgio, grau tcnico 3Cxx: cristalizao.As alteraes do segundo estgio acentuam-se e o material fica

    cheio de cristais, que so partculas brancas e duras, com forma tipica-mente mineral. Em geral nesse estgio a imagem j est danificada e aose observar a pelcula na mesa de luz percebe-se uma rede de formasgeomtricas sobrepostas imagem, formando reticulao (fig. 27 e fig.28). O suporte pode perder sua rigidez, chegando a uma textura prxima do papel.

    A cristalizao do suportepode afetar seriamentea imagem do filme. (As pupilasdo Senhor Reitor, 1960,dir. Perdigo Queiroga.)

    FIGURA 27

    FIGURA 28

    q

    Quarto estgio, grau tcnico 3Cxxx:o rolo todo ou parte dele mela (fig. 29) ou empedra.Uma espiral gruda na outra de tal forma que se torna impossvel

    desenrolar a pelcula. Algumas vezes a liberao de cido actico tointensa que, somada absoro de umidade, dissolve a emulso, chegandoa formar uma espcie de melao ou mingau escuro no fundo da lata. Quandochega nesse ponto, o filme est perdido, no mais recupervel.

    FIGURA 29

    q

  • 33

    Os filmes devem ser armazenados nahorizontal, em pilhas de at dez latas.

    FIGURA 9

  • 34

    Filme com o letreiro tingidoem verde e a imagem comviragem em spia. (Viagensde Cornlio Pires, dcadade 1920.)

    FIGURA 18

    Fotogramas de filme colorido. esquerda temos um negativo e direita, uma cpia do mesmo plano. (O drago da maldade

    contra o Santo Guerreiro, 1960, dir. Glauber Rocha.)

    FIGURA 17

  • 35

    Nos estgios mais avanados de deteriorao do suporte de acetato,os cristais se formam at nas laterais dos rolos de filme.

    FIGURA 28

    A partir de um certo estgio de deteriorao, a emulso sedissolve, destruindo completamente a imagem e o som.

    FIGURA 29

  • 36

    Quando o suporte de nitrato se deterioraa ponto de perder a cor, a imagem j est

    completamente destruda.

    FIGURA 32

    O filme com suporte de nitrato, nos ltimos estgios dedeteriorao, empedra e esfarela. Nesse ponto j no hmais nada a fazer: o filme est perdido.

    FIGURA 31

  • 37

    O abaulamento do filme uns dos primeiros sinaisde deteriorao do suporte.

    FIGURA 33

    A gelatina do filme um excelentealimento para fungos. O fungo (ou bolor)vai surgir sempre que a umidade relativafor superior a 60%.

    FIGURA 37

  • 38

    A ferrugem da lata ataca a pelculae acelera o processo de deteriorao.

    FIGURA 41

    Filmes descorados tendema ter predominnciade uma cor. (A lenda deUbirajara, 1975, dir. AndrLuiz Oliveira.)

    FIGURA 40

  • 39

    Pode acontecer, especialmente em negativos originais de imagem,que parte do rolo seja atingida pela desplastificao e outras partes per-maneam bom estado, porm o mais comum a desplastificao atingiro rolo inteiro igualmente.

    NA FICHA DE CATALOGAO, esse aspecto deve ser considerado para aatribuio do grau tcnico de conservao (veja o captulo 5). Utilize osseguintes critrios e cdigos:

    3C quando o material est no primeiro estgio;3Cx quando o material est no segundo estgio;3Cxx quando o material est no terceiro estgio;3Cxxx quando o material est no quarto estgio.

    HIDRLISE NO SUPORTE DE NITRATOHidrlise, por definio, qualquer reao que ocorra com pre-

    sena de gua. No caso do filme com suporte de nitrato, o termohidrlise indica a forma mais grave de deteriorao desse material,que tem grande capacidade de absorver umidade. Assim como adesplastificao pode destruir completamente um filme de acetato, ahidrlise pode destruir completamente um filme de nitrato.

    Esse processo tambm acontece em alguns es-tgios, mas mais lento do que a desplastificao.Nos primeiros estgios a hidrlise atinge o rolo defilme de forma pontual, no ataca o rolo todo de umas vez. um processo mais controlvel, mas igual-mente destrutivo.

    A hidrlise acontece nos seguintes estgios:1. Alguns pontos do filme comeam a melar,

    literalmente. Nas regies atacadas o filmefica pegajoso. Ao ser desenrolado faz baru-lho de algo descolando. muito comum quea hidrlise se inicie pelas bordas, perfura-es e emendas. A princpio pode ocorrers em alguns pequenos pontos na borda ous em uma rea pequena, atingindo partede fotogramas (fig. 30).

    muito comum a hidrliseno suporte de nitrato comearpelas bordas, atingindo a imagemde fora para dentro.

    FIGURA 30

  • 40

    2. Essas pequenas regies meladas (pegajosas ao tato) avan-am pela espirais anteriores e posteriores, que esto em con-tato direto com rea afetada. Com a avano da deterioraovrios fotogramas ficam melados e a emulso liqefaz-se,destruindo a imagem. Nesse ponto o cheiro de banana ma-dura (ou passada) j bem evidente e parte do filme j podeestar irrecupervel.

    3. Quando a maior parte do rolo est hidrolisada as espiraistendem a grudar e vo empedrando o filme: uma espiral cola-se na outra at no ser mais possvel desenrolar o filme. comum, nesse estgio, escorrer um lquido viscoso e escurodo rolo.

    4. O filme perde completamente a cor, assumindo um aspectoesbranquiado e quebradio (fig. 31 e fig. 32). O rolo chega arachar em vrios pontos e esfarelar. A no h mais nada oque se fazer, o filme se perdeu completamente.

    FIGURA 31

    q

    FIGURA 32

    q

    NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 quando o material no apresenta o defeito;1 quando o filme de NITRATO apresenta alguns pontos de hidrlise

    em bordas ou perfuraes, sem atingir imagem ou som;2 quando a hidrlise chega a atingir fotogramas, destruindo par-

    tes da imagem ou do som, causando interferncia na leiturada obra;

    3 quando a deteriorao causada pela hidrlise j inutilizou ofilme.

    Para os casos 1, 2 e 3, deve-se ainda atribuir o grau tcnico deconservao 3D (veja o captulo 5).

  • 41

    TIPOS DE DEFORMAES:RESSECAMENTO, ABAULAMENTO E ENCOLHIMENTOResultado da perda de umidade, de plastificantes e outros compo-

    nentes da pelcula, o encolhimento, o ressecamento e o abaulamen-to so ocorrncias extremamente comuns. Afetam mais os filmes comsuporte de nitrato e de acetato. O suporte de polister, at onde pde seconstatar, menos sujeito a esse tipo de deteriorao.

    Essas formas de deteriorao so bem comuns e, at certo ponto,no impedem qualquer uso do material. Quando muito intensas, deixamo filme fora dos padres dimensionais e at completamente deformado.Isso significa que o filme j no est mais de acordo com as medidas dosequipamentos de controle, duplicao, projeo, etc. Essas formas de de-teriorao podem deformar o suporte a ponto de impossibilitar at mes-mo uma restaurao.

    So companheiros inseparveis: o ressecamento do suporte vaigerar o encolhimento; o encolhimento, quando no acontece de formauniforme atinge mais o centro do que a borda ou vice e versa geradeformaes que chamamos genericamente de abaulamento, mas quepodem assumir vrias formas.

    RESSECAMENTOQuando ressecado o suporte:a) torna-se quebradio, perdendo elasticidade e flexibilidade;b) em casos acentuados, o filme pode romper-se ao ser desenrolado;c) rasga facilmente com pequeno esforo das mos mas no ras-

    gue seu filme para testar se h ressecamento!

    Raras vezes um suporte ressecado est perfeitamente plano ouno apresenta algum grau de encolhimento. A presena desses outrossinais (encolhimento e abaulamento) um dos indicadores mais fortesde que o suporte est ressecado.

    ABAULAMENTOO abaulamento pode acontecer tambm por absoro de umidade

    pelo suporte. O aspecto visual das deformaes praticamente o mesmo,mas fcil perceber o excesso de umidade. Seja qual for a fonte ou causado abaulamento (perda ou absoro de umidade), o importante anotara perda de padres dimensionais, reconhecveis visualmente por:

    a) o filme no se mantm perfeitamente plano (compare comum negativo novo, de fotografia mesmo, daqueles que se temem casa);

  • 42

    b) no abaulamento em arco, ou encanoamento, as bordas enco-lhem mais do que o meio, assumindo a forma de canoa;

    c) no abaulamento em ondas, o meio da pelcula encolheu maisdo que as bordas e o filme assumiu forma semelhante a umbabado.

    NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 quando o material est perfeito;1 quando o suporte est ressecado ou tem abaulamento leve;2 quando o abaulamento acentuado, no importa qual a for-

    ma da deformao (fig. 33);3 quando o abaulamento to forte que pode impedir o uso do

    material para qualquer fim.

    FIGURA 33

    q

    ENCOLHIMENTOO encolhimento acontece tanto no sentido da largura quanto no

    do comprimento do filme. Existem alguns aparatos, construdos nascinematecas, para medir o grau de encolhimento com preciso. Mas possvel ter uma boa indicao do encolhimento com o gabarito reprodu-zido nos Anexos. Esse gabarito reproduz um trecho de filme, nas medi-das reais. Para medir o encolhimento de um filme:

    1. Encaixe o filme sobre o gabarito, alinhando uma perfurao dofilme primeira perfurao do desenho.

    2. Conte exatamente 40 perfuraes (o que corresponde a 10fotogramas) e verifique se a 40 perfurao encaixa na 40 per-furao do gabarito.

    3. Se o filme no estiver encolhido, sua 40 perfurao vai se so-brepor perfeitamente 40 perfurao do gabarito.

    4. Se o filme estiver encolhido, as perfuraes do desenho e dofilme iro se desalinhar gradualmente. Verifique em que pontodo gabarito a 40 perfurao do filme chega e siga a indicaode encolhimento indicada.

    NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 filme sem encolhimento: a 40 perfurao do filme est per-

    feitamente sobre a 40 perfurao do gabarito;

  • 43

    1 filme levemente encolhido: a ltima lateral da 40 perfuraodo filme est na regio indicada como 1 no gabarito;

    2 filme encolhido: a ltima lateral da 40 perfurao est naregio indicada como 3 no gabarito e o vo de uma perfuraodepois do quinto fotograma (e, claro, antes do 20o);

    3 filme muito encolhido: a ltima lateral da 40 perfurao dofilme est na regio indicada como 3 no gabarito.

    DEFEITOS DA PERFURAOQuase toda utilizao de filmes pressupe que o material esteja em

    movimento. Isso significa que um rolete dentado vai puxar o filme usandoas perfuraes como apoio. Sem perfuraes ou com as perfuraes muitodanificadas, as imagens podem existir mas no podem ser assistidas.

    A tenso que aplicada sobre a perfurao pode causar vriostipos de danos. Instrumentos e equipamentos mal ajustados, mal lubrifi-cados ou mal conservados podem causar muitos estragos. A maioria des-ses defeitos pode ser reparada manualmente, mas fundamental saberas condies das perfuraes para evitar que algum uso que se faa dofilme provoque danos ao material.

    Anote sempre a quantidade das perfuraes com defeito e a intensi-dade do defeito identificado.

    PERFURAO ROMPIDA quando a borda do filme est rasgada, em geral

    desde um canto da perfurao at a borda; ou quando parte da borda do filme, na altura da

    perfurao, foi arrancada falta parte do su-porte (fig. 34);

    As perfuraes do filme so fundamentais paraqualquer uso que se faa do material cinematogrfico.Danos nas perfuraes so muito comuns e podeminutilizar um filme se atingirem grandes extenses.(Filme silencioso no-identificado.)

    FIGURA 34

    quando o suporte entre as perfurao foi arrancado. Embo-ra a borda esteja quase intacta, h um buraco entre ela e area de imagem, atingindo vrias perfuraes.

  • 44

    FIGURA 35

    Os riscos, tanto no suporte quanto na emulso, quando em grandequantidade, podem interferir profundamente na apreciao de uma obracinematogrfica. (A filha do advogado, 1926, dir. Jota Soares.)

    PERFURAO FORADA quando uma ou mais das laterais da perfurao est defor-

    mada; ou quando essa deformao chegou a causar uma ruptura, um

    rasgo pequeno, que no chega at borda.

    PERFURAO MASTIGADATambm se apresenta como uma deformao no suporte. Acontece

    quando a grifa (o dente do rolete de trao) pega o filme fora da perfura-o, causando um afundamento no suporte entre uma perfurao e outra.

    NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 quando no h nenhum defeito ou os defeito so mnimos;1 quando h poucas perfuraes danificadas (rompidas, for-

    adas ou mastigadas), passveis de serem reparadas;2 quando h muitas perfuraes danificadas, mas ainda exis-

    te possibilidade de conserto, mesmo que o material fiqueem estado frgil;

    3 quando os danos so tantos que j no existe mais possibi-lidade de conserto: o material est inutilizado.

    RISCOS NO SUPORTESo facilmente visveis com a incidncia de uma luz que faa bri-

    lhar o suporte. Podem ser superficiais ou profundos, intermitentes oucontnuos, finos ou grossos. Em geral ocorrem no sentido do compri-mento do filme, mas podem ocorrer tambm no sentido transversal, oudiagonal (fig. 35).

  • 45

    Lembre-se de anotar a quantidade, a intensidade e a extenso dosriscos.

    NA FICHA DE CATALOGAO utilize o seguinte critrio:0 quando no h nenhum risco;1 quando h riscos superficiais, em qualquer quantidade, ou

    quando h riscos profundos fora da rea de imagem e som oimportante que sejam riscos que no vo interferir na ima-gem quando projetada;

    2 quando h riscos em grande quantidade, em geral de vriostipos e profundidades, j bastante visveis numa projeo;

    3 quando a quantidade, a intensidade e a profundidade dos ris-cos so to grandes que a imagem j est profundamente com-prometida.

    RUPTURAS E OUTROS DANOS COMUNSSeguem-se o nome e a descrio de outros problemas que devem ser

    indicados na ficha de catalogao.Picote: quando a borda do filme est rom-

    pida mas no chega at a perfurao. (No con-fundir com os picotes de marcao de luz, queapresentam forma e tamanho regulares e locali-zam-se sempre na passagem de cena.)

    Fotogramas rasgados: ruptura do filmeque atinge a rea de imagem e/ou a pista de som.Podem ocorrer no sentido da largura ou do com-primento do filme (fig. 36).

    Filmes cinematogrficos so frgeise podem se romper quando tratadossem os devidos cuidados.(Filme silencioso no-identificado.)

    FIGURA 36

    Fotogramas queimados: bastante co-muns em cpias de projeo, especialmente nabitola 16 mm; o fotograma fica enegrecido, deformado e extremamenteressecado. Em geral h perda de parte do material.

    Furos e marcas de projeo: furos feitos com perfuradores depapel ou qualquer outro objeto cortante so muito comuns em cpias de

  • 46

    projeo. So marcas que os projecionistas fazem para indicar que o roloest chegando ao final; portanto, esto sempre no final dos rolos.

    NA FICHA DE CATALOGAO no h um campo especfico para essestipos de defeitos. Esses problemas e outros que possam aparecer devemser informados no campo Observaes ou no de descrio de defeitos.

    4.2. DETERIORAO DA EMULSOFUNGOS & CIA.A emulso um excelente alimento para microrganismos, o que sig-

    nifica que ela ser atacada por fungos e bactrias sempre que houver condi-es climticas para isso. O surgimento de fungos praticamente inevitvelquando a umidade relativa do ar supera 60% em temperaturas at 22oC.

    Os microrganismos representam grande perigo para a conserva-o do filme porque se alimentam da gelatina que contm o elementoformador da imagem. Ou seja, eles comem a imagem. Danos causadospor fungos no so recuperveis jamais se poder reconstituir a ima-gem destruda por processo pticos. Novas tecnologias e processos digi-tais indicam a possibilidade de recuperao, mas ainda no so acess-veis economicamente.

    Fungos: As colnias de fungos surgem como pequenos pontosbrancos ou escuros e irradiam-se de forma circular. Quando examina-dos com lupas tm o aspecto vegetal, como uma raiz de planta. Podemchegar a atingir fotogramas inteiros, mas o mais comum encontrar-mos vrios pequenos pontos. Quando so superficiais, se percebe ape-nas uma perda de brilho da emulso. Quando mais profundos, almdo aspecto de raiz podem apresentar uma mancha amarelada comcontornos mal definidos.

    Bolor: Costumamos chamar de bolor quando o fungo atingiu ape-nas a superfcie externa do rolo, as bordas, sem chegar rea de imagemou pista de som (fig. 37).

    FIGURA 37

    q

    NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 quando no h nenhuma incidncia de fungo ou bolor;1 quando h fungo ou bolor superficial, apenas nas bordas do

    filme ou na rea das perfuraes;

  • 47

    2 quando o fungo j atingiu a imagem ou o som, provocandointerferncias com ausncia de parte de imagem ou som;

    3 quando a imagem ou o som esto tomados pelos fungos, comgrande perda da informao.

    RISCOS NA EMULSOAssim como os riscos no suporte, os riscos na emulso podem ser

    longos ou curtos, intermitentes ou contnuos, profundos ou superficiaise finos ou grossos. Os mais profundos chegam a arrancar a emulso,danificando a imagem.

    Anote sempre a quantidade e a intensidade dos riscos na emulso.NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 quando no h riscos observveis a olho nu;1 quando h riscos superficiais, no importando a quantidade

    ou a extenso;2 quando h riscos profundos ou mdios em grande quantida-

    de, chegando a arrancar parte da emulso e portanto destru-indo parte da imagem ou som;

    3 quando h riscos profundos em grande quantidade, interfe-rindo profundamente na integridade das informaes.

    EXCESSO DE UMIDADE ABSORVIDAA emulso tem grande capacidade de absorver gua do ambiente

    onde se encontra. Quando um filme fica em ambiente muito mido, aemulso pode absorver tal quantidade de gua que incha e amolece (es-pecialmente se o lugar tambm quente). Se junto com isso tambmacontecer a desplastificao do suporte de acetato, a emulso podeliqefazer-se, destruindo completamente a imagem.

    NA FICHA DE CATALOGAO, pode-se indicar o excesso de umidadeabsorvida por uma emulso, em um filme de acetato, no campo deHidrlise, utilizado tambm para registrar deteriorao do suportede nitrato. Utilize os seguintes critrios e cdigos:

    0 quando a emulso est normal;1 quando a emulso est inchada, mida, fazendo barulho

    ao desenrolar;2 quando a emulso fica pegajosa ao tato, quase se despren-

    dendo do suporte. O aspecto geral do rolo de molhado,brilhoso, como se estivesse untado com leo;

    3 quando a emulso absorveu tamanha quantidade de gua queest se liqefazendo, e chega a escorrer um lquido escurodo rolo.

  • 48

    Parte de emulso pode se desprender completamente do suporte, criando buracosna imagem. (As pupilas do Senhor Reitor, 1960, dir. Perdigo Queiroga.)

    FIGURA 38

    b) ao desenrolar o filme, a emulso se desprende, aderindo aosuporte da espiral seguinte se isso acontecer, interrompa odesenrolamento do filme imediatamente e encaminhe o fil-me para restaurao;

    c) a emulso no se desprende sozinha mas est bastantefragilizada, com aderncia to tnue que se desprende quan-do se passa um veludo para limpeza ou se toca a imagem comuma luva. Observe sempre a luva ou o veludo: se a emulsoestiver aderindo ao tecido, siga a mesma instruo anterior:interrompa o processo e encaminhe o filme para restaurao.

    ESTRIAMENTO DA EMULSOA outra forma de desprendimento, que chamaremos de

    estriamento de emulso, em geral resulta do encolhimento extremodo suporte ou da liberao dos cidos da deteriorao do suporte.

    DESPRENDIMENTO DA EMULSOSo vrias as causas do desprendimento da emulso. Em geral o

    desprendimento est associado ao excesso de umidade ou extrema se-cura, e deteriorao do suporte. Pode acontecer de vrias formas egraus de gravidade.

    Para facilitar a anlise tcnica e a definio do problema, vamoschamar de desprendimento de emulso propriamente dito quando:

    a) algumas partes da emulso se desprendem do suporte, cri-ando buracos na imagem (fig. 38);

  • 49

    RETICULAO POR FUNGOEsse estrago ocorre quando o ataque dos fungos to profundo

    que chega a danificar a imagem. Reconhece-se a reticulao da imagemcausada por fungos por:

    a) a imagem apresenta falhas, como se houvesse sido arrancada;b) em geral tem um formato radial: parte de um ponto e irra-

    dia-se em todas as direes;c) assumem uma forma orgnica, semelhante raiz de uma

    planta.

    muito comum a reticulao por fungo estar acompanhada demanchas amareladas provocada pela acidez do prprio fungo.

    RETICULAO POR CRISTALIZAOConseqncia direta da deteriorao do suporte de acetato, a

    reticulao da imagem causada pela cristalizao assume um aspectobastante semelhante ao da reticulao por fungos. Diferencia-se visual-mente por:

    a) as falhas da imagem em geral so alongadas, acompanhan-do o comprimento do filme;

    O estriamento da emulso acontece quando partes da emulso se desprende dosuporte. (Absolutamente certo, 1957, dir. Anselmo Duarte.)

    FIGURA 39

    O estriamento de emulso pode ser caracterizado quando:a) pequena bolhas que se sobressaem da superfcie do filme,

    como um alto-relevo;b) a emulso enruga, criando dobras onde se sobrepem partes

    da imagem.

  • 50

    b) as manchas tm um aspecto de cristal, com formas geom-tricas (e no orgnicas) de linhas retas, tpicas de formaesminerais (veja fig. 27, na p. 32).

    NA FICHA DE CATALOGAO, use os seguintes critrios e cdigos:0 quando no h desprendimento de emulso;1 quando a emulso est mida e inchada, faz barulho ao de-

    senrolar e tende a se desprender do suporte se houver algumaespcie de atrito (com a luva, por exemplo);

    2 quando a emulso apresenta reticulao por fungos, cristaliza-o, estriamento ou est se desprendendo no desenrolar, po-rm em pequenas reas;

    3 quando boa parte das imagens ou do som foi destruda porreticulao, estriamento ou desprendimento de emulso, ob-servando-se ausncia de informao em quase todo o rolo.

    FIGURA 40

    qc) perda de detalhes nas reas mais claras da imagem.

    Os filmes tingidos ou virados, quando descorados, tm o mesmoaspecto de lavado, onde se observa pouca diferenas entre as reas cla-ras e as reas mais escuras da imagem e a colorao se torna muito tnue.

    DESCORAMENTO DA IMAGEM COLORIDAA perda das cores originais da imagem um dos grandes proble-

    mas de conservao em qualquer arquivo de imagens em movimento. literalmente o resultado do descoramento dos pigmentos que formam aimagem colorida. Pode-se reconhecer o descoramento observando:

    a) perda de intensidade das cores: o filme fica com aspecto la-vado, com cores fracas;

    b) predominncia de uma cor: comum o filme bastante desco-rado apresentar a imagem rosada (magenta) ou ciano (azu-lada fig. 40);

    Obs.: no ltimo caso, importante indicar, no campo Observa-es, o tipo de ataque: se reticulao por fungo, por cristalizao ouestriamento.

  • 51

    Na FICHA DE CATALOGAO no h um campo especfico para se atri-buir valor ou cdigo (0, 1, etc.) para esse tipo de defeito. Use o campo detexto livre para anotar o que for observado. Lembre-se de indicar o graude profundidade do descoramento.

    ESMAECIMENTO DA IMAGEM PRETO-E-BRANCOEsse problema muito comum nos filmes com base de nitrato. A

    imagem do filme preto-e-branco pode decair, isto , o que deveria ser pretocomea a ficar cinza. Chamamos de esmaecimento quando as reas es-curas da imagem perdem intensidade, perdem sua densidade. No filmecom base de acetato, o esmaecimento da imagem preto-e-branco estassociado ao processo de sulfurao, descrito adiante. O esmaecimentoda imagem p&b caracteriza-se por:

    a) pouca diferena entre as reas claras e escuras da imagem;b) os vrios tons de cinzas tendem a clarear, causando perda de

    detalhes na imagem;c) as reas mais claras ficam chapadas, perdem detalhes e a

    impresso de volumes.

    Na FICHA DE CATALOGAO, descreva o esmaecimento da imagem nocampo Observaes.

    SULFURAOResultado direto de processamento inadequado (fixao e lava-

    gem) do filme, a sulfurao causada pela reteno de resduos qumi-cos na emulso. Tambm pode ser causada por poluentes atmosfricos,mas em menor medida. Identifica-se um filme sulfurado por:

    a) aspecto amarronzado em todo o material, mais facilmentepercebido nas reas claras da imagem inclusive nas regi-es da perfurao e bordas;

    b) em estgio mais avanado, a prpria imagem fica marrom ebranca em vez de preta e branca, num aspecto bastante se-melhante viragem spia observe a imagem da fig. 18.

    A sulfurao pode acontecer de forma homognea, quando o filmetodo tem um amarelamento igual em todo o rolo, ou de forma heterog-nea, quando algumas partes esto mais afetadas dos que outras, criandomanchas amarronzadas que atingem parte do filme.

    NA FICHA DE CATALOGAO, utilize os seguintes critrios e cdigos:0 quando a imagem est normal;1 quando se percebe um leve acastanhamento da imagem, de

    forma homognea ou em algumas partes;

  • 52

    2 quando a sulfurao intensa, amarelando tanto as reas cla-ras quanto as mais escuras, e reduzindo claramente o con-traste entre os negros e os brancos tudo tende a um mesmotom amarronzado;

    3 quando o ataque qumico to intenso que partes da imagemj desapareceram.

    METALIZAOResultado da migrao da prata metlica para a superfcie da

    emulso, a metalizao bastante comum em fotografias em papel. Cha-mamos de metalizao quando se observa um espelhamento (brilho met-lico) nas reas escuras da imagem, que ocorre com a oxidao dessa prata.

    A metalizao pode ocorrer de forma homognea (em todo o roloigualmente) ou heterognea (em reas localizadas do rolo).

    Na FICHA DE CATALOGAO, descreva a existncia desse problema nocampo Observaes. Lembre-se sempre de indicar o grau de intensidadee profundidade.

    MANCHAS ESMALTADAS (OU TRANSFERNCIA DE BRILHO) um indicador de que o material foi submetido a mudanas bus-

    cas de calor e umidade, associadas a nveis altos de temperatura e umi-dade relativa. Significa que houve desestabilizao da gelatina e que,portanto, trata-se de um material com forte tendncia a entrar em pro-cesso de deteriorao mais srio.

    Filmes que tm manchas esmaltadas devem ser prioridade nasrevises peridicas. Exigem maior observao, antes de outros materiaisque no apresentam esse tipo de problema, que se reconhece:

    a) olhando o lado da emulso, o filme apresenta reas mais bri-lhantes do que outras, como se tivesse sido polido (envernizado)em alguns pontos e no em outros;

    b) em geral acontece de forma no homognea, com manchasque se espalham aleatoriamente pelo filme;

    c) pode acontecer de um rolo estar com a emulso quase total-mente abrilhantada. Observe com ateno, sempre so-bram alguns pontos com o aspecto normal, mais fosco, naemulso.

    fcil confundir manchas esmaltadas com manchas de leo. Nadvida, pegue um veludo de algodo (ou mesmo a luva de algodo usadapara manipular o filme), umedea com tricloroetano e tente limpar amanchas (suavemente, no esfregue com fora). Se a mancha for remo-vida leo; se no for, transferncia de brilho.

  • 53

    Na FICHA DE CATALOGAO, registre o problema no campo Observa-es. Lembre-se sempre de indicar o grau de intensidade e profundidade.

    4.3. OUTRAS OCORRNCIAS NO SUPORTE OU NA EMULSOH ainda alguns tipos de danos que podem parecer menores de-

    pois disso tudo, mas so muito comuns e, dependendo da intensidade,podem significar um problema mais srio.

    OBJETOS DENTRO DAS LATAS DE FILMEDentro da lata ou outra embalagem, s deve estar o rolo de filme.

    Admite-se que permaneam junto os bands de marcaes de luz feitosem pelcula. Os bands antigos, daqueles feitos com papelo e garras demetal para prender gelatinas coloridas, devem ser retirados e encami-nhados catalogao (com a indicao de a qual filme pertencem).

    Plsticos, jornais, papis com recadinhos, certificados de censuraou quaisquer outras coisas que se encontrem dentro da lata, com o tem-po, tornam-se agentes de deteriorao do filme. Devem ser retirados ime-diatamente.

    Se os papis contm informaes sobre o contedo do filme(como certificado de censura, relao de assuntos, etc.) devem ser de-vidamente identificados com informao de a que filme se referem e arquivados separadamente, sob controle do encarregado da catalo-gao. Consulte o Manual de catalogao para saber como procedercom segurana.

    LEO, SUJEIRA E OUTRAS IMPUREZASAs manchas oleosas resultam do hbito de se aplicar substncias

    lubrificantes nas cpias para facilitar sua passagem pelos mecanismosdos projetores. Com o tempo, essas substncias funcionam comocatalisadores de umidade e sujeira.

    As manchas ferruginosas na maior parte das vezes so provenien-te da ferrugem da lata, que contamina o filme. Podem ser vermelhas(provocadas por ferro inorgnico) ou azuis (provocadas por ferro orgni-co) e atacam o rolo de filme a partir de suas bordas. So irremovveis epodem tornar o filme imprestvel com o correr do tempo.

    FIGURA 41

    q

  • 54

    A poeira ou outras formas de sujeira em geral so decorrentes dapassagem do filme por instrumentos ou equipamentos sujos, ou simples-mente de sua exposio prolongada poeira do ambiente.

    Na FICHA DE CATALOGAO, anote a presena desses problemas nocampo Observaes, descrevendo-os.

    EMENDASQuando mal feitas ou mal conservadas, as emendas podem ser

    mais uma fonte de problemas. Uma grande quantidade de emendas um problema especialmente nas cpias de exibio, pois pode impedir aprojeo normal de um filme.

    Na bitola 16 mm o excesso de emendas particularmente preo-cupante porque fragiliza o material e freqentemente gera novas ruptu-ras quando da projeo.

    Observe que, nesse momento, estamos preocupados com as emen-das no-originais. Deve-se anotar somente as emendas resultantes douso do material. As emendas plano a plano do negativo original de ima-gem (NOX), por exemplo, no indicam problemas, pois so emendas ori-ginais, necessrias pelo prprio processo de se montar o filme. Em nega-tivos originais de imagem o examinador deve anotar as emendas de meiode cena, obviamente no-originais, causadas pelo uso do material.

    Na FICHA DE CATALOGAO, necessrio recorrer ao bom senso paraatribuir um nmero indicador da intensidade do problema. Filmes nabitola 35 mm suportam mais emendas do que um material em 16 mm.Deve-se observar o grau de fragilidade que as emendas esto provocan-do no material. Atribua o nmero seguindo os critrios e cdigos:

    0 quando no h emendas alm das originais;1 quando h emendas no-originais, porm em pequena quan-

    tidade;2 quando h emendas no-originais em grande quantidade, mas

    o filme ainda projetvel (mesmo exigindo muito cuidado);3 quando a quantidade de emendas impossibilita o uso do ma-

    terial para qualquer fim; o filme no agentaria passar pelasengrenagens dos equipamentos.

    4.4. DEFEITO SEM IDENTIFICAOQuando no se consegue identificar ou definir qual o problema

    filme, deve-se descrever o defeito da maneira mais detalhada possvel.No se esquea de anotar a intensidade e a profundidade do defeito.Deixe sempre muito claro o quanto ele afeta a imagem ou a pista de som,qual o grau de comprometimento na leitura da obra.

  • 55

    5. ATRIBUIO DO GRAU TCNICO DE CONSERVAO (GT)Atribuir um Grau Tcnico (GT) ao estado de conservao uma

    forma prtica e rpida de identificar o estado de conservao de um fil-me. Funciona como uma espcie de resumo de tudo que se observou.

    Combina-se um nmero e uma letra, de acordo com os critriosdescritos a seguir.

    0 A emulso no apresenta danos fsicos visveis na rea da ima-gem ou do som. O suporte pode apresentar pequenos defeitosna perfurao.

    1 A emulso apresenta danos fsicos visveis na rea da imagemou do som. O suporte no apresenta defeitos graves na perfu-rao, isto , nada que impea sua projeo ou duplicao.

    2 A emulso se apresenta profunda ou extremamente danificadafisicamente. O suporte apresenta defeitos graves nas perfu-raes, os quais impedem ou desaconselham a projeo nor-mal do filme.

    3 O filme apresenta sinais de decomposio do suporte.A A emulso no apresenta nenhum sinal visvel de sulfurao,

    esmaecimento ou descoramento.B A emulso apresenta sinal visvel de sulfurao, esmaecimento

    ou descoramento.C H desplastificao do suporte de acetato.D H hidrlise do suporte de nitrato (desplastificao da base

    de nitrato).

    Na Cinemateca Brasileira, com a utilizao h muitos anos dessatabela, constatamos que certas combinaes so usadas com maior fre-qncia. Assim, pode-se resumir a tabela da seguinte forma:

    0A O material est novo, no apresenta nenhum dano fsico ouqumico.

    1B H danos fsico-qumicos no filme, porm de pouca intensi-dade ou quantidade.

    2B Os danos fsico-qumicos observados tm muita intensida-de ou quantidade, deixando o material frgil para o uso.

    3C O filme em acetato apresenta sinal de deteriorao do suporte,em qualquer estgio. Veja a seguir os nveis desta categoria.

    3D O filme em suporte de nitrato apresenta sinal de deteriora-o do suporte (hidrlise) em qualquer estgio.

    Da mesma forma, observamos que a atribuio de um GT 3C paraindicar a desplastificao do suporte de acetato se mostrou insuficiente.Assim, adotamos os seguintes critrios e cdigos:

  • 56

    3C Desplastificao no primeiro estgio (veja captulo 4, An-lise do estado de conservao). O filme j comea a chei-rar a vinagre (cido actico) mas ainda no apresenta ne-nhum outro sinal de deteriorao.

    3Cx Desplastificao no segundo estgio, quando o filme, almde cheirar, j tem o suporte com abaulamento, enca-noamento ou outra deformao fsica.

    3Cxx Desplastificao no terceiro estgio, quando o material,alm dos defeitos j descritos, j est cristalizando.

    3Cxxx Desplastificao no quarto estgio, quando a pelculamostra-se to deteriorada que j est completamente per-dida ou deixa dvidas quanto possibilidade de restau-rao.

    Utilizando a tabela resumida de grau tcnico, mais as derivaesdo GT 3C, a coleo ter um indicador do estado de conservao deseus filmes bastante aproximado, de uma forma rpida e prtica.

    Em geral existem partes melhor conservadas e partes mais dete-rioradas, em um mesmo material. Quando for atribuir um Grau Tcni-co (GT) opte sempre por indicar a pior condio. Uma das principaisfuno do GT alertar para os problemas srios de conservao. En-to, se um filme tem nove rolos em bom estado de conservao e umrolo j cheirando a vinagre (cido actico), o material todo deve rece-ber o GT 3C. muito importante alertar que parte do filme j entrouem processo de deteriorao srio. Muito provavelmente os demais ro-los entraro no mesmo processo em pouco tempo.

    6. TRATAMENTOS BSICOSIntervir diretamente no filme exige muito cuidado. O ideal fazer

    um estgio prtico em algum arquivo de filmes. Aqui vamos descreverapenas os procedimentos mais simples. Observe com ateno as ilustra-es para no causar danos ao filme.

    No confie completamente nas informaes de projecionistas, co-lecionadores ou outras pessoas habituadas a lidar com filmes. Os proce-dimentos de um arquivo, com objetivos de salvaguardar as pelculas por vezes nicas por longo tempo, em geral so bem mais rgidos eexigentes do que os praticados em estabelecimentos que comercializamcinema. Nossos objetivos so diferentes, portanto o nvel de exignciatambm difere.

  • 57

    6.1. LIMPEZA MANUALA limpeza manual dos filmes s pode ser feita em mesa

    enroladeira horizontal. O lquido utilizado para limpeza em geral toxico, portanto o local de trabalho deve ser bem arejado: no trabalheem salas pequenas com pouca circulao de ar. Evite tambm traba-lhar em local com forte corrente de ar ou com ventilador ligado. Aspartculas de sujeira que o vento levanta fatalmente se prendero nofilme e a limpeza ser intil.

    CUIDADOS PRVIOS1. Desenrole o filme inteiro (em mesa enroladeira) e faa todos

    os consertos de perfurao e emendas que forem necessri-os. Garanta que a superfcie da pelcula esteja livre de aspe-rezas, a fim de evitar que o veludo da limpeza ou a luva seprendam nela.

    2. Em uma rea sem compromisso (incio do rolo, fotogramasnegros, reas sem imagem) teste se a emulso no est des-prendendo. Pode ser com a ponta da luva embebida no lqui-do de limpeza, em um fotograma sem compromisso. Se a luvaficar enegrecida (filme preto-e-branco) ou com cor (filme co-lorido), no faa a limpeza com lquido, use s veludo seco.

    3. Tome muito cuidado com filmes que tenham fungos. Antesde limpar todo o filme, faa o mesmo teste j descrito e sigaa mesma orientao.

    4. No faa limpeza manual de forma nenhuma em filmes comdesprendimento de emulso ou cristalizao. Evite at orebobinamento. O nico procedimento seguro mandar ofilme para tcnicos especializados, para um laudo e acon-selhamento de restaurao.

    INSTRUES PARA LIMPAR O FILME1. S faa limpeza manual em mesa enroladeira, de prefern-

    cia horizontal. No tente limpar o filme manualmente emmesa comum, isso causaria problemas piores do que a sujei-ra existente no material.

    2. Coloque o rolo de filme no prato da mesa enroladeira, puxe aponta e prenda no batoque (onde o filme vai ser enrolado)no prato giratrio.

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    ATENO: no utilize lcool comum para limpar filmes!

    3. Umedea generosamente um veludo 100% algodo comtricloroetano.

    4. Dobre o veludo colocando o filme no meio, mantendo o filmereto, perpendicular mesa (fig. 42).

    5. Segure o veludo junto ao filme com pouca presso, para noriscar a emulso e o suporte. A presso no veludo deve sersuficiente apenas para que o movimento do filme no tire oveludo da sua mo.

    Na limpeza manual do filme importante deixar evaporarcompletamente o lquido de limpeza.

    FIGURA 42

    6. V enrolando o filme devagar. O tricloroetano deve evaporarcompletamente antes que o filme seja enrolado de novo. De-pendendo da posio de que se olha, possvel observar aevaporao do lquido: ele deve estar completamente evapo-rado mais ou menos no meio da mesa.

    O tricloroetano e outros lquidos de limpeza no sero mais fabri-cados a curto prazo, por questes ambientais. Ainda no se definiu umsubstituto para esses detergentes. Se houver dificuldade para adquirir otricloroetano, pode ser usado o lcool isoproplico no limpa to bem,mas tambm no vai prejudicar o filme.

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    6.2. CONSERTOS DE PERFURAOConsertar revisar filmes exige que se tenha alguns instrumen-

    tos de trabalho e alguns produtos. Consertos domsticos, sem os instru-mentos adequados, acabam causando mais danos e prejudicando o filme. fundamental que se tenha:

    a) uma coladeira de cola para cada bitola de filme (16 mm;35 mm, etc.);

    b) uma coladeira de durex para cada bitola de filme;c) cola especfica para filmes;d) durex com largura de 19 mm;e) uma tesoura pequena;f) uma raspadeira ou lmina de estilete.

    Quando no se dispe desses instrumentos, o correto enviar ofilme para ser revisado em um arquivo de filmes, preferencialmente.Um laboratrio cinematogrfico tambm pode fazer o servio, mas,como j afirmado, os procedimentos de um arquivo so mais cuidado-sos e seguem padres adequados ao objetivo de guarda de longa per-manncia.

    Uma vez que tenha reunido todos os instrumentos necessrios,treine cada um dos procedimentos em um material sem compromisso,at ter certeza de que est fazendo tudo certo. Uma interveno diretano filme deve ser feita com muita segurana, pois a perda de qualquerparte do filme implica em adulterar a obra que o filme contm. res-ponsabilidade do conservador zelar pela integridade da obra. Portanto,treine bastante antes de fazer consertos em filmes da coleo.

    ARREDONDAMENTO DA PERFURAO ROMPIDAQuando h perda de material correspondente a apenas uma per-

    furao ou mais de uma perfurao, porm no seguidamente, basta quevoc arredonde a perfurao.

    1. Com uma tesoura pequena, corte a parte da borda corres-pondente ao vo da perfurao, de forma arredondada, semdeixar quina, nos dois lados da perfurao, rente s lateraisdas perfuraes (fig. 43).

    2. Tome cuidado para no alargar o vo da perfurao, poisisso causaria problemas quando o filme fosse colocado emqualquer mquina.

    3. Passe a mo com luva na borda, levemente, para conferir seno sobrou alguma ponta que possa enroscar nos equipamen-tos. Se a sua luva enroscar, melhor fazer o arredondamento

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    da borda, sempre tomando cui-dado para no ampliar o bura-co original da perfurao.

    Ao arredondar uma perfurao rompida,cuide para no alargar o vo daperfurao. (Cidade do Salvador, 1941.)

    FIGURA 43

    CONSERTOSCOM COLADEIRA DE DUREXConsertos feitos com fita adesiva

    tipo durex so possveis em muitos ca-sos. uma opo interessante paramateriais que circulam muito, comocpias de difuso que devem ser revisadas antes de cada projeo. A van-tagem de se utilizar fita adesiva que no h perda de material. Numaemenda de cola quase sempre necessrio cortar um ou dois fotogramas,enquanto uma emenda de durex no necessita de cortes portanto, noacarreta perda de informao e no h adulteramento da obra. Este um dos principais motivos para se utilizar consertos de durex em cpiasde exibio, muito sujeitas a rompimentos e danos fsicos causados pelosprojetores.

    Materiais que permanecem em rea de guarda por longos pero-dos, como as matrizes originais de um filme, no devem ter consertosfeitos com durex comum. Existe a opo de se utilizar uma fita adesivaespecial do tipo Perfix para os materiais de guarda de longa perma-nncia, porm essa fita no fabricada n