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MARCO ANTONIO DE ALMEIDA GESTÃO DA PRODUÇÃO E ENTREGA DE MUDAS DE EUCALIPTO CLONAL UTILIZANDO CONCEITOS DE MRP Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Agronegócio no curso de Pós-Graduação em Agronegócio, Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Orientador Prof. Dr. Vitor Afonso Hoeflich CURITIBA 2010

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MARCO ANTONIO DE ALMEIDA

GESTÃO DA PRODUÇÃO E ENTREGA DE MUDAS DE EUCALIPTO CLONAL UTILIZANDO CONCEITOS DE MRP

Monografia apresentada como requisito

parcial para a obtenção do título de Especialista em Agronegócio no curso de Pós-Graduação em Agronegócio, Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná.

Orientador Prof. Dr. Vitor Afonso Hoeflich

CURITIBA 2010

Dedico a minha esposa Vanessa, meu filho

Marco Júnior e minha filha Maria Eduarda, pelo incentivo e pela compreensão enquanto estive dedicando-me aos estudos.

Dedico também à minha mãe Adelina e a

meu pai Geraldo, que apesar de não estarem presentes, serviram de motivação para que eu pudesse prosseguir.

Agradeço a Deus pela oportunidade.

SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................

07

PARTE I – Revisão da Literatura e Metodologia de Pesquisa....................

09

1. Sistema Agroindustrial.................................................................................. 10

1.1. Conceituação inicial.................................................................................... 10

1.2. O reflorestamento no setor de papel e celulose.......................................... 12

2. Sistemas Produtivos....................................................................................... 13

2.1. Conceituação inicial.................................................................................... 13

2.2. Classificação e seleção de sistemas produtivos.......................................... 14

3. Gestão da Produção....................................................................................... 16

3.1. Conceituação inicial.................................................................................... 16

3.2. Planejamento e controle da produção......................................................... 17

4. O conceito MRP............................................................................................. 20

4.1. Conceituação inicial.................................................................................... 20

4.2. Dinâmica MRP........................................................................................... 21

4.3. Componentes de um sistema MRP............................................................. 23

4.3.1. Entradas (Inputs)...................................................................................... 23

4.3.2. Saídas (Outputs)....................................................................................... 24

5.Tecnologia de informação de difusão do conhecimento................................ 25

6. Metodologia de pesquisa............................................................................... 26

PARTE II – Estudo de Caso e Modelagem do Sistema

28

7. Estudo de caso............................................................................................... 29

7.1. Apresentação da organização...................................................................... 29

7.2. Sistema produtivo de mudas florestais....................................................... 31

7.3. Planejamento da produção de mudas florestais.......................................... 34

7.4. O fator conhecimento na organização......................................................... 35

8. Modelagem do Sistema.................................................................................. 36

PARTE III – Apresentação do Sistema.........................................................

39

9. Adaptação de um modelo para a produção de mudas florestais.................... 40

10. Detalhamento do funcionamento do sistema............................................... 43

10.1 Portal.......................................................................................................... 43

10.2 Sistema MRP............................................................................................. 44

10.3 Fluxograma do viveiro florestal................................................................. 46

10.4 Abertura do sistema................................................................................... 47

10.5 Entradas (Inputs)........................................................................................ 48

10.6 Saídas (Outputs)......................................................................................... 67

Considerações Finais....................................................................................... 94

Bibliografia....................................................................................................... 95

Anexos............................................................................................................... 97

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi desenvolver um sistema de gestão de produção e entrega de mudas, utilizando aplicativo simples que é o Excel, para que o usuário possua familiaridade na utilização, além de subsidiar de forma adequada a atividade de planejamento da produção, aumentando a confiabilidade da função produção e, como conseqüência, reduzir os riscos de não atendimento da demanda, além de estar difundindo o conhecimento, dada a complexidade do processo produtivo de mudas florestais bem como sua importância na cadeia produtiva florestal. Foi desenvolvido um software que podemos visualizar todo o sistema produtivo, levando em consideração cada elo, cada processo e memória de cálculo, preocupando-se com a cadeia de suprimentos - “Suplly Chain Management” e com mecanismos eletrônicos confiáveis, cada alteração no fluxo da rede, pode ser absorvida de forma e no momento adequado, permitindo as correções necessárias. O sistema de gestão para a produção e entrega de mudas florestais, traz a confiabilidade para os clientes e para a cadeia produtiva florestal, operacionalizado de forma simples, com a utilização de recursos como as planilhas eletrônicas do tipo Excel e atende principalmente a necessidade de gestão de produção de mudas para fins comerciais, pois com base no conceito do MRP - Material Requirements Planning - Planejamento das Necessidades de Materiais – podemos perceber que o sistema avalia as necessidades para poder gerar o resultado com as possibilidades de compromissos de entregas de mudas, possibilitando o cumprimento de prazos, e conseqüentemente refletindo na agilidade e assertividade das decisões operacionais.

Palavras-chave: mudas, eucalipto, planejamento, software, MRP.

INTRODUÇÃO

O objetivo desse trabalho foi desenvolver um sistema de gestão de produção e

entrega de mudas, utilizando aplicativo simples que é o Excel, para que o usuário

possua familiaridade na utilização, além de subsidiar de forma adequada a atividade de

planejamento da produção, aumentando a confiabilidade da função produção e, como

conseqüência, reduzir os riscos de não atendimento da demanda, além de estar

difundindo o conhecimento, dada a complexidade do processo produtivo de mudas

florestais bem como sua importância na cadeia produtiva florestal.

A principal motivação para o desenvolvimento deste trabalho foi à inexistência,

por parte das empresas florestais, de sistemas formais para o planejamento de viveiro

florestal, mais especificamente, para o caso de gestão da produção de mudas e

principalmente no caso de produção de mudas para fins comerciais. Neste ramo de

atividade existem informações necessárias para a tomada da decisão mais adequada com

relação ao gerenciamento das atividades do processo de produção das mudas. Elas

podem também ser utilizadas no caso de decisões de níveis mais abrangentes, que

necessariamente deverão exigir a utilização de ferramentas computacionais para o

cálculo e processamento dos dados.

Como em todo planejamento, fatores como flexibilidade do sistema operacional,

rapidez na atualização de dados, confiabilidade e objetividade das informações geradas,

são de grande importância para subsidiar o processo de tomada de decisão neste ramo

de atividade.

Normalmente, os profissionais atuantes na área acabam por desenvolver planilhas

individuais, geralmente específicas e fragmentadas. Em muitas oportunidades estas

planilhas tornam-se ou demasiadamente complexas ou muito superficiais. Em ambos os

casos, acabam sendo inadequadas para dar um melhor respaldo à tomada de decisão no

âmbito da produção de mudas, aumentando o risco da ocorrência de falhas operacionais

que possam comprometer a cadeia produtiva desde o seu início.

No mercado, já existem alguns softwares que fazem apenas o controle das

operações, mas que não utilizam o conceito MRP (tanto na forma de Material

Requirement Planning – MRPI quanto na forma de Manufacturing Resources Planning

– MRPII, que possibilitam que os recursos produtivos estejam disponíveis na

quantidade adequada e no momento adequado). O desenvolvimento de um software

com base neste conceito (mais simples, mais “amigável”, com uso de tecnologia mais

acessível) é uma alternativa para viabilizar a elaboração de um modelo de planejamento

operacional para os viveiros florestais, visando atender a maioria das necessidades dos

mesmos.

A formalização de procedimentos e conhecimentos necessários para

operacionalizar tal modelo (fruto de experiências individuais) possibilita, também,

maior disponibilidade e facilidade de acesso ao conhecimento, potencializando a

difusão do mesmo.

Inicialmente, este trabalho apresenta noções sobre os seguintes tópicos:

• Sistema agroindustrial;

• Sistema produtivo;

• Gestão da produção;

• Metodologia MRP;

• Tecnologia de informação e difusão de conhecimento.

Estes conceitos estão colocados de forma resumida, com a exemplificação dos

mesmos, na etapa seguinte, momento em que será caracterizada uma organização

atuante no ramo de produção de mudas, com detalhamento de sua produção de mudas

florestais (e apresentação de especificidades e necessidades deste tipo de atividade).

Finalmente, será apresentada a dinâmica do modelo de gestão da produção, como

apoio ao planejamento específico para a área de produção de mudas de espécies

florestais.

PARTE I

REVISÃO DE LITERATURA

E

METODOLOGIA DE PESQUISA

1. Sistema Agroindustrial

1.1 Conceituação inicial

A evolução da economia tornou obsoleta a noção da agricultura baseada em

“atividade do setor primário”. Atualmente, como coloca Araújo (2003, p.16), “existe

todo um complexo de bens, serviços e infra-estrutura que envolve agentes diversos e

interdependentes”. Esta visão mais abrangente começa a tomar corpo, em nível mundial,

ao final da década de 50 e, no Brasil, na década de 80.

A abrangência desta nova visão, agora denominada como “Complexo

Agroindustrial”, “Agribusiness”, “Cadeia Agroeconômica” ou “Sistema Agroindustrial”

pode ser mais bem entendida com a seguinte conceituação:

“Todos os participantes envolvidos na produção,

processamento e marketing de um produto específico. Inclui o suprimento das fazendas, as fazendas, operações de estocagens, processamento, atacado e varejo envolvidos em um fluxo desde a produção de insumos até o consumidor final. Inclui as instituições que afetam e coordenam os estágios sucessivos do fluxo do produto, tais como governo, associações e mercados futuros” (Araújo (2003, p.16)).

Para este trabalho, em específico, faz-se necessário o detalhamento do conceito de

Sistema Agroindustrial utilizado pelo autor e em acordo com a Associação Brasileira da

Indústria de Alimentação – ABIA, datada de 1993:

• Sistema Agroalimentar, como “o conjunto das atividades que concorrem

à formação e à distribuição dos produtos alimentares” (p.20);

• Sistema Agroindustrial Não Alimentar, como “o conjunto das atividades

que concorrem à obtenção de produtos oriundos da agropecuária,

florestas e pesca não destinada à alimentação, mas aos sistemas

energéticos, madeireiro, couro e calçados, papel, papelão e têxtil” (p.20).

O autor ressalta também a importância de algumas especificidades da produção

agropecuária, que a diferencia da produção de outros bens manufaturados: A

sazonalidade da produção (como conseqüência das condições climáticas), a influência

de fatores biológicos (como doenças e pragas) e, em muitos casos, a rápida

perecibilidade.

Uma última conceituação apresentada por Araújo (2003) a ser utilizada neste

trabalho refere-se aos setores “antes da porteira (ou a montante da produção

agropecuária)”, “dentro da porteira (produção agropecuária propriamente dita)” e “após

a porteira (a jusante da produção agropecuária)”. O primeiro setor é composto

basicamente pelos fornecedores de insumos e serviços, o segundo setor é o conjunto de

atividades desenvolvidas dentro das unidades produtivas agropecuárias, e o último setor

corresponde às atividades de armazenamento, beneficiamento, industrialização,

embalagens, distribuição e consumo.

1.2 O reflorestamento no Brasil

O plantio de florestas no Brasil tem aumentado muito, tendo como explicação a

escassez de madeira, principalmente de cerrados, florestas nativas, que foram sendo

substituídas por reflorestamento principalmente de eucalipto e pinus, além das restrições

legais a extração de florestas nativas.

A área reflorestada com eucaliptos ocupa 4,2 milhões de hectares, ou 65% da área

total de florestas plantadas, que é de 6,6 milhões de hectares. O crescimento médio

desta cultura no país é de 7,5% ao ano.

É importante destacar que apesar das florestas de eucalipto representar no Brasil

uma das maiores áreas plantadas no mundo, ou seja, aproximadamente 21% dos 20

milhões de hectares de eucaliptos plantados no mundo segundo estimativas da Unicamp

– Universidade de Campinas, esta ocupação corresponde a apenas 0,6% do território

brasileiro, cuja dimensão é de 8,5 milhões de km². Alia-se a este cenário, a alta taxa de

produtividade obtida pelo eucalipto no Brasil em relação a outros países do mundo.

2. Sistemas Produtivos

2.1 Conceituação inicial

De acordo com Harding (1987), “sistema” pode ser entendido como uma atividade

contínua envolvendo um conjunto de partes inter-relacionadas, as quais atuam de acordo

com padrões estabelecidos (regras de operações) sobre inputs (entradas) no sentido de

produzir outputs (saídas).

A dinâmica da produção pode ser entendida pela figura a seguir:

Materiais, informações e consumidores Instalações, pessoal Bens e serviços produzidos Fig.1: Dinâmica da produção. Fonte: Yokoyama (2004))

Já um exemplo da inter-relação entre as diversas atividades pertinentes à produção

de bens e serviços pode ser visualizado na seguinte figura:

PROCESSAMENTO OUTPUT INPUT

Desenvolvimento de produto/serviço

Engenharia de suporte técnico

Compras Contabilidade e Finanças

Recursos Humanos

Produção

Marketing

Fig.2: Um enfoque sistêmico para a função produção. Fonte: Yokoyama (2004)

Neste sentido, “sistema produtivo”, ou a “função produção” (conceito utilizado por

Slack (2002) tem uma abrangência muito maior do que um “processo de

transformação”. Esta noção ampliada leva em consideração todas as áreas de uma

organização que atuam de forma integrada e coordenada para agregar valor (transformar

inputs em outputs e, neste processo, agregar valor).

2.2 Classificação e seleção de sistemas produtivos

Uma classificação tradicional de sistemas de produção é fornecida por Moreira

(2002):

• Sistema de Produção Contínua ou de Fluxo em Linha;

• Sistema de Produção por Lotes ou por Encomenda (Fluxo Intermitente);

• Sistema de Produção de Grandes Projetos sem Repetição.

Slack (1999) apresenta uma versão mais abrangente, ao inserir a categoria de

serviços, como pode ser observado na tabela a seguir:

Processos em manufatura Processos em Serviços

Processo de Projeto Serviços Profissionais

Processo de Jobbing

Processo em Lotes ou Bateladas Loja de Serviços

Processo de Produção em Massa

Processos Contínuos Serviços de Massa

Tab.1: Tipos de Processos Fonte: Slack (1999)

Ressalte-se que cada “tipo” de sistema produtivo possui características distintas:

lay-out, equipamentos, mão-de-obra, mix/volume de produção, programação da

produção, grau de contato com o consumidor, etc.

A seleção do tipo de processo mais adequado deve levar em consideração os

objetivos da função produção que, baseando-se em Slack (2002) podem ser agrupados

em: Qualidade, Velocidade, Confiabilidade (ou Pontualidade), Flexibilidade e Custo (ou

Preço). Para alguns autores, de forma alternativa, estes objetivos podem ser agrupados

em Qualidade, Tempo, Flexibilidade e Custo.

Como decorrência destes objetivos, os fatores variedade e volume de produção

afetam diretamente a seleção dos processos, numa relação que pode ser exemplificada

na figura a seguir:

Fig.3: Relação Mix/Volume e Processo em Manufatura Fonte: Slack (1999, p.135)

Pode-se observar que componente mix diminui com o aumento da escala de

produção, resultando produtos mais padronizados. De acordo com Mayer (1986) os

produtos padronizados são aqueles que a empresa produz para estoque. Segundo o autor

é possível fazê-lo porque há demanda contínua para esses produtos, além disso, suas

especificações são, de certo modo, previsíveis.

Finalmente, ressalte-se que a classificação de sistemas produtivos apresentada deve

ser utilizada como uma orientação sendo que na prática, é usual a utilização de modelos

mistos de processos de manufatura.

3. Gestão da produção

3.1. Conceituação inicial

Conceituação inicial, iniciando pelas responsabilidades de acordo com Slack

(1999):

Indiretas:

• interagir com outros setores da organização para benefício mútuo;

Diretas:

• entender os objetivos estratégicos da produção;

• desenvolver estratégia de produção;

• projetar processos de produção;

• planejar e controlar a produção;

• melhorar o desempenho da produção.

Complementando, em relação às atividades de planejamento / tomada de decisão,

Moreira (2002) classifica-as pelo critério de prazo e risco:

• Nível Estratégico: prazo e risco elevados;

• Nível Tático: prazo médio, risco moderado;

• Nível Operacional: curto prazo, baixo risco (decisões de rotina).

Ainda, ao se tratar da administração da produção pela abordagem sistêmica,

também fica claro que ela é uma atividade que está totalmente dependente de muitos

outros sistemas que operam na empresa.

3.2. Planejamento e controle da produção

De acordo com Harding (1987), o objetivo do planejamento de produção é atender

os prazos de entregas aos clientes com o mínimo custo, via planejamento da seqüência

das atividades de produção; ou de forma resumida, segundo Slack (2002), planejamento

e controle é a atividade de se decidir sobre o melhor emprego dos recursos de produção,

assegurando assim, a execução do que foi previsto.

Harding (1987) coloca que o planejamento é necessário, pois em toda unidade de

produção há pessoas, maquinários e materiais, recursos dispendiosos, que devem ser

usados da melhor maneira a fim de torná-la mais lucrativa. Ainda, o autor complementa

que a moderna produção é complexa, tecnológica e deve, portanto, ser planejada

cuidadosamente para levar em conta todas as possíveis restrições.

Zaccarelli (1999; p.71) coloca que “o trabalho do planejamento direta ou

indiretamente, afeta toda a organização, como conseqüência dos documentos utilizados

no planejamento (roteiro de produção, detalhes de cada operação, tempo de preparação,

etc.), ferramentas, estimativas, etc.”.

Ainda segundo Harding (1987), para realizarmos o planejamento, precisamos de

uma programação (listagem de produtos que deve ser realizada em determinado período

de tempo e que é usualmente disposta numa seqüência de prioridade). Normalmente ela

é baseada numa previsão de demanda. De acordo com Machline (1990), esta previsão

pode ser baseada nos pedidos recebidos dos clientes, nas previsões de vendas, ou em

ambas.

Marinho (2001) reforça a idéia de que o planejamento da produção praticamente se

inicia com dados que estipulam quais e quantos produtos devem ser produzidos e

quando eles devem estar concluídos; além disso, coloca que, tradicionalmente, nos

sistemas produtivos que produzem sob encomenda (make-to-order), esses dados

aparecem durante o processo de venda do produto.

Slack (2002) cita o exemplo de um construtor de casas que tenha projetos

padronizados; ele pode optar por construir cada casa somente quando um consumidor

tenha colocado um pedido firme. Neste caso, a operação precisaria de um planejamento

e controle do tipo fazer-contra-pedido (make-to-order).

Slack (2002) apresenta também o conceito de sistema de planejamento e controle

puxado, onde o passo e as especificações do que é feito são estabelecidos pelo cliente

(interno ou externo) que “puxa” o trabalho dos fornecedores (internos ou externos).

Assim, o consumidor atua como um “gatilho” da produção e da movimentação. Se uma

“requisição” não é passada para trás pelo consumidor para o fornecedor, o fornecedor

não é autorizado a produzir qualquer coisa ou mover qualquer material.

De forma mais detalhada, Slack (2002) menciona que o planejamento e o controle

requerem a conciliação do suprimento e da demanda em termos de volume, tempo e

qualidade. Para conciliar o volume e o tempo, quatro atividades justapostas são

desempenhadas:

• Carregamento: a quantidade de trabalho alocado para um centro de

trabalho;

• Sequenciamento: quando o trabalho chega, decisões devem ser tomadas

sobre a ordem em que as tarefas serão executadas;

• Programação é quando ao determinar a seqüência em que o trabalho será

desenvolvido algumas operações requerem um cronograma detalhado,

mostrando em que momento os trabalhos devem começar e quando eles

devem terminar;

• Controle: intervenção periódica nas atividades da operação.

Como exemplo de sequenciamento, de acordo com Slack (2002), algumas

operações servem ao consumidor na exata seqüência de suas chegadas, na forma Firts

In First Out (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair - FIFO).

Ainda segundo o autor, a divisão entre planejamento e controle não é clara, nem na

teoria, nem na prática. Todavia, há algumas características gerais que ajudam a

distinguir os dois. Um plano é uma formalização do que se pretende que aconteça em

determinado momento no futuro. Um plano não garante que um evento vá realmente

acontecer, é a declaração de intenção de que aconteça. O controle é o processo de lidar

com as variações, podendo significar que os planos precisem ser redesenhados em curto

prazo.

O planejamento engloba também o controle de estoques. No caso de mudas

florestais, o estoque serve para suprir uma eventual oscilação da demanda, pois apesar

da demanda ser previsível e de uma garantia de retirada das mudas, a existência de um

estoque é importante principalmente em virtude da possibilidade de ocorrência de

algum problema operacional e fisiológico, visto a complexidade do trabalho com

clones.

Complementando, de acordo com Riggs (1981), os métodos quantitativos voltados

ao planejamento devem ser utilizados para subsidiar a tomada de decisão, e não como

soluções prontas para as questões os problemas de produção.

Finalmente, é difícil imaginar uma empresa não fazendo parte de uma rede

produtiva maior. Neste contexto, são válidos os conceitos pertinentes ao Suplly Chain

Managment (ou Gestão Integrada de Cadeia de Suprimentos), que de acordo com Ching

(2001), é todo esforço envolvido nos diferentes processos e atividades empresariais que

criam valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final.

Um exemplo de cadeia de suprimentos é fornecido pela figura a seguir:

Informações e Recursos

Produtos e Serviços

Fontes de Suprimento Fornecedores Empresa Distribuidores Consumidores

Logística de suprimentos

Logística de produção

Logística de distribuição

Informações e Recursos

Produtos e Serviços

Fontes de Suprimento Fornecedores Empresa Distribuidores Consumidores

Logística de suprimentos

Logística de produção

Logística de distribuição

Fig.4: Estrutura de cadeia logística integrada Fonte: Ching (2001, p.91)

Na prática, é uma forma integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias,

informações e recursos, desde os fornecedores até o cliente final, procurando

administrar as relações na cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício de

todos os envolvidos.

Ou seja, cada elo da cadeia deve realizar o seu planejamento de formar coordenada

com os outros elos da cadeia. Ao visualizar o sistema produtivo como um todo, cada elo

poderá, através de mecanismos de controles confiáveis, fazer as correções necessárias

frente às possíveis alterações de fluxo na rede. Desta forma, poderá colaborar de modo

eficaz para que a cadeia possa atingir os seus objetivos.

4. O conceito MRP

4.1 Conceituação inicial

A conceituação foi baseada em Slack (2002), Moreira (2002), Stevenson (2001),

Goodfellow (1996), Gaither (2001), Mark (2001) e Martins & Laugeni (1999).

Os sistemas MRP, como atualmente são conhecidos, foram viabilizados na década de

1960 a partir do desenvolvimento da capacidade de processamento dos computadores.

Inicialmente, foram utilizados como ferramenta de apoio a sistemas de controle de

estoques, para itens de demanda dependente (itens que dependem da demanda de

produtos finais; as partes componentes), e denominados Material Requirement Planning

(Planejamento das Necessidades de Materiais).

A partir da década de 1980 estes sistemas tornaram-se mais abrangentes,

integrando áreas como a financeira e a engenharia das empresas. Assim, além dos

materiais que já eram tratados, passou-se a considerar também outros insumos como

mão-de-obra, equipamentos, espaços disponíveis para estocagem, instalações, etc.

Os softwares com tais capacidades de processamento passaram a ser denominados

Manufacturing Resources Planning (Planejamentos dos Recursos de Manufatura).

Como as iniciais de Manufacturing Resources Planning são as mesmas de Material

Requirement Planning , convencionou-se chamar o primeiro de MRPII e o segundo de

MRPI. Hoje em dia é cada vez maior o número de autores que chamam o MRP II de

ERP (iniciais de Enterprise Resource Planning, ou seja, Planejamento dos Recursos da

Empresa).

Desta forma, ao longo do tempo o conceito MRP desenvolveu-se de um foco na

gestão de operações que auxiliava o e planejamento e o controle das necessidades de

materiais para se tornar, em anos mais recentes, um sistema corporativo que apóia o

planejamento de todas as necessidades de recursos do negócio.

Atualmente, o conceito MRP é extremamente difundido entre os profissionais que

direta ou indiretamente lidam com os processos de produção (principalmente de alto

volume), tanto de tangíveis (bens) quanto de intangíveis (serviços).

4.2 Dinâmica MRP

A familiarização com o sistema montado é primordial para a sua

operacionalização. Conforme Stevenson (2001), os gerentes precisam estar

familiarizados com os principais detalhes dos inputs, dos outputs e do processamento do

MRP.

A partir da data e da quantidade em que um produto final é necessário, obtém-se as

datas e as quantidades em que suas partes componentes (itens de demanda dependente)

são necessárias. Assim, os sistemas MRP podem ser entendidos não só como uma

técnica de controle de estoque, mas também como uma ferramenta de programação da

produção, já que determina quanto deve ser reposto de cada item (adquirido ou

processado) e a data que cada item deve estar disponível.

Os sistemas MRP permitem estes cálculos com base nos pedidos em carteira, assim

como uma previsão para os pedidos que a empresa imagina receber. Na seqüência,

verificam, então, todos os ingredientes ou componentes que são necessários para

completar esses pedidos, garantindo que sejam providenciados a tempo. A dinâmica de

um sistema MRPI pode ser visualizada na figura a seguir:

Fig.5: MRPI Fonte: Martins & Laugeni (1999, p. 223)

Já a dinâmica de um sistema MRPII, mais abrangente, pode ser observada na

figura a seguir:

Fig.6: MRPII Fonte: Martins & Laugeni (1999, p.219)

As entradas e saídas destes sistemas serão detalhadas nos capítulos a seguir.

4.3 Componentes de um sistema MRP

4.3.1 Entradas (Inputs)

A qualidade dos dados utilizados é fator primordial. Conforme Goodfellow (1996),

a implementação do MRP precisa ser desenvolvida sobre alicerces sólidos de dados

muitos acurados. Os inputs básicos estão listados a seguir:

• Projeção da demanda

A partir de uma previsão de vendas inicial é possível elaborar um roteiro de

produção (denominado de Programa / Plano Mestre de Produção) que determina para

cada tipo de produto fabricado pela empresa, a quantidade e o momento em que ele

deverá estar disponível para se atender esta demanda.

• Estoque: partes e componentes

Em resumo, Slack (2002) define estoque como a acumulação armazenada de

recursos materiais em um sistema de transformação. Complementando, afirma que não

importa o que está sendo armazenado, ou onde ele está posicionado na operação; ele

existirá porque existe uma diferença de ritmo (ou de taxa) entre fornecimento e

demanda. Martins & Laueni (1998) mencionam que a informação sobre os níveis de

estoques para cada item é também essencial para operacionalizar um MRP.

• Restrições: equipamentos e instalações

As restrições de equipamentos e instalações em um sistema têm a preocupação de

listar “gargalos” que podem afetar a capacidade de atendimento das necessidades. Slack

(2002, p.344), coloca que “as partes que estão trabalhando em sua capacidade máxima é

que são as restrições de capacidade de toda a operação”.

• Lista de materiais

A lista de materiais dá a base para a continuidade dos cálculos. De acordo com

Martins & Laugeni (1999, p.231), “é a parte mais difícil e trabalhosa do sistema”.

Todos os produtos da linha de fabricação devem ser subdivididos em todos os seus

componentes, subcomponentes e peças.

De acordo com Slack (2002, p.458), “um sistema MRP necessita de arquivo dos

componentes de cada item, assim como um cozinheiro necessita de uma lista de

ingredientes necessários para preparar um prato”.

4.3.2 Saídas (Outputs)

• Atualização de estoques

O sistema, ao processar os dados referentes ao estoques utilizados,

automaticamente permite uma atualização dos estoques disponíveis.

• Ordens de Produção

Chiavenato (1991, p.97), cita que “Ordem de Produção é a comunicação para

produzir que é enviada para a seção produtiva, autorizando-a a executar determinado

volume de produção”.

• Ordens de compras

De forma análoga às ordens de produção, são todas as ordens geradas solicitando

as compras de materiais, listando o que, quando e quanto, para realização da produção e

cumprimento dos prazos.

• Relatórios gerenciais

O sistema permite a geração de relatórios de apoio ao planejamento das operações.

5. Tecnologia de informação e difusão do conhecimento

Segundo Cruz (2003), tecnologia de informação é todo e qualquer dispositivo que

tenha capacidade para tratar e ou processar dados e ou informações, tanto de forma

sistêmica como esporádica, que esteja aplicada no processo.

Em relação a estes dispositivos, Proença (1995), afirma que os computadores

armazenam e tratam as informações, enquanto as redes de comunicação a transportam.

Desta forma, computadores e redes formam a infra-estrutura de integração básica das

organizações modernas.

Yokoyama (2004) apresenta o Inside-out como uma abordagem atual para a

formulação de estratégia; nesta abordagem (cujos principais autores são Hamel &

Prahalad) a vantagem competitiva é determinada a partir do desenvolvimento, no

interior das organizações, de core competencies (competências essenciais, oriundas de

recursos valiosos, escassos, sem substitutos e de difícil imitação existentes em uma

organização). Neste novo contexto, competência pode ser entendida como o

conhecimento valorizado pelo mercado.

Neste sentido, ainda segundo Yokoyama, a gestão do conhecimento tem papel

essencial, sendo que o desenvolvimento e a difusão do conhecimento são etapas

obrigatórias deste processo. Assim, a tecnologia de informação pode ser considerada um

mecanismo deste processo, ao permitir disponibilizar e difundir o conhecimento nas

organizações.

6. Metodologia de pesquisa

De acordo com Gil (1991), podemos classificar esta pesquisa como “pesquisa

exploratória”, que tem como principal objetivo proporcionar maior familiaridade com o

tema.

Em relação aos procedimentos técnicos utilizados, na primeira parte do trabalho

utilizou-se o recurso de levantamento bibliográfico sobre os tópicos apresentados.

A segunda parte do trabalho baseou-se num estudo de caso, que permite uma

análise mais detalhada com base em um único objeto de estudo.

Nesta parte, para a coleta de dados, recorreu-se ao levantamento documental,

entrevistas informais com profissionais que desempenham atividades na empresa

relacionadas com as atividades objeto de estudo.

Nesta segunda parte, este trabalho pode também ser considerado, como uma

“pesquisa-ação”, visto que o executor atuou como participante cooperador e responsável

pelo processo de desenvolvimento de um novo modelo.

Por se tratar de um novo modelo, a pesquisa tem as características de um estudo

experimental, do tipo antes-depois, já que o modelo foi desenvolvido a partir da

constatação de necessidades específicas, simulado e avaliado para ser incorporado à

rotina das organizações.

Pode-se enquadrar o desenvolvimento deste modelo dentro do ciclo PDCA de

Deming (Martins & Laugeni (1998)): planejar (Plan), fazer (Do), verificar (Check) e

agir (Act).

Finalmente, o desenvolvimento do modelo obedeceu ao seguinte roteiro:

• Caracterizar o processo produtivo de mudas;

• Verificar com usuários as dificuldades e necessidades;

• Após consulta aos usuários, analisar as necessidades específicas de um

planejamento e controle de unidades produtivas de mudas florestais;

• Formalizar lista de materiais em forma de planilhas.

• Formalizar cronograma da seqüência de etapas produtivas (cronograma de

montagem MRP) em forma de planilhas;

• Formalizar sistema MRP piloto;

• Simular funcionamento / analisar funcionalidade / promover melhorias do

sistema em desenvolvimento;

• Buscar tornar “amigável” a interface do sistema com o usuário;

• Apresentar modelo final.

Parte II

ESTUDO DE CASO

E

MODELAGEM DO SISTEMA

7. Estudo de caso

7.1 Apresentação da organização

• Angicos Comércio de Mudas Florestais e Ornamentais

A Angicos Comércio de Mudas Florestais e Ornamentais, empresa fundada há 5

anos na cidade de Borebi, estado de São Paulo, com capacidade instalada de 40 milhões

de mudas clonais de eucalipto por ano, com aproximadamente 170 funcionários,

entregando mudas em quase todos os estados brasileiros.

A apresentação da empresa encontra-se no anexo 1.

• Consultoria e Assessoria Florestal

Serviços de consultoria e assessoria florestal, na área de produção, planejamento e

manejo de viveiros florestais, com gestão de um total de aproximadamente 120 milhões

de mudas por ano.

O estudo de caso foi realizado no viveiro florestal Angicos e de três outras

Empresas que recebem assessoria, totalizando quatro Empresas no estudo de caso desse

sistema de gestão.

7.2 Sistema produtivo de mudas florestais

A produção de mudas florestais pode ser inserida, de acordo com Araújo (2003),

no Sistema Agroindustrial Não Alimentar, com algumas especificidades que a

diferencia da produção de outros bens manufaturados, algumas delas condizentes com

aquelas citadas anteriormente pelo autor:

• Perecibilidade das mudas;

• Problemas fisiológicos durante o processo de produção que podem afetar

o volume de produção;

• Oscilações no volume de produção como conseqüência da sazonalidade

da demanda;

É uma atividade classificada também, como “dentro da porteira (produção

agropecuária propriamente dita)”, atuando ao mesmo tempo como cliente e fornecedor

na cadeia produtiva florestal.

De uma maneira geral, a produção de mudas florestais ocorre em grande escala (ou

seja, em massa), mas na forma de grandes lotes. Além disto, o fluxo produtivo

assemelha-se muito a um fluxo contínuo. Desta forma, e com base nas classificações

apresentadas por Slack (1999) e Moreira (2002), podemos classificá-la como um

processo de produção do tipo contínuo.

Esta classificação respeita as definições apresentadas por Slack (1999), que cita os

processos contínuos como situados a um passo além dos processos de produção em

massa. Isto pelo fato de operarem em volumes ainda maiores e em geral terem

variedade ainda mais baixa. Assim, em relação ao componente mix, a produção de

mudas resulta em produtos padronizados.

O processo produtivo de mudas pode ser visualizado na figura 7 e no Anexo 1.

O objetivo de desempenho confiabilidade é crítico na produção de mudas,

principalmente porque o cliente que adquire as mudas possui um curto espaço de tempo

para plantá-las no campo, além de sofrer também, interferência das condições climáticas

locais (radiação solar, precipitações, temperatura, ventos, etc.).

Na figura 8 podemos observar como exemplo, um modelo da cadeia de suprimento

para a área florestal, onde fica evidenciada a posição do Viveiro Florestal, e a sua

importância na produção de mudas para suprir os elos subseqüentes nessa cadeia

produtiva.

Exemplo disto é fornecido por Gonçalves (2000), que menciona ser o processo da

micro-estaquia, na sua primeira etapa, dependente da existência de laboratórios de

cultura de tecidos, para alcançar um grau de rejuvenescimento rápido e desejável às

plantas, o que encarece a produção de mudas

Finalmente, as especificidades da produção de mudas e de atividades relacionadas

a ela, que são muito minuciosas, devem ser consideradas na elaboração do planejamento

desta produção, principalmente por ser tratar de mudas clonais.

Fig.7: Produção de mudas florestais

Fig. 8. Cadeia de Suprimentos da área florestal.

Insumos: Fertilizantes, Defensivos, Substratos, explantes de clones, etc.

Fornecedores

Viveiro Florestal

Produção de Mudas

Silvicultura Formação de

Florestas

Papel de Imprimir e Escrever

Papel Revestido

Produtos de Madeira

Celulose

Indústria

Cavacos

Toras

Madeira Serrada

Distribuidores Consumidores

Insumos: Fertilizantes, Defensivos, Substratos, explantes de clones, etc.

Fornecedores

Viveiro Florestal

Produção de Mudas

Silvicultura Formação de

Florestas

Papel de Imprimir e Escrever

Papel Revestido

Produtos de Madeira

Celulose

Indústria

Cavacos

Toras

Madeira Serrada

Distribuidores Consumidores

37

7.3 Planejamento da produção de mudas florestais

O planejamento é importante devido a complexidade, escala e custo envolvidos

neste tipo de atividade.

Exemplo disto é a demanda, que possui flutuações acentuadas, pois a área que vai

ser plantada muitas vezes depende da retirada da madeira, aliadas às épocas chuvosas,

para facilitar a sobrevivência das mesmas. Apesar de que atualmente, a silvicultura do

eucalipto tem evoluído para o plantio durante todo o ano e inclusive a noite.

Estas flutuações acabam por interferir no volume de mudas a serem produzidas,

interferindo diretamente na quantidade necessária de mão-de-obra, no volume de

insumos, e na capacidade física da área necessária para o viveiro.

No caso de mudas florestais, o planejamento é do tipo make-to-order (fazer-contra-

pedido), conforme conceituado por Marinho (2001) e exemplificado por Slack (2002).

Utiliza também outro conceito importante apresentado por Slack (2002): é um

sistema de produção puxado, ou seja, quem solicita é o cliente, que em muitos casos vai

precisar retirar o lote que está pronto (puxar) para poder solicitar outro.

O sequenciamento definido para as ordens de produção é de acordo com a data

prevista solicitada para a expedição, ou seja, necessariamente precisa sair um lote para

entrar outro; desta forma, utiliza-se o critério de First In First Out (FIFO), primeiro a

entrar, primeiro a sair.

A movimentação de estoque é feita de acordo com PEPS – primeiro que entra,

primeiro que sai – em virtude do produto ser mudas, considerado perecível.

38

7.4 O fator conhecimento nas organizações

As empresas possuem várias alternativas para difundir o conhecimento, como

Banco de Relatórios, Acervo Técnico, SAP, Funcionários, Internet, Sistemas de

Informações Geográficas e Sistemas Florestais.

O Sistema de Gestão da produção de mudas é mais uma ferramenta para a área

florestal, vindo agregar nessa rede, fornecendo conhecimento e fazendo parte desse

sistema de informação

39

8. Modelagem do sistema

O objetivo básico para o desenvolvimento deste sistema foi subsidiar de forma

adequada a atividade de planejamento da produção, aumentar a confiabilidade da função

produção e, como conseqüência, reduzir os riscos de não atendimento da demanda, além

de estar difundindo o conhecimento, dada a complexidade do processo produtivo de

mudas florestais, como já comentado anteriormente.

Esse trabalho vem para somar ao sistema de informação e a gestão de

conhecimento das Empresas.

• A escolha da utilização da conceituação MRP

Um conceito importante do MRP é a criação de um banco de dados. Outro, é a

criação de um sistema de integração entre os diversos setores de uma empresa. Foram

estes os fatores que determinaram a utilização deste modelo como referência para o

desenvolvimento de um sistema de apoio ao planejamento da produção de mudas

florestais.

O sistema desenvolvido tomou por base os conceitos do MRP I, planejando as

necessidades de materiais (o quê, quando e quanto, para a produção de mudas

florestais), complementada por alguns conceitos do MRP II, levando em consideração a

utilização de alguns recursos considerados importantes para o caso (porém, sem

nenhuma implicação na área financeira, porém mostrando a previsão de faturamento).

Como ressalvas, o sistema desenvolvido não controla estoques, visto que as

empresas possuem softwares específicos para isso. O controle operacional das

operações de produção também não está contemplado nesse trabalho, sendo uma meta

para uma etapa posterior (embora, como coloca Slack (2002), a divisão entre

planejamento e controle não é clara, nem na teoria, nem na prática). O que está

contemplado nesse trabalho é a atualização mensal do estoque de mudas produzidas,

que passa a fazer parte do novo contexto de planejamento.

40

• Levantamentos das planilhas e necessidades

Usualmente, no planejamento da produção, são utilizadas planilhas no formato

Excel, de forma simples e sem vínculos entre os dados.

O Excel é utilizado apenas como uma ferramenta de cálculo, não se explorando o

recurso de deixar montadas às fórmulas, o que facilitaria a existência de um roteiro, ou

seja, uma memória de cálculo, de tal forma que toda vez que fosse digitado um dado,

automaticamente seria apresentada uma resposta. Atualmente, toda vez que as planilhas

são utilizadas necessita-se refazer a memória de cálculo.

Em se tratando de vínculos entre planilhas, a carência é ainda maior; o que existe é

um banco de dados fragmentado, composto de diversas planilhas isoladas.

Estes fatos impedem a obtenção de dados precisos e com a devida rapidez, além

disso, impossibilitam o aproveitamento de conhecimentos e experiências individuais.

• Integração de todas as planilhas de forma didática e objetiva

A utilização da plataforma Excel foi mantida, visto ser uma ferramenta simples

(conhecido pela maioria dos usuários de computadores possui e que pode ser utilizado

em quase todas as marcas e modelos), existindo ainda, mecanismos que permitem a

vinculação de planilhas neste formato. Desta forma, podem-se integrar planilhas

julgadas mais importantes (e, portanto, dados mais importantes).

• Flexibilidade com os dados

Para a entrada dos dados, houve uma preocupação com a flexibilidade de ser

possível alterá-los de acordo com a necessidade.

Foi necessário deixar o prazo para a produção de mudas fixo, visto que o Excel é

uma ferramenta que não permite que trabalhem com variações nesse prazo. O prazo ou

período de tempo, definido para a produção de mudas é de três meses para as mudas

clonais.

• Realização do acabamento da planilha

A memória de cálculo embutida nas planilhas deve ser visualizada pelo usuário do

planejamento, porém, não necessariamente passíveis de alteração, o que poderia alterar

e condenar todo o resultado. Por esse motivo, pode-se utilizar o recurso de senha para

41

alterações nas células que possuem fórmulas e vínculos e, ocultar as que não precisam

ser visualizadas.

A navegação entre as planilhas pode ser realizada por intermédio de botões com

macros associadas, sendo resumidos todos em um “portal”, facilitando assim a

visualização da amplitude do trabalho em uma só página, que passaria a oferecer todas

as alternativas possíveis dos acessos e dos relatórios, o que permite também uma maior

velocidade desta navegação.

• Simulações das planilhas com dados

Para conferir se o trabalho é confiável e para a validação é necessário a simulação

com dados fictícios, o que permite acompanhar o processo do cálculo e os resultados

obtidos para se avaliar a correção e coerência com os valores esperados. Para tanto, essa

simulação necessita ser executada por profissional com intimidade com o manejo de

planilha eletrônica e que também tenha base prática do assunto que está sendo estudado,

evitando dessa forma resultados não desejáveis e/ou que não respondam aos objetivos

esperados no trabalho.

42

PARTE III

APRESENTAÇÃO DO SISTEMA

43

9. Apresentação do Sistema

O Sistema projetado realiza a gestão de produção e entrega de mudas clonais de

eucalipto.

Na figura 10 abaixo, podemos observar a aparência do portal considerando as entradas

(inputs) e as saídas (outputs).

Figura 10: Portal inputs e outputs

44

10. Detalhamento do funcionamento do sistema

10.1 Portal

O sistema compreende arquivos projetados e instalados no Excel.

Para facilitar a navegação entre eles foi criado um portal, conforme figura 11,

considerado como o principal, o qual faz intercâmbio através de macros, com todos os

demais arquivos.

O portal, além de criar esse vínculo entre os arquivos, permite expor de forma

didática o planejamento da produção e entrega de mudas.

Figura 11: Portal para navegação

45

Do lado esquerdo estão todas as pastas de entradas (inputs), de acordo com a figura

13.

No caso da produção de mudas, o tempo foi pré-definido de três meses para a

produção de mudas clonais.

O sistema de planejamento está composto por Entradas (inputs), processamento

dessas informações – sistema MRP e Saídas (outputs), que automaticamente gera os

dados prontos.

10.2 Sistema de Gestão utilizando conceitos MRP

• Entradas (Inputs)

Figura 13: Entradas (inputs)

46

Dentro de cada pasta de Entradas, é possível inserir dados, de acordo com o planejamento que está sendo realizado, conforme figura 14.

Figura 14: Exemplo da pasta de Entradas

47

De acordo com as setas vermelhas pode ser observada a memória de cálculo,

conforme figura 15.

O Clone 1, na condição de Jardim Clonal 1 possui 81,6 mil cepas (matrizes) com

produção de 7,55 me/mc/mês (microestacas/microcepa/mês) com projeção de produção

de 616 mil me (mil microestacas – mudas ainda não enraizadas). O mesmo raciocínio

para a condição 2 porém com 38,040 mil matrizes. Somando as 2 condições temos 120

mil cepas, com projeção de produção de 654 mil microestacas com % de AF

(aproveitamento final) estimado em 80%, onde se tem uma projeção de produção de 523

mil mudas já enraizadas. Como o ciclo de produção de mudas é de 3 meses, a mudas de

dezembro de 2009 serão expedição em março de 2010.

Na segunda parte temos as Adições no Estoque de mudas, onde a adição foi

projetada no estoque de março de 2010 de acordo com o raciocínio já explicado

anteriormente. Na próxima linha tem o estoque saldo mês anterior mais o estoque

projetado onde vai acumular o saldo mensal com o estoque. Temos também a linha de

Estoque Real, onde mesmo após o planejamento executado, pode ser feito atualização

mensal conforme produção real. E por último a linha saldo de estoque.

Na terceira parte temos os compromissos com os clientes, onde é lançado o cliente,

com o devido tipo de negociação, incluindo preço de mudas, e o volume de mudas de

acordo com cada mês do cronograma. No final dessa listagem temos o total de

expedição, bem como o saldo do estoque geral. Esse saldo do estoque (no caso 23 mil

mudas) é que sobe para o saldo do próximo mês, gerando dessa forma uma vinculação

do estoque versus produções mensais versus expedições mensais.

48

Figura 15: Memória de Cálculo

49

Na célula laranja, podemos observar o valor 1.416 mil mudas que é o saldo de acordo com o raciocínio apresentado até o momento.

Figura 16.

A seguir será apresentada uma simulação de um lançamento de estoque real, deixando de ser uma projeção, mas sim um resultado

operacional já ocorrido.

Figura 16: Exemplo da Visualização Estoque somente com as previsões

50

Na célula laranja, podemos observar agora em vez de o valor 1.416 mil mudas que era o saldo projetado, mas sim o falor de 600 mil

mudas que é o valor lançado na célula anterior como estoque real. Desse ponto em diante, a memória de cálculo vai assumir o valor 600 mil

mudas, desconsiderando o valor 1.416 mil mudas previamente apresentadas. Figura 17.

Importante ressaltar que esse planejamento é realizado por três anos, neste de 2010, 2011 e 2012.

Figura 17: Exemplo da Visualização Estoque Real

51

Saídas (Outputs)

Do lado direito estão todas as pastas de Saídas (outputs), de acordo com a figura 18

Figura 18: Saídas (Outputs)

52

Resultado da composição do volume de matrizes (microcepas), de acordo com a

figura 19.

Figura 19: Saídas – volume de matrizes (microcepas)

Resultado da composição da capacidade de produção de microestacas, de acordo

com a figura 20.

Figura 20: Saídas – capacidade de produção de microestacas

Resultado da composição da capacidade de Expedição de Mudas, de acordo com a

figura 21.

Figura 21: Saídas – capacidade de expedição de mudas

53

Resultado da composição de Expedição de Mudas por clone e mensal, de acordo

com a figura 22.

Figura 22: Saídas – capacidade de expedição de mudas em mil mudas

Resultado da composição de Expedição de Mudas, mensal e por clone, de acordo

com a figura 23.

Figura 23: Saídas – capacidade de expedição de mudas em reais

54

Resultado da composição de Vendas em reais por ano e por clone, de acordo com a

figura 24.

Figura 24: Saídas – composição de vendas em reais por ano e por clone

Resultado da composição de Vendas Realizadas e Estoque Saldo Disponível por

ano, conforme figura 25.

Figura 25: Saídas – composição de vendas realizadas e estoque saldo disponível

por ano.

55

Resultado da composição do Saldo de Estoque por clone por mês e por ano,

conforme figura 26. Essa tela sem dúvida é uma das ferramentas mais importantes na

gestão do viveiro, na tomada de decisões rápidas e mudanças de programação, bem

como para procurar equalizar e atender bem a todos os clientes da melhor forma

possível. Quando o saldo é negativo o número apresenta-se em vermelho.

Figura 26: Saídas – composição saldo de estoque

Resultado da composição dos compromissos de entrega de mudas por cliente por

clone e por mês, conforme figura 27.

Figura 26: Saídas – composição dos compromissos de entrega de mudas por cliente

56

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visualizando todo o sistema produtivo, levando em consideração cada elo, cada

processo e memória de cálculo, preocupando-se com a cadeia de suprimentos - “Suplly

Chain Management” e com mecanismos eletrônicos confiáveis, cada alteração no fluxo

da rede, pode ser absorvida de forma e no momento adequado, permitindo as correções

necessárias. Desta forma, este conjunto contribui para que a cadeia atinja eficazmente

seus objetivos, além de formar um banco de dados, cujos dados não estão de posse de

uma só pessoa e que, portanto fornecerão a “transmissão de conhecimento”.

A importância de se utilizar o conceito do MRP - Material Requirements Planning

- Planejamento das Necessidades de Materiais – é porque podemos perceber que o

planejamento avalia a necessidades para poder gerar o resultado com as possibilidades

de compromissos de entregas de mudas, possibilitando o cumprimento de prazos, e

conseqüentemente refletindo na agilidade e assertividade das decisões operacionais.

O sistema de gestão para a produção e entrega de mudas florestais, traz a

confiabilidade para os clientes.

Este conceito foi operacionalizado de forma simples, com a utilização de recursos

como as planilhas eletrônicas do tipo Excel.

Esse sistema atende principalmente a necessidade de gestão de produção de mudas

para fins comerciais.

57

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Anexo 1

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