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brasil 7 de 27 de fevereiro a 5 de março de 2014 Bruno Pavan de São Paulo (SP) TRAMITANDO desde 2009 na Câmara dos Deputados, a votação do projeto do Marco Civil da Internet foi adiada nova- mente na semana passada. Encarada co- mo prioridade pelo governo federal, o projeto continuará trancando a pauta da Casa até depois do carnaval. O Marco, uma espécie de “legislação da internet”, reúne pontos centrais como a garantia de liberdade de expressão, pro- teção de dados do usuário e a neutralida- de da rede, e dene algumas regras que terão que ser respeitadas por usuários e, principalmente, empresas de telefonia. Muito elogiado por inúmeros especia- listas nacionais e internacionais, o Mar- co é considerado um passo a frente que dará direitos aos mais de 100 milhões de usuários da rede mundial de computado- res no Brasil. “Ele garante que a internet siga livre e aberta para todos e impede que grandes corporações mudem o papel da internet no Brasil. Ele não é um projeto fecha- do, foi construído juntamente com se- tores da sociedade civil para que a web continue gerando novos conteúdos e se reinventando”, explicou o Conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) Sergio Amadeu. O governo federal colocou urgência no projeto após as denúncias de Edward Snowden de que a Agência Americana de Segurança espionava países pelo mundo. O problema foi levantado pela presidenta Dilma Rousseff na abertura de 68ª Con- ferência Mundial da ONU que defendeu o estabelecimento de um Marco multila- teral para a governança e uso da internet entre os países. Outros projetos de lei já buscavam colocar regras na internet. A “lei Ca- rolina Dieckman” que transformou em crime a invasão de computadores e ou- tros dispositivos eletrônicos é um dos mais famosos. O mais antigo e polêmico é o proje- to de lei nº 84 de 1999 do então sena- dor Eduardo Azeredo (PSDB – MG). Ele obrigava os provedores a guardar dados de internautas e tornava crime o com- partilhamento de arquivos pela internet. “O marco vai na contramão do que a Lei Azeredo pregava”, disse Amadeu. A luta na Câmara Há pelo menos 15 dias, a votação do projeto, que tranca a pauta da Câmara, está sendo adiada. Os maiores responsá- veis pelo impasse são os parlamentares do PMDB, entre eles, o líder do partido “O marco não é um projeto fechado. Foi construído com setores da sociedade civil para que a web continue gerando novos conteúdos” Um novo Marco para a Internet Um novo Marco para a Internet COMUNICAÇÃO Lobby bilionário das operadoras de telefonia e bancada do PMDB são os principais entraves para a aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara dos deputados de São Paulo (SP) A garantia de ampla liberdade de ex- pressão na rede é também pauta da dis- cussão do Marco Civil. Com a sua aprova- ção, sites que armazenam conteúdos não serão mais responsáveis por publicações de terceiros. Com isso, sites como o Google, Face- book e Youtube só se tornarão responsá- veis por um conteúdo postado neles após a Justiça declarar que eles devem ser re- tirados do ar. Blogueiros independentes também são os maiores beneciados com a medida, de acordo com Amadeu, pois suas posta- gens permanecerão armazenadas até que haja uma decisão judicial denitiva. “O marco vai garantir que blogueiros e jornalistas independentes no Brasil so- fram a censura privada, ou seja, a censu- ra que os próprios servidores fazem para evitar problemas na justiça. O conteúdo só sai do ar se houver uma decisão judi- cial”, disse. Porém, o relator do projeto, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) incorporou um artigo que permite que se retire con- teúdo de nudez da rede sem que haja ne- nhuma decisão judicial. Isso, para Ama- deu, abre um precedente perigoso. “Sei que o artigo foi pensado nas me- lhores intenções, que é a de defender a privacidade de alguém que é exposto na rede sem que haja consenso. Por outro lado, fundamentalistas poderão denun- ciar fotos da Marcha das Vadias, por exemplo, que é um evento que luta con- tra o patriarcado, até elas saírem do ar. O evento pode ser alvo de ações orques- tradas de setores da sociedade. O Face- book já retira todo e qualquer conteúdo de nudez sem o menor discernimento”, denuncia. Segurança e Privacidade O debate de segurança na internet vem ganhando importância, desde que Edw- ard Snowden tornou público que a NSA viola a privacidade de milhões de pessoas e países pelo mundo. Um ponto nebuloso no texto atual é so- bre a questão dos datacenters. No projeto original, operadoras e sites seriam obri- gados a armazenarem dados de internau- tas brasileiros em servidores no Brasil. Isso, para Pedro Ekman, é inecaz e não leva em conta o fato da internet ser uma rede global. “Isso não faz muito sen- tido e criticamos logo de cara. O que vo- cê escreve hoje no Twitter ou no Face- book pode ser compartilhado por usuá- rios do mundo todo. É uma ilusão achar que essas informações carão só no Bra- sil”, criticou. O marco também agirá na proteção dos logs de usuários da internet, que são re- gistros das informações dos sites visita- dos. Existem dois tipos, os de conexão, que apenas registram a conexão do usu- ário; e os de aplicações, que registra os si- tes visitados, palavras pesquisadas entre outras informações. São os logs de aplicações, por exemplo, que faz com que sites como o Google e o Facebook lhe enviem sugestões de com- pra ou de páginas de acordo com a sua preferência. O Marco Civil proíbe que as operadoras de acesso armazenem esse ti- po de informação. “Uma coisa que o Marco não conseguiu limitar foi o uso das informações do usu- ário por sites como o Facebook e o Goo- gle, por exemplo, que baseia as informa- ções que te manda pelas suas pesquisas, pelas fotos e páginas que você curte. Mas o Marco proíbe os provedores de armaze- nar esses dados”, explicou Ekman. Sobre o armazenamento dos logs de conexão, o artigo 16 aponta que as ope- radoras são obrigadas fazê-lo por seis meses podendo ser estendido para um ano somente por meio de uma ação ju- dicial. Ekman acredita que essa medida vai contra o princípio do Marco, que era o de defender a privacidade e os dados dos usuários. “É uma espécie de grampo obrigatório. O relator atendeu aos interesses da polí- cia para colocar esse artigo no Marco que usa como argumento o combate ao crime para transformar uma lógica que já exis- te em obrigatória. Trata todos como cul- pados até que se prove o contrário. Se a ideia do governo é que o marco respon- de ao episódio da espionagem estaduni- dense, esse artigo é um tiro no pé”, co- mentou. Futuro No dia 19 de fevereiro, mais uma ten- tativa de votação foi barrada pela banca- da do PMDB. A acusação do peemedebis- ta Eduardo Cunha era a de que o governo se reuniu com as operadoras para alterar alguns pontos no texto sem discutir com os líderes na Câmara. Lideranças do PS- DB e do DEM se uniram ao PMDB para impedir a votação. O relator do texto, Alessandro Molon, refutou as acusações e declarou que o ar- gumento de Cunha foi para atrapalhar novamente a votação do Marco. “O que houve no texto foi uma modi- cação apontando que as operadoras con- tinuarão podendo negociar faixas de ve- locidade a preços diferente. Isso não é ne- nhuma novidade”, declarou. Ao contrário do que se veicula na mí- dia, Molon disse que a intenção do gover- no não é a de ceder na questão da neutra- lidade da rede. “Não há a menor possibi- lidade de recuo nessa questão. Dentro da velocidade contratada, o usuário terá li- berdade total de fazer o que ele quiser e de acessar o serviço que for”, explicou. O deputado acredita que a próxima tentativa acontecerá somente depois do carnaval, e que a matéria terá que ser vo- tada custe o que custar. “Construímos um diálogo com vários setores da sociedade e com os partidos de oposição. Acredi- to que agora a matéria tem que ir pra vo- tação de qualquer jeito. Quem for contra vai votar contra e quem for a favor vai vo- tar a favor”, armou. (BP) Liberdade de expressão Blogueiros independentes também são os maiores beneficiados com a medida na Casa, Eduardo Cunha (RN) e o lobby das empresas de telecomunicações. “Essa indústria movimenta bilhões de reais e age diretamente no nanciamen- to de várias campanhas. A Dilma pede urgência no pedido de votação, mas o principal articulador dela com o PMDB é o Eduardo Cunha, o maior crítico do projeto. Outro grande opositor é o pró- prio ministro Paulo Bernardo que rece- beu prêmios das empresas como o maior ministro das Comunicações que o Brasil já teve”, analisou Amadeu. Com um faturamento total de R$ 26 bilhões em 2013, as operadoras de tele- fonia e internet também guram entre as campeãs em reclamações no estado de São Paulo de acordo com o Procon. Elas são contra a artigo 9º do projeto que reza que as operadoras de serviço “têm o de- ver de tratar de forma isonômica quais- quer pacotes de dados sem distinção por conteúdo, origem, destino, serviço termi- nal ou aplicativo.” Pedro Ekman, coordenador do Inter- vozes, explica melhor o que muda no acesso do usuário com a aprovação do Marco Civil. “São as operadoras, que detêm os cabos de bra ótica, que nos ligam à internet, e elas não vão poder manipular esse sinal. O acesso gratuito ao Facebook é um caso típico: eles en- tram num acordo nanceiro para que ele não seja tarifado. Mas podem pe- dagiar o acesso ao Netix ou ao What- tsApp, por exemplo. Com o Marco eles não vão poder administrar a velocida- de de acordo com o serviço, vai ser tudo igual”, esclareceu. A estratégia das operadoras, de acordo com Sergio Amadeu, é vender um discur- so que aproxime seus interesses dos mais pobres, o que não é verdade. “O que estão querendo passar para a opinião pública é que eles usam essa manipulação nas informações para dar desconto em serviços. Eles conseguem um acesso grátis aqui e acolá com algu- mas empresas e sites. O que eles querem mesmo é transformar a internet em uma espécie de TV à cabo”, explicou. Gustavo Lima-Câmara dos Deputados Pedro Ekman, coordenador do Intervozes Discussão do PL 2126-2011, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet Divulgação

Marco civil 24 02 2014

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Page 1: Marco civil 24 02 2014

brasil 7de 27 de fevereiro a 5 de março de 2014

Bruno Pavan de São Paulo (SP)

TRAMITANDO desde 2009 na Câmara dos Deputados, a votação do projeto do Marco Civil da Internet foi adiada nova-mente na semana passada. Encarada co-mo prioridade pelo governo federal, o projeto continuará trancando a pauta da Casa até depois do carnaval.

O Marco, uma espécie de “legislação da internet”, reúne pontos centrais como a garantia de liberdade de expressão, pro-teção de dados do usuário e a neutralida-de da rede, e defi ne algumas regras que terão que ser respeitadas por usuários e, principalmente, empresas de telefonia.

Muito elogiado por inúmeros especia-listas nacionais e internacionais, o Mar-co é considerado um passo a frente que dará direitos aos mais de 100 milhões de usuários da rede mundial de computado-res no Brasil.

“Ele garante que a internet siga livre e aberta para todos e impede que grandes corporações mudem o papel da internet no Brasil. Ele não é um projeto fecha-do, foi construído juntamente com se-tores da sociedade civil para que a web continue gerando novos conteúdos e se reinventando”, explicou o Conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) Sergio Amadeu.

O governo federal colocou urgência no projeto após as denúncias de Edward Snowden de que a Agência Americana de Segurança espionava países pelo mundo. O problema foi levantado pela presidenta Dilma Rousseff na abertura de 68ª Con-ferência Mundial da ONU que defendeu o estabelecimento de um Marco multila-teral para a governança e uso da internet entre os países.

Outros projetos de lei já buscavam colocar regras na internet. A “lei Ca-rolina Dieckman” que transformou em crime a invasão de computadores e ou-tros dispositivos eletrônicos é um dos mais famosos.

O mais antigo e polêmico é o proje-to de lei nº 84 de 1999 do então sena-dor Eduardo Azeredo (PSDB – MG). Ele obrigava os provedores a guardar dados de internautas e tornava crime o com-partilhamento de arquivos pela internet. “O marco vai na contramão do que a Lei Azeredo pregava”, disse Amadeu.

A luta na CâmaraHá pelo menos 15 dias, a votação do

projeto, que tranca a pauta da Câmara, está sendo adiada. Os maiores responsá-veis pelo impasse são os parlamentares do PMDB, entre eles, o líder do partido

“O marco não é um projeto fechado. Foi construído com setores da sociedade civil para que a web continue gerando novos conteúdos”

Um novo Marco para a InternetUm novo Marco para a InternetCOMUNICAÇÃO Lobby bilionário das operadoras de telefonia e bancada do PMDB são os principais entraves para a aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara dos deputados

de São Paulo (SP)

A garantia de ampla liberdade de ex-pressão na rede é também pauta da dis-cussão do Marco Civil. Com a sua aprova-ção, sites que armazenam conteúdos não serão mais responsáveis por publicações de terceiros.

Com isso, sites como o Google, Face-book e Youtube só se tornarão responsá-veis por um conteúdo postado neles após a Justiça declarar que eles devem ser re-tirados do ar.

Blogueiros independentes também são os maiores benefi ciados com a medida, de acordo com Amadeu, pois suas posta-gens permanecerão armazenadas até que haja uma decisão judicial defi nitiva.

“O marco vai garantir que blogueiros e jornalistas independentes no Brasil so-fram a censura privada, ou seja, a censu-ra que os próprios servidores fazem para evitar problemas na justiça. O conteúdo só sai do ar se houver uma decisão judi-cial”, disse.

Porém, o relator do projeto, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) incorporou um artigo que permite que se retire con-teúdo de nudez da rede sem que haja ne-nhuma decisão judicial. Isso, para Ama-deu, abre um precedente perigoso.

“Sei que o artigo foi pensado nas me-lhores intenções, que é a de defender a privacidade de alguém que é exposto na rede sem que haja consenso. Por outro lado, fundamentalistas poderão denun-ciar fotos da Marcha das Vadias, por exemplo, que é um evento que luta con-tra o patriarcado, até elas saírem do ar. O evento pode ser alvo de ações orques-tradas de setores da sociedade. O Face-book já retira todo e qualquer conteúdo de nudez sem o menor discernimento”, denuncia.

Segurança e PrivacidadeO debate de segurança na internet vem

ganhando importância, desde que Edw-ard Snowden tornou público que a NSA viola a privacidade de milhões de pessoas e países pelo mundo.

Um ponto nebuloso no texto atual é so-bre a questão dos datacenters. No projeto original, operadoras e sites seriam obri-gados a armazenarem dados de internau-tas brasileiros em servidores no Brasil.

Isso, para Pedro Ekman, é inefi caz e não leva em conta o fato da internet ser uma rede global. “Isso não faz muito sen-tido e criticamos logo de cara. O que vo-cê escreve hoje no Twitter ou no Face-book pode ser compartilhado por usuá-rios do mundo todo. É uma ilusão achar que essas informações fi carão só no Bra-sil”, criticou.

O marco também agirá na proteção dos logs de usuários da internet, que são re-gistros das informações dos sites visita-dos. Existem dois tipos, os de conexão, que apenas registram a conexão do usu-ário; e os de aplicações, que registra os si-tes visitados, palavras pesquisadas entre outras informações.

São os logs de aplicações, por exemplo, que faz com que sites como o Google e o Facebook lhe enviem sugestões de com-pra ou de páginas de acordo com a sua preferência. O Marco Civil proíbe que as operadoras de acesso armazenem esse ti-po de informação.

“Uma coisa que o Marco não conseguiu limitar foi o uso das informações do usu-ário por sites como o Facebook e o Goo-gle, por exemplo, que baseia as informa-ções que te manda pelas suas pesquisas, pelas fotos e páginas que você curte. Mas o Marco proíbe os provedores de armaze-nar esses dados”, explicou Ekman.

Sobre o armazenamento dos logs de conexão, o artigo 16 aponta que as ope-radoras são obrigadas fazê-lo por seis meses podendo ser estendido para um ano somente por meio de uma ação ju-dicial. Ekman acredita que essa medida vai contra o princípio do Marco, que era o de defender a privacidade e os dados dos usuários.

“É uma espécie de grampo obrigatório. O relator atendeu aos interesses da polí-cia para colocar esse artigo no Marco que usa como argumento o combate ao crime

para transformar uma lógica que já exis-te em obrigatória. Trata todos como cul-pados até que se prove o contrário. Se a ideia do governo é que o marco respon-de ao episódio da espionagem estaduni-dense, esse artigo é um tiro no pé”, co-mentou.

FuturoNo dia 19 de fevereiro, mais uma ten-

tativa de votação foi barrada pela banca-da do PMDB. A acusação do peemedebis-ta Eduardo Cunha era a de que o governo se reuniu com as operadoras para alterar alguns pontos no texto sem discutir com os líderes na Câmara. Lideranças do PS-DB e do DEM se uniram ao PMDB para impedir a votação.

O relator do texto, Alessandro Molon, refutou as acusações e declarou que o ar-gumento de Cunha foi para atrapalhar novamente a votação do Marco.

“O que houve no texto foi uma modifi -cação apontando que as operadoras con-tinuarão podendo negociar faixas de ve-locidade a preços diferente. Isso não é ne-nhuma novidade”, declarou.

Ao contrário do que se veicula na mí-dia, Molon disse que a intenção do gover-no não é a de ceder na questão da neutra-lidade da rede. “Não há a menor possibi-lidade de recuo nessa questão. Dentro da velocidade contratada, o usuário terá li-berdade total de fazer o que ele quiser e de acessar o serviço que for”, explicou.

O deputado acredita que a próxima tentativa acontecerá somente depois do carnaval, e que a matéria terá que ser vo-tada custe o que custar. “Construímos um diálogo com vários setores da sociedade e com os partidos de oposição. Acredi-to que agora a matéria tem que ir pra vo-tação de qualquer jeito. Quem for contra vai votar contra e quem for a favor vai vo-tar a favor”, afi rmou. (BP)

Liberdade de expressãoBlogueiros independentes também são os maiores benefi ciados com a medida

na Casa, Eduardo Cunha (RN) e o lobby das empresas de telecomunicações.

“Essa indústria movimenta bilhões de reais e age diretamente no fi nanciamen-to de várias campanhas. A Dilma pede urgência no pedido de votação, mas o principal articulador dela com o PMDB é o Eduardo Cunha, o maior crítico do projeto. Outro grande opositor é o pró-prio ministro Paulo Bernardo que rece-beu prêmios das empresas como o maior ministro das Comunicações que o Brasil já teve”, analisou Amadeu.

Com um faturamento total de R$ 26 bilhões em 2013, as operadoras de tele-fonia e internet também fi guram entre as campeãs em reclamações no estado de

São Paulo de acordo com o Procon. Elas são contra a artigo 9º do projeto que reza que as operadoras de serviço “têm o de-ver de tratar de forma isonômica quais-quer pacotes de dados sem distinção por conteúdo, origem, destino, serviço termi-nal ou aplicativo.”

Pedro Ekman, coordenador do Inter-vozes, explica melhor o que muda no acesso do usuário com a aprovação do Marco Civil. “São as operadoras, que detêm os cabos de fi bra ótica, que nos ligam à internet, e elas não vão poder manipular esse sinal. O acesso gratuito ao Facebook é um caso típico: eles en-tram num acordo fi nanceiro para que ele não seja tarifado. Mas podem pe-

dagiar o acesso ao Netfl ix ou ao What-tsApp, por exemplo. Com o Marco elesnão vão poder administrar a velocida-de de acordo com o serviço, vai ser tudoigual”, esclareceu.

A estratégia das operadoras, de acordo com Sergio Amadeu, é vender um discur-so que aproxime seus interesses dos mais pobres, o que não é verdade.

“O que estão querendo passar para a opinião pública é que eles usam essa manipulação nas informações para dar desconto em serviços. Eles conseguem um acesso grátis aqui e acolá com algu-mas empresas e sites. O que eles querem mesmo é transformar a internet em uma espécie de TV à cabo”, explicou.

Gustavo Lima-Câmara dos Deputados

Pedro Ekman, coordenador do Intervozes

Discussão do PL 2126-2011, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet

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