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MARIA ISABEL LEITE BASTOS FELISKI
ATENCAO E MEMORIA NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
Monografia apresentada para obteny80do titulo de Especializa<;aoem PedagogiaTerapeutica ao Centro de Pos-Gradua<;ao, Pesquisa e Extensao daUniversidade Tuiuti do Parana.
Orientadora: Neusa M. Gomide Baptista
, .CURITIBA
1998
SUMARIO
RESUMO .. ..... iii
1.INTRODU<;AO 01
2. REFERENCIAL TEORICO... . 03
2.1. A RELA<;:AO ENTRE ENSINO E APRENDIZAGEM.... . 03
2.2. MEMORIA .....
2.3. ATEN<;:AO
...08
........................................... 16
3. DESCRI<;:AO DA INVESTIGA<;AO REALIZADA.... . 18
3.1. DESCRI<;:AO DA COLETA DE DADOS 18
3.2. ANALISE DE RESULTADOS .. ...18
4. CONCLUSAO... . 23
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS... .. 25
M~OO ~
Resumo
Este trabalho pretende a analise de dificuldades escolares que, na opiniao deProfessores de quarta e quinta serie, sao decorrentes de problemas de aten9iio ou dememoria. Parte da necessaria explicita~o da rela980 entre desenvolvimento eaprendizagem por este referencial teorico, estabelece a pratica pedagogica. Adota-se,aqui, a teeria hist6rico-cultural como referenda para explicar as fen6menos da atenc;ao eda memoria, enquanto fun,oes psicologicas proprias do homem, a partir dodesenvolvimento da linguagem. As contribui90es da pSicologia em relayao a memoria saosignificativas a partir do momento que reconhece, basicamente, dais sistemas dememoria: a memoria ativa e a memoria a longo prazo, assim como, a relac;:ao entre elas eo conhecimento. Outro aspecto fundamental e a distin9iio entre memoria natural ousensorial e memoria mediad a, sendo esta correspondente a experiencias sociais, tratando-se, portanto, de um elemento cultural constitutivo da memoria como um todo. A aten9iionaD pode ser tamada de modo total mente separado da memoria, vista ser esta, em parte,consequencia daquela. Aliada a compreensao, a aceitac;ao, a reten~o, a transferencia e aa9iio, representamos componentes principais da aprendizagem. 0 levantamento de dadosrealizado permite inferir que 0 diagnostico dos Professores quanto as dificuldades dosalunos e gestado numa concep9iio tradicional de desenvolvimento, aprendizagem,atividade escolar e disciplina escolar. E fundamental que se aprofunde com os professoresas rela90es existentes entre aten9fio e memoria, assim como, da importancia de seatentar para estes aspectos, potencializando-os atraves de uma pratica pedagogicadevidamente organizada.
1 INTRODU<;:AO
Esta pesquisa pretende analisar proposic;6es te6ricas sabre importimcia e
desenvolvimento da atenc;ao e da memoria no proceSSD ensino-aprendizagem, no
sentido de orientar 0 diagnostico de problemas decorrentes destas capacidades
mentais e sua solw;:ao, alem de confrontar estas proposir;:oes te6ricas com a
realidade escolar.
Para estabelecer-se a relac;ao teoria-pratica, fez-s8 urn levantamento junto a
professores de 4a e sa series do 1° Grau, sabre problemas de aprendizagem que
julguem ser decorrentes de problemas de atenc;ao au de memoria, para serem
analisados no sentido de urn diagnostico mais preciso, tanto para 0 ambito da sala
de aula, quanta para atendimento especializado.
Consideranda-se: que 0 processo de ensino-aprendizagem deve levar em
conta as capacidades desenvolvidas e potenciais das crian<;as; que entre estas
capacidades reais ou potenciais encontra-se a atencyao e a memoria; que muitas
dificuldades de alunos de series iniciais sao apontadas por seus professores como
decorrentes de falta de atenc;ao ou problema de memoria (ou dificuldade em
memorizar); que face a den uncia ou hipotese levantada pelos professores, ha que
se aprofundar teoricamente a questao, para se poder apontar outras explicac;oes
para as referidas dificuldades ou, propor encaminhamentos, quer ao nivel de sala
de aula, quer ao nfvel de atendimento especializado, no senti do de sua superaC;30;
que 0 exercicio de pesquisa enquanto processo de aprendizado da produyao de
conhecimento; que a atividade de pesquisa de questoes relativas ao aprender
propria mente dito, e fundamental a pratica do psicopedagogo e que se realizou este
trabalho.
A questao central a ser pesquisada e 0 trabalho pedagogico a ser realizado
com alunos de 1° Grau portadores de dificuldades de aprendizagem determinadas
por problemas de atenC;80 ou de memoria, que se pretende responder atraves de
uma serie de questoes secundarias, pano de fundo para a primeira: 0 co nee ito de
aten<;ao e memoria; a importancia da atent;;3o e da memoria no processo en sino-
aprendizagem, no ambito do 1° Grau; a caracterizac;ao das dificuldades de
aprendizagem determinadas por problemas de atenc;ao e de memoria.
2 REFERENCIAL TEORICO
21 A RELA<;Ao ENTRE ENSINO E APRENDIZAGEM
o modo como S8 explica a atengao e a mem6ria, enquanto fen6menos
psicol6gicos, esta atrelado a concepg8o que S8 tern de desenvolvimento e
aprendizagem, de como ocorrem t8is processos, e que relag80 tern com a pratica
pedagogica. Assim como, do papsl da atengao e da memoria no processo de
aprendizagem significativa.
Em rela9ao ao desenvolvimenlo e aprendizagem, VYGOTSKY(1990, p.89-94)
distingue tres categorias fundamentais: a independencia entre 0 processo de
desenvolvimento e 0 de aprendizagem; a simultaneidade, a sincroniz8g8o entre
aprendizagem e desenvolvimento; e a conciliag8o dos pressupostos das duas
tsarias anteriores.
Assirn, observa·se na primeira destas categorias, 0 pressuposto de que "a
aprendizagem e um processo exterior, para!e!o de certa forma, ao desenvolvimento
da crianya, mas que nao participa ativamente neste e nao 0 modifica
absolutamente: a aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento em vez de
se adiantar ao seu curso e de mudar a sua dire9ao" (VIGOTSKY, 1989, p. 103)
De acordo com esta teoria 0 desenvolvimento e pre-requisito para a
aprendizagem e pode-se classific8-la, portanto, como naturalista. Entre os
representantes dos te6ricos que defendem esses pressupostos encontram-se Binet
e Gessel, entre outros, numa vertente inatista de Psicologia, pautada no idealismo
subjetivo, na heranr;a biol6gica, na maturar;Elo e na relac;ao do sujeito sabre a
objeto, cabendo a educaryao aguardar 0 momenta 6timo para ilustrar, dar
conhecimento. Entende-se ai, que e impassive! a educaC;ao, formar a consciemcia,
porque ja nasce pronta. Encontra-se tambem, segundo Vygotsky, as teorias de
Piaget, numa vertente interacionista de Psicologia, sustentando-se no idealismo
objetivo, na interaC;Elo sujeito-objeto, que tern como implicac;oes pedag6gicas, entre
outras, a aplica9ao ao professor, do papel de facililador da aprendizagem, aquele
que organiza 0 meio para a interac;ao da crianr;a com 0 objeto do conheCimento,
desenvolvendo sua criatividade e respeitando sua individualidade, para que elabore
suas proprias conclusoes. Neste senti do, concebe-se a inteligencia como resultante
das construyoes do sujeito (individuo que apreende as caracteristicas do objeto
atraves de suas ayoes de conhecer) na sua interayao (trocas continuas entre sujeito
e objeto) com 0 objeto (a-hist6rico, a-social).
Uma vez que essa abordagem se baseia na premissa de que 0 aprendizado segue a Irilha dodesenvolvimento e que 0 desenvoJvimento sempre se adianla ao aprendizado, ela exclui anoyao de que 0 aprendizado pode ler um papel no curso do desenvolvimento ou maturay80daquelas funyoes ativadas durante 0 proprio processo de aprendizado. 0 desenvolvimenloou a maturayao sao vistos como uma pre-condiyao do aprendizado, mas nunca comoresullado dele. (...) 0 aprendizado forma uma superestrulura sobre 0 desenvolvimenlo,deixando esle ultimo essencialmente inallerado.(VYGOTSKY, 1989, p. 90)
A segunda grande posi9ao, conforme Vygotsky, que tern como principio
fundamental "a simultaneidade, a sincronizay80 entre os do is processos {de
desenvolvimento e de aprendizagem] " (VYGOTSKY, 1990, p. 105), postula a
determinay80 do meio na ayao do objeto sobre 0 sujeito, na relayao estfmulo-
resposta, baseando-se, portanto, no conceito de reflexo. E, pois, uma teoria
comportamentalista.
Sendo determinante 0 ambiente, "0 desenvolvimento e visto como 0 dominio
dos reflexos condicionados (... ) e 0 processo de aprendizagem esta completo e
inseparavelmente misturado com 0 processo de desenvolvimenton• (VYGOTSKY,
1989, p. 90-91) Assim, apresenta-se como fun9ao da escola, organizar um bom
programa, pois uma boa sequencia de estimulo-respasta, pode criar qualquer
conduta, em qualquer momento. Surgem, entre autros, 0 ensina programado, a
tecnologia educacional (no Brasil, no perfoda em que 0 tecnicismo representa 0
pensamento hegem6nico).
"Para melher entender este tipo de teo ria e preciso ter em conta que
considera as leis do desenvolvimente como leis naturais que 0 ensino deve ter em
conta, exatamente como a tecnologia deve ter presentes as leis da f[sica; 0 ensina
nao pode mudar estas leis, do mesmo modo que a tecnologia nao pode mudar as
leis gerais da natureza" (VYGOTSKY, 1990, p. 105)
A terceira categoria fundamental de teerias do desenvolvimento e
aprendizagem, que procura conciliar as duas categorias anteriores, aparentemente
opostas, fazendo com que coexistam. uPor urn lado, 0 processo de desenvolvimento
esta concebido como urn processo independente do de aprendizagem, mas por
outro lado esta mesma aprendizagem - no decurso da qual a crianya adquire uma
nova serie de formas de comportamento - considera-se coincidente com 0
desenvolvimento" (Id. Ibid.)
Para Vygotsky, tres aspectos sao novos nessa proposi9ao teo rica, em
relayao as anteriores: a combinac;ao de dois pontos de vista aparentemente
opostos, a fato de que as dois processos sao integrantes do desenvolvimento e
mutua mente dependentes, e 0 amplo papel que ela atribui ao aprendizado no
desenvolvimento da criang8. Em relagao ao ultimo aspecto, tem-se, portanto, a
crenc;a de que a aquisigao de uma resposta em particular aumenta diretamente e
em igual medida a capacidade global da crian~a. "Assume-se que as capacidades
mentais funcionam independente do material com que elas operam, e que 0
desenvolvimento de uma capacidade promove a desenvolvimento de
outras"(VYGOTSKY, 1989, p. 93). Porem, Woodworth e Thorndike, citados por
VYGOTSKY (ibid.), jil se opunham a esse ponto de vista, concluindo atraves de
seus experimentos, que tal pressuposto raramente se confirmava.
Em busca da superac;ao de tais explicagoes para a questeo do
desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky propoe outra teoria, procurando dar
conta de dois aspectos basicos, a saber, a relac;ao geral entre desenvolvimento e
aprendizagem, e as especificidades dessa relagao quando uma crianc;a atinge a
idade escolar.
o que se propoe e uma concepc;ao socio-historica de psicologia, ou, como
Vygotsky chamava, psicologia cultural, hist6rica ou instrumental (LURIA, 1990, p.
26), fundamentada, em termos filosoficos, no materialismo historico, onde 0
elemento determinante e a sociedade, ou seja, as condi9oes historico-sociais
determinam nao so 0 conteudo, mas tambem, as estruturas psfquicas do sujeito,
produzindo sua pr6pria realidade hist6rico-social, 0 universo conceitual que
representa essa realidade, bern como, a forma de pensamento que Ihe e propria.
Assim, a edueagao e feita, ou aconteee, em toda realidade social, dentro ou
fora da escola. Nesse senti do, 0 adulto, ou qualquer pessoa mais experiente que 0
aprendiz, tern 0 papel fundamental, tanto no desenvolvimento quanta na
aprendizagem deste. A educaC;8o e determinante no desenvolvimento porque ela 0
dirige. Nao se confunde com a behaviorismo porque supoe urn sujeito ativo que se
relaciona com outros sujeitos. Tem-se, assim, a relac;:ao sujeito-objeto, mediada par
outro sujeito ou, por assim se dizer, pela sociedade, e 0 conhecimento, como
produto social.
Revela uma preocupaC;:80 maior com 0 desenvolvimento filogenetico que
ontogenetico, porque, segundo esta concepc;:ao, 0 desenvolvimento do individuo
nao existe fora do social, sendo posslvel, portanto, atraves da ciencia da "Historia",
explicar a ser, porque nao trata-o isoladamente, pais ela - a Hist6ria - e a produto
das relac;:oes que as hom ens estabelecem entre si e com a natureza, num processo
continuo e constante de prodUC;:80 e auto-produc;:ao, a que coloca 0 homem (e a
realidade social como urn todo) em con stante movimento, em constante devir.
E reconhecer, portanto, que 0 individuo em si nao e significativo, pOis 0
processo de individualismo e a negac;:ao da ciencia; negar a relaC;:8o social e a
negac;:ao da constituiyao do proprio homem. Quando se diz que nao se deve "dar
uma liC;:80" para 0 aluno, pais isso impediria a forma<;8o de suas estruturas
individuais, nega-se uma lei da propria natureza - que ha leis que independem do
sujeito, do individuo. Os fatos "hist6ricos" deverTi ser lidos atraves da ciencia da
Historia, nao numa linha factual, mas atraves da pratica de todos os homens, onde a
defesa dos direitos individuais e impraticavel, vista representar a manutenC;:8o dos
moldes da sociedade capitalista.
Retomando a concepC;:8o de desenvolvimento e aprendizagem postulada por
Vygotsky, tem-se como pressuposto que ambos "estao inter-relacionados desde 0
primeiro dia de vida da crianl'a"(VYGOTSKY, 1990, p. 95), 0 que significa dizer que
"quando uma crianc;:a entra na escela, ela n8e e uma tabula rasa que possa ser
mold ada pelo professor segundo a forma que ele preferir. Essa placa ja contem as
marcas daquelas tecnicas que a crianC;:8 usou ao a prender a lidar com os
complexos problemas de seu ambiente."(LEONTIEV, 1989, p. 101)
"...0 sujeito censtitui suas formas de ayao e sua consciencia nas relac;:oes
sociais."(Vygotsky apud GOES, 1991, p. 17)
Porem, e precise reconhecer que 0 processo de aprendizagem anterior aescolarizac;:ao e a aprendizagem escolar sao distintos, nao apenas pelo fator
sistematizac;:ao (como diriam Koffka e outros), mas porque atraves da escola, a
"'"~, "" "O~ """'"~"oo~ffi 0 '" ." ~"" ,,,' ",orne<" ",f;;" ,:?)realidade, ampliara seus horizontes atraves da interagao efetiva com seus COI~~}I
professores e, ainda segundo LEONTIEV(1989, p.61), "... quanto mais depressa ela
[8 crianga] der aquila que ela sabe urn novo significado, mais rapidamente seu
carater psiquico S8 modificara"
o que Vygotsky propoe, para explicar a interagao entre desenvolvimento e
aprendizagem e a conceito de zona de desenvolvimento proximal, decorrente da
definig80 de dais nfveis de desenvolvimento, a saber, 0 nivel de desenvolvimento
real (que e representado pelo que a criang8 e capaz de realizar de modo
independente, au seja, estruturas maduras nela, ciclos ja completados) e 0 nivel de
desenvolvimento potencial (que consiste nos problemas cujas soluc;6es sao
encontradas sob a orientac;ao de algum mediador mais capaz). A zona de
desenvolvimento proximal e a distancia, 0 "espac;o" que separa ambos, 0 real e 0
potencial, sendo porlanto, a campo de a,ao efetiva da educa,ao.
"0 que caracteriza 0 desenvolvimento proximal e a capacidade que emerge e
cresce de modo partilhado.( ... ) 0 desenvolvimento proximal deve ser identificado em
sua materialidade, na decorrEmcia con creta das capacidades emergentes que se
manifestam em algum grau, embora com apoio em meios nao dominados
autonomamenle."(GOES, 1991, p. 20)
Vale ressaltar, entao, que os educadores devem preocupar-se, nao s6 com
aspectos retrospectivos dos alunos (ciclos completados), mas tambem e
principalmente, com aspectos prospectivos (capacidade potencial) 0 que, por si,
exige que se repensem e reformulem a concepC;ao e os procedimentos
metodol6gicos de ensino, e, especial mente, 0 que se refere a avaliac;ao escolar.
Oepreende-se dessa concepC;ao de desenvolvimento e aprendizagem, que 0
homem e compreendido como produto simultfmeo da natureza e essencialmente da
sociedade e da sua cultura.
2.2 MEMORIA
A historia do pensamento e da memoria, segundo POSNER (1980), tem
origem nas proposic;oes dos gregos, na filosofia prs-socratica, ainda enquanto
teoria fisica, ende apenas S8 analisa a natureza flsica dos orgaos dos senti dos,
considerando-se a atenyao e a mem6ria consequentes simplesmente desta relayc30
(isiea, mediata, do homem no mundo circundante.
E, segundo a mesma autor, Di6genes de Apalonia, "0 primeiro a pastular
rnecanismos responsaveis pela integrayao da informac;ao sensorial, que poderiam
servir de base para desempenhos intelectuais mais elevados" (POSNER, 1980, p.2).
Platao fazia incialmente, urna analogi a entre a memoria e a impressao em
cera, embora refutasse mais tarde, este mesmo conceito. Entretanto, esta ideia
subjaz em diferentes proposic;6es sobre a assunto, posteriores aos estudos
platonicos.
Embora no perfodo medieval tenha havido alguma evolugao nas
contribuic;6es te6ricas sobre a mem6ria e 0 pensamento, e no periodo moderno que
se desenvolvem as teorias sobre os problemas da representagao da informac;ao na
memoria e das opera90es mentais (Idem, p. 3-5).
Observa-se, portanto, que os tragos da memoria foram prima ria mente
considerados como "duplica90es daquilo que era percebido pelos sentidos"(ld. ibid.
p. 5). Todos os autores que se tem preocupado com 0 estudo do pensamento
perceberam a importancia da memoria, segundo Posner. Somente nos liltimos anos,
no entanto, a teoria da memoria se tornou suficientemente rica a ponto de contribuir
para uma compreensao das limitac;6es e caracteristicas da cognic;ao humana. Esse
desenvolvimento deveu-se principal mente a distingao que os psicologos comeC;aram
a estabelecer entre as caracteristicas de diferentes sistemas de memoria e os
codigos que os mesmos empregam.
~Um sistema de memoria" e urn conjunto de mecanismos comuns para
armazenamento de informac;ao. ( ... ) Os c6digos de memoria referem-se 8 difereng8s
qualitativas no formato dos itens dentro de um sistema de memoria" (POSNER,
1980, p. 12).
Para este autor, ha, basicamente, dais sistemas de memoria. 0 primeiro,
denominado sistema de umemoriaativa" e, 0 segundo, da "memoria a longo prazo"
A mem6ria ativa, para ele, corresponde aos dados ou itens que estao em estado
ativo, sendo em pequeno numero face a 1imitagao da capacidade de manter-se
muitos itens ativos ao mesmo tempo. A memoria a longo prazo refere-se aos itens
que permanecem armazenados na capacidade de memoria humana, sendo
"recuperaveis" ao nivel ativo quando necessario.
"A memoria ativa permite que a informa9ao externa e aquela ja encontrada na
memoria a longo prazo se associem, fornecendo assim, um meio de reorganizar a
memoria a lango prazo. (...) A mem6ria ativa tambem nos permite reajustar as
associagoes numa base provisoria, sem modificar a estrutura de associagoes da
memoria a longo prazo" (POSNER, 1980, p. 13).
o autor aponta tambem para 0 predominio que a memoria a longo prazo
exerce sobre a mem6ria ativa, de tal maneira que novos itens da memoria ativa nao
alterarao facilmente itens da mem6ria a longo prazo, a exemplo de uma nova ordem
numerica de zero a nove. Embora se possa trabalhar com ela, nao se sobrepora aordem convencional, quando ja incorporada, exceto quando representa outra coisa
(urn numero de telefone ou algum codigo, por exemplo).
Quando se trata da capacidade de memoria do ser humano, trata-se,
tambem, de sua capacidade de recordar, 0 que, segundo Posner, se da de duas
formas ou tipos, a saber, as recordagoes ativas decorrentes de itens novos
apresentados a um dos sentidos ou da propria mem6ria a longo prazo do individuo.
o primeiro tipo e chamado de umem6ria a curto prazo", enquanto que 0 segundo,
"memoria operacional" A retengao de um dado novo, seja a partir da mem6ria a
curto prazo au a partir da memoria operacional, depende da qualidade da ateng80
que 5e da a e5te input. (pOSNER, 1980, p. 14)
A mem6ria ativa e usada tanto para tentar novas organizagoes de
pensamento em base tempararia como para organizar a armazenamento de
informag8o na mem6ria a longo prazo, relacionando a experiencia de entrada e a
experiencia recuperada dentro das mesmas celulas temporais de memoria. A
memoria ativa tambem e usada para sustentar a experiencia durante tempo
suficiente para permitir varias operagoes mentais de codificagao ou arquivamento
10
da experiencia dentro de categorias diversas. A memoria a lango prazo paraee ser
dinamica, ao menes em parte, porque esta sujeita tanto ao esquecimento como areorganizac;ao atraves da criac;:ao de novas celulas de memoria.
o processo de recuperac;ao de informac;ao pode S8r dividido, para analise,
em dais componentes. A recuperac;ao sem esfon;:o acorre quando 0 input
estabelece cantata com seu enderec;o na memoria sem qualquer busca consciente.
A recuperac;B.o com esfon;o ocorre quando 0 sujeito e obrigado a examinar as itens
recuperados na memoria at iva ou quando nao pas sui conteudo suficiente para
localizar sem ambiguidade os itens na memoria a longo prazo. (POSNER, 1980, p.
14-35)
Segundo PFROMM NEDO, a memoria pode S8r considerada como conjunto
de estruturas e processos. Embora alguns auto res se refiram ao antagonismo entre
o modelo da mem6ria como estrutura e 0 da memoria como processo, pode-se
argumentar no sentido de que esses modelos se completam, ou que se trata de dois
niveis distintos de analise: as concepgoes estruturais referir -se-iam mais a um
macronivel de analise da memoria, de tipo rna is geral ou global, enquanto as de
microprocessos de funcionamento da memoria serviriam para acentuar 0 dinamismo
desta, que vai muito alem de urn mero registro de informag6es, pois inclui a
atribuigEio de significados, a integragEio e a transformagao do que esta contido na
memoria. (1987, p. 91)
Ainda conforme 0 mesmo aut or, a retengao ou permanencia da informagEio
num sistema concreto de memoria e denominada armazenamento. Estruturalmente,
e comum conceber a memoria como uma seqOencia linear de tres armazems de
informagEio funcionalmente distintos: memoria sensorial, memoria a curto prazo(ou
memoria primaria) e memoria a longo prazo (ou mem6ria secundaria).
A memoria sensorial, segundo ele, simplesrnente conserva a entrada
sensorial da informagao bruta durante 0 tempo suficiente para que esta seja ulidaft
ou reconhecida. A brevissima duragao desse primeiro registro corresponde a men os
de urn segundo para as sensagoes visuais e a alguns segundos para as auditivas.
Nao ha, a esta altura, atribuigao de significado a entrada sensorial. A memoria
sensorial e pre-categorica; isto e, a informagEio entrante, ainda nao reconhecida ou
II
emparelhada com uma categoria apropriada, e retida de modo fugaz, sob forma nao
analisada quanta ao seu significado.
Para este autor, a memoria a curto prazo fundona como urn registro
igualmente temporario, mas de durar;80 sensivelmente maior do que 0 simples
registro sensorial mencionado aeirna. A informar;<30 pode perdurar par algum tempo,
em virtude da sua repeti<;:ao pelo sujeito, quando por exemplo, dirigindo-se a um
telefone, repete varias vezes para si pr6prio urn certa numero de telefone que
alguem aeaba de mencionar. 0 processo de repetigao faz com que a informaC;8o
perdure al8m do registro normal a curto prazo, garantindo urn armazenamento
relativamente permanente na estrutura seguinte: a memoria a Ian go prazo.
E na memoria a curto prazo ou primari8, que passamos efetivamente a ter
controle consciente sobre 0 processamento de informayao. Mas a durac;ao deste
registro geralmente nao vai al8m de poucos segundos, quando nao ha repetic;ao da
informac;ao pelo proprio sujeito.
A memoria a longo prazo e concebida como um repositorio de conhecimentos
e habilidades relativamente permanentes, cuja capacidade 8 praticamente ilimitada.
Os conceitos e eventos nela registrados estao associ ados ao contexte de outros
conceitos e a eventos relacionados, fazendo parte de uma imensa e intrincada rede
semantica de informac;oes.
A repetic;ao e a organizac;ao sao particularmente importantes na
armazenagem a longo prazo. Organizac;ao significa procurar ajustar a informac;ao a
algum quadro logico de referencia preexistente na pessoa au procurar criar algum
novo quadro de referencia teorico, que liga a novo material a alguma unidade coesa
na estruturas cognitiva. A incorporayao de fatos relacionados, que se tornam
combinados ou integrados nas estruturas de memoria, 8 denominada integraC;ao de
conhecimentos.
o esquecimento de informac;oes anteriormente armazenadas na memoria a
longo prazo tern sido explicado de varias maneiras. Conforme a teo ria da
interferencia, 0 esquecimento resulta diretamente da influencia negativa de outras
aprendizagens; isto e, a memorizayao de novas informayoes interfere na retem;ao
de informac;6es antigas (interferencia retroativa), ou informac;oes previa mente
aprendidas prejudicam a retenc;ao de material memorizado mais recentemente
12
(interferencia proativa), Outro tipo de explic8c;ao para 0 esquecimento refere-S8 ao
malogro de recuperac;ao: a informac;ao baseada na memoria encontra-se
temporariamente inacessivel, mas poderia S8r recuperada S8 dispusessemos de
"anzois" adequados para "pesca-Ias", de pistas certas de recuperac;ao. Qutros tipos
de esquecimento e de explicac;ao para 0 esquecimento tern sido propostos, um dos
quais e a repressao. Esta teria urna fun~o protetera, impedindo a ativacyao de
pensamentos e lembranC;8s desagradaveis em nossa experiencia consciente.
Informac;6es (au partes de informac;6es) nao selecionadas nem codificadas, e
tampouco transferidas de urna estrutura da memoria para Qutra, sao perdidas. As
estruturas de memoria dispoem de recursos protetores, com as quais evitam que
sejam abarrotadas de informac;oes em excesso ou irrelevantes. A atenc;ao e 0
feedback (retroalimentac;ao) fazem parte desses recursos. A aten9Eio possibilita a
selec;ao de informac;oes e aspectos tidos como importantes, e a rejei<;:ao dos que
nao interessam ao sujeito, ou sao dispens3veis. 0 feedback, tanto da memoria a
longo prazo para a mem6ria a curto prazo como da memoria a longo prazo para os
processos de atenc;ao, auxilia a sele9Eio de informa9Eio e a identificac;.3o do que vale
a pena repetir na memoria a curto prazo.
Os estudos de Vygostky, atraves de estudo comparativo da memoria humana,
revelaram que mesmo nos estagios rna is primitivos do desenvolvimento social,
existem dois tipos fundamentalmente diferentes de memoria. Uma chamada natural,
que consiste em representagoes mentais a partir de impressoes nao mediadas, pela
reteng.3o das experiencias reais como base dos trac;os de memoria. Caracteriza-se
pelo imediatismo. 0 outro tipo de memoria, chamada mediada, corresponde a
experiencias sociais, culturais, mediadas por signos, cuja significag.3o se da,
exclusivamente, nas relac;oes que homens e mulheres estabelecem entre si.
(VYGOTSKY, 1990, p. 43-44)
Vygotsky classifica as func;oes psicol6gicas em elementares e superiores,
carrespondendo a primeira cia sse as operac;oes de comportamento diretamente
determinadas pela estimulagao ambiental, enquanto que as fungoes superiores
caracterizam-se par serem autogeradas, ou seja, decarrentes da cria9Eio e uso de
estimulos artificiais. Em outras palavras, poder-se-ia dizer que as fungoes
elementares sao decorrentes da relac;ao estimulo-resposta simplesmente, e as
/ :,"'~'1;"~~
11,[ "- ,t..... • t
supenores, contam com um estlmulo de segunda ordem, urn signa, que par s~~ vez, • ,
age sobre 0 Indlvlduo (VYGOTSKY, 1990, P 44-45) ~-
Segundo Vygotsky, a medida que a ser humano cresce, modifica-se toda a
estrutura da memoria assim como seu papel no sistema de fungoes psicologicas.
Conforme ele, para a crianc;a pequena, por exemplo, pensar e lembrar, enquanto
que, para 0 adolescente, lembrar e pensar. Isto ilustra a modificac;:ao que ocorre
com a memoria no interior da realidade cognitiva do sujeito.
"0 conteudo do ato de pensar na crianc;:a, quando da definiC;:80 de conceitos e
determinado nao tanto pela estrutura logica do conceito em si, como e pelas suas
lembranc;:as concretas. ( ... ) As suas representacy6es gerais do mundo baseiam-se na
lembranl'a de exemplos eoneretos."(VYGOTSKY, 1990, p. 57)
Vygotsky destaca em seus estudos fato da essen cia da memoria humana
estar no fato de as seres humanos serem capazes de lembrar ativamente com a
ajuda de signos, que sao dad as culturalmente, fazendo da construc;:ao au
desenvolvimento da memoria, um processo historico, devendo por iSso, na 6tica do
autor, ser estudada para alem de suas relac;oes internas, mas e sobretudo nas suas
relac;:oes com outras func;:oes psicologicas.
Neste postulado de Vygotsky tem-se pistas da importaneia de se busear
conhecimento aprofundado sobre estes aspectos do desenvolvimento humano e sua
relac;:ao com 0 processo de aprendizagem, sobretudo ao se tratar de aprendizagem
escolar. A memoria humana precisa ser "bern tratada", e preciso "nutri-Ia" atraves da
atividade, da a9ao con stante.
Piaget, ao tratar do periodo das operac;:oes formais, afirma que a capacidade
de urna crianc;:a para memorizar - acumular informac;:ao e recupera-Ia posteriormente
- tambem melhora com a idade, sobretudo durante 0 periodo citado. Acredita-se que
tal a diferenc;:a na capacidade de acumulac;ao e recuperac;:ao de informac;:oes da
memoria se deva ao fato de que crianyas mais velhas aprenderam a usar certas
estrategias para faz9-lo, enquanto as mais jovens ainda nao as adquiriram.
(MUSS EN, 1980, p. 38)
Tambem eonforme PFROMM NETTO (1987), a despeito da inegavel utilidade
pratica do modelo estrutural de memoria, desde 0 inicio da decada de 70 varios
estudiosos passaram a advogar uma outra mane ira de conceber a mem6ria, mais
I.
adequada, a seu ver, para a analise e a SOIUC;80 de problemas que nao
encontravam respostas satisfat6rias a partir do modelo de estrutura linear dos tres
armazens de memoria. Este segundo ponto de vista refere-s8 a uma progressao de
nfveis de processamento, que camsg8 com a analise sensorial e pros segue em
direC;8o a processos mais profundos e centrais. Trala-s8 de urn processamento
continuo, desde a extrag8.o inicial dos aspectos sensoriais da informag:8.o ate a sua
signific8c;ao. Alem disso, a informac;8.o, de acordo com este ponto de vista, passa
por diversas transformac;oes de c6digos. Oiferentes aspectos da informacyao VaD S8
tornando disponiveis a medida que 0 processo avang8 em profundidade. Cada nfvel
de processamento deixa atras de si urn tra90 de memoria ou codigo, que representa
a informay80 produzida pela analise de informay80 a esse niveL A analise sensorial
do estimulo produz, dessa forma, codigos superficiais ou de nivel inferior, enquanto
o processamento seguinte e mais profundo gera codigos "profundos" ou de nivel
superior, entre os quais se encontram as representat;oes semElnticas e as relayoes
associativas na estrutura de conhecimentos do sujeito. (PFROMM NETTO, 1987, P.
118-125)
A memoria semantica refere-se ao conhecimento de palavras, conceitos e
relayoes entre ambos, nao ligados a urn tempo, lugar ou contexto especificos em
que foram adquiridos. Conceitos como os de casa, ave, alegria etc., significados de
palavras em gral, normas gramaticais, regras e principios fazem parte des sa
memoria impessoaL Nao sei quando, como, onde e em que circunstancias adquiri,
por exemplo, 0 conceito de "casa~. A memoria episodica refere-se a experiencias
perceptivas pessoais, associadas a urn tempo, urn lugar e urn contexto especificos,
que pertencem a autobiografia de cada um de nos.
De modo geral, nao nos lembramos dos contextos especificos em que
aprendemos as informac;oes contidas na memoria semantica - conceitos, fatos,
principios e itens assemelhados. A distinC;80 entre as duas memorias, entretanto,
nao e tao simples e rigida como parece a primeira vista, em bora possa ser uti I para
varios fins. Ha casas particulares em que nos recorda mas das circunstancias
especificas em que urn conhecimento especifico foi obtido; e algumas propostas
tern sido feitas por teoricos e pesquisadores, no sentido de combinar a memoria
15
epis6dica com a semElntica, ou rejeitar a existencia de sistemas separados para as
informa<;6es semanticas e epis6dicas.
Visto como a mem6ria semantica e 0 reposit6rio de rela<;6es e regras
conceituais, e possivel articular conteudos nela dispon[veis, a fim de produzir novos
conhecimentos. Nesse senti do, podemos recuperar informa<;6es de mem6ria
semimtica que nao foram original mente armazenadas nela. Muitas vezes, a
mem6ria vai al9m de um trabalho de simples reprodu<;ao de informa<;6es do
passado, funcionando de modo reconstrutor, ou fornecendo resultados de uma
integra<;ao semantica que nao existia nas informa<;6es originais. Itens separados de
informa<;8o armazenados independentemente podem, pois, ser usados para a
constru<;ao de esquemas generalizados que passam a representar ideias mais
complexas e unificadas.
A enfase posta nas atividades mentals voluntarias e estrategicas, para fins de
processamento de informa<;ao, tende a fazer com que nao atentemos para a
importimcia que assume em nossas vidas 0 processamento de tipo automatico,
involuntario, que nao requer esfor<;o ou concentra<;ao mental e chega mesmo a ser
nao consciente.
Urn processamento control ado, ou voluntario, requer a ativa<;ao de uma
sequencia de n6s semanticos sob 0 controle da pessoa; visto que requer aten<;ao,
s6 uma experiencia pode ser operada de cada vez. 0 processamento automatico
envolve igualmente a ativa<;ao de um conjunto de nos semanticos, mas 0 controle,
neste caso, nao e exercido conscientemente pelo sujeito e sim por uma entrada
particular, interna ou sensorial, na mem6ria a curto prazo, que dispara 0
automat ismo. As sequencias mentais sao levadas avante automaticamente, sem
requerer a aten<;ao do sujeito, e com 0 treino e a pratica podem assurnir urn alto
grau de automatiza<;ao. 0 uso do processarnento automatico para lidar com os
aspectos mais rotineiros de uma atividade permite que os recursos de
processamento controlado fiquem livres para aspectos mais complexos, novas au
sirnplesmente distintos daqueles a que se aplica 0 automatisma.
A transi<;ao do processo consciente para a automatico nao se opera da noite
para a dia, demanda um longo processo de aprendizagem original nao consciente.
16
2.3ATENCAO
E diffcil definir a ateny8o, embora todos possam reconhecer S8 estao ou nao
atentos. Ao se analisar a nogilo vutgar de atengilo, constatar-se-a que a atengilo
refere-s8 formal mente 80 conhecimento, ela e uma dire980 deste conhecimento
para um objeto. Alem disso indica uma preferencia do conhecimento por tal objeto,
com rela.y8o a Qutros objetos que poderiam S8r simultaneamente conhecidos. esta
preferencia consiste nac unicamente no fato deste objeto ser conhecido enquanto
as Qutros nao 0 sao: pode-se, em urn estado de sana len cia, Guvir exclusivamente
urn som sem estar atento a ele. Mas a prefer€mcia e eficaz e consiste em uma certa
atitude do sujeito em virtude da qual 0 objeto €I me thor ou mais exclusivamente
conhecido do que S8 esta atitude nao existisse. Pode-s8 dizer, em Qutras palavras,
que a atengao e a concentragilo de um "olhar interno" (LA VAISSIERE, 1959, p. 80)
num objeto, que, sem esta concentra9ao, nao estaria no foco da consciencia.
Para GARCIA (1973, p. 209), "entende-se por atengilo a orientagilo geral do
conhecimento que se aplica, por meios diversos, a um objeto, entre Qutros, em
razao do interesse que desperta no individuo" Para Brennan, a aten9ao pode ser
definida
como sendo a aplical(ao do espirito a certo objelo dos sentidos ou do pensamenlo, ou adeterminado grupo desses objetos com exclusao mais ou menos completa de todos osoutros. E a concentrac;aoou focaliza9ao da consciEmciasobre determinado objeto, situac;:ao,atividade au processo mental. com exclusao mais ou menDs com pieta de tudo 0 mais, com 0
fim de compreender a sua natureza ou conhecer as suas qualidades. (BRENNAN apudKELLY,1969, p.114)
Para PFROMM NETIO (1987, p. 122-125), a condigilo de estar
"Iigado/desligado" e uma preliminar importante no processo de aprendizagem
escolar. Um aprendiz desligado bloqueia de partida 0 processo de aprender; este
pressup6e necessaria mente urn estado de alerta, um despertar, uma ativa913o, que
se traduzem pela n09ao comum de "estar ligado" , estar atento. Alguns autores
mencionam, alem disso, uma condi9ao de docilidade inicial como essencial aaprendizagern e ao ensino. A busca, a sele9ao e a avalia9ao de informa9ao
originam-se de necessidades motivacionais que, em ultima analise, tern a ver com a
adapta9ao bio-psicossocial do aprendiz, a ajustamento e 0 bern estar do ser
humano.
17
BERL YNE citada par PFROMM NETTO (1987), prefere evitar termas
psicanaliticos, aD dizer que realizamos explora90es diversas e explora90es
especfficas, e destaca, no contexto destas ultimas, a curiosidade epistemic8. As
explorac;oes diversivas assumem a forma de devaneios, veas de imagina9Bo e
fantasia e estao mais ligadas aD pensamento artfstico; ocorrem quando buscamos
diversao, distrayBo, experiemcias esteticas e alvos afins. As explora90es especfficas
relacionam-se com 0 pensamento dirigido, formal, e com a redu<;ao de incerteza a
respeito de itens especificos; somas refon;ados par informac;6es capazes de reduzir
essa incertez8. Curiosidade epistemica e comportamento epistemico aplicam-se a
condic;oes internas, que 56 podem ser aliviados mediante a aquisigao de
conhecimento, na qual a pensamento dirigido e essencial (em grande oposigao ao
pensamento que carre ao sabor do aeaso, a divagagao sem rumo). A euriosidade
epistemica fesulta na ampliagao das estruturas simb61icas em nossa mente
Reeorremos a obtengao de novas informac;6es e ao seu armazenamento sob a
forma de conhecimento para reduzir nao s6 as nossas atuais incertezas mas
tambem em relayao ao nosso futuro - para reduzir, par assim se dizer, nossa
fragilidade, nos sa vulnerabilidade, nossa desorientagao. Fatores do estlmulo, como
novidade, mudanya, surpresa, incongruencia, complexidade, ambigOidade, enigma
e outros, sao denominados variaveis colativas; aumentam a ativagao, 0 incitamento
au a envolvimento da pessoa na busca de informayao.
As expectativas do aprendiz, as conhecimentos e habilidades que ja possui,
as experiencias de exilo au de malogro que acumulou em aprendizagens passadas,
a treinamento que recebeu (ou deixou de receber) em relagao a certas atividades
essenciais como "saber ouvir", "saber ver", "saber ler", e similares sao alguns
dosfatores capazes de afetar, favoravel au desfavoravelmente, conforme 0 caso,
este primeiro requisito de busca, sele9ao, avaliag80 e captagEio de informay8o.
l~
3 DESCRIC;:AO DA INVESTIGAC;:AO REALIZADA
3.1 DESCRIt;:AO DA COLETA DE DADOS
No senti do de analisar proposi90es te6ricas sobre importii3ncia e
desenvolvimento da aten<;ao e da mem6ria no processo ensino-aprendizagem,
visando orientar 0 diagnostico de problemas decorrentes destas capacidades
mentais e sua solugao, alem de confrontar estas proposic;oes te6ricas com a
realidade eseolar, fez-s8 urn levantamento junto a professores de 4a e sa series do
l' Grau, da Escola Municipal Joao da Silva Machado e Colegio Estadual Barao de
Antonina, respectivamente, sobre problemas de aprendizagem que julguem ser
decorrentes de problemas de atengEio au de mem6ria, para serem analisados no
sentido de urn diagnostico mais preciso, tanto para a ambito da sala de aula, quanta
para atendimento especializado. No entanto, na coleta de dados, as professores de
4a serie nao identificaram alunos que tivessem tais problemas, conforme solicitado
no questionario, 0 que fez com se decidisse por analisar como os professores tem
feito 0 seu diagnostico, tanto as de 4a quanto as de sa serie.
Responderam 0 questionario, os dois professores de 4a serie que atuam na
escola MuniCipal Joao da Silva Machado e sete dos onze professores de sa serie do
Colegio Estadual 8arc:30 de Antonina. Entre eles, um professor da sa serie afirma ser
pouco comum ter alunos que considera possuirem dificuldades de aprendizagem,
os demais, todos, afirmam que e comum isto se dar.
3.2 ANALISE DE RESULTADOS
8uscou-se controlar como possivel variavel interveniente 0 tempo de servi90
no magisterio, que apresenta-se a seguir, embora nao se tenha evidenciado
tipicidade entre respostas dadas e esta variavel. Decidiu-se pela apresenta9ao da
mesma, ainda assim, para possibilitar outras reflex6es a quem interessar, no sentido
19
de nela oportunizar a Qutros que 0 confirmem au aperiei«oem, at raves de urn olhar
mais acurado para estes dad as.
TABELA I: TEMPO DE SERVICO, NO MAGISTERIO, DOS PROFESSORES
PESOUISADOS
Tempo considerado N° de prof. 4a serie N° prof. 5a serie
ate 5 anos 01 01
de6a 10anos 01 01
de 11 a 15 anos 00 01
mais de 15 anos 00 04
TOTAL 02 07
TABELA II PRINCIPAlS CAUSAS DAS DIFICULDADES EVIDENCIADAS PELOS
PROFESSORES, POR ORDEM CRESCENTE, DA MAIS FREOUENTE A MENOS
FREOOENTE'
CAUSAS PROF. sa SERlE PROF. 4a SERlE
Falta de dominic de conteudos 2 1 3 1 1 3 1 1 5considerados pre-requisitos
Falta de estudo 1 2 1 3 3 1 2 3 4
Falta de aten9ao 3 3 2 2 2 2 4 2 2
Problemas de memoria 5 4 4 4 4 4 3 4 1
Metodologia inadequada 4 5 5 5 5 5 6 5 1
Problema auditivo au visual 6 6 6 6 6 6 5 6 6
Os numeros correspondem a ordem de Importancla atnbUida pelos professores
Pode-s8 observar na tabela aeirna que a quase totalidade dos professores
apontam para as tres causas de dificuldades de aprendizagem, mais frequentes, por
ordem, como sendo a "falta de dominic de conteudos considerados pre-requisitos",
"falta de atengElo" e "falta de estudo" Ao se refletir um pouco sobre estas respostas
20
pode-se levantar algumas hipoteses que poderao estar caracterizando a pratica
destes professores: primeiro, a preponderancia, ainda, da noc;ao de pre-requisito,
incompativel com a proposta de avaliac;ao diagnostica e continua, muito difundida
teo rica mente no interior das escolas; as causas dos problemas de aprendizagem
sao atribuidos prioritariamente aos proprios alunos. Entre as alternativas
apresentadas, uma refere-se diretamente a pratica docente, e foi considerada par
praticamente todos as professores como 0 segundo fator menos causador de
dificuldades, precedido apenas pela deficifmcia auditiva au visual.
Pode-se inferir, entre outras coisas, a indicativa de que a escola, no ponto de
vista dos professores, considera-se adequada, ajustada e eficiente para as
"normais~ entendendo-se estes como nao portadores de dificuldades como as
explicitadas. As respostas obtidas confirmam, de certo modo, a maxima
freqOentemente expressa por professores: "se a maioria aprende, par que uns nao
aprendem? Porque nao estudam, nao se esforyam, nao que rem nada com nada,
nao se interessam ... "
Sendo a questao da atenyao e da memoria 0 alvo central desta investigayao,
solicitou-se aos professores que indicassem que caracterfsticas au comportamentos
dos alunos Ihes indicam que eles passu em tais problemas. Em relaC;ao aos
problemas de memoria, os professores de 4a serle apontaram para "falta de
conhecimento funcional, adquirido no decorrer da vida escolar", coisa que a revisao
de literatura leita nao deu subsidies aD pesquisador, para interpretar, e a falta de
"prontidao, seja em exercicio oral, escrito etc." e que "esquece faeilmente, me sma
que seja alga do seu interesse"
Os professores da sa serie apontam para a "falta de concentrac;ao,
desinteresse, notas baixas, desanimo", "falta de interesse", "nao fixayao dos
conteudos~, "dificuldade em trazer as atividades nos dias estabelecidos e nao trazer
a material solicitado", "esquecimento de conteudos estudados em anos anteriores"
Urn professor afirma que "a falta de memorizac;ao esta relaeionada com a falta de
atenC;ao. 0 aluno que Ie sem atenc;ao nao entende a leltura e conseqOentemente
nao a memoriza"
E preciso lernbrar que nenhurn ser humano funciona como uma espeeie de
espelho cognitiv~ que reflete automatica, exat8 e fielmente, em todos os detalhes, a
21
informaC;80 extern a com que S8 defronta. Nao existe aprendizagem eSCOJ~ .....
envolvimento pessoal, sem a participagao empenhada e lucida do estudante.
Integrar pessoalmente a informac;ao significa aqui 0 oposto de uma coleta pass iva,
mecanica, superficial, de informag6es. Cada aprendiz e urn processador dinamico (8
nao raro surpreendente) de informa90es, notadamente de informac;6es verba is
significativas, visuais ou acusticas. Com base na informaC;8o sensorial captada, 0
aprendiz analisa, interpreta" reestrutura, modifica e integra os dad os disponiveis em
suas redes semanticas. Perante cada situ8C;8o-8stimulo, espera-se que 0 aluno
realize 0 processamento aqui referido. Para fins de controle de aprendizagem, 0
processamento deveria redundar em algum tipo de exteriorizaC;80 ou manifestaC;80 -
o aprendiz deveria fazer ou dizer alguma cOisa, escrever no caderno, apontar para
algo, exercitar algum tipo de operac;ao exterior. Em situac;oes rotineiras de
aprendizagem e ensino, comumente infere-se que os alunos estao respondendo
implicita ou internamente a informac;ao, isto 13, que raciocinam, compreendem,
memorizam. Que essa inferencia nem sempre 13 correta, provam-no numerosas
situac;oes, nas quais se descobre que 0 aluno nao entendeu nem reteve 0 que fol
ensinado.
GAGNE citado por PFROMM NETTO (1987), lembra a importancia, na
situac;ao-estimulo, de se dizer ao aprendiz quais sao as respostas ou ac;oes que se
espera dele. Isto nem sempre ocorre nas salas de aula ou nos locais de
treinamento. ao expor a materia a classe, 0 professor muitas vezes nao informa
inicialmente qual 130 desempenho que espera dos alunos durante e apos a liC;80.
Quanto a caraeteristica ou comportamentos dos alunos que lhes indicam que
possuem problemas de atenc;ao, os professores de 4a serie apontam para a
"ausencia de gosto pelo saber, interesse em 'outras' atividades, deixando 0 saber
sempre de lado", e dispersao com eoisas corriqueiras, conversas constantes, erras
absurdos na escrita de palavras comuns. Os professores de sa serie, por sua vez,
apontam para a impassibilidade de S8 realizar leitura sem atenc;aa, acusando os
alunas de conversarem paralelamente, incapacidade do aluna para responder a
algum questionamento apos diversas explicac;oes sabre a realizaC;80 de alguma
tarefa ou conteudo; desinteresse, brincadeiras, dificuldade em realizar leitura
22
interpretativa, distrac;ao, indisciplina, desanimo; urn professor afirma que Ha falta de
mem6ria provoca falta de atengao por des interesse au desanimo",
Pode-s8 dizer que prestar atenyao, compreender, aC8itar, reter, transferir e
agir sao os componentes principais da aprendizagem. Gragas a um processo
inicialmente de trans8gao com 0 ambiente (que em parte e orientada pelas estrutura
cognitiva da pessoa e em parte (8sulta dos aspectos rna is salientes das informagoes
disponlveis no ambiente) a atenr;:8.o (apreensao au percepg8.o) permite a detecg80
da informag8o externa pelos receptores sensoria is e a transformac;ao desta em
informac;ao nervosa. essa informag8o e submetida a continuo processamento e
elaboragao: analise de padroes sensoriais, classificayBo, conexao ou associayoes
passadas, assimilayao no sistema semantico da pessoa etc. - urn processo que
funciona a niveis cada vez mais profundos de analise, desde a extrayao das
caracteristicas sensoriais da informay8.o ate a extray80 do significado.
A atenyao, a cornpreens8o, a aceitayao e a retenyao nao constituem garanti8
de que a pessoa sabera transferir 0 que aprendeu para situay6es da vida diaria ou
situ8yao nova. Nao raro, 0 individuo pode deixar de refletir 0 que, em outras
circunstancias, foi objeto de atenC;:8o, compreendido, aceito, retido e transferido.
Assim, tem-se que a questao da atenc;:ao demanda mais que observa<;ao de alguns
indicios sobre sua existencia ou nao, face a manifesta<;oes (ou nao-manifestagoes)
do individuo em relagao a alguma proposic;:ao.
Os professores de 4a serie envolvidos na pesquisa nao apontaram alunos
que considerassem possuir dificuldades de atenc;:ao ou de memoria, indicando suas
dificuldades, 0 que inviabiliza a avalia<;ao dos alunos, conforme S9 pretendia no
inicio da pesquisa
23
4CONCLUSAO
E bastante frequente se ouvir professores justificando a fracasso de alguns
de seus alunos como decorrentes da falta de memoria e, principal mente, de
atengao. Nao se observa evidencias de distingao entre atengao e concentragao,
tampouco se observa a preocupa/yao no sentido de verificar se a informa/yao
transmitida esta, de fato, Mao alcance" do aluno au, se este entende a tarefa que Ihe
e solicitada. Normalmente, tais julgamentos expressos par professores, se dao com
base nas respostas dadas pelos alunos e no comportamento (atitudes, disciplina em
sala de aula) que observam nestes
A reac;ao do aluno a informac;ao envolve tambem, a evocagao de
conhecimentos anteriores, que devem ser relacionados com a informagao nova. A
boa diregao dos processos mentais do aprendiz tern muito a ganhar quando este
pade dispor de orienta goes verba is que facilitam a captac;ao e a compreensao de
novas pontos decisivas. 0 emprego desses recursos deve diminuir a incidencia de
erras e equivocos, assim como 0 tempo gasto na aprendizagem.
A atengao dos alunos pade ser Mcaptada" atraves da organizaC;ao previa de
materia is a serem aprendidos, de maneira a mobilizar 0 Mfuncionamento" da
aprendizagem.
A resistEmcia ao esquecimento das informagoes recem-assimiladas pelo
aprendiz, depende, na maiaria das vezes, de empenhos deliberados deste, no
sentido de fortalece-las. Caso contra rio, boa parte das informac;oes e perdida,
esquecida. Seu registro rnnemonico nao se consalida; nao vai alem da memorizagao
a curto prazo. Este e urn aspecto que merece a aten.y8o dos educadores, em geral,
pais parece que se espera que 0 aluno possa, num momenta mais au menos
magico, reter e aplicar as informagoes obtidas a situa.yoes novas, a que representa
uma suposigao sem qualquer fundamento. Nao pod em as esquecer que, em alguns
casos, a reten.yao fiel da infarmaC;8o na memoria a longo prazo, e fundamental,
como ocerre, por exemplo, com a forma ortografica das palavras
Pode-se inferir a partir desta pesquisa, a necessidade de urn estudo
detalhado, par parte dos prafessores, das rela/y6es existentes entre atengao e
memoria e, principalmente, cuidados a serem tornados para otimizar seu uso por
parte dos alunos. Ha uma serie de detalhes (por exemplo, 0 significado do conteudo
da informayao, sua relayao com 0 cotidiano, com os conhecimentos anteriores, com
formas menos elaboradas de representac;ao daquele conhecimento, ja dominadas
pelos alunos) que, se observados pelo professor, deverao contribuir para 0 sucesso
de seus alunos. E preciso perceber a atenc;ao como conseqOencia de todo urn
envolvimento pessoal do aluno enquanto sujeito ativo no seu processo de
aprendizagem. Assim, tambem, ha que se considerar a memoria como uma
faculdade mental superior que tern como finalidade facilitar a realizac;ao de
inumeras atividades, e nao de ser obstacuJoa sua realizaC;ao.
Memorizar nao deve implicar, primeiro, em infindaveis treinos e repetiyoes,
ate que 0 objeto seja "incorporado" pela mente. Deve-se, antes, atentar para 0 fato
de que urn grande "esteio" da memoria, talvez 0 principal, e a compreensao do que
se esta pretendendo memorizar. Assirn, a medida que vai compreendendo,
memoriza. A inversao deste processo ou a supervalorizac;ao da memorizaC;aoem
detrimento da compreensao, certamente diminuira a probabilidade de sucesso
escolar. Pode-se perceber, entao, 0 quae relevante e, para a qualidade do ensino, 0
professor conhecer e compreender os processos mentais por que passa a pessoa
humana quando esta em atividade cognitiva, como e a caso predominante na
escota.
25
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15. __ . A forma<;ao social da mente 0 desenvolvimento dos processospsicologicos superiores. Sao Paulo Martins Fontes, 1990
27
Questionario a ser aplicado aDs professores:
1. Series em que atua:
) 18 a 4a series ( ) 5' a 8' series
2. Tempo de servi,o:
) ate 5 anos
) de 11 a 15 anas
) de 6 a 10 anas
) mais de 15 anas.
3 E comum voce ter alunos que considera possuirem dificuldades de
aprendizagem?
) sim ) naa ) poucas vezes
4. Dos problemas evidenciados par seus alunos, de modo geral, quais sao, em sua
opiniao, as principais causas? Identifique-as com numeros de 1 a 6, partindo das
causas mais freqOentemente observadas.
) Falta de dominic de conteudos considerados pre-requisitos
) Falta de estuda
) Falla de aten,aa
) Problemas de mem6ria
) Metadalagia inadequada
) Problema auditiv~ au visual.
5. Dos casas aeima, que caracterfsticas au comportamentos dos alunos Ihe indicam
que eles possuem problemas de:
5.1.
memoria" _