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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO - EESP MARTA PENTEADO ZAIDAN MEDIDAS DE POLÍTICA MONETÁRIA E ESTABILIDADE DA INFLAÇÃO EM PAÍSES EMERGENTES São Paulo 2007

MARTA PENTEADO ZAIDAN MEDIDAS DE POLÍTICA MONETÁRIA …

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO - EESP

MARTA PENTEADO ZAIDAN

MEDIDAS DE POLÍTICA MONETÁRIA E ESTABILIDADE DA INFLAÇÃO EM

PAÍSES EMERGENTES

São Paulo

2007

2

MARTA PENTEADO ZAIDAN

MEDIDAS DE POLÍTICA MONETÁRIA E ESTABILIDADE DA INFLAÇÃO EM

PAÍSES EMERGENTES

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação em Economia da Fundação

Getúlio Vargas – EESP / FGV como

requisito para a obtenção de título de

Mestre em Economia.

Campo de Conhecimento

Macroeconomia

Orientador: Profº Vladimir Kuhl Teles

São Paulo

2007

3

Zaidan, Marta Penteado. Medidas de Política Monetária e Estabilidade da Inflação em Países Emergentes / Marta Penteado Zaidan - 48 f. Orientador: Vladimir Kühl Teles. Dissertação (Mestrado profissional) - Escola de Economia de São Paulo. 1. Inflação. 2. Mercados emergentes. I. Teles, Vladimir Kühl. II. Dissertação (Mestrado profissional) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

CDU 336.748.12

4

AGRADECIMENTOS

Para meu desenvolvimento pessoal e deste trabalho

pude contar com o apoio de algumas pessoas muito

especiais, portanto gostaria de expressar meus sinceros

agradecimentos a:

Meu orientador, o Profº Vladimir Kuhl Teles, um

verdadeiro mestre, que sempre se mostrou acessível a

discussões e esclarecimentos não apenas para esse

trabalho, mas também durante todo o período do curso.

Aos meus amigos do mestrado, bons companheiros

durante o curso e grandes amigos agora no final dele. E

também aos professores pela vocação de transmitir seu

conhecimento.

Não menos importante, à minha família pelo apoio e

compreensão pelo pouco tempo disponível a eles. Em

especial ao meu pai por quem sinto muita saudade, a minha

mãe pelo exemplo de dedicação e ao Otavio, por sempre

me estimular a ir além da minha zona de conforto.

5

RESUMO

O presente trabalho busca testar a validade da Regra de Taylor no controle da

inflação em sete países emergentes que adotam o sistema de metas inflação:

Brasil, Colômbia, México, Polônia, Turquia, África do Sul e Filipinas. A estimação

e inferência são realizadas a partir de um modelo de estado espaço para

determinar os períodos em que os países seguiram a regra. Em seguida é

realizado um teste de raiz unitária com threshold para verificar se o desvio da

inflação em relação a meta depende (ou não) da indicação dada pela Regra de

Taylor. Os resultados obtidos indicam que em países que seguem a Regra de

Taylor, o desvio da expectativa de inflação em relação a meta é estacionário, em

todos os casos. Em contrapartida, na maioria dos casos em que a Regra de

Taylor não é respeitada, o desvio da expectativa de inflação em relação à meta é

não-estacionário.

Palavras-chave: Regra de Taylor, Mercados Emergentes, Estabilidade da

Inflação

6

ABSTRACT

The goal of this paper is to evaluate the validity of Taylor principle when it comes

to controlling inflation in seven developing countries that use inflation targeting

regimes: Brazil, Colombia, Mexico, Philippines, Poland, South Africa and Turkey.

The test is based on a state-space model to determine when each country have

followed the principle, then, a threshold unit root test is used to verify if the

stationarity of the deviation of the expected inflation in relation to the target

depends on the compliance with Taylor principle. The results show that the

compliance with Taylor principle leads to the stationarity of the deviation of the

expected inflation in relation to the target in all cases. Furthermore, in most of the

cases the non-compliance with Taylor principle leads to a non-stationary

deviation of the expected inflation.

Key Words: Taylor Rule, Emerging Markets, Inflation Stability

7

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 4

RESUMO 5

ABSTRACT 6

SUMÁRIO 7

I. INTRODUÇÃO 8

II. REVISÃO LITERATURA 12

III. METODOLOGIA 20

III.1. Definição dos Regimes de Regras de Política Monetária 22

III.2. Teste de Eficiência das Regras de Política Monetária 23

III.3. Base de Dados 25

IV. RESULTADOS 27

IV.1. Aplicação para Brasil 28

IV.2. Resultados para Países Emergentes 32

V. CONCLUSÕES 34

VI. BIBLIOGRAFIA 36

VII. APÊNDICE 39

8

I. INTRODUÇÃO

Muitos trabalhos já discutiram sobre a eficiência em adotar os princípios de

Taylor para garantir a estabilidade econômica, portanto essa relação passou a

ser muito utilizada como medida de política econômica por autoridades em todo

mundo. Segundo Taylor, a definição de um regime de regras, seja ele monetária

ou fiscal, resulta em uma série de vantagens ao melhorar a performance da

economia se comparada à decisões discricionárias. O risco de se adotar um

regime de decisões discricionárias é o de tornar as soluções propostas

inconsistentes no tempo, o que dificulta a previsibilidade das respostas dos

agentes econômicos. Taylor definiu um regime de regras como sendo um plano

de contingência que dura enquanto necessário, os policymakers assumem o

compromisso de seguir essas regras e, com isto, conquistam os benefícios dos

ganhos de credibilidade associados a elas.

“(it) is simply a contigency plan that specifies as clearly as possible the circunstances

under which a central bank should change the instruments of monetary policy”1

“I like to give a sailing analogy: inflation targeting is like the destination for a sailboat. A

policy rule is how to sail the boat to get to the destination: for this you need to describe the

angle of attack, the sail thim, the contingency for wind change, and so on.”2

Além de trazer os benefícios da redução da taxa de inflação, a adoção do

regime de regras produz, como efeito secundário, a redução das incertezas e a

melhora das perspectivas de crescimento de longo prazo desta economia. Os

ganhos de credibilidade conseguem fazer com que a autoridade monetária

alcance seus objetivos de forma bem menos custosa para toda a sociedade,

através de menores ajustes na taxa de juros e, portanto, menor volatilidade do

produto e da renda.

1 Taylor, John B. in Using Monetary Policy Rules in Emerging Market Economies (2000) 2 Idem

9

Em seus trabalhos, Taylor sugere como fazer para tornar uma regra

operacional. Em primeiro lugar, a regra precisa ser capaz de ser expressa em

uma equação que a especifique. Essa equação servirá de input à decisão do

banco central. Além disso, deve-se criar uma lista dos princípios gerais da regra

para indicar às autoridades monetárias o processo de decisão e o plano de

ação.

No escopo desse trabalho está a utilização da regra de política monetária

desenvolvida por Taylor – conhecida como regra de Taylor. A principal

contribuição dessa regra foi demonstrar como uma simples formulação algébrica

fora capaz de descrever o comportamento da taxa de juros do Federal Funds 3

com bom grau de previsibilidade.

Orphanides (2002) define a regra de Taylor como um processo de política

monetária descrita em termos de taxa de juros de curto prazo, o que a coloca

próxima do processo real de decisão. Além disso, a regra é descrita em termos

dos dois maiores objetivos operacionais da política monetária: inflação e

crescimento econômico. A regra pode ser implantada apenas por sua fórmula

algébrica, ou pode ser tratada por suas características e sua implantação

deixada a cargo das autoridades monetárias.

A operacionalidade da regra é simples: sempre que um dos parâmetros se

distanciarem da variável definida como instrumento, a autoridade monetária

deverá agir de forma a trazer esse parâmetro de volta ao seu valor de equilíbrio

– essa é a função de reação do Banco Central.

A adoção de um regime de metas de inflação é uma importante evolução da

regra de Taylor. As metas são definidas como instrumentos de política monetária

e, portanto, um valor quantitativo, fácil de ser mensurado. Por esse motivo, é tão

3 A taxa do Federal Funds é definida através de operações no mercado aberto de compra e venda de títulos americanos e de agencies federais. O Federal Reserve (Banco Central americano) as utiliza como forma de implementar suas decisões de política monetária.

10

usual encontrar uma regra de política monetária, associada a um regime de

metas de inflação, como instrumento.

A regra de Taylor, na forma em que foi formulada por seu criador, possui, no

entanto, pouca operacionalidade, conforme a crítica de McCallum (1993). O

autor coloca que a autoridade monetária precisará de informações que não

estarão disponíveis na hora da decisão, por exemplo, dados que só estarão

disponíveis com alguma defasagem. Nesse caso, a autoridade monetária

deveria utilizar previsões de dados para definir a política monetária, ou utilizar

dados correntes que refletem o período anterior. Nos dois casos, o resultado

obtido será diferente do obtido ao se utilizar dados ex post4. Como o ex-

Chairman do Federal Reserve, Alan Greespan, ressaltou em statement de 1997:

“As Taylor himself has pointed out, these types of formulation are at best ‘guide-posts’ to help

central banks, not inflexible rules that eliminate discretion. One reason is that their formulation

depends on the values of certain key variables-most crucially the equilibrium real federal funds

rate and the production potential of the economy”.

O presente trabalho busca testar a validade do Princípio de Taylor para sete

países emergentes que adotaram o regime de metas de inflação: Brasil,

Colômbia, México, Polônia, Turquia, África do Sul e Filipinas. O trabalho

contribui com dois resultados importantes. O primeiro propõe um método

alternativo para testar a validade da Regra de Taylor. Ao contrário da maioria

dos trabalhos na literatura recente que buscam uma relação linear entre política

monetária e inflação; esse trabalho incorpora o conceito de não linearidade a

essa relação. Em particular, esse trabalho utiliza uma adaptação do teste

threshold de raiz unitária proposto por Carner e Hanser (2001). O alinhamento

dos países à Regra de Taylor é definido através da utilização da variável binária

obtida por um modelo estado espaço pré-estimado, que por sua vez, é usada

para definir o threshold, nos períodos em que o país respeita a regra, e quando

não respeita. Então, um teste é realizado para verificar a estacionariedade dos

4 Referência a modelos estimados no presente, com dados passados, que prescrevem uma política monetária diferente da adotada pela autoridade monetária na ocasião. Como a autoridade monetária não tem posse desses dados, não teria como ela prescrever as ações definidas pelas estimativas ex post.

11

desvios da inflação esperada em relação à meta em acordo com o regime

(períodos em que se respeita o princípio, e não). Ou seja, o que se busca é

verificar se os desvios da inflação esperada são estacionários quando a Regra

de Taylor é respeitada, e se isso permanece verdadeiro quando a regra não é

respeitada.

A segunda contribuição importante do trabalho é a utilização de países

emergentes que adotaram o regime de metas de inflação, o que aumenta a

possibilidade de discutir-se mais amplamente a validade da Regra de Taylor. A

relação entre estabilização de inflação e política monetária pode ser diferente

para países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Assim, é esperado

que países desenvolvidos que adotam o princípio de Taylor não apresentem

ganhos econômicos tão significativos por segui-lo, uma vez que não apresentam

problemas crônicos de inflação ou outros distúrbios macroeconômicos. Já os

países emergentes (em desenvolvimento) devem mostrar maior sensibilidade à

adoção da regra. Ao considerar países que adotaram o regime de metas

inflacionárias, define-se períodos precisos em que a regra foi seguida e o

tamanho dos desvios da inflação esperada em relação a meta.

Os resultados obtidos indicam que em todos os casos que os países

seguiram a Regra de Taylor, o desvio da inflação em relação à meta é

estacionário, e portanto, o equilíbrio é determinado. Nos períodos em que o

banco central não segue a indicação da regra, o desvio da inflação esperada à

meta é não estacionário, na maioria dos casos.

O capítulo II desse trabalho trata de fazer uma revisão da literatura, trazendo

as principais evoluções da regra e resultados obtidos. O capítulo III traz a

metodologia utilizada para obter os resultados. O capítulo IV expõe e discute os

resultados obtidos. E a parte final traz as conclusões.

12

II. REVISÃO LITERATURA

As discussões em torno da Regra de Taylor encontraram terreno fértil na

economia americana, onde há forte evidência de que a taxa de desemprego e

inflação eram mais elevados e mais voláteis no período entre 1965 e 1980, do

que nos últimos 20 anos.

A publicação do trabalho de Taylor (1993) deu origem às discussões sobre

regras de política monetária através de uma função de reação da autoridade

monetária. Em seu trabalho Taylor analisou a aplicação prática de regras de

política na economia americana no período entre 1987 e 1992. A grande

contribuição do trabalho apontou para a forte relação entre mudanças na taxa de

juros pelo Federal Reserve (FED) em resposta a alterações no nível de preço e

produto real. Taylor (1993) apontou que a adoção dessa regra de política foi

responsável pelo bom desempenho do FED no controle da inflação dos anos 80.

A regra de política monetária proposta por Taylor (1993) indica que a

autoridade monetária deveria subir a taxa de juros se houvesse aumento da

inflação acima do esperado, ou se o produto real estivesse acima do produto

potencial.

** )(5,05,0 rppypr +−++=

Onde:

r = taxa federal funds

r* = taxa federal funds de equilíbrio

p = taxa de inflação média nos últimos quatro trimestres (medida pelo deflator

do PIB)

p* = inflação esperada

13

y = hiato do produto (desvio do produto real em relação ao produto potencial)

y = 100 (Y-Y*)/Y*, onde Y* = tendência linear do log do produto real do

primeiro trimestre de 1984 até terceiro trimestre de 1992).

A área de pesquisa em regras de política monetária é abrangente, e diversos

pesquisadores já ofereceram contribuições importantes ao desenvolvimento da

metodologia nessa área. De um lado, alguns autores argumentam que a

evolução nos indicadores macroeconômicos ocorreu devido à adoção de uma

política monetária ativa (entre eles Judd e Rudebusch (1998); Clarida, Gali e

Gertler (2000), Cogley and Sargent (2001, 2003); Boivin e Giannoni (2003);

Lubik e Schorfheide (2004)). Por outro lado, outros autores acreditam que isso

se deve a diferentes choques exógenos que ocorreram no período. Entre estes

estão Blanchard e Simon (2001); Stock e Watson (2002); Sims e Zha (2004) e

Primiceri (2005).

Judd e Rudebusch (1998) estimaram uma versão dinâmica da regra de

Taylor para a economia americana no período entre 1970 e 1997, dividindo o

período pelas diferentes gestões do Federal Reserve. Uma importante

contribuição do estudo foi considerar um mecanismo de suavização sobre o

movimento da taxa de juros, à regra de Taylor. Esse mecanismo é importante,

pois reflete de forma mais realista as decisões de um banco central, que não

costuma reagir de forma abrupta a distorções em nível de preços ou produto.

Os autores concluíram que o período de gestão de Alan Greenspan (1987 –

1998) foi o que mais se ajustou a regra de Taylor. Esse resultado dá uma forte

indicação da eficiência da regra, uma vez que, nesse período, a economia

americana viveu um momento de estabilidade econômica e crescimento.

Clarida, Gali e Gertler5 ofereceram diversos trabalhos nesse campo de

pesquisa. Em Monetary Policy Rules in Practice: Some International Evidence6,

5 Os pesquisadores Richard Clarida, Jordi Gali e Mark Gertler 6 Working Paper 6254, NBER Working Paper Series, November 1997

14

os economistas estimam funções de reação para dois grupos de países G3

(Estados Unidos, Japão e Alemanha) e E3 (Reino Unido, França e Itália). Nesse

trabalho concluem que o primeiro grupo seguiu desde 1979, uma política

monetária com meta implícita de inflação, que se mostrou ser forward looking,

respondendo antecipadamente a um aumento da inflação esperada (medida

pelas expectativas dos agentes). Já o grupo E3 aparentou ser bastante

influenciado pela política do Bundesbank, ou seja, alteravam sua política

monetária em função da decisão tomada pelo banco alemão.

Os pesquisadores utilizam uma especificação básica de ajuste da taxa de

juros nominal de curto prazo, pelo Banco Central, em resposta a desvios da

inflação esperada e do produto em relação a suas metas – o que eles chamam

de versão forward looking da função de reação de Taylor. A estimação dos

modelos para cada grupo de países tomou o período entre 1974 e 1993.

Os principais resultados obtidos pelos pesquisadores, e que interessa ao

escopo desse trabalho, apontam que a política monetária adotada pelo grupo de

países G3 (Bundesbank, FED e Banco do Japão) responde de forma

significativa e com o sinal esperado para desvios na inflação e no produto. Outro

resultado importante foi obtido ao manter-se a inflação esperada constante.

Nessa estimação, apontou-se que os bancos centrais, de fato, alteram sua taxa

de juros a desvios de produto, no entanto com menor sensibilidade. A forte

indicação desse resultado implica em menor resposta pelos bancos centrais a

desvios de produto, do que a desvios de inflação.

Já para o grupo de países do E3, a função de reação do banco central

apresentou uma resposta significativa a alterações na política monetária do

Bundesbank. Esse resultado pode ser explicado pelo compromisso desses

países com o European Monetary System (EMS)7 no período, que os obrigava a

sacrificar o controle monetário doméstico, com rígidos controles de capitais para

7 O EMS era um sistema de taxa de câmbio com flexibilidade limitada, que definia bandas de variações bilaterais para o câmbio dos países membros. Em geral, as bandas apresentavam um limite inferior e outro superior para intervenção com uma distância de 2,25% (com uma margem maior para a Lira italiana).

15

garantir as bandas de flutuação da taxa de câmbio. O resultado das estimativas

aponta que, apesar desses países apresentarem baixa taxa de inflação, os

mercados financeiros os obrigavam a manter taxa de juros reais elevadas para

sustentar o nível do câmbio. A conclusão dos autores é direta: é difícil para a

autoridade monetária construir credibilidade em um sistema de câmbio

controlado, pois se perde o controle monetário.

Orphanides8 é outro autor constantemente citado em trabalhos sobre política

monetária, pois ofereceu importantes contribuições à estimação de modelos de

política monetária seguindo uma simples regra de Taylor. Segundo o autor: “one

of the reasons simple rules are believed useful is that they can provide the policymaker with the

flexibility to achieve some of the benefits of discretionary short-run stabilization policy while

retaining credibility toward the long-term goal of price stability”.

Segundo ele, a forma em que a regra de política monetária será implantada e

interpretada é uma das dificuldades dos modelos, pois existe um problema de

informação. Orphanides discutiu essa questão ao avaliar a efetividade de

trabalhos que questionam a posteriori a adoção de regras de política monetária

com dados ex post. Ao tomar uma decisão de política monetária baseada em

uma regra de Taylor, por exemplo, a autoridade monetária se depara com a

dificuldade de selecionar dados que refletem a situação real da economia: os

dados apresentam defasagem na divulgação, sofrem revisões severas ao longo

do tempo e ainda há a dificuldade de utilizar dados correntes vis-à-vis dados que

incorporem as expectativas futuras.

Orphanides (2001) testou as decisões de política monetária através da

criação de séries de dados semelhantes às disponíveis ao Federal Reserve na

época das decisões. Para criar essas séries de dados, ele utilizou as

informações disponíveis no Greenbook9. As diferenças entre a recomendação de

ação na política monetária entre o modelo com real time data e o modelo com

dados ex post foi substancial. 8 Orphanides, Athanasios (2001) in “Monetary Policy Rules Based on Real-Time Data” 9 Livro preparado pelo staff do Federal Reserve que sumariza a análise de dados correntes e expectativas futuras. É divulgado antes de cada encontro do FOMC.

16

Orphanides (2001) realizou ainda um teste econométrico utilizando séries

forward looking, ou seja, com as expectativas dos agentes para horizontes de

investimentos mais longos.

ttitytittt yaaaff ηπρρ π +++−+= ++− ))(1( ||01

Nessa estimação ele observou que os parâmetros variavam muito conforme

o horizonte de investimento, e identificou o horizonte de expectativa para os

dados econômicos entre o terceiro e o quatro trimestre, como o ideal. Na

estimação utilizando as expectativas para o quatro trimestre, Orphanides

conseguiu um ajuste quase perfeito entre a política monetária praticada e a

especificação da função de reação do banco central americano. Ele concluiu

ainda em outro trabalho10, que as regras de política monetária que falharem em

incorporar dados forward looking serão inadequadas.

Poole (1999) considerou dois pré-requisitos críticos no processo de definição

de uma regra de política monetária. Em primeiro lugar, a regra deve considerar o

que os agentes esperam sobre as decisões de ações dos bancos centrais. E em

segundo lugar, a regra precisa ser explícita sobre as informações utilizadas

pelos bancos centrais na tomada de decisão.

O estudo de Woodford e Walsh (2003)11 coloca que os resultados de

trabalhos em análise macroeconômica no campo da política monetária, resultam

invariavelmente em três especificações:

(1) uma curva IS com expectativas;

(2) uma equação de ajuste para inflação, e

(3) uma especificação de política monetária em termos da função objetivo ou

da determinação de uma taxa de juros nominal.

10 Orphanides, Athanasios (2002) in “Historical Monetary Policy Analysis and the Taylor Rule” 11 Michael Woodford e Carl. E. Walsh in “Interest and Prices: Foundations of a Theory of Monetary Policy”

17

É importante destacar outros resultados importantes obtidos por alguns

autores na modelagem de medidas de política monetária e funções de reação de

bancos centrais. Clarida, Gali e Gertler (1999) colocam que a forma do ajuste na

taxa de juros a distúrbios no produto depende da natureza desse distúrbio: a

autoridade monetária deve reagir a choques de demanda, e acomodar os

choques de oferta. Uma elevada taxa de inflação no estado estacionário pode

ser resultado da falta de compromisso do banco central com o controle da

inflação. Um compromisso crível de combate a inflação melhora as chances do

banco central de corrigir desvios de inflação ou produto com menor custo para a

sociedade em geral.

As medidas de política monetária, segundo os autores, sofrem de algumas

complicações de ordem prática, como informação imperfeita, a escolha do

instrumento para acompanhamento da situação monetária e a definição de um

componente de suavização na implantação da decisão de política monetária.

Clarida et.al. descrevem alguns instrumentos para adoção de medidas de

política monetária. Entre eles, reconhecem dois benefícios da adoção do sistema

de metas de inflação: a identificação de uma âncora nominal para a política e

compromisso e ganho de credibilidade pela autoridade monetária. Além das

metas de inflação, citam meta para nível de preços e para o PIB nominal

Batini e Haldane (1998) contribuíram nas modelagens de medidas de política

monetária ao comprovarem os benefícios da utilização de séries forward looking.

Nas palavras de Alan Greenspan, no depoimento Humphrey-Hawkins de 1994:

“The challenge of monetary policy is to interpret current data on the economy and financial

markets with an eye to anticipating future inflationary forces and to countering them by taking

action in advance”. Batini e Haldane também apresentam como horizonte ótimo

para dados forward looking, o período entre o terceiro e o sexto trimestre (para

modelos com séries trimestrais). Os autores recomendam cuidado ao definir o

horizonte da meta nominal escolhida como âncora, que se bem definida, resulta

em maior estabilização do produto. Outra conclusão importante de seu trabalho

18

coloca que as estimações forward looking são capazes de gerar maior welfare

para a sociedade do que as estimativas backward-looking.

Diversos autores brasileiros trataram sobre modelagens da Regra de Taylor,

especialmente após a adoção do regime de metas inflacionárias. No período

anterior a 1999, quando o país viveu um período sob regime de câmbio fixo,

havia pouco espaço para esse tipo de estudo, uma vez que a autoridade

monetária possuía pouca dominância sobre suas decisões de política

monetária12.

Portanto na literatura brasileira, o princípio de Taylor aparece muito

associado ao conceito de metas de inflação. Bonomo e Brito (2001) testaram

três tipos de regras para o caso brasileiro: a primeira considera a tradicional

regra de Taylor – como a taxa de juros reage à inflação e ao hiato do produto. A

segunda regra foi testada pela consideração de Ball (1998) – que altera o

parâmetro de inflação para um parâmetro combinado de inflação e taxa real de

câmbio (a idéia é que a taxa real de câmbio funciona como previsor de inflação).

E, a última regra incorpora explicitamente a previsão de inflação futuro no lugar

da inflação. Mas alguns resultados são notáveis.

Os resultados obtidos para a economia brasileira confirmaram que a

economia forward-looking reage a choques com menos oscilações no produto do

que a economia backward-looking. A política monetária consegue afetar

imediatamente a inflação na economia forward-looking, enquanto na economia

backward-looking existem defasagens. A desvalorização da taxa de câmbio tem

sempre um overshooting maior na economia forward-looking, mas mesmo assim

as conseqüentes oscilações de inflação e de produto são muito mais tênues

nesta economia. Outro resultado importante mostrou que regras forward-looking

falham no objetivo de reduzir a inflação em uma economia backward-looking.

12 Em uma economia aberta, sob um regime de câmbio fixo, a autoridade monetária perde poder de definição da taxa de juros baseada em fatores endógenos da economia. A taxa de juros funciona como ferramenta de atração do fluxo de divisas internacionais. Se houver um choque na economia internacional, com “flight to quality”, o Banco Central tem que subir a taxa de juros para manter atratividade do país.

19

Neste caso, o objetivo é prontamente atingido quando se utiliza uma regra de

Taylor com pesos parecidos na inflação e no produto.

Carneiro e Duarte (2001) partiram de trabalhos com o caso brasileiro, que

sugerem a importância da inércia (introduzida no parâmetro auto-regressivo do

choque monetário) na determinação da resposta inicial da economia e do tempo

que a economia levará para voltar ao equilíbrio. A partir daí, buscaram calcular

outro papel importante da inércia: definir o peso da própria relutância do Banco

Central em promover ajustes drásticos na taxa de juros. Os resultados obtidos

apontam que a resposta depende mais do parâmetro auto-regressivo do choque

monetário do que da inércia da taxa de juros. A suavização é importante no caso

dos juros nominais responderem à inflação e produto passados, pois diminui a

oscilação das respostas das variáveis ao choque monetário, e no caso da regra

“forward looking”.

Já Policano e Bueno (2006) estimam uma função de reação para o Banco

Central do Brasil pelo método Time Varying Parameter (TVP), o que permite que

os seus coeficientes variem durante o período, seguindo um processo de

random walk. Os resultados obtidos dividiram a condução da política monetária

em dois períodos diferentes: o primeiro relativo ao regime de câmbio fixo e o

segundo referente ao período de metas de inflação. No primeiro período, a taxa

de juros reagiu mais fortemente ao produto e às reservas cambiais. Enquanto no

segundo período, a taxa de juros reage principalmente às expectativas de

inflação.

20

III. METODOLOGIA

Como apresentado na seção anterior, a teoria monetária tem se desenvolvido

ao longo dos últimos anos a partir de uma discussão sobre a eficiência das

regras de política monetária. Uma corrente expressiva defende que o Banco

Central deve reagir através de regras de política monetária a desvios na

expectativa da inflação com relação à meta e ao hiato do produto para garantir a

determinação do equilíbrio. Sob este aspecto, seguindo Woodford (2003) temos

que a economia pode ser representada através de duas equações básicas,

sendo uma dada pela curva IS intertemporal:

(1)

onde é o hiato do produto, é uma linearização da diferença dos juros

nominais com relação aos de equilíbrio, é a inflação, é o tempo, é o

operador de expectativa, e é um parâmetro da economia. A outra equação

básica é dada por uma curva de Phillips novo-keynesiana:

(2)

onde e são parâmetros da economia.

É possível demonstrar que o sistema de equações em diferença dado pela

curva de Phillips e pela IS leva a um equilíbrio de expectativas racionais

indeterminado. Isso significa que existe, neste caso, um número infinito de

possíveis respostas de equilíbrio das variáveis endógenas a choques reais,

incluindo situações onde as flutuações na inflação e no produto são

desproporcionalmente grandes em relação a mudanças nos fundamentos, o que

é indesejável.

Para garantir a determinação do equilíbrio torna-se assim necessário adotar

uma regra de retro-alimentação da taxa de juros por parte do Banco Central.

21

Diversas regras alternativas podem ser adotadas para garantir a especificação

do equilíbrio. No caso de países que adotam um regime de metas de inflação a

reação de juros indicada para garantir a estabilidade do sistema de forma

coerente com a meta deve necessariamente ser de reação a desvios da

expectativa de inflação com relação à meta (Woodford, cap 4). Em outras

palavras deve ser uma regra do tipo:

(3)

Ao utilizar esta regra duas condições são necessárias para que a regra de

juros (3) garanta a determinação do equilíbrio. A primeira é dada por,

(4)

onde é dado por uma combinação de parâmetros que refletem os níveis

de rigidez nominal e real da economia. Esta condição é similar ao princípio de

Taylor, pelo qual a reação da taxa de juros a choques na inflação devem ser

mais que proporcionais para garantir que a inflação se estabilize no nível

desejado. A segunda condição é dada por,

(5)

Esta condição evidencia que um Banco Central excessivamente rigoroso com

uma reação à inflação desproporcionalmente grande leva a economia a um

equilíbrio indeterminado. A razão disto foi exposta por Bernanke e Woodford

(1997) e Clarida et. al. (2000), onde é demonstrado que essa condução de

política monetária pode levar a um aumento das flutuações da expectativa da

inflação com relação à meta devido a expectativas auto-realizáveis.

Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo estimar e calibrar os

valores destacados das condições (4) e (5) para testar a previsão de que estas

são condições necessárias e suficientes para o retorno automático da

expectativa de inflação à meta. As duas subseções a seguir descrevem os

procedimentos usados para estimar os parâmetros do modelo para cada período

22

do tempo e para usar estas estimações para testar a validade dessas condições

respectivamente.

III.1. Definição dos Regimes de Regras de Política Monetária

Para testar a validade das condições de determinação do equilíbrio o

primeiro passo é determinar os valores dos parâmetros em questão. Assim, os

parâmetros fixos da economia foram calibrados seguindo Woodford (2003)13

para e . Entretanto, os parâmetros de reação da política

monetária são obtidos usando um modelo de estado-espaço com parâmetros

variando no tempo para estimar a equação (3) com os parâmetros , e

variando no tempo de acordo com um processo autoregressivo, ou seja, de

acordo com o sistema,

(6)

(7)

(8)

(9)

onde a equação (6) é a equação de medida e as equações de (7) a (9) são as

equações de transição. As primeiras seis observações dos parâmetros , e

foram eliminadas para evitar valores muito diferentes dos prováveis.

Uma vez obtidos os valores dos parâmetros de reação do Banco Central para

cada ponto no tempo tais parâmetros são aplicados às condições (4) e (5)

juntamente com os valores calibrados da economia para se verificar os períodos

13 Teles e Brundo (2006) calibram tais valores para a economia brasileira chegando a números muito próximos a estes, além de mostrarem, através de uma análise de sensibilidade para um exercício similar ao realizado aqui que mudanças nesses parâmetros não são capazes de alterar de forma significativa os resultados, de forma que é possível argumentar que se pode usar estes parâmetros para todos os países aqui envolvidos.

23

em que o banco central respeitou as condições de determinação do equilíbrio e

quando não o fez. Assim define-se a seguinte variável binária:

(10)

Dessa forma, a variável define dois regimes de política monetária. Tal

variável serve de base para testar se o comportamento do desvio da inflação

com relação a meta converge automaticamente quando as condições (4) e (5)

são respeitados ou não, e, ao mesmo tempo se a não observação dessas

condições leva a um comportamento indeterminado do equilíbrio.

III.2. Teste da Eficiência das Regras de Política Monetária

Para testar a eficiência das regras de política monetária é necessário utilizar

um teste que leve em conta a natureza não-linear prevista pela teoria.

Entretanto, os diversos testes usados comumente na literatura para averiguar se

o princípio de Taylor é válido, ou não, explicitam este comportamento não linear.

O presente trabalho visa dar uma contribuição neste sentido através do uso de

um modelo auto-regressivo com limiares (TAR - Threshold Autoregressive

Model). A idéia do teste é verificar se o desvio da expectativa da inflação com

relação à meta possui diferentes processos quando as condições para a

determinação do equilíbrio são aceitos ou não. Para tanto o teste pode ser

descrito pela seguinte equação:

(11)

24

Ou seja, quando o banco central respeita as condições de determinação do

equilíbrio , e o modelo é dado por ,

por outro lado, quando as condições não são respeitadas e o modelo

passa a ser dado por . Ou seja, se as

condições de determinação sugeridas pela teoria forem válidas , de forma

que o comportamento do desvio da inflação vai ser diferente para períodos em

que o banco central respeita a regra dos períodos que não respeita. Assim, o

primeiro teste é testar essa desigualdade usando como hipótese nula ,

ou seja, de que não há threshold.

Além disso, o caso mais interessante do teste é a possibilidade do desvio da

expectativa da inflação com relação à meta ser estacionário quando e

apresentar uma raiz unitária, caso contrário. Tal circunstância é claramente uma

situação de não estacionariedade, porém não é um caso clássico de processo

de raiz unitária. Além de ser uma circunstância bastante interessante do ponto

de vista econométrico essa situação é pertinente para a aplicação aqui sugerida.

Do ponto de vista de teoria monetária isso significa que a expectativa converge

naturalmente à meta quando ocorre um desvio se, e somente se, , o que é

o previsto. Assim, o teste de raiz unitária com threshold é muito útil para verificar

a validade da teoria neste caso.

As distribuições destes testes foram exaustivamente estudadas por Caner e

Hansen (2001). Para a existência de threshold, o teste de Wald é o indicado.

Entretanto na presença de raiz unitária os valores críticos tradicionais do teste

de Wald não são válidos. Ao mesmo tempo, no caso do teste de raiz unitária a

presença de threshold faz com que o poder do teste ADF tradicional caia

drasticamente, como documentado por Pippenger e Goering (1993). Assim, os

valores críticos adequados devem ser obtidos para cada teste.

Caner e Hansen (2001) encontram a distribuição assintótica do teste, mas

demonstram que os valores críticos destes testes não podem ser tabulados de

uma forma padronizada para amostras pequenas. Assim, a melhor alternativa é

estimar os valores críticos por meio de simulações em bootstrap para cada caso.

25

Assim, os valores críticos do teste de raiz unitária são obtidos através de

bootstraps que são realizados assumindo que o processo verdadeiro é

estacionário que é a hipótese nula. Foram conduzidas 10000 simulações de

bootstrap para se obter os valores críticos para os testes do presente estudo.

Assim, a aplicação dos testes de threshold e de raiz unitária apenas para o

regime com nos fornece indicações da validade do princípio de Taylor e

das condições de determinância do equilíbrio com expectativas racionais

previsto pela teoria.

III.3. Base de Dados

Para a aplicação da metodologia foram criadas bases de dados específicas

de cada país estudado, com as informações divulgadas por órgãos oficiais de

cada governo. Os países selecionados foram Brasil, Colômbia, México, Polônia,

Turquia, África do Sul e Filipinas.

Esses países atuam sob o regime de metas de inflação, portanto o cálculo do

desvio considerou os desvios das expectativas de inflação em relação à meta.

Como os dados são ainda recentes (a maior parte dos países divulga dados

apenas após 2001) optou-se por trabalhar com série de dados mensais, para

obter maior confiabilidade estatística. Portanto, a meta, que costuma ser anual,

precisou ser modificada para uma meta mensal anualizada, através de

interpolação linear. Alguns países divulgam a expectativa de inflação doze

meses a frente mensalmente, no entanto, outros só divulgam essa informação

no relatório de inflação que é trimestral. O mesmo procedimento foi realizado,

portanto, nas expectativas de inflação para torná-las mensais.

Para as séries de produto foram utilizados os PIBs dessazonalizados

trimestrais. Uma necessária uma metodologia que “mensaliza” o PIB utilizando

como base a série de produção industrial mensal. Sobre a série mensal do log

26

do produto, foi utilizado o filtro HP (Hodrick-Prescott14) para criar uma série de

PIB potencial. O hiato do produto foi calculado pela diferença entre log da série

mensal do PIB dessazonalizado e o PIB potencial calculado pelo filtro HP.

Todos os dados foram obtidos nos sites oficiais de cada governo, com

exceção das informações sobre taxas de juros, que foram obtidas no site do

Fundo Monetário Internacional (IFS). O período considerado na análise para

cada país segue na tabela abaixo.

País Período Análise

Brasil 11/2001 - 12/2006

Colômbia 06/2001 - 12/2006

México 01/2005 - 12/2006

Polônia 12/2000 - 12/2006

Turquia 01/2002 - 12/2006

África do Sul 09/2000 - 12/2006

Filipinas 01/2002 - 12/2006

14 O Filtro HP é um método de suavização muito utilizado para suavizar a tendência de longo prazo de uma

série. A fórmula geral do filtro é 21

1

21

2

1

))()(()( −

=

+

=

−−−+− ∑∑ ttt

T

t

tt

T

t

t sssssy λ onde a série

suavizada é s e busca-se minimizar a variação de y em torno de s.

27

IV. RESULTADOS

Aplicação para o Brasil

Vamos inicialmente apresentar em detalhes o caso brasileiro como exemplo

da metodologia aplicada e em seguida os resultados dos testes para os demais

países. Os resultados das estimações para os parâmetros variáveis no tempo

são apresentados na Figura 1.

0.80

0.85

0.90

0.95

1.00

1.05

1.10

1.15

2002 2003 2004 2005 2006

Par. de Suav ização

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2002 2003 2004 2005 2006

Reação ao Hiato

-.4

-.2

.0

.2

.4

.6

2002 2003 2004 2005 2006

Reação à Inf lação

Figura 1Parâmetros de Reação do Bacen para o Brasil

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

2002 2003 2004 2005 2006

Figura 2Medida Rigor do Banco Central no Brasil

28

Fica evidente nos resultados da Figura 1 que os parâmetros de reação da

política monetária não foram constantes com o passar do tempo. Podemos

dividir o período claramente em dois momentos. O primeiro é o ano de 2002,

onde a política monetária foi caracterizada por um elevado parâmetro de

suavização ( ), e em contrapartida por parâmetros de reação à inflação ( ) e

ao hiato ( ) negativos. Ou seja, aumentos do desvio da inflação com relação a

meta eram seguidos de quedas nos juros, ao invés de aumentos mais que

proporcionais prescritos pelo princípio de Taylor. Este momento foi bem

característico da política monetária brasileira, onde há um consenso que de fato

o Banco Central abandonou as regras de política monetária, tendo as próprias

autoridades monetárias assumido tal atitude naquele momento. Por outro lado, a

reação do Bacen começou a se ajustar nos períodos seguintes, reagindo à

inflação, ao hiato e ajustando o parâmetro de suavização. O resultado pode ser

visto na Figura 2.

Na Figura 2 é construída uma medida de rigor para o Bacen dada por

. Usando a condição dada por (4) fica claro que a expectativa de

inflação deve convergir para a meta se esta medida for maior que 1, o que não

deve ocorrer caso contrário. Assim, observando a trajetória desta medida na

Figura 2 é bem claro que no ano de 2002 tal condição, que corresponde ao

princípio de Taylor, não foi respeitada.

29

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4-2

0

2

4

6

8

10

2002 2003 2004 2005 2006

Rigor do BacenDesvio da Inflação com Relação à Meta

Figura 3Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação

Medida de R

igor do Bace

nDesvio d

a Infla

ção co

m R

elaçã

o à M

eta (%

)

A partir de 2003 o aumento do rigor do Bacen foi bem destacado, o que levou

a medida de rigor a se estabilizar em torno de 1.2. Isso nos leva a duas

conclusões bastante diretas. Em primeiro lugar é esperado que, se o princípio de

Taylor estiver correto, a expectativa de inflação tenha uma trajetória explosiva

em 2002 e passe a convergir para a partir de 2003. Em segundo lugar é

evidenciado que o rigor do Banco Central foi elevado em excesso a partir de

2003 para alcançar a meta anunciada, de forma que é muito provável que a

expectativa de inflação alcance valores abaixo da meta. A Figura 3 mostra que

essas duas conclusões se confirmam.

A Figura 3 mostra que a expectativa de inflação estava assumindo uma

trajetória explosiva em 2002, ao mesmo tempo em que a medida de rigor do

Bacen era menor que 1. Por outro lado, quando a medida ultrapassou o valor 1,

a partir de 2003, a expectativa de inflação convergiu para um valor de equilíbrio

determinado. Entretanto este valor é menor que zero, ou seja, a expectativa

30

convergiu para um valor menor que o anunciado na meta, o que pode ser

explicado pelo rigor excessivo do Bacen.

Tabela 1

Testes de Raiz Unitária com Threshold

para o Desvio da Expectativa de Inflação no Brasil

Estimativas

Regime 1 ( ) Regime 2 ( ) Variáveis

Coeficiente Erro

Padrão Coeficiente Erro

Padrão Intercepto -0.01 0.04 0.25 0.18

Y(t-1) -0.10 0.03 1.54 0.20

Teste de Threshold

Valores Críticos do Bootstrap

Estatística 10% 5% 1%

P-Value

176.50 19.90 24.20 36.67 0.00

Teste de Threshold para os Coeficientes individuais

Variáveis Estatística P-Value

Intercepto 1.91 0.75

Y(t-1) 64.26 0.00

Testes de Raiz Unitária

Valores Críticos do Bootstrap Teste Estatística 10% 5% 1%

P-Value

R1 12.62 14.05 18.02 27.85 0.13

t1 3.57 2.97 3.26 3.82 0.05

t2 -7.60 2.97 3.26 3.82 1.00

31

De qualquer forma nós podemos dizer pelos resultados que o Princípio de

Taylor (condição (4)) foi respeitado a partir de 2003, equanto que a condição de

determinância dada por (5) foi alcançada em todos os períodos. Isso nos leva,

de forma mais precisa que no caso brasileiro a partir de novembro de

2002, e zero antes disso. Assim, podemos fazer os testes de threshold e de raiz

unitária. Os resultados dos testes para o Brasil são apresentados na Tabela 1.

A Tabela 1 mostra claramente nas primeiras estimativas que os valores dos

coeficientes que regem o processo de raiz unitária do desvio da inflação com

relação à meta são distintos para o caso onde o Banco Central respeita as

condições de determinância do equilíbrio (regime 1) e quando não respeita

(regime 2). Nesse sentido o teste de Threshold rejeita a hipótese nula

a 1% de significância. Logo tal resultado corrobora com o princípio de Taylor,

indicando que a sua observância implica em um comportamento

significantemente diferente da dinâmica da expectativa de inflação.

Além disso, o teste de raiz unitária mostra que não se pode rejeitar a

existência de uma raiz unitária para a série de desvio da expectativa com

relação à meta. Entretanto, o teste deixa bem explícito que tal fenômeno ocorre

de forma distinta entre os dois regimes. Sob o regime 1 a hipótese de raiz

unitária pode ser rejeitada a 5% de significância, enquanto que sob o regime 2 a

hipótese de raiz unitária não pode ser rejeitada.

Tal resultado dá evidências bastante convincentes de que a autoridade

monetária é capaz de estabilizar a expectativa inflação em torno da meta apenas

se seguir o princípio de Taylor. Em outras palavras, se o Bacen reagir à

expectativa de inflação de acordo com o previsto pela condição (4) a expectativa

tende a convergir naturalmente para o valor da meta, o que não é verdade em

caso contrário.

32

Resultados para Países Emergentes

A análise foi replicada para mais seis países emergentes que usam regimes

de metas de inflação: África do Sul, Colômbia, Filipinas, México, Polônia e

Turquia.

A análise inicial, de determinação dos períodos dos dois regimes resultou

em casos diferentes para cada caso, onde Polônia e Turquia apresentaram,

assim como no caso brasileiro, períodos em que o princípio de Taylor foi

respeitado e outros em que não foi. Por outro lado, África do Sul, Colômbia e

Filipinas não obedecem o princípio de Taylor em nenhum período e México

obedece tal princípio em todo o período estudado de acordo com os resultados

do modelo de estado-espaço.

Tabela 2 Testes para os Países Emergentes

Casos com único regime (teste ADF) Regime 1 Estatística p-valor México -3.28 0.03 Regime 2 Estatística p-valor África do Sul -1.82 0.37 Colômbia -3.34 0.02 Filipinas -1.35 0.60 Casos com dois regimes (testes com threshold) Teste de Threshold t1 t2 Polônia 9.47 17.74* 0.43

Turquia 0.17 14.37* 5.68*

OBS: (*) hipótese nula rejeitada a pelo menos 1% de significância

33

Para o caso dos países em que os dois regimes foram verificados a análise

com threshold foi repetida, enquanto para os outros paíse partimos do princípio

de que não há treshold, procedendo com um teste de raiz unitária ADF, que

seria o equivalente para o caso sem threshold. Os resultados são apresentados

na Tabela 2.

Os resultados mostram que em todos os casos pertinentes a raiz unitária

pode ser rejeitada quando as condições de determinância são observadas

(regime 1), ou seja, no México em todo o período, e Polônia e Turquia para os

períodos de regime 1. Esses resultados, aliados ao resultado para o Brasil na

seção anterior, fornecem evidência de que a observância do princípio de Taylor

é uma condição suficiente para a determinância do equilíbrio.

Entretanto, os resultados não indicam que seja uma condição necessária,

uma vez que alguns casos, como o da Colômbia no período inteiro e o período

de regime 2 da Turquia mostram que a expectativa da inflação convergia à meta

mesmo quando as condições de determinância não eram satisfeitas.

Ainda assim, existem evidências para os casos da África do Sul e das

Filipinas para o período inteiro e o da Polônia no período de regime 2 que a não

observância das condições de determinância levam à não-estacionariedade do

desvio da expectativa de inflação com relação à meta.

Assim, após avaliar a validade do princípio de Taylor para sete países

emergentes podemos resumir as conclusões como sendo verdadeiro que

sempre que a regra de Taylor foi observada a expectativa de inflação convergiu

para a meta, e que quando tal princípio não foi obedecido a expectativa de

inflação não foi estacionária na maioria dos casos, embora não em todas as

ocasiões.

34

V. CONCLUSÕES

O presente trabalho busta avaliar se o princípio de Taylor se verifica em sete

países emergentes que adotam o regime de metas de inflação: Brasil, África do

Sul, Colômbia, Filipinas, México, Polônia e Turquia. Para tanto um teste em dois

passos foi sugerido.

O primeiro passo foi usar um modelo de estado-espaço para estimar uma

função de reação do Banco Central que reage a desvios da expectativa de

inflação de um ano a frente com relação à meta, além do hiato do produto e à

uma regra de suavização, estimando estes parâmetros variando no tempo.

Adicionando esta função de reação a uma curva IS intertemporal e a uma curva

de Phillips temos uma representação da economia, e as condições para a

determinância de seu equilíbrio de expectativas racionais. A condição principal

para a determinância é similar ao princípio de Taylor. Assim, Utilizando os

resultados do modelo de estado-espaço e a calibração de alguns parâmteros

são definidos os períodos em que as condições de determinância foram

alcançadas prar cada país.

O segundo passo é a aplicação de testes de raiz unitária para o desvio da

expectativa de inflação com relação à meta. Considera-se que se tal série não é

estacionária, ela não tende automaticamente à estabilidade, caracterizando uma

situação de não-determinância do equilíbrio. Assim, comparando-se aos

resultados obtidos com o primeiro passo pode-se dizer se a observância do

princípio de Taylor leva a um equilíbrio determinado.

No caso de um país respeitar o princípio de Taylor em um período e não

respeitar em outro, é aplicado um teste de raiz unitária com threshold para o

desvio da expectativa da inflação com relação à meta. Neste caso a série pode

ter uma raiz unitária em um regime, e não ter em outro. Assim, testamos se a

35

expectativa de inflação converge à meta se o princípio de Taylor foi observado e

se não converge caso contrário.

Os resultados são unânimes em todos os casos que quando o Bacen

obedece a regra de Taylor o devio da expectativa de inflação com relação à

meta é estacionária, ou seja, o equilíbrio é determinado. Ao mesmo tempo,

quando o Bacen não obedece o princípio de Taylor, o desvio da expectativa de

inflação com relação à meta não foi estacionária para a maioria dos casos,

embora não em todos.

Tais resultados fornecem uma prescrição clara de política monetária da

utilidade do princípio de Taylor. Ou seja, o Banco Central que deseja estabilizar

a inflação em torno da meta deve seguir de perto uma regra de reação de longo

prazo à expcetativa de inflação mais que proporcional.

36

VI. BIBLIOGRAFIA

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20. Primiceri, G., 2005. Time Varying Structural Vector Autoregressions and Monetary Policy. Review of Economics Studies, 72, 821.

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22. Taylor, John B., “An Historical Analysis of Monetary Policy Rules”, Working Paper 6768, NBER Working Paper Series, October 1998

23. Taylor, John B., “Remarks for the Panel Discussion on ‘Recent Changes in Trend and Cycle’”, paper prepared for the conference “Structural Change and Monetary Policy” sponsored by the Federal Reserve Bank of San Francisco and the Stanford Institute for Economic Policy Research, March 3-4, 2000

24. Taylor, John B., “Using Monetary Policy Rules in Emerging Market Economies”, paper presented at the 75th Anniversary Conference, “Stabilization and Monetary Policy: The International Experience”, November 14-15, 2000, at the Bank of Mexico

25. Teles, Vladimir K. e Mario Brundo, “Medidas de Política Monetária e a Função de Reaçaõ ao do Banco Central no Brasil”; Julho de 2006

26. Woodford, Michael, “The Taylor Rule and Optimal Monetary Policy”, Recent Advances in Monetary-Policy Rules, Vol. 91 #2 (232-237)

27. Woodford, Michael and Carl. E. Walsh, “Interest and Prices: Foundations of a Theory of Monetary Policy”, Macroeconomics Dynamics, 9, 2005 (462-468)

39

VII. APÊNDICE

Breve Histórico do Regime de Metas de Inflação dos Países Emergentes

Brasil

� Em junho de 1999, o governo brasileiro optou por aderir ao sistema de

metas de inflação. A inflação a ser utilizada no sistema de metas é o IPCA

(índice de preços ao consumidor amplo) calculado pelo IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística).

� O histórico das metas definidas é o seguinte:

1999 – 8% / 2000 – 6% / 2001 – 4%. / 2002 – 3,5% / 2003 – 3,25%

(posteriormente alterado para 4%) / 2004 – 3,75% (posteriormente

alterado para 5,5%) / 2005 – 4,5% / 2006 – 4,5% / 2007 – 4,5%.

Colômbia

� O conjunto de Diretores do Banco de la Republica (Banco Central da

Colômbia) define uma meta de inflação quantitativa. Essa meta é definida

com base no CPI (Preços ao Consumidor) calculado pelo DANE – Depto

Administrativo Nacional de Estatística.

� A meta de inflação para 2005 foi definida entre 4,5% e 5,5% (5% para

medidas legais). A meta de inflação para 2006 foi definida entre 4,0% e

5,0% (4,5% para medidas legais). A meta de inflação de longo prazo a ser

definida em 2007 deverá ficar entre 3,0% e 4,5%. A meta de inflação

desejada no longo prazo é entre 2,0% e 4,0%.

� O Banco Central implanta a política monetária alterando a taxa de juros

40

México

� A política monetária do México é definida por objetivos de inflação dos

quais fazem parte do esquema os seguintes itens: (1) meta explícita de

inflação; (2) análise de conjuntura econômica e de pressões inflacionárias

com base na qual se tomam decisões de política monetária; (3) a

descrição dos instrumentos que serão utilizados pela autoridade

monetária para cumprir o objetivo e (4) uma política de comunicação que

promova transparência, credibilidade e efetividade da política monetária.

� Tem uma meta definida de 3% ao ano com um intervalo de tolerância de

mais ou menos 1%.

� A inflação utilizada pela meta é a medida pelo INPC.

� O país possui outro instrumento de política monetária chamado de “corto”

(além das metas de inflação) – esse instrumento visa controlar o resultado

em conta corrente do país. Em geral a meta do corto é manter saldo zero

em conta corrente, mas dependendo do objetivo da autoridade monetária,

essa meta pode mudar diariamente. Esse instrumento é utilizado desde

março de 1995.

Polônia

� O objetivo da política monetária é manter estabilidade de preços. Desde

1999 utilizam a estratégia de metas de inflação para implantar a política

monetária.

� O Banco Central da Polônia definiu no início de 2004 uma meta de

inflação de 2,5% com intervalo de tolerância de 1%.

� Seguem as metas de inflação determinadas pelo Banco Central polonês:

2000 – 5,4% - 6,8% / 2001 – entre 6% e 8% / 2002 – 5% +/- 1% / 2003 –

3% +/- 1% / 2004 / 2005 / 2006 / 2007 (médio prazo – alongaram o prazo

da meta) – 2,5% +/- 1%.

41

Turquia

� Em 1998 utilizava um target monetário (reserva monetária). Além disso, o

Banco Central tinha uma meta de inflação para a segunda metade do ano

definida em 50%;

� No paper “Disinflation Program for the Year 2000: Implementation of

Exchange Rate and Monetary Policy” de 9 de dezembro de 1999, citam

metas de inflação que estariam no “Stand by Aggrement” com o FMI. Uma

das exigências do acordo era reduzir a inflação seguindo as seguintes

metas: 25% para o final de 2000, 12% para o final de 2001 e 7% para o

final de 2002. A redução da inflação se apoiava em três pilares: (1)

política fiscal restritiva, através da geração de superávits primários,

realização de reformas estruturais e privatizações; (2) política de renda

em linha com a meta de inflação e (3) ações de política monetária e

cambial. Adotou o regime de taxa de câmbio controlada (pegged

exchange rate) que era corrigido pela variação de inflação. Nesse paper,

o Banco Central da Turquia acreditava na manutenção do regime até

junho de 2001, quando as bandas então seriam ampliadas

� Em 2001, o Banco Central da Turquia optou por abandonar o regime de

câmbio controlado e adotaram o regime de taxa de juros de curto prazo

para controlar os fluxos financeiros. Nessa ocasião, adotaram como

âncora o regime de metas de inflação.

� Logo em seguida à decisão, ocorreram diversos choques exógenos na

economia, que atrasaram a implantação completa do regime. Dessa

forma utilizam metas concomitantes de base monetária e de inflação.

África do Sul

� Aderiu ao sistema de meta de inflação em fevereiro de 2000, quando

estabeleceu a meta para 2002 entre 3 e 6%;

42

� Utiliza o índice CPIX – “average rate of increase in overall consumer price

index, excluding mortgage intereste cost”.

� A autoridade monetária optou por esse índice, pois considera que o CPI é

influenciado diretamente por alterações no repo rate do Banco Central

através do efeito da taxa de juros sobre os preços.

Filipinas

� Aderiu ao sistema de metas de inflação em 24 de janeiro de 2000, com o

foco de obter inflação baixa e estável para apoiar o objetivo de

crescimento no longo prazo. Essa abordagem exige o anúncio explícito de

uma meta de inflação em um determinado período de tempo.

� A meta de inflação do governo é definida por uma variação anual do CPI

no ano calendário em um horizonte de 2 anos.

� As metas de inflação históricas foram as seguintes: 2002: 4,5-5,5% /

2003: 4,5-5,5% / 2004: 4-5% / 2005: 5-6% / 2006 e 2007: 4-5%.

43

Colômbia

Parâmetros de Reação e Medida de Rigor do Banco Central

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Parâmetro de Suavização

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reação ao Hiato

-.6

-.5

-.4

-.3

-.2

-.1

.0

.1

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reação à Inflação

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BC

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0-1.2

-0.8

-0.4

0.0

0.4

0.8

2001 2002 2003 2004 2005 2006

G Desvio de Inflação à Meta

Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação

44

México

Parâmetros de Reação e Medida de Rigor do Banco Central

.79

.80

.81

.82

.83

.84

.85

2006M01 2006M07 2007M01

Parâmetro de Suavização

-2

-1

0

1

2

3

2006M01 2006M07 2007M01

Reação ao Hiato

0.65

0.70

0.75

0.80

0.85

0.90

0.95

1.00

1.05

2006M01 2006M07 2007M01

Reação à Inflação

1.50

1.55

1.60

1.65

1.70

1.75

1.80

1.85

2006M01 2006M07 2007M01

Medida de Rigor do BC

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

2006M01 2006M07 2007M01

Medida de Rigor do BCDesvio de Inflação à Meta

Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação

45

Polônia

Parâmetros de Reação e Medida de Rigor do Banco Central

0.90

0.95

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Parâmetro de Suavização

-2

-1

0

1

2

3

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reação ao Hiato

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reação à Inflação

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BC

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

-4

-2

0

2

4

6

8

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BCDesvio de Inflação à Meta

Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação

46

Turquia

Parâmetros de Reação e Medida de Rigor do Banco Central

.87

.88

.89

.90

.91

.92

.93

.94

2002 2003 2004 2005 2006

Parâmetro de Suavização

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

2002 2003 2004 2005 2006

Reação ao Hiato

.10

.15

.20

.25

.30

.35

.40

.45

2002 2003 2004 2005 2006

Reação à Inflação

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BC

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

2.4

-2

0

2

4

6

8

10

2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BCDesvio de Inflação à Meta

Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação

47

África do Sul

Parâmetros de Reação e Medida de Rigor do Banco Central

0.84

0.86

0.88

0.90

0.92

0.94

0.96

0.98

1.00

2002 2003 2004 2005 2006

Parâmetro de Suavização

-4.0

-3.5

-3.0

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

2002 2003 2004 2005 2006

Reação ao Hiato

.0

.1

.2

.3

.4

.5

.6

.7

2002 2003 2004 2005 2006

Reação à Inflação

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BC

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

-2

0

2

4

6

8

2002 2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do BCDesvio da Inflação à Meta

Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação

48

Filipinas

Parâmetros de Reação e Medida de Rigor do Banco Central

.710

.715

.720

.725

.730

.735

.740

.745

2003 2004 2005 2006

Parâmetro de Suavização

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

2003 2004 2005 2006

Reação ao Hiato

-.7

-.6

-.5

-.4

-.3

-.2

-.1

.0

.1

2003 2004 2005 2006

Reação à Inflação

.3

.4

.5

.6

.7

.8

.9

2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do Banco Central

.3

.4

.5

.6

.7

.8

.9

-2

-1

0

1

2

3

2003 2004 2005 2006

Medida de Rigor do Banco CentralDesvio da Inflação à Meta

Rigor do Bacen e Expectativa de Inflação