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1 2012 < JANEIRO_FEVEREIRO < MATéRIA−PRIMA PáG. 12 SOLIDARIEDADE PáG. 11 RESPONSABILIDADE SOCIAL Programa capacita jovens para artes visuais CSN ajuda vítimas em Congonhas MATéRIA-PRIMA JORNAL DA CSN Nº 14 k ano 3 k janeiro_fevereiro | 2012 k www.csn.com.br ARQUEOLOGIA Escavações na região da nova Transnordestina trazem à luz objetos e utensílios antigos que ajudam a contar a história do Brasil ® PáG. 4 TESOURO REVELADO

MATÉRIA-PRIMA

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Nº 14 - Janeiro-Fevereiro - 2012

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pág. 12

solidariedade

pág. 11

resPoNsaBilidade soCial

Programa capacita jovens para artes visuais

CSn ajuda vítimas em Congonhas

matéria-Primajornal da csnNº 14 k ano 3 k janeiro_fevereiro | 2012 k www.csn.com.br

arqueologia

escavações na região da nova transnordestina trazem à luz objetos e utensílios antigos que ajudam a contar a história do Brasil® pág. 4

tesourorevelado

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ExpEdiEntE

diretor-presidente: Benjamin Steinbruchdiretores-Executivos: David Salama, enéas Garcia Diniz,

josé Taragano, juarez Saliba e Luis fernando Martinez

direção Editorial: Marcelo Behar e fabio SchivartcheEditor: Helton fraga [email protected]

Coordenação Editorial Stefan Gan Editor adjunto: alexandre agabiti fernandez

projeto gráfico: fabio Silveira direção de arte: Carolina Godefroid reportagem: Chico Spagnolo, josé roberto Gomes e ricardo Zanirato

revisão: roberto alves Conselho Editorial: alexandre Campbell, Caio ferrari, Camila Quiles, Carlos Lima, Cristiano alves da Silva, edma nogueira, eglantine

Cavalcante Pearce, fanny Busato Baptista, flávia ferreira da Silva, flávia rodrigues, josé Luiz Brandão, Luciana Shoji, Luiz Henrique Pimentel, Marcelo

Behar, Márcio Lins, odete Guerreiro, Priscila Boccia, ricardo Costa, rosana Lovato, Thaís amoedo e Ulysses Sousa

Jornalista responsável: Stefan Gan ( MTB 35401) preparação e impressão: ipsis

tiragem desta edição: 25.000 exemplares

nº 14 • ano 3 •janeiro_fevereiro • 2012

matéria-Primajornal da csn

você já pode ler o jornal Matéria-Prima no computador. na intranet, é só clicar na capa do jornal (em versão PDf). e na internet, acesse www.materiaprimaonline.com.brpara ler o jornal e outras notícias referentes ao universo CSn.

o jornal matéria-prima é produzido pela editora www.yupik.com.br

fale Com a redação [email protected]

oNliNe

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patrimônio arqueológico

arteBailarina volta-redondense sonha em dançar na rússia.

logística

Nos trilhos Dilma rousseff visita as obras da Transnordestina ....................................... 3sustentabilidade

mais e melhor Sede da CSn em São Paulo aperfeiçoa a coleta seletiva de lixo ................................13responsabilidade social

arte transformadora Programa abre novas perspectivas para jovens do Sul fluminense ................11solidariedade

Campanha de ajuda CSn organizou doações às vítimas das chuvas em Congonhas ....................... 12entrevista importância arqueológica Presidente do iphan destaca o papel do setor privado em pesquisa .................. 14fotografia

revele seu talento CSn lança concurso: inscreva-se em sua unidade e participe ...................... 15

sumário

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As análises sobre o momento atual da economia mundial se dividem entre as pessimistas, que apostam numa virulenta crise global, e as otimistas, capazes de enxergar os países emergentes - entre os quais o Brasil - sustentando o consumo e permitindo que os países europeus se reorganizem.

Eu me enquadro no time dos otimistas, principalmente quando direciono meu olhar para a economia doméstica. Só no ano passado, em meio à crise na Europa, nosso país foi capaz de criar quase 2 milhões de empregos formais.

E se olhar para o Nordeste brasileiro fico ainda mais animado, pois vejo uma região com muitas oportunidades. Uma delas é fundamental para entender como está se organizando esse novo eixo de desenvolvimento: a Nova Transnordestina.

A ferrovia, em construção, vai interligar os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco, num eixo de 1.728 quilômetros de trilhos. Quando concluída, até 2014, permitirá o escoamento da produção agrícola do cerrado do Nordeste pelos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), e vai criar milhares de novos empregos. É uma obra monumental, da qual a CSN tem orgulho de ser a realizadora.

Nesta edição do Matéria-Prima você conhecerá uma nova faceta da Transnordestina: além de ajudar a construir o futuro do país, ela também conta a nossa história, através de achados arqueológicos. Essa ponte entre o passado e o futuro foi vista de perto pela presidenta Dilma Rousseff, que vistoriou as obras no mês de fevereiro e acompanhou a colocação dos trilhos que levarão o Nordeste a novos tempos.

ferrovia para um novo Brasil

Benjamin SteinbruchDiretor-Presidente da CSN

© foto Capa: fElipE varanda, 2 E 3 fElipE varanda, 4 wallaCE fEitoSa, 5 divulgação

geNtea vitriNe dos Nossos taleNtos

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eDiToriaL

CaPa

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32012 < janeiro_fevereiro < matéria−prima© foto Capa: fElipE varanda, 2 E 3 fElipE varanda, 4 wallaCE fEitoSa, 5 divulgação

LoGíSTiCa

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a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, visi-tou as obras da Ferrovia Transnordestina no dia 9 de fevereiro e destacou a importância do projeto para o transporte de cargas na

região Nordeste. O empreendimento – que atraves-sará o sertão, ligando os portos de Suape (PE) e de Pecém (CE) – é de responsabilidade da Transnordes-tina Logística, empresa controlada pela CSN.

“Uma ferrovia como esta só existia no Sul, no Su-deste. Agora, com a Transnordestina, temos um ei-xo de desenvolvimento muito grande no Nordeste”, disse Dilma em Parnamirim (PE), primeira etapa da visita às obras. “Queremos uma infraestrutura ade-quada à região. Onde tem ferrovia, tem transporte acessível e barato”, acrescentou a presidenta.

Na segunda parte da visita, em Salgueiro (PE), Dilma reuniu-se com diretores da Transnordestina Logística no canteiro industrial da ferrovia. No en-contro, a presidenta discutiu o andamento do pro-jeto e aproveitou a ocasião para conversar com tra-balhadores envolvidos nas obras.

Dilma afirmou esperar que a construção ocorra sem interrupções até a entrega do empreendimento, prevista para dezembro de 2014. A Transnordestina é um dos principais projetos do Programa de Acelera-ção do Crescimento (PAC), canteiro de investimentos apoiado pelo Governo Federal. A ferrovia terá exten-são total de 1.728 km, sendo que 852 km estão em obras no momento. O custo do projeto é de R$ 5,4 bilhões. Desse total, R$ 3 bilhões já foram investidos.

Eixo de desenvolvimento Em visita às obras da Transnordestina, presidenta Dilma destaca importância do projeto para a economia regional

ComPetitividade em altaa nova transnordestina vai mudar a realidade da região nordeste.

Com a moderna logística que une uma ferrovia de alto desempenho e portos de calado profundo – aptos a receber navios de grande porte –, o projeto vai elevar a competitividade da produção agrícola e mineral da região, além de atrair novos investimentos produtivos. a mineração, por exemplo, demanda uma capacidade de transporte de cerca de 15 milhões de toneladas por ano nos estados de piauí e pernambuco. Já o agronegócio movimenta em torno de 5 milhões de toneladas de grãos por ano.

as obras estão divididas em 11 lotes e 25 frentes de trabalho. atualmente, cerca de 10 mil trabalhadores estão envolvidos na construção da ferrovia.

“Queremos garantir que o interior do Brasil se ligue aos portos. isso significa maior capacidade de comercializar a produção e explorar o potencial da região” dilma rouSSEff

a presidenta Dilma rousseff e o presidente da TLSa, Tufi Daher, inspecionam as obras da ferrovia.

PrioriZaMoS o CoMProMiSSo CoM oS aCioniSTaS

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4 matéria−prima > janeiro_fevereiro > 2012© fotoS: 1 E 3 fElipE varanda, 2 divulgação

CaPa

história milenar

CaPa

TRANSNORDESTiNA LOGíSTiCA COMANDA PESQUiSA ARQUEOLóGiCA QUE REvELA A FORMAçãO DO SERTãO BRASiLEiRO, POR ONDE PASSA A FERROviA

a lém de ser responsável pela união e desenvolvimento dos estados do Nordeste, a Transnordestina está ajudando a con-tar parte da história do Brasil. Desde 2006, um projeto de pesqui-sa arqueológica é realizado simultaneamente às obras de constru-ção da ferrovia, que atravessará os estados de Pernambuco, Piauí e Ceará. Desenvolvido pela parceria entre a Transnordestina Lo-gística S/A (TLSA) e a empresa Zanettini Arqueologia, o projeto já trouxe à luz milhares de peças pré-históricas, como ferramentas e machadinhas de pedra lascada, com alguns milhares de anos, e objetos de cerâmica indígena bastante antigos.

fragmentos de vasilhas de cerâmica indígena, encontrados no sertão nordestino.

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as escavações trouxeram à luz um rico conjunto de objetos que datam de até 6 mil anos. o acervo será mantido no nordeste.

vaLoriZaMoS a GeSTão inTeGraDa e o TraBaLHo eM eQUiPe

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EliseuMartins

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fotoS: divulgação CSn

CaPa

o interesse da CsN pela preservação do patrimônio cultural também está presente em Congonhas (mg), onde fica a mina de Casa de Pedra. em janeiro foi concluída a reforma interna e externa de uma capela na Comunidade do esmeril. “o edifício tem cerca de cem anos e estava bastante deteriorado. a capela é importante pois também sedia reuniões dos moradores do esmeril e serve de posto de atendimento médico”, explica Neri senra de oliveira, coordenador de serviços gerais. Para melhorar a qualidade do serviço médico, a CsN está construindo um posto ao lado da capela. a reforma da capela e a construção do posto custaram r$ 30 mil, totalmente bancados pela CsN.

O estudo se divide em quatro principais frentes de trabalho: res-gate arqueológico, monitoramento, educação patrimonial e pro-gramas de socialização. A primeira etapa, que envolve o resgate, já identificou e coletou mais de 89 mil peças, que variam de objetos pré-históricos, com 6 mil anos, como utensílios de pedra lascada, até elementos que remetem a populações indígenas da etnia tupi, como objetos de cerâmica para vários usos, com idades que variam entre 400 e de 1.500 anos. “São peças que nos ajudam a determi-nar as características da população local e a forma pela qual se deu a ocupação do semi-árido brasileiro”, aponta Ludmila Ladeira Al-ves de Brito, gerente de Meio Ambiente da TLSA.

De acordo com Ludmila, todo o material coletado será conser-vado. “Temos a obrigação legal de manter esse patrimônio. A ideia inicial é fazer um museu para cada um dos três estados por onde passa a ferrovia”, comenta a gerente de Meio Ambiente. “Não faria sentido montar qualquer tipo de instalação fora daqui, pois todos esses objetos pertencem à história da construção da região e devem ficar no local de origem”, acrescenta.

Essa conduta respeita os conceitos da chamada arqueologia pre-ventiva, que basicamente consiste em proteger o material arqueoló-gico e devolvê-lo em forma de patrimônio cultural.

“Há também a preocupação com a manutenção ambiental, no sentido de preservar a paisagem cultural da melhor maneira possível durante os trabalhos desenvolvidos pela pesquisa”, explica Ludmila.

As peças encontradas nas escavações ajudam os arqueólogos a conhecer os costumes e a vida que levavam as comunidades habi-tantes do território brasileiro há milhares de anos. Atualmente, a pesquisa se encontra na segunda fase, de monitoramento. “Aos pou-

cos, conseguimos substituir o vazio de conhecimento que há sobre a região por um estudo detalhado que revela vários sertões den-tro do sertão brasileiro”, comenta o arqueólogo Paulo Zanettini, que comanda a pesquisa com mais de 100 assistentes.

evolução e CoNsCieNtizaçãoDe 2006 para cá, os trabalhos evoluíram e se concentraram em

cinco segmentos da ferrovia: os trechos de Missão velha (CE) a Sal-gueiro (PE), de Trindade (PE) a Salgueiro, de Eliseu Martins (Pi) a Trindade, do Porto do Suape (PE) a Salgueiro, e de Missão velha ao Porto do Pecém (CE). Nesses locais a pesquisa encontrou 503 sí-tios arqueológicos: 108 estão no Piauí, 224 em Pernambuco e 171 no Ceará. Segundo Paulo, este projeto é o que apresenta o maior número de sítios entre todos os projetos de pesquisa arqueológica atualmente em andamento no Brasil.

As duas últimas fases do projeto se referem à educação patri-monial e aos programas de socialização. “Há um desconhecimen-to sobre a arqueologia no Brasil, atividade muito ligada ao âmbito acadêmico. Por isso, é importante que essa pesquisa seja comparti-lhada com as comunidades para que elas tenham noção da impor-tância de conhecer e preservar os objetos coletados”, comenta Paulo.

Para ser efetivo, os processos de socialização e educação patrimonial devem ser transformados em ações interativas com os moradores do semi-árido brasileiro. “Com o decorrer do projeto, temos a intenção de promover mostras itinerantes pelas cidades do sertão. Outro plano é ministrar oficinas de formação de agentes arqueológicos, para criar a cultura de preservação de patrimônio”, revela Ludmila.

NoviNha em folha

a capela do esmeril antes (à esq.) e depois (à dir.) da reforma.

a nova Transnordestina vai ligar o sertão aos portos de Pecém (Ce) e Suape (Pe).

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rumo ao estrelatoPatrocinada pela fundação CsN, a volta-redondense giovanna silva mariano quer voar cada vez mais alto® págs. 8 e 9

geNtesuplemento do Jornal matéria-Prima Nº 14 | ano 3 k janeiro_fevereiro | 2012 k www.csn.com.br

a vitriNe dos Nossos taleNtos

Conheça roger peres, destaque no basquete adaptado ® pág. 10

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© foto Capa: 1 wallaCE fEitoSa; ©2 divulgação

“TODO DiA ELA FAZ TUDO SEMPRE iGUAL.” O primeiro verso de Cotidiano, de Chico Buarque, um clássico da MPB, define perfeitamente a rotina da jovem Giovanna Silva Mariano, de 15 anos, que dedica quase todo o seu tempo ao balé e aos estudos. Em 2008, a volta-redondense deixou, ao lado da mãe e dos três irmãos, sua cidade natal e o convívio diário com o pai para viver em Joinville (SC). Talento-sa e dedicada, Giovanna recebeu patrocínio da Fundação CSN e acabou selecionada para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a única escola fo-ra da Rússia do mais aclamado balé do mundo.

“Desde 2005 nós investimos em balé no Centro Cultural de volta Re-donda. A Giovanna já fazia aulas conosco, a professora Luciana Almeida identificou que ela tinha muito talento e a incentivou a fazer a prova de seleção para o Bolshoi. Como já esperávamos, ela foi aprovada. É a pri-meira bailarina da Fundação a ir para a conceituada Escola”, diz André Leonardi, gerente de Projetos da FCSN. “Depois que ela passou a fazer o curso em Joinville, a CSN se tornou uma das empresas incentivadoras do balé Bolshoi”, completa André.

Para entrar na escola que vai ajudar a realizar seu sonho de se tornar bailarina profissional, Giovanna, então com 12 anos, passou por uma sé-rie de rigorosos testes que duraram três dias.

Depois da batalha, veio a comemoração. Ela foi a única representan-te do estado do Rio de Janeiro entre as 20 garotas aprovadas. Um grupo

um Sonho na ponta doS péS

a vitrine dos nossos talentosgeNte

Giovanna Silva Mariano começou a dançar no Centro Cultural da Fundação CSN. Hoje, estuda na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC), e sonha em fazer carreira na Rússia

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92012 < janeiro_fevereiro < matéria−prima 9

um Sonho na ponta doS péSna foto à esquerda (a sexta bailarina de frente), a jovem em apresentação na ópera Giselle. abaixo, na peça Dom Quixote (a primeira da esq. à dir.).

que deixou mais de 300 candidatas para trás.Com a vocação reconhecida pelos mais exigentes padrões da dança

clássica mundial, não seria surpreendente algum deslumbramento da jo-vem. Mas Giovanna surpreende pela maturidade. “É bem difícil eu ter hora vaga. Divido meu tempo entre os estudos e o balé. Ensaio até nos fi-nais de semana. Quando tenho folga na dança, eu estudo para as provas”, diz Giovanna, que em janeiro curtiu seu mês de férias em volta Redonda.

Férias mais do que merecidas. Todos os dias, ela acorda às sete horas, toma café, pega o ônibus e vai para o Bolshoi. Ao meio-dia, volta para ca-sa, almoça e às 13h30 entra na escola. “Depois da aula, volto para o Bol-shoi e só chego em casa às nove horas da noite”, detalha. “É tomar um banho, tentar estudar alguma coisa e dormir.”

Daqui a três anos, esse estafante cotidiano vai ter um ponto final, pois ela se formará na filial brasileira da escola coreográfica de Moscou e pleiteará uma vaga na matriz, veneranda instituição fundada em 1773. “Eu posso me formar e ficar aqui no Brasil, tentando me colocar em alguma companhia, mas o que eu quero mesmo é ir para o Bolshoi da Rússia. Já tem três brasi-leiros lá, quem sabe eu serei a quarta”, disse a garota que até recentemen-te ensaiava com outras 250 colegas da Fundação CSN, em volta Redonda.

Em relação às diferenças no dia a dia, tanto da Rússia para o Brasil, quanto de Santa Catariana para volta Redonda, Giovanna também mos-tra maturidade e desenvoltura. “O Sul do Brasil é muito diferente do Rio de Janeiro. No começo foi um pouco complicado, não conhecia ninguém. Mas agora estou adaptada, conheço bastante gente e está tudo bem”, con-ta. “Como o meu sonho está na Rússia, acho que seria ainda mais fácil me adaptar à vida de lá, pois esta experiência no sul está me ensinando mui-to”, afirmou Giovanna, que se habituou a renunciar a muitas coisas para investir na difícil carreira que escolheu. Um dos grandes sacrifícios que faz é só ver o seu pai um mês por ano. “Só nas férias.”

Para contribuir com o sonho da Giovanna e fortalecer a dança clássi-ca no Brasil, a CSN, por meio de sua Fundação, investiu até 2011 mais de R$ 20 mil por ano. Mas não é só a dança que recebe apoio da CSN. “in-vestimos no balé desde 2005, mas no Centro Cultural oferecemos à co-munidade aulas voltadas para as artes em geral. Temos dança contempo-rânea, teatro, artes visuais, música, enfim, diversas áreas da cultura. E, de vez em quando, como no caso da Giovanna, aparecem talentos. Nós identificamos e criamos oportunidades que contribuam para o crescimen-to pessoal e, futuramente, profissional”, diz Leonardi.

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o basquete adaptado para cadeira de rodas surgiu nos Es-tados unidos, logo após a Segunda guerra mundial. na épo-ca, o país experimentava um grande aumento no número de pessoas portadoras de alguma de-ficiência física por conta do enor-me contingente de feridos durante o sangrento conflito.

a modalidade teve um papel bas-tante importante como agente faci-litador no processo de reabilitação dos lesionados. os primeiros jogos de basquete adaptado aconteceram por iniciativa da pva – paralyzed ve-terans of america (veteranos para-lisados da américa), organização de veteranos de guerra –, no estado da nova inglaterra, em 1946.

dois anos depois, em 1948, foi re-alizado o primeiro campeonato na-cional da pva, com a participação de seis equipes. a modalidade chegou no Brasil pouco depois, em meados dos anos 1950, trazida dos Eua por Sérgio del grande. foi o primeiro esporte a ser praticado no Brasil por

portadores de necessidades especiais. mas o basquete adap-tado só cresceu para valer nos últimos anos, impulsionado pela ideia de inclusão social e pelo aumento da popularidade

e divulgação do esporte para-olím-pico. a prática de uma modalidade esportiva adaptada pode ser uma porta de reentrada da pessoa defi-ciente na sociedade.

por meio do basquete para ca-deirantes, muitas delas retomam ideias e sonhos antes esquecidos. desta forma, o esporte permite trabalhar a motivação e a autoes-tima, dois aspectos fundamentais da integração social.

a maior autonomia possibilitada pela atividade física é muito im-portante para a socialização e para eliminar preconceitos, permitindo uma reflexão mais saudável sobre o

comprometimento da deficiência, fortalecendo a personali-dade do portador para que ele possa estabelecer um projeto de vida com confiança no futuro.

roger Peres tem o apoio de seus superiores para progredir no basquete adaptado.

O que era para ser uma tarde de diversão acabou mudando para sempre a vida do jovem Roger Peres, então com 19 anos, em 1994. Uma desatenção fez que com pisasse em falso e es-corregasse, caindo em uma cachoeira. Essa infelicidade tirou os movimentos das pernas do rapaz, que adorava praticar espor-tes. “Na época do acidente, eu morava no Rio de Janeiro. Pega-va onda, andava de skate, jogava futebol”, conta o analista de tecnologia da informação da CSN, que trabalha na Usina Pre-sidente vargas (UPv), em volta Redonda (RJ).

Mas Roger não se deixou abater pela adversidade e resol-veu continuar cultivando seu amor pelos esportes. Ele come-çou a praticar tênis em cadeira de rodas, encarando a modali-dade apenas como lazer. “Eu jogava com a minha mulher, que é fisioterapeuta, para manter alguma atividade física regular.”

Em 2007, ele reencontrou o prazer da competição, ao inte-grar o vR Sobre Rodas, time de basquete em cadeira de rodas de volta Redonda. “Sempre me convidaram para jogar basque-te, mas eu não me interessava. Até que um dia eu fui à quadra conhecer o basquete adaptado e me amarrei. Descobri que era o que eu precisava fazer”, afirma, emocionado.

Agora, com quase cinco anos de treinamento, Roger, único em-pregado da CSN a fazer parte da equipe, já tem no currículo a disputa de algumas edições de campeonatos estaduais e regionais (com equipes mineiras, fluminenses e capixabas). Para continu-ar progredindo na modalidade, o analista conta com o apoio de seus superiores. “Tenho toda a cooperação da minha equipe pa-ra flexibilizar meus horários e conseguir treinar bem”, comenta.

Além disso, busca referência nos ídolos. No esporte em ge-ral, como bom brasileiro, aponta Ayrton Senna como o exem-plo a ser seguido. No esporte da bola laranja, ele não tem dú-vidas: “O melhor brasileiro, para mim, é o ala Alex Garcia, do Brasília e da Seleção Brasileira”, aponta. Já dentro do garrafão e sobre cadeira de rodas, o melhor é o canadense Patrick Ander-son. “Ele é o melhor do mundo no basquete adaptado”, afirma.

Dentro de quadra, Roger se transforma: “Adoro competir.” Mas fora das quatro linhas é um rapaz boa praça que cultiva a amizade de todos. “Aqui na CSN sou bem tratado por todos os colegas, ninguém faz qualquer distinção por eu ser cadeirante. Todo mundo brinca e trabalha igual, sem nenhum preconceito.”

Bola pra frenteO analista de tecnologia Roger Peres superou as dificuldades e reencontrou o prazer de competir

Basquete adaPtado CoNtriBui Para autoNomia e soCialização

a vitrine dos nossos talentosgeNte

© foto: wallaCE fEitoSa

o esporte surgiu nos eUa após a Segunda Guerra Mundial.

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oPortuNidadesCoNCretas

Era preciso agir depois que a Promotoria de Justiça de Volta Redonda (RJ) constatou a falta de oportunidades para adolescentes do Degase, sucessor da FEBEM. Desafiados, a Prefeitura Municipal, a Promotoria, o Degase e a Fundação CSN acreditaram nos jovens e vislumbraram a introdução no mundo do trabalho como a chance para que eles reescrevessem seus projetos de vida.

Em pouco tempo, lá estavam os adolescentes participando da solenidade de certificação da sétima turma do curso de capacitação em técnicas de hotelaria no Hotel-Escola Bela Vista. Com duração de seis meses e carga semanal de oito horas/aula, eles foram preparados com conhecimento teórico e estágios práticos. Outros jovens foram igualmente certificados no curso técnico de arte e cultura, outra modalidade do Projeto Capacitar, que, por um lado, procura criar possibilidades de atuação no mercado da Cultura, tendo como porta de entrada o universo das exposições de artes e, por outro, busca despertar interesse para a atuação em mercados como o turismo, produção de eventos, marcenaria e manutenção. Esses certificados são passaportes concretos de oportunidades, uma vez que o Capacitar se tornou referência para empresas da região que buscam profissionais qualificados.

De olho no futuro e com ações voltadas para o aqui e o agora, o Projeto Capacitar, nestas duas modalidades, já certificou 477 jovens, sendo 41 do Degase. Com sensibilidade, diálogo e ousadia, a Fundação CSN experimentou métodos e novas tecnologias, reuniu esforços das várias áreas de conhecimento e estabeleceu parceria com atores que acreditam no valor do trabalho para que estes jovens possam construir uma nova história de vida. Ao oferecer estas oportunidades, a Fundação CSN desempenha relevante função social com iniciativas que fazem da educação e da qualificação profissional instrumentos para a transformação social.

andré leonardiGerente de Projetos da Fundação CSn

inclusão pela artePrograma da Fundação CSN apresenta elementos das artes visuais a jovens do Sul Fluminense

aarte e a Fundação CSN (FCSN) estão mudando a vida de ítalo Cosme Freitas Claudino, de 18 anos, um jovem que teve conflitos com a lei. Depois de frequen-tar as aulas do Capacitar Galeria de Artes, ele foi contratado pela própria Fun-dação para trabalhar na montagem de exposições. “Sempre gostei de desenhar

e no Capacitar Galeria de Artes aprendi novas técnicas que aumentaram as possibilida-des de trabalho. O curso permite que os alunos aprendam de tudo, desde a montagem da exposição até marcenaria”, comenta ítalo. voltado a estudantes do Sul Fluminense, o programa tem 50% das vagas reservadas a alunos da Fundação Educacional de volta Redonda (Fevre), entidade ligada à Prefeitura da cidade, e também recebe jovens enca-minhados pelo Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase), que colabora na inclusão social de adolescentes, caso de ítalo.

Para o juiz Alberto Pontes Garcia Júnior, titular do Juizado da infância e Juventude e do idoso de volta Redonda, os resultados do projeto são excelentes. “Acompanhei o ca-so do ítalo, e posso dizer que é clara a transformação pela qual passam os jovens des-te programa. Ele entra como uma pessoa que é um incômodo para a sociedade e, com apenas uma oportunidade, sai como alguém útil e devidamente capacitado para o tra-balho. É um processo extraordinário esse da Fundação e espero que ele incentive outras iniciativas do meio privado no campo social”, afirma. A FCSN planeja abrir em março um processo seletivo para novas turmas.

Lançado no ano passado, o programa Capacitar Galeria de Artes tem cursos de três meses com oficinas práticas, palestras, workshops e até formação em montagem de ex-posições e empreendedorismo. As duas primeiras turmas do projeto, que reuniram 30 jovens de 15 a 21 anos, se formaram no dia 15 de dezembro, em cerimônia no Salão Branco do Hotel Escola Bela vista, em volta Redonda (RJ).

Todos os formandos haviam completado o ensino fundamental na rede pública, uma das exigências para se inscrever no projeto. Depois de inscritos, os jovens passam por um processo seletivo, que inclui prova de português e matemática, e análise socioeconômi-ca. Uma das formandas conheceu o Capacitar Galeria de Artes enquanto cursava a úl-tima série do ensino fundamental na Fevre. “Quando fiquei sabendo do programa, cor-ri para me inscrever. Durante o curso eu fui ganhando outra visão sobre a arte”, afirma Jéssica de Sousa Silva, de 16 anos, a oradora da turma do projeto do período vespertino.

o Capacitar Galeria de artes está transformando a vida dos jovens.

Basquete adaPtado CoNtriBui Para autoNomia e soCialização

reSPonSaBiLiDaDe SoCiaL

© foto: wallaCE fEitoSa © fotoS: divulgação

inCenTivaMoS o reSPeiTo àS PeSSoaS e a Confiança MúTUa

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CSn ajuda as vítimas da chuva em Congonhas

o problema das chuvas em Congonhas (MG) teve seu momento mais agudo no dia 2 de janei-ro, quando os rios Santo Antônio e Mara-nhão, que passam pela cidade, transbor-

daram e inundaram 11 bairros, fazendo centenas de desabrigados. As enchentes provocaram vários desli-zamentos de terra e foram consideracas como as maio-res da história pelas autoridades locais. A CSN e a Namisa logo se mobilizaram, disponibilizando mão de obra e equipamentos para auxiliar a Prefeitura e a Defesa Civil nas ações de emergência e de desobstrução e limpeza do município.

De acordo com Sílvia Naschenveng, gerente institu-cional, a CSN e a Namisa colocaram à disposição das autoridades até 58 trabalhadores e 23 caminhões-pipas, além de hidrojato, caminhão de sucção, ambulância e ou-tros equipamentos. “Essa resposta rápida e bem sucedida só foi possível porque temos uma boa interlocução com a Prefeitura”, explica Sílvia. O município de Belo vale, vizinho à mina de Casa de Pedra, igualmente atingido pelas chuvas torrenciais, também recebeu assistência e ações emergenciais da CSN.

Além desta ajuda, a CSN lançou uma campanha de doações para os moradores de Congonhas afetados pelo volume intenso de chuvas no primeiro mês do ano. Os empregados foram convidados a doar o va-lor correspondente a uma cesta básica às pessoas que perderam suas casas com as enchentes e inundações na região de Congonhas.

A campanha durou três semanas e conseguiu um óti-mo resultado, arrecadando o equivalente a aproximada-mente mil cestas básicas. Essa quantia foi duplicada pe-la CSN, assim como foi feito na campanha de ajuda às vítimas das chuvas da Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, no começo do ano passado. “Ao todo, as ces-tas básicas doadas por nós e nossos empregados repre-sentam o equivalente a mais de R$ 100 mil”, afirma a gerente institucional.

PatrimôNio históriCoAlém de desabrigar moradores, as chuvas puseram em

risco o riquíssimo patrimônio histórico da cidade – co-mo o Santuário Bom Jesus de Matosinhos. O santuário abriga as célebres esculturas em pedra sabão dos 12 pro-fetas, feitas por Aleijadinho na virada do século 18 pa-ra o 19, Patrimônio Mundial reconhecido pela Unesco.

O grande volume de chuva interferiu bastante nas ope-rações das unidades da CSN e da Namisa no município. “A chuva reduz a produção de minério de ferro na mina de Casa de Pedra e pela Namisa”, comenta Sílvia.

O transporte do minério, feito por via ferroviária pela MRS Logística, também enfrentou problemas, como quedas de barreiras e outras dificuldades na linha”, afirma Sílvia. “No entanto, isso já é em parte previsível para o período, tradicionalmente chuvoso. O mais importante, neste ano, foi ter conseguido prestar pronto auxílio aos moradores, que foram particularmente afetados”, completa.

a mobilização durou três semanas e arrecadou cerca de duas mil cestas básicas.

Doações foram realizadas em todas as unidades e empresas do grupo

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ConSiDeraMoS a CULTUra CSn o aLiCerCe Da noSSa aTUação

SoLiDarieDaDe

© foto: nilton gouvEia

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os escritórios da CSN em São Paulo refor-çam as ações sustentáveis. Desde o dia 6 de fevereiro, a sede da empresa e a unida-de CSN no bairro de Santo Amaro troca-

ram as antigas lixeiras de aço por dois novos cole-tores: uma lata para lixo e outra para recicláveis. O objetivo foi readequar e melhorar a coleta seletiva já feita nos dois locais.

idealizado pela área de sustentabilidade da CSN, o projeto começou no final de 2011, com a produ-ção das lixeiras personalizadas na Prada. “Já faze-mos isso em outras unidades da CSN e é um sucesso. Tenho certeza de que será também em São Paulo”, diz a analista de meio ambiente Flávia Andreotti.

Para garantir 100% de adesão ao projeto, um curso foi dado a todos os empregados da limpeza, detalhando o novo processo de recolhimento dos re-síduos. Além disso, os empregados receberam uma cartilha e um adesivo explicativo. “Na próxima eta-pa do treinamento vamos ouvir as críticas e as suges-tões para aprimorarmos o projeto”, comenta Flávia.

Ao todo, os escritórios da CSN em São Paulo rece-beram 2.002 novas latas. “O projeto veio ao encon-tro do que todos queriam. Foi uma forma de escutar-mos a opinião dos empregados, que têm consciência da importância da reciclagem, e de valorizarmos as equipes de limpeza como agentes importantes do pro-cesso”, diz Michelle Shayer, gerente de Sustentabilida-de da CSN. Até o final do ano, o programa de coleta seletiva será disseminado em todas as empresas CSN.

reciclagem a pleno vapor em São pauloProjeto nas unidades da CSN é reformulado com a chegada de novos coletores

tudo se traNsformao aço das lixeiras recolhidas (763 no total) será integralmente

processado pela prada e enviado à usina presidente vargas (upv), onde será reaproveitado, fechando o ciclo. não há desperdício de material, mas transformação. “primeiro vamos selar as latas. depois verificamos o material, fazemos a compactação e enviamos para a upv”, explica Claudiney Santos da Cruz, supervisor de armazenagem da prada. “até agora, já processamos 100 kg de metal, mas chegaremos a 200 kg.”

SUSTenTaBiLiDaDe

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14 matéria−prima > janeiro_fevereiro > 2012© foto: divulgação

“o patrimônio arqueológico ajuda no desenvolvimento social”

A arqueologia é uma disciplina fundamen-tal para conhecer o passado. Nos últimos anos, a pesquisa arqueológica vem tendo grande expansão no Brasil, como afirma

o arquiteto Luiz Fernando de Almeida, presiden-te do instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (iphan), órgão governamental que gere o patrimônio arqueológico brasileiro. Nesta en-trevista, Luiz Fernando ressalta a necessidade de se ter um projeto arqueológico no Brasil capaz de integrar o conhecimento da formação da socieda-de brasileira com a preocupação ambiental – ca-da vez mais disseminada no Brasil e no mundo –, difundida pela arqueologia preventiva.

em 2010, o Brasil registrou 969 projetos ar-queológicos, número 28% superior ao de 2009. qual foi o panorama em 2011?

O número de pesquisas arqueológicas conti-nua aumentando. Em 2011, o iphan autorizou 1.022 novos projetos. Cerca de 10% deles corres-pondem a pesquisas acadêmicas e 90% a pesqui-sas realizadas no âmbito do licenciamento am-biental. vê-se, com isso, que o crescimento das pesquisas está relacionado à potencialização do cumprimento da legislação de proteção do pa-trimônio arqueológico, proporcionada pela cria-ção do Sistema Nacional de Meio Ambiente que, por sua vez, instituiu o processo de licenciamen-to ambiental no país. Com o sistema criado e o aumento de empreendimentos e projetos de in-fraestrutura, o número das pesquisas arqueoló-gicas cresceu. Ou seja, a quantidade de pesqui-sas arqueológicas é diretamente proporcional ao volume de obras e empreendimentos licenciados.

o iphan é responsável por disciplinar o trato com a questão do patrimônio arqueológico em áreas de empreendimentos causadores de im-pacto ambiental. quais os resultados imedia-tos e a longo prazo dessa medida?

Até 2002, o iphan não dispunha de um instru-mento normativo específico para a proteção do patrimônio arqueológico no âmbito do licencia-mento ambiental. Aplicava-se a lei federal 3.924, de 1961, que dispõe sobre a proteção do patrimô-nio arqueológico e pré-histórico, e uma portaria estabelecida na década de 1980, concebida para a arqueologia acadêmica. Como o licenciamento

ambiental possui as suas especificidades, foi pre-ciso criar um instrumento também específico que pudesse disciplinar, de forma sistemática, as ações de proteção ao patrimônio. Em 2002, com a por-taria 230, o iphan criou regras de compatibiliza-ção entre as ações de proteção ao patrimônio ar-queológico e a implantação de obras causadoras de impacto ao meio ambiente. Pode-se dizer que os resultados imediatos dessa normativa foram permitir a implementação de ações de proteção em diversas fases, já que o licenciamento ambien-tal se dá por etapas (licença prévia, licença de ins-talação e licença de operação), e a criação de um procedimento padronizado a ser observado por todos os atores envolvidos com a questão: gesto-res, técnicos e fiscais do iphan, empreendedores, empreiteiras, consultores e arqueólogos contra-tados pelos empreendimentos, entre outros. isto permitiu que o iphan pudesse acompanhar um volume de pesquisas que há 20 anos não passa-va de 10 por ano e hoje ultrapassa 1000.

Como o senhor vê a participação das empresas em projetos arqueológicos?

Não há duvidas quanto ao fato de que o au-mento das pesquisas arqueológicas no Brasil se deve à chamada “arqueologia preventiva”, que é a arqueologia de mitigação de danos ao patrimô-nio. O aumento das pesquisas significa o aumen-to do conhecimento sobre o tema. Hoje, com to-das essas pesquisas, temos um quadro muito mais amplo e complexo do patrimônio arqueológico brasileiro do que tínhamos há alguns anos atrás. No entanto, se por um lado a legislação brasilei-ra levou os empreendimentos e empreendedores a custearem as ações de pesquisa e preservação, por outro lado esses mesmos empreendimentos são responsáveis pelo desaparecimento de mui-tos sítios arqueológicos. Nesse contexto, as ações são sempre de mitigação de impactos.

Como a empresa deve lidar como o patrimônio arqueológico encontrado?

A ênfase na apropriação social do patrimô-nio é um caminho sem dúvida essencial para a sociedade brasileira. O comprometimento do se-tor privado brasileiro é fundamental para a pers-pectiva necessária de proteção do nosso patri-mônio cultural.

enTreviSTa

Presidente do iphan fala sobre o avanço da arqueologia no Brasil e destaca a importância da iniciativa privada no setor

Para Luiz fernando de almeida, o setor

privado é fundamental para a proteção do

patrimônio cultural.

DefenDeMoS UMa aTUação SoCiaL e aMBienTaL reSPonSáveL

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UMA ATITUDE VERDE QUE AMADURECE NA CSN

COLETA SELETIVA. É BOM PARA VOCÊ. É BOM PARA A EMPRESA. É BOM PARA O PLANETA.

A CSN implantou a Coleta Seletiva na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, no seu escritório corporativo, em São Paulo, e está planejando ampliar o projeto para as unidades que ainda não possuem Coleta Seletiva.

Reciclando, ajudamos a criar um mundo melhor. Faça sua parte depositando o lixo no coletor certo. Juntos vamos diminuir a poluição do solo, da água, do ar, economizar energia e reduzir resíduos nos aterros sanitários.