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NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Sumário
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE ............................................................................. 3
VALORES CALÓRICOS .............................................................................................. 5
HISTÓRICO ........................................................................................................................................................................ 6 CALORIAS NOS ALIMENTOS ............................................................................................................................................... 7 TABELA DE CALORIAS DE ALGUNS ALIMENTOS ................................................................................................................. 7 GASTO DE QUILOCALORIAS EM ATIVIDADES ..................................................................................................................... 9 CÁLCULO DE CALORIAS EM ALIMENTOS .......................................................................................................................... 10
OS NUTRIENTES ...................................................................................................... 11
PROTEÍNAS .............................................................................................................. 13
HIDRATOS DE CARBONO ........................................................................................ 14
2.1. Açúcares ............................................................................................................................................................ 15 2.2. Oligossacarídeos ............................................................................................................................................... 16 2.3. Polissacarídeos .................................................................................................................................................. 16 3.1. Fonte de energia e de armazenamento .............................................................................................................. 17 3.2. O índice glicémico ............................................................................................................................................. 18 3.3. Fibra alimentar e função intestinal ................................................................................................................... 21
GORDURAS .............................................................................................................. 26
VITAMINAS ............................................................................................................... 35
SAIS MINERAIS ........................................................................................................ 39
A ÁGUA .................................................................................................................... 48
DESNUTRIÇÃO ......................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
Conceito e Importância da Nutrição
Você sabe o que é nutrição?
Nutrição é um conjunto de processos, que envolve a ingestão, digestão, absorção, metabolismo e
excreção dos nutrientes, com a finalidade de produzir energia e manter as funções do organismo.
E o que são nutrientes e para que servem?
São substâncias contidas nos alimentos que fornecem energia para o funcionamento do corpo
humano. Podemos dividir em macronutrientes e micronutrientes. Os macronutrientes são os
carboidratos, proteínas e lipídeos e os micronutrientes são as vitaminas e mineirais.
Os carboidratos fornecem a energia necessária para que você realize as atividades do dia-a-dia. As
proteínas atuam na reestruturação de células e tecidos, crescimento e manutenção do esqueleto e
síntese de enzimas e hormônios. E os lípideos são o transporte das vitaminas lipossolúveis, A, D e K
e também fornecem energia.
As vitaminas e os minerais são substâncias reguladoras, desempenham papel importante no bom
funcionamento de intestino, contribuem na formação de ossos, dentes, cartilagens e no processo de
absorção do organismo. Em cada fase da vida há uma demanda energética e nutricional diferente, de
acordo com a necessidade orgânica. Em estados de doença, a necessidade nutricional muda e requer
um cuidado alimentar diferenciado.
Infância
Até os 6 meses de idade, é indiscutível a importância do aleitamento materno exclusivo pois fornece
todos os nutrientes importantes para o bebê, além de anticorpos e outras substâncias fundamentais.
Com o passar dos meses e anos, a criança vai conhecendo e experimentando todos os alimentos,
sendo essencial que a mãe já comece a incentivar uma alimentação equilibrada à criança.
A infância é a fase inicial onde ocorre a formação e crescimento. A alimentação nessa etapa é
essencial para um crescimento e desenvolvimento adequados.
Nesta fase é importante respeitar horários e refeições a serem realizadas. A criança deve comer
cereais, verduras, legumes, carnes, leguminosas e frutas. Os pais não devem estimular o consumo de
guloseimas e alimentos de baixo valor nutricional. Lembre-se que os filhos são o reflexo dos pais, e
isso ocorre também na alimentação.
Adolescência
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Na adolescência ter uma dieta balanceada também é fundamental, pois as necessidades nutricionais
nessa fase são maiores. É importante tomar cuidado, pois os adolescentes muitas vezes desejam ter
um corpo magro e fazem qualquer coisa para consegui-lo, quase sempre sem orientação de um
profissional da saúde, o que pode levar a deficiências nutricionais e transtornos alimentares como
bulimia nervosa e anorexia nervosa, por exemplo. Os pais devem estar atentos e procurar sempre a
ajuda de um profissional de saúde.
Os adolescentes geralmente comem muitos lanches, sem verduras e ricos em gordura. O consumo de
frituras, doces e refrigerantes pode ocorrer em excesso. Estes e outros maus hábitos alimentares são
freqüentes nesta fase. Por isso é muito importante estimular uma alimentação saudável diariamente e
explicar porque há esta necessidade.
Além de ter uma alimentação equilibrada, com o consumo de todos os grupos alimentares, podemos
enfatizar o consumo de cálcio, mineral importante para a formação do esqueleto, o ferro para o
desenvolvimento muscular, esquelético e endócrino e o zinco, contribuindo para o crescimento e a
maturação sexual do adolescente.
Adultos
A fase adulta é a fase da manutenção, sendo também muito importante ter uma alimentação
adequada. Talvez essa seja a fase mais difícil, pois depende dos hábitos alimentares adquiridos,
fatores culturais, financeiros, entre outros. Apesar de tudo isso, se deve pesar a importância de uma
alimentação saudável tanto para o bom funcionamento orgânico, como prevenção de doenças
e melhor saúde quando idoso.
Idoso
Nesta fase, a alimentação além de nutrir, poderá tratar determinadas doenças e proteger o organismo.
Devem ser levados em conta alguns fatores, como: estado de saúde físico, mental e emocional,
hábitos alimentares anteriores, alterações na capacidade de mastigar, deglutir, digerir e absorver os
alimentos, etc. Pode acontecer também uma redução no paladar e do olfato.
Conforme a pessoa vai envelhecendo, as suas necessidades de energia vão diminuindo, porém, por
outro lado, a necessidade dos nutrientes vai aumentando. Por isso, deve-se priorizar alimentos de alto
valor nutricional.
Podemos perceber que muitos idosos deixam de comer alimentos mais consistentes, optando por
outros de consistência pastosa, como sopas, chás, torradas, etc. É importante estimular a mastigação e
o consumo de uma dieta completa e balanceada. Caso o idoso tenha algum tipo de doença é
necessário ter um acompanhamento individual, com aporte nutricional adequado.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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No geral, é importante consumir alimentos de grupos variados, na consistência adequada, conforme a
capacidade que o idoso tenha de mastigar os alimentos. Além disso, comer de forma fracionada,
evitando assim a sensação de empaturramento.
Outro ponto a ser ressaltado, é o consumo de água, muitos idosos não sentem sede ou não desejam
beber líquidos devido a incontinência urinária, podendo correr riscos relacionados a desidratação e
problemas renais.
Se a alimentação for adequada, a saúde estará presente em todas as fases da vida.
VALORES CALÓRICOS
O que é uma caloria?
Por definição, caloria (cal) é uma medida que indica a quantidade de energia necessária para elevar a
temperatura de 1 g de água de 14,5 para 15,5 °C. Foram definidas as temperaturas de 14,5 e 15,5 °C
porque essa variação de 1 °C, dependendo da temperatura inicial da água, pode necessitar de uma
quantidade diferente de energia. Por exemplo, a quantidade necessária de energia para elevar a
temperatura da água de 26 para 27 °C não é exatamente 1 caloria, mesmo que a diferença entre essas
duas temperaturas ainda seja de 1 °C, com no exemplo de 14,5 para 15,5 °C.
A caloria faz parte do sistema métrico de unidades, mas não do sistema internacional. Por esse
motivo, diversos países utilizam a unidade de energia joule (J) ao invés da caloria. Uma caloria
equivale a aproximadamente 4,2 joules – ou seja, são unidades intercambiáveis desde que seja
respeitada essa proporção.
No entanto, quando nos referimos às calorias presentes nos alimentos, a definição de “caloria” é um
pouco diferente. Na verdade estamos falando da quilocaloria (kcal), que seria a quantidade de energia
necessária para elevar 1 kg de água de 14,5 para 15,5 °C. Ou seja, 1 quilocaloria nada mais é do que
1000 calorias. Mas por que então todo mundo chama quilocaloria de caloria? Um dos motivos é
porque o termo quilocaloria também pode ser referenciado como Caloria, desde que o “C” seja
grafado com letra maiúscula. Outro motivo pode ser por preguiça mesmo. De qualquer forma,
tornou-se comum referir o termo quilocaloria simplesmente como “Caloria”.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Para facilitar a compreensão e fluência dos textos, e também porque sempre estaremos nos referindo
a alimentos, o termo caloria será sempre sinônimo de quilocaloria (kcal).
Qual a importância das calorias?
O paradigma atual preconiza que a quantidade de calorias ingeridas através da alimentação e a
quantidade de calorias gastas pelas atividades vitais do corpo e por atividades físicas, por exemplo,
são os determinantes da composição corporal. Ou seja, quando ingerimos mais calorias do que
gastamos, geramos o que podemos chamar de balanço energético (ou calórico) positivo — onde o
excesso de calorias resultará no ganho de peso. Por outro lado, quando ingerimos menos calorias do
que gastamos, entramos num estado de balanço energético negativo — resultando na perda de peso
pelo déficit de calorias. Quando as calorias consumidas são iguais às despendidas, temos um
equilíbrio energético e, portanto, não existe ganho ou perda de peso.
Assim, as calorias dos alimentos são consideradas importantes porque se configuram como a
principal forma de se estimar a quantidade de energia que um indivíduo consome – o que,
teoricamente, pode definir se um indivíduo vai ganhar, perder ou manter seu peso, dependendo da
sua alimentação.
Histórico
Sabia-se que o calor estava ligado a algo que fluía de um corpo de maior temperatura para um corpo
de menor temperatura. Lavoisier de fato incluiu o calórico, suposto fluido do qual seria composto o
calor, em sua tabela de elementos químicos (ainda não era, entretanto, uma tabela periódica)
Pouco a pouco, entretanto, foi evoluindo o entendimento do que seria o calor. Em 1798, Benjamim
Thompson, o Conde Rumford, supervisionando a perfuração de canhões do arsenal de Munique,
notou que o calor era liberado mesmo quando as brocas tivessem ficado cegas, o que contrariava uma
opinião então vigente, de que o calor liberado era consequência de um suposto menor calor
específico das aparas de ferro em relação ao ferro maciço.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Em 1799, Humphry Davy pôs por terra outra hipótese dos defensores do calórico, que dizia que o ar
era a fonte desse calor. Atritando dois pedaços de gelo no vácuo, por um mecanismo automático, fê-
los derreter. A noção de que o calor é uma forma de energia surgiu, em termos históricos, muito
recentemente no desenvolvimento da Ciência. De fato, até hoje, no que tange o senso comum, se
confunde temperatura e calor. Mais tarde, já no século XIX, Julius Robert Meyer começou a reparar
na equivalência entre trabalho e calor, resultado que iria, entretanto, só ser plena e vitoriosamente
confirmado por James Prescott Joule no seu grande artigo "Sobre o Equivalente Mecânico do Calor",
lido perante a Royal Society em 1849.
Calorias nos alimentos
A vida do ser humano depende de uma fonte de energia: as calorias contidas nos alimentos. Quando
são ingeridas pelo organismo, elas são metabolizadas no seu interior, gerando a energia química que
necessitamos para nossa sobrevivência.
As calorias são encontradas em forma de energia em cada alimento; isso será utilizado pelo corpo
para todas as funções, como digestão, respiração, prática de exercícios etc.
Todos os alimentos possuem calorias, mas em diferentes quantidades. Os alimentos gordurosos (por
exemplo, carnes gordas e lacticínios) são os que mais contêm calorias. Os carboidratos são os que
possuem as calorias mais fáceis de serem absorvidas e metabolizadas, sendo fontes de energia muito
boas.
Tabela de calorias de alguns alimentos
Alimentos Quantidade kcal
Alcatra frita 2 fatias (100 g) 235
Bacon frito 2 cubos (60 g) 396
Costeleta de porco 2 unidades (100 g) 483
Apresuntado 1 fatia (15 g) 22
Mortadela 1 fatia fina (15 g) 41
Salaminho 1 fatia pequena (2,5 g) 18
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Alimentos Quantidade kcal
Camarão frito 1 porção (100 g) 310
Casquinha de Siri 1 unidade (200 g) 413
Lula cozida 1 pires de chá (100 g) 93
Abacaxi 1 fatia (80 g) 50
Figo maduro 1 unidade (50 g) 68
Maçã vermelha 1 unidade (130 g) 85
Alface 2 folhas (20 g) 4
Brócolis 1 pires de chá (80 g) 23
Cebola 1 unidade (70 g) 32
Pão francês 1 unidade (50 g) 135
Pão de queijo 1 unidade (20 g) 68
Pão integral de trigo 1 fatia(100 g) 261
Lasanha 1 porção (100 g) 139
Macarrão à carbonara 1 prato (100 g) 362
Pizza quatro queijos 1 fatia (140 g) 432
Cerveja 1 lata de 350 ml 147
Champanhe 1 taça de 125 ml 85
Uísque 1 dose de 100 ml 240
Refrigerante de Cola 1 lata de 350 ml 137
Refrigerante de Guaraná 1 copo de 240 ml 75
Refrigerante de Limão 1 lata de 350 ml 115
Leite condensado 1 lata (395 g) 1300
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Alimentos Quantidade kcal
Biscoito recheado 1 pacote de 140 g 700
Gasto de quilocalorias em atividades
Atividade Quilocalorias gastas em 1 hora
Andar 5 km/h 350
Correr 800
Ficar sentado 70
Tomar banho 300
Varrer 250
Lavar roupa 200
Dormir 60
Escovar os dentes 250
Jogar futebol 550
Ler 80
Assistir TV 70
Jogar videogame 150
Pedalar 450
Cantar 150
Falar 100
Comer sentado 100
Nadar 500
Amamentar 100
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
10
Atividade Quilocalorias gastas em 1 hora
Usar o computador 120
Pentear o cabelo 250
Rir 90
Usar o telefone 200
Bater palma 120
Meditar 50
Beber água 80
Subir/descer escada 670
Passar roupa 250
Dançar 400
Fazer comida 250
Brincar 200
Cálculo de calorias em alimentos
• Os carboidratos e as proteínas possuem 4 kcal/g de energia. • Os lipídios possuem 9 kcal/g. • O álcool fornece 7 kcal/g.
Para fazer o cálculo de quilocalorias (kcal) em alimentos basta multiplicar o peso/g de carboidratos e proteínas por 4, e o peso/g dos lipídios por 9.
Exemplo: Considerando que os valores de um alimento são: CHO=13,23g Proteínas=2,3g Lipídios=2,35g
Então o cálculo de quilocalorias é:
(13,23+2,3)*4=62,12
2,35*9=21,15
62,12 + 21,15 = 83,27 Total= 83,27 kcal
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Os Nutrientes
Um nutriente é uma substância usada pelo metabolismo de um organismo que pode ser adquirido a
partir do meio envolvente. Os organismos não autotróficos adquirem os nutrientes geralmente através
da ingestão de alimentos. Os métodos para ingestão de nutrientes variam, com os animais a
possuírem um sistema digestivo interno, enquanto que as plantas digerem os nutrientes externamente.
Os efeitos dos nutrientes dependem em grande parte da quantidade da dose ingerida.
Os nutrientes orgânicos incluem carboidratos, gorduras, proteínas (ou outros elementos construtores,
como os aminoácidos), e vitaminas. Os compostos químicos inorgânicos incluem os minerais ou
água. Os nutrientes são essenciais para o perfeito funcionamento do organismo e todos os que não
podem ser sintetizados pelo próprio organismo têm de ser obtidos de fontes externas. Os nutrientes
necessários em grandes quantidades são denominados por “macronutrientes” e os necessários em
pequenas quantidades por “micronutrientes”
Macronutrientes
Vitaminas
Minerais
Proteínas
Vitamina A
Cálcio
Carboidratos
Vitamina B1
Ferro
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Gorduras
Vitamina B2
Fósforo
Gordura Saturada
Vitamina B6
Magnésio
Fibras
Vitamina B12
Potássio
Vitamina C
Sódio
Vitamina E
Zinco
Folatos
Macronutrientes
“Macro” significa grande, por isso os macronutrientes são os nutrientes mais necessários,
conhecidos por proteínas, gorduras e carboidratos e exceptuando os alimentos com zero calorias,
todos os outros possuem variações em quantidade destes mesmos nutrientes. Apesar da popularidade
de algumas dietas, que requerem que se reduza drasticamente a ingestão destes macronutrientes,
todos eles são de extrema importância para a sua saúde e devem ser incluídos na alimentação diária.
As proteínas são necessárias para a construção dos tecidos do corpo incluindo dos músculos, órgãos,
pele e também as partes do sistema imunitário. O corpo pode usar as proteínas em excesso para
converter em energia ou em gordura. Os carboidratos incluem os açúcares, amido e fibras, com os
dois primeiros a serem fundamentais para o fornecimento de energia que possibilita o funcionamento
do corpo. Os carboidratos em excesso são convertidos em gordura, gordura esta que forma as
membranas que envolvem todas as células do corpo, desde o normal funcionamento do cérebro,
sistema nervoso ou hormonal. Tal como as proteínas, a gordura extra pode ser utilizada pelo corpo
para produzir energia, ou, em casos de sedentarismo, para armazenamento de gorduras.
Micronutrientes
“Micro” significa pequeno, e é por isso que os micronutrientes são todos aqueles que são necessários
em quantidades mais pequenas. Estes incluem várias vitaminas, divididas em solúveis em água ou
solúveis em gordura, dependendo do meio no qual se dissolvem, e também minerais que devem ser
incluídos numa alimentação saudável.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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As vitaminas solúveis em água incluem vitamina C e o complexo de vitaminas B, como vitamina B1,
vitamina B2, vitamina B6, vitamina B12 ou folatos, com todas elas a possuírem uma variedade de
funções essenciais para a saúde. As vitaminas solúveis em gordura incluem a vitamina A, vitamina
D, vitamina E e vitamina K. As vitaminas A e E são absorvidas unicamente através dos alimentos
ingeridos, enquanto que as vitaminas D e K podem ser sintetizadas pelo próprio organismo.
Apesar de ser extremamente difícil obter quantidades massivas destas vitaminas através dos
alimentos, o corpo pode apresentar níveis de toxicidade e graves problemas de saúde caso se ingira
de uma forma descontrolada suplementos vitamínicos em excesso. Os minerais incluem Cálcio,
Fósforo, Ferro, Magnésio, Potássio, Sódio ou Zinco, entre outros. Os minerais são importantes para a
saúde dos dentes, dos ossos, músculos, equilíbrio hídrico do corpo e um conjunto de outras funções
para o bom funcionamento do organismo. Embora uma alimentação saudável e rica em fruta,
legumes, frutos secos, vegetais, leguminosas, carne, peixe e produtos lácteos seja uma excelente
forma de garantir a ingestão de todos os micronutrientes que precisa, existem algumas pessoas que
podem necessitar da ajuda de suplementos dietéticos, como mulheres em risco de osteoporose ou
pessoas com doenças de visão relacionadas com a idade. Aconselha-se sempre o uso de suplementos
dietéticos de acordo com as instruções da embalagem e sob aconselhamento médico.
Proteínas
Aminoácido: estrutrua molecular
A proteína é uma macromolécula formada por pequenas moléculas (menor parte divisível de uma substância) de aminoácido, ela é formada por no mínimo três aminoácidos.
Funções das proteínas
Elas desempenham um papel muito importante em nosso organismo, pois fornecem material tanto para a construção como para a manutenção de todos os nossos órgãos e tecidos.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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As proteínas podem ser de origem vegetal ou animal. No caso das primeiras, elas são consideradas incompletas por serem pobres em variedade de aminoácidos essenciais (aqueles que o corpo não é capaz de produzir). Já a proteína de origem animal, é considerada completa por conter todos os aminoácidos essenciais.
Importância
Como já foi citado anteriormente, as proteínas são de extrema importância para o nosso organismo por sua função construtora e reparadora. Elas também participam da formação de hormônios, enzimas e anticorpos. Com estes poucos exemplos, já se pode ter uma idéia do quanto elas são indispensáveis ao nosso organismo.
Quando ingerimos proteínas, elas são quebradas durante o processo de digestão, e posteriormente, absorvidas pelas nossas células, que novamente as quebram, transformando-as em aminoácidos. Estes aminoácidos serão utilizados pelo nosso corpo onde eles forem mais necessários.
Por exemplo, se a pele de uma pessoa estiver em desequilíbrio pela falta de aminoácidos, os alimentos ricos em proteínas e a ingestão devida de água serão benéficos para a sua recuperação. Isso vale não somente para a pele, mas para todo o corpo, pois, como vimos, os aminoácidos são construtores e reparadores.
Hidratos de carbono
1. Introdução
Os hidratos de carbono são um dos três macronutrientes da nossa dieta (sendo os outros dois as gorduras e as proteínas). Existem em diversas formas e podemos encontrá-los principalmente em alimentos amiláceos, tais como pão, massa e arroz, bem como em algumas bebidas, por exemplo, sumos de frutos e bebidas adoçadas com açúcar. Os hidratos de carbono representam a mais importante fonte de energia para o organismo e são essenciais para uma dieta variada e equilibrada.
Grandes avanços ocorreram na compreensão de como os hidratos de carbono influenciam a nutrição humana e a saúde nos últimos anos. A análise seguinte irá explorar informações desta investigação
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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científica para contribuir para o entendimento deste macronutriente, não esquecendo que uma quantidade considerável dos conhecimentos actuais já existe há algum tempo.
2. O que são hidratos de carbono?
Os hidratos de carbono são constituídos por açúcares e podem ser classificados de acordo com o número de unidades de açúcar combinados entre si, formando uma molécula. A glicose, frutose e galactose são exemplos proeminentes dos açúcares simples, sendo também conhecidos por monossacarídeos. As duplas unidades de açúcar são denominadas dissacarídeos, sendo a sacarose (açúcar de mesa) e a lactose (açúcar do leite) os mais amplamente conhecidos. A tabela abaixo mostra os principais tipos de hidratos de carbono na alimentação.
CLASSIFICAÇÃO DOS HIDRATOS DE CARBONO NA ALIMENTAÇÃO e exemplos correspondentes
CLASSE EXEMPLOS
Monossacarídeos glicose, frutose e galactose
Dissacarídeos sacarose, lactose, maltose
Polióis Isomalte, maltitol, sorbitol, xilitol,
eritritol
Oligossacarídeos Fruto-oligossacarídeos, malto-
oligossacarídeos
Polissacarídeos amiláceos Amilose, amilopectina, maltodextrinas
Polissacarídeos não amiláceos (fibras
alimentares)
Celulose, pectinas, hemiceluloses,
gomas, inulina
2.1. Açúcares
A glicose e a frutose são açúcares simples, ou monossacarídeos, e podem ser encontrados na fruta, cereais, nos produtos hortícolas e no mel. O açúcar de mesa ou sacarose é um dissacarídeo de glicose e frutose e ocorre naturalmente tanto na beterraba sacarina, como na cana-de-açúcar e na fruta. A lactose, um dissacarídeo constituído por glicose e galactose, é o principal açúcar do leite e dos produtos lácteos, sendo a maltose um dissacarídeo de glicose que está presente no malte e em xaropes derivados de amido. O açúcar de mesa (sacarose) e o xarope de glicose-frutose contêm ambos glicose e frutose, quer na forma livre (xarope de glicose-frutose) ou na forma combinada (sacarose).
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Os polióis são chamados de álcoois do açúcar. Eles ocorrem naturalmente, mas na sua maioria são formados industrialmente pela transformação dos açúcares. O sorbitol é o poliol utilizado com mais frequência; o xilitol é frequentemente usado em pastilhas elásticas e rebuçados de menta. O isomalte é outro poliol usado na confeitaria e é produzido a partir da sacarose. Os polióis são doces e podem ser utilizados nos géneros alimentícios de forma semelhante aos açúcares, embora possam ter um efeito laxativo quando ingeridos em quantidades excessivas.
2.2. Oligossacarídeos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define os oligossacarídeos como hidratos de carbono formados por unidades de açúcar 3-9 (os monossacarídeos), embora outras definições aceitem comprimentos de cadeia ligeiramente mais longos. Os fruto-oligossacarídeos contêm até 9 unidades de glicose e são produzidos comercialmente por hidrólise parcial (ou quebra enzimática) da inulina. A rafinose e a estaquiose encontram-se apenas em pequenas quantidades em algumas leguminosas, cereais, produtos hortícolas e mel.
2.3. Polissacarídeos
Os Polissacarídeos são constituídos por mais de 10, ou até vários milhares, de unidades de açúcar. O
amido é a principal reserva de energia dos cereais. É composto por longas cadeias de glicose em
forma de grânulos, cuja forma e tamanho varia de acordo com a planta na qual está presente. O
equivalente correspondente em animais e humanos denomina-se glicogénio (consulte a secção 3.1).
Os polissacarídeos não amiláceos são os principais componentes da fibra alimentar. Entre eles
incluem-se a celulose, a hemicelulose, a inulina, pectinas e gomas. A celulose é o principal
componente das paredes celulares da planta e é composta de vários milhares de unidades de glicose.
Os componentes presentes na fibra alimentar têm diferentes estruturas e diferentes propriedades
físicas.Uma característica distintiva das fibras alimentares é os seres humanos não as poderem
digerir. Contudo, alguns tipos de fibra podem ser metabolizados por bactérias do intestino para dar
origem a compostos que as células do intestino humano podem utilizar para produção de energia. Daí
o seu teor energético mais baixo que a média em comparação com a maioria dos outros hidratos de
carbono (consulte a secção 3.1).
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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3. Hidratos de carbono no organismo
A principal função dos hidratos de carbono é fornecer energia, mas também desempenham um papel
importante na estrutura e função das células, tecidos e órgãos, bem como na formação de estruturas
de hidratos de carbono na superfície das células. As classes moleculares diferentes são os
proteoglicanos, as glicoproteínas e os glicolípidos.
3.1. Fonte de energia e de armazenamento
Os amidos e os açúcares são as principais fontes de energia, fornecendo 4kcal (17kj) por grama. Os
polióis fornecem 2,4 quilocalorias (10 quilojoules) e as fibras alimentares 2 quilocalorias (8
quilojoules) por grama, respectivamente. Nota: O poliol eritritol não é metabolizado de todo e como
tal tem 0 calorias.
Os monossacarídeos são absorvidos directamente pelo intestino delgado para a corrente sanguínea, de
onde são depois transportados até ao local onde são necessários. Os dissacarídeos são fraccionados
pelas enzimas digestivas em açúcares simples. O organismo necessita ainda da ajuda das enzimas
digestivas para partirem as longas cadeias de amido em açúcares, para que possam ser absorvidos
pela corrente sanguínea.
O organismo humano utiliza os hidratos de carbono na forma de glicose. A glicose também pode ser
convertida em glicogénio, um polissacarídeo semelhante ao amido, que é armazenado no fígado e no
tecido muscular, este é uma fonte rápida e disponível de energia para a utilização do organismo em
caso de necessidade. O cérebro e os glóbulos vermelhos necessitam de glicose como fonte de energia,
uma vez que não podem usar gorduras, proteínas ou outras formas de energia para este fim. É por
esta razão que o nível de glicose no sangue deve ser mantido estável. São necessários cerca de 130g
de glicose por dia para cobrir as necessidades energéticas do cérebro. A glicose pode ter origem
directamente nos hidratos de carbono da alimentação, nos depósitos de glicogénio ou na conversão de
determinados aminoácidos resultantes da destruição de proteínas. Diversas hormonas, tal como a
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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insulina, actuam rapidamente no organismo, de forma a regular o fluxo de glicose na corrente
sanguínea e a mantê-lo sempre constante.
3.2. O índice glicémico
Quando é ingerido um alimento rico em hidratos de carbono ocorre um aumento de açúcar no sangue
e de seguida verifica-se uma diminuição, este fenómeno denominasse resposta glicémica. Isto
reflecte a taxa de digestão e absorção de glicose, bem como os efeitos da acção da insulina para
normalizar o nível de glicose no sangue. Existem diversos factores que influenciam o nível e a
duração da resposta glicémica:
De alimentos específicos:
• O tipo de açúcar que forma o hidrato de carbono, por exemplo, a frutose, a sacarose e os
polióis, tem uma resposta glicémica reduzida em comparação com a glicose e a maltose
• A natureza e forma do amido, alguns são mais digeríveis que outros
• Os métodos culinários utilizados na confecção do alimento
• Outros nutrientes nos alimentos (ou refeições), como gorduras (os mais importantes),
proteínas e fibras
Da pessoa:
• O tempo de mastigação (destruição mecânica)
• A velocidade de esvaziamento gástrico e o tempo de trânsito no intestino delgado
(influenciado em parte pelos alimentos)
• Do seu metabolismo
• Do momento e hora em que os hidratos de carbono são ingeridos
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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O impacto de diferentes alimentos que contenham hidratos de carbono na resposta glicémica do
organismo é classificado em relação a um padrão alimentar, normalmente pão branco ou glicose,
duas horas depois do consumo. Esta medição é chamada de índice glicémico (IG). Um IG de 70
significa que o alimento ou bebida com hidratos de carbono causa 70% da resposta da glicose no
sangue observada com a mesma quantidade de hidratos de carbono da glicose pura ou do pão branco.
Os alimentos com IG alto provocam uma maior resposta da glicose no sangue do que os alimentos
com IG baixo. Os alimentos com um IG baixo são digeridos e absorvidos mais lentamente do que os
que têm um IG alto. As evidências sugerem que uma dieta baseada em alimentos com IG baixo está
associada a um risco reduzido de desenvolvimento de doenças metabólicas, tais como obesidade e
diabetes mellitus de tipo 2.
O ÍNDICE GLICÉMICO DE ALGUNS ALIMENTOS
(glicose como padrão)
Alimentos com um IG muito baixo (≤ 40)
Maçã crua
Lentilhas
Soja
Feijão branco
Leite de vaca
Cenouras (cozidas)
Cevada
Frutose
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
20
Alimentos com um baixo IG Factor (41-55)
“Noodles” e massa
Sumo de maçã
Laranjas não cozinhadas/sumo de laranja
Tâmaras
Banana não cozinhada
Iogurte (fruta)
Pão integral de especialidade
Compota de morango
Milho doce
Chocolate
Lactose
Alimentos com um IG intermédio. Factor (56-70)
Arroz integral
Flocos de aveia
Refrigerantes
Ananás
Sacarose (açúcar de mesa)
Mel
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
21
Alimentos com um IG alto. Factor (> 70)
Pão (branco ou integral)
Batata assada
Flocos de milho
Batatas fritas
Puré de batata
Arroz branco (amilose baixa ou "arroz pegajoso")
Bolachas de arroz tufado
Glicose
Maltose
3.3. Fibra alimentar e função intestinal
O corpo não tem a capacidade de digerir a fibra alimentar, tal como alguns oligossacarídeos, no
intestino delgado. A fibra ajuda a função intestinal, aumentando o volume do bolo fecal no intestino e
estimula o trânsito intestinal.
Uma vez que os hidratos de carbono indigeríveis passam para o intestino grosso, alguns tipos de
fibras, tais como as gomas, as pectinas e os oligossacarídeos são fermentados pela microflora
intestinal. Desta forma aumenta a massa do bolo fecal no intestino, proporcionando um efeito
benéfico sobre a composição da microflora.
4. Regulação do peso corporal
Os indivíduos que têm uma alimentação rica em hidratos de carbono tendem a acumular menos
gordura corporal em comparação com aqueles que seguem uma alimentação pobre em hidratos de
carbono e rica em gordura. As razões para esse facto ocorrer são três:
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
22
• Os hidratos de carbono têm menos peso calórico do que as gorduras (e o álcool) e, como tal,
as dietas ricas em hidratos de carbono são comparativamente mais pobres na densidade
energética. Os alimentos ricos em fibra também tendem a ser volumosos e a proporcionar
mais saciedade.
• A inclusão de bastantes alimentos ricos em hidratos de carbono parece ajudar a regular o
apetite. Estudos demonstraram que os hidratos de carbono, tanto na forma de amido como de
açúcares, funcionam rapidamente para promover a saciedade. Consequentemente, os
indivíduos que consomem dietas ricas em hidratos de carbono têm menos probabilidade de
comer em excesso. Além disso, muitos alimentos com um índice glicémico mais baixo podem
ser particularmente satisfatórios, uma vez que a sua digestão é mais lenta.
• Os hidratos de carbono da alimentação tendem a ser consumidos como energia ou
armazenados como glicogénio para posterior utilização. Muito poucos hidratos de carbono da
alimentação são convertidos em gordura corporal devido à ineficiência deste processo no
organismo.
Agora, é cada vez mais evidente que em comparação com dietas ricas em gordura, as dietas ricas em
hidratos de carbono reduzem a probabilidade de desenvolvimento de obesidade.
5. Diabetes
A Diabetes é uma doença metabólica em que o organismo não consegue regular os níveis de glicose
no sangue da forma mais adequada. Com base nos motivos inerentes a esta falha de controlo,
distinguem-se dois tipos de diabetes. Na diabetes do tipo 1, o organismo deixa de conseguir produzir
a hormona insulina, a qual é o principal regulador dos níveis de glicose no sangue. Entre 5 a 15% de
todos os diabéticos são afectados, normalmente com menos de 40 anos. Na diabetes do tipo 2, o
organismo não produz insulina suficiente ou as células visadas deixam de responder à hormona (um
fenómeno chamado resistência à insulina). Esta forma da doença afecta a grande maioria dos
diabéticos, 85 a 95%. Embora tenda a ocorrer após os 40 anos, está a ser diagnosticado um número
cada vez maior de adolescentes e crianças com diabetes do tipo 2. O tratamento para ambos os tipos
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
23
de diabetes envolve uma dieta saudável e equilibrada e actividade física. Os diabéticos do tipo 1
também necessitam de injecções diárias de insulina.
Não existem evidências de que o consumo de açúcar esteja associado ao desenvolvimento de
qualquer tipo de diabetes em indivíduos saudáveis. No entanto, existem actualmente evidências
sólidas de que a obesidade e o sedentarismo aumentam a probabilidade de desenvolver diabetes
mellitus do tipo 2.
A redução de peso é geralmente necessária, sendo o principal objectivo da alimentação para as
pessoas com diabetes mellitus do tipo 2 e para aqueles com elevado risco de desenvolvimento deste
tipo de diabetes. Consumir uma grande variedade de alimentos ricos em hidratos de carbono é uma
das recomendações da alimentação de todos os diabéticos, e a inclusão de alimentos de baixo índice
glicémico é benéfico porque ajuda a regular e controlar a glicose no sangue. As recomendações para
a gestão dietética dos diabéticos salientam o aumento da ingestão das fibras e permitem a inclusão de
pequenas quantidades de açúcar de mesa na dieta. A inclusão de uma pequena quantidade de açúcar
numa refeição tem pouco impacto nas concentrações de insulina ou glicose no sangue em pessoas
com diabetes.
6. Saúde Oral
Os alimentos que contêm hidratos de carbono fermentáveis (caso dos açúcares ou amido) podem ser
fraccionados pelas enzimas e bactérias presentes na boca, o que induz a produção de um ácido que
ataca o esmalte dos dentes. Com a presença de ácido na boca, a saliva fornece um processo de
reparação natural que dilui e neutraliza o ácido e reconstrói o esmalte. Quando os alimentos
fermentáveis com hidratos de carbono são consumidos com muita frequência, este processo de
reparação natural não consegue dar resposta e o risco de cáries aumenta.
A investigação recente indica que deve ser aplicada uma abordagem mais racional no papel do açúcar
e de outros hidratos de carbono nas cáries. Actualmente, recomenda-se que os programas de
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
24
prevenção das cáries se concentrem na adição de flúor à água potável, numa higiene oral adequada,
na frequência da ingestão de alimentos e bebidas e numa dieta variada, e não exclusivamente sobre a
ingestão de açúcar.
A disponibilidade de flúor e o uso generalizado de boas práticas de higiene oral resultaram num
baixo índice de cáries em crianças e adolescentes. Esta melhoria ocorreu independentemente de
qualquer mudança na ingestão de açúcar ou de hidratos de carbono fermentáveis. Manter a placa
bacteriana sã e fortalecer os dentes com flúor reduz o risco de cárie.
1. Ser ativo
Diversos estudos têm demonstrado que os hidratos de carbono podem melhorar o desempenho dos
atletas. Durante o exercício de elevada intensidade, os hidratos de carbono são a principal fonte de
energia para os músculos. Ao consumir elevados níveis de hidratos de carbono antes, durante e após
o exercício, as reservas de glicogénio são mantidas em níveis adequados. O glicogénio é um
reservatório de glicose que pode ajudar um atleta a prolongar a sua actividade física e auxiliar os seus
organismos a suportarem o esforço.
O papel vital da actividade física na manutenção da saúde e condição física é reconhecido por toda a
da população em geral. Para aqueles que se querem manter em boa forma e activos, uma alimentação
equilibrada rica em hidratos de carbono é recomendada.
8. Afirmações de saúde corroboradas pela investigação
Seguem-se exemplos de afirmações de saúde relacionadas com hidratos de carbono que foram
submetidas a uma avaliação em termos da sua validade científica pela Autoridade Europeia para a
Segurança dos Alimentos (EFSA) e estão aprovadas para utilização na União Europeia (UE):
• As fibras dos grãos da cevada contribuem para um aumento da massa fecal.
• Os betaglucanos contribuem para a manutenção dos níveis normais de colesterol no sangue.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
25
• O consumo de pectinas com uma refeição contribui para a redução da subida da glicose no
sangue após essa refeição.
• A lactulose contribui para uma aceleração do trânsito intestinal.
• Demonstrou-se que mastigar pastilha elástica adoçada com xilitol a 100% reduz a placa
bacteriana. O elevado nível de placa bacteriana é um factor de risco no desenvolvimento de
cáries nas crianças.
Uma lista completa de todas as afirmações de saúde relacionadas com os hidratos de carbono
actualmente aprovadas na EU pode ser encontrada clicando em “EFSA-approved health claims related to
carbohydrates”.
9. Recomendações relacionadas com os hidratos de carbono
Os hidratos de carbono são um componente essencial para uma dieta saudável e equilibrada. Eles
podem auxiliar a controlar o peso corporal, especialmente quando estão combinados com o exercício
físico, são vitais para o funcionamento adequado dos intestinos e são uma importante fonte de
energia para o cérebro e os músculos. Não foram estabelecidas quaisquer ligações entre o amido ou o
açúcar e um possível papel especial no desenvolvimento de doenças graves como a diabetes do tipo
2, além disso, o papel do açúcar no desenvolvimento das cáries é actualmente menos importante uma
vez que as populações estão cientes da importância de uma boa higiene oral e do flúor. O relatório da
OMS/FAO sobre hidratos de carbono na nutrição humana e a opinião científica da EFSA em matéria
de valores de referência dietéticos para os hidratos de carbono e fibras alimentares apresentam
informações essenciais para os profissionais de saúde e investigadores.
As mensagens mais importantes para o público são:
• Devem ser promovidos e reconhecidos os muitos benefícios para a saúde de uma alimentação
rica em hidratos de carbono. Os hidratos de carbono são a principal fonte de energia do
organismo.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
26
• Uma dieta ideal contém 45 a 60% de energia proveniente de hidratos de carbono por dia para
todos os que têm mais de dois anos idade.
• Uma ampla gama de alimentos que contenham hidratos de carbono devem ser consumidos
para que a alimentação seja suficiente quer em nutrientes essenciais quer em fibras
alimentares.
• Os adultos devem ter como objectivo consumir 25 g de fibras alimentares por dia. Uma
ingestão de 2 gramas de fibras por megajoule de ingestão dietética (1 megajoule equivale a
239 quilocalorias) é considerada adequada para crianças a partir de um ano de idade.
Gorduras
São substâncias orgânicas de origem animal ou vegetal, formadas predominantemente de produtos de
condensação entre glicerol e ácidos graxos, chamados triacilgliceróis. Além de fonte de energia, são
veículos importantes de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e ácidos graxos
essenciais.
Estrutura química:
São compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Diferencia-se dos carboidratos
pela a proporção desses nutrientes. Cada molécula de gordura possui glicerol (álcool)
combinado com ácidos graxos (ácido).
Classificação:
Lipídios simples: São triglicerídeos, que quando decompostos originam ácidos graxos e glicerol.
Podem ser encontrados na forma sólida ou líquida. Os sólidos à temperatura ambiente são chamados
de gorduras e os líquidos constituem os óleos. A maioria dos triglicerídeos dos vegetais são líquidos à
temperatura ambiente e contêm uma grande proporção de ácidos graxos insaturados. Os de origem
animal contêm altas proporções de ácidos graxos saturados, sólidos ou semi-sólidos á temperatura
ambiente.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
27
Lipídios compostos: São combinações de gorduras e outros componentes, como
por exemplo, fósforo, glicídios, nitrogênio e enxofre, dando origem as
fosfolipídeos (lecitina e cefalina), glicolipídeos (glicídios e nitrogênio –
cerebrosídeos) e lipoproteínas.
Lipídios derivados: São substâncias produzidas na hidrólise ou decomposição dos lipídeos. São os
ácidos graxos saturados e insaturados, o glicerol e os esteróis. Os ácidos graxos insaturados possuem
dupla ligação na molécula e os saturados possuem ligação simples.
Ácidos graxos saturados, monoinsaturados e polinsaturados:
O grau de saturação de um ácido graxo é definido pelo número de ligações duplas entre os átomos de
carbono nas cadeias. A cadeia que não apresentar ligações duplas é um ácido graxo saturado. Já, a
cadeia que apresentar é um ácido graxo monoinsaturado ou pode ser um ácido graxo polinsaturado se
conter várias duplas ligações.
Saturados: Presentes em carnes gordas, banha, manteiga, palma, cacau,
laticínios, coco, etc. Deve ser limitada a menos de 10% do total de
ingestão calórica. Aumentam o colesterol total e a LDL.
Monoinsaturados: Presentes no azeite de oliva, canola, açaí, abacate e
frutas oleaginosas (amendoim, castanhas, etc.). Diminui o LDL e o colesterol total.
Polinsaturados: Presentes nos peixes, óleos vegetais (girassol, soja, milho, canola,
açafrão, algodão, gergelim, etc.) e nas frutas oleaginosas (castanhas, nozes,
avelãs, etc.). Diminuem a concentração de colesterol na LDL, possuem efeito
antiinflamatório sobre as células vasculares, inibindo a expressão de proteínas
endoteliais pró-inflamatórias. São os ácidos graxos essenciais, que o organismo
não produz, necessitando serem incorporados na dieta. Têm papel importante no transporte de
gorduras e na manutenção da integridade das membranas celulares.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
28
1) Ômega 6 (ácido Linoléico): Carnes, prímula, girassol, semente de abóbora,
milho, cânhamo, soja, gergelim, borage, canola, linhaça, groselha negra, oliva e
leite humano. Reduz o colesterol total, LDL e o HDL.
2) Ômega 3 (ácido Alfa-Linolênico): Óleo de peixe (salmão, atum, arenque,
sardinha, etc.), linhaça, cânhamo, semente de abóbora, groselha negra, gema de ovo, canola e soja.
Reduz os triglicerídeos e o colesterol total.
Gorduras trans:
São formadas a partir do processo de hidrogenação industrial ou natural
(rumem dos animais) dos ácidos graxos. Encontram-se nos alimentos
industrializados. Alimentos de origem animal (carnes gordas e leites integrais)
apresentam pequenas quantidades dessas gorduras. Possuem a finalidade de melhorar a consistência,
sabor dos alimentos e aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. O
consumo excessivo aumenta a concentração de LDL e diminuem a
concentração de HDL plasmático.
Fontes alimentares: Naturais (carnes, leites e derivados) e industrializados
(biscoitos, salgadinhos, frituras, bolos, margarinas, pães, sorvetes, doces, etc.).
É chamada de inimiga oculta, porque nem sempre está presente nos rótulos dos alimentos. Deve-se
verificar nos ingredientes dos produtos se há a indicação "gordura hidrogenada" ou "parcialmente
hidrogenada" ou "óleo vegetal hidrogenado" ou "parcialmente hidrogenado". Se houver, é porque o
alimento apresenta gordura trans na sua composição.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
29
A Organização Mundial da Saúde recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 2,2g por
dia. O ideal é consumir o mínimo possível, dando preferência a alimentos mais naturais e preparações
caseiras para a obtenção de uma vida mais saudável.
ALIMENTO PORÇÃO QUANTIDADE DE TRANS
PIPOCA MICROONDAS 1 PACOTE GRANDE 2,5g
SALGADINHO PACOTE 1 PACOTE MÉDIO 2g
BOLACHA RECHEADA 1 UNIDADE 1,7g
BATATA FRITA FAST FOOD 1 PACOTE GRANDE 6g
TORTA MAÇÃ FAST FOOD 1 UNIDADE 4,5g
NUGGETS DE FRANGO 6 UNIDADES 1,7g
MARGARINA 1 COLHER DE SOPA 2g
Outros tipos de gorduras:
Colesterol: É um álcool. Encontrado apenas em
tecidos animais, mas alguns esteróides similares são
encontrados nas plantas, como o ergosterol. É um
componente das membranas celulares e é o principal
componente das células cerebrais e nervosas. Possui
fonte endógena (produzido pelo próprio corpo) e exógena (alimentos).
Sintetiza ácidos biliares, hormônios adrenocorticais, os andrógenos, os estrógenos e a progesterona.
Presente na gema do ovo, no fígado, no rim, no cérebro e nas ovas de peixes. Em quantidades
menores na carne, no leite integral, em cremes, em sorvetes, no queijos e na manteiga. Depósitos
excessivos de colesterol nos tecidos podem levar a hipertensão, aterosclerose e diabetes mellitus.
Fosfolipídeos: São lipídeos que contém fósforo na sua composição química. Possuem a função de
manter a integridade estrutural das células. Exemplos: lecitinas, cefalinas e esfingomielinas.
Lipoproteínas: Encontradas nas células, nas membranas das organelas e no sangue. São uma
combinação de triglicerídeos, fosfolípideos e colesterol com proteínas, as quais funcionam para
transportar lipídeos insolúveis em meio aquoso.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
30
Propriedades químicas:
1) Hidrólise: Os triglicerídeos quando hidrolisados originam um glicerol e três moléculas de ácidos
graxos.
2) Saponificação: Hidrólise de ésteres de ácidos graxos realizada em um
meio alcalino, resultam em álcool e em sais de ácidos graxos ou sabões, que
são insolúveis em água.
3) Hidrogenação: Adição de hidrogênio nas duplas ligações dos ácidos
graxos insaturados. Óleos vegetais são convertidos a gorduras sólidas pela
hidrogenação. É um processo industrial de endurecimento de óleos e gorduras para a produção de
margarinas e de gordura hidrogenada para produção de produtos industrializados.
4) Rancificação: Gorduras e óleos expostos ao ar quente e úmido por um período de tempo, levando
à mudanças químicas as quais produzem sabores e odores desagradáveis comumente denominados de
ranço. A hidrólise da gordura na presença de oxigênio, calor e de bactérias, libera ácido butírico e
outros produtos com gosto forte, forma-se peróxidos que são tóxicos em grande quantidade.
Funções das gorduras:
1) Componentes de estruturas celulares (membranas plasmáticas);
2) Principal fonte energética do organismo (1 grama fornece 9 Kcal);
3) Importante isolante térmico e físico;
4) Sintetizam hormônios e ácidos biliares;
5) Veículos de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K);
6) Proporcionam mais palatabilidade aos alimentos.
Digestão, absorção e metabolismo:
A digestão das gorduras ocorre quase totalmente no intestino delgado, porém, a ação preparatória
ocorre nas paredes anteriores do trato gastrointestinal. No estomago apenas as gorduras emulsionadas
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
31
(gordura do leite e da gema do ovo) recebem a ação da lípase gástrica, que desdobra as gorduras em
ácidos graxos e glicerol.
As demais gorduras primeiramente devem ser emulsionadas pela bile. Isso divide a gordura em
glóbulos pequenos, aumentando a superfície para a ação das enzimas. Sob ação da lípase entérica e
da lípase pancreática, as gorduras já emulsionadas, decompõem-se em ácidos graxos e glicerol, e
assim podem ser absorvidas. Após a absorção, há uma recombinação desses componentes formando
gorduras neutras, que são levadas ao fígado para produzir substâncias específicas ou armazenadas
sob forma de tecido adiposo para ser utilizada para fins calóricos.
Necessidades diárias:
Deve-se ingerir uma grama de gordura por quilo de peso, no mínimo. Em relação ao
valor calórico total da dieta, cerca de 25 a 35% das calorias devem ser de fontes
lipídicas.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
32
Fontes alimentares:
Origem animal: creme de leite, manteiga, toucinho, banha, óleo de fígado de bacalhau, leite integral,
queijos, carnes, gema do ovo, etc.
Origem vegetal: margarina, gordura hidrogenada, óleos (milho, soja, oliva, algodão...), azeitona,
chocolate, abacate, nozes, castanhas, coco, etc.
Fibras alimentares
As fibras alimentares são os polissacarídios vegetais da dieta, como celulose, hemiceluloses,
pectinas, gomas, mucilagens e a lignina (não polissacarídio) que não são hidrolisados pelo trato
gastrointestinal humano.
Características das Fibras Alimentares:
1) Origem Vegetal;
2) Carboidratos ou derivados de carboidratos (exceto a lignina);
3) Resistência à hidrólise por enzimas digestivas;
4) Fermentáveis por bactérias dos cólons;
5) Atingem os cólons intactas/hidrolisadas e fermentadas pela flora dos cólons.
Tipos de Fibras Alimentares:
Fibras Solúveis: Pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses.
A fração solúvel das fibras traz benefícios à saúde, porque apresentam
efeito metabólico no trato gastrintestinal, retardam o esvaziamento
gástrico e o tempo do trânsito intestinal, diminuem a absorção de glicose e colesterol. Protege contra
o câncer colorretal.
Fibras Insolúveis: Celulose e algumas hemiceluloses. Fazem parte da estrutura das células vegetais
e são encontradas em todos os tipos de substância vegetal. Constitui uma parte muito pequena da
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
33
dieta (1g/dia) e ocorre principalmente em frutos com casca comestível e sementes. Não se dissolvem
na água, aumentam o bolo fecal, aceleram o tempo de trânsito intestinal pela absorção de água.
Melhorando a constipação intestinal, anulando o risco de aparecimento de hemorroidas e
diverticulites (inflamação da parede do intestino).
Celulose: Frutas com cascas, farinha de trigo, farelos, sementes.
Características: Retém água nas fezes, aumenta o volume e o peso das fezes, favorece o
peristaltismo dos cólons, diminui o tempo de trânsito colônico, aumenta o número de evacuações e
insolúvel em meio alcalino e solúvel em ácido.
Hemicelulose: Grãos de cereais, farelo de trigo, soja e centeio.
Características: Aumenta o volume e o peso das fezes, favorece o peristaltismo dos cólons, diminui o
tempo de trânsito colônico, aumenta o número de evacuações, e a maior parte é solúvel em água.
Pectina: Frutas cítricas, principalmente a casca é rica em pectina, maçã, batata,
limão, laranjas, legumes e vegetais.
Características: Forma matriz da parede celular em conjunto com a
hemicelulose, tem alta capacidade hidrofílica, retarda o esvaziamento gástrico,
aumenta a excreção de ácidos biliares, proporciona substrato fermentável para as bactérias do cólon,
reduz a concentração plasmática de colesterol e solúvel em água.
Gomas: Farelo de aveia, farinha de aveia, farelo de cevada.
Características:Têm alta capacidade hidrofílica, retardam o esvaziamento gástrico, proporcionam
substrato fermentável para as bactérias do cólon, reduzem a concentração plasmática de colesterol,
melhoram a tolerância à glicose e solúveis em água.
Mucilagens: Sementes e algas (agar-agar).
Características: Capacidade gelficante (formam um gel e arrastam gorduras, poluentes e metais
pesados contidos nos alimentos), retardam o tempo de esvaziamento gástrico (dificultando picos
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
34
glicêmicos), proporcionam substrato fermentável para bactérias do cólon, reduzem o colesterol,
melhoram à tolerância a glicose e fixam os ácidos biliares.
Lignina: Grão integral, ervilha, aspargos.
Características: Não é carboidrato, resistente à ação de enzimas e bactérias, fixa os ácidos biliares e
insolúvel em meio ácido.
Degradação das fibras
A decomposição das fibras alimentares ocorre na maior parte no cólon, onde as fibras sofrem a
fermentação das bactérias anaeróbicas.
Funções das fibras no organismo
1) Estimulam a mastigação, e assim, a secreção da saliva e suco gástrico;
2) Enchem o estômago proporcionando uma sensação de saciedade;
3) Promovem regulação do tempo de trânsito intestinal, atrasando o esvaziamento
gástrico, tornando mais lento a digestão e absorção;
4) No cólon devido a sua capacidade de absorver água, forma fezes volumosas e macias;
5) São substratos para fermentação por colônias de bactérias;
6) Atuam no metabolismo dos carboidratos no controle da glicemia formando um gel (pectina e
goma) no intestino tornando mais lento a velocidade na qual a glicose entra na corrente sanguínea;
7) Na absorção e na regulação de lípideos sanguíneos as fibras insolúveis se ligam aos sais biliares e
reduzem a absorção das gorduras e colesterol; as fibras solúveis diminuem especificamente o
colesterol LDL;
8) São substratos para formação de ácidos graxos de cadeia curta.
Recomendações nutricionais:
A ingestão deve consistir em quantidades iguais de fibras solúveis e
insolúveis, num total de 20 a 30g de fibras diárias, no máximo 35g ou 10 a
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
35
13g de fibras para cada 1000 Kcal ingeridas. O excesso de fibras interfere com a absorção de zinco e
cálcio, especialmente em crianças e idosos.
Vitaminas
As vitaminas são substâncias que o organismo não tem condições de produzir e, por isso, precisam
fazer parte da dieta alimentar. Suas principais fontes são as frutas, verduras e legumes, mas elas
também são encontradas na carne, no leite, nos ovos e cereais.
As vitaminas desempenham diversas funções no desenvolvimento e no metabolismo orgânico. No
entanto, não são usadas nem como energia, nem como material de reposição celular. Funcionam
como aditivos – são indispensáveis ao mecanismo de produção de energia e outros, mas em
quantidades pequenas. A falta delas, porém, pode causar várias doenças, como o raquitismo
(enfraquecimento dos ossos pela falta da vitamina D) ou o escorbuto (falta de vitamina C), que matou
tripulações inteiras até dois séculos atrás, quando os marinheiros enfrentavam viagens longas
comendo apenas pães e conservas.
A Ciência conhece aproximadamente uma dúzia de vitaminas, sendo que as principais são
designadas por letras. Essas vitaminas podem ser encontradas em muitos alimentos, especialmente os
de origem vegetal.
Vitamina A
A cenoura, por exemplo, é rica em betacaroteno, substância
a partir da qual o organismo produz retinol, uma forma ativa
de vitamina A.
A vitamina A é importante no crescimento, pois forma ossos
e dentes, melhora a pele e o cabelo, protege os aparelhos
respiratório, digestivo e urinário e também é importante para
a visão.
Outras fontes de vitamina A: leite integral, queijo, manteiga,
gema de ovo, pimentão, mamão, abóbora e verduras em
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
36
Vitaminas do complexo B
Formam um conjunto de vitaminas que têm, entre si, propriedades semelhantes.
A banana contém vitamina B6, que produz energia a partir dos nutrientes, ajuda a formar hemácias
(glóbulos vermelhos do sangue) e anticorpos, é útil para os sistemas nervoso e digestivo e boa para a
pele. Outras fontes de vitaminas do complexo B: cereais integrais, leguminosas (feijão, soja, grão-de-
bico, lentilha, ervilha etc.), alho, cebola, miúdos (moela, coração etc.), peixes, crustáceos, ovos e
leite.
A vitamina B12, por exemplo, participa da formação de material genético nas células, essencial à
formação de novas células, como hemácias e leucócitos. A vitamina B12, só é encontrada em
alimentos de origem animal. Os vegetarianos precisam, portanto, de suplementação desta
vitamina. As carnes magras, aves e peixes contêm niacina, que ajuda a produzir energia a partir das
gorduras e carboidratos e auxilia também o sistema nervoso e o aparelho digestivo, e vitamina B1,
que ajuda na produção de energia, principalmente a necessária aos nervos e músculos, inclusive o
coração.
Fontes de vitamina B1
Fontes de vitamina B12
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
37
Fontes de vitamina B2
Fontes de vitamina B3
Vitamina C
Tomate, laranja, acerola, limão e goiaba são ricos
em vitamina C. O ideal é comer esses alimentos crus.
A vitamina C preserva ossos, dentes, gengivas e
vasos sangüíneos, aumenta a absorção de ferro, ajuda
o sistema imunológico e aumenta a cicatrização.
A falta de vitamina C pode causar alguns distúrbios,
tais como: anemia, inflamação das mucosas,
enfraquecimento dos vasos capilares sangüíneos,
podendo ocorrer sangramento em diversas partes do
corpo. Todos esses são sintomas de uma doença que
é denominada escorbuto.
Outras fontes de vitamina C: abacaxi, caju, mamão,
manga, couve-flor e espinafre.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
38
Vitamina D
As vitaminas também estão presentes nos alimentos de origem animal, como leite e ovos são ricos
em vitamina D (sintetizada pelo próprio organismo, mas que depende do sol para se tornar vitamina
D). Esta vitamina é fundamental no fortalecimento dos ossos e dentes e ajuda na coagulação do
sangue.
Vitamina K
Entre os alimentos fontes de vitamina K, podemos citar: fígado, óleo de fígado de bacalhau, frutas e
verduras como acelga, repolho, couve e alface.
Também contêm vitamina E, que retarda o envelhecimento das células e contribui para a formação de
novas hemácias, impedindo sua destruição no sangue.
As verduras e legumes são ricos em vários tipos de vitaminas, mas especialmente o ácido fólico,
que é uma das vitaminas do complexo B. Ele colabora na produção de material genético dentro das
células e mantêm saudável o sistema nervoso. As verduras, assim como queijos, ovos e leite,
também são ricas em vitamina B2 ou riboflavina. A riboflavina estimula a liberação de energia dos
nutrientes, ajuda na produção de hormônios e mantêm saudáveis as mucosas.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Sais minerais
Os sais minerais são nutrientes que fornecem o sódio, o potássio, o cálcio e o ferro.
Ao contrário do que muitos acreditam, a água que bebemos não é absolutamente pura. Ela contém
pequenas quantidades de sais minerais dissolvidos. Estes sais também precisam ser repostos
continuamente. É por isso que a desidratação pode matar – a carência aguda de minerais prejudica
o metabolismo, como a carência de potássio, que pode causar paralisia muscular, inclusive da
musculatura cardíaca.
Zinco, magnésio, cobre e selênio – difícil imaginar que alguém possa comê-los, não é? Mas a
verdade é que, ao fazermos uma refeição balanceada, ingerimos esses minerais e alguns outros, como
ferro, cálcio, sódio, potássio, iodo e flúor. Eles desempenham um importante papel no controle do
metabolismo ou na manutenção da função de tecidos orgânicos.
O cálcio e o flúor, por exemplo, formam e mantêm ossos e dentes. O cálcio ainda ajuda na
coagulação do sangue e participa das contrações musculares. Estes dois minerais podem ser
encontrados no peixe. Leite e derivados, além de ervilhas secas, verduras, feijões e castanhas também
são ricos em cálcio.
Funções parecidas tem o magnésio. Também forma e mantém ossos e dentes e controla a
transmissão dos impulsos nervosos e as contrações musculares. E Ele ainda ativa reações químicas
que produzem energia na célula. Alimentos ricos em magnésio incluem castanhas, soja, leite,
peixes, verduras, cereais e pão.
O cobre (quem diria?) controla a atividade enzimática que estimula a formação dos tecidos
conectivos e dos pigmentos que protegem a pele. Se você tem o hábito de comer feijão, ervilhas,
castanhas, uvas, cereais e pão integral, está ingerindo o cobre necessário para o seu organismo.
Quem pratica esporte já ouviu dizer que comer banana evita cãibras. A verdade é que a banana é
muito rica em potássio, mineral que ajuda nos impulsos nervosos e contrações musculares, além de
manter normal o ritmo cardíaco e o equilíbrio hídrico os organismo. O sódio, presente em quase
todos os alimentos, também possui as mesmas funções do potássio.
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Encontrado em pequenas quantidades em vários tipos de alimentos, o zinco auxilia na cicatrização,
conserva a pele e o cabelo, e controla as atividades de várias enzimas. Já o selênio diminui os riscos
de alguns tipos de câncer e protege as células dos danos causados por substâncias oxidantes. É
encontrado em carnes, peixes e vegetais. A quantidade de selênio nos vegetais depende do teor deste
mineral no solo.
Por fim, o ferro, encontrado nas carnes, peixes, fígado, gema, cereais e feijões, contribui com a
produção de enzimas que estimulam o metabolismo. Também forma a hemoglobina e a mioglobina,
que levam oxigênio para as hemácias e para as células musculares. Mas para que haja melhor
aproveitamento do ferro, é necessário ingeri-lo com alimentos ricos em vitamina C.
Atenção!!
Foi-se o tempo, no entanto, em que as pessoas colhiam a alface na horta e comiam em seguida. Ou
quando carregavam um canivete no bolso para descascar a laranja recém-colhida no pé. Hoje, o
alimento demora vários dias para chegar às nossas mesas, sendo transportado e armazenado durante
dias. Nesse período, há uma perda nutricional considerável. Imaginemos, então, os produtos
industrializados, que são processados e adicionados de conservantes, acidulantes e outros “antes”.
Por isso, o ideal é abolir os enlatados e preferir os alimentos naturais e crus. Se formos cozinhar,
devemos usar pouca água. As vitaminas são substâncias frágeis e podem ser facilmente destruídas
pelo calor ou pela exposição ao ar.
Cuidados com os alimentos
Uma alimentação saudável deve fornecer ao organismo, em quantidades necessárias, carboidratos,
lipídios, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. Além dessa recomendação geral, é necessário ter
cuidado com a dieta.
Dieta
Para uma dieta saudável recomenda-se:
• Consumir vegetais, frutas, verduras e legumes da estação (temporada), porque são
geralmente mais frescos, além de mais baratos;
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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• escolher alimentos variados para garantir uma dieta equilibrada em nutrientes, vitaminas,
água e sais minerais;
• dar preferência a produtos naturais, ou seja, não industrializados;
• quando não for possível evitar o consumo de alimentos industrializados, ingerir em pequena
quantidade e não repeti-los por dias seguidos.
Higiene
A higiene é uma recomendação básica quando se trata dos cuidados com alimentos. A água destinada
para beber e preparar os alimentos precisa ser filtrada, retirando, assim, possíveis resíduos e
verificando se ela é procedente de estação de tratamento. Caso não seja, deve ser também fervida,
pois a simples refrigeração da água não elimina os resíduos e os microorganismos que
possivelmente possam existir.
É necessário lavar muito bem antes de ingerir as frutas e verduras, pois elas podem trazer
consigo microorganismos, ovos de vermes parasitas ou resíduos de agrotóxicos. O cozimento
elimina as possíveis larvas de parasitas causadoras de doenças que as carnes podem conter, como por
exemplo, as larvas de da tênia. Por isso, é preciso evitar o consumo de carnes mal cozidas ou mal
passadas.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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A palavra pasteurizado deve ser verificada sempre na embalagem do leite, pois, preferencialmente, é
o recomendado. Qualquer outro tipo deve ser fervido antes do consumo.
É importante lavar com sabão e água corrente os utensílios usados para preparar e servir os
alimentos: panelas, pratos, talheres, copos etc. Também deve ser adquirido o hábito, antes das
refeições, de lavar as mãos com sabão para evitar doenças graves como a cólera e as verminoses.
Além dos cuidados citados e da higiene, são recomendações importantes para a alimentação
saudável: mastigar bem os alimentos, evitar comida muito condimentada (muito sal, pimenta etc.),
não comer em excesso e fazer as refeições em horários regulares.
Conservação dos alimentos
É importante adquirir o hábito de verificar o estado de
conservação dos alimentos. Caso algum alimento não se
apresente em bom estado, não deve ser consumido.
Por exemplo, as indicações para se saber se o peixe
(fresco ou congelado) está em bom estado para consumo
são: guelras (brânquias) vermelhas, olhos brilhantes e
escamas firmes. Todo o tipo de carne em bom estado de
conservação aparenta coloração natural e consistência
firme.
Antes de consumirmos alimentos industrializados,
devemos ficar atentos quanto:
• Às embalagens (latas) não estarem enferrujadas,
estufadas e nem amassadas;
• ao alimento estar no prazo de validade.
Caso contrário corre-se o risco de consumir alimento
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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estragado, e a ingestão de conservas estragadas pode
provocar intoxicações graves e doenças (até fatais), como
disenteria e botulismo.
Como os alimentos se estragam
Os microorganismos presentes no ambiente, por exemplo no ar, se multiplicam quando há umidade e
temperatura favoráveis. Essas condições podem ser encontradas em um alimento. Por exemplo: pela
rachadura de uma fruta, se dá a ação de microorganismos que atuam na decomposição; assim, a fruta
se estraga.
Quando há necessidade de conservar os alimentos, é necessário mantê-los em ambientes que
ofereçam condições desfavoráveis aos microorganismos. Os processos mais usuais de conservação se
baseiam em alterar as condições de temperatura e umidade utilizando a desidratação, mantendo o
alimento no isolamento em embalagem a vácuo; congelando, entre outros processos.
Técnicas de conservação de alimentos
Existem várias técnicas de conservação de alimentos para que eles não se estraguem, não percam o
seu valor nutritivo, nem sofram nenhum tipo de alteração. As principais são: fervura, resfriamento/
congelamento e desidratação.
Fervura
Os alimentos cozidos se conservam por mais tempo que os crus, pois a fervura mata os
microrganismos contidos no alimento. A conservação pelo calor elevado é muito utilizada pelas
indústrias, por exemplo, a pasteurização.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Resfriamento e congelamento
Para resfriar os alimentos normalmente é utilizado o refrigerador ou a geladeira, onde os alimentos
são submetidos à baixas temperaturas, porém superior a 0 ºC. Esse processo conserva-os por poucos
dias, variando o prazo de um alimento para o outro.
O congelamento ocorre em temperatura abaixo de 0 ºC. No congelador ou freezer, os alimentos são
submetidos, comumente, entre -10 ºC e -30 ºC. Os congelados, em virtude da diferença de
temperatura, se conservam por mais tempo que os alimentos apenas resfriados.
As baixas temperaturas apresentam condições ambientais desfavoráveis. Isso dificulta o
desenvolvimento dos microorganismos responsáveis pela decomposição, ou seja, pelo
apodrecimento dos alimentos.
Processos tradicionais de desidratação
Apesar de haver atualmente tecnologias avançadas empregadas para conservação dos alimentos,
citaremos alguns processos tradicionais que podem tanto ser realizados em grande escala industrial,
quanto em pequenas produções artesanais. São eles: defumação, salgamento e isolamento.
A defumação é, comumente, utilizada na conservação de peixes, carnes e lingüiças. Nesse processo
seca-se o alimento usando fumaça.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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O salgamento é a forma mais simples de conservar carnes de boi, porco e peixe. Uma alternativa é
salgá-la e colocá-la para secar ao sol. O bacalhau e a carne-seca ou charque, muito conhecidos na
nossa culinária, são conservados desse modo.
O isolamento é outra forma de conservar os alimentos. Essa técnica consiste em manter os alimentos
na embalagem a vácuo, de onde se retira o ar. Isso contribui para a conservação dos alimentos por um
longo tempo, pois os microorganismos não sobrevivem à falta de oxigênio, que é necessário à vida de
muitos deles.
Os frascos hermeticamente fechados também ajudam na conservação da comida.
Aditivos e outras técnicas de conservação
Na indústria alimentícia, ainda é muito comum o uso de aditivos, que são substâncias adicionadas aos
alimentos para conservar, adoçar, realçar o sabor, a cor e o aroma.
Os corantes, por exemplo, são muito utilizados em doces e refrigerantes.
A energia dos alimentos
Para suprir as necessidades de nutrientes do nosso organismo, ou seja, para ficarmos bem
alimentados, basta comer o suficiente. Não devemos exagerar.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Quando o organismo obtém mais energia do
que gasta, seu peso aumenta. A obesidade
geralmente é consequência de um excesso de
energia no organismo em relação ao gasto. O
excesso de carboidratos, por exemplo, é
convertido em gordura e armazenado em células
que forma o tecido adiposo.
A atividade muscular é a principal forma de
gastar energia. Metade da energia gasta por uma
pessoa corresponde à sua atividade muscular. Mas
essa produção varia conforme as atividades
realizadas por cada pessoa. Num operário da
construção civil, por exemplo, aproximadamente
¾ de sua energia são gastos dessa forma.
Se você observar o corpo de um atleta que pratica esporte regularmente, perceberá como a atividade
muscular contribui para reduzir a quantidade de gordura no organismo.
Calorias: medindo a energia dos alimentos
Os alimentos, como carboidratos, lipídios e proteínas, possuem energia. E essa energia pode ser
medida.
A unidade de medida da energia contida nos alimentos é a caloria (cal).
Uma caloria é a quantidade de calor necessária para aumentar em um grau Celsius (1ºC) a
temperatura de uma grama de água.
Como a caloria é uma unidade muito pequena, é mais fácil medir a quantidade de energia dos
alimentos em quilocalorias (Kcal): uma quilocaloria (1Kcal) é igual a mil calorias (1000 cal).
Observe alguns exemplos de alimentos e suas respectivas quantidades aproximadas de energia:
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Alimento Quantidade Calorias
Café com açúcar 1 xícara de 50 ml 33
Suco de abacaxi natural 1 copo de 240 ml 100
Costeleta de porco 2 unidades (100g) 483
Hamburger bovina 1 unidade (56g) 116
Salsinha 1 unidade (40g) 120
Biscoito Recheado chocolate 1 unidade 72
Biscoito integral de trigo 1 unidade (15g) 28
Banana 1 unidade (65g) 55
Batata 100g 83
Leite integral 1 copo 166
Ovo 1 unidade 77
A quantidade de calorias necessárias a uma pessoa depende da sua idade, seu sexo, de seu peso e de
sua atividade física. Veja alguns exemplos:
Fases da vida
Energia necessária
(valores aproximados
em Kcal/dia)
Bibê em fase de
amamentação 950
Mulher em fase de
amamentação 3100
Adolescente do sexo
masculino 3200
Adolescente do sexo feminino 2300
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Veja agora a quantidade de calorias gastas em algumas atividades do cotidiano por 1hora:
Atividades Energia gasta (valores
aproximados em Kcal/dia)
Assistir aula 126
Assistir TV 70
Dormir (8h) 60
Dançar 315
Correr 560
Nadar devagar 560
Andar de
bicicleta 400
Pelos exemplos, verificamos que até dormir gastamos energia, pois, nesse período, as funções do
corpo continuam ocorrendo.
Portanto, escolher adequadamente os alimentos é uma tarefa importante. Cada pessoa deve procurar
saber qual a quantidade e a qualidade dos alimentos de que necessita. Muitas vezes podemos
conseguir essa informação em postos de saúde, com nutricionistas ou médicos.
A ÁGUA
A água é de fundamental importância para todos os seres vivos na natureza. Este fato reside na sua
capacidade de mediar reações bioquímicas tanto no interior quanto entre as células dos organismos.
Muitas das características não usuais da água são essenciais para a evolução da vida na Terra, a
começar por sua capacidade de atuar como solvente para inúmeras substâncias. De fato a abundância
e as temperaturas elevadas de fusão e ebulição permitiram o surgimento de grandes oceanos na Terra
primitiva onde a vida teve origem.[37] A elevada capacidade térmica da água e sua maior densidade
em relação ao gelo contribuíram para que as primeiras formas de vida conseguissem evoluir apesar
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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das constantes mudanças climáticas e cataclísmicas pelas quais o planeta passou ao longo de sua
história. Isto porque em um oceano ou lago a água congela de cima para baixo, o que frequentemente
permite a sobrevivência dos seres aquáticos sob o gelo. Embora as plantas e posteriormente animais
evoluíram para a vida terrestre, sua dependência com a água jamais foi quebrada.[38]
A fotossíntese depende das moléculas de água para sua ocorrência, uma vez que, por meio da
hidrólise, as moléculas são quebradas por ação da luz solar e se recombinam com o gás carbônico
para formar a glicose, composto rico em energia, necessários à sobrevivência da planta. A respiração,
por outro lado, tem a água como um de seus produtos resultantes.[39]
O corpo humano é constituído em média 60% em massa de água, cuja distribuição varia conforme o
tecido. Enquanto o tecido adiposo praticamente não contém água, os músculos esqueléticos são
constituídos por 73% de água. O plasma sanguíneo chega a ser constituído em mais de 90% de água.
O suor, utilizado para manter a temperatura corporal constante em cerca de 37°C, é uma das
principais causas de perda de água do organismo que acontecem continuamente, mas em especial
quando ocorre a prática de uma atividade física intensa. A água é também o principal componente da
urina, que carrega consigo os rejeitos gerados pelo metabolismo que precisam ser excretados. No
total, cerca de dois litros de água são perdidos diariamente do corpo de uma pessoa adulta. Desta
forma, a mesma quantidade deve ser reposta para evitar a desidratação, através do consumo de água
tratada e alimentos ricos em água, como frutas e vegetais. A sensação de necessidade de água chama-
se sede e é controlada pelo hipotálamo. Dada a sua importância para o transporte de substâncias e
para a manutenção da temperatura corporal, os efeitos da desidratação são logo percebidos e, no caso
de nenhuma ingestão de água, o indivíduo morre em no máximo quatro dias.
Desnutrição
Desnutrição é o nome que se dá à doença causada pela baixa ingestão de proteínas, carboidratos,
vitaminas, lipídios e sais minerais de modo geral. Também pode ser causada pela incapacidade do
organismo de absorver corretamente os nutrientes dos alimentos que ingere (anorexia, por exemplo).
Normalmente a desnutrição atinge pessoas de baixa renda e, sobretudo, crianças dos países mais
pobres. Os países em desenvolvimento respondem por 95% do total de desnutridos do planeta.
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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A desnutrição é uma das principais causas de nascimentos de crianças
abaixo do peso normal, crianças que tem mais chances de adoecer
durante a infância, adolescência e vida adulta. Há estudos recentes que
indicam a existência de vínculos entre desnutrição infantil e o surgimento
de doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronárias.
Até manifestações leves de desnutrição podem limitar o
desenvolvimento físico e intelectual de uma criança, fazendo com
que esta tenha maiores chances de evadir-se da escola com tenra
idade, fato que pode contribuir para manter o atual índice de
analfabetismo entre as populações de baixa renda.
As complicações decorrentes da desnutrição podem ser: anemia
severa, diminuição da secreção do ácido clorídrico (que tem, entre
algumas funções, a capacidade de “esterilizar” o que comemos) no estômago e, em função disso,
proliferação de bactérias (fato que já predispõe a um número maior de doenças), resposta muito lenta
do sistema imunológico, visto que o organismo não possui nutrientes para produzir células de defesa
e perda de massa por parte de vários músculos, no caso do coração, isto pode acarretar em morte.
Quando há casos de desnutrição não grave o paciente deve ser tratado em casa (principalmente no
caso de crianças), visto que o ambiente hospitalar propicia, através de contágio, o aparecimento de
doenças em organismos debilitados. Quando, porém, o quadro do paciente é crônico ou ele habita um
lugar com condições deploráveis de vida, ele deve ser imediatamente hospitalizado, neste caso, a
pessoa pode apresentar sintomas como: hipotermia, hipoglicemia, anemia grave, taquicardia,
tendências hemorrágicas, pneumonia, desidratação, sarampo, icterícia (aspecto amarelado da pele) e
sinais de colapso circulatório (mãos e pés frios, pulso fraco e consciência diminuída).
NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E SAÚDE
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Referências
A importância da nutrição para saúde - MaisEquilibrio
www.maisequilibrio.com.br/nutricao/a-importancia-da-nutricao-para-sau..
A Ciência da Nutrição: Calorias: introdução e conceitos
cienciadanutricao.blogspot.com/.../calorias-introducao-e-conceitos.html
http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/si_versao_final.pdf, p. 43
Caloria – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caloria
Os Nutrientes dos Alimentos - Alimentação Saudável
www.alimentacaosaudavel.org/Nutrientes.html
PROTEÍNAS - funções, formação e metabolismo, aminoácidos
www.todabiologia.com/saude/proteinas.htm
Hidratos de carbono (EUFIC)
www.eufic.org/article/pt/expid/basics-hidratos-de-carbono/
Gorduras - Só Nutrição
www.sonutricao.com.br/conteudo/macronutrientes/p5.php
Vitaminas - Só Biologia
www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/alimentos3.php
Água – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Água