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Medicina Nuclear na Avaliação das Doenças Infecciosas Cláudio Tinoco Mesquita [email protected]

Medicina Nuclear na Avaliação das Doenças Infecciosas doenças... · Medicina Nuclear A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que usa pequenas quantidades de material radioativo

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Medicina Nuclear na Avaliação das Doenças Infecciosas

Cláudio Tinoco Mesquita

[email protected]

Medicina Nuclear

Medicina Nuclear

A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que usa

pequenas quantidades de material radioativo combinadas

a medicamentos para formar imagens do organismo e

tratar doenças.

+ Material Radioativo

(Radioisótopo ou Marcador) Medicamento

(Fármaco)

Radiofármaco

O Exame O Exame

Raio Gama

Equipamentos com tecnologia baseada em RX geram a radiação,

que é transmitida através do organismo do paciente.

Nos equipamentos de RX, CT e MR, as imagens são tipicamente

anatômicas / morfológicas.

Comparação com Outras Modalidades Comparação com Outras Modalidades

Na Medicina Nuclear...

... a radiação é emitida pelo paciente. A distribuição da radiação

no organismo é definida por funções metabólicas.

A Medicina Nuclear gera imagens

metabólicas / funcionais / fisiológicas.

Comparação com Outras Modalidades Comparação com Outras Modalidades

Paciente 1 Paciente 2

MR NM MR NM

Comparação com Outras Modalidades Comparação com Outras Modalidades

+ Agenda OSTEOMIELITE

Cintilografia Óssea Cintilografia Óssea

+

Fisiologia e Anatomia Óssea

• Composição óssea:

– Matriz orgânica 35%

– Fase mineral 65% (Ca10[PO4]6 [OH]2)

• Osso recem-formado:

– mais higroscópico (retém íons)

• Esqueleto:

– Axial: crânio, coluna vertebral, caixa torácica

– Apendicular: pélvis, extremidades superiores e inferiores

Hydroxyapatite

Ca10(PO4)6(OH2)

+ Radiotraçadores Ósseos

Polifosfatos:

Metilenodifosfonato (99mTc-MDP)

espaço perivascular, espaço líquido ósseo e hidroxiapatita.

Exame em três fases: fluxo, imediata, tardia

67Gálio

Metal de transição análogo ao ferro.

Meia-vida de 78 horas

Liga-se à transferrina, lactoferrina e ferritina

Acumula-se em locais de inflamação e infeção

Leucócitos marcados:

Infecções ósseas, em especial em próteses.

99mTc-enxofre colóide:

Imagens da medula óssea

Técnica do Exame

Fluxo

Imagem Imediata

Imagem Tardia

Exame Normal

EXAME NORMAL

Exame Normal - Criança

Lesão Tissular

Produção de Substâncias Inflamatórias

Aumento da Permeabilidade Vascular

Recrutamento de Células Inflamatórias

+ CINTILOGRAFIA ÓSSEA TRIFÁSICA COM MDP

É o primeiro exame para ossos não violados.

(cirurgia, fratura, não-união crônica)

Em ossos periféricos o MDP fica negativo mais rápido do que no esqueleto axial.

A sensibilidade para diagnóstico de osteomielite da

cintilografia óssea trifásica é superior a 90%, com

especificidade de 94%.

Na primeira semana de doença o único de imagem

alterada frequentemente é a cintilografia óssea.

OSTEOMIELITE DE QUADRIL

E FÊMUR ESQUERDO

Caso 11

ARTRITE

SÉPTICA

QUADRIL

ESQUERDO

+

Gálio

Barato, disponível, sensível

Baixa especificidade

Captação de Gálio >>> MDP Achado específico para infecção, porém não é muito frequente

+

67Gálio Quem é?

um dos mais antigos (40 anos) radionuclídeos usados em medicina nuclear;

Edwards e Hayes – 1969 – localização de tumores;

a seguir, outros investigadores – processos inflamatórios

com T1/2= 78 horas;

+

Características:

• metal de transição do grupo IIIA da TP;

• com características análogas ao íon ferro em suas propriedades atômicas e carga;

• além de tumores e processos inflamatórios, concentra-se no baço, fígado e medula óssea;

• citrato de gálio (complexado ao ácido citríco)‏

67Gálio

67Ga - Citrato de Gálio

Aplicações clínicas:

Visualização de tumores de tecidos moles;

Diferenciação de tumor viável e não viável;

Detecção e estadiamento de doença de Hodgkin;

Detecção de linfoma não Hodgkin (LNH);

Hepatoma;

Melanoma;

Abcessos / Infecções.

Leucócitos polimorfonucleares.

Liga-se a pelo menos quatro moléculas carreadoras de ferro:

• transferrina (TF);

• lactoferrina (LF);

• ferritina (FE);

• sideróforas (SD)‏

CITRATO DE 67GÁLIO

+

CITRATO DE 67GÁLIO

Vias de eliminação

10 – 25% urinária 24 h

após 24h fecal

+

Imagens:

de 4, 24, 48 e 72 horas podem ser necessárias.

Captação:

discreta

moderada

severa

Parâmetro: comparação com MDP

CITRATO DE 67GÁLIO

+

Mecanismos de fixação no quadro de infecção

CITRATO DE 67GÁLIO

1. Localização de leucócitos

2. Ligação à lactoferrina (LF)‏

3. Ligação nas bactérias (sideróforas)‏

+

CITRATO DE 67GÁLIO

Mecanismos de fixação no quadro de infecção

1. 67Gálio incorporado no leucócito

Sítio de inflamação

Leucócito rico em LF

LF liga-se ao 67Gálio

+ CITRATO DE 67GÁLIO

Mecanismos de fixação no quadro de infecção

2. Ligação à Lactoferrina (LF)

LF dentro dos grânulos secundários

Leucócito ingere bactéria e excreta conteúdo do grânulo - LF

67 Gálio/LF atravessa endotélio do vaso

+ CITRATO DE 67GÁLIO

Mecanismos de fixação no quadro de infecção

3. Ligação nas bactérias

Microorganismo produzindo sideróforos

Sideróforos– forte afinidade pelo 67Gálio

67 Gálio/sideróforo não será liberado

Não é Osteomielite!

67Gálio 99mTc-MDP

Cintilografia com Gálio normal

+ Cintilografia com Gálio – Miocardite Sarcoidose

+

SPECT Gálio 48h

+ Sarcoidose Miocárdica

+ Leucócitos Marcados

• Procedimento mais laborioso (2-3h) e com risco biológico

• Associado ao estudo da medula óssea com colóide é o ideal

para ossos violados

Marcação de Leucócitos com 99mTc

Leucócitos Marcados com 99mTc

Lancet 2001

Leucócitos 99mTc x Leucócitos In 111

Abscesso pélvico

+ Seqüência de Investigação

1. MDP

2. Leucócitos

3. Gálio (muito útil para coluna)

4. FDG

Caso 1- Pé diabético

MDP tardia Gálio

Caso 1- Pé diabético

MDP tardia Gálio

Caso 2 – Infecção em Prótese de joelho

Radiologia

normal

MDP trifásico Tratamento

Anormal

negativo Positivo

Osso violado

Leucócitos Marcados

C/ captação

Osteomielite Aguda

Positivo

Osso não violado

Osteomielite

Afastada

+

Radiologia

normal

MDP trifásico Tratamento

Anormal

normal C/ captação

Leucócitos Marcados

C/ captação *

Osteomielite Crônica

* Exceto pé DM

Osteomielite

Afastada

+

Afrouxamento

MDP tardia

Gálio Leucócitos

Caso 5 Caso 3 – Infecção em Prótese de joelho afastada

+ Importante!

• Osteomielite de coluna vertebral a imagem de escolha é a RM

• Caso RM for inconclusiva está indicado o uso do Gálio.

• Leucócitos não são bons para coluna vertebral.

Caso 4 – Infartos ósseos de coluna vertebral – Anemia Falciforme

MDP tardia Gálio

MDP Leucócitos SC 99mTc

MDP Leucócitos SC 99mTc

Não é

Infecção

Infecção

Caso 5 – Proliferação da medula óssea – não é osteomielite

Febre de Origem

Indeterminada

Febre de Origem

Obscura

+ Febre de Origem Obscura Critérios de Larson

• Febre superior a 38,3o C em múltiplas ocasiões

que persiste por mais de 3 semanas e não tem

etiologia apesar de 1 semana de investigação

laboratorial intensiva.

Medicine 61: 269-92

Causas de FOO

• Infecções Piogênicas

– Abscessos de partes moles

– Pneumonites

– Musculo-esqueléticas

• Infecções não piogênicas

– Micobactérias

– Virais

– Fúngicas/riquétsias

– Bacterianas crônicas

• Inflamação não infecciosa

– Sarcoidose

– Doença Inflamatória Intestinal

– Vasculites

– Colagenoses

– Rejeição de órgãos

• Neoplasias

– Hemoproliferativas

– Carcinoma de células renais

– Melanoma

+ Etiologia da Febre de Origem Obscura

Estudo com FDG

0%

10%

20%

30%

40%

Infecção D. Auto-imunes

Neoplasias Outras

Eur J Nucl Med 2000; 27: 1667

Etiologia da Febre de Origem Obscura Estudo com Leucócitos Marcados

J Nucl Med 2002; 43: 140-4

Infecção36%

Auto-imune27%

Neoplasia14%

Central14%

Outras9%

+

Hospital Pró-Cardíaco

FOO - Fisiopatologia

• A maior parte das causas de FOO não está associada a infiltrado de neutrófilos.

• Leucócitos marcados têm um tempo de circulação inferior a 10h.

• A infecção oculta tem mais chance de ser diagnosticada com leucócitos

marcados, pois apresenta mais infiltrado neutrofílico.

Hospital Pró-Cardíaco

Infecção

Oculta

FOO

Leuc marcados

Gálio

+ Tc-99m HMPAO labelled WBCs in the detection of occult sepsis in the intensive care unit

Intensive Care Med. 1992;18(1):15-9

• Leucócitos marcados Tc-99m HMPAO :

– Sensibilidade 96.0%

– Especificidade 84.4%

– Acurácia 87.3%

– Razão de Verossimilhança + = 6,4

The clinical use of 99m-Tc-labeled WBC scintigraphy in critically ill surgical and trauma patients with occult sepsis

Intensive Care Med. 1996 Sep;22 (9):867-71

Leucócitos marcados Tc-99m HMPAO :

Sensibilidade 95.0%

Especificidade 91.0%

Acurácia 94.0%

Razão de Verossimilhança + = 10,5

Caso 1:

GCR, 51a, homem

Febre e calafrios.

Hec: SCN - 3

amostras.

TC e USG não

revelaram foco

infeccioso

Abscesso hepático

+ Cintilografia com Leucócitos Marcados

Imagem de corpo inteiro de 1h Caso 2:

DMR, masc., 78 anos.

Tamponamento cardíaco

após biópsia

endomiocárdica.

Evoluindo com sepsis

sem foco determinado

Abscesso esplênico

+

Hospital Pró-Cardíaco

SPECT de abdome com 2h

67%

78%84% 86%

0%

25%

50%

75%

100%

Galio FDG

Sens

Especif

Capacidade de Localizar o Foco de Infecção

Eur J Nucl Med 2000; 27: 1667

+

Hospital Pró-Cardíaco

100% 96%91%

50%

0%

25%

50%

75%

100%

Partes moles

Prótese

Ortopéd

ica

Osteomieli

te Crôn

ica FOO

Nucl Med Commun 2003; 24: 615

+

Osteomielite em pé diabético

Caso 3:

DGM, masc., 71

anos.

Pós-op tardio de

Cirurgia cardíaca

Evoluindo com febre

e tosse. TC tórax

atelectasia à dir.

Pneumonia

Tomografia por Emissão de Pósitrons com FDG

Hospital Pró-Cardíaco

Exame Clínico

Neoplasia mais provável

Gálio

+

PET FDG

Febre de Origem Obscura

Reavaliação Clínica

Sangue, fezes, urina, TC, CEA, PCRt, bone scan

Nenhuma hipótese

Infecção mais provável

Gálio Leuc Marcado

- + - + -

+ - Follow up Clínico

Avaliação de Infecção

Renal

Cintilografia Renal Cortical

Indicações

• Determinar envolvimento do rim em infecção

urinária aguda (pielonefrite aguda)

• Detectar cicatriz cortical (pielonerite crônica)

• Follow-up pós Tto.

Cintilografia Renal Cortical

Interpretação

• Pielonefrite Aguda

– Defeitos únicos ou múltiplos “frios”

– Contorno renal não distorcido

– Redução difusa da captação

– Rim difusamente aumentado

• Pielonefrite Crônica

– Perda do volume, afinamento do cortex

– Defeitos com bordos nítidos

Cintilografia Renal Cortical

“Defeitos Frios“

• Pielonefrite aguda ou crônica

• Hidronefrose

• Cisto

• Tumores

• Trauma (contusão, laceração, ruptura,

hematoma)

• Infarto renal

+ DMSA

DMSA Normal

pinhole

LPO RPO

+ Pielonefrite Aguda DMSA

post L

LPO pinhole

post R

RPO

LEAP

Nefropatia de Refluxo

16% 84%