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MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO PINHEIROS COM O USO DE ALAGADOS CONSTRUÍDOS NO CANAL DE DESCARGA DA REPRESA GUARAPIRANGA E CÓRREGO PONTE BAIXA

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MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO PINHEIROS COM O USO DE

ALAGADOS CONSTRUÍDOS NO CANAL DE DESCARGA DA REPRESA

GUARAPIRANGA E CÓRREGO PONTE BAIXA

PROJETO DESENVOLVIDO GRAÇAS AO APOIO DO INVESTIMENTO

SOCIAL FAMÍLIA A. JACOB E BETTY LAFER,

À QUAL AGRADECEMOS PROFUNDAMENTE.

Agosto/2013

PROPOSTA TÉCNICA DESENVOLVIDA POR:

INDICE

1. APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 5

1.1 Águas Claras do Rio Pinheiros - AACRP .............................................. 6

1.2 Hidrostudio Engenharia - HS ................................................................. 7 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8

3. OBJETIVOS GLOBAIS .............................................................................. 8

4. AS WETLANDS .......................................................................................... 9

5. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL .................................................. 11

5.1. Localização do Projeto ........................................................................ 11

5.2. A Região do Projeto ............................................................................ 13

5.2.1. Visita Técnica ............................................................................... 18

5.3. Projetos Colocalizados e Interferências .............................................. 21

5.4. Estudos Hidrológicos ........................................................................... 31

5.4.1. Córrego Ponte Baixa .................................................................... 31

5.4.2. Canal de Descarga da Guarapiranga ........................................... 33

5.5. Estudos Hidráulicos............................................................................. 34

5.5.1. Sistema de Reversão do Rio Pinheiros ........................................ 34

5.5.2. Levantamentos Topobatimétricos ................................................. 38

5.5.3. Níveis d‟Água Calculados no Canal de Descarga da Represa Guarapiranga. ........................................................................................... 39

5.5.4. Níveis d‟Água Calculados no Córrego Ponte Baixa ...................... 42

5.6. Análise da Qualidade da Água ............................................................ 42

5.6.1. Rio Pinheiros ................................................................................ 43

5.6.2. Córrego Ponte Baixa .................................................................... 43

5.6.3. Canal de Descarga da Guarapiranga ........................................... 44

5.7. Avaliação Geral ................................................................................... 44

6. SOLUÇÕES PROPOSTAS ....................................................................... 45

6.1. Wetlands Construídas ......................................................................... 45

6.2. Córrego Ponte Baixa – Solução Recomendada .................................. 49

6.3. Canal de Descarga da Represa Guarapiranga – Solução Recomendada .............................................................................................. 52

6.3.1. Etapas de Implantação do Projeto ................................................ 55

6.3.2. Monitoramento e Manutenção ...................................................... 57

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 59

8. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 60

ANEXOS .......................................................................................................... 67

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1. APRESENTAÇÃO

Este relatório apresenta a conclusão da etapa técnica dos

trabalhos previstos no âmbito do projeto ambiental que teve viabilidade graças

ao financiamento oferecido pela família Betty e A. Jacob Lafer. Concluída a

etapa aqui apresentada, o projeto foi encaminhado para licenciamento

ambiental e obtenção das autorizações necessárias pelas autoridades

competentes nas esferas estadual e municipal.

Para a execução destes trabalhos técnicos, foi contratada a

empresa Hidrostudio Engenharia Limitada, cujo currículo vai anexo. Competiu à

Águas Claras a concepção geral, a orientação dos trabalhos, a coordenação de

seu desenvolvimento, as articulações institucionais necessárias, o

desenvolvimento de materiais que apoiarão a educação ambiental quando da

implantação do projeto.

Para fazer face às condições ambientais do Córrego Ponte

Baixa e do Canal de Guarapiranga, o projeto objetiva a melhoria da qualidade

d‟água neste ramo do Rio Pinheiros, por meio da implantação de tecnologias

de tratamento d‟água com a utilização de ilhas flutuantes verdes (“floating

wetlands”) e alagados construídos (“constructed wetlands”).

As obras e ações previstas em investimentos municipais e

estaduais já contratados permitem supor que as condições ambientais locais

deverão ter melhoria significativa ao longo dos próximos anos. No entanto,

mesmo na melhor das perspectivas, sabe-se que ainda que haja cobertura com

coleta de esgotos nessa bacia, e a tendência é para que de fato ocorra a

melhoria da qualidade das águas dos corpos d‟água urbanos são necessárias

ações de tratamento mais abrangentes.

O uso de tecnologias que recriam as funções ambientais dos

brejos e várzeas, as wetlands, vem tendo imenso desenvolvimento,

repercussão e receptividade, uma vez que permitem, em primeiro lugar, uma

melhoria da qualidade da água que chega aos corpos d‟água, o que se dá

fundamentalmente pela absorção de nutrientes pelo ecossistema ripário. Além

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disso, há ganhos na melhoria da paisagem com a restauração de cobertura

vegetal junto ao córrego, e a recriação das condições de recuperação de

aspectos importantes da biota.

Este padrão de intervenção cria grandes possibilidades de

educação ambiental, com aproximação do público ao rio.

Com este projeto aliamos esforços de recuperação ambiental

com a valorização de uma região de moradia de baixa renda, tradicionalmente

a margem dos investimentos públicos em desenvolvimento urbano e em

qualidade da paisagem.

O produto deste projeto é a concepção e um projeto funcional

da wetland, bem como a documentação técnica e as tratativas necessárias

para o seu licenciamento ambiental. A partir desta etapa, será possível

desenvolver os esforços para o financiamento da implantação do projeto, para

o qual já realizamos contatos e entendimentos iniciais.

O relatório apresentado a seguir traz a análise das condições

hídricas do Córrego Ponte Baixa e do Canal de Guarapiranga e as soluções

escolhidas para atender aos objetivos do projeto.

Foram analisadas e selecionadas tecnologias de tratamento

d‟água com a utilização de ilhas flutuantes verdes (“floating wetlands”) e

Wetlands construídas/alagados construídos (“constructed wetlands”). Tais

tecnologias permitem, além da melhoria da qualidade d‟água, ganhos

adicionais como melhoria da paisagem com a recomposição da mata ciliar, a

possibilidade de educação ambiental com aproximação do público ao rio e

condições necessárias para a recuperação inicial da biota.

1.1 ÁGUAS CLARAS DO RIO PINHEIROS - AACRP

A Associação Águas Claras do Rio Pinheiros é uma

organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, de pessoas e empresas

interessadas na recuperação ambiental do Rio Pinheiros e seus afluentes.

Fundada em janeiro de 2009, a OSCIP (Organização da Sociedade Civil de

Interesse Público) visa contribuir com a despoluição da bacia hidrográfica do

Rio Pinheiros e reconciliá-la com a cidade de São Paulo. Para tanto, a

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organização busca envolver empresas e a comunidade em ações para a

geração e organização da vontade política, a identificação dos recursos

necessários e das fontes para acelerar sua chegada e o apoio à escolha das

tecnologias adequadas para reverter a degradação socioambiental do rio. Hoje

contamos com 11 empresas mantenedoras e apoiadoras: Pinheiro Neto

Advogados, Banco Santander, Nestlé, TV Globo, EMAE, Shopping Cidade

Jardim, WTC São Paulo, Coca Cola FEMSA, Iron House, Bayer e Grupo Abril.

1.2 HIDROSTUDIO ENGENHARIA - HS

A HIDROSTUDIO Engenharia foi fundada em 1994, e desde

então tem desenvolvido estudos e projetos voltados à drenagem e

infraestrutura urbana, recursos hídricos e meio ambiente.

Vencedora do concurso "Prêmio Prestes Maia de Urbanismo"

concedido em 1998 pela Prefeitura Municipal de São Paulo, que teve como

tema a proposição de solução para controle de enchentes em áreas

metropolitanas. Em função de sua experiência e conhecimento da drenagem

metropolitana, foi a empresa escolhida pela Águas Claras do Rio Pinheiros

para a elaboração desta proposta.

Tabela 01: Equipe Técnica da Águas Claras e Hidrostudio

Melhoria da Qualidade de Água com o Uso de Alagados Construídos no Canal de Descarga da Represa Guarapiranga

Profissional Área de Atuação Atividade Instituição

Stela Goldenstein Geografia Coordenação Geral, Educação

Ambiental e Articulação Institucional AACRP

Aluisio P. Canholi Engenharia Civil Coordenação Técnica HS

Ana Carolina A. Carvalho

Psicologia Gestão Administrativo-Financeira AACRP

Adriano R. Estevam Arquitetura Arquitetura e Urbanismo HS

Julio F. Canholi Engenharia Ambiental Hidrologia, Hidráulica e Meio Ambiente HS

Gustavo A. Coelho Engenharia Sanitária Hidrologia, Hidráulica e Meio Ambiente HS

Lucas de C. D. R. Rodrigues

Gestão Ambiental Geoprocessamento e Educação

Ambiental AACRP

Bruno L. Bertoni Geografia Sistemas de Informações Geográficas HS

Rodrigo Bertaco Técnico Construção Desenhos de Projeto HS

Francisco R. Medeiros Técnico Médio Levantamento de Campo HS

Alexandre M. Canholi Auxiliar de Campo Levantamento de Campo HS

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2. INTRODUÇÃO

Os desafios para a despoluição das águas dos grandes rios de

São Paulo são múltiplos e para enfrentá-los é necessário um amplo conjunto

de estratégias.

As causas da poluição são várias, mas não há duvidas de que

a causa principal é a carga de esgotos domésticos que é lançada

cotidianamente, sem qualquer tratamento, nos vários afluentes e no corpo do

rio principal da bacia que é foco deste trabalho, o Rio Pinheiros.

Os vastos segmentos informais de ocupação da cidade apenas

chegarão a receber coleta e tratamento de efluentes na medida em que

possam ser objeto de programas de urbanização. Além disso, outras fontes de

poluição são de muito difícil controle, a exemplo da contaminação dos solos por

indústrias, muitas das quais já se retiraram da região, assim como as águas de

chuva que carregam os poluentes oriundos da má varrição de ruas, da coleta

insuficiente de lixo, e de outros elementos, diretamente para os corpos d‟água.

Cabe, portanto, esforços para a aplicação de tecnologias de

baixo custo, que permitam o tratamento in loco das próprias águas dos

córregos e do rio principal, uma vez já estejam poluídas.

3. OBJETIVOS GLOBAIS

O objetivo principal deste projeto é garantir a melhoria da

qualidade das águas no Rio Pinheiros e o estabelecimento de áreas de

convivência e uso público com a aplicação de tecnologias não convencionais

para o tratamento das águas no Canal de Guarapiranga (canal afluente da

margem esquerda do Rio Pinheiros que conduz as águas efluentes da Represa

Guarapiranga).

Este canal recebe as águas de um importante afluente, o

Córrego Ponte Baixa, que encontra-se bastante degradado, tanto em termos de

qualidade da água, quanto em relação aos seus aspectos paisagísticos.

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Ao mesmo tempo, o enfoque adotado permite minimizar a

exportação de água poluída para tratamento em outros locais, restituindo-a,

com melhor qualidade, próxima ao ponto de descarga, dando margem a uma

convivência amigável da população com as águas na própria região.

Este projeto fomenta a utilização de tecnologias não

convencionais e de custo relativamente baixo para a despoluição das águas na

bacia do Rio Pinheiros, contribuindo tanto para melhoria da qualidade da água,

como também para a retenção do escoamento superficial, a criação de um

ambiente que possa compensar a perda de várzeas naturais em centros

urbanos, e a possibilitar a revitalização de córregos urbanos e a criação de

áreas de lazer e de contemplação.

Paralelamente, o projeto servirá como ponto de partida para a

produção e difusão de conhecimento acerca destes sistemas naturais de

despoluição, tão pouco explorados em nossa cidade, e para elucidar a

viabilidade de utilização desta tecnologia em outros pontos da bacia com o

objetivo final de melhorar a qualidade das águas do Rio Pinheiros ao longo de

todo o seu curso.

4. AS WETLANDS

De acordo com Salati, as wetlands são ambientes naturais

situados entre o baixado dos ambientes aquáticos e as terras altas dos

ecossistemas terrestres, permanecendo alagados ou úmidos, total ou

parcialmente, devido à saturação e/ou inundação promovida pela ação de

recursos hídricos superficiais ou subterrâneos presentes nestes meios

(SALATI, 2006; UNITED STATES ARMY CORPS OF ENGINEERS, 1977 apud

MITSCH & GOSSELINK, 2007; UNITED STATES ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 2005).

Estes ambientes são formados basicamente por quatro

principais elementos: água, solo, estrutura vegetal e bactérias, que atuam de

forma conjunta produzindo diversos processos ecológicos, tais como a

retenção de sedimentos e nutrientes, o armazenamento de águas superficiais e

a manutenção da biodiversidade.

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As várzeas dos rios são protegidas legalmente, mas vêm

sendo ocupadas de forma indiscriminada nas áreas urbanas. Os prejuízos

ambientais decorrentes são de diversas ordens. Em primeiro lugar, no que se

refere à gestão da quantidade de água, a ocupação das várzeas amplia as

enchentes, uma vez que é nas várzeas, brejos e lagoas que se acumula a água

de chuva que deverá depois chegar mais lentamente aos pontos mais baixos e

aos cursos d‟água. Eliminando essas várzeas, aceleramos a chegada das

chuvas aos rios e ampliamos a ocorrência de enchentes. No que se refere à

qualidade da água, sua destruição traz perdas, porque é nas várzeas que

ocorre uma das funções ambientais potencialmente relevantes para as águas

urbanas: a autodepuração.

Assim, os benefícios promovidos pela manutenção das

wetlands adquirem significativo valor social, reduzindo os danos gerados por

enchentes e mantendo a qualidade de água de cursos e reservatórios hídricos.

Em função da alta eficiência obtida por esses ambientes, no que diz respeito

aos processos ecológicos prestados, diversas iniciativas começaram a ser

tomadas no sentido de protegê-las, em locais e/ou cidades (na Europa,

principalmente) que apresentavam problemas relevantes de contaminação de

recursos hídricos ou de frequência de alagamentos urbanos.

Essas iniciativas levaram à construção de novos sistemas

alagáveis que, à similitude dos sistemas naturais, pudessem minimizar os

efeitos de poluição hídrica e, ao mesmo tempo, controlar os picos de cheia. No

Brasil, este tipo de tecnologia ainda não é utilizado em grande escala ou

frequência para a resolução desses problemas.

A implantação, como aqui propomos, de um sistema que se

baseia em processos naturais, que apresenta baixo custo e alta eficiência no

tratamento da água em um ambiente urbano, como a cidade de São Paulo,

representa a introdução de tecnologia inovadora. Com este projeto temos a

possibilidade de iniciar a produção e difusão de conhecimento acerca destes

sistemas naturais como ferramentas essenciais para a resolução de problemas

de ordem urbana.

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Este projeto associa uma ação de despoluição, ou seja, de

gestão da qualidade da água, com a gestão de uma estrutura de drenagem, ou

seja, de gestão da quantidade da água. Este enfoque também é bastante

incomum em nossa cultura e nas práticas da engenharia hídrica e sanitária

brasileiras.

5. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

5.1. LOCALIZAÇÃO DO PROJETO

O Canal de Guarapiranga e a foz do Córrego Ponte Baixa

localizam-se na região sul da cidade de São Paulo, respectivamente nos

distritos de Socorro e Jardim São Luís, estando ambos aproximadamente nas

coordenadas 324172 L (Leste) e 7381896 S (Sul). Os acessos ao canal de

descarga da Represa Guarapiranga podem ser realizados pela Avenida

Washington Luiz, atravessando a ponte do Socorro, pela Avenida Marginal, no

distrito de Socorro ou, ainda, pela via de acesso da Empresa Metropolitana de

Águas e Energia S.A. (EMAE), localizada na margem Oeste do Canal. Está em

construção uma passagem para pedestres e ciclistas sobre este Canal, o que

permitirá o acesso desde a estação Socorro do Metrô.

O acesso ao Córrego Ponte Baixa pode ser realizado a partir

da Marginal Pinheiros e posteriormente, pela Avenida Guido Caloi. A planta

ACP.A1.012 apresenta a região de interesse.

As imagens abaixo apresentam o Canal de Descarga da

Represa Guarapiranga.

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Figura 01: Canal de Descarga, vista de montante para jusante. Fonte: Medrado (2011).

Figura 02: Vista área do Canal de Descarga, jusante para montante. Fonte: Bertolo (2010).

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5.2. A REGIÃO DO PROJETO

Para este primeiro projeto, pioneiro na cidade de São Paulo, a

área escolhida para se elaborar projetos técnicos de alagados construídos foi a

Bacia Hidrográfica do Canal de Guarapiranga, situada nos distritos de Jardim

São Luís, Jardim Ângela, Socorro e Cidade Dutra, na zona Sul de São Paulo.

Esta bacia hidrográfica, que ocupa 22,21 Km² de área total, é

composta por quatro bacias de menor escala: a bacia Intermitente Ponte Baixa

/ Morro do “S”; a bacia do Córrego Ponte Baixa; a bacia intermitente Itupu /

Ponte Baixa e a bacia Contr. Direita Guarapiranga / Pinheiros.

Figura 03: Espacialização da Bacia Hidrográfica do Canal de Guarapiranga e de sua hidrografia em ambiente urbano. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, FCTH & Zenza (2012).

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A hidrografia local é relativamente simples, e a maior

contribuição hídrica que o Canal de Guarapiranga recebe é oriunda do Córrego

da Ponte Baixa, cujas águas percorrem o Jardim São Luís, ao norte do Jardim

Ângela, como pode ser visto na imagem abaixo. A vazão do Canal de

Guarapiranga é complementada também por córregos de muito pequeno porte,

afluentes do Ponte Baixa.

Figura 04: Localização da Bacia Hidrográfica do Canal de Guarapiranga e nomenclatura das sub-bacias que compõem este meio. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, FCTH & Zenza (2012).

Note-se que este Canal corresponde em grande parte ao leito

original do Córrego Guarapiranga, um dos formadores do Rio Pinheiros. No

entanto, este córrego deixou de existir, uma vez que foi barrado para formar a

represa de mesmo nome. As águas desta represa são captadas pela SABESP

e utilizadas para abastecimento, e pela escassez de água que caracteriza a

região metropolitana, praticamente não vertem para o Canal de Guarapiranga

rumo ao Rio Pinheiros.

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O Canal recebe também importante influência do próprio Rio

Pinheiros, especialmente por ocasião dos episódios de bombeamento em

direção à Billings, quando suas águas adentram ao Canal criando um remanso.

Esta região apresenta condições interessantes para a

implantação desse tipo de sistema por duas principais razões. A primeira delas

diz respeito à simplicidade da rede hidrológica local, que permite boas

condições de monitoramento da eficácia que se possa alcançar com este

projeto.

A segunda razão para a escolha desta região diz respeito à

condição de uso e ocupação do território e à caracterização social da região. A

ocupação da região de influência sobre o Canal se dá fundamentalmente por

habitação de baixa renda e por indústrias. A ocupação informal e irregular e a

infraestrutura precária que caracterizam parcela significativa do território não

permitem supor que será possível implantar a universalização dos sistemas de

drenagem dos efluentes sanitários em curto prazo.

Da mesma forma, por se tratar de franja da ocupação urbana, a

carga difusa que é lançada nas águas também é significativa. Assim, entulho,

lixo, terra e poluição oriunda de pequenas unidades fabris informais contribuem

para a degradação das águas. São razões para supor que as águas desta

região continuarão poluídas por muitos anos, a menos que se lance mão de

projetos ainda não convencionais, como o aqui proposto.

O padrão de ocupação pode ser identificado na imagem

abaixo, com a prevalência de Zonas predominantemente industriais (cor roxa);

Zonas de uso misto de média e alta densidade (cinza graduado) e Zonas

Especiais de Interesse social (hachurado por linhas verticais), que se

sobrepõem às zonas de uso misto.

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Figura 05: Uso e Ocupação do Solo na Bacia Hidrográfica do Canal de Guarapiranga. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo (2005); Prefeitura do Município de São Paulo, FCTH & Zenza (2012).

Nas margens do Canal de Guarapiranga, verifica-se que o uso

do solo predominante é do tipo industrial e misto, de média e alta densidade,

mesclado a habitações de baixa renda, nas chamadas zonas especiais de

interesse social (ZEIS), constituída basicamente pela presença de favelas,

loteamentos e núcleos habitacionais irregulares que ali surgiram principalmente

entre as décadas de 1960 e 1990.

No restante da bacia da represa de Guarapiranga, Zonas de

lazer e turismo (marrom claro), Zonas de proteção ambiental (marrom escuro e

verde) e Zonas exclusivamente residenciais (amarelo) também são

observadas, mas estão majoritariamente localizadas em áreas próximas a

borda da Represa, que não afetam a qualidade da água do Canal, a não ser

nas ocasiões, muito esporádicas, em que este verte águas da Represa para o

Pinheiros.

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Figura 06: Ocupação irregular na Bacia Hidrográfica do Canal de Guarapiranga. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo (2013); Prefeitura do Município de São Paulo, FCTH & Zenza (2012).

Na realidade, as margens de cada um dos rios e córregos da

bacia do Rio Pinheiros, bem como as margens deste rio, vêm sendo ocupadas

aceleradamente, e, desde meados do século passado, a expansão da área

urbanizada na direção das margens e áreas de várzea do Rio Pinheiros foi

inexorável, como mostra a sequência de mapas de progressão da área

urbanizada no município de São Paulo, disposta abaixo.

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Figuras 07 a 09: Evolução da área urbanizada no município de São Paulo no período de 1950 – 1985. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo (2010).

Em razão disso, a possível implantação de alagados

construídos em áreas-chave desta região constitui-se numa possibilidade real

de tratamento desta água contaminada e de restauração de parte das funções

das áreas de várzea desta região. Recupera-se assim parte dos benefícios

ecológicos gerados por estes ecossistemas, que são capazes de melhorar

significativamente a qualidade de vida dos habitantes desta região.

5.2.1. Visita Técnica

Foi realizada visita técnica e documentados fotograficamente

os locais de interesse. A figura 10 apresenta os locais de onde as fotos foram

feitas.

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Figura 10: Localização das Fotos.

Fotos 01 e 02

Fotos 03 e 04

Fotos 05 e 06 Fotos 07 e 08

Foto 09

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Fotos 01 e 02: Áreas disponíveis da EMAE – Interferência com redes de energia e gasodutos

Fotos 03 e 04: Córrego Ponte Baixa – Presença de entulho e aterros irregulares

Fotos 05 e 06: Córrego Ponte Baixa – Ocupação das áreas de proteção permanente

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Fotos 07 e 08: Canal de Descarga – Presença de assoreamento na foz do Ponte Baixa e pista

de serviço

Foto 09: Canal de Descarga – Vista a partir da ponte da Av. Guarapiranga

5.3. PROJETOS COLOCALIZADOS E INTERFERÊNCIAS

A localização escolhida para a realização dos projetos dos

alagados construídos interfere diretamente em seis estruturas diferentes que

estão ou estarão alocadas próximo às áreas selecionadas. A primeira estrutura

que seria diretamente afetada em uma possível implantação do projeto, é o

próprio Córrego Ponte Baixa. A Prefeitura do Município de São Paulo está

realizando um conjunto de obras na região, que incluem a canalização deste

córrego e a implantação de via paralela à Estrada M‟Boi Mirim.

De acordo com o EIA/RIMA desta obra, apresentado para

licenciamento em janeiro de 2011, este projeto pretende equacionar,

principalmente, as demandas dos moradores do distrito de Jardim São Luís

acerca tanto das frequentes inundações do Córrego Ponte Baixa e seus

afluentes, como dos congestionamentos frequentemente verificados na região

(PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO & GEOMETRICA, 2011).

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Segundo descrição apresentada nos Estudos de Impacto

Ambiental do projeto, a canalização do Córrego Ponte Baixa deve ocorrer no

trecho de curso d‟água de aproximadamente 3,08 Km de extensão, alocado

entre a Estrada do M‟Boi Mirim e o Canal de Guarapiranga. (PREFEITURA DO

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO & GEOMETRICA, 2011).

Nesta obra, a canalização adotará diferentes metodologias

construtivas: alguns trechos deste córrego ficarão a céu aberto e outros serão

subterrâneos, de forma que parte das ruas e avenidas a serem construídas se

sobreporá a estas águas canalizadas. (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO & GEOMETRICA, 2011).

O equipamento viário a ser implantado será composto por duas

pistas com três faixas de rolamento, passeios, canteiro central e ciclovia, que

serão dispostos entre a Avenida Guido Caloi e a Estrada do M‟Boi Mirim (até

próximo a Rua Daniel Klein). Obras de arte adicionais também estão previstas,

para que o acesso às Avenidas Guido Caloi e Guarapiranga seja facilitado

(PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO & GEOMETRICA, 2011).

O trecho do Córrego Ponte Baixa mais próximo à sua foz no

Canal de Guarapiranga, trecho este que também será canalizado, encontra-se

dentro do terreno da antiga fábrica da Caloi (polígono marrom na imagem

abaixo) e que, agora, receberá um empreendimento comercial (Shopping

Center) e unidades habitacionais a serem edificados pela empresa VR

Investimentos.

Este trecho próximo à foz do Córrego Ponte Baixa é um dos

locais para os quais projetamos a implantação de wetland, de tal forma que as

águas deste Córrego cheguem já com melhor qualidade no Canal.

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Figura 11: Área Diretamente Afetada (amarelo) pelas obras de Canalização e implantação de viário no terreno da VR Investimentos (polígono marrom). Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo & Geometrica (2011, p.300).

Além das obras citadas, a Prefeitura prevê ainda, como parte

integrante deste grande projeto de reurbanização, a canalização e implantação

de Parque Linear em um dos afluentes do Ponte Baixa; a construção de um

piscinão em terreno situado ao lado da Estrada do M‟Boi Mirim; a construção

de 484 unidades habitacionais de reassentamento de população de áreas de

risco e/ou que estejam em áreas de interferência direta das obras; e a

implantação de coletores de esgoto pela SABESP ao longo do sistema viário

(PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO & GEOMETRICA, 2011).

A área diretamente afetada (ADA) por todas as intervenções

propostas apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental da obra pode ser

visualizada na imagem abaixo.

24

Figura 12: Espacialização das obras previstas no EIA/RIMA da Canalização do Córrego Ponte Baixa. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo & Geometrica (2011, p.18).

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Outra área de relevância para este projeto é o próprio Canal de

Guarapiranga, curso d‟água com extensão de 1,87 km, conectando a represa

de mesmo nome ao Rio Pinheiros, que pode ser observado na imagem abaixo.

Figura 13: Canal de Guarapiranga destacado em azul na imagem de satélite. Fonte: Google Earth (2013).

Uma terceira estrutura identificada, que se sobrepõe ao projeto

de wetland, é o Trecho 2 do “Sistema Monotrilho – Região Sudoeste”. Esta

obra, composta por 37,42 Km de extensão e 32 estações de

embarque/desembarque, interligará as margens esquerda e direita do Rio

Pinheiros, indo da região de Vila Sônia até o bairro de Vila Olímpia

(PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO; SPTRANS; PLANSERVI

ENGENHARIA & ENGEVIX, 2012).

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Figura 14: Espacialização do Sistema Monotrilho. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, SPTrans, Planservi Engenharia & Engevix (2012, p.09).

Há previsão de que este empreendimento, com 5,82 Km de

extensão, passe perpendicularmente ao Canal de Guarapiranga, e atravesse

os distritos de Campo Limpo, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Socorro e Santo

Amaro, realizando interligação com a Linha 5 – Lilás do Metrô.

Grande parte do traçado proposto para este trecho irá se

sobrepor à área do Córrego Ponte Baixa e/ou próximo à sua área de várzea. A

infraestrutura viária prevista na obra de urbanização da bacia do Córrego da

Ponte Baixa, já comentada anteriormente (viário paralelo à Estrada do M‟Boi

Mirim), deverá ser utilizada como ponto de apoio à sua estrutura ferroviária.

O esquema funcional das wetlands foi projetado considerando

e sendo compatível com este trecho do sistema monotrilho, o sistema viário da

Estrada de M‟Boi Mirim, a Canalização do Córrego Ponte Baixa, e a travessia,

pelo monotrilho, do Canal de Guarapiranga.

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Figura 15: Sistema monotrilho sobre o Córrego Ponte Baixa e próximo a infraestrutura viária. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, SPTrans, Planservi Engenharia & Engevix (2012, p.29).

A quarta estrutura que interfere com o projeto de wetland,

cortando perpendicularmente o Canal de Guarapiranga, é o duto da Petrobrás

denominado „OBATI – Oleoduto Barueri-Utinga‟, formado por duas linhas de

dutos de aproximadamente 50,4 Km e 49,6 Km de extensão (CETESB, 2013),

dispostas a uma profundidade média variável de 1m a 3m (PETROBRAS,

INSTITUTO ECOAR & INSTITUTO CRESCER, 2011).

Este duto é responsável pelo transporte de gasolina, álcool,

óleos combustíveis e gás de cozinha (GLP) desde o Terminal de Barueri até o

Terminal de São Caetano do Sul (Utinga) (PETROBRAS, INSTITUTO ECOAR

& INSTITUTO CRESCER, 2011). Em São Paulo, este poliduto ocupa faixas de

territórios das regiões de Butantã, Campo Limpo, Capão Redondo, Capela do

Socorro, Cidade Ademar e Jabaquara (PESTANA, 2010; PETROBRAS,

INSTITUTO ECOAR & INSTITUTO CRESCER, 2011).

De acordo com Pestana (2010), a Petrobras é rigorosa no que

diz respeito à ocupação e uso do solo nas faixas de domínio por onde passam

dutos do OBATI, seguindo os padrões determinados por normas de segurança

internacional. Entretanto, como as normas são compostas por recomendações

de segurança, o controle das faixas de domínio em áreas urbanas precárias

tendem a ser flexibilizadas (PESTANA, 2010).

28

Segundo o Relatório de Impacto Ambiental do Plano Diretor de

Dutos de São Paulo, de 2011, há previsão de desativação de faixa de 42,5 Km

nessa região, justamente por estar disposta em área urbana densamente

povoada. Mas os mapas das operações da Petrobras ainda fazem referências

ao OBATI (PETROBRAS, 2011; 2013).

Independente de a faixa de domínio dos dutos estar ou não

ativa, isso não gera impedimentos ao projeto das wetlands no Canal de

Guarapiranga, já que este curso hídrico não sofrerá modificações estruturais. A

wetland é baseada na implantação de ilhas flutuantes ao longo de todo o trecho

do curso d‟água, não alcançando e não interferindo na estrutura dutoviária

existente no local.

Figura 16: Identificação do trecho em que o poliduto OBATI cruza o Canal de Guarapiranga. Fonte: Pestana (2010, p.86; p.88).

A quinta estrutura que interfere no local da wetland no Canal de

Guarapiranga é a ponte móvel em construção pela Bayer, uma estrutura de

passagem com 57,4m de comprimento e 3,4m de largura de rampa de acesso,

que interligará o distrito de Socorro ao distrito de Jardim São Luís, em área

próxima a estação Santo Amaro da CPTM (Linha 9 – Esmeralda).

Esta ponte, localizada próximo à confluência do Canal de

Guarapiranga com o Rio Pinheiros, será de uso para pedestres, ciclistas e

veículos de serviço da EMAE.

29

Figura 17: Localização do ponto de implantação da Ponte da Bayer Fonte: Bayer (2012).

Esta estrutura é fundamental para a implantação de

infraestrutura cicloviária na margem esquerda do Rio Pinheiros. A primeira

etapa desta ciclovia fará a ligação entre a região do Canal do Guarapiranga, a

Ponte da Bayer e a entrada do Pomar Urbano, podendo beneficiar mais de 15

mil pessoas (BAYER, 2013; G1, 2013).

A Ponte da Bayer apresenta uma característica bastante

distinta das demais na cidade: parte de sua estrutura central será retrátil, para

não afetar a possibilidade de deslocamento de embarcações ao longo do rio. O

movimento desta estrutura será feito por meio de trilhos dispostos em duas

bases giratórias, que também ganharão projeto paisagístico, com jardins sobre

o piso dessas bases.

30

Figura 18: Desenho esquemático da ponte da Bayer sobre o Canal de Guarapiranga. Fonte: Bayer (2012).

Por fim, a sexta estrutura que sofrerá influência das wetlands

aqui projetadas é o caminho de serviço da Empresa Metropolitana de Águas e

Energia S.A. (EMAE), disposto ao longo da margem esquerda do Canal de

Guarapiranga. Esta estrutura é utilizada, eventualmente, para o deslocamento

de funcionários da EMAE. Solicitamos à direção da empresa autorização de

inclusão desta pista de serviço no projeto, como estrutura de suporte ao

processo de implantação e manutenção das ilhas flutuantes no Canal de

Guarapiranga, tendo havido manifestação positiva, ainda verbal.

31

Figura 19: Localização do Caminho de Serviço da EMAE, destacado em vermelho. Fonte: Google Earth (2013).

5.4. ESTUDOS HIDROLÓGICOS

Foram realizados estudos hidrológicos para a região de

interesse, com o objetivo de definir as vazões que drenam pelo Córrego Ponte

Baixa e Canal de Descarga. Estes estudos subsidiarão a avaliação de níveis,

velocidades e a análise dos riscos aos quais as estruturas de depuração

estarão sujeitas.

5.4.1. Córrego Ponte Baixa

O córrego Ponte Baixa abrange uma bacia de drenagem de

aproximadamente 6,6 km². As vazões de base para este córrego são

estimadas em aproximadamente 1 m³/s.

32

As vazões de cheia no Córrego Ponte Baixa foram obtidas

seguindo a seguinte metodologia:

Modelo Hidrológico: A modelagem hidrológica consiste em duas etapas:

obtenção da precipitação efetiva e transformação chuva-vazão. A

precipitação efetiva é resultado da precipitação total menos a parcela da

chuva que fica retida nas depressões do solo e/ou que é infiltrada. A

transformação chuva-vazão é o processo de obtenção dos hidrogramas

resultantes da chuva de projeto. Neste estudo, precipitação efetiva foi

calculada pelo método SCS Curve Number – CN, e a transformação

chuva-vazão foi realizada por meio do método do hidrograma unitário do

SCS (Soil Conservation Service). Estes dois processos, juntos,

constituem o modelo hidrológico SCS. O CN adotado neste estudo foi de

71 para áreas permeáveis, e uma impermeabilização de 70% para a

bacia.

Software de Simulação Hidrológica: Para a geração dos hidrogramas foi

utilizado o software CABC, desenvolvido pela FCTH – Fundação Centro

Tecnológico de Hidráulica.

Chuva de Projeto: As diversas tormentas simuladas seguiram a equação

IDF para São Paulo, com duração de 2 horas e foram distribuídas

segundo o método de Huff 1° quartil.

Tempo de Concentração: O tempo de concentração foi calculado pelo

método cinemático, em função do comprimento do trecho e da

velocidade de escoamento. A velocidade de escoamento foi estimada

com base na declividade e tipo de revestimento do canal.

Os hidrogramas de cheia para este córrego, para uma chuva

com duração de 2 horas, são apresentadas no gráfico a seguir:

33

Gráfico 01: Vazões de Cheia para o Córrego Ponte Baixa.

5.4.2. Canal de Descarga da Guarapiranga

A análise das vazões efluentes da represa Guarapiranga foi

realizada a partir da série de vazões máximas diárias registradas de 1909 a

2013. Os dados foram alinhados seguindo a distribuição de Pearson III. A

tabela abaixo apresenta o resultado.

Tabela 02: Vazões Vertidas pela Represa Guarapiranga.

0

20

40

60

80

100

120

140

00:00 01:12 02:24 03:36 04:48

Vaz

ão (

m³/

s)

tempo (horas)

Córrego Ponte Baixa - Vazões de Cheia

TR 2

TR 10

TR 25

TR 100

Tempo de

Recorrência(anos)Vazão (m³/s)

2 46,98

5 78,28

10 98,69

25 123,83

50 142,03

100 159,80

200 177,25

500 199,99

1000 217,02

2000 233,94

5000 256,19

10000 272,97

34

5.5. ESTUDOS HIDRÁULICOS

5.5.1. Sistema de Reversão do Rio Pinheiros

O sistema de reversão do Rio Pinheiros, concebido e

construído entre as décadas de 1930 e 1950, visa à produção de energia na

Usina Hidrelétrica de Henry Borden em Cubatão. Para isso, um sistema

composto por uma série de elevações permite a reversão das águas do rio

para a Represa Billings que, por sua vez, verte estas águas para a hidrelétrica

situada ao nível do mar. A Figura 20 apresenta um esquema do sistema de

reversão do Pinheiros.

Atualmente, em condições normais (ou seja, à exclusão das

ocasiões de maiores chuvas), o sistema é operado de forma a drenar toda a

vazão afluente ao Canal Pinheiros desde a Usina de Pedreira, passando pela

Usina de Traição e pela Estrutura de Retiro - aonde o Pinheiros chega ao Tietê

- sendo essas águas e as do Rio Tietê encaminhadas para o Médio Tietê,

através das comportas da Barragem Móvel (gerida pelo DAEE – Departamento

de Águas e Energia Elétrica) e da Barragem Edgard de Souza (gerida pela

EMAE), mantendo-se interrompido, na maior parte dos dias do ano, o

bombeamento das águas do Pinheiros para montante, nas usinas elevatórias

de Traição e Pedreira. As águas das cabeceiras da Billings, no entanto, são

permanentemente barradas em Pedreira, não chegando ao Rio Pinheiros.

Em condições normais, o Canal Pinheiros Superior tem o seu

nível d‟água mantido em uma cota bastante estável por meio das descargas

em Traição. Já o Canal Pinheiros Inferior, em condições normais, tem o seu

nível d‟água mantido em sua faixa de operação normal, por meio de manobras

das comportas da Estrutura de Retiro.

Quando da ocorrência de chuvas e caracterizada a

necessidade de operação para controle de cheias, as descargas para jusante

em Traição e Retiro são interrompidas, e o fluxo do Canal Pinheiros é revertido

através do bombeamento nas usinas elevatórias dessas duas barragens.

Durante a passagem da cheia, caso haja disponibilidade de bombeamento nas

duas usinas elevatórias, ou seja, estando controlada a cheia no Rio Pinheiros,

as comportas de Retiro podem ser parcialmente abertas, com o objetivo de

35

aliviar a cheia do Rio Tietê através do sistema de reversão, ou seja, enviando

água do Rio Tietê pelo Rio Pinheiros acima na direção da Billings.

As vazões eventualmente descarregadas pela Barragem do

Guarapiranga para o Canal Pinheiros Superior, sempre para controle de cheias

do reservatório, também são bombeadas para o Reservatório Billings. Essa

situação é verificada muito ocasionalmente, face a demanda de água de

Guarapiranga para abastecimento público, pela SABESP.

Figura 20: Sistema de Reversão do Rio Pinheiros.

O sistema de Reversão do Rio Pinheiros, no trecho entre as

barragens de Pedreira e Traição, opera entre os níveis 720,50 (em média) e

723,24, cota de extravasamento. Os gráficos abaixo apresentam os níveis

observados em períodos de cheia, para uma chuva de aproximadamente TR 2

anos, e seca. Os gráficos apresentam os níveis d‟água no trecho entre as

barragens Pedreira e Traição, a vazão de bombeamento para o sistema Billings

e a vazão descarregada para jusante.

36

Figura 21: Nível d‟água a montante da elevatória Traição (Janeiro de 2013).

Figura 22: Vazão bombeada em direção à Billings (Janeiro de 2013)

Figura 23: Vazão descarregada para Jusante (Janeiro de 2013)

37

Figura 24: Nível d‟água a montante da elevatória Traição (Agosto de 2013)

Figura 25: Vazão bombeada em direção à Billings (Agosto de 2013)

Figura 26: Vazão descarregada para Jusante (Agosto de 2013)

38

5.5.2. Levantamentos Topobatimétricos

Para a execução dos estudos hidráulicos foi realizado o

levantamento Topobatimétrico do canal de descarga da Represa Guarapiranga.

Foi levantado o perfil do fundo do canal com o auxílio de um ecobatímetro e as

cotas levantadas foram associadas ao levantamento PRODAM da Prefeitura de

São Paulo. Os desenhos de ACP. A1. 003 a ACP. A1. 007 apresentam seções

batimétricas de 20 em 20 metros. O perfil do canal é apresentado no desenho

ACP. A1. 010, sendo que todos estes documentos estão em anexo.

O canal de descarga apresenta declividade quase nula, em

torno de 0,03%, com a presença de considerável assoreamento principalmente

na foz do Córrego Ponte Baixa. A cota de fundo gira em torno de 718,00 m. A

distância média entre margens é de 65 m, e a profundidade do canal pode

atingir até 5 metros. A Figura 27 apresenta uma seção topobatimétrica para o

canal.

Figura 27: Seção Topobatimétrica para o Canal de Descarga da Represa Guarapiranga

39

5.5.3. Níveis d’Água Calculados no Canal de Descarga da Represa

Guarapiranga

Os estudos hidráulicos foram realizados para a determinação

dos níveis d‟água no Canal de Descarga assim como da influência do Pinheiros

nos níveis dentro do canal que possam inviabilizar a introdução de dispositivos

de tratamento.

Foram realizadas 6 simulações de nível d‟água seguindo as

seguintes condições de contorno:

Vazões no Canal de Descarga: 1 m³/s, que representa a vazão do

Córrego Ponte Baixa nos dias sem chuva; 46,25 m³/s que representa

uma chuva de TR 2 anos tanto para o Córrego Ponte Baixa quanto para

a Represa (embora não tenha sido simulada a concomitância de picos

dado a diferença de tempo de concentração das bacias); 159,80 m³/s

vazão de TR 100 anos para a Represa.

Níveis d‟água no Rio Pinheiros: 720,50 m que é o nível normal sem

reversão; 722,33 m nível para o evento de 14/01/2013 que ocorreu após

uma chuva de aproximadamente TR 2 anos.

As vazões foram simuladas para as duas condições de níveis

no Pinheiros. Os resultados apresentados na Figura 28mostram que o nível do

Rio Pinheiros exerce grande influência nos níveis do Canal de Descarga.

Para situação com nível d‟água 720,50 m no Pinheiros, ocorre

variação relevante do nível a jusante do Córrego Ponte Baixa apenas para o

evento de TR 100 anos, embora nos primeiros metros ocorra influência do

assoreamento do rio para a situação de TR 2 anos.

Para a situação com nível d‟água 722,33 m, não ocorre

elevação relevante do nível d‟água do canal, a jusante do Ponte Baixa, mesmo

quando da passagem da cheia de 100 anos.

Devido às características de declividade, vazão, rugosidade e

topografia, as velocidades do escoamento do canal são bastante baixas,

oscilando de 0,05 m/s para caso de seca até 1,5 m/s para o caso de TR 100

anos.

40

Paralelamente foi levantado o número de dias com elevação do

nível d‟água a montante da Elevatória de Traição (Tabela 03). Em 2012 o nível

superou a cota 721,00 (0,50 m de elevação) 60 vezes, enquanto que superou a

cota 722,00 (1,50 m de elevação) ao menos 13 vezes. Estes dados levam a

conclusão que as soluções propostas para melhoria da qualidade da água no

canal de descarga da Represa Guarapiranga devem levar em consideração a

predominância dos níveis do Rio Pinheiros, assim como a variação deste ao

longo do ano.

41

Figura 28: Resultado para o cálculo da linha d‟água no Canal de Descarga

Tabela 03: Número de dias com elevação do nível d‟água a montante da Elevatória de Traição (2012).

Elevação Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro TOTAL

Acima de 721,00 9 15 6 4 1 5 3 0 0 4 3 10 60

Acima de 722,00 3 1 2 1 0 3 1 0 0 0 1 1 13

SOMA 12 16 8 5 1 8 4 0 0 4 4 11 73

Dias com Elevação de Nível acima de 720.50 a montante da barragem de Traição

Pinheiros

Ponte da Av. Guarapiranga Ponte Baixa

42

5.5.4. Níveis d’Água Calculados no Córrego Ponte Baixa

Os níveis d‟água para o Córrego Ponte Baixa, com seção

retangular em concreto de base 16,50 m, altura 6,5 m, fundo na cota 719,50 m

e declividade 0,12%, conforme previsto em projeto, considerando nível de

720,50 m no Pinheiros, são apresentados na tabela abaixo:

Tabela 04: Níveis de d‟água para o Córrego ponte Baixa

5.6. ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA

O Rio Pinheiros é enquadrado como Classe 4, de acordo com

o parágrafo 4.17 do art. 4º do Decreto Estadual Nº 10.755/77. O

enquadramento do corpo hídrico é definido, caso a caso, em função dos usos

preponderantes mais restritivos da água atuais ou pretendidos. Corpos d‟água

com este enquadramento (Classe 4) podem ser destinados apenas à

navegação e harmonia paisagística.

Hoje, a qualidade das águas tanto do Rio Pinheiros quanto do

Córrego Ponte Baixa apresentam características que ainda não atendem nem

mesmo aos parâmetros estipulados pela Resolução CONAMA 357/2005 para a

Classe 4, sendo necessário para tanto o tratamento das mesmas.

Embora haja empenho dos entes governamentais para a

melhoria na coleta e tratamento dos esgotos, é notória a presença de

compostos oriundos de esgotos sanitários. A presença de assentamentos

urbanos subnormais, principalmente na bacia do Ponte Baixa, demandará um

longo período para o saneamento desta situação.

TR (anos) Vazão (m³/s) N.A. (m)

2 46,26 2,33

10 76,13 2,83

25 92,01 3,07

100 116,25 3,41

43

Paralelamente, a falta de controle da poluição difusa, oriunda

do escoamento superficial urbano, acarreta piora nos parâmetros de qualidade,

seja pela lavagem de superfícies, seja no início de cada evento de chuvas na

bacia.

5.6.1. Rio Pinheiros

A caracterização da qualidade da água do Rio Pinheiros é

realizada pela CETESB com frequência bimestral. As estações mais próximas

do local de interesse localizam-se na Ponte do Socorro (estação PINH 04250,

segundo a nomenclatura da CETESB) e na Ponte Ary Torres, da Av.

Bandeirantes (estação PINH 04500). Em ambas é possível observar o não

atendimento aos padrões estipulados pela CONAMA 357/2005, principalmente

com relação à concentração de oxigênio dissolvido, que deveria ser de 2 mg/L.

Os laudos da CETESB são apresentados em anexo.

5.6.2. Córrego Ponte Baixa

No Córrego Ponte Baixa foi realizada, âmbito deste projeto,

uma campanha de monitoramento próximo ao seu deságue no Canal de

Descarga da Represa Guarapiranga. Os resultados apresentaram uma

condição bastante ruim, sendo possível perceber a presença de poluentes

oriundos principalmente de esgotos domésticos. A condição das águas do

Córrego Ponte Baixa que afluem ao Rio Pinheiros apresentam Demanda

Bioquímica de Oxigênio – DBO da mesma ordem de grandeza que a da do Rio

Pinheiros, embora apresente valores bastante piores para os parâmetros

Nitrogênio Amoniacal e Fósforo. O oxigênio dissolvido medido na campanha foi

de 0,5 mg/L, sendo que o limite mínimo estabelecido pela Resolução CONAMA

357 para este parâmetro em corpos d‟água de Classe 4 é de 2 mg/L. Os

resultados da análise de qualidade hídrica de ambos os corpos d‟água são

apresentados em anexo.

44

5.6.3. Canal de Descarga da Guarapiranga

Na mesma campanha foram levantados os dados de qualidade

das águas efluentes da Represa Guarapiranga. Embora os vertimentos sejam

bastante ocasionais, a qualidade da água, que é tratada e utilizada para

abastecimento pela SABESP, é boa.

5.7. AVALIAÇÃO GERAL

Do exposto anteriormente, é possível tirar as seguintes

conclusões com vistas à escolha da tecnologia de depuração para o Córrego

Ponte Baixa e Canal de Guarapiranga.

O Córrego Ponte Baixa apresenta águas contaminadas por esgotos de

origem predominantemente doméstica, as quais atingem o Rio

Pinheiros, contribuindo para a deterioração deste corpo d‟água. Estas

águas necessitam de tratamentos capazes de contribuir para a melhora

dos parâmetros do Rio Pinheiros, no mínimo até alcançar os padrões

legalmente estabelecidos, ou seja, de Classe 4, conforme definido na

Resolução CONAMA 357/2005;

O canal de descarga da Represa Guarapiranga apresenta grande

oscilação nos níveis d‟água devido à operação das usinas elevatórias do

sistema de reversão do Rio Pinheiros. Deste modo, a escolha

tecnológica deve ser norteada por alternativas que apresentem

flexibilidade quanto a esta oscilação de nível;

O Córrego Ponte Baixa sofre influência menor dos níveis do Rio

Pinheiros, embora seus níveis de cheia possam ser afetados quando da

concomitância de cheias na bacia e operação do sistema de reversão. A

solução de projeto de wetland a ser proposta para este córrego deve ser

compatível com as obras de canalização em andamento no local e com

os demais projetos colocalizados que foram constatados neste estudo;

45

Adicionalmente, além da depuração das águas, o projeto deve prever a

gestão dos resíduos sólidos carreados em grande volume pelos corpos

d‟água, assim como do material assoreado;

As soluções devem promover a melhoria da qualidade da água;

promover a recuperação das áreas de proteção permanente

degradadas, inserindo-as na paisagem urbana; valorizar a água no

ambiente urbano; e garantir a sustentabilidade técnica e econômica das

soluções, inclusive no que tange a sua manutenção.

6. SOLUÇÕES PROPOSTAS

6.1. WETLANDS CONSTRUÍDAS

Os termos Wetlands Construídas ou Alagados Construídos

referem-se à tecnologia desenvolvida para empregar processos ecológicos que

são encontrados em áreas alagadas naturais, como várzeas, brejos e

pântanos, recuperando suas funcionalidades.

Estes sistemas utilizam solo e plantas associados a

microrganismos para efetuar o tratamento das águas. Assim como outros

sistemas naturais, os alagados construídos têm funções múltiplas e podem

propiciar benefícios adicionais. São sistemas considerados confiáveis e que

podem prescindir de fontes de energia convencionais. Estes alagados criam

ainda a oportunidade de restaurar áreas degradadas, reintroduzindo-as na

paisagem urbana, assim como também servir de ponto de partida para a

criação de áreas de recreação passivas, como lagos, por exemplo. Algumas

espécies vegetais mais frequentemente utilizadas nestes empreendimentos

são apresentadas a seguir:

46

Tabela 05: Espécies Vegetais Utilizadas em Wetlands Construídas Ref: [8]

Os sistemas de Alagados Construídos à superfície livre

constituem-se em bacias relativamente rasas, onde são instaladas, de forma

alternada espécies de plantas submersas, emergentes e flutuantes. Estes

sistemas podem receber mantas geotêxteis para a sua impermeabilização, ou

não, de acordo com o local de implantação.

47

O projeto e operação corretos do sistema garantem um

ambiente equilibrado. A presença de água permite a existência de

invertebrados terrestres e aquáticos, anfíbios, pássaros, peixes e pequenos

mamíferos que atuam em conjunto, de forma a garantir o controle de pragas

como mosquitos e pernilongos. No caso de instabilidade do sistema, medidas

convencionais, como emprego de larvicidas, podem ser utilizadas.

A construção de alagados artificiais é uma tecnologia de uso

para sistemas de tratamento de águas relativamente nova. Os principais usos

de um alagado construído podem ser assim destacados:

Melhoria da qualidade da água;

Retenção do escoamento superficial;

Criação de um ambiente que possa compensar a perda de várzeas

naturais em centros urbanos.

As principais vantagens destes sistemas são:

Fácil construção;

Baixo custo de manutenção;

Modesto consumo de energia;

Boa inserção paisagística;

Fácil operação;

Baixa sensibilidade à variabilidade do afluente;

Prescinde de infraestrutura de canalização para envio de águas servidas

ou poluídas para Estações de Tratamento.

48

Por outro lado, devido à utilização da energia do próprio

ambiente para a depuração das águas, estes sistemas requerem extensas

áreas para alcançar um bom desempenho depurativo. Desta forma, a

implantação das wetlands no próprio corpo d‟água, como aqui previsto, poupa

o projeto de dispor de áreas urbanas, cujo custo poderia ser proibitivo.

Já é sabido que a melhoria da qualidade da água de rios e

córregos urbanos depende não somente da coleta e tratamento dos efluentes

industriais e domésticos como também do controle e tratamento da poluição

difusa. Assim sendo, ainda que a SABESP, no caso de nossas águas, dê conta

da universalização da coleta de esgotos e de seu envio para tratamento, a

carga de poluição remanescente será significativa e continuará a requerer

tratamento das águas do rio e do canal.

A ilustração a seguir apresenta um esquema de alagado

construído.

Figura 29: Esquema de Wetand Construída Fonte: Kadlec & Knight (1996).

Existem inúmeros exemplos da utilização destes sistemas para

o tratamento da poluição difusa carreada no escoamento superficial, mesmo

em locais urbanos aonde os esgotos são coletados e tratados. Alguns

exemplos bem sucedidos desta técnica são apresentados mais adiante neste

relatório.

49

A concentração da maioria dos poluentes no escoamento

afluente é dependente do tempo e da diluição. O escoamento superficial

apresenta um comportamento cíclico com relação à sua qualidade, devido à

alternância de períodos secos e úmidos. Desta maneira, a qualidade das águas

urbanas tende a tornar-se bastante mais insatisfatória no início de cada evento

chuvoso (água de primeira chuva ou de lavagem) e, com o passar do tempo,

seja por efeito da diluição ou de autodepuração, tende a apresentar um

decaimento exponencial da concentração de seus contaminantes.

Como se viu anteriormente, nesta bacia do Córrego Ponte

Baixa os padrões de impermeabilização do solo são elevados. Esta

característica do escoamento superficial urbano permite a utilização do espaço

e volume dos alagados construídos para o abatimento de picos de vazão de

eventos extremos. O extravasamento de volumes para estas pequenas bacias

não acarreta em altos riscos de mau funcionamento do sistema após a chuva.

6.2. CÓRREGO PONTE BAIXA – SOLUÇÃO RECOMENDADA

A solução prevista para o Córrego Ponte Baixa prevê a

reabilitação da Área de Proteção Permanente (APP) deste curso hídrico a partir

da implantação de um sistema de alagados a fluxo livre. Os objetivos deste

sistema serão os seguintes:

Depuração da carga orgânica de uma pequena parcela da vazão do

córrego Ponte Baixa, em torno de 1%;

Criação de ambiente propício ao desenvolvimento científico e

educacional;

Melhoria da paisagem;

Retenção de lixo a montante do canal de descarga da Guarapiranga.

Esta solução é constituída pelas seguintes estruturas a serem

implantadas:

50

Bacia de Sedimentação a montante da travessia Guido Caloi, incluindo

gradeamento para a retenção de resíduos sólidos. Esta estrutura será

importante para manter a integridade da wetland e seu aspecto visual.

Servirá como local de retirada de lixo e detritos, que hoje acabam se

depositando no canal da Represa Guarapiranga, gerando maiores

custos de desassoreamento;

Faixa de área verde não-edificada com 10 m de largura, com objetivo de

criar uma zona de contemplação e distância suficiente dos

empreendimentos imobiliários e comerciais;

Passeios e Passarelas;

Lago de água limpa e pequenas quedas d‟água no canal de descarga;

Zonas úmidas para a depuração das águas em área total de

aproximadamente 6400 m². Estas zonas, dispostas ao longo do córrego,

deverão ter até 1 m de profundidade. Deverão ser criadas zonas com

diferentes tipos de vegetação e profundidade, de forma a permitir que

áreas com diferentes características possam potencializar a depuração

das águas.

Este sistema deverá operar a uma vazão de aproximadamente

10 L/s, que poderá ser majorada a luz dos resultados de monitoramento.

Preliminarmente, espera-se uma eficiência de até 70% na remoção da DBO.

A prancha de projeto ACP.A1.009, anexa ao relatório,

apresenta a solução prevista.

As imagens abaixo apresentam projetos já implantados, com

concepções similares à almejada neste projeto.

51

Figura 30: Wetland Construída no Houtanpark, Xangai, China Fonte: Yu (2010).

Figura 31: Wetland Construída no Qiaoyuan park, Tianjin, China Fonte: Yang (2010).

52

Figura 32: Wetland Construída Waitangi Waterfront Park, Wellington, Nova Zelândia Fonte: Beard (s/d).

6.3. CANAL DE DESCARGA DA REPRESA GUARAPIRANGA –

SOLUÇÃO RECOMENDADA

A wetland principal tem previsão de implantação no canal de

descarga da Represa Guarapiranga. A solução escolhida para este local busca

compatibilizar a depuração dos poluentes orgânicos com a variação de nível

d‟água no canal, a qual ocorre por todo o ano.

O desenho ACP. A1. 008 apresenta a solução escolhida, com a

previsão de instalação de wetlands flutuantes ao longo do canal. Esta

tecnologia já é bastante difundida em inúmeros países e em muitos casos

conta com produtos padronizados.

Para a instalação das ilhas flutuantes será necessário

desassorear em torno de 1,50 m a 2,00 m do fundo do canal, de forma a

delimitar áreas de depuração, quatro no total, com profundidade entre 3,00 e

4,00 m, interligadas entre si por canais. As áreas de depuração serão formadas

por ilhas de aproximadamente 75 m². Cada zona de depuração será formada

por 5 ilhas.

Esta tecnologia busca dar um polimento na qualidade das

águas e poderá ser implantada ao longo de todo o canal, desde o Rio Pinheiros

até a foz do Córrego Ponte Baixa.

53

O princípio empregado para o tratamento das águas por este

sistema de ilhas flutuantes é similar ao empregado em wetlands construídas

convencionais.

Figura 33: Esquema de Wetland Flutuante

Fonte: BioHaven Environmental Solution (s/d) apud Marinebuzz (2009).

As imagens abaixo apresentam exemplos desta tecnologia.

Figura 34: Wetland flutuante em Orlando, Estados Unidos. Fonte: Chang & Wanielista (2011).

As ilhas são construídas para receber qualquer tipo de Vegetação flutuante ou terrestre

Funcionam em qualquer profundidade, eliminando a necessidade de se construir um wetland artificial

As ilhas promovem o crescimento microbial mesmo na ausência de vegetação

As raízes absorvem nutrientes das águas e criam habitat para a o crescimento microbial, promovendo a melhoria da qualidade da água.

54

Figura 35: Wetland flutuante em Baltimore, Estados Unidos. Fonte: Aqua Biofilter (2012).

Figura 36: Exemplo de Wetland flutuante Fonte: Floating Islands International (2011).

55

Figura 37: Wetland Flutuante com aeração nas Filipinas Fonte: Green Earth (2013).

6.3.1. Etapas de Implantação do Projeto

A implantação do projeto abrange diferentes etapas, que

incluem desde a preparação do terreno para recebimento das ilhas, a

determinação das áreas de manutenção e das áreas para sedimentação de

resíduos sólidos, até a implantação das ilhas flutuantes e de paisagismo no seu

entorno.

Etapa 1: Desassoreamento do Canal

Na primeira etapa está previsto o desassoreamento seletivo do

canal, de forma a criar zonas mais profundas para o melhor desenvolvimento

radical. Espera-se que com o desassoreamento e a manutenção dos níveis

atuais de operação do sistema de reversão do Pinheiros, seja possível garantir

de 3 m a 4 m de profundidade nos trechos aonde deverão ser implantadas as

ilhas flutuantes. Estima-se um volume de 65.000 m³ de material a ser

desassoreado com essa finalidade.

56

Paralelamente, deverá ser executado o desassoreamento da

foz do Ponte Baixa, de forma a recuperar a capacidade original do canal neste

ponto e criar uma bacia de sedimentação que facilite a gestão do material

assoreado. Estima-se um volume de 26.000 m³ especificamente para a criação

desta área.

O projeto prevê a instalação de “floating booms” (barreiras

flutuantes) neste ponto do canal, para facilitar a contenção e a coleta de

resíduos sólidos flutuantes, melhorando o aspecto das águas, assim como

também, evitando que o lixo se prenda à estrutura das ilhas flutuantes.

Etapa 2: Instalação das Ilhas Flutuantes

As ilhas deverão ser instaladas nos bolsões de canal

desassoreado. Serão instaladas tanto ilhas ativas com aeração forçada, como

ilhas passivas, que tratam as águas e funcionam como elementos da

paisagem. Para as ilhas ativas está previsto o fornecimento de energia e a

construção de casas de comando que permitirão a sua operação. Poderá ser

considerada a hipótese de utilização de energia solar ou eólica para ativar a

aeração.

A escolha de locais para a instalação das atividades de

manutenção e a construção de casas de comando privilegiou, em comum

acordo com a empresa, o uso de áreas da Empresa Metropolitana de Águas e

Energia (EMAE), responsável pela manutenção do Sistema de Reversão do

Rio Pinheiros.

É prevista a instalação de 20 ilhas com aeração forçada, sendo

5 em cada uma das zonas de depuração. Cada uma destas ilhas deverá

ocupar 75 m².

Próximo à ponte da Bayer, onde se espera um maior fluxo de

transeuntes, serão instaladas ilhas passivas, com iluminação noturna, de forma

a criar uma inserção paisagística positiva.

57

A implantação das ilhas flutuantes deverá ser realizada em

fases, acompanhando o monitoramento dos resultados e a consolidação dos

benefícios. Espera-se desta maneira otimizar os investimentos e garantir

conhecimento suficiente para a expansão do sistema. As metas de

desempenho do sistema para cada uma das fases são as seguintes:

Fase 1: concentração de oxigênio dissolvido superior a 2 mg/L

(Atendimento ao enquadramento do Rio Pinheiros – Classe IV);

Fase 2: melhoria de 40% de eficácia na diminuição da DBO;

Fase 3: melhoria de 70% ou mais de eficácia na diminuição da DBO.

Etapa 3: Restauração das Margens do Canal e Paisagismo

Nesta etapa prevê-se o plantio de espécies vegetais aquáticas

que possam potencializar o tratamento, criar habitats e proporcionar ganhos

paisagísticos. Posteriormente, deverão ser instalados elementos que

promovam a integração do corpo d‟água com transeuntes, como decks de

madeira, passarelas, bancos e outros.

6.3.2. Monitoramento e Manutenção

A área de manutenção definida neste projeto situa-se na

margem esquerda do Canal de Guarapiranga, próximo à confluência com o Rio

Pinheiros. Este local deverá ser utilizado para a montagem das ilhas e o seu

plantio, assim como para a sua manutenção. As ilhas deverão ser rebocadas

das zonas de depuração e posteriormente içadas, se necessário, para área de

manutenção para a execução dos serviços.

58

A área de manutenção poderá ser utilizada para outras

atividades tais como educação ambiental, visitação entre outros.

O desempenho das intervenções previstas nos dois canais

deverá ser alvo de monitoramento, para a aferição da eficiência do sistema e a

execução das devidas intervenções corretivas que se mostrarem necessárias.

O monitoramento da qualidade das águas deverá ser realizado

nos seguintes pontos:

Travessia da Av. Guido Caloi sobre o Ponte Baixa – ponto de entrada de

água poluída no sistema;

Travessia da Pista de Serviço sobre o Córrego Ponte Baixa –

Monitoramento da eficiência da wetland construída do Ponte Baixa;

Ponte Bayer (em construção), próximo à saída do sistema -

monitoramento das condições finais do efluente e do resultado do

tratamento.

Este monitoramento poderá ser realizado por sondas

automáticas (geralmente solicita-se avaliação de parâmetros como OD, pH,

Turbidez, Temperatura e Condutividade), complementados por levantamentos

bimestrais de campo para os parâmetros não cobertos por estes

equipamentos. Deverão ser levantados os parâmetros estipulados na resolução

Conama 357/2005.

Os serviços de manutenção a serem executados incluem:

Atividades Semanais:

Vistoria das instalações, retirada de folhas, plantas mortas e lixo.

Atividades Mensais:

Vistoria dos sistemas elétricos e eletromecânicos existentes; pontos de

atracação das ilhas.

Atividades Quadrimestrais:

Replantio de mudas e adubação.

59

Atividades Anuais:

Desassoreamento do Canal.

Atividades Após eventos de Chuva e Emergenciais:

Limpeza das áreas retenção de resíduos sólidos; retirada do lixo flutuante no

canal; manutenção das estruturas de flutuação.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos apresentados neste relatório visaram apresentar o

diagnóstico da situação atual, as condições de contorno e as soluções

propostas para a melhoria da qualidade da água na bacia do Rio Pinheiros com

o uso de tecnologia de Alagados Construídos.

Foram executados os levantamentos topobatimétricos, estudos

hidrológicos, hidráulicos e de caracterização da qualidade da água. Os estudos

demonstraram que as características da qualidade da água do Córrego Ponte

Baixa, afluente da margem esquerda do canal de descarga da Represa

Guarapiranga, não atingem a qualidade legalmente esperada devido a

presença de poluentes cuja origem é majoritariamente o lançamento de

esgotos domésticos.

A solução proposta compreende também a criação de áreas de

retenção de resíduos sólidos, áreas de educação ambiental, de lazer e de

manutenção das estruturas a serem implantadas. Os alagados propostos para

o canal de descarga são do tipo flutuante, uma vez que devem estar adaptados

à variação nos níveis d‟água do canal, seja devido à passagem de ondas de

cheia (da Represa ou do Córrego Ponte Baixa), seja devido à operação do

sistema de reversão do Rio Pinheiros.

Estas estruturas deverão contar também com aeradores, de

forma a garantir maior eficiência na melhoria da qualidade da água. Devido a

esta característica foram levantadas as áreas que possam receber casas de

comando para a operação destas estruturas. A implantação dos flutuantes

deverá ser realizada progressivamente, de acordo com a observação dos

benefícios atingidos na qualidade da água.

60

Paralelamente, foi proposta a implantação de um alagado

construído a ser implantado na foz do Córrego Ponte Baixa, permitindo também

a educação ambiental e a pesquisa científica. Este dispositivo deverá estar

apto a tratar 10L/s da vazão do Córrego Ponte Baixa.

8. REFERÊNCIAS

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[13] BAYER. Passarela + Ciclovia, 2012 (ilustração).

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67

ANEXOS