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8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Os Campos
O dos Castelos
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, ftando,
E toldam-lhe romnticos cabelos
Olhos gregos, lembrando
O cotovelo es!uerdo " recuado#
O direito " em ngulo disposto
A!uele diz $t%lia onde " pousado#
Este diz $nglaterra onde, a&astado,
A m'o sustenta, em !ue se apoia o rosto
(ita, com olhar es&)ngico e &atal,
O Ocidente, &uturo do passado
O rosto com !ue fta " *ortugal
(ernando *essoa, in
Mensagem
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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O dos Castelos sistematizao
A Europa " perspetivada pelo poeta como fgura &eminina cujorosto ", indubitavelmente, *ortugal + O rosto com !ue fta "*ortugal
*or"m, esta fgura &eminina jaz , melhor dizendo, est%deitada sobre os cotovelos, numa atitude de hipot"ticoadormecimento, ou de espera, vivendo das mem.rias de umpassado, cujas ra)zes culturais est'o associadas / 0r"cia, $t%lia e$nglaterra
Desta atitude passiva, e1pectante, apenas o rosto pareceestar animado de vida, por!ue fta, olha f1amente o Ocidente + omar, onde a Europa se lan2ou atrav"s de *ortugal, na grandiosidadedas descobertas com a !ual tra2ou o seu pr.prio &uturo 3estesentido, s. *ortugal parece estar pronto a despertar e o seu olhar ",
simultaneamente, es&)ngico e &atal , ou seja, enigm%tico e marcadopelo destinoAssim, o poeta re&ere-se, sem d4vida, ao papel de *ortugal
como l)der ineg%vel de uma nova Europa, cujo &uturo recuperar% agl.ria do passado A miss'o de *ortugal est%, desde logo, assinaladapela sua localiza2'o geogr%fca estrat"gica: con!uistar o !ue est%para ocidente, o mar, criando um novo imp"rio !ue dar%continuidade / supremacia do restante imp"rio europeu
O t)tulo do poema " uma alus'o ao territ.rio portugu5s,protegido por os sete castelos !ue, uma vez con!uistados aosmouros, defniriam a geografa de *ortugal
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67 Eis a!ui, !uase cume da cabe2aDe Europa toda, o 8eino 9usitano,Onde a terra se acaba e o mar come2a,E onde (ebo repousa no OceanoEste !uis o C"u justo !ue ores2a3as armas contra o torpe ;auritano,Deitando-o de si &ora, e l% na ardenteal como neste poema de ;ensagem, a estro&e 67 do canto $$$dB Os 9us)adas re&erencia *ortugal como a cabe2a da Europa +
!u%si cume da cabe2a de Europa toda + atribuindo-lhe umamiss'o predestinada 3B Os 9us)adas, essa predestina2'o " ditadapelo C"u !ue !uis !ue *ortugal vencesse na luta contra osmouros
uer num te1to, !uer noutro, " percet)vel um &orte sentimentopatri.tico, uma vez !ue o papel de *ortugal &ace / Europa "en&atizado3o te1to camoniano, tal sentimento e1pressa-se tanto pela&orma como o poeta v5 *ortugal como l)der da Europa cabe2a ,como na e1press'o do amor do narrador, Fasco da 0ama, pela
ditosa p%tria , onde espera vir a morrer depois de cumprida a suamiss'o
G% *essoa valoriza o papel de *ortugal junto da civiliza2'oocidental, ao coloc%-lo como resto !ue fta O ocidente, &uturo dopassado H um sentimento muito patri.tico a!uele !ue leva *essoaa antever a constru2'o de um imp"rio muito para alem do materiale " tamb"m esse sentimento o !ue o leva a apontar *ortugal comocabe2a e $t%lia e $nglaterra como cotovelos
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Os Campos
O das Quinas
Os Deuses vendem !uando d'o
Compra-se a gl.ria com desgra2a
Ai dos &elizes, por!ue s'o
I. o !ue passaJ
?aste a !uem basta o !ue lhe basta
O bastante de lhe bastarJ
A vida " breve, a alma " vasta:
>er " tardar
(oi com desgra2a e com vileza
ue Deus ao Cristo defniu:
Assim o opKs / 3atureza
E (ilho o ungiu
(ernando *essoa, in Mensagem
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O das Quinas sistematizao
O poeta &az uma s"rie de afrma2 es parado1ais + Os deusesvendem !uando d'o -, ou baseadas em jogos de palavras + ?astea !uem basta o !ue lhe basta + com um 4nico objetivo: mostrar!ue para se atingir a grandeza, para se con!uistar a gl.ria "indispens%vel estar disposto a so&rer + Compra-se a gl.ria com adesgra2a
ual ser%, pois, o destino do Lomem, mais particularmente odo Lomem portugu5sM O mesmo de Cristo: tal como Ele, osportugueses s. ascender'o a um plano superior, transcendendo-se,superando as limita2 es da pr.pria vida, por natureza e&"mera + Avida " breve, a alma " vasta
Est'o, ent'o, tra2adas as potencialidades da alma portuguesa,uma alma !ue se afrma vasta , grande + ser% esta grandeza dealma !ue presidir% todos os her.is de Mensagem
Ie se descodifcar o titulo do poema, as !uinascorrespondem /s cinco chagas de Cristo, s)mbolo do so&rimento emorte redentores da humanidade *or conseguinte, as !uinas s'o,desde logo, a e1press'o de !ue s. o sacri&)cio conduz / reden2'o e/ gl.ria, projetando a miss'o de *ortugal para um plano deespiritualidade
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Os Castelos
Ulisses
O mito " o nada !ue " tudo
O mesmo sol !ue abre os c"us
H um mito brilhante e mudo +
O corpo morto de Deus,
Fivo e desnudo
Este !ue a!ui aportou,
(oi por n'o ser e1istindo
Iem e1istir nos bastou
*or n'o ter vindo &oi vindo
E nos criou
Assim a lenda se escorre
A entrar nas realidade,
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E a &ecund%-la decorre
Em bai1o, a vida, metade
De nada, morre
(ernando *essoa, in Mensagem
Ulisses sistematizao
*essoa remonta / fgura m)tica de Nlisses para e1plicar a&unda2'o de *ortugal
Associadas / sua &unda2'o, n'o est% apenas o real, o &actualhist.rico, mas igualmente o m)tico, difcilmente e1plic%vel + O mito" o nada !ue " tudo Nlisses, sem e1istir , por!ue " mito, nosbastou , e por n'o ter vindo , por!ue n'o " real nos criou, ou seja,&oi essencial para sermos hoje o povo !ue somos
Nlisses " fgura lend%ria do navegador errante, cujo esp)ritoaventureiro o levou a en&rentar o mar durante dez longos anos,vivendo e ultrapassando os seus in4meros e di&)ceis obst%culos, at",fnalmente, aportar na sua ilha natal, @taca Nlisses antecipa, assim,o destino de um *ortugal voltado para a aventura mar)tima,celebrada na nossa hist.ria
Embora n'o e1istindo, Nlisses aparece associado aonascimento de *ortugal, mais propriamente / cidade de 9isboa, o!ue evidencia, desde logo, a miss'o espiritual de Mensagem Ele
representa o mito !ue, juntamente com a hist.ria, dar% vida a*ortugal Ele " o mito !ue &ecunda a realidade, dando sentido / vida+ A lenda se escorre a entrar na realidade E a &ecund%-la decorre
O parado1o inicial tese + O mito " o nada !ue " tudo " a seguirdemonstrado:
O mito + a lenda + " o nada n'o e1iste , mas, ao mesmo tempo," tudo por!ue e1plica o real, &ecundando-o: Assim a lenda seescorre A entrar na realidade, E a &ecund%-la decorre #
A importncia da referencia a Ulisses :- Nlisses " um her.i m)tico + Este, !ue a!ui aportou, (oi por
n'o ser e1istindo #- A sua e1ist5ncia lend%ria n'o invalida a sua &or2a criadora
da identidade nacional + Iem e1istir nos bastou *or n'oter vindo &oi vindo E nos criou #
- A sua liga2'o ao mar e1plica o destino mar)timo dosportugueses#
A terceira estrofe , iniciada pelo adv"rbio adjunto de modoAssim , sintetiza a tese inicial: com e&eito, na terra + Em bai1o
+ a vida real e objetiva + metade De nada + apaga-se para !ueo mito se engrande2a e eternize
Concluso : Nlisses n'o " nada, por!ue " mito, e1plica o destinomar)timo dos portugueses, !ue " tudo H irrelevante !ue os
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her.is &undadores tenham ou n'o tido e1ist5ncia real, o !ueimporta " !ue todos tenham &uncionado com a &or2a do mito!ue, n'o e1istindo, " tudo
Ulisses intertextualidadeCanto F$$$:
- Armada estacionada em Calecut- 3arrador: *aulo da 0ama- 3arrat%rio: Catual de Calecut
P QF5s outro, !ue do >ejo a terra pisa,Depois de ter t'o longo mar arado,Onde muros perp"tuos edifca,E templo a *alas, !ue em mem.ria fcaM
R Nlisses " o !ue &az a santa casaA Deusa, !ue lhe d% l)ngua &acunda#
ue, se l% na roia insigne abrasa,C% na Europa 9isboa ingente &unda
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,
Canto F$$$
>al como em Mensagem , Os Lusadas recuperam a lenda&undadora de Nlisses, atribuindo-lhe a &unda2'o de 9isboa
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Os Castelos
D. Afonso Henriques
*ai, &oste cavaleiro
Loje a vig)lia " nossa
D%-nos o e1emplo inteiro
E a tua inteira &or2aJ
D%, contra a hora em !ue, errada,
3ovos inf"is ven2am,
A b5n2'o como espada,
A espada como b5n2'oJ
(ernando *essoa, in Mensagem
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D. Afonso Henriques sistematizaoD A&onso Lenri!ues " apelidado pelo poeta de *ai Ele ",
simultaneamente, *ai e cavaleiro + *ai, por!ue &undador danacionalidade e, por isso, pai dos portugueses# cavaleiro, por!ue,com a espada , de&endeu e con!uistou o territ.rio portugu5s, mastamb"m se assumiu como de&ensor da &" Ent'o, o poeta pede-lhe!ue, nos dias de hoje, ele sirva de e1emplo aos portugueses e !ue asua &or2a inspire a uma a2'o !ue ven2a os novos inf"is , ou seja,todos a!ueles !ue se op em / miss'o espiritual e providencial de*ortugal !ue, para o poeta, " uma certeza inabal%vel
Espada : Con&ere luminosidade tudo / sua volta se torna claro # De&esa dos valores morais, religiosos, nacionais # I)mbolo de cavalaria uni'o m)stica entre o cavaleiro e a
espada# Falor pro&"tico# I)mbolo:
- Da 0uerra Ianta da guerra interior#- Do verbo, da palavra#- Da con!uista do conhecimento#- Da liberta2'o dos desejos#- Da espiritualidade#- Da vontade divina#
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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D. Afonso Henriques intertextualidade
PS Em nenhuma outra cousa confado,Ien'o no sumo Deus, !ue o C"u regia,
ue t'o pouco era o povo batizado,ue para um s. cem ;ouros haveria
Gulga !ual!uer ju)zo sossegado*or mais temeridade !ue ousadia,Cometer um tamanho ajuntamento,
ue para um cavaleiro houvesse cento
PP Cinco 8eis ;ouros s'o os inimigos,Dos !uais o principal $smar se chama#
>odos e1primentados nos perigosDa guerra, onde se alcan2a a ilustre &amaIeguem guerreiras damas seus amigos,$mitando a &ormosa e &orte Dama,
De !uem tanto os >roianos se ajudaram,E as !ue o >ermodonte j% gostaram
PR A matutina luz serena e &ria,As estrelas do *.lo j% apartava,
uando na Cruz o (ilho de ;aria,Amostrando-se a A&onso, o animavaEle, adorando !uem lhe aparecia,3a (" todo in amado assim gritava:T UAos inf"is, Ienhor, aos inf"is,E n'o a mim, !ue creio o !ue podeisJU
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9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto $$$
3BOs Lusadas , como n'o podia dei1ar de ser, " dado umdesta!ue enorme a D A&onso Lenri!ues, fgura !ue preenche asestro&es 6V a VP do canto $$$ Ele " o &undador da na2'o, o escolhidopor deus !ue legitima o seu poder ao aparecer-lhe na batalha deOuri!ue De resto, a lenda de Ouri!ue, muito alimentada desde os"culo WF$, serviu para con&erir uma dimens'o sagrada aonascimento de *ortugal 3a Mensagem , curiosamente, o poemadedicado a D A&onso Lenri!ues n'o re&ere a lenda, mas ela est% l%,impl)cita, atrav"s da espada b5n2'o
Os Castelos
D. Dinis
3a noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver
E ouve um sil5ncio m4rmuro consigo:
H o rumor dos pinhais !ue, como um trigo
De $mp"rio, ondulam sem se poder ver
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
?usca o Oceano por achar#
E a &ala dos pinhais, marulho obscuro,
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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H o som presente desse mar &uturo,
H a voz da terra ansiando pelo mar
(ernando *essoa, in Mensagem
D. Dinis sistematizao
*essoa evoca a fgura hist.rica de D Dinis, monarcaportugu5s da =X dinastia, flho de A&onso $$$ A sua prioridade
en!uanto rei &oi administrar e organizar o 8eino portugu5s e n'oguerrear, tendo assinado a paz com Castela em =6YZ (oram-lhesatribu)dos os cognomes O 9avrador e O >rovador , tanto peloimpulso !ue deu ao desenvolvimento da agricultura, como peloapre2o mani&estado pelo culto da arte de &azer poesia e pelaeleva2'o do portugu5s como l)ngua ofcial
Os dois primeiros versos do poema remetem, de imediato,para essa dupla &aceta + D Dinis escreve um seu Cantar de Amigoe " plantador de naus a haver , sendo estas constru)das com oproduto dos pinhais por ele mandados semear D Dinis representa,pois, a!uele para !uem a poesia ter%, entre outros, como objetivocantar o imp"rio portugu5s e a!uele !ue lan2ar% a semente de&uturos imp"rios
3os restantes versos, destaca-se toa uma serie de voc%bulos!ue e1primem sons, vozes, rumores, como se de uma pro&ecia setratasse marulho obscuro # &ala dos pinhais # o rumor dospinhais >odos eles pro&etizam a grande epopeia mar)timaportuguesa dos s"culos WF e WF$
D Dinis ", ent'o, o pro&eta !ue sabe intuir, de &orma sibilinaenigm%tica , o grande imp"rio das descobertas Assim, o !ue se
preconiza " o sonho &undador !ue permita a constru2'o de umtempo &uturo
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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D. Dinis intertextualidade
Y[ Eis depois vem Dinis, !ue bem pareceDo bravo A&onso estirpe nobre e dina,Com !uem a &ama grande se escureceDa liberalidade Ale1andrinaCom este o 8eino pr.spero orece
Alcan2ada j% a paz %urea divina
Em constitui2 es, leis e costumes,3a terra j% tran!uila claros lumes
YZ (ez primeiro em Coimbra e1ercitar-seO valeroso o&)cio de ;inerva#E de Lelicona as ;usas &ez passar-seA pisar do ;onde-o a &"rtil erva
uanto pode de Atenas desejar-se, >udo o soberbo Apolo a!ui reservaA!ui as capelas d% tecidas de ouro,
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Do b%caro e do sempre verde louro
YV 3obres vilas de novo edifcou(ortalezas, castelos mui seguros,E !uase o 8eino todo re&ormouCom edi&)cios grandes, e altos muros
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto $$$
D Dinis n'o poderia dei1ar de fgurar na Mensagem , obra !uese ocupa sobretudo dos mitos e / !ual da List.ria, interessaprecisamente a mat"ria m)tica 3esse sentido, D Dinis fgura comoum mito da inicia2'o, o antecipador da grande empresa dedescoberta do mar desconhecido, a!uele !ue soube escutar a vozdo mar G% nBOs Lusadas , epopeia !ue se ocupa da mat"ria hist.ricaelaborada como caminho para a constru2'o do imp"rio, da gl.ria edo hero)smo, D Dinis merece pouco mais de duas breves estro&es,pois ele n'o " um rei guerreiro e os seus &eitos n'o s'o &eitos dearmas
As uinas
D. e!astio" #ei de $ortu%al
9ouco, sim, louco, por!ue !uis grandeza
ual a Iorte a n'o d%
3'o coube em mim minha certeza#
*or isso onde o areal est%
(icou meu ser !ue houve, n'o o !ue h%
;inha loucura, outros !ue me a tomem
Com o !ue nela ia
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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A loucura do rei, de sinal positivo, projeta-se no desejo deultrapassar os limites do homem, na ousadia de transmitir o seusonho aos outros + ;inha loucura, outros !ue me a tomem Como !ue nela ia
O jogo dos tempos verbais + ser !ue houve n'o o !ue h% +
e1prime a dicotomia entre o ser mortal, o D Iebasti'o hist.rico!ue fcou no areal de Alc%cer uibir , e o ser imortal, o DIebasti'o m)tico + o sonho, o desejo de grandeza#
Esta esp"cie de loucura, &ecundante !ue d% &rutos , distingue ohomem da besta sadia, Cad%ver adiado !ue procriaM #
D Iebasti'o " ais um agente da busca de realiza2'o do sonhoobjetivo da Mensagem pessoana#
D Iebasti'o como fgura messinica
D. Sebastio, Rei de Portugal intertextualidade
H a D Iebasti'o !ue Cam es dedica Os Lusadas e " a este rei!ue o poeta dirige o apelo, no sentido de continuar a tradi2'o dosantigos her.is portugueses, para &azer ressurgir a *%tria da
apagada e vil tristeza do presente + Dedicat.ria 3a Mensagem , DIebasti'o o Iebastianismo " o mito organizador e articulador daobra, no sentido de !ue ele representa, precisamente, o sonho !ueressurgir% do nevoeiro em !ue o *ortugal do presente est%mergulhado, impulsionando a constru2'o do &uturo, a utopia !ue "a &or2a criadora de novos mundos, !uer a n)vel individual, !uer an)vel coletivo
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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O &nfante
Deus !uer, o homem sonha, a obra nasce
Deus !uis !ue a terra &osse toda uma,
ue o mar unisse, j% n'o separasse
Iagrou-te, e &oste desvendando a espuma,
E a orla branca &oi de ilha em continente,
Clareou, correndo, at" ao fm do mundo,
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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E viu-se a terra inteira, de repente,
Iurgir, redonda, do azul pro&undo
uem te sagrou criou-te portugu5s
Do mar e n.s em ti nos deu sinal,
Cumpriu-se o mar, e o $mp"rio se des&ez
Ienhor, &alta cumprir-se *ortugalJ
(ernando *essoa, in Mensagem
&nfante D. Henrique + grande impulsionador dos descobrimentos >endode&endido uma politica e1pansionista voltada para a descoberta, &oi o respons%velpela escola de Iagres e levou a cabo a realiza2'o de uma s"rie de descobertas!ue englobam os ar!uip"lagos dos A2ores e da ;adeira e a costa ocidentala&ricana at" pr.1imo do e!uadorO Infante + sistematizao
3o poema !ue abre a segunda parte de Mensagem , *essoarecupera a fgura do in&ante D Lenri!ue, um her.i, um dos eleitospor Deus !ue &oi protagonista da vontade divina + Deus !uer + e!ue cumpriu a miss'o para a !ual &oi designado + a obra nasce "ent'o re&or2ada, neste poema, a ideia do her.i m)tico, a!uele !ueDeus manipula !uase como um t)tere, o !ue obedece /s suasordens e cumpre os seus des)gnios
Essa obra &oi grandiosa: a descoberta da >erra na suatotalidade e verdadeira &orma, atrav"s da posse do mar + E viu-se a
>erra inteira, de repente, Iurgir, redonda, do azul pro&undo*or"m, o poeta antecipa o des&echo desventurado da saga
mar)tima dos portugueses + povo !ue deu o mundo ao mundo,con!uistando o mar, mas cujo imp"rio se &oi progressivamentedissolvendo + E o $mp"rio se des&ez
O poema encerra, ent'o, um tom desencantado + Ienhor,&alta cumprir-se *ortugalJ +, mas no !ual se pretende a certeza de
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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!ue " poss)vel recuperar a grandeza perdida e construir um *ortugalnovo, &azendo alus'o ao mito do uinto $mp"rio
O 'ostren%o
O mostrengo !ue est% no fm do mar3a noite de breu ergueu-se a voar#\ roda da nau voou tr5s vezes,Foou tr5s vezes a chiar,E disse: uem " !ue ousou entrar3as minhas cavernas !ue n'o desvendo,
;eus tetos negros do fm do mundoME o homem do leme disse, tremendo:El-rei D Go'o IegundoJ
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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De !uem s'o as velas onde me ro2oM
De !uem as !uilhas !ue vejo e ou2oMDisse o mostrengo, e rodou tr5s vezes,
>r5s vezes rodou imundo e grossouem vem poder o !ue s. eu posso,
ue moro onde nunca ningu"m me visseE escorro os medos do mar sem &undoME o homem do leme tremeu, e disse:
El-rei D Go'o IegundoJ
>r5s vezes do leme as m'os ergueu, >r5s vezes ao leme as reprendeu,E disse no fm de tremer tr5s vezes:
A!ui ao leme sou mais do !ue eu:Iou um povo !ue !uer o mar !ue " teu#E mais !ue o mostrengo, !ue me a alma temeE roda nas trevas do fm do mundo,
;anda a vontade, !ue me ata ao leme,D] El-rei D Go'o IegundoJ
(ernando *essoa, in Mensagem
O Mostrengo + sistematizao
Este poema simboliza a intermin%vel e di&)cil tare&a dacon!uista do mai, o poeta narra o encontro + a!uando da primeirapassagem do cabo das >ormentas em =PVV + entre a fgura horrendado ;ostrengo e o homem do leme, representante de todos osprotagonistas da aventura mar)tima, os navegadores portugueses
3uma rela2'o clara de in&erioridade &)sica com o monstromarinho, o homem do leme n'o se dei1a intimidar, e lan2a-lhe o seudesafo: dar cumprimento / vontade in e1)vel de D Go'o $$
Ao dominar o ;ostrengo, o homem do leme protagoniza avit.ria dos navegadores portugueses sobre todos os obst%culos !ueo mar o&erecia: os medos e os in4meros perigos
*oema cuja e1tens'o parece !uerer simbolizar o longo e di&)cilprocesso de con!uista do mar:
O car%ter narrativo do poema#
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
22/62
O dialogo a tr5s vozes: sujeito po"tico, ;ostrengo e homem doleme#
A simbologia do ;ostrengo: todos os perigos, medos eobst%culos#
A dimens'o simb.lica do homem do leme: an.nimo !ue d% voz
ao sentir e / ousadia de um povo# *oema eco da tradi2'o lend%ria: o desafo do homem &ace aoslimites da sua condi2'o humana#
A insist5ncia no numero tr5s e sua simbologia
O ;ostengo: 8evela atitudes intimidat.rias, amea2adoras, amedrontadoras# H in&orme n'o tem uma &orma concreta # Est% carregado de conota2'o negativa# H pouco defnido, pouco descrito n'o tem identidade # Iimboliza os perigos do mar, os obst%culos, as adversidades e os
medos
O Mostrengo + intertextualidadeSZ *or"m j% cinco I.is eram passados
ue dali nos part)ramos, cortandoOs mares nunca doutrem navegados,*rosperamente os ventos assoprando,
uando uma noite estando descuidados3a cortadora proa vigiando,Nma nuvem !ue os ares escurece,Iobre nossas cabe2as aparece
SV >'o temerosa vinha e carregada,ue pKs nos cora2 es um grande medo#
?ramindo o negro mar, de longe brada,
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
23/62
Como se desse em v'o nalgum rochedoU^ *otestade disse sublimada:
ue amea2o divino, ou !ue segredoEste clima e este mar nos apresenta,
ue mor cousa parece !ue tormentaMU
SY 3'o acabava, !uando uma fguraIe nos mostra no ar, robusta e v%lida,De dis&orme e grand)ssima estatura#O rosto carregado, a barba es!u%lida,Os olhos encovados, e a postura;edonha e m%, e a cor terrena e p%lida#Cheios de terra e crespos os cabelos,A boca negra, os dentes amarelos
Q
P= E disse: T U^ gente ousada, mais !ue !uantas3o mundo cometeram grandes cousas,
>u, !ue por guerras cruas, tais e tantas,E por trabalhos v'os nunca repousas,*ois os vedados t"rminos !uebrantasE navegar meus longos mares ousas,
ue eu tanto tempo h% j% !ue guardo e tenho3unca arados de estranho ou pr.prio lenho:
Q
PS Iabe !ue !uantas naus esta viagemue tu &azes, fzerem de atrevidas,
$nimiga ter'o esta paragem,Com ventos e tormentas desmedidasJE da primeira armada !ue passagem(izer por estas ondas inso&ridas,Eu &arei de improviso tal castigo,
ue seja mor o dano !ue o perigoJ
QPY ;ais ia por diante o monstro horrendo
Dizendo nossos &ados, !uando al2ado9he disse eu: T uem "s tuM !ue esse estupendoCorpo certo me tem maravilhado TA boca e os olhos negros retorcendo,E dando um espantoso e grande brado,;e respondeu, com voz pesada e amara,Como !uem da pergunta lhe pesara:
R7 UEu sou a!uele oculto e grande Cabo,A !uem chamais v.s outros >orment.rio,ue nunca a *tolomeu, *ompKnio, Estrabo,
*l)nio, e !uantos passaram, &ui not.rio
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
24/62
A!ui toda a A&ricana costa acabo3este meu nunca visto *romont.rio,
ue para o *.lo Antarctico se estende,A !uem vossa ousadia tanto o&ende
R= (ui dos flhos asp"rrimos da >erra,ual Enc"lado, Egeu e o Centimano#
Chamei-me Adamastor, e &ui na guerraContra o !ue vibra os raios de Fulcano#3'o !ue pusesse serra sobre serra,;as con!uistando as ondas do Oceano,(ui capit'o do mar, por onde andavaA armada de 3etuno, !ue eu buscava
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto F
Entre o ;ostrengo de Mensagem e o Adamastor de OsLusadas h% a considerar o &acto, muito signifcativo, de ambos sesituarem no centro das respetivas obras, &uncionando como ei1osestruturantes
O ;ostrengo e o Adamastor surgem como s)mbolo dos perigose das difculdades !ue se apresentam ao ser humano !ue !uerconhecer novos mundos I'o n'o s. o s)mbolo dos problemas aen&rentar !uando se pretende e1plorar o desconhecido, mastamb"m !uando o homem deseja descer ao interior de si pr.prio
Cam es procura, &undamentalmente, demonstrar !ue muitosdos gigantes , ou difculdades, adv5m da &alta de conhecimento edo medo de correr riscos O homem tem de se superar paraultrapassar os problemas com !ue se depara Fencendo-se, venceos seus medos e pode descobrir o !ue lhe estava oculto
A fgura do ;ostrengo mant"m toda a simbologia do&ant%stico !ue se contava e !ue amedrontava mesmo os maiscorajosos O poema pessoano simboliza as difculdades sentidaspelos portugueses na con!uista do mar, contrapondo o medo com acoragem do marinheiro portugu5s perante a!uele ser imundo egrosso , vencendo os seus medos
O igante Ada!astor + sistematizao
A exaltao do (er)i + e1atamente por serem ditas por um sert'o tem)vel, as palavras do Adamastor sobre a ousadia dosportugueses t5m um e&eito duplamente e1altante: a!uela genteousada , mais !ue !uantas no mundo cometeram grandescousas , ignorou as interdi2 es, ultrapassou os limites vedadost"rminos , para desvendar o desconhecido, ver os segredosescondidos da natureza e do h4mido elemento , o !ue nenhum ser,
nobre o imortal, se tenha atrevido a tentar + " mais uma vez acon!uista do conhecimento, do saber, ancorado na observa2'o, !uese coloca em desta!ue como um dos grandes &eitos da viagem
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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A a*rmao do (er)i + a coragem do her.i afrma-se peloen&rentar do medo, por ousar conhec5-lo, deci&r%-lo# assim, o uso dapalavra, por parte de Fasco da 0ama, interrompendo as palavrasamea2adoras da monstruosa fgura, a pergunta sobre a suaidentidade uem "s tuM s'o o momento simb.lico de afrma2'oda grandeza do homem
O desfazer do mito + tendo sobre os humanos a vantagem deconhecer para amem do presente, o !ue mostra ao pro&etizardesgra2as &uturas, o gigante, no fnal, retira-se com um medonhochoro , depois de ter contado a sua hist.ria (ora, afnal, vencido noamor e na guerra, iludido e aprisionado# assim, ao tornar-seconhecido, desvanece-se o seu car%ter amea2ador
im!olo%ia do epis)dio + o 0igante Adamastor representa omaior de todos os obst%culos na realiza2'o de !ual!uer viagem,
seja !ual &or a sua natureza + o medo do desconhecido Comovencer os limites paralisantes, por vezes, !ue a prud5ncia imp eMComo preparar o con&ronto com n'o se sabe o !u5M Com !ue armasse luta com o !ue se desconheceM *erante o desconhecido, osnavegadores en&rentaram o terror, desvendaram os seus mist"rios eo desconhecido dei1ou de o ser *ortanto, o epis.dio simboliza avit.ria sobre o medo !ue os perigos ignorados da naturezaprovocavam + em O ;ostrengo , encontramos naturalmente amesma inten2'o simb.lica
'ar portu%u+s
^ mar salgado, !uanto do teu sal
I'o l%grimas de *ortugalJ
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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*or te cruzarmos, !uantas m'es choraram,
uantos flhos em v'o rezaramJ
uantas noivas fcaram por casar
*ara !ue &osses nosso, . marJ
Faleu a penaM >udo vale a pena
Ie a alma n'o " pe!uena
uem !uer passar al"m do ?ojador
>em !ue passar al"m da dor
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
;as nele " !ue espelhou o c"u
(ernando *essoa, in Mensagem
Mar Portugu"s + sistematizao
O poeta dirige-se ao mar, um mar respons%vel pelo so&rimentodas m'es, dos flhos, das noivas, de todos a!ueles !ue ousaramcruzar as suas %guas com o intuito de o dominarem + para !ue&osses nosso, . marJ
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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>er% valido a pena tanto so&rimentoM >udo vale apena uando a alma n'o " pe!uena + " mais uma maneira de opoeta afrmar a importncia da vontade da alma humana, vontadesempre insaci%vel
Ie, na primeira estro&e, o mar " sinonimo de dor, j% nasegunda, aparece associado / con!uista do absoluto De &acto, omar encerra perigo e abismo , mas tamb"m espelha o c"u , ouseja, o&erece recompensas ao permitir o acesso a um pr"miosuperior, seja ele a verdade, a heroicidade, a imortalidade, agl.ria
A ap.stro&e inicial indicia a atmos&era emotiva do poema:
A e1pressividade da enumera2'o de todos !uantos participaramna sa&a so&rida das Descobertas#
O valor simb.lico da circularidade da primeira estro&e + ^ mar . marJ # A interroga2'o ret.rica a iniciar o car%ter re e1ivo da segunda
estro&e# O mar como espa2o de concilia2'o do perigo e da recompensa# O mar, s)mbolo da con!uista do absoluto, do divino# O sentido patri.tico, de abnega2'o, o esp)rito de miss'o dos
navegadores
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Mar Portugu"s + intertextualidade
VY Em t'o longo caminho e duvidoso*or perdidos as gentes nos julgavam,As mulheres cum choro piadoso ,Os homens com suspiros !ue arrancavam;'es, Esposas, $rm's, !ue o temerosoAmor mais desconfa, acrecentavam A desespera2'o e &rio medoDe j% nos n'o tornar a ver t'o cedo
Y7 ual vai dizendo: T ^ flho, a !uem eu tinhaI. pera re&rig"rio, e doce emparoDesta cansada j% velhice minha,
ue em choro acabar%, penoso e amaro,*or !ue me dei1as, m)sera e mes!uinhaM*or !ue de mi te vas, . flho caro,
A &azer o &un"reo enterramento,Onde sejas de pe1es mantimentoM
Y= ual em cabelo: TU^ doce e amado esposo,Iem !uem n'o !uis Amor !ue viver possa*or !ue is aventurar ao mar irosoEssa vida !ue " minha, e n'o " vossaMComo, por um caminho duvidoso,Fos es!uece a a&ei2'o t'o doce nossaM3osso amor, nosso v'o contentamento,
uereis !ue com as velas leve o ventoMU
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto $F
As l%grimas de *ortugal !ue tornaram salgado o mar deMensagem s'o as l%grimas choradas nB Os Lusadas pelas mulheres!ue, na praia, se despediram dos marinheiros !ue partiram nagrande aventura de Fasco da 0ama, nas Despedidas em ?el"m
Des#edidas e! $el%! + sistematizao
Este epis.dio " um momento particularmente l)rico danarrativa, pondo a t.nica nos sentimentos do !ue fcavam, !ueantecipadamente choravam a perda dos !ue partiam, bem comonos destes, !ue tiveram !ue en&rentar esse primeiro obst%culo + ador !ue in igiam aos seres amados, as saudades !ue eles pr.prios
j% come2avam a sentir Antes dos her.is, em particular Fasco da0ama, v5m as mais &r%geis + m'es, esposas, irm's , velhos e osmininos , os mesmos cujas l%grimas dar'o sal ao mar do poema deMensagem
Assim, nestas estancias dB Os Lusadas , h% um ambiente dedor e de pessimismo provocado pela antecipa2'o dos perigos !uea!ueles !ue partem v'o en&rentar 3o poema ;ar *ortugu5s , estaconsci5ncia do perigo, !ue tamb"m provoca dor e so&rimento, "
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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eivada de otimismo, por a dor " encarada como um meio necess%riopara alcan2ar o sonho, " uma &ase do caminho para atingir oabsoluto
$rece
Ienhor, a noite veio e a alma " vil
>anta &oi a tormenta e a vontadeJ
8estam-nos hoje, no sil5ncio hostil,
O mar universal e a saudade
;as a chama, !ue a vida em n.s criou,
Ie ainda h% vida ainda n'o " fnda
O &rio morto em cinzas a ocultou:
A m'o do vento pode ergu5-la ainda
D% o sopro, a aragem + ou desgra2a ou nsia +,
Com !ue a chama do es&or2o se remo2a,
E outra vez con!uistemos a Distancia +
Do mar ou outra, mas !ue seja nossaJ
(ernando *essoa, in Mensagem
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Pre&e + sistematizao
>rata-se do ultimo poema da segunda parte de Mensagem ,;ar *ortugu5s, onde s'o e1altados os acontecimentos e o her.isdas descobertas mar)timas portuguesas, constituindo, tamb"m, umprenuncio da linha tem%tica estruturadora da ultima parte deMensagem + o Encoberto
O poema ", sem duvida, um apelo a uma entidade divina esuperior + Ienhor + em !uem o sujeito po"tico deposita aesperan2a de um &uturo redentor Ie, na primeira !uadra dominaum sentimento de desencanto e a dis&oria se torna not.ria, no restodo poema sucede a certeza de !ue nem tudo " irremedi%vel e de
!ue " poss)vel restaurar a grandeza perdida, ou, pelo menos,con!uistar uma outra grandeza + o poeta acredita !ue " poss)velrecuperar o passado grandioso e avan2ar para um &uturo promissore positivo Assim, para ele, a esperan2a ainda sobrevive, a chamada vida ainda n'o est% completamente e1tinta, ela apenas dormedebai1o do &rio morto em cinzas
O !ue " preciso, ent'oM ?asta !ue a m'o do vento a erga,basta apenas um golpe de vontade e, uma vez levantado o sopro, aaragem , o es&or2o ganhar% &orma e, de novo, haver% a certeza decon!uistar a Distncia Esta distncia n'o tem necessariamente!ue ser a do mar, mas ser%, sobretudo, nossa , ou seja, ser% acondi2'o redentora do desencanto do povo portugu5s O tom dasduas !uadras ", pois, a de um choro apelo / a2'o, numa antevis'ode um novo imp"rio, o uinto $mp"rio + um imp"rio n'o maismaterial por!ue eterno
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Pre&e + intertextualidade
=PR 3o mais, ;usa, no mais, !ue a lira tenhodestemperada e a voz enrou!uecida,e n'o do canto, mas de ver !ue venhocantar a gente surda e endurecidaO &avor com !ue mais se acende o engenhon'o no d% a p%tria, n'o, !ue est% metida
no gosto da cobi2a e na rudezaduma austera, apagada e vil tristeza
=P[ E n'o sei por !ue in u1o de destinon'o tem um ledo orgulho e geral gosto,!ue os nimos levanta de continuoa ter para trabalhos ledo o rosto*or isso v.s, . 8ei, !ue por divinoconselho estais no r"gio s.lio posto,olhai !ue sois e vede as outras gentesIenhor s. de vassalos e1celentes
=PZ Olhai !ue ledos v'o, por v%rias vias,!uais rompentes le es e bravos touros,dando os corpos a &omes e vigias,a &erro, a &ogo, a setas e pelouros,a !uentes regi es, a plagas &rias,a golpes de $dol%tras e de ;ouros,a perigos inc.gnitos do mundo,a nau&r%gios, a pei1es, ao pro&undo
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto W
3este poema, o sujeito l)rico lamenta o presente de cinzas em!ue a p%tria est% mergulhada depois de ter vencido tanta
tormenta e ter tido tanta vontade e e1prime o desejo deressurgimento impulsionado pela vontade de novos embates com odesconhecido, na persegui2'o da verdade !ue s. " poss)velalcan2ar seguindo a chama vital do sonho Do mesmo modo, nofnal de Os Lusadas , o poeta, !ue cantou a vontade indom%vel dosguerreiros e nautas do passado, e1prime a amargura de saber !ue,no presente, a p%tria est% metida 3o gosto da cobi2a e darudeza Duma austera, apagada e vil tristeza , por isso, apela a D
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Iebasti'o, para !ue o rei impulsione o ressurgimento da luta,en&rentando perigos inc.gnitos do mundo
D. e!astio
]IperaiJ Cai no areal e na hora adversa
ue Deus concede aos seus
*ara o intervalo em !ue esteja a alma imersa
Em sonhos !ue s'o Deus
ue importa o areal e a morte e a desventura
Ie com Deus me guardeiM
H O !ue eu me sonhei !ue eterno dura,
H Esse !ue regressarei
(ernando *essoa, in Mensagem
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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D. Sebastio + sistematizao
Este poema, !ue abre a terceira parte de Mensagem ,utilizando um discurso na primeira pessoa, inicia-se com um apelodo rei aos portugueses, a !uem o monarca transmite a esperan2a
de um &uturo promissor *ara o rei, a hora adversa do presenten'o " mais do !ue o intervalo necess%rio para o inicio darealiza2'o de um grande sonho universal e eterno + " o !ue eu mesonhei !ue eterno dura + !ue ultrapassar% a precariedade domomento em !ue o D Iebasti'o hist.rico, a!uele !ue desaparecerna batalha de Alc%cer uibir, caiu no areal
A derrota, em Alc%cer uibir, assim, apresentada como ummal necess%rio para se ultrapassar a dimens'o material e e&"merado imp"rio portugu5s + o areal e a morte e a desventura + e secome2ar a construir uma outra grandeza possuidora de umadimens'o espiritual e eterna, o uinto $mp"rio, inspirado na fgurado rei + H esse !ue regressarei O rei assume-se como umaesp"cie de messias, um enviado de Deus + ue Deus concede aosseus # Ie com Deus me guardeiM +, um salvados !ue conduzir% oseu povo / gl.ria eterna
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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O Quinto &mp,rio
>riste de !uem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Iem !ue um sonho, no erguer de asa
(a2a at" mais rubra a brasa
Da lareira a abandonarJ
>riste de !uem " &elizJ
Five por!ue a vida dura
3ada na alma lhe diz;ais !ue a li2'o da raiz
>er por vida a sepultura
Eras sobre eras se somem
3o tempo !ue em eras vem
Ier descontente " ser homem
ue as &or2as cegas se domem*ela vis'o !ue a alma temJ
E assim, passados os !uatro
>empos do ser !ue sonhou,
A terra ser% teatro
Do dia claro, !ue no atro
Da erma noite come2ou
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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0r"cia, 8oma, Cristandade,
Europa + os !uatro se v'o
*ara onde vai toda idade
uem vem viver a verdade
ue morreu D Iebasti'oM
(ernando *essoa, in Mensagem
O Quinto I!#%rio + sistematizao
3este poema, pessoa assume, de &orma clara e e1plicita, o
!ue se j% vinha anunciando ao longo de ;ensagem, o &uturoredentor de *ortugal est% indissociavelmente ligado / constru2'o deum imp"rio de caracter)sticas espirituais e eternas, o uinto$mp"rio
As primeiras tr5s estro&es constituem uma re e1'o sobre acondi2'o humana *artindo de afrma2 es provocat.rias econtroversas + >riste de !uem vive em casa Contente com o seular # >riste de !uem " &elizJ +, pretende-se mostrar !ue a&elicidade torna o Lomem acomodado, trans&ormando-o num sersem sonhos, !ue apenas Five por!ue a vida dura e !ue nada mais&az durante a sua e1ist5ncia do !ue esperar a morte + >er por vidaa sepultura A conclus'o deste momento re e1ivo " a de !ue serhomem passa pelo descontentamento !ue leva / realiza2'o degrandes obras
3as duas ultimas estro&es, o poeta desvenda a chave dopoema : o desencanto do presente erma noite ser% ponto departida para uma nova era designada como dia claro Esta novaera distancia-se das gl.rias materiais + uem vem viver averdade ue morreu D Iebasti'oM + e apresenta-se como acontinuadora das matrizes espirituais !ue moldaram a identidadeeuropeia ao longo dos s"culos + 0r"cia a origem da civiliza2'oOcidental , 8oma a pot5ncia !ue e1pandiu os &undamentos greco-latinos , Cristandade a dimens'o espiritual e humanista europeia ,Europa in uencia europeia no resto do mundo, operada ap.s arenascen2a Estes !uatro >empos tiveram o seu ciclo de vida,mas o uinto $mp"rio, imp"rio da l)ngua e cultura portuguesas, n'os. conduzir% *ortugal a uma nova gl.ria, como ser% eterna euniversal
O poema constr.i-se a partir de: Oposi2 es dominantes: o homem !ue vegeta o homem !ue
sonha# o homem !ue se acomoda o homem !ue ambiciona# E1pressividade do parado1o >riste de !uem " &elizJ
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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A passagem do tempo e o descontentamento inerente /condi2'o humana, como molas impulsionadoras do nascimentodos !uatro imp"rios de car%ter temporal 0r"cia, 8oma,Cristandade, Europa #
A certeza da vinda de um &uturo promissor + dia claro + j%
pressentido no atro Da erma noite # O uinto $mp"rio, de car%ter transcendente e espiritual,constru)do por uma nova gera2'o de homens purifcados,detentores da verdade + uem vem viver a verdade uemorreu D Iebasti'oM
O Quinto I!#%rio + intertextualidade
8ela2'o do advento do uinto $mp"rio com as pro&ecias de G4piter no Cons)lio dos Deuses:
6P Eternos moradores do luzenteEstel)&ero *.lo, e claro Assento:Ie do grande valor da &orte genteDe 9uso n'o perdeis o pensamento,Deveis de ter sabido claramente,Como " dos &ados grandes certo intento
ue por ela se es!ue2am os humanosDe Ass)rios, *ersas, 0regos e 8omanos
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto $
Cam es &oi o "pico !ue imortalizou o imp"rio portugu5s, aov5-lo atingir o seu apogeu com os Descobrimentos *essoa " ocantor "pico-l)rico !ue canta o impero / beira m%goa , procurandodespertar os esp)ritos para a necessidade do seu ressurgimento Ienas duas primeiras partes da Mensagem " poss)vel umaapro1ima2'o a Os Lusadas , na terceira parte, *essoa sente-seinvestido no cargo de anunciador do uinto $mp"rio, !ue n'o
precisa de ser material, mas civilizacional
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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-erceiro
]Icrevo meu livro / beira m%goa;eu cora2'o n'o tem !ue ter
>enho meus olhos !uentes de %gua
I. tu, Ienhor, me d%s viver
I. te sentir e te pensar
;eus dias v%cuos enche e doura
;as !uando !uerer%s voltarM
uando " o 8eiM uando " a LoraM
uando vir%s a ser o Cristo
De a !uem morreu o &also Deus,
E a despertar do mal !ue e1isto
A 3ova >erra e os 3ovos C"usM
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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uando vir%s, . Encoberto,
Ionho das eras portugu5s,
>ornar-me mais !ue o sopro incerto
De um grande anseio !ue Deus &ezM
Ah, !uando !uerer%s, voltando
(azer minha esperan2a amorM
Da n"voa e da saudade !uandoM
uando, meu Ionho e meu IenhorM
(ernando *essoa, in Mensagem
'er&eiro + sistematizao
Este " o 4nico poema de ;ensagem !ue n'o apresenta titulo,sendo, por esse &acto, considerado como a!uele em !ue o discursose identifca com o pr.prio *essoa
O poema estrutura-se em torno do desencanto e da m%goa dopoeta !ue sente os seus dias v%cuos , o vazio !ue subjaz / ru)nado imp"rio, e !ue anseia pela chegada de um messias, de umsalvador, !ue possa restituir a *ortugal a grandeza perdida +
uando vir%s, Encoberto, Ionho das eras portugu5sO predom)nio das interroga2 es revela essa dor do presente e
a nsia da chegada da 3ova >erra e dos 3ovos C"us Atende-se,ainda, na identifca2'o realizada pelo sujeito po"tico entre o sonho ea entidade divina inspiradora + uando, meu Ionho e meuIenhorM + !ue o torna uma das &or2as impulsionadoras da vontadehumana
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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'er&eiro + intertextualidade
=PR 3o mais, ;usa, no mais, !ue a lira tenhodestemperada e a voz enrou!uecida,e n'o do canto, mas de ver !ue venhocantar a gente surda e endurecidaO &avor com !ue mais se acende o engenhon'o no d% a p%tria, n'o, !ue est% metidano gosto da cobi2a e na rudezaduma austera, apagada e vil tristeza
=RR *ara servir-vos, bra2o /s armas &eito,*ara cantar-vos, mente /s ;usas dada#I. me &alece ser a v.s aceito,De !uem virtude deve ser prezadaIe me isto o C"u concede, e o vosso peitoDigna empresa tomar de ser cantada,Como a pressaga mente vaticinaOlhando a vossa inclina2'o divina
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto W
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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O fnal da ;ensagem apro1ima-se e o poeta e1prime a suatristeza e vazio pela p%tria / beira-m%goa uer anunciar a vindado &uturo, ser mais do !ue o sopro incerto De um grande anseio!ue Deus &ez , mas tem j% os olhos !uentes de %gua ComoCam es no fnal de Os 9us)adas, !uando desalentado escreve 3'omais, ;usa, n'o mais, !ue a 9ira tenho Destemperada e a vozenrou!uecida e mais / &rente, diz a D Iebasti'o *ara servir-vos,bra2o /s armas &eito: *ara cantar-vos, mente /s ;usas dada
e/oeiro
3em rei nem lei, nem paz nem guerra,
defne com perfl e ser
este &ulgor ba2o da terra
!ue " *ortugal a entristecer +
brilho sem luz e sem arder,
como o !ue o &ogo-&%tuo encerra
3ingu"m sabe !ue coisa !uer3ingu"m conhece !ue alma tem,
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
41/62
nem o !ue " mal nem o !ue " bem
ue nsia distante perto choraM
>udo " incerto e derradeiro
>udo " disperso, nada " inteiro
^ *ortugal, hoje "s nevoeiro
H a LoraJ
Valete, Fratres
(ernando *essoa, in Mensagem
(e)oeiro + sistematizao
O poema fnal de ;ensagem apresenta uma caracteriza2'onegativa de *ortugal, pa)s marcado pela &alta de identidade, deentusiasmo, de objetivos e de valores morais
*ortugal " um pais &ragmentado, mergulhado na incerteza,vivendo / sobra de um passado glorioso !ue morreu + Como !ue o&ogo-&%ctuo encerra 3o entanto, o nevoeiro !ue envolve *ortugaltraz em si o g"rman da mudan2a, indicia um outro tempo anunciadopela e1clama2'o fnal + H a LoraJ + e pela sauda2'o latina +
Falete &ratres H o tempo do uinto $mp"rio, !ue dar% / l)ngua ecultura portuguesas uma dimens'o eterna e universal
O poema apresenta um tom melanc.lico: Caracterizado pela negativa deste *ortugal a entristecer # Falor e1pressivo da personifca2'o de *ortugal# (alta de identidade nacional sublinhada pelas constru2 es
negativas# Estado de indefni2'o, incerteza, dispers'o: aus5ncia de
totalidade + nada " inteiro # Iimbologia do t)tulo# A s)ntese !ue a ap.stro&e fnal encerra# O apelo H a LoraJ como resposta /s interroga2 es do poema
Icrevo o meu livro / beira-m%goa
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
42/62
(e)oeiro + intertextualidade
=PR 3o mais, ;usa, no mais, !ue a lira tenhodestemperada e a voz enrou!uecida,e n'o do canto, mas de ver !ue venhocantar a gente surda e endurecidaO &avor com !ue mais se acende o engenhon'o no d% a p%tria, n'o, !ue est% metidano gosto da cobi2a e na rudezaduma austera, apagada e vil tristeza
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto W
3este poema, como em *rece, o sujeito l)rico lamenta opresente de indefni2'o e crise em !ue a p%tria est% mergulhada ee1orta / mudan2a !ue e!uivale ao erguer do sonho do combatecom o desconhecido, na persegui2'o da verdade Do mesmo modo,no fnal de Os 9us)adas, o poeta e1prime a amargura de saber ap%tria metida 3o gosto da cobi2a e na rudeza Duma austera,
apagada e vil tristeza , para depois &azer um apelo a D Iebasti'o,no sentido de impulsionar o ressurgimento da lutaAssim, o retrato de *ortugal !ue Cam es &az na sua obra
apro1ima-se do retrato &eito em 3evoeiro + " o *ortugal a
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
43/62
entristecer ?rilho sem luz e sem arder , de *essoa A desilus'o ",por"m, maior: &alta-lhe o grito de esperan2a !ue encontramos nopoema pessoano
Os s)mbolos
As &l(as Afortunadas
ue voz vem no som das ondas
ue n'o " a voz do marM
H a voz de algu"m !ue nos &ala,
;as !ue, se escutamos, cala,
*or ter havido escutar
E s. se, meio dormindo,
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
44/62
Iem saber de ouvir ouvimos,
ue ela nos diz a esperan2a
A !ue, como uma crian2a
Dormente, a dormir sorrimos
I'o ilhas a&ortunadas,
I'o terras sem ter lugar,
Onde o 8ei mora esperando
;as, se vamos despertando,
Cala a voz, e h% s. o mar
(ernando *essoa, in Mensagem
Os I)mbolos
O Dese0ado
Onde !uer !ue, entre sombras e dizeres,
Gazas, remoto, sentete sonhado,
E ergue-te do &undo de n'oseres
*ara teu novo &adoJ
Fem, 0alaaz com p%tria, erguer de novo,
;as j% no auge da suprema prova,
A alma penitente do teu povo
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
45/62
\ Eucaristia 3ova
;estre da *az, ergue teu gl%dio ungido,
E1calibur do (im, em jeito tal
ue sua 9uz ao mundo dividido
8evele o Ianto 0ralJ
(ernando *essoa, in Mensagem
Os I)mbolos
O Enco!erto
ue s)mbolo &ecundo
Fem na aurora ansiosaM
3a Cruz ;orta do ;undo
A Fida, !ue " a 8osa
ue s)mbolo divino
>raz o dia j% vistoM
3a Cruz, !ue " o Destino,
A 8osa !ue " o Cristo
ue s)mbolo fnal
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
46/62
;ostra o sol j% despertoM
3a Cruz morta e &atal
A 8osa do Encoberto
(ernando *essoa, in Mensagem
Ao longo do poema, assiste-se a uma progress'o ideol.gica etemporal na constru2'o das perguntas:s)mbolo &ecundo s)mbolo divino s)mbolo fnal : tr+s s1m!olosaurora ansiosa dia j% visto sol j% desperto : tr+s momentosdo dia
Essa mesma progress'o " igualmente verifc%vel na
constru2'o das respostas:Cruz morta do mundo Cruz, !ue " o destino Cruz morta e&atal : sacri&)cio8osa Fida 8osa Cristo 8osa Encoberto : vida
Horizonte
^ mar anterior a n.s, teus medos
>inham coral e praias e arvoredos
Desvendadas a noite e a cerra2'o,
As tormentas passadas e o mist"rio,
Abria em or o 9onge, e o Iul-siderio
]Iplendia sobre as naus da inicia2'o
9inha severa da long)n!ua costa +
uando a nau se apro1ima ergue-se a encosta
Em %rvores onde o 9onge nada tinha#;ais perto abre-se a terra em sons e cores:
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E, no desembarcar, h% aves, ores,
Onde era s., de longe, a abstrata linha
O sonho " ver as &ormas invis)veis
Da distancia imprecisa, e, com sens)veis
;ovimentos da esp]ran2a e da vontade,
?uscar na linha &ria do horizonte
A %rvore, a praia, a or, a ave, a &onte +
Os beijos merecidos da Ferdade
(ernando *essoa, in Mensagem
Hori*onte + sistematizao
O horizonte " s)mbolo do indefnido, do longe, do mist"rio, dodesconhecido, do mundo a descobrir, do objetivo a atingir
Atrav"s da ap.stro&e inicial, U^ mar anterior a n.sU, o sujeitopo"tico dirige-se ao mar desconhecido, ainda n'odescoberto navegado
3a =X estro&e encontramos uma oposi2'o impl)cita A oposi2'ore&ere o mar anterior aos Descobrimentos portugueses UmedosU,UnoiteU, Ucerra2'oU, UtormentasU, Umist"rioU - substantivos !uecont5m a ideia de desconhecido, !ue remetem para a &ace oculta darealidade e o mar posterior a esse &eito Ucoral e praias e
arvoredosU, UDesvendadasU, UAbriaU, U_IplendiaU - palavras !uecont5m a ideia de descobertaA e1press'o Unaus da inicia2'oU v [ " uma re&er5ncia /s
naus portuguesas !ue, impulsionadas pelos ventos do UsonhoU, daUesp]ran2aU e da UvontadeU, abriram novos caminhos e deram in)cioa um novo tempo
A segunda estro&e " essencialmente descritiva Essa descri2'o" &eita por apro1ima2 es sucessivas, de um plano mais a&astadopara planos mais pr.1imos: a U9inha severa da long)n!ua costaU ohorizonte #U uando a nau se apro1ima, ergue-se a encosta Em%rvoresU# U;ais pertoU, ouvem-se os UsonsU e percebem-se asUcoresU# Uno desembarcarU veem-se Uaves, oresUO sujeito po"tico, na 4ltima estro&e, apresenta uma defni2'opo"tica de sonho: O sonho " ver o invis)vel + o sonho " ver as
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&ormas invis)veis +, isto ", ver para l% do !ue os nossos olhosalcan2am ver longe # o sonho " procurar alcan2ar o !ue est% maisal"m " es&or2ar-se por chegar mais longe # o sonho "alcan2ar aceder / Ferdade, sendo !ue esta con!uista constitui opr"mio de !uem por ela se es&or2a De salientar, a!ui, o uso dopresente do indicativo - U"U - !ue con&ere, a estes versos, umcar%ter intemporal e program%tico
3os versos =[ e =Z " re&or2ada a passagem do abstrato aoconcreto Essa passagem " re&or2ada pela acumula2'o, no verso =Z,de nomes concretos, precedidos de artigos defnidos: UA %rvore, apraia, a or, a ave, a &onteU, !ue t5m uma simbologia muitopeculiar
Este poema apresenta-nos o sonho como motor da a2'o dosDescobrimentos H o sonho !ue, movido pela esperan2a e pelavontade, desperta no homem o desejo de conhecer, de procurar aFerdade + etapa 4ltima de !ual!uer demanda
O t)tulo ULorizonteU evoca um espa2o long)n!uo !ue seprocura alcan2ar &uncionando, assim, como uma esp"cie demet%&ora da procura, como um apelo da distncia, do U9ongeU, /eterna procura dos mundos por descobrir Assim, este " um dospoemas !ue demonstram um *essoa nacionalista m)stico, !uerespira um patriotismo de e1alta2'o e de incitamento
Hori*onte + intertextualidade
R= Cortando v'o as naus a larga viaDo mar ingente para a p%tria amada,
Quando juntas, com s4bita alegria,Louveram vista da ilha namorada,Q
R6 De longe a $lha viram &resca e bela,ue F5nus pelas ondas lha levava?em como o vento leva branca vela
*ara onde a &orte armada se en1ergava#Q
[P 3esta &rescura tal desembarcavam G% das naus os segundos Argonautas,Onde pela oresta se dei1avamAndar as belas Deusas, como incautas
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Q
VS ^ !ue &amintos beijos na oresta,E !ue mimoso choro !ue soavaJ
ue a&agos t'o suaves, !ue ira honesta,ue em risinhos alegres se tornavaJQ
Y= 3'o eram sen'o pr5mios !ue reparte*or &eitos imortais e soberanosO mundo com os var es, !ue es&or2o e arteDivinos os fzeram, sendo humanos
ue G4piter, ;erc4rio, (ebo e ;arte,Eneias e uirino, e os dois >ebanos,Ceres, *alas e Guno, com Diana,
>odos &oram de &raca carne humana
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto $W
O Canto $W dos 9us)adas, conta do regresso dos *ortuguesasda @ndia, onde pelo caminho encontram a `$lha dos Amores A $lhaaparece como uma recompensa, mas tamb"m como s)mbolo de opovo *ortugu5s de ter tornado, pelos seus &eitos, igual aos deuses!ue agora os homenageiam de modo t'o inesperado A compara2'oposs)vel entre este Canto $W e o poema Lorizonte " a oposi2'o!uase total entre o !ue Cam es considera a 8ecompensa e*essoa considera a Ferdade Cam es idealiza uma recompensapara os sentidos, um &estim material, en!uanto *essoa !uer algomais alto e &rio + a verdade do conhecimento oculto
Os >empos
-ormenta
ue jaz no abismo sob o mar !ue se ergueM
3.s, *ortugal, o poder ser
ue in!uieta2'o do &undo nos soergueM
O desejar poder !uerer
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$sto, e o mist"rio de !ue a noite " o &austo
;as s4bito, onde o vento ruge,
O relmpago, &arol de Deus, um austo
?rilha, e o mar ]scuro ]struge
(ernando *essoa, in Mensagem
Os >empos
Anteman(
O mostrengo !ue est% no fm do mar
Feio das trevas a procurar
A madrugada do novo dia,
Do novo dia sem acabar#
E disse, ` uem " !ue dorme a lembrar
ue desvendou o Iegundo ;undo,
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3em o >erceiro !uer desvendarM
E o som na treva de ele rodar
(az mau o sono, triste o sonhar
8odou e &oi-se o mostrengo servo
ue seu senhor veio a!ui buscar,
ue veio a!ui seu senhor chamar +
Chamar A!uele !ue est% dormindo
E &oi outrora Ienhor do ;ar
(ernando *essoa, in Mensagem
Os >empos
oite
A nau de um dBeles tinha-se perdido
3o mar indefnidoO segundo pediu licen2a ao 8eiDe, na &" e na leiDa descoberta ir em procuraDo irm'o no mar sem fm e a n"voa escura
>empo &oi 3em primeiro nem segundoFolveu do fm pro&undoDo mar ignoto / p%tria por !uem deraO enigma !ue fzeraEnt'o o terceiro a El-8ei rogou
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9icen2a de os buscar, e El-8ei negou Como a um cativo, o ouvem a passarOs servos do solar
E, !uando o veem, veem a fguraDa &ebre e da amargura,Com f1os olhos rasos de nsia(itando a proibida azul distancia Ienhor, os dois irm'os do nosso 3ome+ O *oder e o 8enome +Ambos se &oram pelo mar da idade\ tua eternidade#E com eles de n.s se &oiO !ue &az a alma poder ser de her.i
ueremos ir busc%-los, dBesta vil3ossa pris'o servil:H a busca de !uem somos, na distanciaDe n.s# e, em &ebre de nsia,A Deus as m'os al2amos ;as Deus n'o d% licen2a !ue partamosA 2ltima nau
9evando a bordo El-8ei Dom Iebasti'o,E erguendo, como um nome, alto, o pend'oDo $mp"rio,
(oi-se a 4ltima nau, ao sol aziagoErma, e entre choros de nsia e de presago;ist"rio 3'o voltou mais A !ue ilha indescobertaAportouM Folver% da sorte incerta
ue teveM
Deus guarda o corpo e a &orma do &uturo,;as Iua luz projeta-o, sonho escuroE breve
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Ah, !uanto mais ao povo a alma &alta,;ais a minh]alma atlntica se e1altaE entorna,E em mim, num mar !ue n'o tem tempo ou
]spa2o,Fejo entre a cerra2'o teu vulto ba2o
ue torna 3'o sei a hora, mas sei !ue h% a hora,Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
;ist"rioIurges ao sol em mim, e a n"voa fnda:A mesma, e trazes o pend'o aindaDo $mp"rio
(ernando *essoa, in Mensagem
A +lti!a (au + sistematizao
A 4ltima nau aparece como uma esp"cie de lead-in, deintrodu2'o / >erceira *arte de Mensagem , !ue ainda n'o se iniciouH este um per)odo interm"dio de poesia, palavras de anoitecer,saindo da luz a vida do !ue " conhecido em !ue &omos ainda
guiados pelos sentidos, para entrarmos na escurid'o completa danoite a morte , onde apenas os s)mbolos nos v'o guiar
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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A certeza de *essoa acha a!ui nobre conclus'o 3'o sei ahora, mas sei !ue h% a hora De maneira perent.ria o poeta n'odei1a d4vidas ao leitor + o regresso de D Iebasti'o ser% umarealidade ;as num &uturo incerto
Como tem ele tanta certezaM H &%cil esconder a certeza emambiguidade: Demore-a Deus, chame-lhe a alma Q ;ist"rio
;ist"rio " afnal uma palavra !ue pode tomar di&erentessignifcados A certeza " uma certeza interior, frmada numaconvic2'o de iniciado
A terceira estro&e " verdadeiramente con&essional estapassagem A!ui derrama *essoa a sua &rustra2'o com a maneiracomo a sociedade de *ortugal est% estagnada e em decad5nciasocial, econ.mica e cultural + uanto mais ao povo a alma &alta, ;ais a minha alma atlntica se e1alta E entorna
De novo *essoa pega num negativo morte para !ue surja
3a primeira estro&e ele encarna os !ue fcaram na praia a vera e1pedi2'o de D Iebasti'o partir A 4ltima nau , !ue s o todas asnaus e nenhuma, levando a bordo El-8ei D Iebasti'o QErguendo Q alto o pend'o Do $mp"rio, (oi-se Q entre chorosde nsia e de press%gio A cena surge-nos aos olhos da alma, !uese enchem de l%grimas, como a!ueles !ue viam partir o 8ei e comele o $mp"rio ;aterial 3ovamente a dor, a pr.pria morte s'oenaltecidas como necess%rias para o renascimento, para a
revela2'o do ;ist"rio !ue fcou, !uando o 8ei se &oi com a 4ltimaA !ue ilha indescoberta AportouM Foltar% da sorte incerta
ue teveM + *essoa invoca a!ui, como o &ez por e1emplo no seudrama est%tico O ;arinheiro, a mesma ilha misteriosa, na !ual "poss)vel a!uilo !ue agora " imposs)vel H a mesma ilha long)n!ua!ue Gacinto do *rado Coelho identifca na ;ensagem, dizendo-nos +lembrando Castro ;eireles + !ue *essoa desenha tamb"m a
O regresso de D Iebasti'o + !ue *essoa chega a considerarrealmente poss)vel pela transmigra2'o das almas + parece, de certamaneira, irrelevante por!ue Deus guarda o corpo e a &orma do&uturo 3o entanto, se o Destino est% certo, ele est% guardado emmist"rio + Iua luz projeta-o, sonho escuro E breve nos homens,
Ele v5-se a si mesmo claramente como algu"m capaz deoperar + ou pelo menos ter um grande papel + nesta regenera2'onacional Ele diz: E em mim Q Fejo Q teu vulto ba2o uetorna H ele + (ernando *essoa + !ue v5, como v5 um pro&eta, um?andarra, um Fieira F5 claramente o vulto ba2oU como se &ossecerto o regresso do rei, embora &osse des&ocado o seu corpo e a
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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$adro
O es&or2o " grande e o homem " pe!uenoEu, Diogo C'o, navegador, dei1ei
Iurges ao sol em mim e a n"voa fnda + eis um bome1emplo do !ue acab%mos de dizer O sol conhecimento surgedentro dele em mim e a n"voa fnda a ignorncia Iimples elinear, embora esot"rica, a linguagem de *essoa " clara A nau !ueele v5, agora j% totalmente simb.lica " a mesma , !ue traz opend'o ainda Do $mp"rio Ou seja, o passado regressa igual, mas
j% mito, n'o para ser o mesmo, mas para alimentar uma nova
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Este padr'o ao p" do areal morenoE para diante naveguei A alma " divina e a obra " imper&eitaEste padr'o signala ao vento e aos c"us
ue, da obra ousada, " minha a parte &eita:O por-&azer " s. com Deus
E ao imenso e poss)vel oceanoEnsinam estas uinas, !ue a!ui v5s,
ue o mar com fm ser% grego ou romano:
O mar sem fm " portugu5s
E a Cruz ao alto diz !ue o !ue me ha na almaE &az a &ebre em mim de navegarI" encontrar% de Deus na eterna calmaO porto sempre por achar
(ernando *essoa, in Mensagem
Os Castelos
3iriato
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Ie a alma !ue sente e &az conhece
I. por!ue lembra o !ue es!ueceu,
Fivemos, ra2a, por!ue houvesse
;em.ria em n.s do instinto teu
3a2'o por!ue reincarnaste,
*ovo por!ue ressuscitou
Ou tu, ou o de !ue eras a haste T
Assim se *ortugal &ormou
>eu ser " como a!uela &ria
9uz !ue precede a madrugada,
E " j% o ir a haver o dia
3a antemanh', con&uso nada
(ernando *essoa, in Mensagem
iriato + intertextualidade
66 Desta o pastor nasceu, !ue no seu nomeIe v5 !ue de homem &orte os &eitos teve#Cuja &ama ningu"m vir% !ue dome,*ois a grande de 8oma n'o se atreve
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Esta, o velho !ue os flhos pr.prios come*or decreto do C"u, ligeiro e leve,Feio a &azer no mundo tanta parte,Criando-a 8eino ilustre# e &oi desta arte:
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto $$$
[ Assim o 0entio diz 8esponde o 0ama:T UEste !ue v5s, pastor j% &oi de gado#Firiato sabemos !ue se chama,Destro na lan2a mais !ue no cajado#$njuriada tem de 8oma a & ama,Fencedor invenc)vel a&amado#3'o tem com ele, n'o, nem ter puderamO primor !ue com *irro j% tiveram
Z Com &or2a, n'o# com manha vergonhosa,A vida lhe tiraram !ue os espanta:
ue o grande aperto, em gente ainda !uehonrosa,
As vezes leis magnnimas !uebrantaOutro est% a!ui !ue, contra a p%tria irosa,Degradado, conosco se alevanta:Escolheu bem com !uem se alevantasse,*ara !ue eternamente se ilustrasse
9u)s de Cam es, Os Lusadas ,Canto F$$$
As uinas
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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D. Duarte" #ei de $ortu%al
;eu dever &ez-me, como Deus ao mundo
A regra de ser 8ei almou meu ser,
em dia e letra escrupuloso e &undo
(irme em minha tristeza, tal vivi
Cumpri contra o Destino o meu dever
$nutilmenteM 3'o, por!ue o cumpri
(ernando *essoa, in Mensagem
Os Colom!os
Outros haver'o de ter
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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O !ue houvermos de perder
Outros poder'o achar
O !ue, no nosso encontrar,
(oi achado, ou n'o achado,
Iegundo o destino dado
;as o !ue a eles n'o toca
H a ;agia !ue evoca
O 9onge e &az dele hist.ria
E por isso a sua gl.ria
H justa aur"ola dada
*or uma luz emprestada
(ernando *essoa, in Mensagem
Ocidente
Com duas m'os- o Ato e o Destino-
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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Desvend%mos 3o mesmo gesto, ao c"u
Nma ergue o &acho tr"mulo e divino
E a outra a&asta o v"u
(osse a hora !ue haver ou a !ue havia
A m'o !ue ao Occidente o v"u rasgou,
(oi alma a Iciencia e corpo a Ousadia
Da m'o !ue desvendou
(osse Acaso ou Fontade, ou >emporal
A m'o !ue ergueu o &acho !ue luziu,
(oi Deus a alma e o corpo *ortugal
Da m'o !ue o conduziu
(ernando *essoa, in Mensagem
Os tempos
Calma
8/9/2019 Mensagem - Anlise de Poemas
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ue coisa " !ue as ondas contamE se n'o pode encontrar*or mais naus !ue haja no marMO !ue " !ue as ondas encontramE nunca se v5 surgindoMEste som de o mar praiarOnde " !ue est% e1istindoM $lha pr.1ima e remota,
ue nos ouvidos persiste,*ara a vista n'o e1iste
ue nau, !ue armada, !ue &rota*ode encontrar o caminho\ praia onde o mar insiste,Ie / vista o mar " sozinhoM Laver% rasg es no espa2o
ue deem para outro lado,
E !ue, um deles encontrado,A!ui, onde h% s. sarga2o,Iurja uma ilha velada,O pa)s a&ortunado
ue guarda o 8ei desterradoEm sua vida encantadaM
(ernando *essoa, in Mensagem