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A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 3./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 201.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230
3
Sumário
Alegre por Ser de Cristo..................................
8
A Longanimidade e Amor Evangélicos....
10
Transportadores de Sementes.....................
15
A Mensagem do Evangelho é Imutável...
16
A Liberdade dos Que Odeiam a Deus........
20
Como se Faz para Entrar no Céu.................
22
Uma Razão Por que Deus Não se
Comunica Visivelmente.................................
24
Aprender a Conviver com Gostos e Costumes Diferentes dos Nossos...............
26
Perdas do Que se Tem e do Que não se
Terá.............................................................................
30
Desapega... Desapega ........................................
31
O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada........................................................................
34
Senhor Justiça Nossa........................................
37
4
Está Faltando o Ingrediente do Evangelho na Salada Mista da
Mensagem Atual.................................................
41
Acautelai-vos dos Falsos Profetas..............
44
A União Indissolúvel do Crente com Cristo..........................................................................
55
Julgados Pela Lei da Liberdade....................
67
A Primeira e Grande Lição da Vida Cristã..........................................................................
71
Por que Precisaríamos de Jesus?.................
73
Adultério Espiritual............................................
75
Fruto de Justiça.....................................................
78
A Sempre Presente Necessidade de
Reforma...................................................................
79
O Dever de em Tudo Ser Criteriosos.........
85
A Natureza da Santificação Verdadeiramente Bíblica................................
87
Muito Mais do Que Ex Alguma Coisa.......
91
Verdadeiramente Mãe para Israel.............
93
5
O Profeta dos profetas.......................................
96
Fugindo da Porta Estreita e do Caminho Apertado..................................................................
97
A Carne Vai Gemer, Vai Doer, Mas o
Pecado Vai Morrer..............................................
99
Muito Mais do que Emoção e
Sentimento.............................................................
102
Como Viver em Paz Consigo e com o Próximo....................................................................
103
Sã Doutrina + Fé + Arrependimento.........
104
Nem Ociosos e Nem Infrutíferos................
106
Batismo com Fogo...............................................
109
Se Captou e Ligou é para Sempre...............
111
Dando uma Chance ao Verdadeiro
Evangelho de Jesus.............................................
113
Voltando para o Lar............................................
116
A Verdadeira Liberdade Eterna..................
118
O Show Que Para Muitos Deve Continuar................................................................
122
6
Porque Barrabás Sempre Terá a Preferência da Maioria.....................................
124
A Plena Certeza da Esperança.......................
126
Inabaláveis..............................................................
134
Não Temos Motivos para Desconfiar........
137
Pobre de Espírito e Não Com Um Espírito Pobre........................................................
139
Muitos Membros e Funções Mas um Só
Corpo.........................................................................
141
O Sucesso de Deus nos Nossos Insucessos...............................................................
144
Os Tímidos não Herdarão o Reino de
Deus............................................................................
146
"Cristo é tudo em todos." (Colossenses 3.11) .............................................................................
148
A Fonte de Águas Cristalinas na Qual
Devemos Beber....................................................
150
A Verdade é Eficaz Somente Quando é Vivida.........................................................................
152
Uma Vida Sob o Propósito...............................
154
7
O Comportamento que Agrada a Deus....
159
O Reino Prometido de Paz..............................
163
O Dia em Que Haverá Paz Perfeita na Terra...........................................................................
165
Nicolaítas Modernos.........................................
167
Não Entregando a Segurança ao Cuidado das Raposas.........................................
171
Deus Não Necessita Ser Justificado...........
174
“Riquezas de Origem Iníqua” (Lucas
16.9) ............................................................................
178
Não se Trata de Restrição mas de Libertação................................................................
188
Guardando-se Incontaminado de
Babilônia..................................................................
190
A Verdadeira Raiz do Mal................................
192
Pensando Fazer o Bem Fez um Grande Mal..............................................................................
196
Não É Religião. É Vida........................................
199
8
Alegre por Ser de Cristo
“Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no
Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.”
(Filipenses 3.1)
Paulo disse que o fato de os cristãos se regozijarem no Senhor lhes daria segurança,
porque a alegria no Senhor é a nossa força, e nos mantém firmes e seguros na fé, diante das
tribulações.
As tribulações nos trazem tristezas e aflições, mas podemos manter o nosso espírito
fortalecido com aquela alegria mais interna de sabermos que em Cristo tudo isto estará
cooperando para o nosso aperfeiçoamento espiritual, e assim, não devemos ter estas
tribulações como um motivo para ficarmos entristecidos, mas satisfeitos, por sabermos que
o nosso Deus se encontra no controle delas, e que por meio delas está produzindo o que é
melhor para nós.
"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança." (Tiago 1.2,3)
"E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a
tribulação produz perseverança; e a
9
perseverança, experiência; e a experiência, esperança." (Romanos 5.3,4)
Devemos, portanto, aprender a estarmos
contentes em toda e qualquer situação, porque é assim fazendo, que não somos removidos
pelas provações e tribulações, da nossa firmeza em Cristo.
É a fé que vence o mundo. É a graça que nos dá força para viver na fé.
E constatar que a obra da graça está avançando
em nossas vidas, tornando-nos mais semelhantes a Cristo, é o maior motivo que
temos para estarmos sempre alegres e contentes, a par de quaisquer circunstâncias
externas ou internas que possamos estar experimentando.
Não há maior alegria do que aquela que diz
respeito ao exercício do ministério que recebemos de Deus para cumprir.
A certeza de estarmos fazendo a Sua vontade
gera uma satisfação interior que não pode ser apagada por qualquer tipo de provação que
tenhamos que enfrentar.
Afinal, tudo está sendo recompensado regiamente pelo Senhor, e será ainda mais
quando formos galardoados na glória depois de termos cumprido a nossa jornada terrena com
alegria.
10
A Longanimidade e Amor Evangélicos
“1 Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois
espirituais, restaurai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não
sejas também tentado.
2 Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo." (Gál 6.1,2).
A palavra grega paraptoma, usada por Paulo e traduzida por “ofensa” no verso 1, é a mesma
palavra usada em várias passagens do Novo Testamento para se referir a pecados ou faltas, e
usada por Jesus no Pai Nosso, onde se diz “perdoa as nossas ofensas”.
Então não significa apenas injúrias, mas todo
tipo de falta que possa ser praticada contra o próximo.
Tiago faz o mesmo uso desta palavra quando diz
que devemos confessar nossas ofensas uns aos outros.
Paulo não estava portanto se referindo aqui a
erros doutrinais, mas a pecados que operam na carne e que sujam o coração do cristão. E ele
expõe a maneira como isto deve ser tratado na Igreja: os que são fortes devem levantar o caído
com espírito de mansidão.
Esta norma deveria ser seguida particularmente pelos ministros da Palavra.
Os pastores devem reprovar o caído, mas
quando veem que o caído sente e se entristece
11
pela sua condição, devem, confortá-lo e cobrirem a sua falta com o amor que cobre
multidão de pecados.
Assim como o Espírito Santo é inflexível quanto
ao assunto de manter a doutrina da fé e a verdade entre os cristãos, Ele é também muito
misericordioso para com os pecados dos homens, contanto que os pecadores se
arrependam - o arrependimento é essencial porque Ele não consola aquele que vive
deliberadamente no pecado, apesar de ser um Consolador amoroso e fiel.
A palavra no original grego para o verbo restaurar do verso 1 é katartizo, que significa
restaurar como quem liga de novo um osso que foi quebrado.
Deste modo, o dever do cristão espiritual não é o de condenar o cristão fraco, mas de restaurá-lo
com a paciência e o cuidado com que um ortopedista cuida de uma fratura.
O espírito de mansidão é o modo correto determinado pelo apóstolo de fazê-lo.
Não com ira e paixão, como aqueles que
triunfam sobre a queda de um irmão, mas como aqueles que choram por eles e lamentam a sua queda e perda, assim como nosso Senhor vai à
procura da ovelha perdida para reconduzí-la ao aprisco.
Muitas reprovações necessárias perdem a sua
eficácia quando são aplicadas em ira.
Ainda mais um cuidado é colocado pelo
apóstolo para aqueles que estiverem
12
empenhados no trabalho de restaurar os que estão caídos.
Eles devem olhar por si mesmos de maneira que
não venham também a cair como eles.
Nós também podemos ser tentados e sermos vencidos pela tentação, e isto nos ajudará a ter
em mente, enquanto ajudamos outros, que não somos melhores do que eles, porque como disse Agostinho, “não há nenhum pecado que uma
pessoa cometa, que outra pessoa também não possa cometer”.
Nós andamos em lugares escorregadios neste
mundo, e como diz Tiago, tropeçamos em muitas coisas.
Daí a advertência de I Cor 10.12:
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não
caia.”
E em razão da nossa fraqueza e debilidade comum, somos orientados a carregar os fardos
uns dos outros (verso 2), porque é nisto que consiste principalmente a Lei de Cristo relativa
ao novo mandamento que Ele deu ao povo de Deus, a saber, que nos amemos uns aos outros
assim como Ele nos amou.
Jesus não esmagou a cana quebrada, e nos é imposto o dever de fazer o mesmo, porque foi
por amor ao pecador e por ser paciente com a sua fragilidade que Ele procedeu de tal maneira.
Aqueles que se gloriam no seu conhecimento
das coisas de Deus e que não vivem de acordo
13
com esta regra, tal como era o caso dos falsos apóstolos, na verdade nada são, e estão
enganando a si mesmos.
Eles se consideram mestres, e não o são; eles se
consideram superiores aos demais pecadores e não o são.
Cada qual deve examinar as suas próprias obras
segundo esta regra que foi exposta, e então terá motivo de se gloriar em si mesmo, e não naquilo
que os outros estão fazendo debaixo das suas ordens.
Afinal, cada um dará contas de si mesmo a Deus,
e não será considerado de modo algum no Juízo, como atenuante ou agravante, quanto fomos
ajudados ou atrapalhados por outros.
Particularmente o trabalho do ministério deve ser auto examinado por esta regra, de modo que
permaneçamos em dependência e humildade diante de Deus.
Não será pela quantidade de louvores que
recebemos dos outros que seremos aprovados por Deus. Ao contrário, há um grande perigo
nisto, e por isso fomos devidamente alertados pelo Senhor.
A carga que cada um levará respectivamente citada em Gál 6.5 se refere ao julgamento das
nossas obras no Tribunal de Cristo, quando cada cristão dará contas de si mesmo a Deus.
"Porque cada qual levará a sua própria carga."
(Gál 6.5)
14
E, se há um tal tempo terrível para ser esperado, quando Deus julgará a cada um conforme as
suas obras, isto serve de uma boa razão para julgarmos a nós mesmos e qual tem sido afinal o
nosso trabalho na presença de Deus.
15
Transportadores de Sementes
Muitos mamíferos e pássaros foram criados por Deus com o principal propósito de serem os
permanentes semeadores nas florestas – a fábrica do oxigênio que respiramos.
Eles renovam as florestas em todo o mundo
carregando as sementes dos frutos que ingerem, e que são expelidas e espalhadas por eles através do seu trato intestinal.
Abelhas e muitos outros insetos polinizadores
foram criados para o propósito de garantir a frutificação que trará consigo as sementes, e por
conseguinte, fechando o ciclo do propósito divino de gerar e manter a vida na Terra,
especialmente a do homem.
E aprouve ao Senhor manter a nova vida espiritual, celestial e divina que é gerada pelo
poder do Espírito Santo, por meio da nossa fé em Cristo, através da mensagem do evangelho que
deve ser espalhada pelo próprio homem.
Esta não é uma incumbência que foi dada aos anjos, mas ao próprio homem.
Os que carregam esta mensagem do evangelho
em seus corações, têm a nobre missão celestial de expeli-la e espalhá-la no solo de outros
corações, para que germine e dê o precioso fruto da salvação, de forma que toda a Terra seja
enchida com a glória de Deus.
16
A Mensagem do Evangelho é Imutável
Não seria de se supor que um Deus eterno e imutável que revelou integralmente a nós qual
é a Sua vontade, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, que Ele viesse a mudar esta verdade que
nos foi revelada nas Escrituras por alguma outra mensagem, por conta do avanço tecnológico e
científico que tem experimentado a humanidade, especialmente neste dois últimos
séculos.
Ainda que...
o cavalo não seja mais usado como o meio
principal de transporte que foi usado por séculos, criado por Deus especialmente para
este propósito;
o boi não seja mais o principal meio usado para
se lavrar o solo... bem como tudo o mais que foi criado pelo Senhor para servir ao homem, isto
não significa que podemos também substituir a boa e antiga mensagem do evangelho que
aponta sobretudo para as necessidades imutáveis de nossos espíritos, por qualquer
outro tipo de mensagem considerada mais atual e ajustada ao modo de pensar pós-moderno.
Todavia, este esforço maligno que é empreendido para suprimir o evangelho,
sempre esteve presente no mundo, mesmo nos dias iniciais da sua pregação e ensino, porque
sem evangelho não há salvação de almas, e não seria portanto para se admirar que Satanás se
empenhe tanto para tentar eliminá-lo em sua
17
inteireza, tal como nos foi revelado pelos profetas, por Jesus e pelos apóstolos nas
Escrituras.
Veja o que o apóstolo Paulo disse aos cristãos da Galácia, cerca de 46 d.C.:
“6 Maravilho-me de que tão depressa
passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;
7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de
Cristo.
8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja anátema.
9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar
outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gál 1.6-9)
O apóstolo afirma a sua perplexidade diante da
rápida apostasia dos gálatas do evangelho que ele lhes havia ensinado, para abraçarem aquilo
que ele chama de um outro “evangelho”.
Ele usa de uma ironia, porque não há mais do que um único evangelho.
Paulo diz que eles haviam se afastado daquele
que lhes havia chamado para serem alcançados pela graça de Cristo, e nisto não estava se
referindo apenas a ele próprio que fora o instrumento da evangelização deles, mas a
Deus, quem é que de fato chama eficazmente,
18
pelo poder do Espírito Santo, os pecadores à salvação.
E a chamada à salvação é feita pela pregação e
ensino do evangelho bíblico, e se concretiza pela fé nesta mensagem que nos é anunciada.
A fé no evangelho é comprovada pelo amor a
Jesus Cristo.
É por este amor que atua pela fé, que multidão de pecados são perdoados.
Como Jesus disse da pecadora citada em Lc
7.47,48:
Luc 7:47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou;
mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
Luc 7:48 Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.
E o modo de permanecer no amor ao Senhor é
pela prática da palavra do evangelho.
Não admira portanto, o grande empenho que o Inimigo faz para tentar esconder e adulterar
esta verdade celestial que nos foi revelada.
Deste modo o apóstolo se refere em Gál 1.8 ao único, verdadeiro e imutável evangelho como
sendo o que ele já havia anunciado aos gálatas.
Isto implica que a Palavra revelada do Novo Testamento é definitiva e inalterável.
Portanto, deixar o verdadeiro evangelho para
abraçar um outro “evangelho” é negar aos pecadores o único poder que pode salvá-los,
porque é pela verdade do evangelho que eles são
19
salvos, de modo que não há nenhum outro poder designado por Deus para que os
pecadores possam ser salvos dos seus pecados.
Assim toda doutrina pregada à igreja de Cristo, que oculte ou adultere o verdadeiro evangelho,
conforme faziam os judaizantes nos dias de Paulo, faz com que os que pregam tal doutrina
sejam achados culpados diante de Deus e sujeitos ao anátema que está proferido contra
eles, porque o Senhor não pode abençoar aqueles que são contra Ele e o Seu ensino.
20
A Liberdade dos Que Odeiam a Deus
Voltaire, de tanto que odiava a religião, especialmente pelo seu caráter de impor limites
ao homem quanto à prática do que é definido na Bíblia como pecado, proclamou, juntamente
com muitos outros de igual pensamento, uma liberdade, que viria a fazer parte do slogan de
liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa.
Nenhum Deus, nenhuma restrição... o homem é
soberano, é livre para fazer o que quiser. Deve dar plenas asas ao exercício da sua vontade, sem
se preocupar com qualquer tipo de juízo divino sobre seus pensamentos, palavras e ações.
Hoje em dia, o que temos visto na maior parte
das sociedades em todo o mundo, é um retorno a esta forma de pensar dos iluministas, e não é
de se admirar porque muito do que tem sido ditado como forma de comportamento é
protagonizado pelos modernos illuminatis.
Agora. Há algo de novo nisto, mesmo quando foi defendido pelos primeiros iluministas a partir
de meados do século XVIII?
Obviamente que não!
Isto foi proposto no céu por aquele que viria a se
transformar em Satanás, o diabo, no que foi seguido por muitos anjos que se transformaram
em demônios.
Depois ele viria a oferecer esta libertação de Deus e de toda forma de virtude, para a prática
de uma suposta liberdade para praticar tudo o
21
que é pecaminoso, e por conseguinte reprovado por Deus e pelas Escrituras ao primeiro casal,
quando este se encontrava no estado de inocência no Éden.
É daí que decorre o ódio daqueles que desprezam a Deus, ao Cristianismo, a Jesus e aos
Seus mandamentos.
Porque enquanto vigorar na sociedade uma
moral e costumes baseados na cultura judaico-cristã, eles não estarão plenamente à vontade
para praticar aquela liberdade para pecar que Satanás e os demônios tanto apreciam, e cujo
final é a morte espiritual eterna em razão do juízo de Deus sobre tal forma de viver.
Ele não nos deu a vida como um dom para ser gasto na contramão da Sua vontade e caráter.
Por isso todos terão que Lhe prestar contas do uso que fizeram da liberdade que receberam
para pensar, falar e agir. Se para o bem ou para o mal. Se para a piedade ou para a impiedade. Se
para a justiça ou para a injustiça. Se para o amor ou para o ódio. Se para a santidade ou para a
iniquidade.
22
Como se Faz para Entrar no Céu
O que havia de excelente naquele ladrão que morreu na cruz ao lado de Jesus para que lhe
fosse prometido que ainda naquele dia estaria com o Senhor no paraíso?
Quanta virtude ele havia praticado em vida para
merecê-lo?
Quanto havia nele de verdadeiro conhecimento
teológico sobre a obra da salvação em Cristo Jesus?
O fato é que ele conseguiu o que muitos não conseguiram e muitos outros também não
conseguirão.
Olhe o exemplo do jovem rico que foi amado por Jesus.
Ele se interessava em guardar os mandamentos de Deus e viver de modo justo.
Todavia foi pronunciado por Jesus que seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma
agulha do que um rico entrar no reino dos céus.
E o que diremos do fariseu que orava e se orgulhava de ser um religioso correto –
cumpridor de seus deveres e que se considerava mais elevado do que os demais pecadores. Ele
não foi justificado por Deus, e por conseguinte não foi para o paraíso depois da sua morte.
O jovem rico se recusou em seguir a Jesus e a obedecer a ordem que Ele lhe dera. Não confiou
portanto no Senhor.
23
O fariseu de igual modo não confiava em Jesus para ser salvo, mas em si mesmo, na sua própria
justiça.
O ladrão sabia que nada havia que pudesse
justificar o seu procedimento. Algo que recomendasse sua vida que tanto mal fizera a
outros e a si mesmo. Ele não tinha posses em que confiar como o jovem rico, bem como
qualquer justiça própria, e assim confiou inteiramente em Cristo. Ele depositou nele e
somente nele a esperança de receber alguma misericórdia da Sua parte quando entrasse no
céu, e recebeu muito mais do que isto, porque encontrou nEle a salvação da sua alma, o perdão
dos seus pecados e foi acompanhado por Ele ao paraíso, em espírito, depois que ambos
passaram pela morte de cruz.
Este o segredo que foi revelado no evangelho, sobre o modo de alguém ir para o céu. É somente
fazer como fizera o ladrão:
Arrepender-se do pecado.
E ter fé em Jesus para ser o nosso Salvador e Senhor.
O ladrão recebeu toda a sua santificação no céu.
Nós que nos convertemos, e permanecemos algum tempo aqui embaixo, começamos
imediatamente a ser santificados, para que vivamos não pela nossa própria justiça, mas pela
justiça de Jesus.
24
Uma Razão Por que Deus Não se Comunica Visivelmente
Deus quer ser conhecido por nós em Sua
essência e caráter.
Por isso se comunica conosco em espírito e mediante a fé.
Ele nos leva a conhecê-lo pelo que vemos a
passar a existir em nossa própria personalidade como fruto resultante da nossa comunhão
espiritual com Ele, e segundo confirmação do testemunho das Escrituras.
Sabemos que Deus é...
longânimo por Ele nos tornar longânimos,
misericordioso por nos ensinar a ser
misericordiosos,
amor, por nos habilitar a amar com o Seu amor.
E isto se aplica ao conhecimento de todos os Seus demais atributos, excetuando-se a Sua
onisciência, onipresença e onipotência.
Qual proveito haveria, para este propósito, em que Deus se manifestasse a alguém apenas por
lhe permitir ter visão de Sua pessoa ou audição do som da Sua voz?
É assim que chegamos a conhecer outros seres
humanos?
Não necessitamos conviver com aqueles que desejamos conhecer, e andar com eles em nossa
jornada para ter um vislumbre correto da sua personalidade e caráter?
Quanto mais isto se aplica a Deus se tivermos
por alvo conhecê-lo de fato e de verdade.
25
“a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria
indizível e cheia de glória,” (I Pedro 1.8)
26
Aprender a Conviver com Gostos e Costumes Diferentes dos Nossos
A questão apresentada no 14º capitulo de
Romanos quanto ao ato de não comer ou beber aquilo com que possa se escandalizar nosso
irmão é diferente em ordem da que foi apresentada nas epístolas dirigidas aos Coríntios, porque o problema nesta igreja dizia
respeito a se comer carne sacrificada a ídolos.
Aqui neste décimo quarto capítulo, o problema
era de outra natureza, diferente do citado em I Coríntios, porque estava relacionado ao fato das
distinções cerimoniais da Lei de Moisés sobre alimentos puros e imundos, e também sobre as
libações e comidas que acompanhavam os sacrifícios apresentados no templo de
Jerusalém, e não propriamente a prática de idolatria como estava ocorrendo em Corinto.
Uma coisa é a predileção por gostos ou práticas particulares ou de grupos, diferentes dos
nossos, e que devemos suportar em amor para não quebrar a unidade do corpo de Cristo,
conquanto tais gostos e práticas não ofendam a norma bíblica, não se tratando de heresia,
idolatria ou má conduta, e outra muito diferente quanto o que se encontra em questão é a
conivência com qualquer forma de mal.
Paulo demonstra que ninguém seria
recomendado ao reino de Deus pelo ritualismo cerimonial de distinções de alimentos impostas
no regime da lei no Velho Testamento, e nem se
27
deveria por outro lado, se atacar aos judeus que ainda guardavam tais costumes.
Por isso, é dito que aquele que come não julgue
o que não come, e o que não come também não julgue o que come, porque afinal não é nisto que
consiste o reino de Deus, mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo, como se vê no verso 17
de Rom 14.
Além disso, os judeus estavam acostumados a guardarem dias festivos conforme
determinados pela lei, e que agora em Cristo já não eram mais exigidos por Deus.
Então, quando um cristão judeu afirmava a importância de se guardar tais dias para se
agradar a Deus a um gentio, ele estava errando, do mesmo modo que estaria errando os gentios que os condenassem por estarem ainda
guardando aqueles cerimoniais da lei, aos quais estavam apegados por dever de consciência e
tradição, como se vê nos versos 5 e 6.
Foi somente em relação a esta questão de comer
ou não certos alimentos, e de se guardar dias sagrados assim considerados pela lei, que Paulo
disse que cada um deveria ter uma opinião bem definida em sua mente.
Ele restringiu o fato de cada cristão estar
inteiramente seguro em sua própria mente, apenas a esta questão cerimonial de alimentos e
dias sagrados segundo os judeus; para que ninguém tentasse impor aos outros o seu
próprio ponto de vista.
28
Por isso, o apóstolo disse que em Cristo já não havia mais nenhuma distinção entre alimentos
puros e imundos. Na verdade Ele não tem considerado mais nenhum alimento imundo,
mas se alguém quisesse continuar assim considerando que o considerasse, mas que o
fizesse para si mesmo, sem condenar ou rejeitar os demais de pensamento diferente.
Deste modo, ao dizer no verso 14 que estava bem certo no Senhor Jesus que não há mais
nenhuma coisa de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda, ele não
estava de modo algum dizendo que tudo o que existe no mundo é puro; porque estava
restringindo o uso desta expressão apenas aos alimentos que comemos.
Paulo aproveitou para estender a questão sobre a comida e bebida, para além do cerimonialismo
e aplicou-a ao fato de se comer e beber de maneira escandalosa, que sirva como pedra de
tropeço para alguns irmãos (v. 20 a 23).
Assim, em vez de estarem preocupados em julgarem seus irmãos quanto a estas coisas não
essenciais, eles pecavam contra o Senhor, esquecidos que, cada um dará conta de si
mesmo a Deus, no Tribunal de Cristo.
Evidentemente, podemos e devemos transferir
tudo isto para a nossa forma de nos relacionar com irmãos que pertençam a congregações cuja
prática cultual seja diferente da nossa, quanto ao gosto musical, ordem de culto, forma de
ministração da Palavra de Deus, etc, uma vez
29
que não somos autorizados pelas Escrituras a evitar ter comunhão com eles por conta de
nossos gostos serem diferentes.
Nossos modos e costumes não são um padrão de verdade nem para nós mesmos, porque estão
sujeitos a serem alterados com o tempo. Faríamos bem, portanto, em aprendermos
simplicidade, humildade, amor, renúncia, por amor aos irmãos e ao Senhor, negando-nos a
nós mesmos quanto aos nossos gostos em prol de não sermos uma causa de tropeço ou de
tristeza para os nossos irmãos.
Caso alguém não consiga fazê-lo, que se guarde então de criticar aqueles que Deus não tem
rejeitado por conta de seus costumes diferentes dos nossos.
30
Perdas do Que se Tem e do Que não se Terá
Neste mundo temos muitas perdas.
Perdemos o que temos
e também perdemos
o que não chegaremos a ter.
Bens, conhecimentos, amizades,
são perdidos de uma e de outra forma:
Os que nunca teremos e os que foram embora.
Como lidar com isto quando nós temos
uma alma com um desejo infinito?
Não fomos criados por Deus para a derrota,
nunca foi o Seu propósito limitar-nos
e deixar-nos despojados.
Como podem ser então explicadas
estas tantas perdas da nossa jornada?
Desde que o pecado entrou no mundo
o homem perdeu da satisfação, o sentido...
que tinha somente em Deus.
Deus era o seu tudo, e tudo mais era acréscimo.
Não precisava do sentido de posse,
para se sentir preenchido... completado,
pois tudo lhe fora dado para ser desfrutado.
Em tudo ele via a mão de Deus e lhe era grato,
mas tudo isto mudou quando entrou o pecado,
e agora o homem precisa ser despojado, para
reaprender que em Cristo está aperfeiçoado.
31
Desapega... Desapega
As palavras deste clichê de uma propaganda comercial bem explicam o significado do tipo de
renúncia ordenada por Cristo aos pretendentes a serem Seus discípulos.
Não propriamente pela troca proposta na propaganda, mas pelo sentido do verbo
“desapegar-se”.
A palavra renúncia em Lucas 14.33 não traz implícita diretamente a ideia de não estar
afeiçoado, não estar apegado, a qualquer coisa deste mundo, inclusive ao que tange à nossa
própria pessoa (corpo, planos, carreira etc), e é justamente este desapego que explica de modo
preciso qual é a condição do nosso pensar e sentir nas renúncias que temos que fazer por
amor a Cristo.
Não estar amarrado a coisa alguma. Não de
maneira irresponsável ou sem amor, mas de forma alegre, grata e voluntária, sujeitando-se à
providência divina, até mesmo no caso extremo de perdas de pessoas e coisas que mais
estimamos.
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu
discípulo.” (Lucas 14.33)
Veja o que foi dito por nosso Senhor no contexto
imediatamente anterior a estas suas palavras
32
relativas à necessidade de completa renúncia para podermos ser Seus discípulos:
“Luc 14:26 Se alguém vem a mim e não aborrece
a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser
meu discípulo.
Luc 14:27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.
Luc 14:28 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro
para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?
Luc 14:29 Para não suceder que, tendo lançado
os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele,
Luc 14:30 dizendo: Este homem começou a
construir e não pôde acabar.
Luc 14:31 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular
se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
Luc 14:32 Caso contrário, estando o outro ainda
longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz.”
Há este custo na vida cristã de termos que
renunciar aos nossos mais preciosos afetos que nos levam a estar apegados a nossas entes
queridos e a tudo o que é precioso para nós, como até mesmo a nossa própria vida – custo
este que devemos calcular adequadamente para
33
podermos prosseguir na edificação espiritual de nossas próprias vidas e para sermos usados na
de outros; e na batalha espiritual que temos que enfrentar e realizar por amor a Cristo.
O sempre presente temor de perdas (de
amizades, de oportunidades etc), sempre levará o nosso afeto a estar ligado não propriamente a
Cristo, mas às pessoas e coisas às quais estejamos apegados.
Sem estarmos desapegados é simplesmente
impossível seguir a Cristo e viver a vida cristã do único modo pelo qual importa ser vivida.
Então, se alguém quer servir a Cristo: desapega...
desapega.
34
O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada
A salvação da alma, como tudo o mais em nossa vida, possui também a sua porta de entrada.
Esta porta é única, eterna e insubstituível.
Corremos portanto, um sério risco em nos darmos por satisfeitos com alguma porta
religiosa, filosófica, ou qualquer outra que tenhamos escolhido como porta para a nossa
salvação, e no fim da nossa vida, quando esta for aberta, não nos conduzir para o céu, para o
nirvana, ou para outras condições agradáveis em relação ao destino eterno do nosso espírito, uma vez que este tiver deixado o nosso corpo
pela morte.
Ora, é bem patente que se fosse deixado por Deus, que por nossa própria escolha, viéssemos
a adotar o modo de vida ou pensamento que nos conduzirá ao céu, é bem certo que todos nós nos
perderíamos, porque, afinal, Deus é espírito invisível, e seus caminhos não são os nossos
caminhos e nem os seus pensamentos os nossos pensamentos.
Se no próprio mundo físico em que vivemos e apalpamos pelo nosso tato, e vemos com os
nossos olhos, muitas coisas permanecem encobertas ao nosso conhecimento e
entendimento, quanto mais isto não é verdadeiro de modo absoluto quanto ao que se
refere ao mundo espiritual, celestial e invisível.
Por isso, Deus, em Sua infinita bondade e
misericórdia para conosco, não nos deixou sem
35
a sua ajuda e direção para nos levar à porta que se abre para o cominho da salvação, do céu, da
vida eterna.
Ele não somente nos Deus o Senhor Jesus Cristo
para morrer no nosso lugar, pagando o preço exigido pela Sua justiça quanto aos nossos
pecados, como também nos atrai para Ele, revelando a Sua pessoa divina, para que pelo
poder da Sua graça, possa não somente desvendar os nossos olhos para o mundo
espiritual verdadeiramente santo e celestial, como também operar a transformação de
nossas vidas, segundo o caráter e virtudes que foram por Ele descritas na Sua Palavra que foi
revelada a nós para confirmar o Seu propósito eterno relativo ao modo da nossa salvação.
Assim, as Escrituras não contêm apenas
mandamentos de Deus, mas também descrevem as características que passam a
existir nas vidas dos que são salvos, pela Sua graça e mediante o arrependimento e fé em Jesus. Elas, portanto, confirmam se estamos ou
não entrando pela única porta e caminho que conduz à salvação, a saber, a pessoa do próprio
Senhor Jesus Cristo, que passa a viver em nós em espírito.
É sobretudo neste sentido que Jesus afirma que
não fomos nós que o escolhemos, mas Ele que nos escolheu. Não meramente num sentido
eletivo, mas revelador, diretivo, instrutivo, operativo, porque se não fosse pelo Seu trabalho
de nos trazer para a porta e caminho da salvação,
36
jamais conheceríamos aquela vida espiritual, celestial e divina, que é comum a todos que dela
têm participado pela fé nEle. Então, não é pela escolha que faço de uma determinada filosofia
de vida ou de religião, que posso estar seguro de ir para o céu, ou de estar vivendo do modo que
seja agradável a Deus.
Não nos foi dado por Deus escolher o modo de
vida que me conduzirá à Sua presença, em espírito, pois este caminho já foi estabelecido
por Ele desde antes da fundação do mundo, e não há outros caminhos que possam conduzir
ao mesmo objetivo.
Posso orar, louvar, ler a Bíblia, ser caridoso,
frequentar os cultos de uma igreja, e ainda assim estar fora do caminho, porque posso fazer
tudo isto sem ter tido um encontro pessoal com Cristo, e por conseguinte, não ter sido
regenerado e santificado pelo Espírito Santo, que é quem testifica com o nosso espírito que
fomos tornados filhos de Deus pela nossa comunhão com Jesus Cristo.
João 15:16 Não fostes vós que me escolhestes a
mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
João 15:19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo
amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por
isso, o mundo vos odeia.
37
Senhor Justiça Nossa
No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e
anciãos de Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os profetas que falavam em Seu
nome sem terem sido levantados por Ele, os quais haviam feito o Seu povo se desviar da Sua
presença.
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a Sua Palavra, conforme
fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo que eles afirmavam ser a Sua Palavra, quando na
verdade, era a própria palavra deles, ensinada para atender aos seus propósitos cobiçosos,
interesseiros, carnais e egoístas.
Isto pode ser visto claramente nas palavras de repreensão dirigidas contra eles como as da
seguinte passagem:
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente
a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a
pedra?
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras,
cada um ao seu próximo.
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e
dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31).
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O efeito que era produzido no povo, de andarem contrariamente com o Senhor, era uma prova
evidente de que a vida e o ensino destes pastores e profetas não eram segundo a verdadeira
Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o de produzir temor e santidade no Seu povo,
como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira:
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia
eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho,
então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau
caminho, e da maldade das suas ações.” (v. 21,22).
O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do céu senão dos seus próprios
corações enganosos e corrompidos:
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas
que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
26 Até quando se achará isso no coração dos
profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que
cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de
Baal.”
Isto é um grande alerta para os ministros do
evangelho, para que não incorram no mesmo
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erro deles, deixando de pregar a genuína Palavra do Senhor, no poder do Espírito.
Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos.
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio
coração, afirmando que são revelações recebidas da parte de Deus.
Se estas visões não estiverem de acordo com a
Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser
esquecidas e abominadas, porque não será apenas o povo que será prejudicado por elas,
mas o próprio Deus terá a Sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê
neste capitulo de Jeremias.
Como o quadro que havia prevalecido em Israel
por séculos, sempre foi este de o povo não receber a devida instrução por parte da grande
maioria de seus pastores e profetas, então o Senhor mesmo seria o Pastor do Seu povo, e o
faria através de pastores que estariam debaixo da justiça de um Rei justo que procederia da
descendência de Davi, nosso Senhor Jesus Cristo, e estando assim justificados por Ele,
tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam
conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa
de Israel que haviam sido dispersadas por todos
40
os maus pastores e profetas que haviam presidido sobre elas.
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que
levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o
juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará
seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6).
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, constante do capítulo 31.
41
Está Faltando o Ingrediente do Evangelho na Salada Mista da Mensagem Atual
“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés;
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (João 1.17)
Jesus veio a este mundo trazer e revelar a graça e a verdade para que por ambas nossas vidas sejam transformadas à Sua própria imagem e
semelhança.
O caráter e todas as características que
compunham a graça e a verdade que nEle se encontram, foram profetizados nas Escrituras
do Velho Testamento, e manifestados no Novo Testamento.
Esta graça e verdade puras e cristalinas fluem
através da mensagem do Evangelho genuinamente bíblico, e biblicamente
interpretado.
Como é por meio disso que se cumpre o propósito de Deus de gerar em nós a vida eterna
espiritual e celestial, é óbvio que Satanás (conforme permitido por Deus para o nosso
aperfeiçoamento) se levantaria para tentar ofuscar esta mensagem divina por todos os
meios, porque em Seu desígnio eterno, Deus determinou que ela deveria ser transmitida por
aqueles que fossem convertidos a Cristo por meio dela.
Por séculos, o diabo tem criado organizações
com o nome de cristãs, mas que ocultam ou
42
distorcem a mensagem genuinamente evangélica, e assim, consegue manter muitos e
por muito tempo, senão por toda a vida, afastados da possibilidade da salvação de suas
almas.
Além de organizações, estabeleceu também movimentos, especialmente nestes dias em que pode fazer um uso amplo das tecnologias
disponíveis para desfigurar a mensagem através do chamado tele-evangelismo; literatura tanto
convencional quanto eletrônica, para difundir os mais diversos temas religiosos, que abordam
tudo, menos a mensagem central do evangelho, que quando citada superficialmente, está tão
misturada com conceitos pagãos, que não pode ser identificada.
Com isto, as mentes estão confusas, pensando
que o evangelho, a graça e a verdade que Jesus veio nos trazer para sermos salvos, não passa de
um grosseiro ensino sobre formas de ter prosperidade material; de se obter fama e honra
mundanas; de usar técnicas psicológicas para melhorar relacionamentos e se sentir mais feliz;
e toda sorte de objetivos terrenos, que podem ser alcançados por outros caminhos até mais
efetivos do que a religião.
E se no entendimento comum é somente isto o que Jesus tem para nos oferecer, então, “muito
obrigado por nada”, muitos dizem com razão sobre este produto estragado e falso que lhes é
oferecido.
43
Todavia, uma vez formado o preconceito contra Jesus por se pensar que a Sua graça e verdade é
tudo isto que se oferece em seu nome por aqueles que se autoproclamam seus
mensageiros, cumpre-se o propósito do diabo de manter as pessoas escravizadas ao pecado,
uma vez que essa libertação pode ser feita somente pelo poder de Jesus e mediante a prática do evangelho genuíno conforme
revelado na Bíblia.
Ai de nós, se não fosse a misericórdia de Deus que abre os nossos olhos para discernir o
verdadeiro do falso, e assim, sermos conduzidos à salvação.
A norma bíblica de tudo examinar e reter o que é bom está ficando cada vez mais difícil de ser
cumprida, porque não é comum se observar algo bom, verdadeiro, precioso e útil para a
nossa salvação e edificação nesta salada mista, na qual costuma estar sempre em falta o
ingrediente do evangelho verdadeiro.
Hoje em dia, e como sempre, se alguém deseja
conhecer Jesus é melhor ir diretamente às páginas da Bíblia, especialmente do Novo
Testamento, e começar a fazer o seu próprio estudo da verdade diretamente na sua fonte,
contando reverentemente com a ajuda do Espírito Santo, em espírito de oração, para ter o
seu entendimento iluminado.
44
Acautelai-vos dos Falsos Profetas
Isto disse Jesus, especialmente para aqueles que como nós, estivessem vivendo nos últimos dias,
quando haveria a apostasia da Igreja.
Definição de profeta: Aquele que fala da parte de Deus aos homens.
Em relação ao evangelho, profeta é portanto aquele que anuncia o evangelho de Jesus Cristo
com a mesma precisão da verdade tal como se encontra registrada na Bíblia.
Mais precisamente... é aquele que conduz por
sua mensagem, pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo, e a andarem em
conformidade com a Sua santa vontade.
Este é o profeta do Novo Testamento, desde que nosso Senhor Jesus Cristo se manifestou com a
revelação final da verdade, nada deixando para que lhe fosse acrescentado; de modo que se
alguém se levanta anunciando alguma mensagem que afirme ser uma nova revelação
da vontade de Deus para a Igreja, que contrarie o que já foi revelado nas Escrituras, esta pessoa
estará pregando algo falso.
Agora, através do dom de profecia, Deus pode usar a quem Ele quiser, para - dentro do
contexto e tom das Escrituras - exortar, consolar ou edificar a Sua igreja.
Como a salvação e edificação de almas é feita
através da fé na mensagem do genuíno
45
evangelho de Cristo, é evidente que Satanás usará de todos os meios e artifícios para
distorcer e adulterar a referida mensagem de forma que não produza o efeito esperado por
Deus.
O meio mais comum de fazê-lo então será por
levantar líderes no meio da própria Igreja que passem por dignos, confiáveis mensageiros do
evangelho, quando na verdade são lobos em pele de cordeiro.
Para isto, não há necessidade que aquele que será usado pelo diabo para enganar a muitos,
esteja consciente do que está fazendo, de maneira que há muitos que enganam que
também estão sendo enganados pelo diabo, porque pensam que estão pregando e
ensinando a verdade, e agindo de modo verdadeiramente cristão, quando na verdade
não o estão fazendo.
Todavia, muitos destes que são enganados pelo diabo para ministrarem um evangelho
adulterado, são despertados posteriormente pela graça de Deus e chegam ao conhecimento
da verdade, à qual agora eles se apegam com toda a sua alma.
Assim, quando a Bíblia faz firmes e severas repreensões contra os falsos profetas, não é
propriamente a estes irmãos que andaram confusos por algum tempo, mas àqueles que
obstinadamente resistem a uma vida verdadeiramente santa, operada por uma
submissão humilde e sincera aos mandamentos
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do Senhor, e cujo ego inchado é usado pelo diabo, criando neles convicções reativas ao
evangelho e ao modo de se andar na igreja, que contrariam frontalmente os mandamentos de
Jesus, de modo a manter os crentes afastados daquela verdadeira santificação que seria
produzida em suas vidas caso lhes fosse ministrada a verdade.
É a este tipo de falsos profetas e mestres que o
apóstolo Pedro se refere em sua segunda epístola.
Pedro disse que estes falsos profetas e mestres introduziriam suas heresias destruidoras na
Igreja de maneira encoberta, isto é, agindo como lobos em peles de ovelhas tal como Jesus
havia alertado a Igreja para que se acautelasse deles, exatamente por causa desta dificuldade
de serem logo identificados.
Eles negam o Senhor porque não pregam
debaixo da obediência à Sua vontade somente aquilo que Ele nos ordenou para ser ensinado e
guardado.
Eles pregam algumas coisas agradáveis do
evangelho pela própria escolha deles para agradarem e seduzirem as pessoas.
Eles não pregarão o escândalo da cruz, e não atacarão firme o pecado, e não disciplinarão os
crentes com toda a longanimidade e doutrina, antes pregarão uma graça irresponsável que
não é a verdadeira graça - a qual exige diligência e santificação dos cristãos, ou então pregarão
uma salvação por meio de obras, e não pela
47
graça, mediante a fé, de modo a manterem as pessoas atemorizadas e debaixo do domínio
deles, por temerem que não venham a cumprir as suas ordens e desejos - que impõem aos
crentes como coisas necessárias para que não se desagrade a Deus.
Eles, servem a si mesmos e não ao Senhor e aos interesses do Seu reino.
Assim, o evangelho destes falsos profetas e mestres não tem porta estreita, nem caminho
estreito para a salvação, segundo a santificação que leva à mortificação de todo tipo de pecado, e
a um andar na justiça evangélica; senão uma porta ampla e um caminho largo para os crentes
viverem desordenadamente, desde que atendam aos interesses de seus "líderes" que
constituíram a si mesmos sobre eles - não da parte do Senhor e nem por uma chamada
específica para o exercício do ministério.
Como pregariam a mensagem relativa à graça e
a verdade do evangelho, quando eles mesmos não a conhecem?
Como pregariam a santificação evangélica, quando eles próprios não a vivem?
Eles falam de Jesus, mas o Jesus que eles pregam
não é o da Bíblia, e por isso o apóstolo afirma que eles negam o Senhor que os resgatou, e com isso
trazem sobre si mesmos repentina destruição (v. 1).
Nenhum cristão bem instruído pelo Espírito deveria permanecer debaixo da liderança
destes falsos profetas e mestres, porque são
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muitos os que seguem as suas dissoluções, e por causa deles o caminho da verdade é blasfemado
(v. 2), porque a santificação não será forjada na vida dos seus ouvintes, porque eles vivem na
carne e não pregam a verdade, e sem a prática da Palavra não há santificação, assim como
quem prega na carne nada mais pode gerar senão o que é carnal, e jamais o que seja verdadeiramente espiritual.
Uma outra característica destes falsos profetas e
mestres é que eles ministram movidos pela ganância, porque o que eles visam
verdadeiramente não é a glória de Deus, mas aquilo que é do próprio interesse egoísta deles,
e para atingir os seus propósitos pessoais eles agem usando palavras fingidas, e usam os cristãos como fossem uma mercadoria deles,
para atingirem dos seus objetivos gananciosos (v. 3).
E isto não tem a ver somente com vantagem
financeira, mas com fama, primazia, louvor do ego inchado deles.
No entanto a condenação deles já foi lavrada por Deus há muito tempo e a destruição deles é
certa, porque o Senhor dar-lhes-á a devida paga a Seu tempo, conforme afirma o apóstolo Pedro.
Se nem mesmo aos anjos que pecaram, ele poupou lançando-os no inferno, e tem mantido
a muitos deles no abismo de trevas, onde se encontram aguardando o dia do juízo final sobre
eles (v. 4), quanto mais não serão condenados
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pelo Senhor estes falsos ministros que estão a serviço do diabo.
Também com certeza não os poupará porque somente Noé e mais sete pessoas foram livradas
do inferno quando Deus destruiu milhões de pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló
foi livrado da destruição pelo fogo das cidades de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou
como exemplo do que sucederá a todos os que vivem impiamente (v. 5, 6).
Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e
reservar para o dia do juízo os injustos que ele começou a castigar ainda aqui neste mundo
para revelar que haverá de fato um juízo final (v. 7 a 9).
Satanás e os seus ministros procuram se
levantar principalmente contra a autoridade de Deus, e como não podem atingi-lo diretamente,
eles atacam as autoridades que foram instituídas por Ele, rebelando-se contra elas
com seu atrevimento, arrogância e não receiam blasfemar da dignidade delas, enquanto que os
próprios anjos, embora sejam maiores em força e em poder, não pronunciam juízo blasfemo
contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10, 11).
Depois de nos colocar em alerta contra os sedutores, o apóstolo passou a descrevê-los
mais detalhadamente a partir do verso 12; e neste verso eles são descritos como aqueles
vasos de ira preparados para a destruição,
50
porque seguem resolutamente a natureza terrena deles agindo como fossem criaturas
irracionais, porque não fazem uso adequado da razão para levarem seus pensamentos cativos à
obediência de Cristo, de maneira que, por natureza, permanecem na condição de
existirem para serem aprisionados e mortos espiritualmente, e como blasfemam daquilo que não deveriam blasfemar, mas o fazem
porque não podem entender a natureza das coisas contra as quais blasfemam, é certo que
perecerão na sua corrupção.
Eles se riem daqueles que levam a vontade de
Deus a sério, e que se santificam, porque isto é para eles algo exagerado, fanático,
desnecessário, e assim, eles blasfemam contra as coisas santas de Deus.
Como eles vivem na carne, o seu prazer está voltado para deleites, entretenimentos, festas,
reuniões para o propósito de satisfazerem a carne com banquetes e outros deleites relativos
às paixões e desejos de suas almas ímpias.
Como não podem caminhar na verdade se
deleitam nas suas dissimulações, porque vivem do engano, e têm prazer nisto.
Eles são verdadeiras manchas para o nome de Cristo e da Sua Igreja.
São adúlteros espirituais, pois se aliançam com o mundo e com aqueles que servem a Satanás, a
pretexto de ampliarem a obra de Deus (construção de templos suntuosos, obras sociais
de fachada etc), e a fome deles para pecar não
51
pode ser saciada, e assim toda alma que for inconstante será engodada por eles.
O coração deles se exercita continuamente na ganância, e são filhos de maldição porque
seguem pelo mesmo caminho de Balaão, que profetizava por dinheiro.
Eles deixaram voluntariamente o caminho de Deus e se desviaram por amarem o prêmio da
injustiça tal como fizera Balaão, o modelo deles do passado.
Alegam servir a Deus e seguir as Escrituras, mas não dão a devida consideração aos
mandamentos de Cristo para pô-los em prática em suas vidas e nas dos crentes que dirigem (v.
13 a 16).
Eles se apresentam como fontes, mas não têm
água para saciar a sede dos que têm sede da água viva do Espírito; são nuvens levadas pelo vento e
que também não trazem chuva para regar a terra de corações, que necessitam serem
amolecidos, e assim o que está reservado para eles é a negridão das trevas (v. 17).
Quão distante estão portanto estes falsos
profetas e mestres do exemplo de humildade e mansidão que houve em Cristo e que deve ser achado também em todos os Seus ministros.
Quão longe eles estão daquela santidade de vida
que deve existir em todos os verdadeiros ministros de Cristo.
Quão resistentes eles são à Palavra de Deus e ao trabalho do Espírito, sobretudo no que diz
respeito à implantação de todas as graças que o
52
apóstolo relacionou no primeiro capítulo da sua segunda epístola.
Por tudo isto eles comprovam que são pessoas
que não possuem de fato a habitação do Espírito Santo, que lhes teria regenerado e santificado,
tornando-lhes novas criaturas.
Estes falsos profetas e mestres se intrometeriam na liderança da Igreja, mas o
apóstolo está alertando os cristãos para não reconhecerem a tais homens e não permitirem
que eles permaneçam no exercício do ministério, porque debaixo da liderança deles o
rebanho certamente será posto a se perder.
A sedução deles consiste em atrair os discípulos
para uma vida carnal e sensual que não lhes exija, conforme é da vontade de Deus, a
mortificação do pecado e a prática da justiça, por um andar no Espírito.
Então eles agradarão a muitos, porque não são
poucos os que resistem a um viver e um andar no Espírito, e que consideram ser possível
agradar a Deus vivendo na carne.
Eles sinalizam com liberdade total sob a
alegação de que os cristãos estão na graça - a graça para eles é libertinagem e não a
verdadeira graça de Deus que é o poder de Deus para vencer o pecado, o diabo e o mundo.
E então eles próprios permanecem ainda presos
às suas cobiças e pecados, enquanto oferecem aos outros uma liberdade que eles próprios não
possuem.
53
O que pode parecer para muitos ser uma vantagem para os falsos profetas e mestres, o
fato deles terem algum conhecimento nocional da verdade das Escrituras em suas mentes,
apesar de não tê-lo por experiência em seus corações, que isto servirá pelo menos de
abrandamento da pena para eles no dia do Juízo.
No entanto, isto não será uma circunstância
atenuante, senão agravante, porque o apóstolo afirma que o último estado deles será pior do
que o primeiro, porque seria melhor que fossem totalmente ignorantes acerca dos caminhos de
Deus, do que conhecendo o que se exige para andar neste caminho, tenham vivido num outro
caminho diferente, e ainda conduzindo a outros a caminharem de maneira errada (v. 18 a 22).
Não haverá portanto nenhuma consideração da
parte de Deus no dia do Juízo para aqueles que tenham vivido por um período, ainda que
apenas de maneira externa, segundo os mandamentos da Palavra, e que logo depois
vieram a apostatar entregando-se abertamente à prática das antigas corrupções que eles
haviam abandonado temporariamente, eles serão considerados como o cão que voltou ao
seu vômito e a porca lavada que voltou ao lamaçal.
Estas palavras são também reafirmadas em
essência pelo apóstolo Judas, irmão do Senhor Jesus, na curta epistola do Novo Testamento,
que escreveu e que leva o seu nome.
54
Somente a justiça de Cristo aplicada à alma, e a perseverança na santificação, que comprova e é
a evidência de ter sido de fato justificado pela graça mediante a fé, pode livrar da condenação
vindoura.
Este é o fruto que não será achado na vida dos falsos profetas. É por não terem este fruto
verdadeiro de santidade e justiça que podemos conhecê-los, porque o "evangelho" que eles
pregam e ensinam não pode gerar tal fruto nem na vida deles, nem na dos seus ouvintes.
55
A União Indissolúvel do Crente com Cristo
"1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito.
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte."
(Romanos 8.1,2)
A libertação encontrada pelo crente em Jesus,
em relação à condenação, ao pecado e à morte, é afirmada pelo apóstolo como uma verdade
absoluta e final na vida de todos aqueles que foram justificados pela fé e que por conseguinte
foram regenerados pelo Espírito Santo, ou seja, tornados novas criaturas.
Não é particularmente Paulo que vê o crente
nesta condição, mas o próprio Deus que revelou a ele esta condição firme e segura na qual todo
cristão autêntico se encontra em sua união vital com Jesus Cristo.
Muitos indagam entretanto, por que teria então
o apóstolo citado a condição de desventura citada por ele na parte final do sétimo capítulo?
Não podemos esquecer que a condição ali
apontada por ele não se refere a qualquer tipo de instabilidade no edifício espiritual que está
sendo erigido com os cristãos como sendo pedras vivas sobre o alicerce que é Jesus Cristo.
Até mesmo o conflito interior da luta contra o pecado não pode mais separar o crente do
Senhor que o resgatou e o tornou participante
56
da Sua própria vida, e, na verdade, esta luta está polindo o crente como pedra do edifício.
Nós vimos o apóstolo afirmando esta firmeza do crente em Jesus ao longo de toda esta epístola, e
a título de recordação, leiamos as suas palavras em Rom 6.17-22, onde ele reafirma esta plena
condição de liberdade alcançada pelo crente por meio da simples fé em Jesus.
"Rom 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora,
escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues;
Rom 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
Rom 6:19 Falo como homem, por causa da
fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a
escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos
membros para servirem à justiça para a santificação.
Rom 6:20 Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
Rom 6:21 Naquele tempo, que resultados
colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte.
Rom 6:22 Agora, porém, libertados do pecado,
transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida
eterna;"
57
Veja que é destacada uma condição presente de liberdade total do crente, por estar em Cristo,
contrastada com a de escravidão ao pecado no passado.
Não há qualquer sombra de dúvida no apóstolo
e muito menos nos Senhor Jesus, quanto ao fato de que os crentes já não são mais escravos do
pecado, e nem de Satanás, porque Jesus os livrou perfeita e completamente.
Mas alguém indagará: "Por que então se vê tanto
mau testemunho mesmo nas vidas de crentes autênticos - pessoas que foram justificadas e
regeneradas pelo Espírito?"
Isto decorre não por que perderam a filiação a
Deus, ou por que deixaram de ter o Espírito, ou ainda por que voltaram à sua velha condição
anterior de pessoas inteiramente carnais, deixando de ser novas criaturas em Cristo.
O que sucede é que deixaram de andar do modo
digno da sua vocação, abandonaram a comunhão com o Senhor, negligenciaram os
deveres espirituais da vigilância, da oração e da meditação da Palavra e do empenho na obra de
Deus.
Voltaram a ser, caso nunca tenham deixado de
ser, pavios fumegantes e canas rachadas, mas mesmo assim não serão lançados fora pelo Seu Senhor, que há de completar a boa obra neles,
ainda que seja no céu.
Ele os corrigirá, disciplinará, mas não os
rejeitará.
58
Afinal, não foram escolhidos por Deus por algum mérito que houvesse neles, ou algo que
Lhe agradasse, mas simplesmente o Senhor lhes escolheu porque lhes amou primeiro antes
mesmo da fundação do mundo.
Todavia, uma vez tendo sido feitos filhos de
Deus não poderão agradá-Lo caso não vivam do modo digno da sua eleição, que foi para a
santificação no Espírito (I Pedro 1.2).
O justo (aquele que foi justificado) recebeu a
vida de Jesus pela fé, e agora importa que continue caminhando por fé e não por vista.
Deve se despojar das obras da carne, uma vez que o velho homem recebeu a sentença de
morte na cruz do Calvário, quando morreu juntamente com Cristo.
Uma pessoa que foi libertada não deve viver mais como um escravo do seu antigo senhor, a
saber, do pecado e do diabo.
Quando Jesus disse que somente Ele poderia nos libertar dessa escravidão, ele enfatizou com um
"verdadeiramente" - "verdadeiramente sereis livres", ou seja, uma liberdade efetiva, real,
consumada, para um casamento com Cristo que é de caráter indissolúvel, e que nem mesmo a morte pode separar.
Nosso Senhor também afirmou em João 3.6: "O
que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito."
E foi daqui que o apóstolo Paulo retirou o seu ensino que encontramos neste oitavo capítulo
de Romanos, quando diz que aos olhos de Deus
59
os crentes são vistos como espirituais, e não mais como carnais, ou seja, eles nasceram da
carne, de seus pais, mas em Cristo, nasceram do Espírito, e são espírito vivificado, pronto para
responder à demanda de Deus em ser adorado em espírito e em verdade. Todavia, não podem
manifestar esta vida separados da comunhão com Jesus. É nEle, que todo o propósito de Deus é cumprido, de modo que sem Ele, nada
podemos fazer.
Tudo isto está declarado pelo apóstolo em Rom 8.4-17. Releia este texto, e note como ele se
refere ao fato inconteste de que o crente não anda segundo a carne, como aqueles que não
foram justificados (v.4), e estes últimos caminham sem Deus no mundo porque podem
somente se inclinar para as coisas da carne, e não para as que são do Espírito (v.5) - e o
resultado desta inclinação que o ímpio tem para carne é inimizade contra Deus e morte
espiritual, mas a que o crente tem no Espírito é para a vida eterna e para a paz, reconciliação
com Deus (v.6).
Deus criou o homem para ser espiritual e não
carnal - leia Gên 6.3. Mas é somente em Cristo que alguém pode se tornar espiritual, e como
todos os crentes estão em Cristo, e todos são de Cristo e têm a habitação do Espírito Santo, eles
têm o seu espírito vivificado porque foram justificados com a justiça de Jesus (v. 7-11).
Como toda a nossa vida espiritual tanto em
crescimento e manifestação depende
60
inteiramente do nosso caminhar no Espírito, é evidente que quando fazemos concessão ao
pecado e andamos segundo o mundo, não há de se ver um espírito cheio da vida abundante de
Jesus, senão um espírito que, ainda que tenha sido vivificado no dia da conversão, encontra-se
agora como morto, insensível e incapacitado para manifestar a vida que é do céu, condição esta, entretanto, que pode ser revertida pela
confissão e pelo arrependimento, ainda que repetidamente.
Mas ainda que isto seja verdadeiro, nem sequer
é a isto que Paulo se refere em primeira mão no verso 13, no qual afirma que se vivermos
segundo a carne, morreremos, mas se pelo Espírito, mortificarmos as obras do corpo,
viveremos. Ora, o argumento segue também aqui neste ponto tudo o que ele disse
anteriormente e que continuará afirmando, até culminar com o brado de triunfo e louvor do
final deste capítulo quando diz que nada mais poderá nos separar do amor de Deus que está
em Cristo Jesus, e o motivo disto é porque fomos justificados e unidos a Ele para sempre, como
membros do Seu corpo, sendo participantes da Sua própria vida.
Então estes que tiveram o seu velho homem
crucificado, e que pelo Espírito tiveram os feitos do corpo mortificados na regeneração, são
indubitavelmente todos aqueles que creram em Jesus e que pela fé nEle se tornaram filhos de
Deus.
61
De modo que logo a seguir, a partir do verso 14 até o 17, o apóstolo confirma o que acabamos de
expor.
Até mesmo a citação dos versículos 18 a 28, que
pode parecer à primeira vista estar fora do contexto dos argumentos que Paulo apresentou
anteriormente, na verdade é uma confirmação de tudo o que havia dito, porque nem mesmo as
aflições presentes, nem o gemido da criação existem como uma forma de oposição ao plano
de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Cristo. Tudo o que há de tribulação e aflição no
mundo coopera para a consumação deste Seu propósito eterno, porque é justamente por estas
provações que somos aperfeiçoados para sermos à imagem e semelhança de Jesus.
E para suportar e vencer estas provações temos a ajuda do Espírito Santo que nos fortalece para
mantermos uma vida de vigilância e oração, de modo que possamos viver de modo agradável a
Deus crescendo na graça e no conhecimento de Jesus.
Daí Paulo ter dito:
"28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito."
Paulo chamou os crentes de Corinto de carnais, porque eram bebês em Cristo que não se
desenvolviam em seu crescimento espiritual.
62
Não devemos portanto entender essa forma dele se expressar naquela epístola como algum
tipo de indicação que eles não eram de Cristo, ou que não tinham o Espírito.
Eles foram assim chamados porque estavam andando de modo desordenado, mas daquele
mal foram curados pelo mesmo remédio que nós também somos, porque se arrependeram e retomaram a caminhada da vida cristã do modo
pelo qual deve ser retomada, a saber por um andar no Espírito, em comunhão com Cristo,
observando e guardando os Seus mandamentos, por meio da fé e graça que Ele
concede àqueles que se aproximam dEle com um coração sincero.
Assim, ao chamar, em certa ocasião, os crentes coríntios de carnais, o que Paulo queria dizer era
que eles estavam no Espírito, mas viviam como os que vivem exclusivamente na carne, a saber,
aqueles que não conhecem a Jesus.
E como sucedeu a eles, ocorre com muitos na
Igreja, em razão da luta constante entre o Espírito e a carne, pois há em todo crente duas
naturezas, uma terrena e outra celestial, uma velha e outra nova, uma carnal e outra
espiritual, daí a existência do conflito.
Então, para o propósito de aperfeiçoamento dos
santos Deus concedeu dons e ministérios pelo Espírito Santo, à Igreja, como se vê em I Cor 12,
14 e Ef 4.
Se o cristão permanecer vivendo de modo
carnal Ele não poderá manifestar a vida e paz do
63
Espírito Santo, a qual só pode ser conhecida e experimentada, caso se ande no Espírito.
Entretanto, por ter a habitação do Espírito ele já alcançou a condição de vida e paz, e foi livrado
para sempre da condenação de morte que pairava sobre ele antes da sua conversão.
John Owen escreveu um tratado intitulado A
Graça e o Dever de Ser Espiritual. O título é muito apropriado porque esta condição de ser
espiritual é recebida exclusivamente pela graça e será mantida para sempre, todavia a sua
manifestação na nossa viva cotidiana é dependente da nossa obediência ao Senhor e
aos Seus mandamentos, por se viver na fé e andando no Espírito.
Foi para isto mesmo que fomos predestinados
por Deus. De modo que nos chamou, pelo Espírito Santo, para nos convertermos e sermos
adotados como Seus filhos, por meio da justificação, com vistas à nossa glorificação
futura.
Deus não poupou ao seu próprio Filho para que
Ele morresse por nós. Então como haveria nEle alguma possível intenção de vir a anular tudo o
que nos tem prometido dar juntamente com Cristo, por causa da nossa união com Ele?
Como dissemos anteriormente fomos feitos co-
herdeiros com Ele e isto significa que tudo o que é de Cristo é também nosso por direito
concedido, prometido e jurado pelo Pai.
64
Então quem poderá ser contra o cristão de maneira a impedir que se cumpra nele o
propósito de Deus?
Por que então viverá o cristão de modo diferente deste propósito glorioso que lhe foi concedido
pela graça do Senhor?
Ele não deve dar ouvido à carne, voltaria Paulo a dizer no desenvolvimento destes argumentos
verdadeiros que está apresentando desde o verso 30; mas seguir sempre a direção e
instrução do Espírito Santo.
Ainda que esteja num corpo carnal que enferma
e morrerá, contudo vive pelo espírito e no Espírito.
Paulo começou este oitavo capítulo dizendo que
já não há nenhuma condenação para os que são de Jesus, e que andam segundo o Espírito Santo,
e agora ele afirmou nos versos 33 e 34, que por causa desta justificação pela graça, mediante a
fé, ninguém pode sustentar qualquer tipo de acusação contra os escolhidos de Deus que
prevaleça no juízo vindouro contra eles, porque foram justificados.
Já não há de fato nenhuma condenação eterna para os cristãos, e nem o próprio Deus os
condenará, porque Cristo carregou sobre Si os pecados daqueles aos quais justificou.
E é Ele mesmo que intercede pelos santos à
direita de Deus, para que continue operando eficazmente naqueles que foram transformados
em Seus filhos, para que sejam santificados.
65
É por causa desta intercessão de Cristo que o cristão persevera, porque se fosse deixado
entregue a si mesmo, não poderia prosseguir adiante por causa do pecado que ainda opera na
carne.
De maneira que necessita do Espírito Santo e da
intercessão de Cristo para que o pecado seja vencido, e seja capacitado com poder, para viver
segundo o homem interior, no espírito, e não segundo a carne.
O nosso Grande Sumo Sacerdote, nosso Senhor Jesus Cristo, intercede por nós dia e noite e tem
cumprido a promessa de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos, e é esta a
razão de não desfalecermos no meio da nossa jornada rumo à nossa pátria celestial.
De tal ordem é a força deste poder operante da graça de Jesus no cristão que nada poderá
separá-lo do Seu amor.
Nenhuma tribulação, angústia, perseguição,
fome, nudez, perigo, espada poderão consegui-lo, porque o caráter desta união é indissolúvel;
porque tem o mesmo caráter matrimonial.
A fé vence o mundo, e todas as coisas que se levantam contra o conhecimento de Deus, em Cristo. A fé que salvou o cristão é um dom de
Deus, e sendo assim é algo indestrutível.
Ela não pode ser vencida por nenhuma tribulação, seja interna ou externa.
Nada do que sentimos ou sofremos poderá nos separar de Cristo se pertencemos de fato a Ele,
por termos sido, justificados e regenerados.
66
Deus trabalhará em nós através de todas estas coisas que no presente nos parecem adversas,
mas que no fundo estão contribuindo para o nosso bem, de maneira que sejamos
aperfeiçoados em santificação e amor; o que nos fará experimentar graus cada vez maiores da
plenitude que há em Cristo.
É portanto por meio de todas estas coisas que os
cristãos são mais do que vencedores por meio do amor de Jesus.
67
Julgados Pela Lei da Liberdade
Tendo falado nos dois primeiros capítulos de Romanos sobre a natureza pecaminosa
universal de toda a humanidade, quer em todas as épocas ou lugares, e do juízo de condenação
eterna que há da parte de Deus sobre aqueles que se encontram nesta condição, a saber, todas
as pessoas sem exceção, Paulo passou a discorrer nos capítulos 3, 4 e 5, sobre a solução
provida por Deus para perdoar e restaurar o homem caído, ao nos dar Jesus Cristo para ser
tanto o nosso sacrifício expiatório, quanto o nosso sumo sacerdote intercessor, o nosso guia,
rei e senhor, bem como a nossa própria nova vida espiritual e celestial.
Tiago havia falado sobre a Lei Régia que condena todo homem, porque esta Lei não foi
revogada ou substituída pela Nova Aliança feita no sangue de Jesus, senão apenas a Lei
cerimonial e civil que foi dada através de Moisés para vigorar para a nação de Israel no período do
Antigo Testamento, que durou de Moisés (1.440 a.C), até a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na
cruz.
Tiago falou também de uma Lei da Liberdade
sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo?
Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo Jesus que somos libertados da lei do pecado e da
morte (Rom 8.2). Veja que é afirmado ser ela
68
uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual eterna.
Não se trata portanto de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de
toda forma de pecado que se possa nomear, mas é sobretudo uma liberdade de uma condição de
morte para a de vida eterna; de prisão em ignorância e em trevas, para o verdadeiro
conhecimento de Deus e de luz. É liberdade da escravidão a Satanás e a todos os espíritos das
trevas. É liberdade da condenação da Lei Régia e da própria Lei de Moisés. É liberdade para ter
poder e capacidade para viver de maneira santa e agradável a Deus e em comunhão com Ele por
toda a eternidade.
Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade
que estão em Jesus Cristo, e que nos foram reveladas pelo Seu evangelho.
O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além
de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada
nele progressivamente até a perfeição em glória, pela operação e instrução do Espírito
Santo.
A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo
evangelho para poder ser perdoado e justificado por Deus.
É por estar em Cristo que somos justificados e
por conseguinte tornados aceitáveis a Deus.
Deus não mais condenará eternamente aquele
que foi justificado pela fé em Jesus.
69
Ele não o fará porque prometeu isto desde os dias dos profetas do Velho Testamento
(Jeremias 31.31-35).
E para que não houvesse qualquer dúvida em
nós quanto ao que havia prometido acrescentou um juramento por Si mesmo de que jamais
anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17).
É por isso que vemos o caráter deste perdão e justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas
passagens dos evangelhos, especialmente nas parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e
da ovelha perdida.
Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui
todo o ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da
busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de
Deus para que possam ser acolhidos por Ele.
Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a
sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve da parte dela uma efusiva recepção. É bem
provável que ela tenha tentado escapar de seus braços imaculados, de tão suja que estava pelo
pecado, envergonhada de sua condição, mas ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve
êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus ombros, para poder cuidar dela, lavando-a,
alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco.
É por este motivo que é ordenado aos cristãos seguirem o exemplo do Seu Pastor e Mestre,
buscando também as ovelhas desviadas do
70
rebanho. Ainda que haja uma resistência natural nelas ao serem assim procuradas, mas
isto não deve ser motivo de deixarmos de orar por elas e de procurarmos abordá-las com
exortações amorosas de encorajamento a retornarem ao redil.
Ainda que algumas tenham sido tratadas com a disciplina da Aliança prescrita pelo próprio
Senhor Jesus Cristo, não nos é dado desprezá-las e deixar de amá-las e de interceder em favor
delas para a sua futura restauração pela via do arrependimento.
E por que tudo isto? Porque são filhos de Deus. Adotados por Deus como filhos em Jesus Cristo.
São amados de Deus. Reconciliados com Deus, ainda que estejam com sua comunhão presente
arruinada por uma vida carnal e pecaminosa, porque o preço exigido para a justificação deles
foi pago integralmente por Jesus, que nada deixou para que fosse pago por eles para
poderem ser reconciliados com Deus. A inimizade que havia foi desfeita, porque
“justificados pela graça mediante a fé temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus
Cristo”. A guerra de inimizade por causa do pecado acabou no momento em que nos
rendemos por meio da fé em Jesus.
71
A Primeira e Grande Lição da Vida Cristã
Todo cristão deveria ser devidamente esclarecido quanto ao fato de que ao se
converter, haverá uma luta entre o Espírito Santo e o diabo, a carne e o mundo, na disputa
do seu coração.
A carne, o mundo, e o diabo não pedem permissão para atacar o crente com tentações. Estão sempre agindo tentando conquistar à
força a sua vontade para que viva de modo contrário à vontade de Deus.
E como Deus não age pela força, e sem a nossa
busca voluntária do Seu auxílio, Ele não poderá nos livrar deste assédio maligno, a menos que
Lhe estendamos a mão de livre vontade para que possamos ser conduzidos pelo Espírito, e não
mais pela carne, pelo diabo ou pelo mundo.
Assim, quando alguém se converte a Cristo,
deve estar bem esclarecido quanto à necessidade de buscar a Deus voluntariamente,
e isto com perseverança, esforço e diligência, para que haja a mortificação e despojamento da
velha natureza, uma vez que apesar de termos recebido uma nova natureza na conversão, não
somos livrados, enquanto neste mundo, da antiga, e assim, ficamos sujeitos à
concupiscência da carne, dos olhos e à soberba da vida, se não recorrermos ao Senhor para
sermos livrados disto.
Isto deve ser feito diariamente, e daí Jesus nos
ter ensinado a vigiar e a orar em todo o tempo,
72
pela negação do ego e do carregar da nossa cruz, para que possamos segui-Lo.
Daí ter dito também que quem procura acha, quem bate à porta ela se lhe abrirá e quem pede
recebe.
Lembremos sempre que Deus jamais arrombará a porta do nosso coração para impor
dentro de nós a Sua vontade. Ao contrário, Ele nos convidará, batendo à nossa porta, para que
batamos à Sua, para que ali achemos a graça, a misericórdia e o poder que nos darão a vitória
sobre a carne, o mundo e o diabo.
O Senhor poderia nos dar a graça de que
necessitamos à força, mas isto não está de acordo com o Seu caráter gentil e gracioso, de
maneira que jamais nos imporá qualquer coisa, mesmo que seja para o nosso bem, sem que isto
seja da nossa vontade.
73
Por que Precisaríamos de Jesus?
A humanidade não viveu sem o conhecimento de Jesus por cerca de quatro mil anos, até que
Ele se manifestasse há cerca de dois mil anos atrás?
Por que precisaríamos de Jesus?
O mundo oriental com suas religiões não cristãs não tem vivido sem Cristo por séculos, e
também os povos silvícolas não alcançados pelo Evangelho?
Por que precisaríamos de Jesus?
Não tem havido entre os próprios cristãos
testemunhos de vida que são moralmente inferiores ao de muitos não cristãos?
Por que precisaríamos de Jesus?
Todos não estão sujeitos aos mesmos males neste mundo?
Todos não compartilham as mesmas
necessidades?
Visto pelo ângulo natural jamais poderemos entender o quanto precisamos de Jesus.
O ser humano carece desesperadamente de ser justificado dos seus pecados.
Toda pessoa possui um espírito morto em
delitos e pecados.
E Deus é Deus de vivos e não de mortos.
Jesus morreu na cruz carregando sobre Si os
nossos pecados.
Somente nEle, pela fé nEle, podemos ser justificados, ou seja, sermos tornados aceitáveis
à justiça de Deus, porque Jesus, é o nosso único
74
Sacrifício aceitável, pelo qual todos nossos pecados são perdoados e apagados. Este Seu
sacrifício aconteceu no tempo histórico há dois mil anos, mas no tempo de Deus, possui
validade eterna, e pôde alcançar até o primeiro homem criado. Ora, assim, todos aqueles que
procuraram por Deus, ainda que às apalpadelas em suas consciências, buscando fazer o que é justo e agradável, com o fim de O encontrarem
em comunhão com seus espíritos, certamente foram salvos pela fé que tiveram, com base no
mesmo sacrifício de Jesus Cristo, cuja morte estava tipificada nos sacrifícios de animais
exigidos por Deus desde que o primeiro homem pecou, até que Jesus morresse na cruz.
Deus requer que creiamos que somos pecadores
e que necessitamos ser cobertos com o Sangue precioso derramado por Seu Filho. Isto é tido em
nossa conta como justiça. Esta fé nos é atribuída como justiça, porque com isto, demonstramos
que buscamos ser justos não apenas em relação aos homens, mas também em relação a Deus,
que requer isto de nós.
Este é o motivo que ainda que haja pessoas melhores do que cristãos autênticos, é possível
que não sejam salvas, porque apesar disso podem não estar sob a cobertura do Sangue de
Jesus, por falta de fé; enquanto todos os cristãos foram justificados não pelos seus próprios
méritos ou bondade, mas por causa de Jesus em quem eles creram para ser o Seu Salvador e
Senhor.
75
Adultério Espiritual
Veja que é possível que crentes genuínos,
nascidos de novo do Espírito Santo, aos quais Jesus disse as seguintes palavras:
“Apo 2:19 - Conheço as tuas obras, o teu amor, a
tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as
primeiras.”
Também tenham sido admoestados
severamente em razão de estarem convivendo e tolerando com o seguinte quadro, por Ele
descrito logo em seguida:
“Apo 2:20 Tenho, porém, contra ti o tolerares
que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas
ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas
aos ídolos.
Apo 2:21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer
arrepender-se da sua prostituição.
Apo 2:22 Eis que a prostro de cama, bem como
em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita.
Apo 2:23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas
conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um
segundo as vossas obras.
76
Apo 2:24 Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa
doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra
carga não jogarei sobre vós;
Apo 2:25 tão-somente conservai o que tendes,
até que eu venha.”
Alguns, em nossos dias, ao lerem estas repreensões se abençoam no seu íntimo, por
pensarem que elas se aplicavam tão somente à Igreja de Tiatira dos dias do apóstolo João.
Todavia, este mal seria, como tem sido de fato, muito mais intenso e amplo em muitas igrejas
no tempo do fim.
Jezabel era a esposa do rei Acabe de Israel. Ela era oriunda de uma nação que adorava Baal, e foi
por seu intermédio que o culto a este falso Deus foi introduzido e disseminado em toda a nação
israelita.
Aquela Jezabel não era profetisa, mas a citada
por nosso Senhor no texto de Apocalipse se declara profetisa, ou seja, quem ensina da parte
de Deus aos homens, e ela consegue seduzir os servos de Jesus para se prostituírem
espiritualmente, por se alimentarem do ensino de demônios, que são passados a eles através
dessa Jezabel.
Ora, é sabido e notório o envolvimento da Igreja
Protestante atual com sociedades secretas com seus cultos ocultistas, inclusive pela
participação bastante expressiva de lideranças
77
denominacionais, cujos nomes têm sido divulgados amplamente em vários sites da
Internet, e até mesmo em noticiários da mídia secular.
O Senhor diz que tem uma contenda contra estes, e que não lhes deixará descer em paz à
sepultura, caso não se arrependam deste grande estrago que têm trazido à Sua igreja, por
desviá-la da prática do genuíno evangelho que lhes foi dado para guardarem, pregarem e
ensinarem sem qualquer contaminação com as coisas que eles próprios chamam de “coisas
profundas de Satanás”, ou seja, um conhecimento profundo das práticas e cultos
satanistas dos quais eles participam e se orgulham, por conta da associação deles com
tais sociedades ocultistas.
78
Fruto de Justiça
Tenho tido em ocasiões distintas um mesmo sonho no qual me aparecem cachos de uvas e
peras de extraordinária aparência, mas que são de aroma e paladar desagradáveis, sendo sua
polpa imprópria para consumo.
Qual o significado disto?
Lembra a condição referida por Paulo em 2Tm
3:5: “ tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.”
Também das palavras de nosso Senhor dirigida
aos escribas e fariseus chamando-os de sepulcros caiados.
Bons religiosos mas somente na aparência.
Bons cristãos, somente na fama, mas não por
terem uma vida verdadeira repleta do fruto de justiça que é agradável a Deus, e que serve para
alimentar o nosso próprio espírito e o daqueles que são convertidos por Jesus e edificados em
santidade, através do nosso testemunho pessoal.
“Heb 12:10 Pois eles nos corrigiam por pouco
tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a
fim de sermos participantes da sua santidade.
Heb 12:11 Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas
de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados,
fruto de justiça.”
79
A Sempre Presente Necessidade de Reforma
Conhecendo o Presente pelo que Sucedeu no Passado
Reformar, segundo a etimologia da própria palavra (re – formar), significa trazer novamente
à forma original.
Não se trata portanto de criar algo novo, ou de se
acrescentar ou retirar algo do que se tornou envelhecido, como muitos assim o entendem,
mas manter o estado original de algo que foi mudado.
A chamada Reforma Protestante tinha este caráter. Ela não foi basicamente uma luta contra
a Igreja Romana, mas um esforço em fazer com que o genuíno evangelho de Jesus Cristo fosse
pregado e ensinado à igreja, tal e qual se encontra registrado nas páginas da Bíblia, para
ser por ela praticado.
O evangelho não necessita de reforma, porque
está revelado de uma vez para sempre nas páginas das Escrituras, especialmente nas do
Novo Testamento.
Quem necessita então sempre de reforma é a igreja, porque esta sim, é dada a se desviar da
prática dos mandamentos ordenados pelo Senhor em Sua Palavra.
As repreensões dirigidas por nosso Senhor a igrejas nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse bem
demonstram esta necessidade de reforma pela
80
via do arrependimento e retorno à estrita obediência aos Seus mandamentos.
Mesmo no caso das duas igrejas que não receberam repreensões (Esmirna e Filadélfia),
todavia foram alertadas sobre a necessidade de permanecerem na fidelidade em que se
encontravam na ocasião.
O conteúdo destas repreensões e advertências do Senhor muito nos ajudam a entender o
estado presente da igreja em todo o mundo. Podemos ter uma visão correta da necessidade
específica de reforma de cada uma delas, a partir do que lhes é recomendado por nosso
Senhor Jesus Cristo, a cabeça da Igreja.
Veja o caso da igreja em Éfeso:
“Apo 2:1 A o anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão
direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
Apo 2:2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes
suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não
são, e os achaste mentirosos;
Apo 2:3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste
esmorecer.
Apo 2:4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
Apo 2:5 Lembra-te, pois, de onde caíste,
arrepende-te e volta à prática das primeiras
81
obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
Apo 2:6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
Apo 2:7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se
alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.”
Por que Éfeso foi repreendida a ponto de ser ameaçada a deixar de ser igreja (remoção do
candeeiro), caso não se arrependesse de ter abandonado o primeiro amor e suas primeiras
obras, uma vez que fora elogiada por sua correta ortodoxia, por seu labor, rejeitando os falsos
apóstolos e o seu ensino, e rejeitando toda forma de hierarquia eclesiástica (nicolaítas),
perseverando e suportando provas por causa do nome de Jesus sem se deixar esmorecer?
Éfeso nos ajuda a entender porque apesar de pregarmos e defendermos o verdadeiro
evangelho, ainda corremos o risco de não praticá-lo em nossas vidas, ou seja, não
guardarmos os mandamentos do Senhor relativos à nossa santificação. É possível ser
ouvinte da Palavra verdadeira e não praticá-la na vida. Este era o problema com Éfeso e com
um grande número de igrejas em nossos dias.
Santificação não decorre de apenas se
conhecer, pregar e ensinar o evangelho verdadeiro, mas em colocá-lo em prática em
nossos pensamentos, ações e palavras.
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O primeiro amor aqui referido pelo Senhor, certamente reporta aos dias em que sob a
direção do apóstolo Paulo e Timóteo aquela igreja andou em verdadeira santidade de vida,
amando e praticando os mandamentos do Senhor registrados na Bíblia.
Mas como Éfeso era uma cidade cosmopolita, e na qual se encontrava o colossal templo e culto à deusa Diana ou Astarte, e tendo a maioria dos
convertidos sido alcançados de uma vida pagã e idolátrica, eles deviam ser muito tentados em
voltar ao antigo modo de vida de adoração pagã, na qual o adorador serve a quem quiser e vive
como quiser.
O cristianismo todavia não é inclusivista, mas
exclusivista pois admite somente a adoração do único Deus vivo e verdadeiro e que se pratique
somente a Sua Palavra.
Não admira que encontremos no final da
primeira epístola de João, uma advertência quanto à necessidade de se guardarem os seus
destinatários incontaminados da idolatria.
E certamente Éfeso contava entre os
destinatários originais daquela primeira epístola do apóstolo, uma vez que por anos ele
havia se fixado em Éfeso e havia supervisionado todas as igrejas da Ásia Menor, especialmente
as mencionadas nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse.
Nada justifica a falta de reforma da igreja, mesmo quando se encontra debaixo de forte
perseguição, como foi o caso de todas aquelas
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sete igrejas do Apocalipse, uma vez que o imperador romano Domiciano estava assolando
a igreja no período do seu reinado (81-96 d.c.) exigindo que fosse adorado como Senhor e
Deus. O próprio João foi deportado para Patmos por sua ordem, e muitos crentes estavam sendo
martirizados.
Todavia, Éfeso permaneceu firme e perseverou conforme testemunho do próprio Senhor Jesus.
O que poderia se esperar a mais de uma igreja perseverante como aquela?
Santificação.
Sempre será procurado pelo Senhor o fruto da santificação nos Seus servos,
independentemente das circunstâncias em que estejam vivendo.
O argumento de que a pressão da mídia é muito
forte em nossos dias, que as fontes de tentação são múltiplas e variadas, que a iniquidade tem
corroído terrivelmente toda a sociedade, enfim, tudo o que for contra a possibilidade de se
manter uma vida santa sem pressões, não será justificado pelo Senhor por não praticarmos os
Seus mandamentos.
Isto deve ser visto na vida, partindo do coração, sendo um amor não apenas de palavras, mas por
obras e de fato.
Veja que Éfeso tinha muitas obras, mas não
eram as obras da fé. E por isso lhe foi requerido o retorno à prática das primeiras obras que
faziam em santificação.
84
Não existe portanto uma reforma de igreja dissociada do testemunho da nossa própria vida.
Muitos ouvirão o verdadeiro evangelho por anos seguidos, e no entanto, não permitirão que
o Espírito Santo reforme os seus corações, trazendo-lhes à condição em que sempre
deveriam se encontrar, a saber, crescendo na graça e no conhecimento de Jesus pela prática
amorosa de todos os Seus mandamentos.
85
O Dever de em Tudo Ser Criteriosos
“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem
definida em sua própria mente.” (Rom 14.5)
Quanto a este conselho do apóstolo, muitos têm erroneamente pensado que aqui se trata de
doutrina clara, diretamente definida na Palavra revelada de Deus.
Jamais, Paulo teria ousado proferir tal
blasfêmia, a saber, que cada um definisse segundo sua própria interpretação da Bíblia,
qual é a doutrina que lhe convém.
A doutrina revelada é absoluta e imutável.
O que está claramente em foco no contexto
desta citação do apóstolo em Romanos 14, era a questão de preferências por hábitos não
pecaminosos, para os quais cada um tem a liberdade de escolher o seu, sem que seja
julgado por alguém de pensamento diferente.
Mas quando não se trata de doutrina revelada, ou de prática de coisas que ainda que não
definidas na Bíblia como sendo pecaminosas, todavia, caso não estejam de acordo com o tom
das Escrituras, e que não trazem consigo a aprovação do senso comum daqueles que estão
santificados, e sobretudo da testificação do
86
Espírito Santo, é evidente que estas coisas não são lícitas e deveriam ser abandonadas.
Acrescente-se a isto que ainda que fossem
lícitas, todavia há que se considerar que nem tudo nos convém.
Há coisas que podem parecer inocentes na superfície trazem nelas o pecado
subliminarmente embutido, e faríamos bem em nos preservar delas.
Neste particular, quanto cuidado se deve ter
com a mídia secular, não somente impura em si mesma em quase sua totalidade, como também
é engenhosamente planejada para explorar e incentivar o que há de pior na humanidade.
E quando estas coisas estão habitando
juntamente conosco na casa do nosso coração, dificilmente nosso Senhor Jesus Cristo poderá
achar boa acolhida em tais condições.
87
A Natureza da Santificação Verdadeiramente Bíblica
Esta é a única santificação que garantirá ao
crente ser arrebatado por Jesus.
É a única que o habilita a ser um vaso idôneo e útil nas mãos de Deus.
Ensinar o que é esta santificação, e mais do que isto, ajudar o Espírito Santo a forjá-la nos crentes, é o grande e principal desafio para
todos os líderes que são levantados por Deus na Igreja para o referido propósito.
Há cerca de dez anos atrás, quando me dedicava ao ministério de ensino de modo conservador e
formal, que contemplava apenas passar informações de caráter teológico a membros de
Igrejas e seminaristas, o Senhor me separou para o trabalho que venho realizando desde então.
Ele tinha me ordenado anteriormente que me dedicasse a estudar as obras dos pastores
puritanos históricos dos séculos XVII e XVIII, e de D. M. Lloyd Jones, quando me disse que eu
nunca mais ensinaria teologia da maneira como vinha fazendo até então, uma vez que passaria a
fazê-lo de modo informal com o intuito de ensinar o Seu povo a se santificar.
Não é preciso dizer que esta ordem implicava
em que eu tivesse um maior empenho e cuidado com a santificação da minha própria vida.
Na ocasião, o Senhor não me disse qual seria o
propósito disto.
88
Com o passar dos anos, há cerca de quatro anos atrás, comecei a publicar todo o material de
ensino que eu havia produzido e os textos sobre o assunto que eu havia separado, até que
recentemente caiu-me a ficha espiritual relativa ao propósito de tudo isto.
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO ESTARÁ VINDO ARREBATAR A IGREJA EM BREVE.
E condição sem a qual ninguém verá o Senhor, especialmente nesta ocasião, é a santificação.
Não uma santificação imaginada, mas real, bíblica, forjada pelo Espírito Santo, pela
aplicação da Palavra de Deus em nossa vida.
Tenho entendido então, porque, já com certa antecedência o Senhor chamou não apenas a
mim, mas a muitos que se dedicam ao ministério do ensino da Palavra, para estarmos
nos dedicando de maneira tão intensiva, conforme somos capacitados e amparados pela
Sua graça, a disseminar esta necessidade da santificação, e o modo de obtê-la, para que os
Seus servos sejam preparados para o encontro com Jesus entre nuvens, porque este é o único
modo pelo qual é possível fazê-lo, a saber, estando com a vida santificada.
Desta forma, peço aos amados que tenham paciência comigo em relação às postagens que
venho fazendo não apenas no FB mas em diversos sites na Internet, e sei que muitas delas
são bastante extensas, todavia, como ser fiel na exposição de um assunto tão amplo,
significativo e vital, com poucas palavras?
89
Se isto fosse possível, Deus nos teria dado a Bíblia com apenas duas páginas ou não muito
mais do que isso.
Luc 12:43 Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
1Ts 5:22 abstende-vos de toda forma de mal.
1Ts 5:23 O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
1Jo 2:28 Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos
envergonhados na sua vinda.
1Ts 3:13 a fim de que seja o vosso coração
confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso
Senhor Jesus, com todos os seus santos.
2Pe 3:10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com
estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras
que nela existem serão atingidas.
2Pe 3:11 Visto que todas essas coisas hão de ser
assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,2Pe
3:12 esperando e apressando a vinda do Dia de
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Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se
derreterão.
2Pe 3:13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais
habita justiça.
2Pe 3:14 Por essa razão, pois, amados, esperando
estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,
91
Muito Mais do Que Ex Alguma Coisa
Na segunda metade do século XX eram muito comuns os chamados testemunhos de
conversão nas igrejas evangélicas.
Especialmente aqueles que haviam sido
libertados de vícios, do uso abusivo de drogas, do alcoolismo, e de vários outros tipos de
práticas que identificassem um “ex” traficante, ladrão etc.
Com isto, ainda que não com esta intenção,
passava-se à maioria das pessoas a falsa ideia de que uma vez que elas não fossem algum“ex” dos tipos que davam testemunho publicamente,
então tudo deveria estar bem com elas em relação à sua vida cristã.
Todavia, nosso Senhor não veio a este mundo
para nos tornar simplesmente “ex” alguma coisa em relação a pecados grosseiros visíveis,
mas para nos libertar de toda forma de pecado. E isto tem a ver com toda a nossa natureza
terrena decaída no pecado, com o que a Bíblia chama de nosso velho homem.
E ninguém estaria habilitado a testemunhar que agora era um “ex” em relação à sua antiga
natureza, como que se essa tivesse sido expurgada completamente do nosso viver
quando nos convertemos ao Senhor.
É verdade que o velho homem foi crucificado
juntamente com Cristo, que ele recebeu a sentença de morte na cruz, mas enquanto
estivermos neste mundo, a velha natureza, se
92
não for mortificada continuamente, prevalecerá sobre a nova natureza celestial que
recebemos na conversão.
93
Verdadeiramente Mãe para Israel
Em Juízes 5. 6-11 Débora descreve o estado de aflição em que se encontrava Israel sob a tirania
de Jabim, para destacar que sua salvação seria por pura graça. Ela mostra a causa de sua
miséria: a sua idolatria. Eles escolheram novos deuses com novos nomes. Porém, atrás de todas essas imagens, estava Satanás a quem adoravam
indiretamente.
Débora foi uma verdadeira mãe para Israel ao
fomentar diligentemente a salvação de suas almas. Ela chama os que compartilharam das
vantagens desta grande salvação, para que oferecessem a sua gratidão a Deus, os que
tiveram sua liberdade e dignidade restauradas, e assim como os israelitas, devem os crentes
louvarem a Deus.
Esta é uma obra do Senhor. Através de seus atos,
fez justiça sobre seus inimigos. Em épocas de perseguição, os que creem, enfrentam risco de
perder a vida, e sempre recorrem às ordenanças de Deus, às fontes de salvação, de onde se extrai
a água da vida. Em todo momento, Satanás procurará impedir que o crente se aproxime do
trono da graça, os que buscam a Deus devem prestar bastante atenção à bondade que Ele
dispensa para aos seus servos quando estão temerosos. O desejo de Deus é proteger os que
estão mais expostos e ajudar ao mais fraco.
Em Juízes 5.12-23 Débora invoca a sua própria
alma, para que seja mais fervorosa. O que
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acende o fogo nos corações de outros homens com o amor de Cristo, deve arder primeiro com
o mesmo amor neles. Louvar a Deus é uma tarefa para a qual devemos despertar outras
pessoas, e também devemos nos despertar para ela. Leva-se em conta os que pelejaram contra
Israel, os que pelejaram por eles e os que se mantiveram distantes. Os que pelejaram contra Israel eram inimigos obstinados do povo de
Deus; portanto, os mais perigosos. Diversas tribos pelejaram por eles e são aqui
mencionadas com honra; porque ainda que Deus deva ser glorificado acima de tudo, os que
cooperam para o êxito devem receber o devido louvor para estímulo dos demais. Porém, toda
criação está em guerra contra os que têm a Deus por inimigo. O rio Quisom pelejou contra os
seus inimigos. Este rio era, na maioria das vezes, raso; porém agora, provavelmente por causa da
chuva que caiu, estava muito cheio, e a corrente das águas era tão forte que os que tentaram
atravessá-lo se afogaram, e nele ficaram emperradas as rodas dos carros de ferro dos
cananeus.
A alma de Débora pelejou contra eles. Quando
nosso espírito se emprega em exercícios piedosos e realiza as obras do coração pela graça
de Deus, a força de nossos inimigos espirituais será pisoteada e estes cairão diante de nós,
observe que alguns se mantiveram à distância e não se colocaram do lado de Israel, como
poderia ser esperado. Da mesma maneira,
95
muitos não cumprem seu dever por medo de problemas, ou por causa do amor ao conforto e
o afeto indevido por seus negócios e vantagens mundanas. Os espíritos egoístas e estreitos não
se preocupam com o que sucede à Igreja, pois só têm a intenção de ganhar e economizar
dinheiro.
Todos buscam o seu próprio interesse (Fp 2.21), que não têm a intenção de comprometer-se em
serviços necessários e que apresentem dificuldades e perigos, encontrarão até mesmo
algo pequeno, que lhes servirá de pretexto para que fiquem em casa. Não podemos nos manter
fora da luta entre o Senhor e seus inimigos; se não nos empenharmos ativamente em
trabalhar pela causa de Deus, neste mundo mau, cairemos sob a maldição que existe contra
os obreiros da maldade. Ainda que Deus não necessite de ajuda humana, contudo, aceita os
serviços dos que empregam seus talentos para o progresso de sua causa. Ele requer que cada
pessoa faça isto.
96
O Profeta dos profetas
Jesus o grande e maior de todos os profetas, do qual todos eles profetizaram no passado sobre a
Sua vinda, obra e vida.
O Profeta dos profetas que nos trouxe a
revelação final da vontade de Deus para a humanidade.
Aquele que tendo falado da parte de Deus
definitivamente, fechou o ministério de todos os profetas quanto à revelação da graça e da
verdade, tanto que por quatrocentos anos antes dele, e depois dele, jamais se levantou novo profeta em Israel.
O próprio João Batista, que foi a estrela solitária
deste período veio somente com a missão de apontar diretamente quem era o Profeta no qual
se cumpre toda a vontade e desígnio de Deus.
O que Ele fez e ensinou está registrado na Bíblia,
e foi por meio dEle que escreveram os seus apóstolos até o fechamento da revelação com as
mensagens dadas por Ele a João no livro de Apocalipse.
Como Ele mesmo afirmou as Suas palavras são espírito e são vida. São palavras preciosas
espirituais e celestiais destinadas a nos dar a vida eterna. Assim, não se achará esta vida em
nenhum outro Nome, senão apenas naquele que além de Sumo Profeta, é também Sumo
Sacerdote, Salvador, Senhor dos senhores, Mestre dos mestres e Rei dos reis. Glórias sem
fim lhe sejam dadas. Amém e Amém.
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Fugindo da Porta Estreita e do Caminho Apertado
Multiplicam-se os motivos para que não se
pregue à maneira bíblica contra o pecado e a favor de uma vida verdadeiramente santificada,
nestes últimos dias.
Um destes é o relativo a não contrariar os costumes pecaminosos das pessoas, isto se o próprio pregador não se encontrar nesta
condição de estar apegado a hábitos aos quais esteja afeiçoado em sua natureza carnal, e que
não lhe agradaria de modo algum ter que abandonar.
Como posso falar sobre a verdade do evangelho
que mexe com a consciência das pessoas, uma vez que ela condena o pecado e convoca ao
arrependimento, à conversão e santificação, quando eu mesmo estou aprisionado à
concupiscência da carne e dos olhos, e à soberba da vida?
Mesmo quando o pastor for zeloso pelo Senhor e Seus mandamentos, mas se tiver sido
negligente com o cuidado da santificação de sua própria esposa e filhos, como os membros da
sua congregação crerão em suas palavras? Eles não lhe dirão ou pensarão: “por que o senhor
não começa pregando estas coisas para a sua própria família?”
Quando a verdade é pregada muitos vão embora, como ocorria nos dias apostólicos,
porque não podem suportar ouvir coisas que vão
98
mexer com o seu estilo de vida e hábitos aos quais se encontram afeiçoados.
Muitos chegarão a detestar o pregador e lhe
virarão as costas. Procurarão por todos os modos e meios lhe infamar o bom nome para
acharem um lenitivo para as suas consciências feridas pela Palavra da verdade do evangelho.
Deste número, alguns chegarão à conversão
posteriormente, porque se envergonharão e se arrependerão quando o Espírito Santo lhes
convencer do seu mau procedimento contra a verdade. E isto certamente deixará o pregador
satisfeito. Todavia, comparativamente, sempre são poucos.
Por isso disse nosso Senhor Jesus Cristo:
“porque estreita é a porta, e apertado, o
caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” (Mateus 7.14).
Assim, os que pregam fielmente o evangelho,
têm uma porta estreita e um caminho apertado para ensinarem e para seguirem eles mesmos.
Não há como permanecer fiel ao Senhor, fugindo-se a esta regra, para de algum modo
cair no agrado das pessoas.
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A Carne Vai Gemer, Vai Doer, Mas o Pecado Vai Morrer
“1 Visto, pois, já que Cristo padeceu por nós na
carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: porque aquele que padeceu na
carne já deixou o pecado;
2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
3 Porque basta o tempo decorrido para terdes
executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras,
orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.
4 Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de
devassidão,” (I Pedro 4.1-4)
O apóstolo aponta nesta passagem a necessidade que temos de mortificar o pecado.
Paulo havia dito em Romanos que nós
morremos juntamente com Cristo, e que os Seus sofrimentos e morte foram considerados
por Deus como sendo nossos, de maneira que nos encontramos identificados com a sua morte
e sofrimentos.
E a causa daqueles sofrimentos e morte que Jesus padeceu, não foi por algum pecado Seu,
próprio, mas em razão dos nossos pecados.
Ora, se o pecado foi morto pela morte de Cristo, então importa que o mortifiquemos em todo o
nosso viver, a par de todos os sofrimentos e
100
renúncias que isto possa nos trazer, porque afinal, Jesus que não tinha pecado, suportou
tudo e renunciou a tudo por nós.
Assim, o sentido é: "Como Cristo sofreu em sua
natureza humana, vocês, de acordo com o seu voto batismal e profissão, façam a sua natureza
corrupta sofrer, colocando à morte o corpo do pecado pela abnegação e mortificação, porque, se você não agir assim, você não será conforme
a Cristo na sua morte e ressurreição, e não deixará o pecado."
Negue as paixões do Seu ego. Negue seus desejos carnais. Renuncie aos prazeres
mundanos pecaminosos, e viva de modo criterioso e sóbrio para Deus.
O início de toda verdadeira mortificação está na mente, não em penitências e flagelações do
corpo. A mente do homem natural é carnal, cheia de inimizade contra Deus.
Deste modo, o apóstolo nos convoca a termos isto sempre presente em nossa mente, ou seja,
estarmos com o nosso pensamento previamente armado para esta necessidade de
suportar os sofrimentos e renúncias com paciência, sabendo que isto é o que contribuirá
para uma efetiva mortificação dos nossos pecados pelo Espírito Santo, que trabalhará em
nós segundo a aplicação da nossa vontade em tal direção.
O crente morreu com Cristo para o pecado, então a conclusão óbvia é que o pecado deve
também morrer em nós.
101
Pedro considera que o que o crente já praticou de pecado antes da sua conversão debaixo da
direção de Satanás já foi mais do que suficiente para que ele continue negligentemente fazendo
concessão ao pecado mesmo depois da conversão.
Ele já não é mais escravo do pecado e nem do
diabo, mas da justiça e do Deus vivo. Paulo também falou sobre isto em Romanos 6.
Não importa que os gentios, ou seja, aqueles que não conhecem ao Senhor e nem aos mistérios
revelados da santidade da vida cristã, porque não amam a Deus e a Bíblia, pensem que esta
forma de viver em santificação é algo estranho, e com isso façam duras críticas ao viver dos
crentes, quando estes seguem a vontade de Deus e deixam de lhes acompanhar em suas
devassidões.
Esta rejeição é mais uma das muitas formas de
sofrimento que o cristão terá que enfrentar em sua fidelidade a Cristo.
102
Muito Mais do que Emoção e Sentimento
Se observarmos cuidadosamente o texto das Escrituras, veremos que não há nelas narrativas
que tenham o propósito de despertar em nós reações meramente sentimentais e emocionais.
O texto, mesmo quando se refere ao exercício da
misericórdia, como por exemplo, na narrativa da Parábola do Bom Samaritano e na do Filho
Pródigo, ainda que contenha elementos que podem despertar sentimentos e emoções,
todavia não foi com este intento em vista que nosso Senhor as proferiu.
E qual a razão disto?
Simplesmente porque o foco central das Escrituras é ensinar sobre o arrependimento, a
fé, a salvação, que são seguidos pela prática do amor em obras de justiça, e ainda que nisto sejam despertados sentimentos e emoções,
todavia não é este o alvo supremo da mensagem bíblica.
Por conseguinte, quando nos esforçamos para ajudarmos as pessoas a se converterem a Cristo,
fazendo aplicações e apelos sentimentais e emocionais, é bem provável que muitos sejam
atraídos pela mensagem ou canções, sem que tenham uma real experiência de conversão, porque não é por este canal que a fé trafega,
senão pela exposição da verdade do evangelho no poder do Espírito.
103
Como Viver em Paz Consigo e com o Próximo
Enquanto eu dormia o Senhor me instruía dizendo que quando há conflito em
relacionamentos, seja no lar, no trabalho ou onde for, é de pouca ajuda ter apenas um desejo
sincero para resolvê-los, ou então recorrer a métodos psicológicos ou a quaisquer outros,
porque há por detrás destes conflitos agentes espirituais que operam distorcendo palavras e
endurecendo os corações.
A eficácia se encontra então em recorrer ao
Senhor em oração pedindo-lhe sobretudo que preserve os nossos próprios corações de
guardarem tristezas, mágoas ou ressentimentos, especialmente quando a outra
pessoa envolvida no conflito não se disponha a ter paz conosco.
Isto porque embora nos seja ordenado ter paz com todas as pessoas, muitas vezes isto não será
possível, não por nossa causa, pois estamos dispostos a obedecer a Deus em tudo, amando
inclusive até os nossos inimigos, mas em decorrência de que há situações em que há
pessoas que são irreconciliáveis.
Mas quando buscamos sinceramente em
oração viver em paz com aqueles que amam a paz, Deus é poderoso para reconciliar conosco
até mesmo os nossos piores inimigos ou pessoas cujo temperamento seja de difícil trato.
104
Sã Doutrina + Fé + Arrependimento
Há pregadores do evangelho que não conhecem
adequadamente a doutrina da justificação pela graça mediante a fé, mas que na prática, creem
que Deus pode converter pessoas que se encontrem em quaisquer condições, de modo que apelam para que aceitem a Cristo, e sejam
incluídas no rol de membros de suas respectivas congregações.
Outros há que conhecem profundamente a doutrina da justificação pela graça mediante a
fé, todavia, são céticos quanto à conversão de determinados tipos de pessoas, conforme o
sistema particular de avaliação deles de quem é digno de ser salvo por Cristo ou não, e lhes falta
o zelo e fervor requeridos na entrega da mensagem do evangelho.
Ora, tanto num caso quanto noutro, há perigos e
deficiências a serem apontadas.
No primeiro, corre-se o risco de se criar nos
ouvintes uma ilusão quanto a terem obtido uma conversão que de fato não ocorreu, por falta de
arrependimento ou ainda pelo perigo de se crer num “Jesus” criado pela imaginação, sem atinar
com o propósito da Sua obra de expiação em relação aos pecadores.
Não é pelo simples fato de ter sido aceito à
comunhão de uma determinada congregação que podemos ter por certo que nos convertemos
a Cristo.
105
Neste caso, a fé do pregador não está baseada na verdade do evangelho, que aponta para a
necessidade de arrependimento e mortificação do pecado para a santificação, de modo que crer
num Cristo que nada exige de nós, significa desconsiderar ou desprezar o Seu sacrifício e
trabalho na nossa salvação, de modo que não Lhe dando a honra devida, não podemos ser honrados por Deus Pai, conforme o próprio
Senhor Jesus Cristo nos ensinou.
No segundo caso, o conhecimento frio da letra do evangelho, transmitido pelo pregador, pode
conduzir a uma ortodoxia morta que não traga o poder do Espírito Santo juntamente com a
pregação, para produzir a conversão de pecadores, em razão da incredulidade do
próprio pregador no poder da mensagem que ele prega, ou então, por pensar equivocadamente que Deus faça acepção de
pessoas.
Na panela da salvação não podem faltar portanto os seguintes ingredientes: fé, fervor, doutrina
do evangelho verdadeiro e arrependimento.
106
Nem Ociosos e Nem Infrutíferos
"5 E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à
virtude o conhecimento,
6 e ao conhecimento o domínio próprio, e ao domínio próprio a perseverança, e à
perseverança a piedade,
7 e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o
amor.
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem
infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo." (II Pedro 1.5-8)
Deus nos criou para a ação proveitosa,
especialmente em relação a se fazer o bem ao nosso próximo, promovendo e desenvolvendo
sobretudo as sua vida espiritual no que tange à comunhão com Deus, e também para que nós
mesmos demos o fruto espiritual esperado por Ele, relativo à transformação do nosso caráter à
semelhança ao de Cristo.
É a isto que o apóstolo Pedro está se referindo com as palavras do nosso texto.
Ele diz que é necessário empregar toda a nossa
diligência, ou seja, o nosso esforço continuado e bem definido para que este objetivo divino seja
concretizado em nossas vidas.
Ele não fala sobre mero conhecimento ou compreensão intelectual destas virtudes, mas
de existência delas na nossa vida, por um
107
conhecimento de experiência íntima, pessoal e sobretudo espiritual da realidade delas
implantadas no nosso ser.
À fé e à virtude deve ser acrescentado o conhecimento, não meramente conhecimento
intelectual da Palavra, mas um conhecimento vivo da vontade de Deus pela Palavra e pelo
Espírito. Conhecimento do próprio Deus e do Seu caráter. Conhecimento da fraqueza e
corrupção da nossa natureza terrena e de como o pecado opera nela, para que nos despojemos
dela pelo conhecimento das coisas que alimentam e dão crescimento à nossa nova
natureza em Cristo Jesus.
A estas graças deve ser acrescentado o domínio próprio que é fruto do Espírito Santo. E este
domínio próprio deve ser traduzido principalmente num viver quieto e tranquilo, no
Espírito, cultivando-se a virtude da mansidão e da gratidão e contentamento em toda e
qualquer circunstância.
A fé, a virtude, o conhecimento e o domínio próprio devem ser seguidos pela perseverança
na fé. A perseverança que está associada à evidência da nossa salvação de irmos até ao fim
sendo fiéis a Cristo e à Sua vontade.
Com a perseverança deve seguir a piedade, que
é um viver santo e justo diante de Deus e dos homens.
Viver piedosamente é viver de modo totalmente
consagrado a Deus.
108
À piedade deve ser juntada a fraternidade ou comunhão com os irmãos na fé, no ajuntamento
santo da congregação (Igreja), para o culto de adoração a Deus e serviço a Ele e ao próximo.
Finalmente, à fraternidade ou comunhão
espiritual em unidade na Igreja, deve ser juntado o amor ágape, ou seja, o mesmo tipo de amor espiritual com o qual Cristo nos ama, o
qual é o vínculo da perfeição, e sem o qual nada do que somos ou temos será de qualquer valor
para Deus.
Então a melhor maneira de confirmarmos a nossa eleição, conforme o apóstolo diz no verso
10, isto é, de termos certeza da nossa salvação, é por percebermos que as graças aqui citadas por
Pedro estão aumentando em nossa vida. porque é um princípio vital da fé e da graça verdadeiras,
aumentarem em nós.
É este crescimento nestas virtudes, que configura o nosso amadurecimento espiritual, e
é ele que fará com que Deus não nos deixe ociosos e nem infrutíferos no que concerne ao
pleno conhecimento de Jesus, e de uma vida confirmada em boas palavras e obras, pois Ele
nos fará úteis no Seu serviço.
109
Batismo com Fogo
“disse João a todos: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do
que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo.
A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo
inextinguível.” (Lucas 3.16,17)
Estas palavras de João Batista, relativas ao batismo de fogo, se analisadas no próprio
contexto em que foram proferidas, parecem indicar diretamente que há uma referência a
dois tipos distintos de batismos que seriam feitos pelo poder de Jesus Cristo:
- O primeiro grupo, com o Espírito Santo, para
aqueles que nele cressem e se arrependessem dos seus pecados, que ele indica a seguir como
sendo o trigo que seria recolhido e preservado pelo Senhor no seu celeiro.
- O segundo grupo, com o fogo inextinguível, por
ser palha e não trigo, ou seja, aqueles que não cressem no Senhor e que não se arrependessem
dos seus pecados, e que são lançados no fogo do inferno por Deus.
Muitos interpretam esta passagem relativa ao
batismo de fogo proferido por João, como sendo
110
o revestimento de poder do Espírito Santo, uma vez que no dia de Pentecostes foram vistas
línguas como que de fogo sobre as cabeças dos discípulos, representando o próprio Espírito
Santo, com o qual nosso Senhor havia prometido que eles seriam batizados por
ocasião da sua ascensão ao céu, depois da Sua ressurreição.
Nosso Senhor havia prometido na mesma ocasião que eles seriam revestidos de poder
para dar testemunho do evangelho a todas as nações quando o Espírito Santo viesse sobre
eles.
Todavia, não podemos esquecer que o fogo é
usado nas Escrituras, no caso de crentes, principalmente como meio de purificação deles
e da sua fé, por meio das provações, e pela santificação do Espírito Santo, como se vê por
exemplo com o que foi feito com Isaías com a brasa retirada do altar, do refino dos crentes
com o fogo de ourives citado em Malaquias, e por tantas outras passagens de igual significado,
porque nenhum crente será sujeito ao fogo consumidor e inextinguível do inferno e do lago
de fogo e enxofre, que é destinado somente aos ímpios, conforme pode ser observado em
diversos textos das Escrituras.
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Se Captou e Ligou é para Sempre
Ninguém duvida que, uma onda que atravessa o
espaço, e que provinda de uma fonte geradora, caso seja captada por um receptor a ela
adequado, na sintonia correta, possa transportar para ele som, imagem, movimento, cor, textos e tantas outras coisas que chamamos
de mundo virtual. Porque somos testemunhas disto em nossa vida cotidiana.
Não muito diferente disto há um receptor universal chamado Homem, uma fonte
geradora chamada Deus, e uma onda invisível chamada Fé, que sendo captada de forma
correta pode transmitir ao homem não somente mensagens provindas de Deus, mas a própria
vida de Jesus Cristo.
Só que no caso, o que se produz não é um mundo virtual, mas realidades tangíveis e
transformadoras, que passam a fazer parte de nossas pessoas.
Tanto isto é verdadeiro que jamais se ouviu que qualquer um que tivesse estado em sintonia
com Cristo houvesse renunciado ao tipo de vida que havia obtido nEle e por Ele. Muitos
preferiram ser martirizados a ter que negá-Lo.
Se na tecnologia a onda é captada por um simples apertar de botão, já no caso da vida da fé,
esta pode ser captada somente por se ouvir a Palavra do Evangelho de Jesus Cristo, e
mediante o convencimento da necessidade que
112
temos de nos arrepender do pecado, que é operado pelo Espírito Santo.
Mas uma vez concluída a ligação, nada mais poderá desfazê-la, nem mesmo a própria morte
física.
Nenhum defeito no receptor humano poderá
anular aquilo que é obtido mediante a fé e que nos une para sempre à vida de Jesus.
Gosto de pensar nesta onda sobrenatural da fé, atravessando todos os tempos e espaços,
chegando como um fio dourado e brilhante infinito que está ao alcance da boca e do coração
de todas as pessoas, para confessarem a Jesus como Seu Salvador e Senhor, mas ela pode ser
somente captada por aqueles que derem crédito à Palavra da verdade do evangelho.
Como no caso do receptor eletrônico, que nada reproduzirá caso não apertemos o Start - o botão
de partida, e assim, quem desconhecesse o que aquela onda é capaz de fazer e caso o botão
nunca fosse acionado, permaneceria sendo cética, de igual modo sucede em relação à vida
que nos vem pela fé, pois se não dermos o devido crédito ao evangelho, estaremos fora de sintonia com Jesus, e nada conheceremos
acerca da Sua vida sobrenatural e divina, apesar dela ser uma realidade que tem sido
comprovada na experiência de milhões de pessoas ao longo dos séculos.
113
Dando uma Chance ao Verdadeiro Evangelho de Jesus
Por evangelho verdadeiro, sem maiores
delongas, deve ser sempre entendido aquele que foi revelado pelo próprio Jesus e registrado
pelos Seus apóstolos nas páginas da Bíblia.
Temos no texto do Velho Testamento muitas
passagens relativas ao evangelho, especialmente nos Salmos e nos Profetas,
todavia, elas falam da promessa do evangelho, e no Novo Testamento, nós temos o seu
cumprimento e manifestação.
Por que estamos propondo que seja dada uma
chance ao verdadeiro evangelho de Jesus?
Principalmente porque é muito triste ver
pessoas sendo enganadas ou se auto enganando, por pensarem que se trata do
verdadeiro evangelho muitos conceitos falsos e errôneos que lhes foram transmitidos,
aprendidos ou concebidos.
Com isto se perde não somente a oportunidade
de salvação da alma como também a de ser edificado pela Palavra da verdade.
Nenhuma outra Palavra contém a semente de vida eterna que está destinada a germinar e a
crescer no nosso coração, senão a Palavra do verdadeiro evangelho de Jesus.
Outros chamados “evangelhos” não podem cumprir este propósito estabelecido por Deus,
porque é Deus verdadeiro e pode operar
114
somente com base na Sua própria verdade revelada nas Escrituras.
A importância disto é de caráter vital, pois vida
ou morte espiritual estão envolvidas neste assunto.
Não se trata da proposta de um caminho para
uma religião, mas um caminho para passar da morte para a vida, das trevas para a luz, da
potestade de Satanás para a de Deus.
Importa que saibamos que o Jesus no qual afirmamos crer é Aquele cujo caráter e
demandas estão revelados especialmente no Novo Testamento. E como poderemos conhecê-
Lo então do modo conveniente, quando desconhecemos quais são as suas ordenanças
que visam à nossa transformação pessoal?
Os próprios milagres e todos os demais sinais que Ele realizou tinham o propósito de
confirmar as profecias sobre a Sua pessoa divina e ministério, para que crêssemos em todas as
Suas Palavras e ensino.
Se nos falta portanto esta disposição para conhecer este ensino a nós destinado, quanto ao
que crermos e fizermos, como poderemos ter a certeza de que estamos servindo de fato ao
verdadeiro evangelho, ao verdadeiro Cristo?
“1Tm 6.3 Se alguém ensina outra doutrina e não
concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade,
1Tm 6:4 é enfatuado, nada entende, mas tem
mania por questões e contendas de palavras, de
115
que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas,
1Tm 6:5 altercações sem fim, por homens cuja
mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.”
Este é um alerta do Espírito para todos nós,
notadamente nestes últimos dias em que temos vivido, porque uma corruptela de evangelho tem sido anunciada pelo mundo afora, com
apelos dirigidos à coleta de dinheiro dos fiéis, com incentivos a formas licenciosas e carnais
de vida etc. Cria-se então uma visão muito incorreta do que seja de fato o evangelho
quando se mira estes exemplos lamentáveis.
Uma igreja verdadeira cuidará dos necessitados em vez de lhes arrancar os parcos recursos que
possuem, seja a que título for. Este foi o exemplo que nos foi deixado por nosso Senhor Jesus
Cristo e por seus apóstolos.
Não temos portanto motivo para nos escandalizarmos com Cristo e com o seu
evangelho, porque o que se vê não procede do Senhor e nem da verdade, da justiça, da
santidade e de todas as perfeições que existem na Sua pessoa divina, a qual somos convocados
a imitar em toda a modéstia e sobriedade.
116
Voltando para o Lar
"Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele
nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará.” (Oseias 6.1)
Quando em saúde e prosperidade, frequentemente nos afastamos de Deus, porque temos uma natureza inconstante que necessita
de disciplina espiritual adequada para que permaneçamos firmes e inabaláveis na Rocha
da verdade na qual fomos edificados, não nos afastando dEla por causa de deficiência de
caráter ou por falta de experiência em lidar com as tentações e fascínios do mundo.
Assim, quando não temos ainda aprendido a ser aperfeiçoados pela disciplina ministrada pelo
Espírito Santo em meio às circunstâncias reais da vida, não podemos atender satisfatoriamente
ao dever que temos para com Deus, de andarmos em santificação na Sua presença, e
em completa dependência dEle.
Por isso necessitamos da correção de Deus - a princípio, somos chamados a permanecer no
lugar que nos convém por meio de alertas que nos chegam através de provações leves, e que, à
media que vão sendo negligenciadas podem aumentar muito em grau, até que voltemos para
um caminhar ordenado diante dAquele que nos salvou para sermos luz e sal neste mundo de
trevas.
117
Quando a alma se encontra em profundezas ela não pode ver a luz, e então tende a se abater em
desesperança quanto à sua recuperação desta condição que a deprime e lhe imprime a falsa
convicção de que não pode ser livrada pelo poder de Deus.
Ela creu na prosperidade, que poderia vencer qualquer adversidade, mas agora na profunda
aflição é incapaz sequer de expressar uma única expressão de fé. Há somente um peso terrível
que a puxa mais e mais para baixo e para longe da presença de Deus e dos Seus caminhos.
Esta é hora do grande aprendizado sobre o valor da graça e o poder da fé, porque ajudada pelo
Espírito Santo, a alma ousa elevar um clamor ainda que sem palavras, bem no fundo do
coração, pedindo socorro ao Senhor para ser purificada e renovada, para a restauração da
plena comunhão.
Então, uma voz amiga é ouvida: "Vem, voltemos
para o lar onde há provisão, paz e segurança, voltemos para Senhor!" Ele nos convida e atua
no mais profundo íntimo do espírito e nos ergue de um só salto para uma nova caminhada.
Nesta hora a atmosfera espiritual antes pesada, se torna instantaneamente leve e aromática.
Com que alegria o espírito respira este ar fresco e puro que desce das regiões celestiais.
"Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído. (Oseias
14.1)
118
A Verdadeira Liberdade Eterna
Tiago falou de uma Lei da Liberdade sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E
por que ele se referiu a ela deste modo? Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo Jesus
que somos libertados da lei do pecado e da morte (Rom 8.2). Veja que é afirmado ser ela
uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual eterna.
Não se trata portanto de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de
toda forma de pecado que se possa nomear, mas é sobretudo uma liberdade de uma condição de
morte para a de vida eterna; de prisão em ignorância e em trevas, para o verdadeiro conhecimento de Deus e de luz. É liberdade da
escravidão a Satanás e a todos os espíritos das trevas. É liberdade da condenação da Lei Régia e
da própria Lei de Moisés. É liberdade para ter poder e capacidade para viver de maneira santa
e agradável a Deus e em comunhão com Ele por toda a eternidade.
Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade que estão em Jesus Cristo, e que nos foram
reveladas pelo Seu evangelho.
O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além
de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada
nele progressivamente até a perfeição em
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glória, pela operação e instrução do Espírito Santo.
A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo
evangelho para poder ser perdoado e justificado por Deus.
É por estar em Cristo que somos justificados e
por conseguinte tornados aceitáveis a Deus.
Deus não mais condenará eternamente aquele que foi justificado pela fé em Jesus.
Ele não o fará porque prometeu isto desde os
dias dos profetas do Velho Testamento (Jeremias 31.31-35).
E para que não houvesse qualquer dúvida em nós quanto ao que havia prometido acrescentou
um juramento por Si mesmo de que jamais anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17).
É por isso que vemos o caráter deste perdão e
justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas passagens dos evangelhos, especialmente nas
parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e da ovelha perdida.
Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui
todo o ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da
busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de
Deus para que possam ser acolhidos por Ele.
Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve
da parte dela uma efusiva recepção. É bem provável que ela tenha tentado escapar de seus
braços imaculados, de tão suja que estava pelo
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pecado, envergonhada de sua condição, mas ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve
êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus ombros, para poder cuidar dela, lavando-a,
alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco.
É por este motivo que é ordenado aos cristãos seguirem o exemplo do Seu Pastor e Mestre,
buscando também as ovelhas desviadas do rebanho. Ainda que haja uma resistência
natural nelas ao serem assim procuradas, mas isto não deve ser motivo de deixarmos de orar
por elas e de procurarmos abordá-las com exortações amorosas de encorajamento a
retornarem ao redil.
Ainda que algumas tenham sido tratadas com a disciplina da Aliança prescrita pelo próprio
Senhor Jesus Cristo, não nos é dado desprezá-las e deixar de amá-las e de interceder em favor
delas para a sua futura restauração pela via do arrependimento.
E por que tudo isto? Porque são filhos de Deus. Adotados por Deus como filhos em Jesus Cristo.
São amados de Deus. Reconciliados com Deus, ainda que estejam com sua comunhão presente
arruinada por uma vida carnal e pecaminosa, porque o preço exigido para a justificação deles
foi pago integralmente por Jesus, que nada deixou para que fosse pago por eles para
poderem ser reconciliados com Deus. A inimizade que havia foi desfeita, porque
“justificados pela graça mediante a fé temos paz
121
com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. A guerra de inimizade por causa do
pecado acabou no momento em que nos rendemos por meio da fé em Jesus.
122
O Show Que Para Muitos Deve Continuar
Não procuro mais prazeres terrenos e alegrias carnais...
não que pelo temor de em procurá-los, pudesse
cair em frustração quando o mal e a tristeza viessem bater à minha porta.
Não pelo simples motivo da vergonha que
sentiria ao saber que tanto me alegrava enquanto havia bem próximo de mim pessoas
que sofriam e que choravam.
Não. Não os quero mais em minha vida...
A consciência esclarecida não se ilude com a festa carnal, mesmo enquanto ela dure.
Não porque seja algo passageiro, mas porque
está desprovido de valor, verdade e virtude, aquilo que tem por alvo tão somente fazer ferver
nossos sentidos.
Feliz então o momento quando a temperatura abaixa e temos a oportunidade da fazer uma
reflexão calma... felizes aqueles que a fazem e acham respostas às indagações da alma que
procura se livrar de tal desventura.
Afinal aonde me levará tudo isto?
Qual é o proveito e edificação final que me proporcionará e aos demais?
Qual é o supremo motivo que nos mantém
reunidos enquanto nos divertimos?
Sorrisos baratos, gargalhadas teatrais, de quem não é pago para ser artista...
Demonstrações de um amor barato que não
prevalece na hora do infortúnio e da
123
enfermidade ou de qualquer considerável dificuldade de alguém do grupo que poderia
colocar um fim no show que para a maioria deve sempre continuar.
124
Porque Barrabás Sempre Terá a Preferência da Maioria
Não somente no passado, mas ainda hoje e
sempre se disse: “Dê-nos Barrabás e não Cristo!”
Por que Isto?
Não é difícil de entender.
Barrabás era um revolucionário sedicioso que
lutava pela liberdade de Israel da dominação Romana. Havia matado soldados romanos e estava disposto a prosseguir na sua carreira até
que foi aprisionado para ser sentenciado à morte por crucificação.
Então, surgiu em cena o doce Cristo que havia somente praticado o bem por toda a parte, e a
multidão escolheu que Ele fosse crucificado no lugar de Barrabás.
Barrabás não nos incomoda e até parece estar
lutando pelas nossas aspirações por liberdade. E a maioria procura pelo tipo de liberdade que
está representada na luta de Barrabás de caráter político, econômico, social.
Todavia, Cristo deve continuar sendo
crucificado porque Ele nos incomoda. Ele demonstra com plena convicção que o tipo de
liberdade que buscamos em Barrabás, não pode
125
nos livrar da escravidão do nosso próprio pecado e do domínio de Satanás. Ele aponta a
necessidade de conversão pela transformação dos nossos próprios corações. Ele prega a
humildade, o amor, a justiça, a paz, a santidade, e a fé nEle para que sejamos salvos da
condenação da justiça de Deus, por causa dos nosso pecados.
Assim, a grande maioria tem optado por Barrabás, e não por Cristo.
126
A Plena Certeza da Esperança
Nenhuma promessa de Deus falhará, e não deixará de ter o devido efeito.
E para mostrar a imutabilidade da promessa de segurança eterna da nossa salvação, e que não a
revogaria de modo algum, Deus prometeu a Abraão que no Seu descendente que é Cristo, seriam benditas todas as nações da terra, isto é,
todos estes que estão em Cristo são abençoados, porque são resgatados da maldição para serem
adotados na família de Deus como Seus filhos, e a promessa foi feita com a interposição de um
juramento divino, tendo Deus jurado por Si mesmo, mostrando que jurou no grau mais
elevado que existe, porque não há nada mais elevado do que Ele próprio.
Então o sentido aqui é que Ele deixaria de ser Deus (caso isto fosse possível) se deixasse de
cumprir o que prometeu a Abraão em relação à descendência que formaria a partir dele, tanto a
natural (a nação israelita contada na descendência de Jacó, neto de Abraão), quanto a
espiritual (os eleitos que são justificados e regenerados por causa da fé em Cristo) (Gên
22.15-18).
E se Deus fez a promessa isto não é para ser
discutido, mas recebido pela fé. Se entre os homens o juramento põe fim à discussão sobre
qualquer demanda, muito mais temos razão para entender que o juramento que Deus fez
quando fez a promessa a Abraão, põe um ponto
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final logo de início em toda a discussão possível se a salvação é pela graça ou pelas obras, porque
se é pela promessa, é evidente que é por pura graça.
E também que é segura, porque Deus jurou que a daria aos que estivessem ligados pela fé a
Cristo. O próprio Deus então é quem assegura esta salvação e não os nossos méritos e capacidade (Rom 9.8; Gál 3.18).
Foi exatamente para mostrar aos herdeiros da promessa da salvação que eles seriam
realmente salvos em Cristo, e que deveriam descansar quanto a esta verdade, Deus, para
mostrar a imutabilidade deste Seu propósito se interpôs com um juramento.
Se Deus jurou fazer é porque Ele de fato não voltará atrás no propósito sobre o qual jurou, em
nenhum tempo. Então não serão as perplexidades, as fraquezas, as tristezas, os
sofrimentos e tudo o mais que os cristãos possam sofrer em sua caminhada terrena, que
poderá lhes tirar esta salvação que foi prometida por juramento e que eles alcançaram pela fé em
Jesus.
Ao contrário, todas estas adversidades
confirmam a certeza absoluta desta esperança, porque é justamente por meio delas que os
crentes são confirmados em toda boa palavra e obra, e têm sua fé refinada.
A firmeza deste propósito divino foi evidenciada por duas coisas imutáveis, a saber: a promessa
(primeira coisa) e o juramento que Ele fez
128
(segunda coisa). A promessa já seria suficiente, mas foi reforçada com um juramento para que
não houvesse nenhuma dúvida quanto à segurança de recebermos e mantermos para
sempre aquilo que Deus nos prometeu, a saber, sermos herdeiros juntamente com Cristo.
O autor de Hebreus afirma que na condição de eleitos, que já haviam corrido para o refúgio que
nos livra da condenação vindoura, que é Cristo, tenhamos um forte alento (consolo) em face de
todas as perseguições e oposições que possamos sofrer neste mundo, ou em face de todas as
nossas próprias fraquezas, porque é impossível que Deus minta quanto ao que prometeu e nem
quanto ao que jurou.
Deus nos propôs esta salvação por pura graça,
por promessa, e pela fé os cristãos lançaram mão dela, isto é, se apropriaram da promessa e
da graça que lhes foi oferecida em Cristo pela esperança de serem santos assim como Ele é
santo, e de serem co-herdeiros com Ele no céu.
E a natureza desta firmeza é comparada a uma âncora, que nos segura firmemente. E a
segurança e firmeza não são propriamente nossas, nem da nossa fé, mas desta âncora que é
a promessa e o juramento feito por Deus.
É nisto que somos ancorados. É isto que nos
garante o céu, porque esta promessa e juramento penetraram o véu não propriamente
por nossos esforços, mas juntamente com Cristo, que é o Sumo Sacerdote da nossa fé, que
entrou no Santo dos Santos para fazer uma
129
eterna propiciação pelos nossos pecados com o Seu próprio sangue.
Então a promessa e o juramento estão ancorados no sacerdócio e no sacrifício de Jesus
e não em nós mesmos, de maneira que não vacilemos ou duvidemos do seu cumprimento,
porque não estão firmadas em nós que estamos rodeados de muitas fraquezas, mas no próprio
Cristo que não tem qualquer fraqueza, antes é Todo Poderoso.
E os cristãos podem também penetrar além do véu porque Jesus, o precursor deles está lá
intercedendo por eles.
E quanto à certeza da esperança da salvação é
dito em Hebreus 6.19 (“a qual” = esperança proposta) que ela é como uma âncora firme e
segura da alma, porque entra até o interior do véu, onde Jesus penetrou como precursor.
A esperança proposta referida pelo autor de
Hebreus nada tem a ver com a noção comum de esperança que está relacionada a algo duvidoso, incerto, que flutua na expectativa do que será ou
não o futuro, pois a esperança referida no texto conforme se verifica no contexto da epístola,
tem a ver com confiança e não com incerteza.
Embora possam ser incluídas tais expectativas de todos os tipos na noção geral de esperança,
contudo elas são totalmente excluídas da natureza daquela graça da esperança que é
recomendada a nós na Bíblia.
Porque uma confiança firme em Deus para o
desfrutar das coisas boas contidas nas Suas
130
promessas, à época designada, eleva na alma um desejo sincero por elas e pela expectativa
delas, com uma grande alegria por saber que são coisas prometidas, mas que são certas e seguras
porque têm sido garantidas e prometidas não pelo homem, mas pelo próprio Deus, e com a
confirmação de um juramento dEle.
A esperança é uma das graças da fé evangélica, que é infundida em nossos corações pelo
Espírito Santo, e esta graça é tanto maior quanto mais crescemos na perseverança e na
experiência da bondade de Deus para conosco em Cristo Jesus, como se vê em Romanos 5.4,5.
É dito que esta esperança é âncora da alma porque isto insinua que nossas almas estarão
muitas vezes expostas às tempestades, e tensão de perigos espirituais, perseguições, aflições,
tentações, temores, pecados e morte, que batem frequentemente nelas, e então necessitamos de
uma âncora que nos mantenha firmes em nossa posição a par de todas estas tempestades que
sobrevêm sobre nós.
Por causa da violência destas tempestades há
graus nelas que são mais urgentes do que outros, e assim elas tendem na própria natureza
delas a trazer ruína e destruição.
E esta âncora (a esperança proposta baseada no
juramento de Deus em nos salvar para sempre) é o segredo da segurança das almas dos cristãos.
E se é esta âncora que nos segura firmemente, e se esta âncora não somos propriamente nós
mesmos, devemos abandonar por completo a
131
ideia de que somos os próprios agentes da firmeza e segurança da nossa salvação, senão a
promessa de Deus que se cumpre em Cristo Jesus.
Esta âncora não está fixada no fundo do mar, mas no céu, onde Jesus penetrou como
precursor. Ela penetrou além do véu, e o que é este véu? É o que fazia separação entre o Lugar
Santo e o Santo dos Santos. E o que estava além do véu era o Santo dos Santos no qual somente
era admitida a presença do sumo sacerdote para fazer expiação por toda a nação de Israel, uma
vez por ano.
Então isto indicava que este trabalho de expiação, não por mais um ano, mas por toda a
eternidade deveria ser feito por um Sumo Sacerdote celestial, porque o trabalho dEle seria
feito não no tabernáculo terreno, mas no celestial. E como se diz que Jesus foi feito
sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque (v. 20), então isto pressupõe que a nossa salvação é também eterna, assim como
o sacerdócio dEle é eterno.
É portanto uma salvação para durar para sempre, e quando isto começa a acontecer? No
momento mesmo em que somos justificados e regenerados pela fé em Jesus, no dia da nossa
conversão, porque se diz que passamos desde então a ter uma firme e segura esperança,
porque ela está ancorada no céu na pessoa do Sumo Sacerdote que garante a eternidade da
nossa salvação.
132
E o que está dentro deste véu? Não uma arca com tábuas de pedra, nem querubins
entalhados em madeira e ouro, mas o próprio Deus em Seu trono de graça e o Senhor Jesus
Cristo à Sua destra em Seu trono, como Sumo Sacerdote da igreja. É aqui que reside a
segurança da esperança da alma que é firme em todas as tempestades que possam nos sobrevir.
A esperança dos cristãos não está firmada nas coisas abaláveis da Antiga Aliança e que se
encontravam no tabernáculo terreno, e que sendo apenas figura das coisas celestiais
estavam prestes a desaparecer, como de fato desapareceram.
Todas aquelas coisas desapareceram porque agora podemos nos aproximar diretamente do
Pai e do Filho no tabernáculo celestial, sem a necessidade de cumprir as prescrições de uma
ordem de culto terreno que havia na Antiga Aliança.
E se Cristo não tivesse penetrado o céu depois de ter morrido e ressuscitado por nós, não haveria
nenhum trono de graça e misericórdia no céu, porque isto não poderia ser dado aos pecadores
sem uma obra de expiação do pecado.
O nome Jesus significa Salvador porque Ele foi
dado para salvar o Seu povo dos pecados deles.
E Jesus salva os eleitos do poder do pecado, de Satanás, da morte e da condenação da lei.
Como Jesus entrou no céu como nosso precursor, então é nosso dever seguir os Seus
passos quanto ao modo como Ele lá entrou, pois,
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no seu caso, esta entrada foi antecedida pela santidade e pela cruz, e estas duas partes
essenciais do modo com que nosso precursor entrou na glória também se aplicam a nós.
“Heb 6:17 Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a
imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento,
Heb 6:18 para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus
minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da
esperança proposta;
Heb 6:19 a qual temos por âncora da alma,
segura e firme e que penetra além do véu,
Heb 6:20 onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”
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Inabaláveis
Não foi sobre os nossos ombros que Deus
colocou a responsabilidade de produzir a nossa salvação, de modo que alcancemos a vida
eterna.
De tão acostumados que estamos com a ideia de mérito e valor pessoal para que possamos
satisfazer a outros, temos muita dificuldade para reconhecer esta verdade bíblica, todavia,
no que concerne à nossa salvação eterna, Deus o faz não pelos nossos méritos e valor, mas
exclusivamente pelos de Jesus.
Conhecendo a nossa condição fraca e inábil em decorrência do pecado, Ele planejou e executou
um plano perfeito que não demandaria de nós qualquer esforço para termos os nossos pecados
perdoados, sermos justificados e regenerados, que são as operações básicas da graça que está
em Jesus para nos salvar.
Uma vez tendo sido salvos, a mesma graça
continuará operando para a nossa santificação, e esta também somente é possível se
permanecermos em comunhão com Jesus, porque, afinal, foi nEle, que Deus Pai colocou
tudo o que necessitamos para sermos transformados à Sua imagem e semelhança, obtendo vitória sobre a carne, o diabo e o
mundo.
Por isso devemos olhar para Jesus tanto para
sermos salvos, quanto santificados.
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É por estarmos revestidos dEle, da Sua força e poder que somos tornados agradáveis a Deus.
O que se requer de nós é disciplina, esforço e diligência para não nos desviarmos da
comunhão com Deus, dos mandamentos de Deus, e não resistirmos à operação da sua graça
santificadora em nossos corações.
Afinal, fomos libertados para uma liberdade de
um senhorio terrível que era o do pecado e do diabo; de modo que agora não devemos mais
fazer provisão para a carne, senão para que sejamos plenamente enriquecidos pela Palavra
da verdade.
Mas, em todo caso, tão firme é a condição em
que todo crente se encontra, por estar nesta Rocha de um eterno fundamento, que nada
poderá separá-lo desta união com o Seu amado Salvador e Senhor.
Jamais poderíamos produzir esta firmeza, e por isso Deus nô-la concedeu gratuitamente, por
meio do nosso arrependimento e fé.
Esta é a boa nova do evangelho.
Há uma salvação segura e eterna, uma união indissolúvel do crente com Jesus.
Deus determinou que seria assim, e assim será para todo o sempre.
E nenhum poder opositor deste mundo, ou qualquer outro que se possa referir, poderá
prejudicar ou anular o que Deus fez em favor do pecador que confia a Cristo a sua vida, para se
tornar um filho amado de Deus.
136
As próprias tribulações estão cooperando para o cumprimento do plano divino, porque
trabalham para o nosso aperfeiçoamento e crescimento espiritual na graça e no
conhecimento de Jesus.
Jesus destruiu o senhorio que o pecado detinha sobre as nossas vidas, quando morreu na cruz
levando sobre Si todos os nossos pecados.
Por isso se afirma nas Escrituras que nada poderá jamais separar o crente do amor de Deus
que está em Cristo Jesus.
Glórias sejam dadas ao Seu santo nome para sempre porque não nos criou para o infortúnio
ou para a condenação, mas para que tivéssemos a vida eterna abundante que encontramos
somente em Jesus Cristo.
“Rom 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora,
escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues;
Rom 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.”
137
Não Temos Motivos para Desconfiar
Quando cremos numa salvação pela metade, temos também uma alegria pela metade, uma
esperança pela metade, uma ousadia de fé pela metade, um amor a Deus e ao próximo, pela
metade, e assim em relação a todas as nossas demais atitudes e disposições interiores.
Todavia Jesus não obteve para nós na cruz do Calvário, uma salvação pela metade. Ele não
deixou nada para ser completado por nós para que pudéssemos alcançar a filiação plena a
Deus.
Ele não fez um trabalho incompleto relativo à nossa necessidade de reconciliação com Deus.
Este é o testemunho das Escrituras, e
notadamente dos escritos do apóstolo Paulo no Novo Testamento.
O que vemos ali é plena certeza de esperança.
Uma libertação completa da antiga escravidão
ao pecado e ao diabo.
O trabalho que Jesus fez por nós tinha que ser perfeitamente consumado, para que tivéssemos
uma paz completa, livre de inquietações e ansiedades, livre de temores e turbação de
coração.
Como poderíamos repousar completamente nos braços do Senhor se houvesse em nós
qualquer desconfiança ou incerteza quanto à nossa plena aceitação?
Ainda quando eventualmente pecamos não
somos por Ele rejeitados ou desencorajados,
138
porque age como nosso Advogado e Sumo Sacerdote junto ao Pai, requerendo de nós tão
somente a nossa confissão e arrependimento, para que sejamos restaurados à plena
comunhão com Ele.
Onde há desconfiança o amor feliz e pleno não
pode reinar.
Por isso Jesus proveu meios para não haja
qualquer raiz de incredulidade ou desconfiança no Seu amor por nós.
Ele nos trata como irmãos, como amigos, e não nos acusa ou condena quando falhamos.
Porque não o teríamos também na mesma conta de um amado amigo e irmão?
Creiamos no testemunho das Escrituras, e no
testemunho que nos é dado ao longo de toda a história da Igreja cristã, por todos aqueles que
caminharam com Deus em perfeita paz, unidade, amizade, alegria e amor.
Nossas presentes circunstâncias que nos levam a ter que enfrentar muitas vezes provações em
forma de tribulações, aflições e tentações, não invalidam esta verdade, ao contrário, a
confirmam porque são exatamente elas a grande prova do amor e misericórdia de Deus
para conosco, porque é através delas que nos transforma, nos confirma na graça, e nos
aproxima cada vez mais de Si mesmo, aumentando mais e mais a nossa confiança
nEle, porque sempre nos socorre e conforta em todas as nossas provações.
139
Pobre de Espírito e Não Com Um Espírito Pobre
"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus 5.3)
Outras versões trazem “pobres” em vez de
“humildes”, porque a palavra no original grego é “ptocoi” que significa ser pobre ao extremo.
Deste modo, o sentido desta expressão “humildes de espírito” alude àqueles que
reconhecem sua condição natural de extrema miséria espiritual diante de Deus, e que
portanto, recorrem a ele para que seus espíritos sejam enriquecidos com a vida e as virtudes de
Jesus Cristo.
A estes é prometido, por serem assim humildes
de espírito, o reino dos céus, ou seja, eles serão enriquecidos com a herança celestial que lhes
está prometida, por terem crido em Jesus e por terem sido transformados e santificados por Ele.
Concluímos então que ser “pobre de espírito” é muito diferente de ser de “espírito pobre”,
porque esta última condição é aquela que define aqueles que permanecem em miséria espiritual
diante de Deus – não são ricos segundo Deus, ainda que sejam ricos segundo o mundo. Seus
espíritos não possuem a verdadeira e duradoura riqueza celestial. Estão cegos para as realidades
espirituais e divinas. Não podem entender as coisas relativas ao reino dos céus.
140
Laodiceia por ter perdido a pobreza de espírito entrou na condição de ter um espírito pobre.
Eles se consideravam ricos e abastados, sem de nada precisar. Mas o Senhor diagnosticou a real
condição espiritual deles e lhes disse que eram pobres e miseráveis quanto às coisas de Deus
por causa do seu orgulho espiritual que lhes conduziu a tal estado de penúria.
141
Muitos Membros e Funções Mas um Só Corpo
“Rom 12:4 Porque assim como num só corpo
temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,
Rom 12:5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns
dos outros,
Rom 12:6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia,
seja segundo a proporção da fé;
Rom 12:7 se ministério, dediquemo-nos ao
ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
Rom 12:8 ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria.”
O estômago produz ácido clorídrico para promover a digestão dos alimentos que
ingerimos. Quando este ácido escapa para a faringe produz irritação, porque não tem
qualquer função ali. Imagine se este ácido produzido pelo estômago migrasse para os
nossos olhos?
Todavia, todo o corpo é beneficiado por este trabalho do estômago.
A Igreja é o corpo de Cristo e é formada de muitos membros com variadas funções, e de
diversas congregações.
142
O corpo é de Cristo, e não do pastor, do profeta, do mestre, do evangelista, ou de qualquer outra
função designada pelo Espírito Santo para o benefício do funcionamento sadio e em amor de
todo o corpo.
A quem pertence o meu corpo? Ao meu
estômago? Aos meus olhos? Não são todos membros uns dos outros com diferentes
funções, que no seu somatório permitem o funcionamento de todo o corpo?
Pastores locais são dados por Deus às respectivas congregações que dirigem,
conforme foram constituídos sobre as mesmas por chamada do Espírito Santo.
Profetas e mestres são dados à Igreja, com vistas principalmente à sua instrução e edificação na
Palavra de Deus, como vistas principalmente à santificação dos crentes.
Evangelistas são dados para pregarem a Palavra,
especialmente em áreas ainda não alcançadas pelo evangelho, com vistas à fundação de novas congregações.
A bílis produzida pela vesícula biliar é
necessária e bem suportada pelo intestino, mas não seria benéfica atuando em outras partes do
corpo, e assim ocorre com muitos outros componentes ativos que atuam no nosso corpo
com suas respectivas áreas e funções conforme Deus delimitou para eles.
De igual modo deveria suceder em relação ao corpo de Cristo. Um membro não deve ir além
da função que lhe foi demarcada pelo Senhor, e
143
também não deve tentar impedir o pleno funcionamento de outros membros cujas
atribuições são diferentes da que lhe foi designada.
Afinal, devemos seguir o comando da nossa
cabeça que é Cristo, e tudo fazer para a exclusiva glória do Senhor, e para Ele, porque por meio
dEle, e para Ele são todas as coisas.
144
O Sucesso de Deus nos Nossos Insucessos
Foi porventura um propósito fixado pelo apóstolo Paulo para a sua vida ministerial, ficar
preso por tanto tempo, por cerca de pelo menos seis anos, em cerca de quatro ocasiões
diferentes; o ter sido afligido por cento e nove e seis açoitadas por causa da pregação do
Evangelho; ter passado frio, fome, e sofrido tantos naufrágios?
Certamente nada disto era do propósito do apóstolo, mas sem nenhuma dúvida era
propósito de Deus que Ele passasse por todas essas provações, conforme lhas revelava antes
que viessem sobre ele, para que estivesse preparado em sua mente para enfrentá-las com
fé e paciência cristã.
Os fracassos e insucessos de Paulo deram espaço para que houvesse o sucesso de Cristo e
do Evangelho através de Sua vida tão atribulada e sofrida.
E por ter entendido perfeitamente este caminho estranho de Deus, tão diferente dos nossos
caminhos, e de Seu pensamento tão mais elevado do que os nossos pensamentos, que
Paulo chegou até mesmo a ter prazer em todas as suas necessidades, perseguições, fraquezas,
porque quando era fraco então era forte para o cumprimento do propósito de Deus através
dele.
Assim também nós, quando nossos
empreendimentos parecem estar fracassando,
145
quando os que nos seguiam parecem nos ter abandonado, quando o que falamos,
escrevemos e fazemos é duramente rejeitado, tudo isto está cooperando para o nosso
aperfeiçoamento, por aprendermos a sermos humildes, mansos, pacientes, sofredores,
esvaziados de nós mesmos e da busca de qualquer glória pessoal, e assim Deus pode cumprir todo o Seu elevado propósito em
relação ao uso de nossas vidas para serem úteis e proveitosas naquilo que Lhe apraz.
“2Co 12:5 De tal coisa me gloriarei; não, porém,
de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas.
2Co 12:6 Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei
néscio, porque direi a verdade; mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais
do que em mim vê ou de mim ouve.
2Co 12:7 E, para que não me ensoberbecesse
com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para
me esbofetear, a fim de que não me exalte.
2Co 12:8 Por causa disto, três vezes pedi ao
Senhor que o afastasse de mim.
2Co 12:9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.
De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder
de Cristo.
2Co 12:10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas,
nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo.
orque, quando sou fraco, então, é que sou forte.”
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Os Tímidos não Herdarão o Reino de Deus
“Apo 21:7 O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.
Apo 21:8 Quanto, porém, aos tímidos, aos
incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos
os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda
morte.”
Jesus designa como vencedores que herdarão o
Reino do Céu aqueles cujas vidas atenderam ao propósito de Deus, e que se converteram das
trevas para a luz, da potestade de Satanás para o poder de Deus, enfim, que venceram o diabo, o
pecado e o mundo, por meio da fé em Jesus.
Então é algo extremamente perigoso, colocar a nossa confiança para a salvação nas mãos do
homem, ou na confiança dirigida a qualquer deus ou meio de salvação formado por nossa
própria imaginação.
Nossa natureza terrena decaída no pecado é naturalmente indisposta e acomodada em
relação a este assunto da mais alta importância que se refere à salvação eterna da nossa alma.
Nesta breve meditação gostaria de enfocar
apenas a palavra “tímidos” do nosso texto de Apo 21.8, que no original grego, é a mesma
palavra usada em Mateus 8.26 e Marcos 4.40, que pode ser traduzida também como
temerosos ou covardes.
147
As pessoas aqui referidas em tal condição são aquelas que temem ousar em viver a vida cristã,
em buscar conhecimento e crescimento espiritual no próprio Cristo.
Preferem deixar o problema da necessidade da
sua salvação nas mãos de terceiros ou então, traçarem em suas mentes um caminho fácil
para o céu, ou ainda nem mesmo se ocuparem dessa realidade por temor ou por acomodação.
Os tímidos aqui destacados não são aqueles que são de temperamento retraído, mas todos os
que não ousam combater o bom combate da fé em prol da salvação de suas almas.
148
"Cristo é tudo em todos." (Colossenses 3.11)
É em Cristo que recebemos - nEle mesmo, em Sua pessoa - o tudo que devemos ser e fazer
segundo planejado por Deus.
Qualquer coisa, mesmo que seja a produção
abençoada de um anjo do céu, que tome o lugar de Cristo, e que impede a entrada de Cristo na
alma, é perigosa. Na grande obra da salvação, Cristo deve ser tudo ou nada; dEle apenas, dEle
inteiramente, exclusivamente dEle, porque aprouve ao Pai que nEle habitasse toda a
plenitude de tudo o que há na Terra ou no Céu, e tudo foi criado por Ele e para Ele.
Em quem poderemos achar redenção, sabedoria celestial e espiritual, justificação,
regeneração e santificação? (I Cor 1.30). É nEle que estamos aperfeiçoados e somos conduzidos
à maturidade espiritual, de modo que Ele mesmo afirma que fora dEle nada podemos
fazer.
Acaso pode algum homem ou anjo realizar estas operação sobrenaturais relativas à nossa
salvação e operação eficaz no Reino de Deus?
Assim, devemos evitar e nos livrar de tudo o que
se levante entre a alma e Cristo.
Não é sem motivo que Ele nos adverte a não
fazermos de ninguém neste mundo o nosso Guia, Pai, Senhor e Mestre, porque há somente
um Guia, Pai, Senhor e Mestre que nos foi dado por Deus Pai, a saber, o próprio Cristo, que é a
quem devemos buscar para termos vida eterna,
149
a vida em abundância prometida que se encontra somente na nossa união com Ele.
Tenhamos muito cuidado para não deixarmos
de reter a única Cabeça da qual todo o corpo celestial e espiritual de crentes, suprido e bem
vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que é realizado exclusivamente
por Deus. (Col 2.19)
150
A Fonte de Águas Cristalinas na Qual Devemos Beber
Onde reside a completa credibilidade do ensino
bíblico dos puritanos históricos dos séculos XVII e XVIII? (John Owen, Richard Sibbes,
Richard Baxter, Thomas Godwin, Thomas Watson, entre muitos outros)
Justamente no fato de terem sido dissidentes do modelo institucional da igreja inglesa que
obrigava os pastores a seguirem as instruções do governo no culto público, tanto no que se
refere ao ensino quanto à forma de adoração.
Milhares de pastores abriram mão de seus salários e foram expulsos das igrejas que
dirigiam porque a par de qualquer perseguição ou martírio que pudessem sofrer, eles estavam
determinados a pregar, ensinar e a viver o puro evangelho de Jesus Cristo, conforme ele se
encontra revelado na Bíblia, porque acima de tudo e até de suas próprias vidas, amavam a exata Palavra de Deus.
A Igreja de Filadélfia, se for considerada pelo
critério das sucessivas etapas históricas, recai neste período abençoado de homens que não
amaram as próprias vidas e que não negaram nem o nome e nem a Palavra de Jesus.
Assim, se alguém deseja conhecer o que é viver o evangelho em sua inteireza e a genuína
interpretação do texto bíblico, deve voltar aos puritanos, e não dar completo crédito a tudo o
que foi produzido fora desta fonte abençoada, a
151
partir do século XIX, que segundo testemunho do próprio Spurgeon, já começava a dar sinais da
grande apostasia de Laodiceia.
Vivamos no presente século, enfrentando os problemas da nossa época, mas tenhamos um
coração como o que tiveram os puritanos.
152
A Verdade é Eficaz Somente Quando é Vivida
Muitos há que pensam que tudo o que os grandes homens de Deus do passado fizeram
para conquistarem almas para Cristo e firmá-las na verdade, foi apenas a qualidade da
mensagem bíblica que eles pregaram e ensinaram.
Outros pensam que era meramente pelo revestimento de poder do Espírito Santo que
eles possuíam.
É evidente que sem isto não pode haver santificação e avivamento, mas se examinarmos cuidadosamente a vida destes homens que
foram usados por Deus nós perceberemos que eles haviam se santificado primeiro a si mesmos
pela Palavra que pregavam, e assim se tornaram vasos de honra, idôneos e úteis nas mãos de
Deus.
Eles haviam se purificado das corrupções da carne e detestavam qualquer forma de pecado,
e não faziam concessões ao velho homem que haviam crucificado e do qual se despojavam de
forma aplicada e séria levando à morte todas as paixões que guerreiam contra a alma.
Eles haviam vencido as tentações por meio da fé em Cristo e pela inteira consagração de suas
vidas. Traziam suas famílias debaixo do governo do Senhor, e eram em tudo um exemplo vivo
para serem seguidos pelos fiéis.
Hoje em dia, quando alguém se levanta com
uma inovação teológica ou mesmo de forma de
153
adoração, arrebanham muitos seguidores porque estes não exercem qualquer tipo de
senso crítico para colocá-los à prova quanto à real santificação de suas vidas pela Palavra,
porque se isto fosse feito, seriam achados reprovados, tal como a Igreja de Éfeso havia
feito no passado em relação aos que se diziam apóstolos, e foram achados por ela como sendo mentirosos (Apo 2.2).
154
Uma Vida Sob o Propósito
“Col 1:9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós
e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual;
Col 1:10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando
em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;”
Necessitamos de revelação e instrução de Deus, uma vez estando convertidos, para que
possamos conhecer qual é a Sua boa, perfeita e agradável vontade, em relação a nós e
particularmente à sua Igreja, e por este motivo Paulo orava incessantemente por todos os crentes.
Muito da vontade de Deus é definido pelo seu eterno propósito em relação às nossas vidas, em
razão da condição de sermos seus filhos amados, por meio da fé em Jesus.
Este propósito é tanto geral quanto particular.
Há um propósito geral e comum que se refere a todo o corpo de crentes quanto especialmente à
salvação, no que tange à justificação, regeneração, santificação e glorificação futura.
Enfim, em tudo aquilo que Cristo conquistou para nós na cruz.
E quanto ao propósito particular isto se refere
sobretudo à nossa chamada ministerial e os
155
dons que nos são reservados pelo Espírito Santo, conforme lhe apraz e para um fim proveitoso
relacionado ao progresso do Reino de Deus.
Trata-se do propósito de Deus em nossas vidas, e não propriamente os nossos propósitos e
sonhos, que não raro teremos que renunciar para que não a nossa, mas a vontade do Senhor seja feita.
Vocação e talentos naturais serão não raro
pedidos por Deus para que possamos nos consagrar inteiramente a Ele.
A Bíblia está repleta de exemplos que ilustram
esta verdade.
Moisés, sendo príncipe no Egito teve em sua mão não o cetro mas o cajado do pastor.
Amós que era cultivador de sicômoros,
abandonou a lavoura para ser profeta, e de igual modo Eliseu que lavrava a terra com sua junta
de bois.
Pedro e João tiveram que abandonar as redes.
Martyn Lloyd Jones abandonou o exercício da medicina, por determinação do Senhor, para se
dedicar integralmente ao pastorado.
David Owuor também teve que deixar para trás a sua vocação para a ciência médica que exercia
com tanta paixão e zelo, para exercer seu ofício profético.
E os exemplos se multiplicam em todas as
esferas, para que o propósito de Deus se cumpra na vida daqueles a quem tem chamado.
E todos estes foram pessoas de um só livro (não
que não lessem outros livros), mas foram
156
aperfeiçoados em santidade para o exercício do ministério pela Palavra de Deus, e se dedicaram
tão somente a ela, que é insubstituível não somente para a santificação dos líderes quanto
daqueles que se encontram debaixo dos seus ministérios.
A noção presente em nosso tempo que o ensino da exata Palavra de Deus e sobretudo do
Evangelho não é mais necessário como no passado, e que apenas os feitos dos crentes é o
que conta nesta hora, é a mais grosseira mentira satânica, porque quando nosso Senhor orou em
favor da Igreja de todas as épocas em sua oração sacerdotal em João 17, ele rogou ao Pai que todos
eles fossem santificados na verdade, e definiu esta verdade como sendo a Palavra de Deus
revelada.
Não há outro meio designado para a nossa santificação pelo Espírito Santo.
Como podemos abandonar o Sermão do Monte?
Como podemos deixar de lado as instruções práticas que visam ao comportamento aprovado
por Deus que devemos adquirir como sendo o fruto do Espírito Santo? Onde haveria
longanimidade, misericórdia, bondade, justiça, paz, verdade, alegria espiritual, domínio
próprio, entre tantas outras virtudes se não fossem forjadas em nós sobretudo nas muitas
provas que experimentamos, e das quais devemos ter por motivo de grande alegria,
conforme o dizer do apóstolo Tiago, porque é
157
por este meio que somos amadurecidos e aprovados e confirmados por Deus?
Filadélfia não negou ao Senhor e nem a sua
Palavra, apesar da sua pouca força, e por isso é achada no Apocalipse sendo elogiada por Ele.
Já Laodiceia, esta mega igreja de nossos dias,
que se espalha por todas as partes e que se considera rica e abastada e que não precisa de coisa alguma, não sabe contudo, que aos olhos
do Senhor é infeliz, miserável, pobre, cega e nua.
Laodiceia tem sido guiada por falsos profetas
que lhe falam de coisas agradáveis, uma vez que os falsos profetas são comerciantes de almas
conforme Pedro a eles se refere em sua segunda epístola. Eles falam coisas que estão na 8iblia,
mas ocultam aquelas que são desagradáveis para a carne. Não repreendem, não exortam,
não disciplinam. Não confrontam o pecado em todas as suas formas. Não requerem, como o
Senhor deles requer, uma santificação genuína baseada na renúncia ao ego e às paixões carnais,
e o carregar diário da cruz. Eles não confrontam o pecado sexual e todas as demais formas de
pecado que exigem muita determinação para serem deixadas. Eles, quando não apontam para
prosperidade terrena por amor ao dinheiro, fazem da felicidade pessoal o grande propósito
da vida do crente neste mundo; quando o Senhor ensinou claramente que aquele que
amar a sua vida vai perdê-la.
158
Filadélfia persevera falando como para um deserto, como uma gota de verdade caindo num
grande oceano de engano, pois tem pouca força. Sofre e padece por ver a condição de seus
irmãos na fé sendo iludidos pela velha Serpente. Fica entristecida por vê-los enganados
pensando que estão agradando ao Seu Senhor, que por eles sofreu e morreu, para que seguissem os seus passos, suportando com
paciência os mesmos sofrimentos e perseguições que Ele sofreu por sustentar a
verdade no meio de uma geração incrédula. Certamente, a geração em que vivemos não é
em nada melhor do que aquela em que Ele realizou o seu ministério terreno.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós, e que
nos desperte para a necessidade de comprar nEle o colírio espiritual pelo qual poderemos ver
e entender a nossa real condição, e a necessidade que temos de sermos enriquecidos
pela Sua graça, para que possamos adquirir a veste de justiça de Sua mãos para cobrir a nossa
nudez espiritual, da qual deveríamos nos envergonhar diante de Deus, e dela nos
arrependermos.
Quão enganoso é o coração. Quem o conhece
senão somente o Senhor. Pois podemos pensar que estamos vivendo para o propósito de Deus,
quando na verdade ainda nos encontramos vivendo para realizar os nossos próprios
propósitos.
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O Comportamento que Agrada a Deus
“Efs 5:1 Sede, pois, imitadores de Deus, como
filhos amados;
Efs 5:2 e andai em amor, como também Cristo
nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.
Efs 5:3 Mas a impudicícia e toda sorte de
impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos;
Efs 5:4 nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes;
antes, pelo contrário, ações de graças.
Efs 5:5 Sabei, pois, isto: nenhum incontinente,
ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.
Efs 5:6 Ninguém vos engane com palavras vãs;
porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
Efs 5:7 Portanto, não sejais participantes com eles.”
O apóstolo Paulo, depois de afirmar que todos os cristãos devem pautar o seu procedimento pela
medida da imitação do próprio Deus, em razão de serem agora seus filhos amados, resumiu
este comportamento com o mandamento do amor, pela medida do amor com o qual Cristo
nos amou, a ponto de oferecer a própria vida como sacrifício por nós, para que pudéssemos
viver de tal forma.
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A consequência imediata desta verdade é detalhada pelo apóstolo nos versículos 3 a 7, nos
quais destaca o tipo de comportamento que não nos convém, uma vez que nada tem a ver com o
caráter de Deus, em relação ao qual ele nomeia a falta de castidade e toda sorte de impurezas,
cobiça, conversação torpe e vã, chocarrices, ou seja, todo tipo de mofa, zombaria e brincadeiras inconvenientes.
Queremos concentrar o nosso foco neste ponto,
uma vez que tem sido muito comum achar nos cristãos dos nossos dias, exatamente o tipo de
comportamento que não é recomendado, porque estas coisas condenadas passaram a ser
banalizadas desde meados do século passado.
Até então, a sociedade como um todo refletia
muito do modo do comportamento sóbrio, respeitoso e sério recomendado por Deus.
Mas desde que Elvis Presley começou a introduzir o rebolado sensual e obsceno em
suas apresentações artísticas, as barreiras para o comportamento obsceno e licencioso
começaram a ser derrubadas.
Não muito tempo depois, ainda na década de 60,
especialmente a juventude foi influenciada pela chamada busca de uma sociedade alternativa
pela prática de sexo ilícito, uso de drogas, e o desvario do rock, e desde então tudo apontava
para contestação da autoridade constituída, rebelião aos pais, desrespeito às convenções
sociais e aos mais velhos, e tudo o mais que ia
161
exatamente na direção oposta do comportamento que é aprovado por Deus.
A escalada de todo este mau procedimento não parou, e avançou para formas mais agressivas
até o ponto de pais, professores e todos os agentes modeladores do comportamento
humano jogarem a toalha e abdicarem de suas responsabilidades de educar e formar pessoas sérias, sóbrias, respeitosas, temperantes, para a
vida em sociedade.
A própria igreja tem sido influenciada
enormemente por tudo isto, e o referencial de comportamento aprovado, biblicamente
falando, ficou esquecido no passado, uma vez que o mal foi banalizado e poucos se importam
com o fato de os cristãos terem assimilado a cultura da sociedade em que vivem, e que é
inerentemente contrária aos princípios de Deus.
A palavra de ordem nascida no inferno é buscar o prazer pelo prazer e destruir a tudo e a todos
que tentem impedir a realização de sonhos e este falso ideal carnal de felicidade.
A santidade é terna, gentil, alegre, mansa, pacífica, respeitosa, sóbria. Nada há nela de
carranca ou azedume. Todavia, se há confundido a alegria cristã com a prática
licenciosa e desvairada que constrange e ruboriza aos que têm andado na prática da
verdade e da justiça.
Os jovens não estão excluídos disto porque a
eles é ordenado que em tudo sejam criteriosos e
162
temperantes, e que fujam das paixões que são inerentes à mocidade. Que sejam submissos aos
mais velhos, e que sejam sóbrios no seu proceder.
Importa nadar contra a maré avassaladora do mundo se pretendermos ser achados com
nossas vidas santificadas segundo a vontade imutável de Deus.
Se dormirmos ou nos descuidarmos na vigilância, seremos certamente arrastados pela
correnteza.
163
O Reino Prometido de Paz
“Luc 2:13 E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a
Deus e dizendo:
Luc 2:14 Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer
bem.”
Jesus disse que o Reino de Deus já se encontra
em nós, e entre nós, porque está sendo formado e a caminho de sua conclusão no tempo do fim,
pois também falou do Reino de Deus por vir em toda a sua glória e paz entre todos aqueles que
têm agradado a Deus.
A milícia de anjos celestiais que glorificaram a Deus nas alturas por ocasião do anúncio feito
aos pastores de Belém sobre o nascimento do Salvador, apontou na ocasião para o Reino de
paz que seria estabelecido na Terra pela união de todos aqueles que têm agradado a Deus, por
se vincularem espiritualmente ao Salvador que lhes foi provido, de modo a viverem a justiça do
evangelho que Ele revelaria ao mundo.
É digno de nota o fato de que nosso Senhor, depois de Sua morte e ressurreição esteve por
quarenta dias, antes de subir ao céu, discorrendo com os apóstolos acerca do Seu
Reino futuro com eles (Atos 1.3).
A expressão de nosso texto “a quem ele quer bem”, tem no original grego o significado de
“em quem ele tem se agradado, ou comprazido”.
164
E sabemos que este agrado de Deus por nós não é devido a algo bom ou mérito próprio que
tenhamos em nossa natureza, senão somente por termos nos sujeitado à salvação que nos foi
oferecida gratuitamente por Ele através de Seu Filho Unigênito Amado, a saber, nosso Senhor
Jesus Cristo.
Por isso Jesus chama de bem-aventurados os pacificadores em Mt 5.9 porque seriam
chamados de filhos de Deus, ou seja, são estes que promovem e buscam a paz na Terra entre os
seus semelhantes, que atendem ao propósito da criação da humanidade.
O plano divino de ter um povo que habite a Terra
para sempre, em perfeita paz, está chegando ao tempo da sua consumação final, e então as
palavras de louvor dos anjos por ocasião do nascimento do Salvador, terão o seu
cumprimento pleno: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem
ele quer bem.”
165
O Dia em Que Haverá Paz Perfeita na Terra
O grande impedimento para a paz mundial entre todas as pessoas sem exceção, é a
inclinação que está ligada inerentemente ao coração humano para o ressentimento, o ódio, a
inveja, a cobiça e tudo o mais que o mantém afastado do seu próximo.
É isto que faz com que todo projeto de paz mundial engendrado pelo próprio homem, seja
em si mesmo uma grande utopia.
Mas Deus criou a Terra e nela estabeleceu o homem, para que houvesse paz e harmonia fraternal entre aqueles que haverão de herdá-la
para sempre.
E o plano de Deus para tal propósito é o único meio possível de se alcançar a paz fraternal
duradoura e verdadeira.
Ele já colocou este plano em ação há muito
tempo, e caminha agora para a sua conclusão.
Este plano consiste na transformação do estado
no qual toda pessoa se encontra naturalmente, por meio da conversão a Jesus Cristo, de
maneira que obtenha o caráter que é definido em poucas palavras pelo Senhor no seu Sermão
da Montanha, a saber: humilde, manso, penitente, misericordioso, pacífico, puro de
coração, que é faminto e sedento pela justiça do evangelho, e este caráter será aperfeiçoado até
a sua medida plena por ocasião da Sua vinda para estabelecer o seu reino eterno de justiça e
de amor perfeitos.
166
Todos estes que amam o Senhor também amam o seu próximo, e por ocasião da morte física,
seus espíritos são elevados para a presença de Deus no céu, onde reunidos em perfeita paz
celestial aguardam pelo dia em que será completado o número dos que se converterão,
para serem reunidos para sempre num só corpo pelos laços do amor de Cristo.
167
Nicolaítas Modernos
E na mensagem dirigida à Igreja de Pérgamo:
“Apo 2:15 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos
nicolaítas.
Apo 2:16 Portanto, arrepende-te; e, se não,
venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.”
Éfeso rejeitava os nicolaítas, mas um segmento
de Pérgamo lhes dava acolhida. Então Jesus elogiou a primeira e repreendeu a segunda.
A palavra grega nicolaíta é uma palavra composta de:
nikh = vitória (no sentido de exercer domínio)
laos= um povo peculiar (no caso os cristãos)
Portanto, o nome composto por estas duas palavras tem o sentido de "vitória sobre o povo"
ou "os que exercem domínio sobre o povo".
Os nicolaítas então contrariam a ordem
expressa de Cristo, especialmente aos pastores de sua Igreja para não exercerem domínio sobre
os crentes à maneira dos governantes do mundo (Marcos 10.42-45); ordem esta reafirmada por
Pedro em sua primeira epistola, capítulo 5 versículos 1 a 3.
Jesus instituiu ministérios de liderança para a condução da Igreja (apóstolos, pastores,
profetas, mestres, evangelistas), mas também
168
prescreveu o modo como esta condução deveria ser realizada.
Isto tem uma razão principal muito importante,
quando Ele declara que odeia as obras dos nicolaítas, ou seja, estes que exercem domínio
sobre os crentes, uma vez que os impede de funcionarem como Igreja, em harmonia com os
seus líderes, pois na multidão de conselheiros é que reside a sabedoria, e isto seria também uma
forma de prevenir o desvio doutrinário pela apostasia de um único dirigente, ou grupo que
se nomeasse como tal.
Nós vemos a Igreja sempre sendo ouvida e participando de todas as decisões importantes
na Igreja Primitiva (como em Atos 6 e 15).
Diótrefes, citado pelo apóstolo João em sua 3ª
epístola é um triste exemplo de um nicolaíta, e no texto de 3João 9-11 se destaca um dos grandes
motivos para se agir de tal forma: “gostam de exercer a primazia entre os irmãos”.
“3Jo 1:9 Escrevi alguma coisa à igreja; mas
Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida.
3Jo 1:10 Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós
palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa
da igreja.
3Jo 1:11 Amado, não imites o que é mau, senão o
que é bom. Aquele que pratica o bem procede de
169
Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus.”
Satanás tem usado e muito este espírito desejoso de primazia, para desviar os cristãos da
sã doutrina, dando-lhes mestres autoritários e que não amam a humildade, a mansidão e a
exata Palavra da verdade, pela qual somos salvos e santificados.
Ele tem chegado ao extremo de dar à Igreja nestes dias até mesmos pastores envolvidos
com feitiçaria, com maçonaria, e que não amavam a Palavra da verdade, pois estão
interessados em muitas outras coisas, menos em confirmar os crentes na verdade do
evangelho.
O que tem facilitado este trabalho de infiltração é o modelo de governo das Igrejas no qual os
crentes devem apenas seguir ao líder supremo, e aceitarem todas as suas palavras e decisões
como verdadeiras e bíblicas.
Os líderes nicolaítas modernos têm sido tão bem
sucedidos em sua obra, que lograram neste tempo do fim, conduzir a Igreja à apostasia na
qual aqueles que professam ser cristãos têm por sua vez, escolhido os seus mestres segundo o
comichão que sentem em seus ouvidos, conforme profetizado por Paulo em 2 Tim 4.3,
porque o padrão que vigora presentemente é o de não se dar ouvido à sã doutrina, senão à
falsidade e mentira que os nicolaítas vêm semeando por décadas, e que trouxe a Igreja à
sua presente condição.
170
O esforço dos Reformadores em libertar a igreja do jugo dos opressores, para que pudesse viver
na liberdade para a qual fora libertada por Cristo, a saber, a de viver o puro evangelho,
estão tendo o seu trabalho perdido nestes dias, especialmente quando muitos segmentos entre
os evangélicos, sobretudo o carismático, tem se sujeitado a mais uma nova liderança, a saber, a dos prelados da Igreja Romana, e do Papa, pelo
ecumenismo que está em pleno curso, e ao qual têm aderido muitos líderes evangélicos –
sobretudo pastores e cantores, que estão contribuindo com isto para a formação da
grande igreja mundial que dará acolhida ao Anticristo.
171
Não Entregando a Segurança ao Cuidado das Raposas
“Lucas 13:31 Naquela mesma hora, alguns
fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
Lucas 13:32 Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso
demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei.”
As palavras proferidas por Jesus aos líderes de
sua época que intentavam impedir que Ele trouxesse a nova dispensação divina da graça à
Terra, baseada em verdade, justiça, amor e paz, pelo poder do Espírito Santo que seria
derramado após a Sua morte e ressurreição, e pela revelação da vontade de Deus que Ele nos
trouxe sobretudo através de Sua vida e ensino, bem se aplicam aos líderes destes últimos dias,
cujo caráter se assemelha ao de Herodes, chamado por Jesus de “essa raposa”.
Ninguém em são juízo colocaria uma raposa para guardar o galinheiro, e não é sem razão que
logo após ter se referido a Herodes dessa forma, que nosso Senhor fez imediatamente a seguinte
aplicação em relação a Israel:
“Lucas 13:34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!
Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a
172
galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes!
Lucas 13:35 Eis que a vossa casa vos ficará deserta. E em verdade vos digo que não mais me
vereis até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!”
Eles haviam rejeitado a verdadeira solução para o mundo, que estava bem diante deles, que seria
a sua conversão a Cristo, e escolheram seguir aqueles líderes que eram verdadeiras raposas
que intentavam tão somente a destruição deles. E o mesmo sucede em nossos dias, em que
Cristo e o evangelho têm sido rejeitados pela escolha de lideranças que representam não os
valores de Deus, mas os do próprio Satanás. O resultado não poderia ser diferente deste que
tem sido vivido e testemunhado em toda a Terra.
Felizes portanto, são aqueles que têm a Cristo entronizado em seus corações,
independentemente das circunstâncias presentes que os cercam, porque haverão de
reinar juntamente com Ele por toda a eternidade.
E quanto aos israelitas que temem a Deus, mas que resistem ainda hoje a Jesus e o rejeitam
como o Messias, haverão de reconhecer esta verdade afinal quando Ele voltar em poder e
grande glória para livrá-los da destruição intentada pelo Anticristo, e por fim dirão:
“Bendito o que vem em nome do Senhor!”, pois
174
Deus Não Necessita Ser Justificado
São verdadeiras as palavras do nosso título, mas não podemos nos calar diante da acusação
injusta que é feita contra Deus e contra Moisés, especialmente em razão dos dispositivos da Lei
constante do Pentateuco, na qual há não somente preceitos como ações de juízos contra nações, conforme os que foram executados
especialmente pela entrada de Israel na terra de Canaã, que havia sido prometida à
descendência de Abraão, séculos antes dos citados eventos.
Ao passar em revista a história de Israel nos quarenta anos de sua peregrinação no deserto
até a conquista de Canaã, no livro de Deuteronômio, Moisés relatou a conquista
sobre os reis dos amorreus em Dt 3.
Em Sua presciência, Deus havia declarado, há
mais de quatrocentos anos antes de Moisés, a Abraão, que sabia que a medida da iniquidade
dos amorreus seria completada, isto é, a longanimidade havia esperado desde os dias de
Abraão até Moisés, quando as práticas abomináveis dos amorreus chegaria a um tal
limite, como a de oferecer seus filhos em sacrifício a demônios, que não seria possível
restaurá-los, e daí ter sido determinado o juízo sobre aquele povo usando os israelitas como a
Sua espada vingadora.
Através dos juízos que exerceu no período de
1.400 anos de duração do Antigo Testamento,
175
não somente sobre as nações gentias, como sobre o próprio povo de Israel, que estava
obrigado às prescrições da Aliança feita com eles no Monte Sinai, quando havia
transbordamento da medida de iniquidade, aprendemos que os juízos poderiam ser
determinados por Deus, para que todas as nações saibam que ele não criou a Terra para que seja habitada para sempre pelos homens em
injustiça, violência, impureza etc; pois há um Juiz acima de tudo e de todos que julga com
perfeita justiça, e que é tardio em se irar, e dá oportunidade aos homens para que se
arrependam de suas más obras, pois está disposto a lhes perdoar e conceder graça para
que vivam retamente perante Ele e seus semelhantes.
Aqueles juízos do Velho Testamento, eram
portanto um aviso misericordioso da parte de Deus para que aprendamos a ter o devido temor
e reverência à Sua divina majestade, e por isso enviou juízos sobre a própria nação de Israel,
conforme lhes havia previamente advertido que ocorreria em caso de serem desobedientes, e
assim foi tantas vezes massacrada em diversas guerras por nações inimigas, quando
caminhavam contrariamente à justiça de Deus, e estes juízos culminaram com a ida da nação
para o cativeiro, e depois, foi expulsa de sua própria terra em 70 d.C. pelos romanos,
somente para lá retornando em 1948.
176
A alegada acusação que é muito comum de que Deus passa a mão sobre a cabeça de Israel e é
cruel com as demais nações não passa de um falso argumento para aqueles que não
apresentam o texto bíblico em seu contexto, e que se valem de passagens isoladas para
afirmarem suas teorias que não correspondem à verdade dos fatos e muito menos aos pensamentos e caminhos de Deus.
Desta forma, o Senhor sabe também quando se completará a medida da iniquidade do mundo, e
que a propósito, vem se multiplicando rapidamente em nossos dias, conforme Jesus
havia profetizado, e quando esta medida estiver completa Ele voltará para julgar a todos os que
vivem na prática da iniquidade.
Isto é tão certo de ter cumprimento assim como
o Senhor o cumpriu depois de o haver prometido a Abraão em relação aos amorreus,
quanto ao que faria num futuro distante de 400 anos depois dele.
Na verdade, aqueles povos de Canaã tiveram a oportunidade, pela longanimidade divina, de
mudarem o seu procedimento, durante quatro séculos, mas em vez disso, só progrediram na
maldade e na perversidade.
E desde então, há vários séculos que Deus vem
dando oportunidade aos homens para se arrependerem e crerem em Cristo, para serem
justificados, para viverem na prática da justiça.
Mas parece que se dá com o homem moderno, o
mesmo que sucedeu aos amorreus.
177
Aqueles juízos foram apenas uma ilustração, uma pequena amostra, do grande juízo que virá
sobre todos os homens, que não se arrependerem dos seus pecados.
Tudo sucedeu e foi registrado na Bíblia, para a
nossa advertência.
Deus ordenou a Moisés a colocar tudo por escrito, para testemunho a todas as gerações. E
o fizera por amor e misericórdia, na expectativa de que nos arrependamos, porque não tem
prazer na morte espiritual de ninguém; pois à morte física na impiedade, segue-se a morte
espiritual eterna num terrível juízo de fogo eterno que jamais se apagará.
178
“Riquezas de Origem Iníqua” (Lucas 16.9)
Se tentarmos entender as coisas que se passam neste mundo, desde a sua fundação, e
especialmente em nossos dias, segundo o ponto de vista meramente humano, conforme o
padrão de justiça humano, sem o auxílio da sabedoria de Deus para que possamos fazer a nossa avaliação segundo a instrução recebida
do Espírito Santo, é certo que chegaremos a conclusões totalmente distorcidas e incorretas
quanto ao que seja justo, por mais sensatas que elas possam parecer aos nossos olhos.
Por exemplo, um assunto de difícil compreensão é o relativo às injustiças sociais,
para cuja solução, pensa-se incorreta e utopicamente que poderiam ser resolvidas caso
houvesse meramente uma melhor distribuição de renda, e que não houvesse acumulação de
riquezas por parte de ninguém, inclusive de instituições financeiras, ou mesmo cobranças
de taxas e impostos de toda a população.
Todavia, o que permite a manutenção e
organização de sociedades imensas e complexas como as de hoje em dia, é justamente este mal
necessário da acumulação por parte de grupos empreendedores que tocam a economia e
finanças, de forma a ser patrocinado todo o desenvolvimento necessário do qual
desfrutamos direta ou indiretamente.
Toda a infraestrutura básica, na área de
transportes, saúde, construção civil,
179
eletricidade, saneamento, agricultura, entre outros, depende de financiamento bancário. E o
mundo moderno foi e tem sido erigido por esta via.
Entretanto, como já dissemos antes, em um
mundo dominado pelo pecado, a vida prossegue atrelada a este mal necessário. Se não houvesse
pecado no mundo, evidentemente, seria de outra forma, mas Deus o tem permitido, assim como permite outros males, como por exemplo,
que se dê carta de divórcio, apesar de que seu propósito original relativo ao casamento nunca
tenha sido mudado, que é o da fidelidade e indissolubilidade. Por causa da dureza do
coração humano tem permitido, mas não consentido com o divórcio, para evitar males
maiores, como a prática da violência e do abuso dentro do casamento.
Mas, voltando ao nosso assunto referente ao uso
e distribuição do dinheiro, é importante notar que Jesus o chama de “riquezas de origem
iníqua” em Lucas 16.9, confirmando o seu conhecimento de que há todo um processo
injusto no uso e circulação da moeda neste mundo. E ainda que não sejamos desonestos,
podemos estar certos de que os bens e dinheiro que adquirimos, chegam às nossas mãos tendo
sido gerados anteriormente por uma fonte injusta e má, e não santa e boa, conforme seria
do propósito de Deus, caso não vivêssemos num mundo de pecado, dominado e liderado por
pecadores.
180
Todavia, Jesus estabelece assim mesmo, um padrão de fidelidade e de honestidade para os
cristãos quanto ao uso que devem fazer do dinheiro, porque é na fidelidade no uso daquilo
que é de procedência geral injusta, que comprovamos que estamos habilitados para
entrar na posse daquela riqueza santa e justa que será o padrão no reino de Deus que será manifestado no final desta dispensação em que
vivemos.
Luc 16:9 E eu vos recomendo: das riquezas de
origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam
nos tabernáculos eternos.
Luc 16:10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é
injusto no muito.
Luc 16:11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem
vos confiará a verdadeira riqueza?
Luc 16:12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?
Luc 16:13 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao
outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Luc 16:14 Os fariseus, que eram avarentos,
ouviam tudo isto e o ridiculizavam.
Luc 16:15 Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens,
mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo
181
que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.
Estas promessas que citaremos a seguir foram feitas por Deus à nação de Israel como um todo,
e não a um grupo de pessoas ou a pessoas individualmente da citada nação. Israel seria
abençoado para ser bênção para as demais nações do mundo, conforme o propósito de
Deus para eles, notadamente o referente ao anúncio do evangelho que ainda viria a ser
proclamado na dispensação da graça, na plenitude do tempo, quando Jesus, o Messias
prometido nas Escrituras, fosse manifestado.
Enquanto vigorasse a antiga aliança no período
do Velho Testamento, isto deveria ser observado por Israel, até que o Messias viesse.
O propósito deste dispositivo da Lei tinha por
alvo garantir a sobrevivência de Israel como uma nação soberana em sua própria Terra, e
estimular os israelitas à obediência aos mandamentos de Deus, para que mostrassem às
demais nações, por suas próprias vidas e comportamento, o elevado padrão moral e
espiritual que se encontra somente no único Deus verdadeiro.
O texto de Deuteronômio 15.1-11, se refere ao chamado ano da remissão, contado a cada sete
anos, no qual as dívidas deveriam ser perdoadas e totalmente liquidadas. Isto tinha em vista
evitar a cobiça e a prática da usura entre os israelitas, coisa que já era muito comum em
todo o mundo conhecido de então.
182
Observe que nos versículos 3 e 6 Deus fez a promessa aos israelitas que caso toda a nação
fosse obediente a todos os seus mandamentos, para uma vida santa e justa, lhes seria dada uma
tal abundância de bens e riquezas que não necessitariam se preocupar com a liquidação
das dívidas de seus irmãos ou cobrança de juros em empréstimos para se compensarem de possíveis perdas. Esta era uma lei para Israel, de
modo que se desejassem poderiam estendê-la às nações estrangeiras, nas dívidas contraídas
por estas com o povo de Israel, mas caso contrário, seria lícita seguirem as regras do
mercado mundial no assunto relativo à liquidação de empréstimos contraídos pela via
de contrato.
Deu 15:1 Ao fim de cada sete anos, farás
remissão.
Deu 15:2 Este, pois, é o modo da remissão: todo
credor que emprestou ao seu próximo alguma coisa remitirá o que havia emprestado; não o
exigirá do seu próximo ou do seu irmão, pois a remissão do SENHOR é proclamada.
Deu 15:3 Do estranho podes exigi-lo, mas o que tiveres em poder de teu irmão, quitá-lo-ás;
Deu 15:4 para que entre ti não haja pobre; pois o
SENHOR, teu Deus, te abençoará abundantemente na terra que te dá por herança,
para a possuíres,
Deu 15:5 se apenas ouvires, atentamente, a voz
do SENHOR, teu Deus, para cuidares em
183
cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno.
Deu 15:6 Pois o SENHOR, teu Deus, te abençoará, como te tem dito; assim, emprestarás a muitas
nações, mas não tomarás empréstimos; e dominarás muitas nações, porém elas não te
dominarão.
Deu 15:7 Quando entre ti houver algum pobre de
teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não
endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre;
Deu 15:8 antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a
sua necessidade.
Deu 15:9 Guarda-te não haja pensamento vil no
teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus
olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti
ao SENHOR, e haja em ti pecado.
Deu 15:10 Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois,
por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes.
Deu 15:11 Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás
a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra.
Deu 23:19 A teu irmão não emprestarás com juros, seja dinheiro, seja comida ou qualquer
coisa que é costume se emprestar com juros.
184
Deu 23:20 Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com
juros, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a
qual passas a possuir.
Sempre existiu e existirá a necessidade de se tomar empréstimos entre as nações,
entretanto, Israel seria abençoado de tal forma caso andasse nos caminhos do Senhor, que Ele
lhes fez a promessa de Dt 28.12,13, de sequer necessitarem tomar empréstimos para o
progresso da nação, uma vez que teria tanta riqueza que seria o credor mundial.
Deu 28:12 O SENHOR te abrirá o seu bom
tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos;
emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.
Deu 28:13 O SENHOR te porá por cabeça e não
por cauda; e só estarás em cima e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do SENHOR,
teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.
A condição imposta para Israel ser abençoado e
ser bênção para as nações dependia da fidelidade a Deus, notadamente no que se refere
à obediência aos Seus mandamentos justos e santos, de modo que, em caso contrário lhes
sobreviriam todas as maldições proferidas em
185
Deuteronômio 28.15-68, das quais destacamos as seguintes:
Deu 28:43 O estrangeiro que está no meio de ti
se elevará mais e mais, e tu mais e mais descerás.
Deu 28:44 Ele te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu
serás por cauda.
Deu 28:45 Todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas
destruído, porquanto não ouviste a voz do SENHOR, teu Deus, para guardares os
mandamentos e os estatutos que te ordenou.
Deu 28:46 Serão, no teu meio, por sinal e por
maravilha, como também entre a tua descendência, para sempre.
Deu 28:47 Porquanto não serviste ao SENHOR, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não
obstante a abundância de tudo.
Deu 28:48 Assim, com fome, com sede, com
nudez e com falta de tudo, servirás aos inimigos que o SENHOR enviará contra ti; sobre o teu
pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja destruído.
Vemos assim a imparcialidade da justiça divina, inclusive em relação ao próprio povo de Israel, o
qual, diga-se de passagem tem sofrido sanções divinas mais do que qualquer outra nação da
Terra, especialmente nos dias do Velho
186
Testamento, em razão de ter sido feita com eles a Aliança mediada por Moisés.
Concluímos portanto que não é Deus o promotor de toda a injustiça que se pratica no
mundo não somente no que se refere ao uso do dinheiro, como em todas as demais áreas de
nossas vidas.
Muitos pensam que com a quebra do monopólio e controle financeiro mundial por parte de uns poucos, os problemas da humanidade seriam
resolvidos. Entretanto, não cogitam que isto passaria para as mãos de outros, pois é o
sentimento do corações de muitos homens exercer o domínio e o controle sobre todo o
mundo.
Isto é injusto, sabemos, mas como vimos, Deus o tem permitido porque não há outro meio da
roda do progresso continuar girando num mundo sujeito ao pecado. Prova disso se
encontra na falência do comunismo em todo o mundo, e aqueles que insistiram na plena
manutenção do regime têm cometido maiores injustiças e ficaram alijados do
desenvolvimento econômico, como é por exemplo o caso de Cuba.
Só para exemplificar e fechar o nosso assunto, podemos citar que a família dos grandes
banqueiros mundiais, como os Rotchilds (que estão por mais de 250 anos seguidos no controle
das finanças mundiais), Morgans, Rockefellers e outros, acumularam riquezas inimagináveis
através do estabelecimento de bancos centrais
187
com a prática do chamado fractional reserve lending, que significa realização de empréstimo
sem lastro, com uso de dinheiro virtual. Seria algo como emprestar o que não se tem, por se
recorrer aos imensos fundos depositados pela população nos bancos. Entretanto, com este
dinheiro virtual foi financiada, por exemplo, a construção da ponte Rio-Niterói. Deste mal que mais enriqueceu os banqueiros com o dinheiro
do próprio povo americano, e com os juros pagos pelo povo brasileiro, surgiu um bem, que
é a ponte, e assim ocorre com tudo o mais neste mundo.
Lembram que Jesus chamou a isto de “riquezas de origem injusta”?
O sistema é injusto porque aquele que o
comanda não é Deus, mas Satanás, agindo nos corações de homens ímpios e gananciosos, que
seguem as suas instruções.
Vem chegando entretanto, o dia em que o
próprio Deus porá um termo em tudo isto, quando criar o novo céu e a nova Terra nos quais
a justiça habitará para sempre.
188
Não se Trata de Restrição mas de Libertação
Muito antes de ter dado os Dez Mandamentos a Moisés, com toda a lei que os regulamentava no
Pentateuco, cerca de 1.440 a.C., Deus já havia punido e revelado o seu desagrado com as
muitas práticas abomináveis, como se vê no juízo de destruição do dilúvio nos dias de Noé, e
das cidades de Sodoma e Gomorra, nos de Abraão.
A própria revelação da Lei em detalhes através da mediação de Moisés não possuía o poder da
libertação do pecado, mas demonstrava qual seria o resultado da operação da graça de Deus
nos corações daqueles que o amassem e dessem o devido crédito à Sua Palavra.
Por exemplo, no caso do matrimônio, que foi instituído por Deus com o caráter de fidelidade
e indissolubilidade, o qual foi confirmado por Jesus em seu ministério terreno, pois os
cônjuges devem ser fiéis mutuamente até que a morte os separe.
O filhos devem honrar os seus pais e devem
estar a eles sujeitos, em amor voluntário.
Os pais devem amar os seus filhos instruindo-
lhes a andar nos caminhos de Deus.
E assim, para todas as demais áreas de nossas
vidas, Deus tem prescrito na Bíblia qual é o comportamento que nos convém para agradá-
lo, pois não nos deixou sem testemunho quanto ao que seja da sua vontade boa, perfeita e
agradável, para que sejamos libertados das
189
correntes da escravidão ao pecado, por meio da fé em Jesus Cristo, o qual tudo opera em todos os
que o buscam com um coração sincero, desejoso de agradar a Deus.
190
Guardando-se Incontaminado de Babilônia
Babilônia, nos dias do profeta Daniel, era um reino tão poderoso que diferentemente da
forma da dominação Assíria, antes dela, que espalhava os povos conquistados pelo mundo,
ela os conduzia para o seu próprio território, como foi o caso do povo de Judá que para lá foi
levado por Nabucodonosor.
Babilônia era portanto um misto de nações, pelo
seu propósito de trazer a todos à cultura e à religião babilônica, conforme podemos inferir
da adoração idolátrica que Nabucodonosor tentou impor a todos, sob ameaça de pena de
morte àqueles que se negassem a se curvarem diante do ídolo de ouro que ele mandou erigir.
Daniel e os seus três amigos que se
encontravam com ele servindo na coorte babilônica se guardaram de toda aquela
idolatria e de toda forma de contaminação pagã daquele reino.
Hoje, a grande Babilônia mundial que está sendo formada por via da globalização nos
coloca à prova de modo muito mais amplo, para que consigamos resistir aos seus costumes e
nos mantermos fiéis a Deus.
Os ídolos e os hábitos paganizados já não nos são
apresentados de forma tão grotesca e direta como nos dias de Daniel. A Babilônia atual é sutil
e sofisticada, e tem múltiplas formas de nos seduzir para nos amoldarmos às suas práticas
abomináveis.
191
Por isso somos advertidos pelo Senhor Deus com as seguintes palavras de exortação:
“Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos
dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus
flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos
atos iníquos que ela praticou.” (Apocalipse 18.4,5)
Ainda que esta seja uma palavra dirigida ao juízo que será executado por Deus no tempo do fim,
somos chamados a vigiar e a manter um procedimento inteiramente santo para o
encontro com o Senhor entre nuvens no arrebatamento que está se aproximando a
passos rápidos de nós.
“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas
suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago 1.27)
192
A Verdadeira Raiz do Mal
O poder de influência de uma pessoa sobre
outra, para moldar o seu comportamento, está bem expresso no dito popular: “diga-me com
que tu andas e eu te direi quem és”.
É com base neste princípio que o Arqui-Inimigo de nossas almas se utiliza de instrumentos para
tentar e estimular a muitos a avançarem na prática do mal.
Isto é notório no uso do meio cultural-artístico, especialmente através da música moderna e das
produções de Hollywood.
Ledo engano portanto, pensar que lutar para tentar impedir o estabelecimento de um
governo mundial para que não se perca as liberdades individuais, seria a solução dos
problemas do mundo, ou mesmo pensar, como não poucos pensam, e se empenham para a sua
consumação para o mesmo fim, não é definitivamente a resposta para o problema do
mal.
Porque este está ligado ao coração humano e dali pode ser removido somente pelo poder de
Jesus Cristo, quando nos entregamos voluntariamente a Ele.
Um Sabetai-Zwi, Alester Crowley, Albert Pike, Charles Darwin, entre muitos outros são apenas
meros instrumentos através dos quais Satanás dá à humanidade, em maior dimensão, aquilo
que ela procura, a saber, liberdade para
193
expressar todo o seu potencial pecaminoso contrário à vontade de Deus.
De modo que nosso Senhor Jesus Cristo afirmou que todo homem é escravo do pecado e se
encontra portanto, debaixo da escravidão de Satanás, e disso pode ser libertado somente pelo
Seu poder divino.
Eis então, apresentada em poucas linhas, a real causa do mal que afeta o mundo. Não vem de
fora, vem do nosso próprio interior que se manifesta e se expressa exteriormente com
maior intensidade quando tentado e estimulado para a prática do pecado.
Se não fosse a restrição que o Espírito Santo vem fazendo ao longo dos séculos, para que este mal
não se alastrasse, de há muito a própria humanidade teria colocado um fim em si
mesma.
Lembremos que a iniquidade que conduziu à
prática de uma barbárie e violência tão extrema nos dias de Noé, conduziu ao extermínio de
todos com exceção de Noé e de sua família, para que através deles se desse início ao
repovoamento da Terra.
As coisas parecem estar marchando na mesma
direção nos nossos dias, uma vez que nosso Senhor nos ensinou que os últimos dias seriam
como os dias de Noé, pois é notável que a violência tem se espalhado de forma
desenfreada, uma vez que o Espírito Santo já não está restringindo como dantes, o pecado
naqueles que buscam o mal, e o resultado será o
194
de que Cristo arrebatará aqueles que amam a justiça e a verdade, para que sejam traduzidos os
juízos de Deus descritos nas páginas do Apocalipse sobre aqueles que deram crédito à
mentira.
“2Ts 2:3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que
primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,
2Ts 2:4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto
de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.
2Ts 2:5 Não vos recordais de que, ainda
convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?
2Ts 2:6 E, agora, sabeis o que o detém, para que
ele seja revelado somente em ocasião própria.
2Ts 2:7 Com efeito, o mistério da iniquidade já
opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;
2Ts 2:8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua
boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.
2Ts 2:9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo
a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,
2Ts 2:10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da
verdade para serem salvos.
195
2Ts 2:11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira,
2Ts 2:12 a fim de serem julgados todos quantos
não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.”
196
Pensando Fazer o Bem Fez um Grande Mal
Esta afirmação é aplicável a um grande número
de pessoas em todas as épocas da história da humanidade.
Um pai se empenhou muito para que seu filho
desfrutasse todos os prazeres que o mundo pudesse lhe dar, e este caiu em grande
dissolução e dependência química que o conduziu à morte.
Alguém deu grande quantia em dinheiro para um menor de idade e com este dinheiro ele
adquiriu uma arma de fogo com a qual assassinou pessoas inocentes.
Estes são exemplos domésticos, particulares e a
área do mal é restrita e não reflete sobre grande parte da humanidade.
Não é a este tipo de mal que queremos enfocar, senão aquele que é produzido por um conjunto
de boas intenções que no fim arruínam a sociedade como um todo.
Por exemplo, quando defendemos e
proclamamos a ideia de libertação dos poderes governantes (pais, autoridades etc),
contribuímos para que a sociedade seja rebelde, violenta, irreverente e arrogante, para não citar
outras coisas piores. E pensar que tudo veio a partir da noção de liberdade, que é em si uma
coisa boa, desde que não ultrapasse os limites que lhe devem ser impostos, em prol do bem
pessoal e comum.
197
A proposta do ecumenismo religioso é muito bela, mas impraticável, porque quando se
renuncia aos valores nos quais cremos não somente há perda de identidade, como a
pulverização mesma de todas as nossas crenças. Viver em paz com os que pensam
diferentemente de nós é uma coisa, mas tentar colocar Deus e a Sua vontade num emaranhado de crenças diferentes acaba por expulsar o
próprio Deus de nossas vidas, e coloca em seu lugar uma nova religião sem Deus, criada pela
imaginação e conveniência do homem.
A liberação sexual da qual se diz ter sido uma conquista da sociedade ocidental do século XX,
tem conduzido à dissolução da família e do compromisso conjugal, no qual os maiores prejudicados são os filhos nascidos em tais
condições.
Não há portanto como fugir, pois toda vez que corremos para longe dos braços de Deus,
caímos nos braços do mal.
“Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Nisto se
cumpre toda a Lei de Deus. Mas quem pode alegar que está amando o próximo quando
assume um padrão de vida e comportamento que lhe traz o mal? Veja bem, o mal, e não
propriamente o que lhe desagrade, pois é possível agradar alguém e com isto estar lhe
fazendo o mal, assim como é possível desagradá-lo e estar lhe fazendo um bem.
198
O bem não decorre portanto do que pensamos, de nossas boas intenções, mas de um proceder
verdadeiramente justo, reto, criterioso, pacífico e amoroso.
199
Não É Religião. É Vida.
Sempre houve no mundo um grande número de religiões, afirmando cada uma de per si os seus
dogmas, cerimoniais e rituais, em grande parte, distintos e contraditórios entre si.
Todavia Deus não criou o homem para que fosse
religioso, senão para que fosse justo e andasse em humildade e amor perante ele, vivendo em
unidade com todas os seus demais semelhantes de igual disposição.
Quando Jesus se manifestou na plenitude do
tempo nos trazendo a graça e a verdade, Ele não prescreveu qualquer tipo de formulário ritual
descrevendo a forma de se adorar a Deus; muito ao contrário disso, nos ensinou que devemos
orar sem repetição de palavras oriundas de formulários específicos, senão que devemos
nos dirigir a Deus com palavras ditadas não por ritos, mas pelo nosso próprio coração.
Em outras palavras, o que vale para Deus não é a
forma ou mesmo a realização de cerimônias e ritos religiosos para agradá-lo, senão ter uma
real comunhão com ele através de um comportamento santificado pelo Espírito Santo,
e uma vida de oração e serviço ao próximo.
Veja o que o apóstolo Tiago chama então de verdadeira religião para Deus:
“Tiago 1:26 Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando
o próprio coração, a sua religião é vã.
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Tiago 1:27 A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e
as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.”
Está sendo falado aqui de cerimônias e rituais? Ou de comportamento reto e puro, e de serviço
ao próximo?
Então a acusação comumente dirigida aos que
amam e servem a Deus, de que discriminam outras religiões em prol da defesa da que
professam, é uma acusação falsa, uma vez que não são orientados por preceitos religiosos
inventados pelos homens, senão por obediência ao modo de vida que foi revelado por Deus para
ser praticado por todos os homens, através da Bíblia.
Saber por experiência pessoal que há um Criador que nos dirige, instrui e transforma por
se manifestar ao nosso espírito por meio da nossa união com Jesus Cristo é o propósito
mesmo de Deus, o qual nos perdoa e purifica de nossas transgressões porque é amoroso e
misericordioso, e não deseja a morte espiritual de ninguém, senão que se arrependa e alcance a
vida eterna.
Voltamos a afirmar: isto é a vida que foi
planejada por Ele para todos os que desejam viver de maneira aprovada, e não propriamente
a prática de uma determinada religião.