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0 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENFERMAGEM ILLOMA ROSSANY LIMA LEITE CARGA DE TRABALHO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E FATORES ASSOCIADOS À SAÚDE DO TRABALHADOR TERESINA/PI 2012

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO EM ENFERMAGEM

ILLOMA ROSSANY LIMA LEITE

CARGA DE TRABALHO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E FATORES ASSOCIADOS À SAÚDE DO TRABALHADOR

TERESINA/PI

2012

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ILLOMA ROSSANY LIMA LEITE

CARGA DE TRABALHO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E FATORES ASSOCIADOS À SAÚDE DO TRABALHADOR

Dissertação de Mestrado submetida à banca examinadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Área de concentração: Enfermagem no contexto social brasileiro Linha de pesquisa: Processo de cuidar em saúde e Enfermagem

Orientadora: Profª. Drª. Grazielle Roberta Freitas da Silva

TERESINA/PI

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA Universidade Federal do Piauí

Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco Serviço de Processamento Técnico

L533c Leite, Illoma Rossany Lima Carga de trabalho de enfermagem em unidade de terapia intensiva e fatores

associados à saúde do trabalhador. / Illoma Rossany Lima Leite. Teresina: 2012.

91 f.

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Universidade Federal do Piauí,

Teresina, 2012. Orientação: Profª Drª Grazielle Roberta Freitas da Silva

1.Unidade de Terapia Intensiva. 2. Enfermagem – Terapia Intensiva. 3.Saúde

do Trabalhador. I. Título.

C D D 610.736 1

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ILLOMA ROSSANY LIMA LEITE

CARGA DE TRABALHO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E FATORES ASSOCIADOS À SAÚDE DO TRABALHADOR

Dissertação de Mestrado submetida à banca examinadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Orientadora: Profª Drª Grazielle Roberta Freitas da Silva.

Aprovada em 10 de dezembro de 2012

Banca Examinadora

--------------------------------------------------------------------

Profª. Drª. Grazielle Roberta Freitas da Silva Orientadora

--------------------------------------------------------------------

Profª. Drª. Kátia Grillo Padilha 1ª Examinadora

--------------------------------------------------------------------

Profª. Drª. Lídya Tolstenko Nogueira 2ª Examinadora

--------------------------------------------------------------------

Profª. Drª. Elaine Maria Leite Rangel Andrade Suplente

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Dedico a todos os pacientes e

profissionais de enfermagem que

contribuíram para a realização deste

estudo, por acreditarem na pesquisa

como fonte de produção de

conhecimentos capazes de trazer

melhorias tanto no que concerne aos

cuidados humanizados e qualificados,

quanto nas condições de trabalho dentro

das Unidades de Terapia Intensiva.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre iluminar e abençoar meu caminho, possibilitando a conclusão

de mais esse sonho.

Aos meus pais, Osmary e Josélia, e ao meu irmão, André Luis, meus principais

incentivadores por sempre acreditarem e confiarem no meu potencial, pelo apoio

diário, companheirismo e amor imensurável.

Ao Jonattas, pelo amor tão dedicado, pela compreensão e apoio constante.

A todos os meus familiares, tios e primos, que representam a fiel torcida pelo meu

sucesso e vibram comigo a cada nova conquista.

Aos meus amigos pela torcida e apoio fundamentais.

À Profª Drª Grazielle Roberta Freitas da Silva, minha queridíssima orientadora, por

todas as orientações e contribuições valiosas, por apontar com maestria o melhor

caminho a seguir e por me tranquilizar sempre que necessário. A parceria e amizade

que construímos será sempre cultivada.

À Profª. Drª. Kátia Grillo Padilha, sempre tão gentil, pela disponibilidade e

importantes observações que contribuíram para o enriquecimento deste trabalho.

Às Professoras Drª. Lídya Tolstenko Nogueira e Drª. Elaine Maria Leite Rangel

Andrade, por todas as preciosas apreciações e colaborações neste trabalho.

À todas as demais professoras do Programa de Pós-Graduação Mestrado em

Enfermagem, por todos os ensinamentos que contribuíram para a construção do

meu conhecimento, crescimento e amadurecimento enquanto pesquisadora.

Ao Profº Drº Paulo César, pela disponibilidade, dedicação e interpretação estatística.

A todos os colegas de sala, por todos os conhecimentos e momentos de alegrias

compartilhados, em especial às queridas amigas e parceiras de sempre: Aline,

Sarah, Lucyanna, Laís, Juliana e Belisa.

Aos queridos: Manuella Carvalho, Sarah Cordeiro, Tamires Barradas, Elenir Lago,

Daísy Ellena, Jairo Edielson e Pietro, pelo auxílio na coleta de dados, obrigada pelo

comprometimento e disponibilidade de cada um de vocês.

A todos que contribuíram, direta e indiretamente, para a construção desta pesquisa,

meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

A avaliação da carga de trabalho de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com o uso de instrumentos de medida, é importante fator para um adequado provimento de pessoal nessas unidades, devido às suas implicações na qualidade da assistência prestada aos pacientes, bem como na saúde dos trabalhadores. Este estudo teve como objetivo avaliar a carga de trabalho de enfermagem em UTI por meio da aplicação do Nursing Activities Score (NAS) e fatores associados à saúde dos trabalhadores dessas unidades. Trata-se de um estudo quantitativo, observacional, transversal, descritivo, desenvolvido em duas UTIs de um Hospital Público na cidade de Teresina, Piauí, entre setembro de 2011 a janeiro de 2012. A amostra foi constituída por 109 pacientes em sua maioria do sexo feminino (54,1%), com média de 50,8 anos, e por 64 profissionais de enfermagem, média de 44 anos, destes 70,5% eram técnicos de enfermagem, 18,8% enfermeiros e 6,2% auxiliares de enfermagem. Quanto à carga de trabalho, foram realizadas 1021 medidas do NAS e obteve-se uma média geral do NAS de 69%, com mínimo de 45,4% e máximo de 112,9%, na assistência direta dos profissionais de enfermagem. Ao correlacionar a demanda de trabalho (NAS) com idade, tempo de permanência e desfecho clínico, houve significância estatística apenas com desfecho clínico (p=0,0001). Já com relação à saúde dos trabalhadores de enfermagem, apesar de 67,2% se considerarem saudáveis, 89,1% afirmam apresentar algum problema de saúde relacionado ao trabalho e 70,3% consideram que o trabalho nas UTIs onde foi desenvolvido o estudo pode ser prejudicial às suas saúdes. Além disso, 61% dos profissionais não se sentem valorizados pelo trabalho que realizam nas mesmas. Destes, 48,2% justificam-na pela baixa remuneração; 20,7%, pela sobrecarga de trabalho e 15,5%, pela falta de reconhecimento social. Quando correlacionados os problemas de saúde relacionados ao trabalho com as variáveis idade, tempo de trabalho e turno de trabalho em UTI, verificou-se associação estatística apenas com a idade (p= 0,039). Conclui-se que a demanda de trabalho requerida pelo pacientes foi elevada, refletida através da alta média do NAS, e os profissionais apresentam quadro de saúde comprometido, reflexo também de uma sobrecarga de trabalho, segundo relato dos mesmos. Sugere-se que outros estudos relacionando as implicações da carga de trabalhado de enfermagem na qualidade de vida desses profissionais sejam realizados de maneira mais especifica, em conjunto com a aplicação de instrumentos como o NAS, no intuito de beneficiar pacientes, profissionais e instituições hospitalares.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Unidades de Terapia Intensiva. Carga de

trabalho. Saúde do Trabalhador. Riscos Ocupacionais.

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ABSTRACT

The assessment of nursing workload in the intensive care unit (ICU), with the use of measuring instruments, is an important factor for adequate staffing on these units, due implications on the quality of care provided to patients, as well as health workers. This study aimed to evaluate the workload of nurses in ICU through the application of the Nursing Activities Score (NAS) and factors associated with the health of workers in these units. This is a quantitative, an observational, a cross-sectional and a descriptive study, developed in two ICUs of a public hospital in the city of Teresina, Piauí, between September 2011 and January 2012. The sample consisted of 109 patients mostly female (54.1%) with an average of 50.8 years, and for 64 nursing professionals, averaging 44 years, 70.5% of these were practical nurses, 18.8% nurses and 6.2% nursing assistants. As for the workload, there were realized 1021 measurements of NAS and obtained a general average of 69% of the NAS, with a minimum of 45.4% and a maximum of 112.9% in the direct care of nursing professionals. By correlating the demand for labor (NAS) with age, period of permanence and clinical outcome, there was a statistical significance observed only with clinical outcome (p = 0.0001). In relation to the health of nursing workers, although 67.2% consider themselves healthy, 89.1% claim to present any health problems related to work and 70.3% believe that the work in the ICUs of the study can be detrimental to their health. Furthermore, 61% of professionals do not feel valued for their work in the same. Of these, 48.2% justify it by the low pay, 20.7% by overwork and 15.5% by the lack of social recognition. When correlated the health problems related to work with the variables age, working hours and shift work in the ICU, there was only a statistical association with age (p = 0.039).We conclude that the demand for labor required by patients was high, reflected by high average NAS, It is concluded that the demand for labor required by patients was high, reflected by high average of NAS, and the professionals present a compromised health framework, reflecting also an overload of work, according to the same report. It is suggested that further studies relating the implications of workload of nursing workers in the quality of life of these professionals may be realized in a more specific way, in conjunction with the application of instruments such as the NAS in order to benefit patients, professionals and hospitals. KEYWORDS: Nursing. Intensive Care Units. Workload. Worker Health. Occupational Risks.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 - Caracterização dos pacientes internados nas UTIs quanto aos aspectos sócio-econômicos e clínicos. Teresina, 2012. (n=109).......................................................................................................................35 Tabela 2 - Caracterização dos profissionais de enfermagem atuantes nas UTIs, quanto ao sexo e faixa etária. Teresina, 2012 (n=64)................................................35 Tabela 3 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo atuação

profissional. Teresina, 2012 (n=64)............................................................................36 Tabela 4 - Frequências de aplicação de medidas do NAS segundo seus indicadores. Teresina, 2012 (n = 109)............................................................................................37 Tabela 5 - Associação entre o NAS e idade, tempo de internação e desfecho clínico.

Teresina, 2012 ...........................................................................................................39 Tabela 6 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo condições de saúde relacionadas ao trabalho. Teresina - PI, 2012. (n=64)....................................40 Tabela 7 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo ocorrência de

acidentes no trabalho. Teresina, 2012. (n=64)...........................................................42 Tabela 8 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo o uso de EPIs. Teresina, 2012. (n=64)...............................................................................................42 Tabela 9 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo percepção de

valorização no trabalho. Teresina, 2012. (n=64)........................................................43 Tabela 10 - Associação entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho e idade, tempo de trabalho e turno de trabalho em UTI. Teresina, 2012 ....................................................................................................................................43 Gráfico 1 - Média da carga de trabalho segundo o NAS. Teresina, 2012. (n=109).......................................................................................................................38 Gráfico 2 – Distribuição dos profissionais de enfermagem de acordo com os

riscos à saúde por eles relatados. Teresina, 2012 (n=64).........................................................................................................................41 Gráfico 3 – Distribuição dos agravos relacionados ao trabalho dos profissionais de

enfermagem das UTIs por eles relatados. Teresina, 2012 (n=64).........................................................................................................................41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10 1.1 Contextualização do Problema 10 1.2 Objetivos 14 1.2.1 Objetivo geral 14 1.2.2 1.3

Objetivos específicos Justificativa

14 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO 16 2.1 Ações de cuidar em Enfermagem na UTI 16 2.2 Saúde do trabalhador de enfermagem 19 2.3 Carga de trabalho: Instrumentos de medida

23

3 METODOLOGIA 27 3.1 Tipo de estudo 27 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7

Local do estudo População e amostra Instrumentos de coleta Coleta de dados Análise de dados Aspectos éticos e legais

27 28 29 30 31 31

4 RESULTADOS 33 4.1 Perfil da amostra 33 4.1.1 Aspectos socio-econômicos e clínicos dos pacientes

internados nas UTIs 33

4.1.2 Aspectos sócio-econômicos dos profissionais de enfermagem atuantes nas UTIs

35

4.2 Carga de trabalho de enfermagem de acordo com o NAS 37 4.3 Trabalhadores de enfermagem: condições de saúde, riscos e

agravos ocupacionais, acidentes de trabalho e uso de EPI

40

5 DISCUSSÃO 45 5.1 Perfil da amostra 45 5.1.1 5.1.2 5.2 5.3

Aspectos socio-econômicos e clínicos dos pacientes internados nas UTIs Aspectos sócio-econômicos dos profissionais de enfermagem atuantes nas UTIs Carga de trabalho de enfermagem segundo NAS Trabalhadores de enfermagem: condições de saúde, riscos e agravos ocupacionais, acidentes de trabalho e uso de EPI

45

48

51 56

6 CONCLUSÕES 65 REFERÊNCIAS 68 APÊNDICES 77 ANEXOS 82

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do Problema

A enfermagem, como a arte e a ciência do cuidar, pressupõe cuidado

humanizado e realizado em sua plenitude em benefício do paciente, contribuindo, de

acordo com o contexto, para a promoção e proteção da saúde. Para tal, é

necessário que a assistência de enfermagem priorize o cuidado integral ao paciente

no dia-a-dia do exercício profissional.

A ação de cuidar sempre esteve presente na história da humanidade como

uma maneira de viver, de se relacionar com o mundo, acompanhando o ser humano

em sua gênese. Entende-se que em diferentes situações da vida do ser humano,

que o cuidado é imprescindível, tais como: na promoção da saúde, na prevenção de

doenças, no transcorrer de enfermidades e seus agravos, nas incapacidades e no

processo de morrer (CELICH, 2004).

É com o início da profissionalização da enfermagem que o cuidado assume

uma característica formal, a partir dos pressupostos de Florence Nightingale que,

por intermédio do movimento reformista, atribui uma nova face para o cuidar, na qual

a higiene, a importância do ambiente e a preocupação em fazer as ações com

conhecimento são características atribuídas à enfermagem (WALDOW, 2008).

As ações de enfermagem que lhes são pertinentes determinam o cuidado por

meio de comportamentos e atitudes demonstradas nas ações desenvolvidas no

sentido de favorecer a condição humana, compondo uma vasta lista na qual se

destacam: respeito, gentileza, responsabilidade, segurança, apoio e conforto.

Podem ser executadas em vários âmbitos, desde o domicilio aos hospitais e

unidades especializadas. Nesse sentido, a incorporação de novas tecnologias vem

imprimindo mudanças gradativas nos cuidados de enfermagem, principalmente no

cuidado intensivo.

Em virtude da complexidade do conhecimento científico, do avanço

tecnológico e da qualificação do cuidado em saúde, foram criadas as Unidades de

Terapia Intensiva (UTIs), nas quais é possível propiciar a recuperação e

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sobrevivência do paciente, bem como recompor suas condições estáveis (COSTA;

FIGUEIREDO; SCHAURICH, 2009).

Uma UTI possui como finalidade admitir pacientes potencialmente graves ou

com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos, fornecendo suporte

diagnóstico e terapêutico intensivo. Requer uma área hospitalar adequada com

infraestrutura própria, com provisão de equipamentos e materiais, além de recursos

humanos capacitados com atendimento multiprofissional e interdisciplinar, para o

desenvolvimento do trabalho com segurança (ABRAHÃO, 2011).

Algumas das características peculiares de uma UTI são: ambiente permeado

de tecnologia de última geração, situações iminentes de emergência e necessidades

de agilidade e habilidade acuradas (SALICIO; GAIVA, 2006). Essas unidades são

organizadas de maneira a prestar assistência especializada aos pacientes em

estado crítico, exigindo controle e assistência médica e de enfermagem constantes.

Desse modo, justifica-se a introdução de tecnologias cada vez mais aprimoradas, o

que exige profissionais de saúde preparados para manipulá-las com segurança.

O cuidado em UTI hoje, mais do que no passado, tem sido distinguido pela

incorporação/utilização de novas tecnologias, abrindo novos horizontes e novas

perspectivas para a melhoria da qualidade do trabalho/assistência e de vida dos

sujeitos que cuidam e daqueles que são cuidados (MARQUES; SOUZA, 2010).

Na área da saúde não é possível falar em cuidado sem enfatizar a

humanização, especialmente em UTIs. De acordo com Batista et al. (2009), a

questão da humanização envolve as dificuldades de pactuação das diferentes

esferas do Sistema Único de Saúde (SUS), as condições precárias de trabalho e o

descuido e a falta de compromisso na assistência ao usuário dos serviços de saúde,

sendo esses aspectos relevantes na qualidade da assistência intensivista.

Para Ribeiro e Jatobá (2011), humanizar na UTI significa cuidar do paciente

integralmente, associando ambiente físico, tecnologia avançada e recursos

humanos, englobando todo o contexto familiar e social, para garantir uma

assistência completa ao paciente e ao familiar, que se encontram sensíveis e

carentes de orientação e acolhimento. Os profissionais de enfermagem, nesse

contexto, devem adotar ações que minimizem o sofrimento dos pacientes e

familiares.

Quando se considera o cenário hospitalar, é necessário entender que a

humanização precisa estar voltada não só ao paciente internado e aos seus

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familiares, mas também à própria equipe de saúde, uma vez que será pela inter-

relação efetiva e afetiva existente entre eles que o cuidado poderá ser desenvolvido

de maneira mais humana, ética e solidária (COSTA; FIGUEIREDO; SCHAURICH,

2009).

As mudanças tecnológicas, introduzidas no processo produtivo, trazem

impactos à saúde do trabalhador, com manifestações tanto na dimensão física

quanto na psíquica (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005). Em muitos

cenários de atuação do enfermeiro, as condições de trabalho são insatisfatórias e

insalubres, com números insuficientes de leitos e número reduzidos de

trabalhadores para a demanda, além de materiais insuficientes ou inexistentes para

a complexidade do sistema. Nesse contexto, nem sempre as necessidades dos

usuários e trabalhadores são satisfeitas, contribuindo para desumanização do

processo de cuidar e interferindo negativamente na saúde do trabalhador. É

relevante, portanto, avaliar sobre em que condições a enfermagem está trabalhando

para que, pela satisfação no seu trabalho, seja motivadora e promotora de ações

humanizadoras (FONTANA, 2010).

Observa-se que muitas vezes, os trabalhadores de enfermagem se submetem

a uma sobrecarga de trabalho imposta pelo cotidiano nesse tipo de unidade

especializada, tornando-os cada vez mais ansiosos e doentes, construindo um

quadro em que se desenvolvem vários problemas psicossomáticos (RAMOS, 2009).

Segundo Vasconcelos (2001), as condições de trabalho envolvem a jornada e

a carga de trabalho, materiais e equipamentos necessários oferecidos ao

trabalhador na execução de suas tarefas e na obtenção de um ambiente saudável.

Gonçalves (2002) acrescenta que as consequências de condições de trabalho de

enfermagem desfavoráveis à saúde são: fadiga, estresse, lombalgia, falta de ânimo,

desinteresse, perda do entusiasmo e do otimismo, doenças profissionais e

envelhecimento precoce. Assim, esses efeitos podem gerar danos à sociedade,

além do âmbito individual, principalmente no que se refere aos trabalhadores de

enfermagem, que têm no cuidado ao ser humano o seu objeto de trabalho.

Dessa forma, aumenta o potencial para cuidar de forma negligente e/ou

imprudente, resultando em um exercício profissional que não apresenta a qualidade

e humanização almejada, incessantemente retratada na atualidade pelos veículos

de comunicação em massa.

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Uma UTI, em virtude da alta complexidade e variedade de recursos

tecnológicos, exige um alto investimento financeiro para sua manutenção. Custos

com a assistência de enfermagem, por exemplo, representam uma parcela

significativa no orçamento de um hospital. Isso justifica o rigoroso controle de

despesas feito a cada dia nessa área, sobretudo, com o pessoal (PEREGRINO et

al., 2012). Em virtude disso, nas últimas décadas, de acordo com Queijo (2008), a

carga de trabalho em enfermagem tornou-se um tema mundialmente discutido nas

instituições hospitalares, devido às suas implicações na qualidade de vida dos

profissionais, na qualidade da assistência ao paciente e nos custos hospitalares

decorrentes do quadro de pessoal de enfermagem.

Dessa forma, avaliar a carga de trabalho de enfermagem, portanto, é um fator

indispensável para um adequado provimento de pessoal nas diferentes unidades

hospitalares, bem como para avaliação da qualidade e eficiência do cuidado.

A necessidade de caracterizar a demanda de trabalho de enfermagem em

UTI com a finalidade de auxiliar na avaliação qualitativa e quantitativa de recursos

humanos com respeito à carga de trabalho impulsionou, ao longo do tempo, o

desenvolvimento de instrumentos de medida. Segundo Miranda et al. (2003), é

nesse contexto que se encontra o Nursing Activities Score (NAS), índice criado

resultante de modificações do Therapeutic Intervention Scoring System-28 (TISS-

28), seu antecessor.

O NAS é um instrumento para avaliação da carga de trabalho de enfermagem

em UTI, descrevendo aproximadamente duas vezes mais o tempo gasto pela

enfermagem no cuidado ao paciente crítico quando comparado com o TISS-28

(GONÇALVES; PADILHA, 2007). O NAS é composto por sete grandes categorias:

atividades básicas, suporte ventilatório, cardiovascular, renal, neurológico,

metabólico e intervenções específicas. O preenchimento dos itens que o compõem é

feito com base no registro das atividades de enfermagem realizadas nas últimas 24

horas de internação na UTI, fornecendo, portanto, informações retrospectivas da

carga de trabalho. Como resultado, a pontuação do NAS passou a representar a

porcentagem de tempo gasto pelos profissionais de enfermagem na assistência

direta ao paciente, podendo atingir 176,8% (DUCCI; PADILHA, 2008).

Portanto, diante do exposto traçou-se, para este estudo o seguinte objeto de

investigação: carga de trabalho de enfermagem em UTI e fatores associados à

saúde do trabalhador. Para tal, levantaram-se algumas questões de pesquisa, a

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saber: Quem são os pacientes atendidos nas UTI campo do estudo? Quem são os

profissionais da equipe de enfermagem que executam os cuidados? Qual o perfil do

trabalhador de enfermagem em UTI? Qual a carga de trabalho de enfermagem em

UTI?; Existe relação entre a demanda das UTI com os aspectos relacionados à

saúde do trabalhador?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral:

Avaliar a carga de trabalho de enfermagem em UTI por meio da aplicação do

NAS e fatores associados à saúde do trabalhador.

1.2.2 Objetivos específicos:

Caracterizar os pacientes internados nas UTI quanto aos aspectos clínicos e

sócio-econômicos;

Descrever o perfil dos profissionais de enfermagem que trabalham nessas

unidades;

Verificar a associação da carga de trabalho com as seguintes variáveis dos

pacientes: idade, desfecho clínico e tempo de internação;

Descrever os riscos, os agravos ocupacionais, os acidentes de trabalho e o

uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), que podem influenciar na

carga de trabalho conforme a ótica da equipe.

Verificar a associação entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho

com as seguintes variáveis: idade, tempo de trabalho e turno de trabalho em

UTI.

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1.3 Justificativa

Em um hospital de Teresina, como estagiária e acadêmica do curso de

enfermagem da Universidade Federal do Piauí, a pesquisadora pôde vivenciar com

maior aproximação a assistência de enfermagem em UTI. Percebeu-se que essa é

permeada por situações de iminentes agravos aos pacientes, já que se trata de uma

unidade preparada para atender casos graves ou potencialmente graves,

requerendo maior tempo nos cuidados bem como demanda de recursos

especializados. Esses se não bem gerenciados podem afetar diretamente a

qualidade dos cuidados de enfermagem e a qualidade de vida dos profissionais das

UTI.

Devido a uma aproximação com a temática carga de trabalho de enfermagem

em UTI, a partir do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desta pesquisadora

intitulado: A demanda de trabalho de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

surgiu o interesse em ampliar e aprofundar o estudo sobre esse tema de

fundamental importância para enfermagem, já que o pequeno tempo destinado à

pesquisa do TCC inviabilizou a generalização dos achados.

Ainda são poucos os estudos existentes com a utilização de instrumentos de

medida de carga de trabalho de enfermagem específicos para doentes críticos, em

especial com a utilização do NAS, sendo crescente o interesse de incorporá-los na

prática gerencial de enfermagem em UTI.

Os profissionais de enfermagem, em sua maioria, trabalham em ambientes

precários, que não oferecem condições adequadas à saúde, seja pelo acúmulo de

horas trabalhadas, pela má remuneração ou pelo excesso de trabalho físico e

mental, acarretando danos à saúde do trabalhador, levando-o ao adoecimento.

Assim, é relevante o empregador atentar para as condições de trabalho oferecidas

aos trabalhadores, com vistas a evitar queda na produção e sobrecarga de trabalho.

Dessa forma, para preencher as lacunas encontradas nos achados

publicados, mensurando carga de trabalho e fatores associados à saúde do

trabalhador de enfermagem, considera-se bastante relevante esse estudo, pois

ampliará o conhecimento dos profissionais de enfermagem intensivistas nessa área,

além de possibilitar o uso de um instrumento válido e confiável mundialmente para

dimensionamento de enfermagem, com vistas a contribuir para a qualidade de vida

no trabalho e na assistência aos pacientes.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Ações de cuidar em Enfermagem na UTI

Para o cuidado ser efetivo, o ser-cuidado (paciente) deve ser visto de forma

integral pela equipe de enfermagem, levando-se em consideração também a

atenção direcionada aos seus familiares. Uma das ações primordiais no sucesso do

cuidado envolve o estabelecimento de vínculos, pela comunicação efetiva entre a

equipe de saúde e de enfermagem, pacientes e familiares.

Assim, de acordo com Boff (2007), o cuidado abrange mais que um momento

de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação,

preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Logo, é

mais que um ato, é uma atitude.

Segundo Waldow (2006), o cuidado é um fenômeno existencial porque faz

parte do ser; relacional porque ocorre em relação a outro ser; e contextual porque

existem diferentes maneiras e expressões de cuidar conforme o meio em que

ocorre. Nesse contexto, o cuidado caracteriza uma ação verdadeiramente

independente da enfermagem.

O cuidado representa a união entre seres humanos, construída a partir de

suas experiências de vida, assim ele deve ser sentido, vivido e exercitado. Para

cuidar é necessário empenho, disposição, doação, determinação e despir-se de

preconceitos (CELICH, 2004). Cuidar implica, portanto, colocar-se no lugar do outro,

interagir e responsabilizar-se com o outro no intento de aliviar seu sofrimento ou

proporcionar seu bem-estar (SOUSA et al., 2005).

As ações de cuidar em enfermagem podem ser executadas em vários

âmbitos que perpassam do nascimento à morte, desde o domicilio aos hospitais e

unidades especializadas. Neste contexto, a UTI é considerada, dentro da estrutura

hospitalar, uma unidade das mais complexas e mecanizadas. Esse fato se deve

principalmente à gravidade dos pacientes que nela são internados e aos diversos

equipamentos utilizados em benefícios dos pacientes (MARTINS; NASCIMENTO,

2005). Portanto, com o surgimento das UTIs, pacientes graves que, antes tinham

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pouca ou nenhuma chance de sobrevivência, passaram a utilizar recursos que até

então não possuíam.

Com o decorrer das décadas, o índice de morbidade se elevou, porém os

conhecimentos tecnológicos avançaram, assim como se ampliaram os

conhecimentos acerca das doenças que acometem o ser humano. Nesse contexto,

as UTIs tornaram-se unidades onde se concentram recursos humanos e

tecnológicos altamente especializados.

Assim, teoricamente a tecnologia em saúde pode ser classificada em três

tipos: tecnologias duras constituídas por equipamentos do tipo máquinas,

instrumentais, normas, rotinas e estruturas organizacionais; tecnologias leve-duras

que são os saberes estruturados como a fisiologia, a anatomia, a psicologias, dentre

outros; e tecnologias leves que são implicadas com o conhecimento da produção

das relações entre sujeitos presentes no espaço trabalhador-usuário e só se

materializam em atos, tais como acolhimento, produção de vínculo, encontros de

subjetividade e autonomização (MERHY, 2002).

As tecnologias já presentes em ambiente de cuidado, bem como aquelas que

são incorporadas no intuito de contribuir com a recuperação dos pacientes,

interferem sobremaneira no modo como os enfermeiros desenvolvem os cuidados

aos pacientes sob sua responsabilidade e em última instância no processo de cuidar

(SILVA; FERREIRA, 2009).

Outro fator que ganha força nos últimos anos é a humanização do cuidar na

assistência hospitalar, sobretudo, nas UTIs, que representa um conjunto de

iniciativas que visam à produção de cuidados em saúde, capazes de conciliar a

melhor tecnologia disponível com promoção de acolhimento, respeito ético e cultural

do paciente, espaços de trabalho favoráveis ao bom exercício técnico e a satisfação

dos profissionais de saúde e usuários (MARQUES; SOUZA, 2010).

Diante dessa realidade, o Ministério da Saúde elaborou o HumanizaSUS

como política que envolve as diferentes ações e instâncias do SUS. Por meio dessa

política, a humanização é compreendida em diversos âmbitos como: a valorização

dos sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores

e gestores; autonomia e protagonismos desses sujeitos; identificação das

necessidades sociais de saúde e compromisso com a ambiência, melhoria das

condições de trabalho e atendimento (BRASIL, 2009).

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Para que se alcance a humanização das relações entre profissional de

saúde/enfermo; profissional de saúde/ familiares e profissional de saúde/profissional

de saúde nas UTIs, deve-se priorizar o acolhimento e o trabalho em equipe

enquanto diretrizes operacionais, promovendo uma adequada organização e um

bom funcionamento do serviço (BATISTA et al., 2009).

Em um estudo realizado por Costa, Figueiredo e Schaurich (2009), foram

destacados aspectos que influenciam no processo de humanização da UTI. Como

aspectos positivos, destacaram-se: adequada área física, garantia da visita diária em

mais um turno e recursos humanos em quantidade suficiente e capacitados. Já

como aspectos negativos, foram apontados: as relações interpessoais entre as

equipes, o despreparo dos profissionais da saúde e o pouco tempo que esses

profissionais possuem para se dedicar ao paciente e sua família devido às rotinas

preestabelecidas.

Com relação ao trabalho em UTI, os profissionais intensivistas exercem suas

atividades em um ambiente onde são exigidas equipes competentes em situações

de risco, em urgência, na dor, na morte, mas também nas situações de

sobrevivência. Dentre esses profissionais, destaca-se o enfermeiro, que necessita

trabalhar o autoconhecimento para atingir o equilíbrio emocional e interagir com

empatia com o paciente e sua família, humanizando o cuidado fornecido (VIEIRA;

FERNANDES; CROSSETTI, 2003).

Para Beck et al. (2009), a enfermagem possui um importante papel na

implantação da humanização nos serviços de saúde, tanto na assistência direta aos

usuários, na educação em serviço com os membros da equipe, como na gestão dos

serviços de saúde, uma vez que, em geral, importante percentual desta equipe é

composta por trabalhadores da enfermagem que permanecem mais tempo em

contato com os usuários.

O ambiente de UTI suscita, no enfermeiro, a necessidade de amplo

conhecimento científico e domínio de alta tecnologia. No entanto, se os

procedimentos básicos, como a lavagem simples das mãos, não forem realizados

corretamente e valorizados tanto quanto os procedimentos relacionados à alta

tecnologia, o paciente poderá não apresentar uma boa resposta terapêutica. Assim,

procedimentos e rotinas básicas devem ser respeitados na UTI e esses cuidados

devem ser tomados não só pela equipe de enfermagem, mas por todos os

profissionais que trabalham na unidade (TOMÉ; COSTA, 2009).

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Observa-se, também, que para haver uma humanização da assistência é

preciso que ocorra, concomitantemente, a humanização dos trabalhadores,

proporcionando-lhes condições de trabalho, com intuito de evitar doenças, assim

como uma gestão participativa que valorize e apoie o trabalho dos enfermeiros e

demais membros da equipe multidisciplinar de saúde (BECK et al., 2009).

Nesse contexto, destaca-se a importância de boas condições de trabalho

tanto físicas, de relações interpessoais, como de acesso e de resolutividade para

que se concretize a humanização do cuidado ao usuário e ao trabalhador, já que

trabalhadores satisfeitos em suas necessidades geralmente faltam menos ao

trabalho e desenvolvem suas funções com mais interesse, o que reflete em melhor

atendimento ao usuário (FONTANA, 2010).

2.2 Saúde do trabalhador de enfermagem

A globalização e o aumento da competitividade contribuem para o

desenvolvimento e introdução constante de novas tecnologias de informação no

cuidado hospitalar, em especial nas UTIs, interferindo no processo de trabalho em

saúde, com implicações também na saúde do trabalhador, podendo contribuir para

aumento da incidência de doenças e acidentes de trabalho.

No Brasil, a saúde do trabalhador constitui uma área da saúde pública que

tem como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador por meio do

desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e

condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e

prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de

diagnósticos, tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS (BRASIL, 2001).

Segundo Ribeiro (2012), a saúde do trabalhador está relacionada à busca da

compreensão do adoecimento do trabalhador na perspectiva de sua inserção no

modo de produção e o consumo de bens e serviços, devendo para isso, contar com

a participação dos sujeitos nas decisões sobre o processo de trabalho que

desenvolvem e na adequação do ambiente de trabalho.

Nesse sentindo, para o Ministério da Saúde (2001), entre os determinantes da

saúde do trabalhador, estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos,

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tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de

riscos ocupacionais, presentes no processo de trabalho. Nesse âmbito, as ações de

saúde do trabalhador envolvem mudanças nos processos de trabalho que

contemplem as relações saúde-trabalho em todo o seu contexto, por meio de uma

atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial.

Consta, na Constituição Brasileira atual, o direito social ao trabalho seguro,

assim como a obrigação do empregador em custear aos trabalhadores as

consequências dos agravos sofridos associados ao trabalho. O termo risco refere-se

à probabilidade de ocorrer um dano à saúde, podendo ser atenuado por medidas de

proteção tanto coletivas, como individuais (RIBEIRO, 2012).

O Ministério da Saúde (1994) subdivide os riscos ocupacionais em cinco:

físicos, químicos, biológicos, mecânicos e de acidentes e o grupo de ergonômicos e

psicossociais, que em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo

de exposição, podem causar danos à saúde do trabalhador.

Os riscos físicos são decorrentes da exposição do trabalhador a ruído,

vibração, radiação ionizante e não ionizante, temperaturas extremas (frio e calor),

pressão atmosférica anormal, entre outros, como risco de queda decorrente de pisos

ou iluminação inadequados, problemas com ventilação e umidade, incêndios e

choques elétricos (BRASIL, 2001).

Os riscos químicos, segundo Ribeiro (2012), são representados por

substâncias, compostos ou produtos que podem ser absorvidos pela pele ou por

ingestão ou ainda penetrar por via respiratória, tais como poeira, fumos, gases ou

vapores. Os principais efeitos clínicos dependem da toxicologia da substância, a

saber: pneumoconioses, saturnismo, benzenismo, entre outros.

Quanto ao risco biológico, a Norma Regulamentadora Nº 32 (NR 32)

considera como a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos, tais

como: os microrganismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de

células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2008).

Já os riscos mecânicos e de acidentes estão relacionados a fatores ou

situações potencialmente causadoras de acidentes, como ferramentas inadequadas,

arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, eletricidade,

probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais

peçonhentos e ainda outras situações que poderão contribuir para a ocorrência de

acidentes. Esses acidentes do trabalho podem resultar em diversas afecções, tais

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como traumatismos, fraturas, amputações, queimaduras, entre outros (RIBEIRO,

2012).

Por fim, os riscos ergonômicos e psicossociais resultam da falta de adaptação

do trabalho ao homem, resultando em sobrecarga como esforço físico intenso,

levantamento e transporte manual de peso, exigência de posturas inadequadas,

repetitividade de trabalho em turno e noturno, jornada de trabalho prolongada, entre

outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico. Podem resultar em

fadiga, lombalgia, estresse e sofrimento mental (RIBEIRO, 2012).

Em um estudo realizado por Mininel, Baptista e Felli (2011) com 62

trabalhadores de enfermagem, em cinco hospitais universitários brasileiros, os

mesmos referiram exposição a diversos tipos de cargas psíquicas, relacionando-as a

outras cargas de trabalho, ressaltando-se os desgastes decorrentes desse tipo de

carga, como estresse, fadiga, gastrite e cefaleia.

Nesse contexto, as equipes de enfermagem de UTI, em função das suas

atividades diárias, estão sujeitas a riscos ocupacionais, que podem acarretar alguns

problemas de saúde relacionados, por exemplo, a materiais pérfurocortantes, tais

como: agulhas, tesouras, bisturis, pinças e escalpes, assim como a exposição à

radioatividade. Logo, os riscos ocupacionais não estão somente no paciente da UTI

e sim no próprio ambiente e também naqueles que prestam assistência aos

pacientes. Portanto, é necessária a busca por um ambiente menos agressivo e com

melhores condições de trabalho (CAMPOS; GUTIERREZ, 2005).

Um estudo realizado em uma UTI para adultos de uma instituição hospitalar

da rede pública de Fortaleza-CE, em 2006, com 19 profissionais da equipe de

enfermagem, cujo objetivo era analisar os riscos ocupacionais a que estão expostos

profissionais dessa UTI, foi observado que os principais riscos ocupacionais nesse

setor estavam relacionados ao excesso de ruído na unidade, à temperatura

inadequada do ambiente, à inobservância do controle de gases e vapores, à falta de

pausas sistemáticas para descanso e à exposição diária a agentes biológicos,

fatores psicossociais e de natureza ergonômica que são significativos para o

surgimento de problemas de saúde (LEITÃO; FERNANDES; RAMOS, 2008).

Ainda segundo esses autores, deve-se tomar como base para a execução de

práticas de segurança do trabalho alguns parâmetros como: ergonomia, higiene

ocupacional e a adequação do ambiente, do mobiliário e do instrumental às

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necessidades humanas, com o objetivo de promover e preservar a integridade física

e psíquica da equipe.

Nesse contexto, deve-se ressaltar a importância dos profissionais de

enfermagem adquirirem conhecimento sobre saúde ocupacional, visto que eles

podem atuar como agentes de prevenção e promoção na saúde da sua equipe.

Uma revisão bibliográfica, que objetivou analisar a temática “Saúde do

Trabalhador de Saúde”, publicada em periódicos de enfermagem no período de

1998-2002, mostrou que é crescente o interesse de pesquisadores nessa área,

selecionando 48 artigos, cujas principais temáticas investigadas estão relacionadas,

em ordem crescente de interesse, às seguintes: saúde mental, acidentes de

trabalho, condições de trabalho, qualidade de vida, aspectos organizacionais do

trabalho e risco ocupacional. Verificou-se também que os trabalhos analisados

apontam para uma preocupação dos enfermeiros em relação aos fatores envolvidos

com a saúde dos trabalhadores de saúde, envolvendo tanto a saúde física como

mental desses, já que 78,9% dos trabalhos tiveram autoria de enfermeiros

(ALMEIDA; DAMASCENO; ARAÚJO, 2005).

Em seu estudo, Alencar et al. (2012) ressalta a importância de se conhecer o

perfil dos profissionais de saúde expostos aos riscos ocupacionais para implantação

de medidas que visem promover educação continuada e avaliação do impacto dos

fatores de risco no trabalho, conforme estabelece a NR 32.

Relacionado a isso, surgem os papéis do enfermeiro do trabalho que busca,

pela fala do trabalhador, identificar problemas no ambiente laboral, partindo

inicialmente da avaliação do nível de satisfação, aceitação e adaptação de cada

funcionário a atividade que exercem, cabendo ao profissional avaliar as deficiências,

e planejar meios de solucionar os problemas identificados, adequando o ambiente

de trabalho ao trabalhador, reduzindo os fatores nocivos à sua saúde (CAMPOS;

GUTIERREZ, 2005).

No entanto, observa-se que as crescentes transformações, de ordem

econômica, política, social e técnica associada a uma precarização no trabalho, têm

resultado na intensificação e aumento da jornada de trabalho, acúmulo de funções,

maior exposição a fatores de risco para a saúde, descumprimento de regulamentos

de proteção à saúde e à segurança, diminuição dos níveis salariais e aumento da

instabilidade no emprego (AZAMBUJA; KERBER; KIRCHHOF, 2007).

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Em uma revisão de literatura, Santos et al. (2010) apontam como fatores

predisponentes ao estresse a sobrecarga de trabalho, os conflitos de funções, a

desvalorização e as condições de trabalho. Com relação aos principais sinais e

sintomas, destacam-se a taquicardia, a falta de apetite, os calafrios, a ansiedade e

as artralgias.

O acúmulo de funções e o desempenho de tarefas que não são específicas

da enfermagem, tais como atividades burocráticas não relacionadas à assistência,

tem sobrecarregado as equipes de enfermagem, acarretando uma carga de trabalho

que gera conflitos e esgotamento para os enfermeiros (MENZANI, 2004). Esses

fatores não afetam somente a qualidade de vida do trabalhador de enfermagem,

como também a qualidade da assistência prestada aos usuários, além de implicar

prejuízo para a instituição contratante.

Assim, torna-se essencial nas instituições prestadoras de serviços de saúde o

correto dimensionamento de profissionais de enfermagem, o que tem sido

evidenciado pelo uso de instrumentos que auxiliem na provisão de recursos, já que a

equipe de enfermagem representa o percentual quantitativo e orçamentário mais

significativo na maioria das instituições de saúde. Portanto, a mensuração de

pessoal de enfermagem em UTI está estreitamente relacionada ao padrão de

qualidade desejado para determinada unidade, visando a uma ótima assistência,

adequada atenção e um grupo cooperativo e harmônico (GARCIA; CARVALHO;

PIVA, 2007).

2.3 Carga de trabalho: Instrumentos de medida

Devido à complexidade, à gravidade e aos altos custos nas áreas de terapia

intensiva, muitos estudos têm se desenvolvido tanto para estimar o quantitativo de

pessoal, como para auxiliar no planejamento orçamentário.

A validade clínica de instrumentos que visam mensurar os fenômenos de

saúde, enquanto tecnologias do cuidar, contribui para representar e sistematizar o

cotidiano da enfermagem em vários contextos de atuação. Nesse sentindo, cabe aos

profissionais determinar qual o melhor dentro das suas necessidades assistenciais e

da sua realidade profissional (SILVA et al, 2012).

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Nesse contexto, surgiu a necessidade de classificar os pacientes nas

unidades intensivas, através dos denominados Sistemas de Classificação de

Pacientes (SCP). Esses devem idealmente utilizar instrumentos confiáveis, que

permitam resultado seguro para a avaliação dos pacientes e da unidade. Sob a ótica

da equipe de enfermagem, o SCP ideal deve utilizar instrumentos de classificação

da gravidade dos pacientes, de mensuração da carga de trabalho de enfermagem,

das necessidades de cuidados dos pacientes e da real necessidade de profissionais

de enfermagem por paciente (TRANQUITELLI; PADILHA, 2007).

Dentre esses instrumentos, destacam-se os direcionados à mensuração da

carga de trabalho de enfermagem em UTI, onde o TISS é encontrado na literatura

internacional como um dos precursores nesse sentido (QUEIJO; PADILHA, 2009). O

TISS foi originalmente idealizado por Cullen et al., de Massachussets General

Hospital, de Boston, em 1974, com o duplo objetivo de mensurar a gravidade dos

pacientes e calcular a correspondente demanda de trabalho de enfermagem em UTI

(CULLEN et al., 1974).

O TISS foi revisado e, após novas versões, resultou na última denominada

TISS-28 que possui 28 ações terapêuticas, tendo como base a quantificação dessas

intervenções, de acordo com a complexidade, grau de invasividade e tempo gasto

pela enfermagem para realização de determinados procedimentos no doente crítico

(PADILHA et al, 2005). Esse índice indica que, quanto mais procedimentos o

paciente recebe, maior a gravidade da doença e maior a necessidade de trabalho de

enfermagem. Cada ponto do TISS-28 corresponde ao consumo de 10,6 minutos do

tempo de trabalho de enfermagem de um profissional de enfermagem na assistência

ao doente crítico (MIRANDA; RIJK; SCHAUFELLI, 1996).

Com o passar dos anos, com o desenvolvimento de índices de gravidade de

base fisiológica, o TISS-28 foi reestruturado e direcionado para avaliar as

necessidades de cuidados e mais fielmente a carga de trabalho, resultando no NAS,

instrumento desenvolvido por Miranda e seus colaboradores, que apresenta um total

de 23 itens, cujos pesos variam de um mínimo de 1,2 a um máximo de 32,0. Os

itens são: 1. Monitorização e controles (subitens 1a, 1b e 1c); 2. Investigações

laboratoriais: bioquímicas e microbiológicas; 3. Medicação, exceto drogas

vasoativas; 4. Procedimentos de higiene (subitens 4a, 4b e 4c); 5. Cuidados com

todos os drenos, exceto sonda gástrica; 6. Mobilização e posicionamento (subitens

6a, 6b e 6c); 7. Suporte e cuidados aos familiares e parentes (subitens 7a e 7b); 8.

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Tarefas administrativas e gerenciais (subitens 8a, 8b e 8c); 9. Suporte respiratório;

10. Cuidados com vias aéreas artificiais; 11. Tratamento para melhora da função

pulmonar; 12. Medicação vasoativa, independente do tipo e dose; 13. Reposição

intravenosa de grandes perdas de fluidos; 14. Monitorização do átrio esquerdo; 15.

Reanimação cardiorrespiratória; 16. Técnica de hemofiltração, técnicas dialíticas; 17.

Medida quantitativa do débito urinário; 18. Medida da pressão intracraniana; 19.

Tratamento da acidose/alcalose metabólica; 20. Nutrição parenteral total; 21.

Alimentação enteral por sonda gástrica ou outra via gastrointestinal; 22.

Intervenção(ões) específica(s) na Unidade de Terapia Intensiva e 23. Intervenções

específicas fora da Unidade de Terapia Intensiva (MIRANDA et al., 2003).

O índice originalmente descrito na língua inglesa foi traduzido e validado por

Queijo (2002), tendo em vista o interesse em disponibilizá-lo para uso no contexto

nacional.

Depois de cumpridas as etapas de adaptação transcultural, o instrumento

final, em português denominado Escore de Atividades de Enfermagem (EAE) foi

testado para avaliar suas propriedades de medida. Cabe ressaltar que se optou por

manter a abreviatura NAS do título em inglês, com vistas a facilitar a comunicação

com todos os autores estrangeiros bem como os leitores de todas as

nacionalidades. As conclusões obtidas no estudo demonstraram índices satisfatórios

de confiabilidade, de validade de critério e de constructo, permitindo, dessa forma,

sugerir a sua utilização, como um indicador confiável e válido para mensurar carga

de trabalho de enfermagem em UTI, em nosso meio (QUEIJO; PADILHA, 2009).

Quanto ao quantitativo de enfermagem em UTI, Santos (2012) relata em sua

pesquisa que é frequente a queixa de enfermeiros quanto ao quadro insuficiente de

profissionais nesse setor, justificado pelo grande número de cirurgias eletivas e de

urgência, transporte de pacientes para exames e instabilidade de pacientes graves

que exigem um trabalho intenso dos profissionais. O enfermeiro responsável

gerencialmente por sua equipe passa a ter a função de negociador com a

administração do hospital, porém em Teresina os métodos de base científica para

dimensionamento de pessoal ainda são poucos utilizados.

Nesse contexto, a utilização do NAS como indicador, envolve a análise de

diversos processos que ocorrem numa UTI, servindo como identificador de

qualidade do setor através da quantificação de recursos empregados. Sua utilização

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torna o processo de monitoração mais objetivo e menos aleatório (KNOBEL;

LASELVA; MOURA JÚNIOR, 2010).

Como cada ponto do NAS corresponde a 0,24h segundo Conishi (2005), pela

avaliação retrospectiva do paciente e frente à somatória das pontuações dos itens, é

possível calcular o total de horas necessárias para a assistência direta ou indireta de

enfermagem a determinado paciente, mensurando-se de forma fidedigna a carga de

trabalho de enfermagem em UTI.

Com o objetivo de identificar o perfil das produções e analisar os resultados

em evidência sobre o NAS na produção brasileira da enfermagem, no período de

2002 a 2010, Santos, Nogueira e Padilha (2012), ao analisar os 17 artigos

selecionados, concluíram que tem crescido o número de artigos que utilizaram o

NAS a partir de 2007, no entanto a utilização desse instrumento e as publicações

ainda estão restritas ao centro-sul do país.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo descritivo com abordagem quantitativa, observacional,

transversal, descritivo. De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2006), a pesquisa

descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem

manipulá-los. Esse estudo busca descobrir, com a precisão possível, a frequência

com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e

características, descrevendo, assim, as propriedades ou relações existentes na

comunidade, grupo ou realidade pesquisada.

Quanto ao método quantitativo, para Richardson et al. (2008), representa a

intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e

interpretação. Caracteriza-se pelo emprego de recursos e técnicas estatísticas tanto

na coleta de dados e opiniões, quanto no seu tratamento e análise. Tal método é

muito utilizado no desenvolvimento das pesquisas, nas quais se procuram descobrir

e classificar a relação entre variáveis, assim como na relação de causalidade entre

fenômenos. Segundo Massad, Ortega e Silveira (2004), quando o investigador não

manipula o objeto de estudo, este é então classificado como observacional.

3.2 Local do estudo

O estudo foi desenvolvido em duas UTIs gerais da cidade de Teresina-PI,

pertencentes a um Hospital Público de grande porte. Esse Hospital Público oferece

atendimento ambulatorial, internações e Serviço Auxiliar de Diagnóstico e Terapia

(SADT) a uma clientela de demanda espontânea e referenciada pelo SUS.

A escolha desse hospital ocorreu devido à sua grande importância no cenário

de saúde, sendo considerado referência no tratamento de saúde em Teresina. Além

disso, a organização do serviço de enfermagem permitia a coleta de dados do NAS.

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O setor escolhido reúne recursos materiais e humanos especializados para o

cuidado a pacientes críticos. Vale ressaltar que, no cotidiano, as especificidades do

setor propiciam situações de elevada pressão e, devido a isso, o surgimento de

desgaste físico e mental dos trabalhadores.

3.3 População e amostra

As unidades amostrais fontes do estudo incluem os prontuários de pacientes

internados nas UTI da instituição hospitalar determinada e os profissionais da equipe

de enfermagem, compreendendo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem,

atuantes nas mesmas.

Para calcular o tamanho da amostra de prontuários, em visitas prévias ao

local de estudo, que possui um total de 16 leitos de atendimentos, somando-se os

leitos das duas UTI, obteve-se a média de ocupação de 50 pacientes por mês.

Aplicando-se o cálculo amostral de população finita, descrito a seguir, com erro

amostral de 5% e nível de confiança de 95%, obteve-se uma amostra de 109

prontuários.

Onde:

n0 é a primeira aproximação do tamanho da amostra

E0 é o erro amostral tolerável

N é o número de elementos da população

n é o tamanho da amostra

Assim, a amostra foi constituída por: prontuários de pacientes admitidos nas

UTI no período da coleta de dados, com idade igual ou superior a 18 anos, e que

nela permaneceram internados por um período mínimo de 48 horas, por se

considerar um período satisfatório para adequação e direcionamento do cuidado

mais efetivo e organizado pela equipe de enfermagem, de acordo com a dinâmica

institucional.

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Já com relação à equipe de enfermagem, essa é composta por 16

enfermeiros e 64 técnicos e/ou auxiliares de enfermagem que trabalham nas UTIs

da instituição selecionada. Como critério de inclusão, determinou-se que

participariam da pesquisa todos os profissionais de enfermagem que já trabalharem

por pelo menos um ano nas UTI em estudo. No entanto, a amostra intencional para

essa equipe foi de 12 enfermeiros e 52 técnicos e/ou auxiliares de enfermagem,

tendo em vista que dois enfermeiros e quatro técnicos e/ou auxiliares de

enfermagem estavam de licença (prêmio e médica), um enfermeiro e dois técnicos

de enfermagem foram excluídos por trabalharem a menos de um ano nas UTI do

estudo, um enfermeiro e três técnicos responderam ao pré-teste (sendo excluídos do

estudo) e três técnicos e/ou auxiliares de enfermagem se recusaram a participar da

pesquisa.

3.4 Instrumentos de coleta

Antecedendo o procedimento de coleta de dados, foi efetuado um curso de

extensão para aprimoramento da aplicação do NAS, oferecido para graduandos de

enfermagem da UFPI e registrado na Pró-Reitoria de Extensão, intitulado:

“Aprendendo a mensurar a carga de trabalho de Enfermagem segundo o Nursing

Activities Scores (NAS)”. O objetivo principal do curso foi capacitar os discentes para

aplicação do instrumento NAS em UTI. Em seguida, foi realizado um pré-teste, com

quatro profissionais das UTIs (5% da amostra), a fim de avaliar a aplicabilidade e

validade dos instrumentos a serem utilizados.

O pré-teste consiste em uma aplicação dos instrumentos da pesquisa sobre

uma pequena parte da população do „‟universo‟‟ ou da amostra, em geral 5 ou 10%,

antes de ser aplicado definitivamente, tendo como objetivo verificar até que ponto

esses instrumentos têm, realmente, condições de garantir resultados isentos de

erros. Possui com uma das principais funções testar o instrumento de coleta de

dados, com exceção do NAS, pois já é validado e confiável, evidenciando se ele

possui três elementos importantes: fidedignidade, validade e operatividade, sendo

possível também, entre outros fins, obtenção de uma estimativa sobre os futuros

resultados. (LAKATOS; MARCONI, 2010).

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30

Os dados foram coletados mediante a aplicação de um formulário e um

questionário. O formulário era dividido em duas partes: na primeira constaram os

dados demográficos e clínicos dos pacientes internados (APÊNDICE A) e na

segunda parte continha o NAS (ANEXO A). Quanto ao questionário, este foi aplicado

aos profissionais da equipe de enfermagem, contendo questionamentos relativos à

saúde do trabalhador (APÊNDICE B).

3.5 Coleta de dados

A coleta de dados, de setembro de 2011 a janeiro de 2012, foi realizada pela

pesquisadora e uma equipe de campo, composta por discentes do bacharelado de

Enfermagem de Universidade Pública do Piauí, previamente submetidos a

treinamento para a correta aplicação dos instrumentos utilizados. Inicialmente, antes

da aplicação do formulário, foi feita uma leitura prévia do manual de aplicação do

NAS (ANEXO B), para reavivar os itens e facilitar o preenchimento mais rápido do

instrumento. Em seguida, os dados gerais descritos referentes aos pacientes foram

verificados por meio dos prontuários, de forma retrospectiva correspondente aos

cuidados prestados nas últimas 24 horas do momento da coleta. Readmissões

foram excluídas do estudo.

Conishi e Gaidzinski (2007), ao realizarem estudo classificando 33 pacientes

em UTI adulto, para verificar o NAS como instrumento de medida, concluíram que foi

significativamente mais adequado à aplicação em 24 horas que por turnos,

estratégia também aplicada nesse estudo em Teresina.

A coleta de dados foi diária, preferencialmente no turno da tarde, e de forma

retrospectiva, excluindo-se os finais de semana. Assim, para fins de padronização,

foram consideradas as informações referentes às 24 horas do dia anterior à coleta

que se completavam às sete horas da manhã. Desse modo, a pesquisadora

coletaria informações mais completas e fidedignas (GONÇALVES et al., 2006;

CONISHI; GAIDZINSKI, 2007).

Já os questionários aplicados aos profissionais de enfermagem foram

entregues de acordo com a disponibilidade dos mesmos, levando em consideração

a dinâmica da unidade. Para o preenchimento, a pesquisadora ficou próxima para

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31

esclarecer as possíveis dúvidas. Após o preenchimento dos questionários pelos

participantes, esses instrumentos foram acondicionados em uma caixa vedada como

forma de garantia do anonimato.

3.6 Análise de dados

Os dados foram armazenados em um banco eletrônico criado no programa

Excel 2010-Windows 7 e as análises estatísticas descritivas realizadas por meio do

Statistical Package for the Social Sciences – SPSS 16.0, para tabulação. Os

resultados referentes às características clínicas e demográficas foram submetidos à

análise descritiva, foram calculadas as medidas estatísticas de média, mínima,

máxima, mediana e desvio padrão.

Com relação aos dados no NAS, calcularam-se as médias, desvios e Erro

Padrão da Média (EPM) de idade, tempo de internação e carga de trabalho. As

análises de associação foram feitas pelo teste de 2. Para todas as análises

consideraram-se como estatisticamente significantes aquelas com p<0,05.

Quanto aos trabalhadores, as análises de associação também foram feitas

pelo teste de 2. Para todas as análises consideraram-se como estatisticamente

significantes aquelas com p<0,05.

Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos, para melhor

compreensão.

3.7 Aspectos éticos e legais

O projeto deste estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em

Pesquisa da UFPI e aprovado, em 8 de junho de 2011, com CAAE (Certificado de

Apresentação para Apreciação Ética), nº 0115.0.045.000-11 (ANEXO - D).

Os sujeitos da pesquisa foram informados acerca dos objetivos da

investigação e das questões éticas, garantida a confidencialidade e a privacidade, a

proteção da imagem, a não estigmatização e a não utilização de informações em

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prejuízo das pessoas, conforme os princípios norteadores dispostos na Resolução

n° 196/96, do Conselho Nacional de Saúde que trata da ética em pesquisa com

seres humanos (BRASIL, 1996).

No horário de visita da UTI, foi comunicado o estudo ao paciente bem como

ao familiar presente, sendo então solicitada a autorização por meio da assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO C). Durante a coleta de

dados, o investigador pôde observar pela interação e/ou pelas anotações no

prontuário, se o paciente estava consciente e orientado para assiná-lo. Caso

negativo, a autorização foi concedida pelo familiar ou responsável legal presente.

Os profissionais que responderam ao questionário também foram

comunicados sobre a finalidade da pesquisa, o método, o caráter sigiloso dos dados

obtidos e a publicação dos mesmos, sendo então solicitada a autorização por meio

da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO C). Após o

total esclarecimento, aceitação e assinatura do referido termo, iniciou-se a coleta de

dados.

Os resultados dessa pesquisa serão apresentados à UFPI, por meio de

apresentação oral e escrita, e ao hospital mediante cópia do relatório final, além das

publicações científicas.

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33

4 RESULTADOS

A apresentação dos resultados está subdividida em três seções. A primeira

seção, referente ao perfil da amostra, também dividida em duas subseções, uma

contém o perfil dos pacientes internados nas UTIs, quanto aos aspectos sócio-

econômicos e clínicos, e a outra referente ao perfil dos profissionais de enfermagem

que prestam assistência nessas unidades. Na segunda seção consta a carga de

trabalho de enfermagem obtida pela aplicação do NAS e a associação entre esta

carga de trabalho com as variáveis: tempo de internação, desfecho clínico e idade

dos pacientes. A terceira traz aspectos relacionados à saúde dos profissionais de

enfermagem atuantes nas UTI e a associação entre os problemas de saúde

relacionados ao trabalho com as variáveis: idade, tempo de trabalho e turno de

trabalho em UTI.

Participaram da amostra 64 profissionais de enfermagem e 109 pacientes

internados nas UTIs durante a coleta de dados, sendo obtidas 1021 medidas do

escore NAS. Ressalta-se que o número de observações do NAS não corresponde

ao número total de pacientes, já que um mesmo paciente pode ter sido avaliado

mais de uma vez, de acordo com o tempo de internação nas referidas unidades.

4.1 Perfil da amostra

4.1.1 Aspectos socio-econômicos e clínicos dos pacientes internados nas UTIs

Tabela 1 – Caracterização dos pacientes internados nas UTI quanto aos aspectos sócio-econômicos e clínicos. Teresina, 2012. (n=109)

CARACTERÍSTICAS Média ± EPM f %

Sexo

Masculino 50 45,9 Feminino 59 54,1 Idade (anos) 50,8 (1,8) 18 a 37 34 31,2

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34

Tabela 1 (Continuação) – Caracterização dos pacientes internados nas UTI quanto aos aspectos sócio-econômicos e clínicos. Teresina, 2012.

CARACTERÍSTICAS Média ± EPM f %

38 a 57 58 a 77 78 a 96 Tempo de internação (dias) 9,8 (0,7)

30 36 09

27,5 33,0 08,3

2 a 8 62 56,9 9 a 15 16 a 22 >23dias

28 13 06

25,7 11,9 5,5

Procedência* CC UI Outros Tipo de internação

Clínica Cirúrgica eletiva Cirúrgica urgência Motivo de internação Pós-operatório Distúrbios respiratórios Distúrbios neurológicos Distúrbios cardiovasculares Politraumas Desfecho clínico

Sobrevivente Não sobrevivente *UI=Unidade de Internação; CC= Centro Cirúrgico

EPM = Erro Padrão da média

42 40 27 53 42 14 43 20 20 16 10 79 30

38,5 36,7 24,8

48,6 38,5 12,9

39,4 18,3 18,3 14,7 9,1

72,5 27,5

Conforme a Tabela 1, a amostra foi de 109 pacientes, sendo 59 (54,1%) do

sexo feminino e 50 (45,9%) do sexo masculino, com faixa etária predominante de 58

a 77 anos (33,0%), seguida 18 a 37 anos (31,2%). A média de idade foi de 50,8

anos (DP±19,1; EPM=1,8; MEDIANA=52).

No que concerne aos aspectos clínicos, o tempo de internação variou de 02 a

mais de 23 dias, com média de 9,8 dias (DP±7,3; EPM=0,7; MEDIANA=7), sendo

que 62 pacientes (56,9%) ficaram internados de 2 a 8 dias, seguidos de 28

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pacientes (25,7%) que permaneceram de 9 a 15 dias. Com relação à procedência,

42 (38,5%) pacientes foram provenientes do CC e 40 pacientes (36,7%) de UTIs.

O tipo de internação foi predominantemente cirúrgica, somando as eletivas

(38,5%) com as de urgência (12,8%), obteve-se um total (51,3%), sendo (38,5%)

motivadas por pós-operatório imediato, que foi o principal motivo de internação. Nas

internações do tipo clínica (48,6%), verificou-se como principais motivos: pós-

operatório (39,4%), distúrbios respiratórios (18,3%) e neurológicos (18,3%).

Com relação ao desfecho clínico 79 (72,5%) pacientes sobreviveram e 30

(27,5%) não sobreviveram.

4.1.2 Aspectos sócio-econômicos dos profissionais de enfermagem atuantes

nas UTIs

Tabela 2 - Caracterização dos profissionais de enfermagem atuantes nas UTIs, quanto ao sexo e faixa etária. Teresina, 2012 (n=64).

n %

Sexo Feminino 57 89,1 Masculino 07 10,9

Faixa etária 24 a 33

08 12,5

(anos) 34 a 43 17 26,6 44 a 53 34 53,1 54 a 63 05 07,8

A amostra foi constituída por 64 profissionais de enfermagem,

majoritariamente do sexo feminino (89,1%), com idade entre 24 e 63 anos, média de

44 anos, estando a maioria (53,1%) na faixa etária de 44 a 53 anos (Tabela 2).

Dos 64 profissionais atuantes nas UTIs, 48 eram técnicos de enfermagem

(75,0%), 12 eram enfermeiros (18,8%) e apenas quatro eram auxiliares de

enfermagem (6,2%).

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Tabela 3 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo atuação profissional. Teresina, 2012 (n=64).

n %

Tempo de trabalho em UTI (anos) 01 a 10 23 35,9 11 a 20 23 35,9 21 a 31 18 28,2

Tempo de trabalho nas UTI do 01 a 10 26 40,6 estudo (anos) 11 a 24 38 59,4

Turno de trabalho nas UTI do Diurno 32 50,0 estudo Noturno 32 50,0

Número de vínculos empregatícios 1 24 37,5 2 37 57,8 3 03 4,7

Carga horária semanal nas UTIs ≤ 36 53 82,8 do estudo (horas) > 36 11 17,2 Carga horária semanal em todos os vínculos empregatícios (horas) ≤ 36 15 23,4 > 36 49 75,6

O tempo de trabalho em UTI variou de um a 31 anos e nas UTIs do estudo de

um a 24 anos. A partir da Tabela 3, pode-se inferir que 35,9% dos profissionais

trabalham em UTI na faixa de um a 10 anos e outra mesma parcela na faixa de 11 a

20 anos (média de 15 anos), com 59,4% trabalhando nas UTIs do estudo na faixa de

11 a 24 anos. Metade dos profissionais trabalha no turno da noite e a outra metade

durante o dia, possuindo a maioria (57,8%), dois vínculos empregatícios.

A carga horária semanal de trabalho predominante foi de 36 horas ou menos,

abrangendo 82,8% dos profissionais. Quando somados todos os empregos,

predominou uma carga acima de 36 horas (75,6%), no entanto somadas as outras

cargas horárias de trabalho semanal, percebe-se que a maioria dos profissionais

(56,3%) trabalha mais de 46 horas semanais, somando todos os vínculos

empregatícios, com a média de 51 horas.

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4.2 Carga de trabalho de enfermagem de acordo com o NAS

Tabela 4 - Frequências de aplicação de medidas do NAS segundo seus indicadores. Teresina, 2012 (n = 109).

Indicadores do NAS Medidas do NAS %

1. Monitorização e controles a. subitem 1a b. subitem 1b c. subitem 1c

1021 442 482 97

100,0 43,3 47,2

9,5 2. Investigações laboratoriais 1021 100,0 3. Medicação, exceto drogas vasoativas 1021 100,0 4. Procedimentos de higiene a. subitem 4a b. subitem 4b c. subitem 4c

1021 629 392

-

100,0 61,6 38,4 -

5. Cuidados com todos os drenos, exceto sonda gástrica 932 91,3 6. Mobilização e posicionamento a. subitem 6a b. subitem 6b c. subitem 6c

1021 427 593 01

100,0 41,8 58,1

0,1 7. Suporte e cuidados aos familiares e parentes a. subitem 7a b. subitem 7b

1021 991 30

100,0 97,1

2,9 8. Tarefas administrativas e gerenciais a. subitem 8a b. subitem 8b c. subitem 8c

1021 808 186 27

100,0 79,1 18,2

2,7 9. Suporte respiratório 834 81,7 10. Cuidados com vias aéreas artificiais 634 62,1 11. Tratamento para melhora da função pulmonar 875 85,7 12. Medicação vasoativa, independente do tipo e dose 454 44,5 13. Reposição intravenosa de grandes perdas de fluidos 150 14,7 14. Monitorização do átrio esquerdo - - 15. Reanimação cardiorrespiratória 23 2,3 16. Técnica de hemofiltração, técnicas dialíticas 24 2,4 17. Medida quantitativa do débito urinário 984 96,4 18. Medida da pressão intracraniana 3 0.3 19. Tratamento da acidose/alcalose metabólica 36 3,5 20. Nutrição parenteral total 25 2,5 21. Alimentação enteral por sonda ou outra via gastrointestinal 774

75,8

22. Intervenção(ões) específica(s) na UTI 55 5,4 23. Intervenções específicas fora da UTI 69 6,8

Foram realizadas 1021 aplicações do NAS. Os itens 1, 2, 3, 4, 6, 7, e 8 foram

pontuados em 100% da amostra. Seguido dos itens 5, 9, 11 e 17 que pontuaram

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91,3%, 81, 7%, 85,7%, 96,4%, respectivamente. E os itens que menos pontuaram

foram 15 (2,3%), 16 (2,4), 18 (0,3%) e 20 (2,5%). Ressalta-se que o item 14 e o

subitem 4c não foram pontuados.

Gráfico 1- Média da carga de trabalho segundo o NAS. Teresina, 2012 (n=109).

Percebe-se que 3,7% dos pacientes necessitaram de até 50% da assistência

direta dos profissionais de enfermagem, 72,5% dos pacientes necessitaram entre 50

e 80%, 20,1% de 80 a 100 % e 3,7% necessitaram de mais de 100%, obtendo uma

média geral do NAS de 69% (DP±15,6; EPM= 1,5; MEDIANA=65,7), com mínimo de

45,4% e máximo de 112,9%, na assistência direta dos profissionais de enfermagem

(Gráfico 1). Como cada ponto do NAS corresponde à 0,24h, calcula-se uma média

de 16,6 horas o total de horas necessárias para a assistência direta ou indireta de

enfermagem a determinado paciente nas unidades pesquisadas.

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Tabela 5 – Associação entre o NAS e idade, tempo de internação e desfecho clínico. Teresina, 2012.

NAS

≤ 55 56 - 65 66-79 80-113 TOTAL

Faixa etária (anos)

n % n % n % n % n % p

18 - 29 02 9,5 06 28,6 05 23,8 08 38,1 21 100

30 - 45 07 31,8 06 27,3 04 18,2 05 22,7 22 100 0,444*

46– 59 06 22,2 09 33,3 05 18,5 07 25,9 27 100

60 - 96 12 30,8 07 17,9 13 33,3 07 17,9 39 100

Tempo de internação (dias)

2-6 15 31,9 10 21,3 10 21,3 12 25,5 47 100

7-12 09 27,3 10 30,3 10 30,3 04 12,1 33 100 0,175*

13-44 03 10,3 08 27,6 07 24,1 11 37,9 29 100

Desfecho clínico

Sobrevivente 26 33,3 24 30,8 19 24,4 09 11,5 78 100

Não sobrevivente 01 3,2 04 12,9 08 25,8 18 58,1 31 100 0,001*

Total 27 24,8 28 25,7 27 24,8 27 24,8 109 100

*Teste Qui-quadrado

Com relação à correlação estatística do NAS, observa-se que pelo teste de

2, não houve correlação estatística entre a demanda de trabalho (NAS) e a idade

dos pacientes e o tempo de permanência nas UTIs do estudo. Já com relação ao

desfecho clínico, verificou-se que os pacientes que foram a óbito demandaram maior

carga de trabalho (NAS) do que os que sobreviveram, ocorrendo evidência

estatística entre essas duas variáveis.

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4.3 Trabalhadores de enfermagem: condições de saúde, riscos e agravos

ocupacionais, acidentes de trabalho e uso de EPI

Tabela 6 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo condições de saúde relacionadas ao trabalho. Teresina, 2012 (n=64).

n %

Considera-se um trabalhador Sim 43 67,2 saudável Não 21 32,8

Estado de saúde atual Muito bom 10 15,6 Bom 31 48,4 Regular 20 31,3 Não responderam 03 4,7

Problemas de saúde Sim 57 89,1 relacionados ao trabalho Não 04 6,2 Não responderam 03 4,7

Afastou-se do trabalho devido Sim 15 23,4 problemas de saúde Não 46 71,9 Não responderam 03 4,7

O trabalho na UTI pode prejudicar a Sim 45 70,3 sua saúde Não 16 25,0

Não responderam 03 4,7

Dos 64 trabalhadores de enfermagem, 43 (67,2%) se consideram saudáveis e

a maioria afirma ter estado de saúde bom (48,4%) ou regular (31,3%). Quando

questionados sobre a presença de problemas de saúde relacionados ao trabalho, 57

(89,1%) afirmam apresentar algum problema desta natureza e quando questionados

sobre a necessidade de se afastar do trabalho devido a algum desses problemas, 15

(23,4%) profissionais confirmam tê-la. A maioria (70,3%) respondeu que considera

que o trabalho nas UTI do estudo pode ser prejudicial à sua saúde.

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Gráfico 2 – Distribuição dos profissionais de enfermagem de acordo com os riscos à saúde por eles relatados. Teresina, 2012 (n=64).

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%

Riscos ergonômicos

Riscos biológicos

Riscos de acidente

Riscos físicos

% de profissionais deenfermagem

Dos fatores de risco relacionados à atividade laboral nas UTI do estudo

referenciados como prejudiciais à saúde pelos profissionais de enfermagem,

segundo o Gráfico 2, os riscos mais relatados foram os ergonômicos (43,8%),

seguido dos riscos biológicos (38,6%). Os riscos menos relatados foram os de

acidentes (12,3%) e físicos (5,3%). Ressalta-se que não foram relatados os riscos

químicos.

Gráfico 3 – Distribuição dos agravos relacionados ao trabalho dos profissionais de enfermagem das UTI por eles relatados. Teresina, 2012 (n=64).

Dos agravos à saúde que acometiam os profissionais de enfermagem

atuantes nas UTIs do estudo (Gráfico 3), os mais frequentes foram o estresse

38,6%

12,3%

5,3%

43,8%

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(53,1%) e a cefaleia (50,0%), seguidos de lombalgia (39,1%), fadiga (29,7%), insônia

(28,1%), mudança de humor (26,6%), acidente com perfuro-cortante (26,6%), falta

de ânimo (25,0%), alergias respiratórias (25,0%), distúrbios gastrintestinais (23,4%),

ansiedade (20,3%), taquicardia (15,6%) e mialgia (15,6%), além de distúrbios visuais

(12,5%), artralgia (10,9%), dermatites (9,4%) e falta de apetite (7,8%).

Tabela 7 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo ocorrência de acidentes no trabalho. Teresina, 2012.

n %

Acidente de trabalho Sim 18 28,1 (n=64) Não 44 68,8 Não responderam 02 3,1 Tipos de acidente (n=18) Pérfuro cortante 15 23,4 Trauma 02 3,1 Contato com secreção mucosa 01 1,6 Notificação (n=18) Sim 12 18,8 Não 05 7,8 Não responderam 01 1,5

A maioria (68,8%) não sofreu acidentes de trabalho nas unidades

pesquisadas (Tabela 7). Quanto às circunstâncias da ocorrência do acidente 23,4 %,

disse que envolveu pérfuro cortantes, 3,1% trauma e 1,6% contato com secreção

mucosa. Com relação à notificação, a maioria (18,8%) notificou sua ocorrência.

Tabela 8 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo o uso de EPIs. Teresina - PI, 2012 (n=64).

n %

Uso de EPIs Sim 60 93,8 Não 02 3,1 Não responderam 02 3,1 EPIs Máscara 55 85,9 Luvas 44 68,8 Avental 43 67,2 Gorro 43 67,2 Propés 33 51,6 Óculos 27 42,2

Segundo a Tabela 8, a grande maioria dos profissionais de enfermagem

(93,8%) afirmaram usar EPIs quando necessário. Destes, os mais citados foram

máscara (85,9%), luvas (68,8%), seguidos de avental e gorro ambos com 67,2%. Os

EPIs menos relatados foram propés (51,6%) e óculos (42,2%).

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Tabela 9 – Distribuição dos profissionais de enfermagem segundo percepção de valorização no trabalho. Teresina - PI, 2012.

n %

Seu trabalho é valorizado? (n=64)

Sim 23 35,9

Não 39 61,0 Não responderam 02 3,1 Justificativa* Sim (n=21) Gosta do que faz 18 85,7 Reconhecimento social 03 14,3 Não (n=58) Baixa remuneração 28 48,3 Sobrecarga de trabalho 12 20,7 Falta de reconhecimento social 09 15,5 Excesso de cobrança 05 8,6

Impossibilidade de ascensão 04 6,9 *O profissional poderia responder mais de um item

A Tabela 9 mostra que 61% dos profissionais não se sentem valorizados pelo

trabalho que realizam nas UTIs do estudo e apenas 35,9% têm resposta afirmativa.

Quanto à valorização do trabalho, 85,7% justificam essa valorização no fato de

gostarem do trabalho que desempenham. Já com relação aos profissionais que não

se sentem valorizados, 48,2% justificam pela baixa remuneração, 20,7%, pela

sobrecarga de trabalho e 15,5%, pela falta de reconhecimento social.

Tabela 10 – Associação entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho e idade, tempo de trabalho e turno de trabalho em UTI. Teresina, 2012.

Problemas de saúde

Sim Não Total

n % n % n % p

Faixa etária (anos)

24 - 29 17 100 - - 17 100

30 – 39 26 96,3 1 3,7 27 100 0,039*

40– 63 14 82,4 3 17,6 17 100

Tempo de trabalho (anos)

1-10 23 100 - - 23 100

11-20 19 90,5 2 9,5 21 100 0,127*

21-31 15 88,2 2 11,8 17 100

Turno de trabalho

Diurno 30 93,5 2 6,3 32 100

Noturno 27 93,1 2 6,9 29 100 0,919*

Total 57 93,4 4 6,6 61 100

*Teste Qui-quadrado

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Verificou-se associação estatística, apenas com a idade, indicando que

quanto maior a idade do profissional, maiores as chances de desenvolver problemas

de saúde relacionados ao trabalho. Os fatores tempo de trabalho e turno de trabalho

não interferiram diretamente nos problemas relacionados à saúde, não havendo

correlação estatística entre os mesmos.

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45

5 DISCUSSÃO

Para facilitar a compreensão do leitor, a discussão foi subdividida a exemplo

da apresentação dos resultados anteriormente descritos.

5.1 Perfil da amostra

5.1.1 Aspectos socio-econômicos e clínicos dos pacientes internados nas

UTIs

Quanto aos dados demográficos dos pacientes internados nas UTIs deste

estudo, observou-se predomínio do sexo feminino (54,1%), diferente do que se

observa com a maioria dos estudos realizados em UTI, nos quais há predomínio do

sexo masculino, com resultados que variam entre 55,8% a 66,7% (BALSANELLI;

ZANEI; WHITAKER, 2006; DUCCI; PADILHA, 2008; PANUTO; GUIRARDELLO,

2009; CONISHI; GAIDZINSKI, 2007).

No entanto, observa-se em algumas outras pesquisas nacionais uma

distribuição bastante próxima do feminino, como nos estudos de Leite, Silva e

Padilha (2012), realizado com amostra de 66 pacientes de uma UTI adulto, no qual

houve igual distribuição entre os sexos masculino e feminino, ambos com 50%; e em

Gonçalves et al. (2006), em uma UTI do Hospital Universitário do município de São

Paulo, houve igual distribuição entre os sexos, ambos com 50%; e Salgado et al

(2012) em duas UTIs adulto, durante 3 meses, observaram na UTI cirúrgica que 64%

dos pacientes eram do sexo feminino, enquanto que na UTI clínica, 54% eram do

sexo masculino. O sexo dos pacientes em unidades intensivas varia muito de acordo

com a epidemiologia do local onde as instituições de saúde se encontram, bem

como os tipos de terapias oferecidas.

Com relação à faixa etária, houve predominância de 58 a 77 anos (33%),

com prevalência de maiores de 60 anos, seguida de 18 a 37 anos (31,2%). A

primeira faixa etária é semelhante à maioria dos estudos nacionais que mostram

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maior proporção de idosos em terapia intensiva (DUCCI; PADILHA, 2008; PANUTO;

GUIRARDELLO, 2009; SOUSA et al., 2009; PADILHA et al., 2010). Esses achados

estão em consonância com dados do Ministério da Saúde que revelam um aumento

do envelhecimento da população brasileira, com consequente crescimento de

afecções crônico-degenerativas, o que reflete necessidades frequentes de

intervenções terapêuticas intensivas.

As possíveis justificativas para alta prevalência de adultos jovens entre 18 e

37 anos estariam relacionadas ao elevado número de internações de pacientes em

pós-operatório imediato decorrentes, em maioria, de politraumas, no que concerne

principalmente o envolvimento dos mesmos em acidentes automobilísticos, bem

como a elevação da incidência das doenças crônicas progressivas, das doenças

cardiovasculares e Acidente Vascular Encefálico (AVE), nessa faixa de idade.

O tempo médio de internação foi de 10 dias, sendo que 56,9% dos pacientes

permaneceram internados de 2 a 8 dias. Essa média de permanência encontra-se

um pouco acima do achado de outros estudos, como no de Panuto e Guiardello

(2009), realizado em uma UTI adulto de um hospital de ensino do interior do Estado

de São Paulo durante dois meses, no qual a média de internação dos 107 pacientes

pesquisados foi de 6,5 dias. Assim como resultado semelhante foi encontrado pelo

Censo Brasileiro de UTIs, realizado pela Associação de Medicina Intensiva

Brasileira (AMIB), no qual o tempo médio de permanência variou de um a seis dias

(AMIB, 2002/03). Em contrapartida, resultado semelhante foi encontrado por Ducci

e Padilha (2008), ao pesquisarem em uma UTI geral de adultos no município de

São Paulo, no período de três meses, na qual se verificou alta média de

permanência (12,7 dias). Infere-se, portanto, elevada necessidade de cuidados

requerida nas UTIs deste estudo, refletida pela pouca rotatividade observada.

No que concerne à procedência, verificou-se que 38,5% eram provenientes

do Centro Cirúrgico, seguidos de 36,7%, que advieram de outras Unidades de

Internação. Os resultados de um estudo realizado em uma instituição privada, por

Padilha et al (2010), corroboram com tal achado já que dos 68 pacientes 33,8%

foram admitidos procedentes do centro cirúrgico, seguidos de 27,9% de Unidade de

Cuidados Intermediários. Assim como nos estudos de Queijo (2008), em três UTI‟s

um Hospital Geral privado, na cidade de São Paulo, nas quais 63,0% da amostra

foram provenientes do CC e 24,3% do pronto socorro (PS); e em Gonçalves e

Padilha (2007), realizado em cinco UTI‟s de dois hospitais privados, também na

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cidade de São Paulo, onde observaram que 46,3% eram vindos do CC e 32,2% de

unidades de internação e semi-intensiva.

Convém destacar, no entanto, que esses resultados diferem da maioria de

estudos nacionais, nos quais prevalecem a procedência de Pronto Socorro nas

admissões em UTIs, com variações de 35,6 a 73,6% (DUCCI; PADILHA, 2008;

SOUSA et al., 2009; GONÇALVES et al., 2006; NOGUEIRA et al., 2007), porque o

referido hospital de estudo não possui atendimento em pronto socorro, nem

unidades de internação intermediárias e semi-intensivas.

Quanto ao tipo de internação predominou a cirúrgica (51,3%), com a maioria

eletiva (38,5%) seguida das de urgência (12,8%). Esses dados divergem de estudos

nacionais, como no estudo de Conishi e Gaidzinski (2007), no qual o tipo de

internação predominante foi o clínico, com 60,6%, seguido do cirúrgico, com 39,4%

e, destes, 21,2% pós-operatórios de cirurgias eletivas e 18,2% pós-operatórios de

cirurgia de emergência. Com relação às internações do tipo clínica (48,6%), os

principais motivos foram relacionados a: pós-operatório (39,4%), distúrbios

respiratórios (18,3%) e neurológicos (18,3%). Resultado semelhante observaram

Ducci e Padilha (2008) na sua pesquisa, no qual as internações clínicas

prevaleceram (76%), com principais motivos de internação na UTI decorrentes de

problemas dos sistemas nervoso e respiratório (30,8% e 29,8%, respectivamente).

Os motivos das internações encontrados neste estudo estão diretamente

relacionados à faixa etária da população estudada, já que pós-operatório imediato

foi a causa da maioria das internações de pacientes entre 18 e 37 anos,

decorrentes de politraumas em virtude de acidentes automobilísticos (em sua

maioria), conforme destacado anteriormente, bem como são comuns em idosos

afecções que acometem o sistema nervoso e respiratório, devido ao aparecimento

de doenças crônico-degenerativas associadas com o processo de envelhecimento.

Com isso, observa-se que há necessidade de cuidados mais refinados e precisos

por parte da enfermagem, demandando um tempo de cuidado maior, já que em sua

maioria tratava-se de pacientes dependentes parcial ou totalmente.

A mortalidade de 27,5% é compatível com outros estudos nacionais e

internacionais que variam de 13,2% a 38% (PADILA et al., 2010; SILVA; SOUSA;

PADILHA, 2011; NOGUEIRA et al., 2007; SOUSA et al., 2009; GONÇALVES et al.,

2006). Dados similares foram encontrados também em Teresina-PI (SANTOS,

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2012), com 97 pacientes de duas UTIs em um hospital público de urgência, dos

quais 33,9% dos pacientes evoluíram a óbito.

5.1.2 Aspectos sócio-econômicos dos profissionais de enfermagem atuantes

nas UTIs

Houve, na amostra de profissionais de enfermagem, predomínio do sexo

feminino (89,1%), correspondente ao perfil esperado de enfermeiros no Brasil,

devido tanto ao desenvolvimento histórico da profissão, no qual desde os primórdios

com Florence Nigthingale a enfermagem era exercida majoritariamente por

mulheres, como também relacionado ao fato de que culturalmente ao nosso país

cabe, principalmente às mulheres, o encargo de cuidar dos doentes, o que perdura

até os dias de hoje.

A média de idade foi de 44 anos, com faixa etária predominante de 44 a 53

anos (53,1%). Quanto ao tempo de trabalho nas UTIs do estudo, 59,4% trabalham

na faixa de 11 a 24 anos, possuindo a maioria (57,8%), dois vínculos empregatícios,

e, somando todos os vínculos, 75,6% trabalhavam mais de 36 horas (média de 51

horas).

Resultados similares foram encontrados por Oliveira, Siqueira e Alves (2011),

com 31 funcionários de enfermagem alocados em uma UTI Neonatal do município

de Cuiabá, em sua maioria profissional do sexo feminino (90,3%), com mais de 36

anos de idade (35,4%) e com outro vínculo empregatício (45,2%). No estudo de

Guido et al. (2011) desenvolvido em um hospital universitário do sul do Brasil, com

143 enfermeiros, a maioria composta por mulheres (91,6%), com idade

predominante entre 41 a 50 anos (46,8%) e 52,4% dos enfermeiros situados na

faixa de um a 10 anos de tempo de serviço no referido hospital. A maioria (46,1%)

possuía uma carga horária semanal de 36 horas.

Nesse contexto, adicionado às condições do ambiente hospitalar, como

polivalência de atividades, fragmentação, sobrecarga e acelerado ritmo de trabalho,

é necessário também que as questões acerca do ser mulher e trabalhar na

enfermagem sejam consideradas, sobretudo porque a sobrecarga imposta não

advém somente do ambiente hospitalar, mas também das atividades domésticas

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49

que as mulheres desenvolvem (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007). Portanto, incube às

mulheres desenvolver múltiplas atividades, pois ao término da jornada de trabalho,

quando se dirigem às suas casas, elas possuem responsabilidades com os filhos,

com o marido, com tarefas domésticas, entre outras atividades de seu cotidiano.

Assim, deve-se enfatizar a necessidade de atenção especial à qualidade de vida e

aos riscos de estresse e outras doenças ocupacionais a que estão sujeitas essas

trabalhadoras, para evitar queda na qualidade do cuidado prestado, bem como a

ocorrência de erros e eventos adversos.

Quanto à composição da equipe, dos 64 profissionais de enfermagem

atuantes nas UTIs do estudo, 12 eram enfermeiros (18,8%), 48 eram técnicos de

enfermagem (75,0%) e quatro eram auxiliares de enfermagem (6,2%). Observa-se,

portanto, um déficit quantitativo, sobretudo, de profissionais enfermeiros, quando

observamos os parâmetros do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por

meio da resolução nº293/2004, artigo 5º, quanto às proporções de profissionais de

enfermagem para assistência intensiva. Esta deve possuir 52 a 56% de enfermeiros

e os demais devem ser técnicos de enfermagem.

Destaca-se também que a presença, mesmo que em número reduzido, de

auxiliares de enfermagem, é contrária ao preconizado pela resolução citada acima,

visto que a mesma se refere apenas à presença de técnicos de enfermagem e

enfermeiros em ambiente de terapia intensiva. Nesse caso, é necessária a

qualificação desses auxiliares para técnicos ou a substituição dos mesmos por

outros profissionais já qualificados como técnicos de enfermagem. Essa condição se

faz necessária devido ao alto grau de complexidade que envolve o cuidado ao

paciente crítico rotineiramente nas UTIs, exigindo profissionais em quantitativo

adequado e qualificados para atuar nesse setor.

Resultados similares foram encontrados no estudo de Fugulin et al. (2012),

realizado em seis hospitais, públicos e privados, localizados em São Paulo, no qual

observaram, em todas as UTIs estudadas, uma proporção de enfermeiros inferior

àquela estabelecida pela Resolução COFEN nº 293/04, e consequentemente um

percentual de técnicos/auxiliares de enfermagem que excedeu a proporção indicada.

Infere-se, portanto, que a proporção correta de profissionais de enfermagem

em UTIs ainda está distante do que é preconizado pela referida Resolução.

Conforme verificado também na pesquisa de Perroca, Jericó e Calil (2011), na qual

de 519 profissionais de enfermagem, atuando em 17 UTIs de seis instituições

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hospitalares de uma cidade do noroeste paulista, foram encontrados os seguintes

percentuais: 68 (13,1%) eram enfermeiros, 58 (11,2%) eram técnicos e 393 (75,7%)

eram auxiliares de enfermagem.

Sobretudo em unidades críticas, um quadro de profissionais de enfermagem

com quantitativo reduzido, fora dos padrões preconizados, gera sobrecarga das

atividades, insatisfação no trabalho e aumento de desgaste físico e mental,

inviabilizando a prestação de uma assistência com qualidade, o que resulta, por

vezes, em riscos à saúde do paciente. Além disso, pode comprometer legalmente a

instituição de saúde, pelas falhas ocorridas na prestação do cuidado (SALOMÉ;

ESPÓSITO; SILVA, 2008). Nesse sentido, possivelmente por razões de ordem

econômica, no sentido de conter gastos, as instituições optam por contratar pessoal

menos qualificado. Essa postura, principalmente em terapia intensiva, contribui

diretamente para aumento nos índices de mortalidade, maior incidência de agravos à

saúde dos trabalhadores, bem como retorno negativo para instituições com esse

perfil, já que deverão ser responsabilizadas por erros e eventos adversos ocorridos.

De acordo com a Resolução RDC nº 26 de 11 de maio de 2012, que altera a

Resolução RDC nº7 de 24 de fevereiro de 2010, a qual dispõe sobre os requisitos

mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras

providências, a composição mínima da equipe de enfermagem em unidades críticas

deve ser de: no mínimo um enfermeiro assistencial para cada dez leitos ou fração,

em cada turno e no mínimo um técnico de enfermagem para cada dois leitos em

cada turno. Anteriormente, era no mínimo um enfermeiro para cada oito

leitos/fração, além de destinar também um técnico de enfermagem por UTI para

serviços de apoio assistencial em cada turno.

As UTIs deste estudo possuíam um enfermeiro responsável pela coordenação

das unidades e o quanto ao quadro funcional, tanto diurno como noturno, era

composto por um enfermeiro e seis a sete técnicos ou auxiliares de enfermagem

para oito leitos de internação. Logo, foi verificada a proporção de um enfermeiro

assistencial para cada oito pacientes e um técnico ou auxiliar de enfermagem para

cada 1,33 pacientes, estando dentro dos padrões recomendados pela RDC do ano

corrente.

No entanto, é relevante destacar que o aumento do número de leitos por

enfermeiro pode contribuir diretamente para a queda na qualidade e na segurança

da assistência prestada nas UTIs em geral, já que em um turno de 6 horas, por

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exemplo, é praticamente inviável que apenas um enfermeiro preste cuidados com

excelência a um número tão alto de pacientes gravemente enfermos, que requerem

atenção contínua. Sabe-se que nessas unidades críticas, cabe privativamente ao

enfermeiro a execução de determinados cuidados que exigem maior conhecimento e

qualificação, no entanto, se o número máximo de dez pacientes, conforme

preconizado, exigirem o máximo nível de atenção e cuidados de um enfermeiro, este

sozinho não conseguirá cuidar de todos com a mesma dedicação e eficiência.

Quanto à ausência de um técnico de enfermagem para apoio assistencial,

implicará sobrecarga de trabalho para algum membro da equipe técnica presente em

cada plantão, já que este, além de prestar os cuidados a dois pacientes, deverá

também se responsabilizar por esse apoio. Logo, essas duas alterações devem ser

repensadas por parte das autoridades competentes, já que quanto maior a carga de

trabalho, maior a possibilidade de ocorrência de eventos adversos, maior o índice de

absenteísmo, com consequências diretas na qualidade do cuidado prestado nessas

unidades.

5.2 Carga de trabalho de enfermagem segundo NAS

Quanto aos indicadores do NAS, em 100% dos pacientes avaliados, foram

realizadas, diariamente, as seguintes intervenções terapêuticas, sendo de 1021

vezes a frequência de aplicações do NAS nestes itens: 1- monitorização e controles,

2- investigações laboratoriais (com os subitens 1ª (43,3%), 1b (47,2%) e 1c (9,5%)

sendo pontuados), 3- medicação, exceto drogas vasoativas, 4- procedimentos de

higiene (com os subitens 4a (61,6%) e 4b (38,4%) pontuados), 6- mobilização e

posicionamento, 7- suporte e cuidados aos familiares e parentes (com os subitens

7a (97,1%) e 7b (2,9%) pontuados) e 8- tarefas administrativas e gerenciais (com os

subitens 8a (79,1%), 8b (18,2%) e 8c (2,7%) pontuados).

Infere-se que todas essas atividades são condizentes com práticas rotineiras

da equipe de enfermagem em terapia intensiva, já que envolvem cuidados a

pacientes críticos nos quais a monitorização constante, o acompanhamento do

quadro clínico com exames frequentes, bem como higienização e mobilização no

leito são de fundamental importância para melhora do quadro clínico dos mesmos.

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Vale destacar, neste contexto, a importância também do suporte aos familiares e

parentes para garantir uma assistência humanizada com o acolhimento ao paciente

e ao familiar, que se encontram ansiosos por notícias e orientações, assim como

cabe ao enfermeiro a realização de tarefas de rotina, aplicação de protocolos,

procedimentos de admissão e alta, entre outros. Outrossim, percebeu-se nas UTIs

estudadas frequência satisfatória dessas atividades.

As atividades que apareceram com frequência superior a 60% foram: 5-

cuidados com todos os drenos, exceto sonda gástrica (91,3%), 9- suporte

respiratório (81,7%), 10- cuidados com vias aéreas artificiais (62,1%), 11- tratamento

da melhora da função pulmonar (85,7%), 17- medida quantitativa do débito urinário

(96,4%) e 21- Alimentação enteral por sonda gástrica ou outras vias gastrintestinais

(75,8%).

Realidades semelhantes foram encontradas no estudo de Feitosa, Leite e

Silva (2012) em um Hospital Público de Teresina, após 328 medidas do NAS, com

média do escore total de 67,3%, os itens mais pontuados foram referentes às

categorias “Atividades básicas”, “Tarefas administrativas e gerenciais” e “Suporte

respiratório”; em Gonçalves e Padilha (2007), no qual os itens 2 e 3 foram pontuados

em 100% da amostra e com frequências menores, porém elevadas, foram

verificadas as intervenções: 1c, 4a, 5, 7a, 8a, 9, 11 e 17; e na pesquisa de Panuto e

Guirardello (2009), onde nos itens com maior frequência foram 2, 3, 4, 6b, 7a, 8a, 9

e 17.

Neste estudo, os itens aplicados com menores frequências: 15- reanimação

cardiorrespiratória (2,3%), 16- técnica de hemofiltração, técnicas dialíticas (2,4%),

18- medida da pressão intracraniana (0,3%), 19- Tratamento da acidose/alcalose

metabólica (3,5%) e 20- nutrição parenteral total (2,5%). As seguintes intervenções

não foram pontuadas: o subitem 4c-procedimento de higiene que dure mais de 4

horas em algum plantão e o item 14- monitorização do átrio esquerdo.

Verifica-se que, embora sejam procedimentos passíveis de ocorrer na

assistência aos pacientes de alta dependência de enfermagem, foram aplicados com

baixa frequência ou não se aplicaram, devido às características clínicas peculiares

dos pacientes estudados, justificando a ocorrência de tais achados.

Corroborando com esses resultados, na pesquisa de Santos (2012), os itens

menos pontuados foram 4c, 7b, 8c, 13, 15, 16, 18, 19, 20 e 22. Não foi pontuado o

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item 14. Assim como no estudo de Panuto e Guirardello (2009), os itens com

frequências menores que 1% foram: 4c, 13, 15, 18 e 19.

No que se refere à média da demanda de trabalho de enfermagem, obteve-se

uma média geral do NAS de 69%, com mínimo de 45,4% e máximo de 112,9%, com

média de 16,6 horas necessárias para assistência direta ou indireta de enfermagem

nas unidades intensivas pesquisadas.

Esses achados encontram-se bem próximo ao que preconiza a resolução

COFEN nº293/2004, no que se refere ao número de horas de assistência de

enfermagem, por leito, nas 24 horas, que é 17,9 horas de Enfermagem, por

paciente, na assistência em terapia intensiva. Em concordância com esses dados,

Fugulin et al. (2012) desenvolveu uma pesquisa em seis hospitais da cidade de São

Paulo, com o objetivo de avaliar os parâmetros preconizados pela Resolução

COFEN nº293/2004, enquanto referência para dimensionar pessoal de enfermagem

em terapia intensiva. Ao final da referida pesquisa, constataram que os tempos

médios de assistência preconizados são adequados, constituindo-se em importante

referencial para dimensionamento do quantitativo mínimo de profissionais nas UTIs

de instituições hospitalares.

No entanto, os resultados desta pesquisa contrapõem-se à relação

preconizada, conforme descrito anteriormente, de no mínimo um técnico de

enfermagem para cada dois leitos em cada turno conforme Resolução RDC nº 26 de

11 de maio de 2012, mostrando ser insuficiente para os cuidados na realidade

estudada, devido ao resultado médio do NAS ter sido superior a 50%, predizendo

elevada demanda de trabalho de enfermagem. Logo, um profissional de saúde só é

capaz de cuidar de apenas um paciente durante sua jornada de trabalho, para se

garantir a qualidade da assistência e minimizar riscos tanto para o paciente, como

para o próprio trabalhador. Esse fato justifica-se, sobretudo, pela média aproximada

de 70% nesta pesquisa.

Baseado no exposto anteriormente, deduz-se que devem ser analisadas as

peculiaridades inerentes às UTIs de cada localidade em particular, indicando que a

utilização de instrumentos de dimensionamento de enfermagem, em especial o NAS,

de maneira prospectiva no dia-a-dia dessas unidades, permite adequar os cuidados

de enfermagem, de acordo com o grau de dependência de cada paciente, ao

quantitativo de profissionais presentes na equipe. Assim, se possível, aos pacientes

que demandarem mais de 50% de horas de cuidados de enfermagem será

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destinado apenas um técnico de enfermagem para cuidado integral dos mesmos,

enquanto que para aqueles com baixa necessidade de cuidados (inferior a 50%),

poder-se-á escalar um técnico de enfermagem para cada dois leitos, conforme

preconizado. No entanto, a distribuição de pessoal por paciente, com frequência,

não é feita de acordo com a necessidade de cuidado e sim com o quantitativo

numérico, o que pode acarretar desigualdades nessa distribuição e carga de

trabalho mais elevada para alguns profissionais.

Resultados compatíveis foram observados se comparado com outros estudos

nacionais realizados em terapia intensiva, cujas médias do NAS variaram de 51,5%

a 69,9% (NOGUEIRA et al., 2007; CONISHI; GAIDZINSKI, 2007; PADILHA et al.,

2008; GONÇALVES et al., 2006; GONÇALVES; PADILHA, 2007).

A média do NAS encontrada é elevada com relação a estudos internacionais,

como o realizado por Adell et al. (2005) em uma UTI de um Hospital Geral Espanhol,

onde concluíram que o instrumento NAS é adequado para mensurar o trabalho real

de enfermagem em UTI, obtendo-se uma média aproximada de 41%. Assim como

Adell et al. (2006), ao analisarem a carga de trabalho de uma UTI geral na mesma

instituição, com uma amostra de 350 pacientes, durante três meses, verificaram um

NAS médio de 40,8%.

Em estudo recente realizado por Panuto e Guirardello (2009), em uma UTI de

um hospital de ensino do interior do estado de São Paulo, após 574 observações

resultantes da avaliação de registros diários de 107 pacientes, observou-se uma

média da pontuação do NAS de 62,2%. Médias similares foram encontradas por

Santos (2012) em duas UTIs de um hospital público em Teresina, sendo uma geral e

outra neurotraumatológica, após aplicação do NAS 1382 vezes, encontrou uma

média do escore total do NAS de 59,9%, variando de 33,8% a 129%, e por Leite,

Silva e Padilha (2012), ao analisar a carga de trabalho de enfermagem em UTI de

um hospital de grande porte em Teresina, após 285 medidas do NAS, verificou uma

média do escore NAS de 68,1%, mínimo de 51,5% e máximo de 108,3%, sendo

76,8% no primeiro dia de internação e 80,7% no 13º dia.

Embora o NAS seja direcionado para dimensionar cuidados de enfermagem

de acordo com as necessidades dos pacientes no setor de terapia intensiva, já

existem estudos recentes que buscaram avaliar a aplicabilidade desta escala para

dimensionamento quantitativo e qualitativo de pessoal de enfermagem na

assistência em outros setores hospitalares.

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Nesse contexto, Panuto e Guirardello (2009) buscaram avaliar a carga de

trabalho de enfermagem em uma unidade clínica e cirúrgica, especializada em

gastroenterologia, observando 149 pacientes e com o total de 1080 observações,

encontraram uma média do NAS de 34,9%, obtendo-se uma média de 8,4 horas de

enfermagem na assistência nas 24h. Tendo em vista a resolução COFEN nº

293/2004, a pontuação obtida condiz com o perfil de cuidados intermediários e semi-

intensivos, sugerindo que o NAS pode ser utilizado na referida unidade. Bem como

Brito e Guirardello (2011), ao avaliar a demanda de enfermagem em uma unidade

de internação de um hospital de ensino, com amostra de 156 pacientes,

encontraram uma média do NAS de 47,3%, e Lima, Tsukamoto e Fugulin (2008), ao

mensurar o NAS em uma unidade de pacientes com alta dependência, verificaram

uma média de 51,4%. Observa-se que esses dados são inferiores as mensurações

dadas em terapia intensiva, devido a menor gravidade dos pacientes nos setores

pesquisados, porém viáveis de aplicabilidade e uso na gestão de recurso humano.

Ao correlacionar o NAS com idade, tempo de permanência e desfecho clínico,

houve significância estatística apenas com desfecho clínico, indicando que pacientes

que foram a óbito requereram maior carga de trabalho, se comparados àqueles que

tiveram alta. Ao passo que a idade (se jovem ou idoso) e o tempo de permanência

(se mínimo ou máximo) não influenciaram diretamente no tempo da assistência de

enfermagem.

Em estudo para identificar os fatores associados a óbito e à readmissão dos

pacientes em UTI, Silva, Sousa e Padilha (2011) com uma amostra de 600 pacientes

de UTIs de quatro hospitais do município de São Paulo, encontraram diferença

acentuada do valor médio do NAS no último dia de internação entre os pacientes

que morreram e sobreviveram, com 67,17% (±17,47) e 49,21% (±13,17).

Quanto à idade, Sousa et al. (2009) observaram ao comparar a carga de

trabalho de enfermagem requerida por pacientes adultos, idosos e muito idosos que

o fator idade pouco interfere na carga de trabalho dispensadas aos pacientes em

UTIs, corroborando com Sousa et al (2008), que compararam em seu estudo idosos,

divididos em três subgrupos: A (60 a 69 anos), B (70 a 79 anos) e C (≥80anos) e

encontraram uma média do NAS próximas entre eles, com valores de 72,4, 74,3 e

71,9%, respectivamente. Observaram também, que, quando comparadas as médias

do NAS com as variáveis sexo, tempo de permanência, tipo de internação e faixa

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etária, a única variável estatisticamente significante foi o tipo de internação

(p=0,036).

Assim como, em Gonçalves et al. (2006), os valores médios do NAS só foram

estatisticamente significantes quando correlacionados ao tempo de internação e ao

desfecho clínico, sendo que a idade, portanto, também não influenciou na demanda

de trabalho de enfermagem; e em Leite, Silva e Padilha (2012) que verificaram

correlação estatística apenas entre NAS e desfecho clínico. Já entre NAS e as

variáveis idade e tempo de internação não houve significância estatística.

5.3 Trabalhadores de enfermagem: condições de saúde, riscos e agravos

ocupacionais, acidentes de trabalho e uso de EPI

No que concerne às condições de saúde dos profissionais de enfermagem

relacionadas ao trabalho, observou-se que, apesar de 67,2% se considerarem

trabalhadores saudáveis, com predomínio de estados de saúde bom (48,4%) ou

regular (31,3%), quando indagados sobre a presença de problemas de saúde

relacionados ao trabalho, 89,1% afirmaram apresentar algum problema desta

natureza e a maioria dos profissionais (70,3%) responderam ainda que consideram

que o trabalho nas UTIs do estudo pode ser prejudicial às suas saúdes. Os riscos

ocupacionais mais relatados foram os ergonômicos, seguidos dos biológicos. Com

menores percentuais foram citados os riscos de acidentes e físicos. Não foram

relatados riscos químicos.

Guido et al. (2011) em seu estudo com 143 enfermeiros, desenvolvido em um

Hospital Universitário do Sul do Brasil, constatou que a maioria encontrava-se com

baixo nível de estresse (55,25%) e com estado regular de saúde (50,35%). Diante

dos achados, concluíram que ações educativas devem ser incentivadas, o que pode

resultar em elaboração e implementação de ações diretas para melhorar o estado de

saúde dos profissionais. Tais ações podem tornar o trabalho do enfermeiro mais

produtivo e satisfatório, garantindo segurança ao profissional e aos pacientes

assistidos.

Uma reunião de condições, tais como: a comunicação, o relacionamento

interpessoal, a falta de consciência do risco do outro e de si mesmo no ambiente de

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trabalho, e, principalmente, o comportamento, contribuem para exposição do

trabalhador ao risco. Nesse âmbito, as intervenções não devem ser voltadas

somente para o indivíduo, é necessário consciência do contexto que interfere nesses

comportamentos, que podem apoiar e direcionar os profissionais numa perspectiva

de maior autoproteção (NEVES et al., 2011).

Para identificar fatores de risco à saúde dos profissionais de enfermagem,

relacionados com a condição de trabalho e a ergonomia, Mergulhão et al. (2010), em

pesquisa realizada no Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas, da Universidade

Federal de Pernambuco, inferiram que os fatores ou agentes químicos, físicos,

biológicos e ergonômicos foram considerados os principais responsáveis pelas

situações insalubres e de periculosidade a qual os profissionais de saúde

encontram-se expostos.

Nesse contexto, é imprescindível uma atenção especial às situações de risco

que podem estar relacionadas ao ambiente laboral dos trabalhadores de

enfermagem, no intuito de programar medidas adequadas de proteção à saúde dos

mesmos, o que reflete não somente em melhor qualidade de vida aos profissionais,

mas também em qualidade da assistência prestada ao paciente. Vale salientar que

rotineiramente são noticiados nos meios de comunicação erros, por vezes fatais,

cometidos por membros da equipe de enfermagem. Nesse âmbito, deve-se

investigar todo o ambiente e condições de trabalho envolvidas para que medidas

emergenciais sejam adotadas, com vistas a prevenir a ocorrência de outros agravos

semelhantes.

Para Alencar et al. (2012), a ciência do perfil dos profissionais de saúde

expostos aos riscos ocupacionais torna-se relevante quando da implantação de

medidas que visem promover educação continuada e avaliar o impacto dos fatores

de risco no trabalho, cujos elementos contribuem para o aparecimento de doenças

laborais. Nesse contexto, as doenças ocupacionais no âmbito na saúde representam

um sério problema, devido ao alto nível de incapacitação motora que podem

provocar.

Quanto aos agravos à saúde relatados pelos trabalhadores de enfermagem

das UTIs do estudo, o estresse é um tema que vem sendo estudado por diversos

pesquisadores, sobretudo, em ambientes intensivos. Porém, o estresse é de

complexo diagnóstico, demandando avaliação multidimensional. Assim, esse

aspecto requer melhor investigação.

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Resultado similar a esse estudo foi encontrado em pesquisa com 263

enfermeiros atuantes nas UTIs de diversos hospitais de alta complexidade das

capitais dos estados brasileiros, por Guerrer e Bianchi (2008), onde observaram que

a maioria desses enfermeiros (60,1%) ficou entre nível médio e alerta para estresse.

Ao final, concluíram que o enfermeiro e a instituição hospitalar devem conhecer os

estressores que estão presentes no trabalho e desenvolver estratégias de

enfrentamento individual e grupal para diminuir a ocorrência de estresse profissional.

Santos et al. (2010), através de uma revisão de literatura cujo objetivo era

identificar fatores de risco geradores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas

presentes em enfermeiros atuantes em unidades de terapia intensiva adulta,

obtiveram como resultados que os fatores predisponentes ao estresse foram:

sobrecarga de trabalho, conflitos de funções, desvalorização e condições de

trabalho. Os sinais e sintomas foram: taquicardia, falta de apetite, calafrios,

ansiedade e dores articulares.

Estudo semelhante foi realizado com o objetivo de identificar o processo de

trabalho, as cargas psíquicas e os desgastes gerados em trabalhadores de

enfermagem, em cinco hospitais universitários brasileiros, com amostra de 62

trabalhadores de enfermagem. Os resultados apontaram que foi relatado pelos

trabalhadores exposição a diversos tipos de cargas psíquicas, relacionando-as a

outras cargas de trabalho, destacando-se os desgastes decorrentes desse tipo de

carga, como estresse, fadiga, gastrite e cefaléia (MININEL; BAPTISTA; FELLI,

2011).

Oliveira, Siqueira e Alves (2011), ao avaliar o índice de absenteísmo entre 31

profissionais de enfermagem, encontraram em relação às ausências que 54,84%

afirmaram já ter se ausentado do trabalho por motivo de doença, sendo

predominantes as relacionadas ao aparelho respiratório (17,32%), seguidas pelas

doenças osteomusculares (12,59%).

Diante do exposto, entende-se que medidas de prevenção a essas

variedades de agravos devem ser enfatizadas no cotidiano das ações de

enfermagem intensivista, com vistas a proporcionar um ambiente laboral com

redução de danos potenciais a saúde dos trabalhadores. Para que sejam eficientes,

devem-se respeitar as opiniões dos trabalhadores, enquanto sujeitos ativos e

colaboradores nos processos de melhorias e mudanças.

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Consonante com essa abordagem, atenção especial ao princípio da

precaução está enfatizada na Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da

Trabalhadora (2012), orientando que medidas dentro da Vigilância em Saúde do

Trabalhador (VISAT) devem ser implementadas, visando prevenir danos à saúde

dos trabalhadores, partindo do entendimento de que os problemas de saúde

decorrentes do trabalho são potencialmente preveníveis, com práticas de

intervenção baseadas em medidas de controle dos riscos na origem e de proteção

coletiva. Dessa maneira, essa vigilância requer a participação dos sujeitos na busca

de melhoria dos ambientes e processos de trabalho.

Com relação ao trabalho noturno, Salomé, Espósito e Silva (2008) afirmam

que os profissionais além de sofrerem alterações nos horários de dormir, que

contribuem para o mau sono, cansaço, estresse, falta de percepção e de reflexo,

modificam também os horários das refeições, o que pode causar distúrbios de

apetite e gastrointestinais, já que a secreção de suco gástrico necessária para a

digestão praticamente não ocorre durante a madrugada. Os autores concluíram que

os distúrbios gastrointestinais podem significar também manifestações indicativas de

resposta orgânica ao aumento do nível de estresse decorrente do trabalho no turno

noturno.

Para Terra e colaboradores (2011), a forma como o trabalho está organizado

em unidades críticas com jornadas prolongadas em ritmo acelerado, falta de

descanso ao longo do dia, duplas jornadas de serviço, intensa responsabilidade na

realização de tarefas, falta de espaço para expressar angústias, irritações e medos,

contribuem para que o sofrimento estabelecido pelo processo de trabalho seja

potencializado.

Todos os fatores supracitados podem contribuir diretamente para a ocorrência

de acidentes de trabalho. Com relação a esse aspecto, observou-se que 28,1%

afirmaram já ter sofrido acidente laboral, sendo que a maioria (18,8%) notificou o

ocorrido. Dos acidentes, 23,4% envolveram pérfuro cortantes, 3,1% relataram

trauma e 1,6% contato com secreção mucosa.

Resultado similar foi encontrado por Mergulhão et al. (2010), em que 18,6%

dos profissionais de enfermagem pesquisados já sofreram acidentes de trabalho.

Destes, 11,6% notificaram o ocorrido. Segundo os autores, é acrescido à

subnotificação, o agravante do temor em realizar a notificação, já que há a

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conotação do acidente como um erro, como negligência, o que evidentemente

desestimula a realização da notificação perante as chefias.

Ao entrevistar 19 profissionais da equipe de enfermagem de uma UTI adulto

pertencente a um hospital público em Fortaleza, Leitão, Fernandes e Ramos (2008),

a partir dos dados coletados, concluíram que esses profissionais percebem os

riscos, mas o principal motivo pelo qual os agravos laborais não são notificados

deve-se ao fato de que eles acham que são típicos da enfermagem e que o trabalho

extenuante e penoso faz parte da vocação para exercer a Enfermagem. Surge então

um paradigma real vivenciado na atualidade, muitos nem aparecem nas estatísticas.

Noticiários vêm apontando, quase diariamente, erros irreversíveis por parte da

enfermagem, necessitando de pesquisas mais precisas nesse aspecto, para

identificar a real causa, quer advindas do próprio ambiente de trabalho exaustivo, ou

por negligência e/ou imperícia profissional.

Ao analisar fichas de notificação do Centro de Referência Regional em Saúde

do trabalhador da Macrorregião de Florianópolis, no ano de 2007, Vieira, Padilha e

Pinheiro (2011) verificaram uma subnotificação decorrente do não preenchimento da

Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), após o acidente dos trabalhadores

com material biológico. Nesse sentindo, por ser de notificação compulsória,

independente da categoria do acidente de trabalho, o mesmo deve ser notificado,

inclusive com a emissão da CAT, para que ações voltadas à prevenção e/ou

agravos sejam implementadas, bem como à promoção da saúde dos trabalhadores.

Ainda as referidas autoras, ao conhecer os acidentes de trabalho com

exposição a material biológico e o perfil dos trabalhadores, observaram que os

acidentes ocorreram, predominantemente, entre técnicos de enfermagem. Dos

acidentes, 73% envolveram exposição percutânea, 78% tiveram contato com sangue

e/ou fluidos com sangue e 44,91% decorreram de procedimentos invasivos. Logo,

concluíram que ações conjuntas entre trabalhadores e gerências dos serviços

devem estar voltadas às melhorias das condições e organização do trabalho. Infere-

se que o resultado encontrado está relacionado diretamente ao fato do técnico de

enfermagem prestar assistência direta ao paciente por mais tempo, se comparados

aos demais profissionais da equipe.

Diante do exposto, entende-se que são necessárias medidas de orientação e

informação para os profissionais de enfermagem no intuito de conscientizá-los da

importância da notificação dos agravos sofridos, já que o registro da mesma é que

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garante aos profissionais medidas legais de afastamento e tratamento da lesão

sofrida, se necessário. Essa conscientização deve partir da própria chefia de

enfermagem, com vistas a manter uma equipe segura das atividades que devem ser

exercidas, com a garantia de apoio, e não punição, diante de um agravo ocorrido,

tendo em vista que ninguém se acidenta por querer, ao menor descuido pode

acontecer.

Nesse contexto, importantes ferramentas de proteção desses trabalhadores

na prevenção de acidentes, os EPIs constituem a principal arma de defesa dos

mesmos no exercício de suas atribuições profissionais. Na amostra pesquisada,

93,8% afirmaram usar EPI sempre que necessário, sendo os mais citados: máscaras

(85,9%), luvas (68.8%), seguidos de avental e gorros ambos com 67,2%.

Um estudo transversal realizado com 270 profissionais médicos e de

enfermagem de um hospital universitário de São Paulo, em 2002, constatou que

entre os profissionais de enfermagem, quando indagados sobre a forma como “tomo

conhecimento das Precauções-Padrão (PP)”, 39,4% afirmaram ter sido na escola ou

universidade, seguidos de 30,8% que afirmaram ter adquirido esse conhecimento a

partir de palestras no hospital. Quanto a treinamentos em PP no hospital, 81% dos

membros da enfermagem relataram já ter recebido. As partir dos dados coletados,

observou-se que fatores individuais relativos ao trabalho e organizacionais

influenciam conjuntamente a adesão às PP (BREVIDELLI; CIANCIARULLO, 2009).

No que concerne a esse tema, tem-se que a adesão aos equipamentos de

segurança é comprometida por barreiras que interferem nas questões de segurança

e proteção individual como comunicação, sobrecarga de trabalho, estrutura física

inadequada, disponibilidade e acessibilidade aos equipamentos de proteção, falta de

rotina, estresse, improvisação, desgaste nas relações de trabalho, aspectos

organizacionais e gerenciais. Assim, a aderência aos EPIs é determinada tanto pelo

contexto vivenciado, no ambiente de trabalho, como também, por valores e crenças

individuais, sendo individual a decisão sobre o uso desses equipamentos (NEVES et

al., 2011).

Nota-se, nesse âmbito, que em meio a condições insalubres para os

trabalhadores, presentes na maioria dos hospitais, tem-se um aumento da

ocorrência de acidentes de trabalho, sendo que o grande desafio é equilibrar as

condições de trabalho e otimizar a saúde desses trabalhadores, com vistas a uma

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melhor qualidade de vida relacionada à saúde (MONTEIRO; BENATTI;

RODRIGUES, 2009).

Vale destacar, no entanto, que apenas o fornecimento dos EPIs não é

suficiente, sendo relevante sensibilizar, capacitar e escutar os anseios, as dúvidas

dos trabalhadores no que se refere à adoção e ao uso correto das medidas de

biossegurança (VIEIRA; PADILHA; PINHEIRO, 2011).

Todos esses aspectos refletem-se no grau de motivação no trabalho. No

presente estudo, 61% dos trabalhadores relataram que não se sentem valorizados

pelo trabalho que realizam, com 48,2% justificando sua resposta negativa pela baixa

remuneração que afirmam receber, seguidos de 20,7% que citam a sobrecarga de

trabalho e 15,5% a falta de reconhecimento social.

Em pesquisa realizada com 38 enfermeiros de um hospital de ensino na

cidade de Curitiba, de março a abril de 2008, Carvalho e Kalinke (2008) constataram

que 84% dos enfermeiros entrevistados disseram achar incompatível seu salário

com as suas atividades. Quanto ao vínculo empregatício, 42% mantêm duplo

vínculo, fator esse que pode estar relacionado à necessidade de reforçar o

orçamento. Nesse âmbito, muitos desses profissionais trabalham no contra turno ou

no período da noite, o que vem a acarretar danos para a saúde desses profissionais,

devido à sobrecarga de trabalho.

Conforme Terra et al. (2011), essa má remuneração leva o profissional a

procurar outras fontes de renda, conduzindo a dupla jornada de trabalho. Segundo a

amostra de 13 profissionais entrevistados por esses autores, a remuneração salarial

não está de acordo com o ritmo e quantidade de trabalho realizado, além de ser

insuficiente para o sustento da família, o que induz a buscar de outro emprego para

complementar a renda. Esse duplo vínculo, dobras de plantão, horas extras,

resultam em fadiga, tensão, irritação e estresse.

Da amostra pesquisada em Teresina, apenas 35,9% dos profissionais de

enfermagem afirmam a valorização no trabalho, sendo que 85,7% destes justificam

essa valorização no fato de gostarem do trabalho que desempenham e 14,3% pelo

reconhecimento social. Infere-se que o reconhecimento social, foi um fator

determinante tanto de valorização profissional (quando presente), como na sua

ausência (falta de reconhecimento social) foi indicativo de sentimento de

desvalorização.

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O fator do reconhecimento profissional traduz a preocupação do enfermeiro

com a qualidade do seu trabalho, sua autorrealização e apreço dos colegas e

familiares pela atividade que exerce, tornando a relação interpessoal

enfermeiro/paciente mais humanizada e adequada, caso existam condições que

favoreçam a motivação, a valorização e a realização dos profissionais envolvidos no

processo de cuidar (TERRA et al., 2011).

Em entrevista com 24 enfermeiros pertencentes a uma UTI cardíaca de um

hospital federal de grande porte do município do Rio de Janeiro, Silva e Ferreira

(2011) identificaram no perfil pesquisado a variável “gosto pelo que faz”,

corroborando com a presente pesquisa, na qual parte dos enfermeiros expressa

gratificação e satisfação pelo trabalho nas UTIs selecionadas. Vale destacar, ainda,

segundo esses autores que uma das características que compõem o perfil do

enfermeiro em terapia intensiva é ter afinidade com esse campo especializado do

saber, gostar e sentir-se bem com as atividades que desempenha.

A alegria em realizar algo e obter sucesso é componente importante da

motivação profissional. Essa satisfação favorece a produtividade profissional já que

gostar daquilo que faz é fator importante, sobretudo, quando o objeto do cuidado é o

ser humano (CARVALHO; KALINKE, 2008). Nota-se, nesse contexto, que apesar de

todas as dificuldades inerentes ao processo de trabalho de enfermagem, citadas

anteriormente, o sentimento de gostar do que faz contribui sobremaneira para

condução de uma equipe comprometida, competente e dedicada ao trabalho,

refletindo em uma assistência de qualidade aos pacientes que necessitam de

cuidados especiais e eficientes.

Nesse cenário, ao buscar associação das variáveis idade, tempo de trabalho

e turno de trabalho em UTI com os problemas de saúde relacionados ao trabalho,

observou-se correlação significativa apenas com a idade. Logo, deduz-se que, de

acordo com os presentes dados, quanto maior a idade do profissional, maiores as

chances de desenvolver problemas de saúde relacionados ao trabalho. Isso está

relacionado também a maior vulnerabilidade do corpo humano, com o passar dos

anos, ao desenvolvimento de doenças tanto relacionadas a fatores intrínsecos,

como extrínsecos.

Isso requer da gerência de enfermagem, olhar para seus trabalhadores com

mais expertise e cuidado. Uma equipe mais saudável, mais motivada, é uma equipe

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que alcança as metas estabelecidas, atingindo qualidade em busca da excelência do

cuidado produzido.

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6 CONCLUSÕES

Estimar a carga de trabalho de enfermagem, sobretudo, em terapia intensiva,

é de relevante importância visto que através dos dados encontrados é possível

deduzir o quantitativo de pessoal adequado para determinada realidade, evitando a

sobrecarga de trabalho, contribuindo para a qualidade da assistência prestada, com

reflexos também na qualidade de vida desses profissionais. Nesse âmbito, o uso de

instrumentos de mensuração em saúde, como o uso do NAS, constitui ferramenta

valiosa, pois contribui diretamente para melhorias das práticas cotidianas na

enfermagem, proporcionando um cuidado mais sistematizado.

Evidenciaram-se pacientes mulheres com média de idade acima de 50 anos,

tempo médio de internação de 9,8 dias por motivo cirúrgico e alta taxa de

sobrevivência. Já com relação ao perfil dos trabalhadores de enfermagem nas UTIs

do estudo, esta pesquisa revelou presença majoritária do sexo feminino, com média

de idade de 44 anos, em sua maioria pertencente ao nível técnico.

A demanda de trabalho de enfermagem, após 1021 aplicações do escore

NAS, mostrou-se elevada refletida pela média geral do NAS de 69%, com variação

mínima de 45,4% e máxima de 112,9%. Apenas o fator desfecho clínico influenciou

diretamente na carga de trabalho de enfermagem, indicando que pacientes que

foram a óbito, ou seja, com maior gravidade, demandaram maiores cuidados de

enfermagem. As variáveis idade e tempo de internação não influenciaram

diretamente no tempo de assistência.

Quanto à saúde desses profissionais de enfermagem, observou-se que,

apesar de 67,2% se considerarem trabalhadores saudáveis, 89,1% afirmaram

apresentar algum problema de saúde relacionado ao trabalho e 70,3% responderam

ainda que consideram que o trabalho nas UTIs do estudo pode ser prejudicial às

suas saúdes. Os riscos ocupacionais mais relatados foram os ergonômicos,

seguidos dos biológicos. Quanto aos acidentes laborais, esses ocorreram dentro do

esperado para as ocorrências nacionais, sendo que a maioria notificou o ocorrido.

Contudo, quase todos os profissionais afirmaram usar EPI sempre que necessário. É

sabido, que apenas o relato do profissional não é fidedigno, pois muitos têm o

discurso, e não têm condutas condizentes com tal afirmação, requerendo estudos do

tipo observacional para validar as informações.

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Além desses achados, quanto ao uso de EPIs, foi observado que 93,8%

afirmaram usar EPI sempre que necessário. Já no que se refere ao grau de

motivação no trabalho, 61% dos trabalhadores relataram que não se sentem

valorizados, principalmente em virtude da baixa remuneração que afirmam receber

(48,2%), seguidos da sobrecarga de trabalho (20,7%) e da falta de reconhecimento

social (15,5%).

Assim, os objetivos deste estudo foram alcançados, com algumas limitações

relacionadas primordialmente a coleta de dados que quando é do tipo retrospectiva,

é imprescindível que o registro dos cuidados de enfermagem seja preciso e

fidedigno.

Ressalta-se que os principais fatores que podem contribuir para a ocorrência

dos problemas de saúde relatados pelos profissionais estejam relacionados à

elevada demanda de trabalho nas UTIs pesquisadas, associadas à insatisfação

salarial que leva, por conseguinte, a mais de um vínculo empregatício. Logo, a soma

desses fatores resulta em sobrecarga de trabalho, o que implica, dentre outros, em

desgaste, estresse e insatisfação. Porém, não foi possível quantificar até que ponto

essa carga de trabalho pode ou não ser a causadora dos agravos apontados por

esses profissionais.

Diante do exposto, conclui-se que ações conjuntas que envolvam o

dimensionamento adequado de pessoal, bem como atenção à saúde dos

trabalhadores devem ser promovidas pela gerência do serviço de enfermagem em

conjuntos com todos os membros da equipe envolvidos, com vistas a garantir

melhores condições de trabalho através da implementação de programas de

prevenção e promoção de práticas seguras, redução dos riscos laborais, assistência

de qualidade e humanizada, com o intuito também de primar por uma boa saúde

desses profissionais. Além disso, pautas sobre melhores salários devem ser

discutidas, já que a justa remuneração condizente com o trabalho contribui para o

sentimento de valorização desses profissionais, ao passo que passam rever o

trabalho como gratificante.

Sendo assim, o uso de instrumentos de medida deve ser rotineiro nos mais

diversos setores hospitalares, para maior embasamento das ações implementadas

em determinado setor, bem como melhor direcionamento das atividades que devem

ser executadas, de acordo com a competência de cada membro da equipe de

enfermagem. Logo, é necessário um olhar especial ao trabalhador de enfermagem

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de unidades críticas, já que mesmo diante das dificuldades, os profissionais que

gostam do que fazem primam por prestar uma assistência de qualidade, com

dedicação e cuidados com os outros.

Por conseguinte, sugere-se que outros estudos relacionando as implicações

da carga de trabalhado de enfermagem à qualidade de vida desses profissionais

sejam realizados de maneira mais especifica, em conjunto com a aplicação de

instrumentos como o NAS, em outras realidades nacionais, de modo a clarificar a

aplicabilidade desse instrumento a fim de que possa ser utilizado de forma

consciente, trazendo subsídios para adequar recursos humanos em UTI, podendo

beneficiar pacientes, profissionais e instituições hospitalares.

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APÊNDICES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

APÊNDICE A – Instrumento de Coleta de Dados

Investigação sobre a demanda de trabalho de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

Formulário N°: ______ Data: _____ /____ /____ Unidade________ Leito__________ PARTE 1 – DADOS DEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS Idade: ________________ Sexo: F ( ) M ( ) Data de internação: ___/____/____ Procedência: ( ) UI ( ) CC ( ) Outros: ________ Tipo de internação: ( ) clínica ( ) cirúrgica - eletiva ( ) cirúrgica – urgência Motivo da internação: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Alta: ____/____/_____ ( ) Sobrevivente ( ) Não sobrevivente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

APÊNDICE B – Questionário Saúde do trabalhador de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

Questionário No I______I

Data da Entrevista: _____/_____/_____

1.Função: 1.Enfermeiro 2.Técnico de Enfermagem 3.Auxiliar de

Enfermagem

!_____!

2.Idade !_____!

3.Sexo: 1.Masculino 2.Feminino !_____!

4.Há quanto tempo trabalha em UTI? !_______!

5.Há quanto tempo trabalha na UTI desse hospital? !_____!

6.Qual seu horário de trabalho: 1.Diurno 2.Noturno !_____!

7.Qual o número de vínculos empregatícios que você possui? !_____!

8.Em média, quantas horas de trabalho semanal você fez no último

mês, juntando todos os empregos?

!_______!

9.Em média, quantas horas de trabalho semanal você fez no último

mês, neste hospital?

!_______!

10.Durante a jornada de trabalho neste hospital você faz intervalos

para lanches ou refeições? 1.Sim 2.Não

!_____!

11.Durante a jornada de trabalho neste hospital você faz outras

pausas que não sejam para alimentação? 1.Sim 2.Não

!_____!

12.Você acha que a quantidade e duração das pausas são

suficientes para recuperar o seu cansaço durante a jornada de

trabalho? 1.Sim 2.Não

!_____!

13.Durante o seu dia de trabalho as tarefas que você realiza:

1. Não variam

2. Variam pouco

3. Variam dependendo do dia da semana

4. Variam muito

!_____!

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14.Você se considera um trabalhador saudável? 1.Sim 2.Não !_____!

15.Como você avalia seu estado de saúde?

1. Muito bom

2. Bom

3. Regular

!_____!

16.Qual(ais) dos problemas abaixo relacionados você já apresentou,

por conta do trabalho nessa unidade?

( )fadiga ( )estresse ( )diminuição da acuidade auditiva ( )insônia

( )cefaléia ( )distúrbios visuais ( )alergias respiratória ( )dermatites

alérgicas ( )lombalgia ( )falta de ânimo ( )desinteresse ( )perda do

entusiasmo e do otimismo ( )taquicardia ( )falta de apetite (

)mudança de humor ( )calafrios ( )ansiedade ( )artralgias ( )mialgias

( )acidente com perfuro-cortantes ( )distúrbios gastrintestinais ( )

outro___________

17.Algum desses problemas de saúde fez com que você

necessitasse afastar-se do trabalho? 1.Sim 2.Não

!_____!

18.Se sim, qual deles e por quanto tempo?

_______________________________________________________

_______________________________________________________

19.O médico que lhe atendeu relacionou os seus sintomas com suas

condições de trabalho? 1.Sim 2.Não

!_____!

20.Você acha que o seu trabalho pode prejudicar sua saúde? 1.Sim

2.Não

!_____!

21.Se sim: O que no seu trabalho você considera que pode prejudicar

sua saúde?

_______________________________________________________

_______________________________________________________

22.Você costuma chegar atrasado no serviço? 1.Sim 2.Não !_____!

23.Qual a freqüência por semana?

( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) 4 vezes ( ) 5 vezes ( ) 6 vezes

( ) 7 vezes

!_____!

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24.Se sim, qual o tempo médio de atraso?

_____horas

____minuto

s

25.Se sim, cite o(s) motivo(s):

_______________________________________________________

_______________________________________________________

26.Você costuma faltar o serviço? 1.Sim 2.Não !_____!

27.Se sim, cite o(s) motivo(s):

_______________________________________________________

_______________________________________________________

28.Você já sofreu algum acidente de trabalho nessa unidade? 1.Sim

2.Não

!_____!

29.Se sim, como? Com o que?

_______________________________________________________

_______________________________________________________

30.Foi notificado? 1.Sim 2.Não !_____!

31.Você usa Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), quando

necessário? 1.Sim 2.Não

!_____!

32.Se sim, quais?

_______________________________________________________

_______________________________________________________

33.Se não, por qual motivo?

______________________________________________________

______________________________________________________

34.Você se sente valorizado pelo trabalho que realiza? 1.Sim 2.Não

Justifique sua resposta.

_______________________________________________________

_______________________________________________________

!_____!

Muito Grata pela sua colaboração. Estamos à disposição para algum esclarecimento.

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ANEXOS

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ANEXO A – PARTE 2 – CARGA DE TRABALHO DE ENFERMAGEM (NAS)

INDICADORES

ESCORES (%)

1 - Monitorização e controles (subitens 1a, 1b e 1c)

2 – Investigações laboratoriais: bioquímicas e microbiológicas

3 – Medicação, exceto drogas vasoativas

4 – Procedimentos de higiene (subitens 4a, 4b e 4c)

5 – Cuidados com todos os drenos, exceto sonda gástrica

6 – Mobilização e posicionamento (subitens 6a, 6b e 6c)

7 – Suporte e cuidados aos familiares e parentes (subitens

7a e 7b)

8 – Tarefas administrativas e gerenciais (subitens 8a, 8b e

8c)

9 – Suporte respiratório

10 – Cuidados com vias aéreas artificiais

11- Tratamento para melhora da função pulmonar

12 – Medicação vasoativa, independente do tipo e dose

13 – Reposição intravenosa de grandes perdas de fluidos

14 - Monitorização do átrio esquerdo

15 - Reanimação cardiorespiratória

16. Técnica de hemofiltração, técnicas dialíticas

17. Medida quantitativa do débito urinário

18. Medida da pressão intracraniana

19. Tratamento da acidose/alcalose metabólica

20. Nutrição parenteral total

21. Alimentação enteral por sonda gástrica ou outra via

gastrointestinal

22. Intervenção(ões) específica(s) na Unidade de Terapia

Intensiva

23. Intervenções específicas fora da Unidade de Terapia

Intensiva.

TOTAL DE ESCORES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ANEXO B – MANUAL DE APLICAÇÃO DO NAS

1.Monitorização e controles

1a. Sinais vitais, cálculo e registro do balanço hídrico (4,5%).

Aplica-se a pacientes que NÃO necessitaram de mudanças freqüentes no

tratamento e que exigiram monitorização e controles de rotina, nas 24 horas.

1b. Presença à beira do leito e observação contínua ou ativa por 2 horas ou

mais em algum plantão por razões de segurança, gravidade ou terapia, tais

como: ventilação mecânica não-invasiva, desmame, agitação, confusão

mental, posição prona, preparo e administração de fluídos ou medicação e

auxílio em procedimentos específicos (12,1%).

Aplica-se a pacientes que por razões de segurança, gravidade ou terapia, tiveram

sua monitorização intensificada, nas 24 horas.

1c. Presença à beira do leito e observação contínua ou ativa por 4 horas ou

mais em algum plantão por razões de segurança, gravidade ou terapia (19,6%).

Aplica-se a pacientes que por razões de segurança, gravidade ou terapia, tiveram

sua monitorização intensificada, nas 24 horas.

2. Investigações Laboratoriais: Bioquímicas e Microbiológicas (4,3%).

Aplica-se a pacientes submetidos a qualquer exame bioquímico ou microbiológico,

independente da quantidade, realizados em laboratório ou à beira do leito, com a

participação do profissional de enfermagem.

3. Medicação, Exceto Drogas Vasoativas (5,6%).

Inclui os pacientes que receberam qualquer tipo de medicamento, independente da

via ou dose. Não se aplica neste item o soro de manutenção.

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4. Procedimentos de Higiene

4a. Realização de procedimentos de higiene, tais como: curativo de feridas e

cateteres intravasculares, troca de roupa de cama, higiene corporal do

paciente em situações especiais (incontinência, vômito, queimaduras, feridas

com secreção, curativos cirúrgicos complexos com irrigação) e procedimentos

especiais (p. ex.: isolamento) (4,1%).

Aplica-se ao paciente que foi submetido a qualquer um dos procedimentos de

higiene descritos acima, em 24 horas.

4b. Realização de procedimentos de higiene que durem mais do que 2 horas

em algum plantão (16,5%).

Aplica-se ao paciente que foi submetido a qualquer um dos procedimentos de

higiene descritos no item 4a, em pelo menos um plantão nas 24 horas.

4c. Realização de procedimentos de higiene que durem mais do que 4 horas

em algum plantão (20,0%).

Aplica-se ao paciente que foi submetido a qualquer um dos procedimentos de

higiene descritos no item 4a, em 24 horas.

5. Cuidados com Drenos. Todos (Exceto Sonda Gástrica) (1,8%).

Aplica-se a pacientes que estejam com qualquer sistema de drenagem instalado.

Inclui sonda vesical de demora (SVD) e exclui sondas gástricas, nasoenterais,

gastrostomias e outras.

6. Mobilização e Posicionamento

Inclui procedimentos tais como: mudança de decúbito, mobilização do paciente,

transferência da cama para a cadeira e mobilização do paciente em equipe (p. ex.:

paciente imóvel, tração, posição prona).

6a. Realização do(s) procedimento(s) até três vezes em 24 horas (5,5%).

Aplica-se ao paciente submetido aos procedimentos de mobilização e

posicionamento descritos, até três vezes em 24 horas.

6b. Realização do(s) procedimento(s) mais do que 3 vezes em 24 horas ou com

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2 enfermeiros em qualquer freqüência (12,4%).

Aplica-se ao paciente submetido aos procedimentos de mobilização e

posicionamento descritos no item 6, que tenham sido realizados mais do que 3

vezes em 24 horas ou com 2 membros da equipe de enfermagem em pelo menos

um plantão nas 24 horas.

6c. Realização do(s) procedimento(s) com 3 ou mais enfermeiros em qualquer

freqüência (17,0%).

Aplica-se ao paciente submetido aos procedimentos de mobilização e

posicionamento descritos no item 6, que tenham sido realizados com 3 ou mais

membros da equipe de enfermagem em qualquer freqüência em pelo menos um

plantão nas 24 horas.

7. Suporte e Cuidados aos Familiares e Pacientes

Inclui procedimentos tais como: telefonemas, entrevistas e aconselhamentos.

Freqüentemente o suporte e cuidado, sejam aos familiares ou aos pacientes,

permitem à equipe continuar com outras atividades de enfermagem (p. ex.:

comunicação com os pacientes durante procedimentos de higiene ou comunicação

com os familiares enquanto presente à beira do leito observando o paciente).

7a. Suporte e cuidado aos familiares e pacientes que requerem dedicação

exclusiva por cerca de 1 hora em algum plantão, tais como: explicar condições

clínicas, lidar com a dor e angústia e lidar com circunstâncias familiares

difíceis (4,0%).

Aplica-se ao paciente e família que tenham recebido suporte emocional com

dedicação exclusiva, em pelo menos um plantão nas 24 horas.

7b. Suporte e cuidados aos familiares e pacientes que requerem dedicação

exclusiva por 3 horas ou mais em algum plantão, tais como: morte,

circunstâncias especiais (p. ex.: grande número de familiares, problemas de

linguagem e familiares hostis) (32,0%).

Aplica-se ao paciente e sua família que tenham recebido suporte emocional com

dedicação exclusiva, em pelo menos um plantão nas 24 horas.

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8. Tarefas Administrativas e Gerenciais

8a. Realização de tarefas de rotina, tais como: processamento de dados

clínicos, solicitação de exames e troca de informações profissionais (p. ex.:

passagem de plantão e visitas clínicas) (4,2%).

8b. Realização de tarefas administrativas e gerenciais que requerem dedicação

integral por cerca de 2 horas em algum plantão, tais como: atividades de

pesquisa, aplicação de protocolos, procedimentos de admissão e alta (23,2%).

8c. Realização de tarefas administrativas e gerenciais que requerem dedicação

integral por cerca de 4 horas ou mais de tempo em algum plantão, tais como:

morte e procedimentos de doação de órgãos, coordenação com outras

disciplinas (30,0%).

SUPORTE VENTILATÓRIO

9. Suporte Respiratório. Qualquer Forma de Ventilação Mecânica/Ventilação

Assistida Com ou Sem Pressão Expiratória Final Positiva, Com ou Sem

Relaxantes Musculares; Respiração Espontânea Com ou Sem Pressão

Expiratória Final Positiva (CPAP ou BIPAP), Com ou Sem Tubo Endotraqueal;

Oxigênio Suplementar por Qualquer Método (1,4%).

Aplica-se ao paciente em uso de qualquer suporte ventilatório (cateter nasal de O2,

Intubação Orotraqueal, Macronebulização, Máscara de Venturi, Ventilação Mecânica

Não-Invasiva e outros).

10. Cuidado com Vias Aéreas Artificiais. Tubo Endotraqueal ou Cânula de

Traqueostomia (1,8%).

Aplica-se ao paciente em uso de tubo orotraqueal, nasotraqueal ou traqueostomia.

11. Tratamento para Melhora da Função Pulmonar. Fisioterapia Torácica,

Espirometria Estimulada, Terapia Inalatória e Aspiração Endotraqueal (4,4%).

Aplica-se ao paciente que tenha recebido qualquer tratamento para melhora da

função pulmonar, realizado em qualquer freqüência, pela equipe de enfermagem.

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SUPORTE CARDIOVASCULAR

12. Medicação Vasoativa, Independente do Tipo e Dose (1,2%).

Aplica-se ao paciente que tenha recebido qualquer medicação vasoativa,

independente do tipo e dose.

13. Reposição Intravenosa de Grandes Perdas de Fluidos. Administração de

Fluidos > 3l/m2/dia, Independente do Tipo de Fluido Administrado (2,5%).

Aplica-se a paciente que tenha recebido quantidade maior do que 4,5 litros de

solução por dia, independente do tipo de fluido administrado.

14. Monitorização do Átrio Esquerdo. Cateter de Artéria Pulmonar Com ou Sem

Medida do Débito Cardíaco (1,7%).

Aplica-se ao paciente que tenha usado cateter em artéria pulmonar.

15. Reanimação Cardiorrespiratória nas Últimas 24 Horas (Excluído Soco

Precordial) (7,1%).

Aplica-se ao paciente que tenha tido PCR e recebido medidas de reanimação,

excluindo soco precordial.

SUPORTERENAL

16. Técnicas de Hemofiltração. Técnicas Dialíticas (7,7%).

Aplica-se ao paciente que tenha recebido qualquer tipo de procedimento dialítico,

intermitente ou contínuo.

17. Medida Quantitativa do Débito Urinário (p. ex.: por Sonda Vesical de

Demora) (7,0%).

Aplica-se ao paciente com controle de diurese, com ou sem qualquer tipo de cateter

urinário.

SUPORTE NEUROLÓGICO

18. Medida da Pressão Intracraniana (1,6%).

Aplica-se ao paciente que foi submetido a monitorização da PIC.

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SUPORTE METABÓLICO

19. Tratamento da Acidose/Alcalose Metabólica (1,3%).

Aplica-se ao paciente que recebeu droga específica para correção de acidose ou

alcalose metabólica, excluindo-se a reposição volêmica para corrigir alcalose

(Bicarbonato de Sódio, TAM, Cloreto de amônia, Diamox, e outros).

20. Nutrição Parenteral Total (2,8%).

Aplica-se ao paciente que recebeu infusão venosa central ou periférica de

substâncias com a finalidade de suprir as necessidades nutricionais.

21. Alimentação Enteral por Sonda Gástrica ou Outra Via Gastrointestinal (p.

ex.: Jejunostomia) (1,3%).

Aplica-se ao paciente que recebeu substâncias com a finalidade de suprir as

necessidades nutricionais, através de sonda, por qualquer via do trato

gastrointestinal.

INTERVENÇÕES ESPECÍFICAS

22. Intervenção(ões) Específica(s) na Unidade de Terapia Intensiva. Intubação

Endotraqueal, Inserção de Marcapasso, Cardioversão, Endoscopias, Cirurgia

de Emergência, Lavagem Gástrica e Outras nas Últimas 24 Horas. Não estão

incluídas intervenções de rotina sem conseqüências diretas para as condições

clínicas do paciente, tais como: radiografias, ecografias, eletrocardiograma,

curativos ou inserção de cateteres venosos ou arteriais (2,8%).

Aplica-se ao paciente submetido a qualquer intervenção diagnóstica ou terapêutica,

listada acima, dentro da UTI. Procedimentos específicos realizados na unidade que

requerem a atuação ativa da equipe de enfermagem podem ser considerados neste

item.

23. Intervenções Específicas Fora da Unidade de Terapia Intensiva (1,9%).

Aplica-se ao paciente submetido a uma ou mais intervenções diagnósticas ou

terapêuticas realizadas fora da UTI.

OBSERVAÇÕES:

- Os itens 1, 4, 6, 7 e 8 são mutuamente excludentes.

- O cômputo do NAS total será feito considerando a maior pontuação obtida nos

itens 1, 4, 6, 7 e 8 das 24 horas.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do estudo: Investigação sobre a demanda de trabalho de enfermagem em

Unidade de Terapia Intensiva e os fatores associados à saúde do trabalhador

Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí/ Departamento de

Enfermagem

Pesquisadora Responsável: Profª Drª Grazielle Roberta Freitas da Silva

Telefone para contato: (86) 32155558

Prezado(a) Senhor(a):

Você está sendo convidado(a) à participar desta pesquisa de forma totalmente

voluntária. Antes de concordar em participar desta pesquisa, é muito importante

que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento. Os

pesquisadores deverão responder todas as suas dúvidas antes que você se decidir

a participar. Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer

momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha

direito.

Objetivo do estudo: Avaliar a carga de trabalho de enfermagem em UTI por meio

da aplicação do NAS e os fatores associados à saúde do trabalhador.

Benefícios. Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, com

benefício direto para a qualidade da assistência ao paciente internado em UTI e para

melhoria dos fatores associados à saúde do trabalhador.

Riscos. A participação nesta pesquisa não representará qualquer risco de ordem

física ou psicológica para você.

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Sigilo. As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos

pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em

nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados

em qualquer forma.

Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto, eu

__________________________________, estou de acordo em participar desta

pesquisa, assinando este consentimento em duas vias, ficando com a posse de uma

delas.

Local e data

_____________________ ______________________

Assinatura N. identidade

___________________________

Pesquisador responsável

Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato:

Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro Petrônio

Portella - Bairro Ininga

Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 - Teresina - PI

tel.: (86) 3215-5737 - email: [email protected] web: www.ufpi.br/cep

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ANEXO D – Carta de Aprovação do CEP/UFPI