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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENFERMAGEM LÍVIA CARVALHO PEREIRA FATORES PREDITORES PARA INCAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO BÁSICA TERESINA-PI 2014

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENFERMAGEM

LÍVIA CARVALHO PEREIRA

FATORES PREDITORES PARA INCAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO BÁSICA

TERESINA-PI 2014

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LÍVIA CARVALHO PEREIRA

FATORES PREDITORES PARA INCAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO BÁSICA

Relatório final da Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, apresentado à Banca de defesa como requisito necessário para obtenção do título de mestre em Enfermagem. Orientadora: Profª. Drª. Maria do Livramento Fortes Figueiredo Área de concentração: Enfermagem no contexto social brasileiro

Linha de pesquisa: Processo de cuidar em saúde e Enfermagem

TERESINA-PI

2014

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LÍVIA CARVALHO PEREIRA

FATORES PREDITORES PARA INCAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO BÁSICA

Relatório Final da Dissertação de Mestrado submetida à Banca de Defesa no Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem, da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em

Enfermagem.

Aprovada em:

____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria do Livramento Fortes Figueiredo – Presidente da Banca

Universidade Federal do Piauí - UFPI

____________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Josefina da Silva – 1ª Examinadora Universidade Federal do Ceará - UFC

____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Elaine Maria Leite Rangel Andrade –2ª Examinadora

Universidade Federal do Piauí - UFPI

____________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Grazielle Roberta Freitas da Silva – Suplente

Universidade Federal do Piauí - UFPI

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“O conhecimento é a mais democrática fonte de poder”

Toffler

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AGRADECIMENTOS

A Deus, e sempre a Ele, que permitiu que eu trilhasse esse caminho, e em

nenhum momento me desamparou, reafirmando sempre a minha fé;

À Universidade Federal do Piauí, por ter sido um sonho realizado, por me

conduzir na estrada do conhecimento desde a graduação até a tão almejada pós-

graduação;

À minha querida orientadora, Profª. Drª. Maria do Livramento Fortes

Figueiredo, pela paciência, saberes e experiências compartilhados, por ser

coadjuvante nessa árdua batalha, o meu sincero e eterno agradecimento;

Às professoras Maria Josefina, Elaine Rangel, Grazielle Roberta por terem

sido tão solícitas, pelo tempo disponibilizado para apreciação do trabalho e por suas

valiosas contribuições;

Ao José Mário, por suas contribuições estatísticas, por ter sido tão

prontamente disponível e ter me incentivado e me ajudado a desvendar o mistério e

o fascínio da estatística;

A todos os funcionários da Universidade Federal do Piauí, em especial, aos

queridos do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-graduação

Mestrado em Enfermagem;

Aos meus sujeitos, todos os idosos que participaram deste estudo, meus

queridos “velhinhos” que possibilitaram a realização deste que é meu grande sonho.

Obrigada pela atenção, carinho, pelas conversas amigas, por tudo. Nada seria

possível sem vocês.

Às enfermeiras das Unidades de saúde da família, e em especial aos agentes

comunitários de saúde, que nos acolheram, e disponibilizaram seu tempo a nos

ajudar, e foram um importante elo no acolhimento aos idosos.

Aos meus futuros colegas de profissão, que tão carinhosamente, nos

ajudaram especial ao Kalebe, Maria dos Remédios, Jéssica e Isabela, que

percorreram longo caminho conosco, e nos prestigiaram com seu valioso tempo

para realizarmos as nossas queridas entrevistas;

Aos meus colegas de turma do Programa de Pós-graduação Mestrado em

Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, especialmente à Cinara Beleza, que

sempre se mostrou tão companheira e amiga, compartilhou comigo tantas angústias

e felicidades ao longo desse período. Muito obrigada!

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Aos meus amigos que torceram por mim, e sempre me deram apoio e força

para que eu seguisse firme no meu objetivo;

A todos meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

Estudo descritivo e transversal com abordagem quantitativa de dados que teve por objetivo avaliar os fatores preditores para incapacidade funcional de idosos atendidos na atenção básica. A amostra foi constituída de 388 idosos atendidos na Atenção Básica. Utilizou-se o Índice de Katz e a Escala de Lawton. Como resultado obteve-se, 64,4% dos idosos eram do sexo feminino, com uma média de idade de 71 anos (DP: 8,2). 53,1% eram casados e 68,6% procedentes do interior do estado. Quanto à escolaridade, 63,2% nunca estudaram ou estudaram quatro anos. Quanto ao arranjo familiar, 91,8% moravam com alguém. 71,1% dos idosos eram aposentados e 84,3% apresentavam uma renda individual de até dois salários mínimos. Quanto aos hábitos e estilo de vida, 89,4% dos idosos eram não etilistas, 68,8% não tabagistas e 61,1% tinham um sono reparador. 74,7% não praticavam atividade física. Quanto às comorbidades, 47,2% dos idosos referiram apresentam pelo menos uma dentre as investigadas. Quanto ao grau de dependência para atividades básicas, observou-se que 90,2% eram menos independentes para vestir-se, para as atividades instrumentais, 77,1% dos idosos foram menos independentes para fazer trabalhos manuais e lavar e passar roupa. Verificou-se associação com a incapacidade funcional para as atividades básicas, as variáveis socioeconômicas e demográficas: idade, escolaridade, estado civil, cor, ocupação, renda individual e familiar. Já com as atividades instrumentais, verificou-se associação com idade, escolaridade, religião, ocupação e rendas, individual e familiar. Quanto às variáveis de hábito e estilo de vida, observou-se associação para o desfecho e as atividades básicas com a variável sono e repouso. Com as atividades instrumentais e incapacidade funcional, verificou-se associação com etilismo, sono e repouso e autoavaliação de saúde. Após a realização da análise ajustada, obteve-se que para a incapacidade funcional para atividades básicas somente as variáveis idade e cor mantiveram-se associadas ao desfecho, e para as atividades instrumentais, somente idade, escolaridade, renda do idoso e autoavaliação de saúde mantiveram-se associadas à incapacidade funcional. A Enfermagem, componente chave da Atenção Básica, deve estar atenta para a avaliação global da pessoa idosa, aqui incluída a avaliação funcional, bem como os fatores associados a essa funcionalidade, com vistas a adequar planos de cuidados voltados para a preservação da autonomia dos idosos, e a promoção do envelhecimento ativo. Palavras chave: Funcionalidade. Idoso. Enfermagem

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ABSTRACT

This is a descriptive and cross-sectional study with quantitative data approach which aims to evaluate the predictive factors for functional disability in elderly treated in Primary Care. The sample is consisted of 388 elderly treated in Primary Care. The Katz Index and the Lawton Scale was used to carry out this research. As a result, it was possible to observe that 64.4 % of the elderly were women, their mean age is 71 years (SD: 8.2). 53.1 % are married and 68.6 % come from the countryside. Regarding to educational level, 63.2 % had never attended school or studied for four years. As for family arrangements, 91.8 % live with someone. 71.1 % of them are retired, and 84.3 % have an individual income up to two minimum wages. Regarding their habits and lifestyle, 89.4 % of the elderly do not drink alcohol, 68.8 % are nonsmokers and 61.1 % have a restful sleep. 74.7 % do not exercise. Regarding comorbidities, 47.2 % of the elderly have reported to have at least one of those investigated. The degree of dependence in basic activities, it was observed that 90.2 % were less independent to get dressed without other’s help, for instrumental activities, 77.1% of the elderly were less independent for manual work and washing and ironing clothes. Functional disability in basic activities was associated with socioeconomic and demographic variables: age, education, marital status, race, occupation and individual and family income. On the other hand, instrumental activities were associated with age, education, religion, occupation and individual and family income. Regarding the variables of habit and lifestyle, an association with basic activities and sleep as well as rest variable was observed. Instrumental and functional disability activities, was associated with alcohol consumption, sleep, rest and self-assessed health. After completion of the adjusted analysis, it was found that for functional disability in basic activities only age and skin-color variables remained associated with the outcome, and for instrumental activities, only age, education, elderly income and health self-assessment remained associated with functional disability. Nursing, a key component of Primary Care, must be attentive to the overall assessment of the elderly, including functional assessment, as well as the factors associated with this functionality, in order to adjust care plans aimed at preserving the autonomy of the elderly and the promotion of active aging. Keywords: Functionality. Elderly. Nursing.

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RESUMEN

Estudio descriptivo transversal con enfoque de datos cuantitativos que tuvo como objetivo evaluar los factores predictivos de incapacidad funcional en ancianos tratados en Atención Primaria. La muestra comprende 388 ancianos tratados en Atención Primaria. Se utilizó el índice de Katz y la Escala de Lawton. Como resultado se obtuvo que el 64,4 % de los ancianos eran mujeres, con una edad media de 71 años (DE : 8,2 ). El 53.1 % eran casados y el 68,6 % procedentes de la zona rural del estado. En cuanto a la educación, el 63,2 % nunca habían estado en la escuela o estudiado cuatro años. En cuanto a la organización familiar, el 91,8 % vivían con alguien. El 71,1% de los ancianos son retirados, y el 84,3 % tienen un ingreso individual de hasta dos salarios mínimos. Conforme sus hábitos y estilo de vida, el 89,4 % de los ancianos no consumen alcohol, el 68,8 % no fuman y el 61,1% tienen un sueño reparador. El 74,7 % no practican activdades físicas. En cuanto a las comorbilidades, el 47,2 % de los ancianos han reportado tener al menos uno de los investigados. Para el grado de dependencia en las actividades básicas, se observó que el 90,2% eran menos independientes para ponerse la ropa sin ayuda, para actividades instrumentales, el 77,1 % de los ancianos son menos independientes para ejecutar actividades manuales como el lavado y el planchado de ropa. Fue observada una asociación con la discapacidad funcional en actividades básicas, las variables socioeconómicas y demográficas: edad, educación, estado civil, raza, ocupación, ingreso individual y familiar. Ya con las actividades instrumentales, hubo una asociación con la edad, el nivel de educación, la religión, la ocupación y los ingresos, individual y familiar. Conforme las variables de hábitos y estilo de vida, se observó asociación para el resultado y las actividades básicas con el sueño y la variable reposo. Las actividades instrumentales y discapacidad funcional, se encontró asociado con el consumo de alcohol, el sueño y el descanso y la auto-percepción de la salud. Una vez finalizado el análisis ajustado, se encontró que para la incapacidad funcional en actividades básicas solamente las variables edad y raza se mantuvieron asociado con el resultado, y para las actividades instrumentales, sólo la edad, la educación, la renta del ancianos y la auto-evaluación de salud se mantuvieron asociada a la incapacidad funcional. Enfermería , un componente clave de la Atención Primaria, debe estar atento a la evaluación general de los ancianos, aqui incluida la evaluación funcional, así como los factores asociados a esta funcionalidad, con el fin de ajustar los planes de cuidados dirigidos a preservar la autonomía de los ancianos y la promoción del envejecimiento activo. Palabras clave: Funcionalidad. Ancianos . enfermería

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LISTA DE SIGLAS

ABVDs – Atividades Básicas de Vida Diária ACS – Agente Comunitário da Saúde AIVDs - Atividades Instrumentais de Vida Diária CEP – Comitê de Ética em Pesquisa CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde ESF – Estratégia de Saúde da família IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e estatística ILP – Instituição de Longa permanência OMS – Organização Mundial de Saúde ONU – Organização das Nações Unidas OPAS – Organização pan-americana de saúde PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNI – Política Nacional do Idoso PNSI - Política Nacional de Saúde do Idoso PNSPI - Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica SSPS - Statistical Product and Service Solutions SUS – Sistema Único de Saúde TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFPI – Universidade Federal do Piauí USBC – United State Census Bureal USF – Unidade de Saúde da Família WHO – World health organization

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Perfil socioeconômico e demográfico dos idosos participantes da pesquisa (n=388). Teresina-PI, 2013...................................................................

37

TABELA 2. Distribuição dos hábitos, estilo de vida e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa (n=388). Teresina-PI, 2013.......................................................................................................................

40

TABELA 3. Distribuição do grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013..................................................................................................

41

TABELA 4. Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013..................................................................................................

43

TABELA 5. Associação entre hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e comorbidades com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013........................................................................

45

TABELA 6. Análise bruta e ajustada da incapacidade funcional para as atividades básicas da vida diária (ABVD’s) conforme variáveis independentes (n=388). Teresina-PI, 2013...................................................................................

47

TABELA 7. Análise bruta e ajustada da incapacidade funcional para as atividades instrumentais da vida diária (AIVD’s) conforme variáveis independentes (n=388). Teresina-PI, 2013...........................................................

48

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Distribuição das comorbidades nos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013....................................................................

40

FIGURA 2. Frequência de atividades com incapacidade para os domínios instrumental (AIVD) e básico (ABVD) da vida diária nos idosos atendidos na Atenção Básica..................................................................................................

41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 14 1.1 Delimitação do problema e construção do objeto de estudo.............. 14 1.2 Objetivos............................................................................................. 17 1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................. 17 1.2.2 Objetivos específicos....................................................................... 17 1.3 Justificativa e relevância do estudo..................................................... 17 2 REFERENCIAL TEMÁTICO E CONCEITUAL...................................... 20 2.1 Envelhecimento: aspectos conceituais e epidemiológicos.................. 20 2.2 Trajetória evolutiva das políticas públicas voltadas à saúde da pessoa idosa..............................................................................................

22

2.3 Atenção Básica/Estratégia de saúde da família e o envelhecimento.. 24 2.4 Capacidade/Incapacidade funcional do idoso..................................... 25 2.5 Cuidado de Enfermagem ao idoso na atenção básica........................ 28 3 METODOLOGIA..................................................................................... 31 3.1 Tipo de estudo..................................................................................... 31 3.2 Local e período do estudo................................................................... 31 3.3 População e amostra........................................................................... 31 3.4 Critérios de inclusão ........................................................................... 32 3.5 Coleta dos dados................................................................................. 32 3.5.1 Instrumentos para coleta de dados.................................................. 32 3.5.2 Variáveis do estudo.......................................................................... 34 3.5.2.1 Variável dependente...................................................................... 34 3.5.2.2 Variáveis independentes............................................................... 34 3.5.2 Procedimentos para coleta de dados............................................... 35 3.6 Análise dos dados............................................................................... 36 3.7 Aspectos éticos e legais...................................................................... 37 4 RESULTADOS....................................................................................... 38 4.1 Características sociodemográficas e econômicas dos idosos atendidos na Atenção Básica.................................................................

38

4.2 Hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica.............................................

40

4.3 Grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica........................................................................................................

42 4.4 Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico dos idosos atendidos na Atenção Básica com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária..........................................................................................................

44 4.5 Associação entre hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária.....................................................

46 4.6 Análise bruta e ajustada dos fatores associados à incapacidade

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funcional dos idosos atendidos na Atenção Básica para as atividades básicas e instrumentais de vida diária................................

47

5 DISCUSSÃO........................................................................................... 51 5.1 Características sociodemográficas e econômicas, hábitos e estilo de vida e comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica........................................................................................................

51 5.2 Hábitos, estilo de vida e autoavaliação da saúde dos idosos atendidos na Atenção Básica.................................................................

53

5.3 Grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica........................................................................................................

55 5.4 Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico dos idosos atendidos na Atenção Básica com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária..........................................................................................................

58 5.5 Associação entre hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária.....................................................

60 6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.................................................................... 63

7 CONCLUSÕES ...................................................................................... 64

REFERÊNCIAS 66 APÊNDICES 74 ANEXOS 79

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Delimitação do problema e construção do objeto de estudo

O envelhecimento vem ganhando notável representatividade, devido ao

aumento da expectativa de vida e consequente crescimento do número de idosos na

população, o que gera demanda nos âmbitos político, econômico, social e de saúde.

Os sistemas de saúde bem como as políticas públicas emergentes

trouxeram conquistas para o envelhecimento. Estimativas apontam que em 2050

exista cerca de dois bilhões de pessoas com 60 anos e mais no mundo, a maioria

concentrada nos países em desenvolvimento, como o Brasil, podendo alcançar 18%

da população geral, com cerca de 30 milhões idosos (VIVAN; ARGIMON, 2009;

MURAKAMI; SCATTOLIN, 2010).

O fenômeno demográfico de elevação da expectativa de vida e de maior

proporção de idosos nas sociedades tem gerado espanto e suscitado debates sobre

a velhice e envelhecimento, este pode ser considerado como um dos maiores

desafios da Saúde Pública, principalmente nos países em desenvolvimento, nos

quais ocorreu de forma abrupta, sem tempo para uma reorganização social e dos

serviços de saúde adequados para atender à nova demanda (TAVARES, 2005).

As mudanças ocorridas nos perfis sociodemográfico e epidemiológico da

população brasileira exigem adaptação e melhorias nos serviços de saúde. A

diminuição da taxa de natalidade e a melhoria da qualidade de vida proporcionou um

aumento da população idosa. Segundo o censo demográfico de 2010, o Brasil

possui 20.590.599 pessoas com 60 anos e mais, equivalente a 10,8% da população

brasileira. No Piauí há 331.877 idosos, correspondendo a 10,6% da população do

Estado, enquanto que em Teresina há 69.122, equivalente 8,5% dos teresinenses.

Destes, 28.579 (41,3%) são do sexo masculino e 40.543 (58,7%) do feminino (IBGE,

2010).

Com o aumento da expectativa de vida houve crescimento dos fatores de

risco associados às doenças crônico-degenerativas, que geralmente, não são fatais,

porém tendem a comprometer, significativamente, a qualidade de vida dos idosos.

Tais enfermidades podem ser responsáveis pela incapacidade funcional, ou seja, o

processo pelo qual determinada condição afeta a funcionalidade dos idosos e,

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consequentemente, o desempenho das atividades cotidianas (FIEDLER; PERES,

2008).

Atualmente, verifica-se a existência de muitas políticas públicas voltadas a

população idosa, um exemplo é a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que

entre outros pressupostos, cita a importância da permanência do idoso no âmbito

familiar, o que é possível com recursos, infraestrutura e equipamentos necessários

para a realização das atividades da vida diária (AVD) (THOBER; CREUTZBERG;

VIEGAS, 2005; BRASIL, 2006b).

A avaliação do estado de saúde da população idosa utilizando,

exclusivamente estatísticas de mortalidade, por exemplo, pode não fornecer um

retrato mais detalhado das reais condições de vida e saúde desta, nesse contexto

surge o que se denomina avaliação funcional onde se busca verificar em que nível

as doenças ou agravos impedem o desempenho das atividades cotidianas dos

idosos de forma autônoma e independente (DUARTE; LEBRÃO, 2006).

A investigação da capacidade funcional é um dos grandes marcadores da

saúde do idoso, e vem emergindo como componente-chave para a avaliação da

saúde dessa população (NUNES et al., 2010). Daí decorre, então, o conceito de

capacidade funcional, ou seja, a capacidade de manter as habilidades físicas e

mentais para uma vida independente e autônoma. Este é um conceito que, segundo

o ponto de vista da saúde pública, é mais adequado para instrumentalizar e

operacionalizar a atenção à saúde do idoso (LIMA-COSTA; LOYOLA FILHO;

MATOS, 2007).

Alguns estudos têm evidenciado associação entre o aumento da idade e a

maior chance de dependência funcional, como também a alta prevalência de

incapacidade funcional ou capacidade funcional limitada na população idosa. Essas

pesquisas destacam que os anos a mais adquiridos devem ser acompanhados de

qualidade de vida e isentos de um alto custo de dependência (FIEDLER, PERES,

2008).

O declínio da capacidade funcional pode estar relacionado a uma série de

fatores multidimensionais, que interatuam e definem essa capacidade em idosos,

sendo que a identificação precoce desses fatores pode auxiliar na prevenção da

dependência funcional neste grupo (FIEDLER; PERES, 2008; GIACOMIN et al.,

2008; SANTOS et al., 2007).

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Diante da realidade demográfica e social por que passa a sociedade

brasileira, piauiense e teresinense emergem grandes desafios governamentais e não

governamentais, que vão deste a formação de recursos humanos para saúde até

pesquisas que levantem informações sobre este grupo populacional que possam

servir de base para as políticas, além de estudos das modalidades assistenciais

eficientes na atenção às pessoas idosas, com destaque para atuação da

Enfermagem na atenção ao idoso em todos os níveis de assistência, por meio de

ações de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação deste grupo

populacional.

É de suma relevância identificar a capacidade funcional dos idosos, bem

como relacionar com as condições ambientais, para então investigar quais são

passíveis de intervenção. Os conhecimentos advindos podem tornar-se subsídios

para a implantação de programas, planejamento de estratégias e intervenções

adequadas à realidade do País (ROSA et al., 2003).

No Piauí, se observa poucos estudos que abordam a capacidade funcional

dos idosos, especialmente dando ênfase à importância deste tema para a

enfermagem, porém vale destacar que o interesse por essa temática já é presente, e

para tanto ressalta-se um estudo recém realizado pela Universidade Federal do

Piauí que faz uma análise do estado nutricional e capacidade funcional de idosos no

atendimento ambulatorial (COIMBRA, 2012).

Recente estudo realizado em Teresina- PI abordou a questão da capacidade

funcional de idosos com enfoque naqueles que residem em Instituições de longa

permanência (ILP’s), este teve como objetivo avaliar a capacidade funcional de

idosos residentes em ILP’s e propor planos de intervenção terapêutica (SILVA,

2012). Já pesquisas que abordem a capacidade funcional de idosos na comunidade

em Teresina são escassos, o que despertou a necessidade de ampliar o

conhecimento nessa área relacionando-a com o cuidado de Enfermagem.

Diante do exposto, define-se como objeto do presente estudo, os fatores

preditores para incapacidade funcional de idosos atendidos na atenção básica, e

pretende-se responder às seguintes questões: Qual a capacidade funcional dos

idosos atendidos na atenção básica? Existe correlação entre o perfil desta

população e sua capacidade funcional? Quais os fatores preditores da capacidade

funcional dos idosos na atenção básica? Qual a importância da avaliação da

capacidade funcional na perspectiva do cuidado de Enfermagem?

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Como hipótese do estudo, segue a seguinte premissa: Existem fatores que

estão associados ao déficit funcional dos idosos.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar os fatores preditores para incapacidade funcional de idosos atendidos

na atenção básica de Teresina-PI.

1.2.2 Objetivos específicos

Caracterizar o perfil sociodemográfico e econômico dos idosos atendidos na

atenção básica no município de Teresina (PI);

Correlacionar as variáveis do perfil sociodemográfico, hábitos, estilo de vida, e

autoavaliação de saúde com a incapacidade funcional desses idosos;

Identificar os fatores associados à incapacidade funcional dos idosos;

1.3 Justificativa e relevância do estudo

Atualmente, percebe-se que mesmo após a transição demográfica ocorrida

nos últimos anos, bem como o aumento da população idosa, é recente a elaboração

e implementação das políticas públicas voltadas para o segmento da população

idosa, especialmente quando comparadas com as de países desenvolvidos.

Apesar dos diversos avanços nas políticas públicas voltadas para a

assistência no processo de envelhecimento, percebe-se que tanto as famílias, como

também os profissionais de saúde que cuidam de pessoas idosas necessitam de

instruções e instrumentalizações que permitam operacionalizar de forma adequada,

sistematizada e eficaz a prática do cuidado, especialmente quando se trata dos

idosos que apresentam déficits funcionais.

Vale destacar, que embora já se configurem no cenário nacional, nem todos

os profissionais que atendem à demanda do idoso estão preparados/capacitados

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para atenderem aos anseios dessa população, o que gera insegurança tanto para

quem presta assistência como para quem é assistido.

A avaliação da capacidade funcional é considerada um tema relevante para

pesquisas nas áreas de enfermagem, por auxiliar na identificação da capacidade

para o autocuidado e atendimento às necessidades básicas diárias do idoso.

Entretanto, apesar da importância, ela tem sido utilizada mais por outros

profissionais de saúde, devido à ausência de preparo ou capacitação dos

enfermeiros para a utilização desse recurso assistencial.

A incapacidade funcional impacta na vida social e na saúde dos idosos,

refletindo sobremaneira no seu modo de vida, na dinâmica da família e nos custos

sociais decorrentes de cuidados necessários. Portanto, investir em pesquisas que

explorem a funcionalidade e fatores relacionados e que favoreçam o investimento

em ações que identifiquem o nível de capacidade funcional dos idosos faz-se

necessário.

Assim, é relevante que a enfermagem, envolvida com a atenção à saúde do

idoso, desenvolva pesquisas que promovam o refinamento da prática assistencial.

Na perspectiva de oferecer um cuidado voltado à sua realidade e àquilo que os

idosos, de fato, apresentam como necessidades.

Esta pesquisa poderá contribuir com seus resultados tanto para o ensino, na

pesquisa, bem como para a própria assistência, suscitando novas discussões,

fortalecendo novas descobertas e desafios para a pesquisa e a assistência. Assim

como na exploração multidimensional da saúde do idoso pela equipe

multiprofissional e, a partir disso, gerar o planejamento de novas intervenções

baseadas em evidências e avaliação dos resultados.

É de fundamental importância para a Enfermagem o desenvolvimento de

pesquisas que enfoquem o envelhecimento e a saúde da pessoa idosa, observa-se

que com o passar dos anos que tem havido maior interesse e foco na investigação

sobre a temática do envelhecimento na Enfermagem e na saúde o que expressa, de

certa forma, o próprio desenvolvimento da área da gerontologia e geriatria, uma vez

que os acontecimentos históricos e atuais a respeito da demografia, epidemiologia e

modo de vida das pessoas idosas se tornam necessidades para o conhecimento

científico e a discussão desses fenômenos na Enfermagem e em áreas afins.

É vital que se elaborem propostas com vistas a ampliar a consciência sobre o

envelhecer e os recursos para manutenção da saúde no processo de

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envelhecimento, fortalecer e instrumentalizar a população idosa. A educação em

saúde pode ser uma ferramenta utilizada pela Enfermagem no intuito de desenvolver

as habilidades pessoais da população idosa e o reforçar a promoção da saúde

através de estratégias/ações individuais e coletivas para se alcançar maior saúde e

bem-estar desse segmento populacional.

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2 REFERENCIAL TEMÁTICO E CONCEITUAL

2.1 Envelhecimento: aspectos conceituais e epidemiológicos

O envelhecimento populacional constitui-se um dos maiores triunfos da

humanidade e também um grande desafio. O envelhecimento global tem causado

um aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo. No entanto, os

idosos, muitas vezes, são ignorados como recurso quando, na verdade, constituem

recurso importante para a estrutura das nossas sociedades (WHO, 2005).

Esse fenômeno não se refere às pessoas, nem tampouco às gerações, mas

sim à mudança na estrutura etária da população, que conduz a um aumento do peso

relativo das pessoas acima de determinada idade, considerada como delimitadora

do início da velhice (CARVALHO; GARCIA, 2003).

Define-se envelhecimento como um processo sequencial, individual, não

patológico, resultado do desgaste de um organismo, próprio dos membros de uma

espécie, de modo que o tempo torne menos capaz de responder ao estresse do

ambiente, portanto, que aumenta sua possibilidade de morte (OPAS, 1993).

Torna-se pertinente ainda ressaltar que esse processo é natural e fisiológico,

e faz parte das etapas do desenvolvimento humano, apresentando peculiaridades

que necessitam serem identificadas e reconhecidas, para que se distinga o que faz,

ou não parte do processo (JACOB FILHO; SOUSA, 2000).

Por tratar-se de um processo multidimensional, o envelhecer pode ser

abordado em diversas perspectivas: biológica, social, intelectual, econômica,

funcional e cronológica, embora visto por diversas facetas, observa-se que a

abordagem cronológica é mais utilizada, no entanto, caracterizar a pessoa como

idosa baseando-se apenas o critério idade, é desconsiderar a subjetividade e a

individualidade das pessoas, que são diferentes, e necessitam ser vistas sob

diferentes prismas (JACOB FILHO; SOUSA, 2000).

O envelhecimento ainda é visto por muitos, como uma fase de declínio, no

qual são poucos os benefícios e aquisições as quais podem se desfrutar (CALDAS

et al., 2003). Entretanto, essa visão negativista vem sendo modificada, muitos idosos

referem que pode e deve ser uma fase de conquistas, alegrias e superações.

Negreiros (2003) corrobora, quando afirma que se faz necessário um

reconhecimento sadio do processo de envelhecer como um continuum do

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desenvolvimento humano, encarando as amplas possibilidades e as inelutáveis

limitações.

Os problemas inerentes ao envelhecimento, como as doenças crônico-

degenerativas e incapacitantes, que muitas vezes repercutem em outros problemas

sociais, políticos e econômicos, podem ser em sua maior parte, contornáveis com

soluções adequadas, levando assim a um envelhecimento bem sucedido para a

maioria das pessoas (KUZNIER; LENARDT, 2011).

Do ponto de vista biológico, o envelhecer implica em algumas mudanças na

estrutura corporal, ocorre uma substituição gradual do tecido muscular para o

adiposo; uma diminuição da água corpórea e da massa magra, o que acaba

tornando o idoso frágil e susceptível a fatores intrínsecos e extrínsecos, como

doenças e até mesmo o uso de medicamentos em excesso (ANTONELLI, 2004).

Embora se observe as inúmeras modificações sofridas pela pessoa idosa, é

interessante destacar que o ritmo, a duração e os efeitos do envelhecimento são

relacionados a características peculiares de cada indivíduo, e depende de eventos

de natureza biológica, social, história e psicológica (NERI, 2005).

Além dos conceitos biológicos, é inexorável a abordagem dos aspectos

demográficos e epidemiológicos, para proporcionar uma visão geral desse

fenômeno. O envelhecimento mundial apresenta dados sem precedentes.

Atualmente, os idosos representam 7% da população mundial, e espera-se que em

menos de 30 anos, essa relação dobre, atingindo em 2040, 1,3 bilhões de idosos

(ONU, 2005).

Em termos mundiais, acredita-se que haja um crescimento do segmento da

população com 80 anos ou mais, representando um aumento de 233%. Em

contrapartida, o crescimento da população em geral será de 33%, havendo ainda

uma diminuição do número de crianças, que passará de 28% em 2005, para 20%

em 2050 (IBGE, 2008).

O Brasil, em 2025, será o sexto país do mundo em número de idosos, e tal

fato preocupa devido à velocidade em que se dá esse fenômeno. A análise do

crescimento populacional mostrou que a população idosa praticamente dobrou em

20 anos. Em 2010, constatou-se que pessoas na faixa etária de 60 anos ou mais,

correspondia já a mais de 11%, ou seja, mais de 21 milhões de pessoas, da

população total, e estimativas apontam que nos próximos 30 anos, e esse número

ultrapassará 30 milhões (ONU, 2005; USCB, 2009; IBGE, 2010).

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Nos países desenvolvidos, o envelhecimento populacional, ocorreu

gradativamente, em decorrência das melhorias nas condições de vida e trabalho,

dos níveis educacionais e das melhorias na assistência à saúde. Tais

transformações levaram a uma queda gradual da mortalidade e da fecundidade e

um aumento da expectativa de vida (VERAS, 2002; PASCHOAL, 1997).

Em contrapartida, nos países em desenvolvimento esse processo também

ocorreu em decorrência das melhores condições de vida e saúde, embora se

constate que aconteceu de forma demasiadamente rápida, sem acompanhamento

da velocidade do progresso social e econômico, dificultando assim, a adequação

das políticas públicas voltadas à nova demanda (VERAS, 2002; CARVALHO;

GARCIA, 2003; SCHOUERI JUNIOR; RAMOS; PAPALÉO NETTO, 2000).

O envelhecimento está aliado à mudanças do perfil de morbi-mortalidade da

população, no qual passam a predominar doenças e agravos crônicos, em

detrimento doenças infecciosas, essa transição epidemiológica gera complexas

mudanças nos padrões de saúde-doença e na inter-relação com seus

determinantes.

Neste contexto, surgem as condições crônicas, problemas de saúde que

requerem monitoramento e controle a longo prazo. Doenças cardíacas, diabetes,

câncer, distúrbios mentais, HIV/AIDS, servem de exemplo de condições crônicas,

que refletem forte impacto para os portadores e familiares. Associa-se a essas, a

redução da qualidade de vida e diminuição da expectativa de vida, bem como

incapacidades que impeçam ou dificultem o desempenho das atividades cotidianas

autônoma e independentemente (OMS, 2003; BRASIL, 2006a).

2.2 Trajetória evolutiva das políticas públicas voltadas à saúde da pessoa idosa

As políticas públicas de saúde têm o objetivo de assegurar atenção a toda

população, por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, que

garantam a integralidade da atenção, respeitando as diferentes realidades e

necessidades de saúde da população e dos indivíduos (BRASIL, 2010b).

Ao se fazer uma retrospectiva acerca das políticas públicas de atenção à

saúde do idoso, observa-se inexorável avanço alcançado. Em 1994, foi promulgada

a Política Nacional do Idoso (PNI), através da Lei 8.842/94, regulamentada em 1996

pelo Decreto 1.948/96. Esta política assegurou direitos sociais à pessoa idosa,

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criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva

na sociedade (BRASIL, 1996).

Em 1999, foi decretada a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI), que

determina a elaboração e adequação de planos, projetos e ações em conformidade

com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (BRASIL, 1999). Em 2002,

é proposta a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde

do Idoso.

Logo em seguida, em 2003, é aprovado e sancionado o Estatuto do Idoso,

representando uma das maiores conquistas sociais da população idosa no Brasil,

ampliando a resposta do Estado e da sociedade frente às necessidades da

população idosa (BRASIL, 2003).

Em fevereiro de 2006, é publicado o Pacto pela Saúde, no qual se inclui

Pacto pela Vida, no qual a Saúde do Idoso aparece como uma das seis prioridades

pactuadas entre as três esferas de gestão, desencadeando ações norteadoras para

reformulação da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso (BRASIL, 2006a).

Ainda em 2006, foi assinada a portaria nº 2.528 do Ministério da Saúde, que

aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) (Atualização portaria

nº 1935/94), que tem como finalidade primordial a recuperação, manutenção e

promoção da autonomia e da independência da pessoa idosa, direcionando medidas

coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e

diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como público-alvo todo cidadão

e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2006b).

A PNSPI estabelece que a atenção à saúde do idoso tenha como porta de

entrada a Atenção Básica/Saúde da Família. A Política Nacional de Atenção Básica,

pela portaria do Ministério da Saúde nº 2.488/11, revisou as normas e diretrizes para

organização da atenção básica, esta desenvolve um conjunto de ações de saúde,

individual e coletivamente, que abrangem a promoção e a proteção à saúde, a

prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção

da saúde (BRASIL, 2012a).

A Atenção à Saúde da pessoa idosa na Atenção Básica/Saúde da Família

deve consistir em um processo diagnóstico multidimensional, influenciado por

diversos fatores, tais como o ambiente onde o idoso vive, a relação profissional de

saúde/idoso/familiares e a história clínica. Espera-se oferecer ao idoso, nessa

perspectiva, atenção humanizada, com orientação, acompanhamento e apoio

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domiciliar, com respeito às culturas locais, e às diversidades do envelhecer (BRASIL,

2012a).

2.3 Atenção Básica/Estratégia de saúde da família e o envelhecimento

No Brasil a Atenção Básica, referida frequentemente como atenção primária,

é baseada nos conceitos de universalização do acesso, baixo custo, participação

social, primeiro contato dos indivíduos com o sistema de saúde, interssetorialidade,

integração dos níveis de assistência, educação em saúde e problemas principais

das comunidades, a despeito das particularidades da organização do SUS (BRASIL,

2012a).

A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na

complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca promoção de sua

saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de

sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo

saudável, e tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização

de acordo com os preceitos do SUS (BRASIL, 2012a).

A PNSPI enfatiza em sua introdução o papel fundamental da atenção básica,

por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), na promoção do envelhecimento

saudável, prevenção de doenças, manutenção e melhoria, ao máximo, da

capacidade funcional dos idosos (BRASIL, 2006b).

Em 2005, com o objetivo de reforçar as ações de saúde na atenção básica,

foi estabelecida pelo Ministério da Saúde, a definição da agenda de compromisso

pela saúde que agrega três eixos: o Pacto em defesa do SUS, o Pacto em defesa da

vida e o Pacto de gestão. Dentro do pacto em defesa da vida, o idoso tem uma

atenção especial dos profissionais de saúde na atenção básica (BRASIL, 2006a).

Nessa perspectiva, os profissionais de saúde da família devem estar

preparados para lidar com o envelhecimento rompendo com a fragmentação do

processo de trabalho e estabelecer uma relação com o idoso reconhecendo a sua

experiência e sabedoria (BRASIL, 2006a).

Para a Atenção Básica de Saúde, além da avaliação dos índices de

morbidade e mortalidade, torna-se cada vez mais premente a avaliação do grau de

autonomia e independência da comunidade de idosos para um diagnóstico precoce

de problemas de saúde e a orientação de serviços de apoio onde e quando forem

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necessários, com o fim de manter as pessoas em seus lares, dados estes, bastante

relevantes para os gestores da atenção básica (VERAS,1999; BRASIL, 2006a).

Recentemente, verifica-se uma preocupação das esferas de governo para

que haja uma reorientação do modelo de atenção à saúde no País, por meio do

apoio à Atenção Básica e do estímulo à adoção da ESF como estruturante para a

organização dos sistemas municipais de saúde, e também com vistas à ampliação

consolidação da estratégia, com orientação para organização dos serviços que

considere a incorporação de novos cenários epidemiológicos (BRASIL, 2006a).

Em contraposição, são notórias as dificuldades e obstáculos a serem

vencidos, observa-se que embora sejam factíveis as melhorias, ainda é baixa a

prioridade atribuída à população idosa nas políticas públicas assistenciais,

previdenciárias, o que não favorece os desafios a serem enfrentados para se

assegurar serviços de qualidade, recursos humanos de excelência e conhecimento

para lidar com o grupo etário que mais cresce no Brasil (FIGUEIREDO et al., 2006).

2.4 Capacidade/Incapacidade funcional do idoso

Com intuito de criar um modelo de caráter internacional que classificasse o

impacto das doenças na condição de saúde das pessoas, a Organização Mundial de

Saúde (OMS) elaborou e publicou a Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde (CIF), aprovada na 54th World Health Endorsement of ICF for

International Use. Tal classificação foi revisada e traduzida por um colaborador no

Brasil ligado à Universidade de São Paulo/USP (OMS, 2003).

Nesta classificação estão definidos dois domínios, que são: funcionalidade e

incapacidade, e fatores contextuais. Funcionalidade e incapacidade se referem à

função e estrutura dos sistemas do corpo, representadas pelos diversos órgãos e

suas respectivas funções, e pelas atividades e participação quanto aos aspectos da

funcionalidade, tanto na perspectiva individual como social (OMS, 2003).

O termo funcionalidade está diretamente relacionado com o bem-estar físico

ou psíquico, que se configura com a presença de autonomia e independência.

Autonomia significa a capacidade individual de decisão e comando sobre as próprias

ações. Enquanto que independência refere-se à capacidade de realizar algo com os

próprios meios, permitindo ao indivíduo seu autocuidado, dando conta do que

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denomina Atividades Básicas da Vida Diária (ABVDs) e Atividades Instrumentais da

Vida Diária (AIVDs) (SANTOS; GRIEP, 2013).

As AVD são atividades relacionadas ao autocuidado e que, no caso de

limitação de desempenho, normalmente requerem a presença de um cuidador para

auxiliar a pessoa idosa a desempenhá-las, a saber: alimentar-se, banhar-se, vestir-

se, mobilizar-se, deambular, ir ao banheiro, controlar suas necessidades fisiológicas.

Já as AIVD relacionam-se a participação do idoso em seu entorno social e

indicam a sua capacidade de levar uma vida independente dentro da comunidade, a

saber: São elas: utilizar meios de transporte, manipular medicamentos, realizar

compras, realizar tarefas domésticas leves e pesadas, utilizar o telefone, preparar

refeições, cuidar das próprias finanças (GIACOMIN, 2008).

A PNSI define a capacidade funcional como a capacidade de manter as

habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente, surge do

ponto de vista da saúde pública, como um novo conceito, mais adequado para

instrumentalizar e operacionalizar à atenção à saúde do idoso, transcendendo o

simples diagnóstico e tratamento de doenças específicas (BRASIL, 1999).

A avaliação funcional, preconizada pela PNSPI, pode ser compreendida

como uma tentativa sistematizada de avaliar de forma objetiva os níveis no qual uma

pessoa está funcionando numa variedade de áreas utilizando diferentes habilidades.

Representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de desempenhar

as atividades necessárias para cuidar de si mesma (BRASIL, 2006b).

Avaliar a capacidade funcional é de suma relevância, representa o sinônimo

de uma avaliação ampla da pessoa idosa, possibilita identificar as habilidades

físicas, funcionais e mentais, e ademais as condições da rede de suporte social do

idoso, por meio de diversos instrumentos (RAMOS, 2003).

Essa avaliação é, portanto, essencial para estabelecer um diagnóstico, um

prognóstico e um julgamento clínico adequados, que servirão de base para as

decisões sobre os tratamentos e cuidados necessários. Considera-se um parâmetro

que, associado a outros indicadores, pode ser utilizado para determinar a eficácia e

a eficiência das intervenções propostas (DUARTE, ANDRADE, LEBRÃO, 2007).

A avaliação da capacidade funcional dos idosos pode ser realizada por

intermédio de vários instrumentos, dentre eles, de autopercepção e/ou por testes de

desempenho físico (VIRTUOSO JUNIOR; GUERRA, 2008).

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A avaliação dos dois domínios da capacidade funcional permite uma maior

compreensão acerca dos fatores que interferem sobre o fenômeno visto sob suas

duas perspectivas, ou seja, as atividades de autocuidado e as atividades

instrumentais (DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009).

As escalas de autopercepção são utilizadas com mais frequência, tendo em

vista a apropriação como medida de levantamentos populacionais (COSTA, 2006).

Na literatura brasileira, observa-se que as mais utilizadas são o Índice de Katz e a

escala de Lawton.

O índice de Katz avalia o desempenho do indivíduo em seis tarefas básicas

da vida diária, entre elas, banho, vestuário, higiene, transferências, continência e

alimentação. Mede o nível de independência através das letras A a G, em ordem de

dependência crescente. Proposto por Katz et al. em 1963 foi desenvolvido e utilizado

com idosos institucionalizados, e posteriormente adaptado para populações que

vivem na comunidade; já encontra-se validado no Brasil (KATZ et al.,1963;

DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007).

A escala de Lawton analisa a capacidade funcional da pessoa idosa,

enquanto indicador de saúde e bem-estar, sendo possível determinar se o indivíduo

pode viver sozinho. Possui três tipos de respostas: a primeira significa

independência; a segunda, capacidade com ajuda e a terceira, dependência. O

escore total é de 27 pontos, sendo que a pontuação tem um significado apenas para

o idoso individualmente (FREITAS et al. , 2010).

Estudos realizados em São Paulo, revelaram que dentre 7.980 pessoas com

alguma incapacidade e dependência, 2.672 foram classificadas nos graus 4 e/ou 5

na escala de Cruz Roja de Madri, necessitando, portanto de cuidados. O Projeto

saúde, bem-estar e envelhecimento (SABE), coordenado pela Organização Pan-

Americana de saúde, coletou informações sobre as condições de saúde dos idosos

em diversos países, e no Brasil, realizou em São Paulo (DUAYER; OLIVEIRA, 2003

DAMY, 2010).

Em São Paulo, observou-se que a grande maioria dos idosos não

apresentou dificuldades nas ABVD (80,7%), e entre as que apresentaram, a maioria

tinha dificuldades em uma ou duas atividades, os autores do projeto concluíram que

as condições de saúde dos idosos residentes em São Paulo eram preocupantes

(LEBRÃO; LAURENTI, 2005; DAMY, 2010).

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No Brasil, existem pesquisas que envolvem o estudo da funcionalidade no

indivíduo idoso e a sua repercussão quanto ao cuidador, à família e a ele próprio. Os

resultados desses estudos apontaram que as ações dos profissionais de saúde e

cuidadores precisam considerar os aspectos da reorganização dos serviços; e dar

apoio aos cuidadores, pois o processo de envelhecimento na família e na sociedade

implica em novas orientações para a saúde e práticas familiares de cuidados,

principalmente quanto à diminuição das incapacidades que acometem os idosos

(FERNANDES; GARCIA, 2009; FERRETTI; BERTOLUCCI; MINETT, 2007;

CALDAS, 2005; SEIXAS, 2007; SILVA; SANTOS, 2010).

Seguindo a recomendação das políticas públicas de atenção ao idoso a

avaliação da capacidade funcional possibilitará trabalhar com parâmetros mais

objetivos, lançando mão de tecnologias compatíveis ao cuidado de enfermagem a

grupos populacionais. Sendo, então, útil na identificação de fatores que interferem

na saúde do idoso e também no grau de dependência, e que possam fornecer

subsídios para o planejamento do trabalho em saúde, para o cuidado à pessoa idosa

(COSTA; NAKATANI; BACHION, 2006; DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007).

Com relação ao cuidado de enfermagem direcionado ao idoso de uma forma

interativa, este deve ocorrer em ações consecutivas, dialogadas, entre quem o provê

e quem o recebe. É premente atingir as seguintes metas: promoção de um viver

saudável, com a compensação de limitações e incapacidades; provisão de apoio;

cuidados específicos para facilitação do processo; assim como observar as

recomendações e adequações das políticas públicas voltadas aos idosos (FREITAS,

2006; SANTOS et al., 2008).

Nesse contexto, observa-se a necessidade de os profissionais de saúde,

entre eles os enfermeiros, estarem atentos e capacitados para a classificação do

grau de funcionalidade do idoso, tanto física como cognitivamente, considerando-a

como o melhor indicador para o planejamento das intervenções, assim como para

um melhor acompanhamento do ponto de vista clínico-funcional (BRASIL, 2006a).

2.5 Cuidado de Enfermagem ao idoso na atenção primária

A atenção à saúde do idoso necessita de embasamento em ações de

cuidado, com foco no usuário/paciente, considerando seus direitos, necessidades,

preferências e habilidades, estabelecendo um fluxo de acesso bidirecional e

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funcionante, com suporte de estrutura e de profissionais qualificados. A fim de

garantir uma atenção integral é fundamental que haja uma interação entre os idosos

e os profissionais de saúde, através de acolhimento e de escuta qualificada

(COSTA; CIOSAK, 2010).

O enfermeiro, como integrante da equipe atuante na atenção primária,

apresenta o desafio de redefinir sua prática assistencial, gerencial e de ensino,

embasados na epidemiologia crítica e no modelo de atenção integral à saúde, e

subsidia-se no planejamento com vistas a construção de práticas inovadoras e

multidirecionais (ALMEIDA, 2009).

Cabe à equipe multiprofissional, incluído nesta o enfermeiro, estar atenta à

mudança no perfil populacional, com aumento da população idosa, de forma que é

requerida uma atenção especial à saúde do idoso, e um incentivo a participação

ativa dessa população, visando uma melhor qualidade de vida, embasado em ações

de prevenção e promoção de saúde (SILVESTRE; COSTA NETO, 2003).

O cuidado à pessoas idosas deve ocorrer com vistas à melhoria da sua

qualidade de vida, com objetivo de manter o idoso junto a sua família, na

comunidade. Deve ainda haver garantia de serviços que possibilitem acesso e

acolhimento, respeitando suas limitações. O enfermeiro deve apresentar

conhecimentos, habilidades para realizar um cuidado intergrado às demais práticas

da rede de cuidado social (BRASIL, 2010a).

Os componentes desse cuidado envolvem competência técnica,

conhecimento científico, qualidades humanas, nesse contexto é necessário distinguir

o cuidar e o cuidado. Cuidar significa uma ação dinâmica, pensada e refletida,

envolve um agir, uma atitude integrada pessoal e a profissional, já o cuidado tem a

conotação de responsabilidade e de zelo (ROCHA et al., 2011).

O Ministério da Saúde, ao lançar o caderno de Atenção Básica número 19

que correspondente ao Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa objetivou o

treinamento dos trabalhadores que atuam na ESF, e capacitação dos enfermeiros,

ao trazer instrumentos acerca da avaliação multidimensional à pessoa idosa. O

cuidado realizado pode então ser subsidiado por uma avaliação multidimensional,

abrangendo: saúde física, saúde psicológica, parâmetros sociais, independência

funcional e autonomia (atividades básicas da vida diária e atividades instrumentais

da vida diária), destacando-se esses últimos como objeto deste estudo (BRASIL,

2006b).

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A enfermagem tem papel fundamental na assistência, educação em saúde e

formação de recursos humanos, por serem ferramentas utilizadas para se promover

saúde, nas diversas áreas de atuação, inclusive na atenção primária. Neste

contexto, a enfermagem tem buscado novos horizontes e perspectivas mais

humanizadas no cuidado com as pessoas, especialmente, aos idosos, grupo ainda

pouco reconhecido devido aos estereótipos impostos pela sociedade (SOUSA et

al.,2008).

Assim, resgatar o cuidado humano torna-se essencial para os profissionais de

saúde da ESF, principalmente quando se trata de cuidado à pessoa idosa que

precisa de atenção, carinho, respeito a seus valores culturais, por se encontrar em

situação de fragilidade ocasionada pela própria idade (ROCHA et al., 2011).

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo

Estudo transversal, de caráter descritivo com análise quantitativa de dados.

3.2 Local e período do estudo

A Estratégia Saúde da Família tem hoje uma cobertura de aproximadamente

86% da população do município, com 191.938 famílias cadastradas, atendendo

720.785 indivíduos, destes 80.766 são idosos (SIAB, 2012). A pesquisa foi realizada

nas Unidades de Saúde da Família (USF) da cidade de Teresina/PI.

A cidade de Teresina está dividida em três regionais de saúde,

denominadas: Leste/Sudeste, Centro Norte e Sul. A Regional Leste/Sudeste possui

31 USF que garantem a cobertura populacional de 26.577 idosos compreendidos

entre as zonas urbana e rural. A Regional de Saúde Centro Norte possui 24 USF

com equipes cobrindo uma população de 26.389 idosos incluídos entre as zonas

urbana e rural. Na Regional Sul foram encontradas 28 USF com equipes de saúde

atuando sobre uma população de 28.386 pessoas na terceira idade distribuídas nas

zonas rural e urbana.

Foi feito um levantamento das Unidades de Saúde da Família (USF) de cada

regional de saúde (centro norte, leste/sudeste e sul) do município de Teresina,

atuantes na zona urbana. Estas foram enumeradas e, realizou-se um sorteio para a

escolha de 01 USF em cada regional, na qual foi efetuado o estudo, obtendo-se:

Centro de saúde do Sacy – sul; USF Dirceu II (3) – leste/sudeste e USF Cidade

Jardim – centro/norte. Contudo, pensou-se no caso de não se atingir a devida

amostra de sujeitos nas USF´s de pesquisa, e realizou-se o sorteio de uma 2ª opção

que resultou em: UFS Bela Vista – sul; USF Piçarreira – leste/sudeste e USF Nova

Brasília – centro/norte. Porém com o primeiro sorteio contemplou-se toda a amostra.

Os dados foram coletados no período de junho de 2013 a novembro de 2013.

3.3 População e amostra

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A população geral do estudo compreendeu 74.674 idosos cadastrados na

zona urbana de cobertura da Estratégia Saúde da Família no município de

Teresina/PI, segundo dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS) (SIAB, 2012).

De acordo com o IBGE de 2010, o município de Teresina possui uma

população total de 814.230 habitantes, sendo que 94,3% desta população está

localizada na área urbana, 8,4% é composta por idosos de 60 ou mais anos (IBGE,

2010). A amostra foi constituída por 388 sujeitos, a qual foi dividida

proporcionalmente ao número de idosos em cada regional de saúde conforme

quadro 1.

Regional de saúde N° de idosos

(zona urbana) Amostra

Sul 25.984 135

Centro/Norte 25.036 131

Leste/Sudeste 23.670 122

Quadro 1. Número estimado de idosos por regional de saúde da cidade de Teresina

segundo FMS (2012) e amostra do estudo.

O número de indivíduos da amostra foi estabelecido por meio de cálculo

estatístico baseado no número de variáveis de interesse da pesquisa. O poder do

estudo adotado foi de 95% com nível de significância de 0,05.

3.4 Critérios de inclusão

Ter idade igual ou superior a 60 anos, residir na área de abrangência do

projeto, ser cadastrado na Estratégia Saúde da Família e aceitar participar da

pesquisa.

3.5 Coleta de dados

3.5.1 Instrumentos para coleta de dados

Para coleta de dados foram utilizados três instrumentos, o primeiro um

formulário contendo dados gerais sobre o idoso, e os últimos, índice de Katz e

escala de Lawton, respectivamente. A escolha desses instrumentos se deu em

função de serem validados, amplamente utilizados em pesquisas, e por serem os

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preconizados pelo Ministério da Saúde para realização da avaliação funcional da

pessoa idosa na atenção básica (BRASIL, 2006a).

A) Instrumento I (Apêndice A): formulário contendo dados sócios demográficos,

econômicos e de saúde.

B) Instrumento II (ANEXO A): Índice de Katz: Criado na década de 50, quando

cientistas buscavam desenvolver instrumentos que pudessem quantificar e os

problemas funcionais dos idosos. Katz e colaboradores observaram que seis

atividades cotidianas eram semelhantes a comportamento associados a

sociedades primitivas e à sequência de atividades no processo de

desenvolvimento infantil. O pesquisador atuava em uma instituição de longa

permanência e junto à sua equipe, desenvolveu o Index of Activity Daily

Living, que avalia atividades como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro,

transferir-se da cadeira para cama e vice–versa, controlar esfíncteres e

alimentar-se. Posteriormente, passou a se chamar Index of Independence in

Activities of Daily Living. A escala avalia a independência no desempenho de

seis atividades diárias, o escore varia de 0 a 6, sendo que zero significa

independência total, e 6 dependência para todas as ABVD. O grau de

dependência é associado a letras do alfabeto; A – Independente para todas

as atividades; B- Independente para todas as atividades, menos uma; C-

Independente para todas as atividades, menos banho e mais uma adicional;

D- Independente para todas as atividades, menos banho, vestir-se e mais

uma adicional; E- Independente para todas as atividades, menos banho,

vestir-se, ir ao banheiro e mais uma adicional; F- Independente para todas as

atividades, menos banho, vestir-se, ir ao banheiro, realizar transferência e

mais uma adicional; G- Dependente para todas as atividades (KATZ et al.,

1963).

C) Instrumento III (ANEXO B): Escala de Lawton: avalia o nível de

independência da pessoa idosa no que se refere à realização das atividades

instrumentais (AIVD) que compreendem oito tarefas como usar telefone,

fazer compras, preparação da alimentação, lida da casa, lavagem da roupa,

uso de transportes, preparar medicação e gerir o dinheiro, mediante a

atribuição de uma pontuação segundo a capacidade do sujeito avaliado para

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realizar essas atividades. A adaptação da escala para AIVD foi traduzida para

o português e encaminhada para três pesquisadores da área de gerontologia

com domínio do inglês e português, foi aplicada e reaplicada depois de sete

dias da primeira avaliação para obtenção da confiabilidade. O escore total

varia de 7 21, quanto menor o valor obtido, maior o grau de

comprometimento da pessoa para levar uma vida independente. É

constituída de sete domínios, onde cada domínio pode ser pontuado de 1 a 3;

sendo 1- dependente, 2- necessita de assistência, 3- independente

(SANTOS; VIRTUOSO JUNIOR, 2008).

3.5.2 Variáveis do estudo

3.5.2.1 Variável dependente

Incapacidade funcional para ABVD e AIVD

3.5.2.2 Variáveis independentes

A - Variáveis sociodemográficas

Sexo

Faixa etária

Escolaridade

Estado civil

Procedência

Cor

Religião

Arranjo familiar

Ocupação

Renda familiar

Renda do idoso

B – Variáveis (hábitos e estilo de vida; autoavaliação de saúde e comorbidades)

Etilismo

Tabagismo

Prática de Atividade física

Autoavaliação de saúde

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Comorbidades

3.5.3 Procedimento para coleta de dados

Nas USFs de estudo, foi feito um levantamento dos domicílios onde residiam

os idosos e sorteio aleatório dos que fizeram parte de amostra. Cada idoso e

recebeu orientações detalhadas sobre a pesquisa e após a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, iniciou-se a aplicação dos instrumentos de

pesquisa, os quais foram preenchidos pela pesquisadora e colaboradores

Inicialmente foi realizado um pré-teste para verificar se o formulário (APÊNDICE A)

adequava-se aos objetivos propostos, ou se seriam necessárias alterações e para

promover a aproximação da pesquisadora com o ambiente e os sujeitos da

pesquisa.

As pesquisadoras buscaram apoio junto aos agentes comunitários de saúde

(ACS) das respectivas USF, com intuito de facilitar o acesso aos idosos, já que são

profissionais que tem uma aproximação real com a população e conhecem todo o

território no qual atuam, caso não se conseguisse desenvolver a pesquisa no

primeiro encontro, devido a fatores diversos, era realizado um agendamento, para

realizar a entrevista no momento oportuno.

A aplicação dos instrumentos foi realizada em quatro ou cinco dias por

semana, nos turnos da manhã e da tarde, com apoio dos acadêmicos participantes

do macro-projeto, no qual este está incluído. As entrevistas foram realizadas nos

domicílios dos idosos, com uma duração, em média, de 40 minutos.

De modo geral, os ACS acompanharam os entrevistadores, em quase todos

os domicílios, no intuito de se apresentar como um elo entre entrevistador-

entrevistado, especialmente na comunidade de mais difícil acesso, facilitando toda a

logística de trabalho, entretanto nas outras duas comunidades, eles direcionaram e

colaboravam quando solicitados.

De posse da lista de domicílios a serem visitados, cada um dos

entrevistadores realizava a visita e entrevista com o idoso participante, quando

ocorria de o idoso não se encontrar no domicilio na hora da visita, eram realizadas

novas tentativas em horários diferentes, e após três visitas caso o idoso não fosse

encontrado, era então excluído da amostra.

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3.6 Análise dos dados

Os dados foram digitados no programa Microsoft Excel. Após a codificação de

todas as variáveis, elaborou-se um banco de dados que foi alimentado por técnica

de dupla entrada. Ao término da digitação foi realizada a validação do banco de

dados para a análise da consistência interna. As informações obtidas com o índice

de Katz e com a escala de Lawton e as coletadas a partir do formulário

sociodemográfico foram tratadas em termos estatísticos igualmente pelo software

SSPS (Statistical Product and Service Solutions, 18.0).

Para a caracterização da população (Análise univariada) foi feita a análise

descritiva por meio das médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos dos

escores das variáveis quantitativas e proporções para as variáveis qualitativas. Os

instrumentos da pesquisa foram avaliados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov para

verificar a aderência do desfecho à distribuição normal, determinando os tipos de

testes estatísticos a serem utilizados. Como os dados não seguiram tendência de

normalidade foram utilizados testes não paramétricos.

Para a análise da correlação entre as ABVD e as AIVD e as variáveis

quantitativas foi utilizado o coeficiente de correlação Spearman.

Para comparação das médias das ABVD e AIVD segundo as categorias das

variáveis qualitativas dicotômicas, foi utilizado o teste Mann-Whitney e para

comparação das médias entre as variáveis qualitativas com três ou mais categorias,

foi utilizado o teste Kruskal-Wallis com post hoc de Dun.

Para análise de regressão linear múltipla as variáveis foram recategorizadas.

Na análise bruta, foram empregados testes do tipo qui-quadrado para

heterogeneidade ou tendência linear, considerando-se estatisticamente significantes

valores p≤ 0,05.

Na análise ajustada, foi utilizada a regressão de Poisson com variância

robusta, sendo respeitada a hierarquia entre os possíveis fatores associados com o

desfecho. Para facilitar a análise e realização dos testes estatísticos, utilizou-se

definição já apresentada em outras pesquisas, tanto a incapacidade funcional para

as atividades básicas quanto para as atividades instrumentais foram definidas da

mesma forma: necessidade de ajuda parcial ou total para, no mínimo, uma das

atividades diárias investigadas. Assim, os índices de Katz e Lawton foram

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dicotomizados em: zero (independente para todas as atividades) e um (dependente

para uma ou mais atividades) (PEREIRA et al., 2012).

3.7 Aspectos éticos e legais

Trata-se de subprojeto integrante do macro-projeto intitulado: “O olhar da

Enfermagem para a multidimensionalidade do envelhecimento”, esse sob

coordenação da Profª. Drª. Maria do Livramento Fortes Figueiredo, que atendeu às

normas que regulamentam a pesquisa em seres humanos contidas na Resolução nº

466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012b).

Tendo em vista tratar-se de uma amostra formada por idosos cadastrados

pela Estratégia Saúde da Família, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação Municipal de Saúde de Teresina recebendo

parecer favorável para sua realização (ANEXO C). Após a apresentação do projeto

de pesquisa foi garantida a confidencialidade para fins de utilização dos dados

coletados (ANEXO D) e apresentada a declaração de responsabilidade dos

pesquisadores com o estudo (ANEXO E). O projeto foi então encaminhado à

Plataforma Brasil submetido à Comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal

do Piauí por meio da Plataforma Brasil. (CAAE:05888313.0.00005214)

Os idosos participantes do estudo receberam o termo de consentimento livre

e esclarecido (APÊNDICE B), e foram devidamente esclarecidos verbalmente sobre

os objetivos do estudo, e questionados sobre sua participação, após consentimento,

iniciou-se a coleta de dados. O mesmo foi assinado em duas vias, ficando uma em

posse da pesquisadora responsável pelo estudo e a outra, em posse do participante

da pesquisa.

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4 RESULTADOS

Os resultados serão apresentados conforme os objetivos propostos, inicialmente

será abordado o perfil sociodemográfico e econômico dos idosos atendidos na

atenção básica, por conseguinte os dados relativos aos hábitos e estilo de vida dos

idosos e comorbidades associadas e por fim, a descrição do grau de dependência

para as atividades básicas e instrumentais da vida diária dos idosos, e a correlação

entre os fatores associados e o grau de dependência funcional.

4.1 Características sociodemográficas e econômicas dos idosos atendidos na

Atenção Básica

O perfil sociodemográfico e econômico dos idosos atendidos na Atenção Básica

é apresentado na Tabela 1.

TABELA 1. Perfil socioeconômico e demográfico dos idosos participantes da

pesquisa (n=388). Teresina-PI, 2013. Continua

Variáveis n %

Sexo

Masculino 138 35,6

Feminino 250 64,4

Faixa etária

60-70 anos 196 50,5

70-80 anos 120 30,9

≥80 anos 72 18,6

Média (D.P) 71,0 (8,2)

Estado civil

Solteiro (a) 34 8,8

Casado(a)/União estável 206 53,1

Separado (a)/Divorciado (a) 42 10,9

Viúvo (a) 106 27,2

Escolaridade (anos)

0-4 245 63,2

5-8 66 17

9-11 52 13,3

≥12 25 6,5

Procedência

Capital 66 17,0

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TABELA 1. Perfil socioeconômico e demográfico dos idosos participantes da pesquisa (n=388). Teresina-PI, 2013.

Continuação

Variáveis n %

Interior do estado 266 68,6

Outros estados 56 14,4

Cor

Pardo (a) 233 60,1

Branco (a) 90 23,2

Negro (a) 58 14,9

Amarelo (a) 07 1,8

Religião

Católico (a) 292 75,3

Evangélico (a) 72 18,6

Espírita 03 0,8

Outras 06 1,5

Não possui 15 3,9

Quantidade pessoas na residência

Média (D.P) 3,0 (1,9)

Com quem mora

Mora sozinho (a) 32 8,2

Cônjuge 29 7,5

Cônjuge e filhos 81 20,9

Filhos 50 12,9

Cônjuge, filhos e netos 58 14,9

Filhos e netos 52 13,4

Netos 11 2,8

Outros 75 19,3

Ocupação

Aposentado (a) 276 71,1

Empregado (a) 13 3,4

Aposentado (a) em atividade 19 4,9

Pensionista 44 11,3

Autônomo 15 3,9

Não possui renda 21 5,4

Renda familiar (SM)

Até 1 53 13,7

1-2 138 35,6

3-4 126 32,5

5-6 45 11,6

7-8 18 4,6

9-10 02 0,5

Acima de 10 06 1,5

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TABELA 1. Perfil socioeconômico e demográfico dos idosos participantes da pesquisa (n=388). Teresina-PI, 2013.

Conclusão

Variáveis n %

Renda do idoso (a) (SM)

Até 1 210 54,1

1-2 117 30,2

3-4 37 9,5

5-6 15 3,9

7-8 03 0,8

9-10 01 0,3

Acima de 10 05 1,3

SM: Salário Mínimo (R$=678,00); D.P: Desvio Padrão.

A população do estudo foi constituída de 250 (64,4%) de mulheres e 138

(35,6%) de homens com idade variando de 60 a 97 anos, sendo a média de 71 (8,2).

A maioria dos idosos, 206 (53,1%) era casada ou vivia em união estável, e embora

morando da capital, era proveniente do interior do estado, 266 (68,6%).

Quando observado a escolaridade, 245 (63,2%) nunca estudaram ou

estudaram quatro anos, 66 (17%) estudaram entre cinco a oito anos, 52 (13,3%) de

nove a onze anos e 25 (6,5%) estudaram doze anos ou mais.

Quanto à cor, 233 (60,1%) idosos declararam ser pardos, e quando

questionados sobre religião, uma quantidade expressiva afirmou ser católica, um

total de 292 (75,3%). Verificou-se que 32 (8,2%) moravam sozinhos, mas a maioria

356 (91,8%) morava com outras pessoas, em sua maioria com cônjuge e filhos, 81

(20,9%), com uma média de 3 (1,9%) pessoas por residência.

A maior parcela dos idosos, 276 (71,1%) era de aposentados, sendo que 327

(84,3%) apresentavam uma renda individual de até dois salários mínimos. Um

quantitativo de 191 (49,3%) idosos dispunha de uma renda familiar total de até dois

salários mínimos. (Tabela 1)

4.2 Hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e comorbidades dos idosos

atendidos na Atenção Básica

Os hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e comorbidades dos idosos

participantes do estudo são apresentados na tabela 2 e figura 1.

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TABELA 2. Distribuição dos hábitos, estilo de vida e autoavaliação do estado de saúde dos idosos participantes da pesquisa (n=388). Teresina-PI, 2013.

Variáveis n %

Etilismo

Sim 41 10,6

Não 347 89,4

Tabagismo

Sim 41 10,6

Não 267 68,8

Ex-tabagista 80 20,6

Sono e repouso

Reparador 237 61,1

Não reparador 81 20,9

Insônia 70 18,0

Prática de atividade física

Caminhada 83 21,4

Hidroginástica 12 3,1

Musculação 03 0,8

Não pratica 290 74,7

Autoavaliação do estado de saúde

Muito ruim 24 6,2

Fraca 65 16,8

Nem ruim nem boa 140 36,1

Boa 139 35,8

Muita boa 20 5,2

Com relação aos hábitos e estilo de vida, verificou-se que 347 (89,4%) idosos

referiram não serem etilistas, e 267 (68,8%) afirmaram não serem tabagistas,

destacando-se ainda que 80 (20,6%) eram ex-tabagistas. A maioria dos

participantes, 237 (61,1%) destacou que apresentava um sono reparador, conseguia

dormir bem, sendo que os demais 151 (38,9%) ou não conseguiam dormir bem, ou

faziam uso de fármacos para dormir.

Quando questionados acerca da prática de atividades físicas, 290 (74,7%)

idosos declararam não praticar qualquer atividade física, e dentre os que praticavam,

constatou-se que caminhada era a mais praticada com um total de 83 (21,4%)

idosos. Investigou-se, ainda, qual avaliação o idoso fazia sobre sua própria saúde, e

obteve-se que 140 (36,1%) caracterizavam sua saúde como nem ruim nem boa

(Tabela 2).

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FIGURA 1. Distribuição das comorbidades nos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013.

No tocante às comorbidades associadas referidas, foram pesquisadas quatro

mais citadas entre os participantes, a saber: hipertensão, diabetes, osteoporose e

artrose. Segundo os dados obtidos, 183 (47,2%) idosos apresentavam pelo menos

uma das comorbidades acima, e 136 (35,1%) referiam não sofrer de nenhum desses

agravos.

4.3 Grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida

diária dos idosos atendidos na Atenção Básica

O grau de dependência, com classificação em Independente, parcialmente

dependente e dependente para as atividades básicas e instrumentais de vida diária

apresenta-se na Tabela 3 e Figura 2.

TABELA 3. Distribuição do grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013.

Atividades Independente

Parcialmente dependente

Dependente

n % n % n %

Atividades básicas (ABVD)

35,1%

47,2%

13,1%

3,6% 1,0%

00%

05%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Nenhuma (n=136) Uma (n=183) Duas (n=51) Três (n=14) Quatro (n=04)

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Banhar-se 374 96,4 06 1,5 08 2,1 Vestir-se 350 90,2 29 7,5 09 2,3 Ir ao banheiro 380 97,9 05 1,3 03 0,8 Transferência 376 96,9 10 2,6 02 0,5 Continência 374 96,4 08 2,1 06 1,5 Alimentação 377 97,2 06 1,5 05 1,3 Atividades instrumentais (AIVD) Usar telefone 285 73,5 62 16,0 41 10,6 Usar meio de transporte 269 69,3 87 22,4 32 8,2 Fazer compras 310 79,9 48 12,4 30 7,7 Preparar suas refeições 331 85,3 31 8,0 26 6,7 Arrumar a casa 302 77,8 47 12,1 39 10,1 Fazer trabalhos manuais 299 77,1 35 9,0 54 13,9 Lavar e passar roupa 299 77,1 40 10,3 49 12,6 Tomar remédio 344 88,7 29 7,5 15 3,9 Cuidar do dinheiro 323 83,2 46 11,9 19 4,9

Dentre as atividades básicas de vida diária, a menor proporção de

independência foi observada em vestir-se com 350 (90,2%) idosos, seguida por

banhar-se e continência com 374 (96,4%). Com relação às atividades instrumentais,

269 (69,3%) idosos foram menos independentes para realizar deslocamentos

utilizando algum meio de transporte, 285 (73,5%) para usar o telefone e 299 (77,1%)

para fazer trabalhos manuais e lavar e passar roupa.

FIGURA 2. Frequência de atividades com incapacidade para os domínios instrumental (AIVD) e básico (ABVD) da vida diária nos idosos atendidos na Atenção Básica

87,6%

54,4%

6,7%

8,5%

4,4%

17,8%

1,3%

19,3%

00% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

ABVD’s

AIVD's

Sem atividade Uma atividade Duas a quarto atividades Cinco ou mais atividades

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A Figura 2 apresenta a frequência de atividades com incapacidade para os

domínios básico e instrumental nos idosos. Nota-se entre os indivíduos com

incapacidade que a presença desse desfecho em apenas uma atividade

instrumental foi bem mais frequente do que a presença em apenas uma básica

(8,5% versus 6,7%).

Utilizando-se a definição de incapacidade funcional como necessidade de

ajuda parcial ou total em pelo menos uma atividade, a prevalência de incapacidade

para ABVD´s foi de 12,4% (n=48; IC 95%: 9,1-15,7) e para as AIVD´s 45,6% (n=177;

IC95%: 40,6-50,6).

4.4 Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico dos idosos

atendidos na Atenção Básica com a incapacidade funcional para atividades

básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária

Ao realizar um comparativo entre características sociodemográficas e

econômicas dos idosos com a incapacidade funcional, observou-se na Tabela 4 que

não houve diferenças significativas em relação às variáveis sexo, procedência,

religião e com quem mora.

TABELA 4. Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico com a

incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013.

Continua

Variáveis Total

Incapacidade Funcional

ABVD’s P*

AIVD’s P*

n n % n %

Sexo 0,322 0,400

Masculino 138 14 29,2 59 33,3

Feminino 250 34 70,8 118 66,7

Faixa etária (anos) <0,001 <0,001

60-70 196 10 20,8 54 30,5

70-80 120 09 18,8 62 35,0

≥80 72 29 60,4 61 34,5

Escolaridade 0,001 <0,001

Sem escolaridade 133 27 56,2 87 49,2

Com escolaridade 255 21 43,8 90 50,8

Estado civil 0,021 0,310

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TABELA 4. Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico com a

incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013.

Conclusão

Total Incapacidade Funcional

Variáveis ABVD’s P* AIVD’s P*

n n % n %

Sem companheiro (a) 182 30 62,5 88 49,7

Com companheiro (a) 206 18 37,5 89 50,3

Procedência 0,222 0,471

Capital 66 04 8,3 26 14,7

Interior do estado 266 37 77,1 123 69,5

Outros estados 56 07 14,6 28 15,8

Cor 0,025 0,619

Não branco (a) 58 43 89,6 138 78,0

Branco (a) 90 05 10,5 39 22,0

Religião 0,141 0,030

Não católico (a) 96 32 66,7 53 29,9

Católico (a) 292 16 33,3 124 70,1

Com quem mora 0,982 0,336

Mora sozinho (a) 32 04 8,3 12 6,8

Não mora sozinho (a) 352 44 91,7 165 93,2

Ocupação 0,006 <0,001

Sem ocupação 341 48 100,0 167 94,4

Com ocupação 47 0 0,0 10 5,6

Renda familiar (SM) 0,023 0,002

Até 2 191 31 64,6 102 57,6

> 2 197 17 35,4 75 42,4

Renda do idoso (a)

(SM)

0,002 <0,001

Até 1 210 36 75,0 120 67,8

> 1 178 12 25,0 57 32,2

SM: Salário Mínimo (R$=678,00), *Teste Qui-quadrado de Pearson (²)

Somente as variáveis faixa etária, escolaridade, estado civil, cor, ocupação

renda familiar e individual do idoso apresentaram diferença estatisticamente

significativas quando relacionadas à incapacidade funcional (Tabela 4).

Em relação à variável faixa etária, observou-se que houve associação com a

incapacidade funcional tanto para as atividades básicas, quanto com as

instrumentais (p<0,001). Para a variável escolaridade, também houve associação

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com a incapacidade funcional para as duas categorias de atividades

(p=0,001;p<0,001).

A associação com a variável estado civil obteve resultado diferente, ela teve

associação significativa apenas para incapacidade funcional para atividades básicas

(p=0,021), idêntico ao observado com a variável cor, que teve o mesmo desfecho

(p=0,025).

Em contrapartida, a variável religião comportou-se de modo diferente,

verificou-se uma associação significativa com incapacidade funcional para atividades

instrumentais de vida diária (p=0,03). Ocupação, renda familiar e individual do idoso

foram variáveis que comportaram-se da mesma forma (p=0,006;p<0,001);

(p=0,023;p=0,002);(p=0,002;p<0,001).

4.5 Associação entre hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e

comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica com a incapacidade

funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida

diária

Ao comparar os hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e

comorbidades dos idosos com a incapacidade funcional, verificou-se na Tabela 5

que não houve diferença significativa com as variáveis tabagismo, atividade física, e

comorbidades.

TABELA 5. Associação entre hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e

comorbidades com a incapacidade funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária dos idosos atendidos na Atenção Básica (n=388). Teresina-PI, 2013.

Continua

Variáveis Total

Incapacidade Funcional

ABVD’s P*

AIVD’s P*

n n % N %

Etilista 0,123 <0,001

Não 347 46 95,8 169 95,5

Sim 41 02 4,2 08 4,5

Tabagista 0,123 0,816

Não 347 46 95,8 159 89,8

Sim 41 02 4,2 18 10,2

Sono e repouso 0,046 0,020

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Conclusão

Total Incapacidade Funcional

Variáveis ABVD’s P* AIVD’s P*

n n % N %

Não reparador/

Insônia 151 25

52,1 80 54,8

Reparador 237 23 47,9 97 45,2

Atividade física 0,965 0,945

Não pratica 290 36 75,0 132 74,6

Pratica 98 12 25,0 45 25,4

Autoavaliação de

saúde

0,236 0,003

Muito ruim/Fraca 89 15 31,2 52 29,4

Nem ruim nem boa 140 13 27,1 67 37,9

Boa Muita/boa 159 20 41,7 58 32,8

Comorbidades 0,704 0,197

Sem morbidades 136 18 37,5 56 31,6

Com morbidades 252 30 62,5 121 68,4

*Teste Qui-quadrado de Pearson (²)

Somente as variáveis etilismo, sono e repouso e autoavaliação de saúde

apresentaram diferença estatisticamente significativas quando relacionadas à

incapacidade funcional.Em relação à variável etilismo, observou-se que houve

associação somente com a incapacidade funcional para as atividades instrumentais

(p<0,001).

Em relação à variável sono e repouso, verificou-se que houve associação

com a incapacidade funcional tanto para as atividades básicas, quanto com as

instrumentais (p=0,046; p=0,020). Ao comparar a autoavaliação de saúde com a

incapacidade, obteve-se uma associação significativa somente com a incapacidade

para as atividades instrumentais de vida diária (p=0,003).

4.6 Análise bruta e ajustada dos fatores associados à incapacidade funcional

dos idosos atendidos na Atenção Básica para as atividades básicas e

instrumentais de vida diária

Após a identificação dos fatores associados à incapacidade funcional para as

atividades básicas e instrumentais de vida diária, observa-se nas Tabela 6 e 7 quais

variáveis permaneceram ainda associadas após análise ajustada.

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TABELA 6. Análise bruta e ajustada da incapacidade funcional para as atividades

básicas da vida diária (ABVD’s) conforme variáveis independentes (n=388). Teresina-PI, 2013.

RPbruta IC95% P* RPajustada IC95% P#

Faixa etária (anos) <0,001 <0,001† 60-70 ref. ref.

70-80 0,92 0,86-0,99

1,32

0,56-3,13

≥80 1,57 1,30-19,1

6,05 2,94-12,46

Escolaridade 0,001 0,361 Sem escolaridade ref. ref.

Com escolaridade 0,87 0,79-0,95

0,77 0,45-1,34

Estado civil 0,021 0,162 Sem companheiro (a) ref. ref.

Com companheiro (a) 0,92 0,85-0,99

0,65 0,36-1,19

Cor 0,025 0,029

Branco (a) ref. ref.

Não Branco (a) 1,10 1,03-1,18

2,58 1,10-6,05

Religião 0,141 0,328 Não católico (a) ref. ref.

Católico (a) 0,94 0,85-1,03

0,76 0,43-1,32

Renda familiar (SM) 0,023 0,520 Até 2 ref. ref.

> 2 0,92 0,85-0,99

1,26 0,62-2,56

Renda do idoso (a) (SM)

0,002 0,172

Até 1 ref. ref.

> 1 0,89 0,83-0,96

0,63 0,32-1,23

Etilista 0,123 0,629 Não ref. ref.

Sim 0,91 0,84-1,00

0,75 0,23-2,41

Tabagista 0,123 0,502 Não ref. ref.

Sim 0,91 0,84-1,00

0,64 0,17-2,36

Sono e repouso 0,046 0,169 Não reparador/

Insônia ref.

ref.

Reparador 0,92 0,85-0,99

0,70 0,43-1,15

RP bruta: Razão de Prevalência Bruta variáveis não ajustadas – análise bivariada; RP ajustada: Razão de Prevalência Ajustada - variáveis ajustadas entre si; IC95%: intervalo de confiança de 95%;

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*Teste Qui-Quadrado de Pearson (2);

#Teste de heterogeneidade Wald;

†Teste tendência linear

Wald.

Na análise bruta da incapacidade funcional para as atividades básicas,

estiveram associados com o desfecho: faixa etária, escolaridade, estado civil, cor,

renda familiar e individual e sono e repouso. Observou-se na mesma análise uma

tendência direta da incapacidade funcional com a idade.

No entanto, na análise ajustada houve apenas a associação do desfecho com

faixa etária (p<0,001) e com cor (p=0,029). A tabela 7, a seguir, ilustra a análise

bruta e ajustada da incapacidade funcional para as atividades instrumentais.

TABELA 7. Análise bruta e ajustada da incapacidade funcional para as atividades instrumentais da vida diária (AIVD’s) conforme variáveis independentes (n=388). Teresina-PI, 2013.

Continua

RPbruta IC95% P* RPajustada IC95% P#

Faixa etária (anos) <0,001 <0,001† 60-70 ref. ref.

70-80 1,18 0,96-1,46

1,68

1,29-2,20

≥80 4,14 2,39-7,18

2,38 1,85-3,06

Escolaridade <0,001 <0,001 Sem escolaridade ref. ref.

Com escolaridade 0,53 0,42-0,69

0,68 0,57-0,84

Religião 0,030 0,288 Não católico (a) ref. ref.

Católico (a) 0,78 0,61-0,99

0,90 0,73-1,10

Ocupação <0,001 0,181 Sem ocupação ref. ref.

Com ocupação 0,65 0,54-0,78

0,68 0,39-1,20

Renda familiar (SM) 0,002 0,817 Até 2 ref. ref.

> 2 0,75 0,62-0,91

0,98 0,78-1,21

Renda do idoso (a) (SM)

<0,001 0,028

Até 1 ref. ref.

> 1 0,63 0,52-0,76

0,77 0,61-0,97

Etilista <0,001 0,107 Não ref. ref.

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Conclusão

RPbruta IC95% P* RPajustada IC95% P#

Sim 0,64 0,53-0,77

0,60 0,33-1,12

Sono e repouso 0,020 0,347 Não reparador/ Insônia ref. ref.

Reparador 0,80 0,65-0,97

0,91 0,75-1,11

Autoavaliação de saúde

0,003 0,021†

Muito ruim/Fraca ref. ref.

Nem ruim nem boa 1,07 0,88-1,30

0,94 0,75-1,18

Boa Muita/boa 0,76 0,63-0,90

0,73 0,57-0,92

Comorbidades 0,197 Sem morbidades ref. ref.

Com morbidades 1,13 0,94-1,36

1,13 0,92-1,40

0,236

RP bruta: Razão de Prevalência Bruta variáveis não ajustadas – análise bivariada; RP ajustada: Razão de Prevalência Ajustada - variáveis ajustadas entre si; IC95%: intervalo de confiança de 95%;

*Teste Qui-Quadrado de Pearson (2);

#Teste de heterogeneidade Wald;

†Teste tendência linear

Wald.

Na análise bruta da incapacidade funcional para as atividades instrumentais,

faixa etária, escolaridade, religião, ocupação, renda familiar e individual, etilismo,

sono e repouso e autoavaliação de saúde foram as variáveis que apresentaram

maior risco do desfecho.

Além disso, comprovou-se uma tendência de aumento da prevalência do

desfecho conforme o aumento da idade e com a autoavaliação de saúde.

Após o ajuste, evidenciou-se a associação da incapacidade funcional para as

atividades instrumentais apenas com o aumento da idade, escolaridade, renda do

idoso e autoavaliação de saúde (p<0,001; p<0,001; p=0,028; p=0,021).

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5 DISCUSSÃO

A seguir, a discussão dos dados obtidos no presente estudo obedecendo a

sequencia de apresentação dos resultados, analisados à luz da literatura que enfoca

a temática da avaliação da capacidade funcional de idosos.

5.1 Características sociodemográficas e econômicas, hábitos e estilo de vida e

comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica

Neste estudo verificou-se que houve predomínio do sexo feminino, em uma

faixa etária entre 60 a 70 anos, com média de 71 anos. A maioria dos idosos era

casado ou vivia em união estável. Em estudo também realizado na atenção básica,

encontrou-se uma predominância do sexo feminino, com 60% de mulheres e 40%

homens (COSTA; NAKATANI; BACHION, 2006).

Em outra investigação, esta embasada pelos dados resultantes da Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) em 2003, obteve-se também maior

parcela do sexo feminino com 56,1%, (ALVES et al., 2010). Esta maior participação

feminina pode estar refletindo a composição demográfica dos idosos com maior

probabilidade de sobrevida pelas mulheres, supõe-se, ainda, que estas tenham

maior atenção com a saúde e com o autocuidado e que os idosos do sexo masculino

(SILVA et al., 2011).

O maior contingente de sexo feminino entre a população idosa é o que

caracteriza um termo comumente utilizado nas pesquisas, a feminilização da velhice

(CAMARANO, 2011). Segundo o IBGE (2013), se observa uma maioria de 55,7% de

mulheres idosas, o que pode ser devido a comportamentos específicos do homem e

da mulher: as mulheres cuidam mais de sua saúde, homens estão mais expostos a

acidentes por causas externas e aliam-se à prevalência de álcool e droga – vícios

que também afetam mulheres, porém em menor proporção (CHAIMOWICZ, 2006).

Percebeu-se maior concentração de idosos na faixa etária de 60 a 70 anos

neste estudo; pesquisa realizada no Sul do Brasil fez um comparativo entre os

idosos institucionalizados e da comunidade, e os dados obtidos reforçam os

resultados do presente estudo, no qual 83,8% dos idosos da comunidade tinham

entre 60 e 79 anos (DEL DUCA et al., 2012).

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Referente à escolaridade, identificou-se maior frequência de analfabetos ou

idosos que tiveram até quatro anos de estudo, o que está em consonância com

diversos estudos que apontam nenhuma ou baixa escolaridade da população idosa

(SILVA, 2012; COSTA;NAKATANI;BACHION, 2006; VIRTUOSO JÚNIOR; GUERRA,

2008; SILVA et al., 2011).

Ao considerar a realidade mundial, bem como a brasileira, geralmente nas

áreas mais pobres e menos desenvolvidas, a escolaridade é menor

(COSTA;NAKATANI;BACHION, 2006). O quadro se repete, considerando as

microrregiões dentro do mesmo município, corroborando o constante neste estudo,

onde verificou-se que na área mais abastada socioeconomicamente, a escolaridade

foi pequena .

Os idosos, em sua maioria, declararam ser da cor branca, resultado

semelhante foi encontrado no estudo de Del Duca, Silva e Hallal (2009) no qual

constaram 80,1% de brancos. Outra pesquisa identificou uma maioria de brancos,

seguidos de pardos e negros, similar ao presente estudo (DAMY, 2010). Segundo

dados do IGBE, a maioria da população geral se auto declara como brancos, com

uma percentagem de 47,7% (IBGE, 2012).

O conceito de cor/raça tem sido muito utilizado em saúde pública para

caracterizar diferenças socioeconômicas que podem influenciar nos desfechos de

saúde, porém é importante ressaltar que às vezes pode ser considerada uma

variável controversa, pois devido à falta de padronização em sua definição, depende

da miscigenação de cada povo (TRAVASSOS; MARTINS, 2004).

No que concerne à religião, a maioria dos idosos afirmaram ser católicos,

resultado que acompanha os dados da população geral brasileira, onde se verifica

que embora tendo havido uma redução no percentual de católicos, ainda é a religião

majoritária (IBGE, 2012).

Quanto ao número de residentes no domicílio, observou-se que a maioria dos

idosos vive acompanhada e apenas 8,2% moram sozinhos. Resultado semelhante

foi encontrado em um estudo realizado em Fortaleza-CE, que encontrou 92,3% de

idosos que vivem acompanhados (MENEZES; LOPES; MARUZZI, 2007). Lebrão e

Laurenti (2005) também encontraram em sua investigação, esta realizada no

município de São Paulo, 87% da população idosa vivendo acompanhada.

Com relação ao arranjo familiar, constatou-se no presente estudo que grande

parte dos idosos mora com parentes (72,5%). Dado em consonância com último

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censo demográfico que comprovou que 85,2% dos idosos vivem em arranjos em

que há outra pessoa com a qual se estabelece alguma relação familiar (IBGE, 2013).

Verificou-se que o arranjo familiar que prevalece é o idoso residindo com

cônjuge e filhos, e com cônjuge, filhos e netos. Ramos (2003) observou resultado

semelhante em sua pesquisa realizada em São Paulo, a qual apontou que grande

parte das pessoas vive em domicílios junto com filhos e netos, tipo de arranjo

denominado multigeracional, que parece ser característica marcante de países em

desenvolvimento e está acontecendo no Brasil (IBGE, 2013).

Referente ao aspecto econômico, os idosos em sua maioria, eram

aposentados, seguidos de pensionistas, o que se assemelha ao apresentado na

ultima síntese de indicadores sociais realizada em 2013, que aponta que a principal

fonte do rendimento de idosos de 60 anos ou mais de idade, é a aposentadoria ou

pensão (66,2%) sendo que, para o grupo de 65 anos ou mais de idade, a

participação desta fonte de rendimento é ainda mais importante (74,7%) (IBGE,

2013).

A renda mensal dos idosos foi na maioria até dois salários mínimos (84,3%), a

baixa renda encontrada na presente pesquisa condiz com outras realizadas nas

mais diversas regiões do país. Costa, Nakatani e Bachion (2006) identificaram, em

Goiânia, 45,3% dos idosos tinham renda igual ou menor que um salário mínimo. Em

São Paulo, constatou-se uma renda de, aproximadamente, 2,1 salários mínimos,

com destaque ainda, para o fato de grande parte desses idosos ainda eram

responsáveis pela manutenção da família (LEBRÃO; LAURENTI, 2005).

5.2 Hábitos, estilo de vida e autoavaliação da saúde dos idosos atendidos na

Atenção Básica

Neste estudo, observou-se que a maioria dos idosos referiu ser não etilista, e

não tabagista, tendência observada em diversas pesquisas (SANTOS; GRIEP,

2013). E a prevalência de tabagismo, de aproximadamente 10%, foi semelhante ao

outros realizados em Porto Alegre-RS, Belo Horizonte, São Paulo-SP (LIMA-COSTA;

LOYOLA FILHO; MATOS, 2007; PASKULIN; VIANA, 2007; SILVA et al., 2011; IBGE,

2009).

Com relação à baixa prevalência de etilismo e tabagismo encontrada, é

interessante ressaltar um achado de Freitas et al. (2010), em Londrina-PR, no qual

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se observou, em pesquisa realizada com 344 idosos, que com o avançar da idade,

ocorre uma diminuição da prevalência do consumo de tabaco, assim como do

consumo de álcool.

O tabagismo não só aumenta o risco de desenvolver doenças como também

está negativamente relacionado a fatores que podem levar a perda da capacidade

funcional. Por exemplo, fumar acelera a taxa de diminuição da densidade óssea, a

força muscular e a função respiratória. Pesquisas sobre os efeitos do fumo

revelaram que este não é apenas um fator de risco para uma gama de doenças,

mas também que os efeitos do seu uso são cumulativos e de longa duração (WHO,

2005).

Os resultados alcançados são um tanto satisfatórios, visto a queda dos

índices de etilismo e tabagismo, porém reforçam ainda mais a necessidade de ações

de educação em saúde direcionadas aos idosos para a compreensão dos mesmos

acerca dos prejuízos para a saúde decorrentes do consumo de álcool e tabaco.

Ações de educação em saúde são extremamente efetivas quando se almeja

trabalhar mudanças nos hábitos de vida.

Em relação ao sono e repouso, os idosos referiram apresentar um sono

reparador, os mesmos quando questionados, consideravam sono reparador, quando

conseguiam dormir fisiologicamente, e não necessitavam do uso de fármacos para

tal. Embora variável investigada em outras pesquisas, nas mesmas não se observou

correlações com a capacidade funcional.

Um dado que merece destaque neste estudo, diz respeito à prática de

atividade física pelos idosos. A maioria destes declarou não realizar nenhuma

atividade física, o que gerou uma reflexão sobre o fato. As pesquisas apontam para

um aumento da prática de atividade física pelos idosos (SANTOS; GRIEP, 2011), o

que contrastou com o resultado obtido.

Apesar de todos os benefícios decorrentes da prática regular de atividade

física, uma grande proporção de idosos, como apresentado no presente estudo, leva

uma vida sedentária na maioria dos países. As populações com baixa renda,

minorias étnicas e pessoas idosas com deficiências são frequentemente inativas. As

políticas de saúde deveriam estimular pessoas a se tornarem mais ativas à medida

que envelhecem, e garantir oportunidades para tal (WHO, 2005).

Os baixos índices de prática de atividade física, outrora apresentados geram

preocupação, e subsidiam futuros debates sobre quais fatores então envolvidos para

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tais índices baixos. Pesquisa realizada em outro município no interior do Piauí

aponta para uma alta prevalência de atividade física dos idosos (SOUSA et al.,

2013), que vai de encontro ao resultado obtido nesta investigação.

É interessante sempre questionar os idosos quanto à realização de atividades

físicas, visto que a literatura aponta diversos aspectos relevantes a respeito das

prováveis relações existentes entre a prática regular de atividades físicas e a

manutenção ou aquisição de bons níveis de autonomia para o desempenho nas

AVD e AIVD durante o processo de envelhecimento (JACOB FILHO; SOUZA, 2000),

ademais a relevância de se lançar mão da equipe multiprofissional no atendimento

aos idosos com vistas a ampliar o escopo das ações de promoção de saúde em

todas as áreas.

Referente à autoavaliação da saúde, 36,1% dos idosos caracterizaram sua

saúde como nem ruim nem boa, e 35,8% como boa, resultados similares foram

encontrados em outros estudos, Lebrão e Laurenti (2005) verificaram que 53,8%

consideravam sua saúde regular, e 46,8% boa. No estudo de Fernandes (2010), a

autoavaliação de saúde dos idosos foi predominantemente positiva.

Ainda com relação à autoavaliação de saúde, é de suma relevância investiga-

la devido ao fato de que para os idosos ela recebe a influência de múltiplas áreas:

aspectos demográficos, socioeconômicos, estado de saúde física e capacidade

funcional (LIMA-COSTA; LOYOLA FILHO; MATOS, 2007). Nesse contexto, observa-

se sua ampla utilização em estudos epidemiológicos, não apenas por sua

importância per si, mas devido, também, a associações com condições clinicas e

morbidades subsequentes (GIACOMIN et al., 2008).

5.3 Grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida

diária dos idosos atendidos na Atenção Básica

Com relação ao grau de dependência para as atividades básicas, observou-

se que vestir-se, banhar e continência foram as atividades as quais os idosos

apresentaram menos independência. Esse achado foi semelhante a outros estudos

realizados em diferentes regiões do Brasil (COSTA;NAKATANI;BACHION,2006; DEL

DUCA; SILVA; HALLAL, 2009; FREITAS et al., 2012).

Com relação à atividade de vestir-se, Araújo e Bachion (2005) explicam que é

uma atividade complexa, uma vez que para se vestir é necessária muita

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coordenação, destreza, equilíbrio, amplitude de movimento e força muscular. Como

estes são atributos que geralmente são afetados pelo envelhecimento do sistema

músculo-esquelético, os idosos, por vezes, apresentam dificuldade em realizar tal

ação.

Estudos justificam a dificuldade referida por alguns idosos em banhar-se com

o aspecto do reajuste postural, pois muitos idosos apresentam alteração

somatossensorial, que levam a uma maior dificuldade em se equilibrar e controlar os

movimentos necessários para a realização da função (ARATANI et al., 2006).

Outra atividade básica apontada pelos idosos foi a continência. O que pode

ser explicado por diversos fatores, dentre eles o fato de que, com o processo de

envelhecimento, o sistema genitourinário sofre modificações. Na bexiga, por

exemplo, o processo de envelhecimento ocasiona alterações entre os músculos

estriados e lisos, que pode ocasionar a incontinência urinária (CARVALHO, 2011).

Quanto às atividades instrumentais, os idosos apresentaram menos

independência para realizar deslocamentos utilizando algum meio de transporte,

para usar o telefone, para fazer trabalhos manuais, e lavar e passar roupa. Na

pesquisa de Fernandes (2010), que utilizou o mesmo instrumento para avaliação

das AIVD, observou-se que lavar e passar roupa foi a atividade que os idosos

apresentavam menos independência.

Pesquisas apontam outras AIVD que os idosos citam ser mais dependentes,

porém é interessante destacar que as encontradas neste estudo, foram encontradas

na maioria das publicações sobre a temática (DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009;

COSTA; NAKATANI; BACHION, 2006; SOUSA et al., 2008; FREITAS et al., 2012;

NUNES et al., 2010).

A dificuldade para o uso do telefone pelos idosos é abordada sobre vários

aspectos na literatura. Para Farinasso et al. (2006), “usar telefone” não deve se

relacionar apenas às limitações físicas dos senescentes. O rápido avanço nas

telecomunicações, com constantes mudanças nos usos dos serviços telefônicos,

possivelmente, geram algum nível de dificuldade na realização dessa tarefa.

Ainda nesse contexto, Fielder e Peres (2008) completam, a escolaridade e as

condições de saúde influenciam na percepção da realidade e das tecnologias

limitando esses idosos ao auxílio, em parte, não por incapacidade funcional, mas por

falta de instrução e orientação.

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No que diz respeito à prevalência de incapacidade funcional para as

atividades básicas e instrumentais, neste estudo verificou-se uma maior prevalência

para a realização de atividades instrumentais, o que está de acordo com outras

pesquisas que obtiveram resultados semelhantes. Estudo realizado em sete países

da América Latina com idosos de 75 anos ou mais encontrou maiores prevalências

de incapacidade funcional para as atividades básicas no Chile (34,7%), México

(30,2%), Argentina (32,1%) e Brasil (28,6%) (REYES-ORTIZ et al., 2006).

Ainda conforme o estudo de Reyes-Ortiz (2006), observou-se que com

relação às atividades instrumentais, as ocorrências de incapacidade funcional foram

maior no Brasil (33,8%), Chile (30,3%), Argentina (27,6%) e Cuba (26,7%). A

variação das prevalências entre os países foi justificada por diferenças na

escolaridade da população-alvo, características da infraestrutura das cidades

oferecida aos idosos, assim como fatores culturais relacionados à proteção do idoso

em certas localidades.

Ao realizar um comparativo entre as regiões do Brasil, estudo encontrou

maior prevalência de incapacidade funcional entre mulheres idosas na região Norte

(19,6%) e menor na região Sul (14,7%) (PARAHYBA; VERAS; MELZER, 2005).

Estes achados possivelmente podem ser justificados devido às disparidades

regionais relacionadas à incapacidade funcional, desfecho que depende das

características demográficas, socioeconômicas, comportamentais e de saúde da

população (DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009).

Aproximando para região com características demográficas, econômicas e

culturais semelhantes, destaca-se o estudo de Oliveira et al (2012) realizado em São

Luís - MA, que identificou uma maior prevalência de dependência para as AIVD.

Sousa et al (2013), em estudo desenvolvido no interior do Piauí, constataram mais

casos de dependência nos idosos para realizar AIVD em comparação às ABVD.

O que se observa na literatura é que existe uma hierarquia nas perdas

funcionais, sendo as AIVD as primeiras a serem afetadas. Sem uma atenção e

acompanhamento adequado às necessidades da população idosa, as perdas

funcionais acarretam um comprometimento da autonomia dos idosos, o que pode

influenciar na sua qualidade de vida, da família e em problemas conjunturais no

sistema de saúde (FERNANDES, 2010).

Outra investigação obteve resultado similar ao do presente estudo, ela

também evidenciou maiores prevalências de dependência nas AIVD, explicando que

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estas exigem maior integridade física e cognitiva comparada às ABVD (FREITAS et

al., 2012). Esses achados revelam à importância da utilização de escalas

hierárquicas de capacidade funcional, considerando a perda gradual das funções

com o envelhecimento.

5.4 Associação entre o perfil sociodemográfico e econômico dos idosos

atendidos na Atenção Básica com a incapacidade funcional para atividades

básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida diária

Tanto para as atividades básicas quanto para as instrumentais, verificou-se

que houve associação da faixa etária com a incapacidade funcional. Tal resultado

está em consonância com outros estudos que apontam maiores ocorrências de

incapacidade funcional com o aumento da idade (ROSA et al., 2003; SOUSA et al.,

2013; DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009).

O avançar da idade cronológica, aliado ao próprio processo de

envelhecimento, se relaciona diretamente com maiores níveis de incapacidade

funcional, é importante ressaltar que há uma tendência de com o aumento da idade

aumente as chances de perdas funcionais, como apresentado no presente estudo.

Mesmo após a realização da análise ajustada, a variável faixa etária manteve-

se associada à incapacidade funcional, o que reforça o resultado obtido.

As variáveis sexo, procedência, com quem mora, não apresentaram

associação com o desfecho em questão, embora outros trabalhos tenham detectado

essas associações, outros estudos de fato não apresentam (ROSA et al., 2003;

GIACOMIN et al., 2008).

Quanto à escolaridade, observou-se que houve associação com incapacidade

funcional para as atividades básicas e instrumentais. Diversos estudos obtiveram

resultados semelhantes, reforçando a associação entre baixa escolaridade e maior

incapacidade funcional (ROSA et al., 2003; GIACOMIN et al., 2008; OLIVEIRA;

MATTOS, 2012)

A literatura chama atenção para o fato de que quanto maior o nível

educacional, menor a probabilidade de o idoso reportar uma pior capacidade

funcional (ALVES; LEITE; MACHADO, 2010). A educação determina diversas

vantagens para a saúde porque influencia fatores psicossociais e de

comportamento. Indivíduos idosos com nível educacional mais elevado são menos

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prováveis de se expor aos fatores de risco para doenças e de se submeter a

condições de trabalho inadequadas (LIMA-COSTA; LOYOLA FILHO; MATOS, 2007)

O estado civil foi outra variável associada à incapacidade funcional, porém

esta associação ocorreu apenas com atividades básicas. Observou-se que idosos

sem companheiros apresentam maior tendência à incapacidade funcional, porém

verificou-se que o arranjo familiar aqui representando pela variável “mora com quem”

não obteve associação. Sabe-se que o estado de viuvez pode influenciar

negativamente a capacidade funcional do idoso (ROSA et al., 2003).

A variável estado civil mesmo após análise ajustada permaneceu associada à

incapacidade funcional para as atividades básicas, o que reforçou a evidência de

interação entre a variável e o desfecho em questão.

Dentre as variáveis investigadas, foi encontrada associação entre a cor da

pele e a incapacidade funcional para as atividades básicas, observou-se que os não

brancos apresentaram maior incapacidade funcional, contrastando com os achados

de Alves, Leite e Machado (2010), que obtiveram a raça/cor preta e parda como

sendo fator protetor da incapacidade funcional.

Ainda em relação à cor, o resultado obtido evidencia a necessidade de

reflexão sobre as desigualdades sociais que permeiam a sociedade, diferenciando

exposições ao longo da vida a partir de diferenças étnicas, devendo, portanto, ser

interpretada com cautela. Uma hipótese para tal associação seria a influência do

nível socioeconômico (DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009). Mesmo após o ajuste,

esta variável manteve-se associada ao desfecho o que reforçou a forte interação

entre ambas.

No que se refere à ocupação, os achados comprovaram associação entre a

ocupação e a incapacidade funcional tanto para atividades básicas quanto para

instrumentais. Observou-se que não ter ocupação foi um fator determinante para a

incapacidade, resultado semelhante aos de outras pesquisas (ALVES; LEITE;

MACHADO, 2010; DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009; OLIVEIRA; MATTOS, 2012).

A ocupação pode ser vista como protetora para a incapacidade funcional. O

idoso ocupado tem menor probabilidade de apresentar pior capacidade funcional.

Segundo estudo de Oliveira e Mattos (2012), idosos ocupados apresentam poucas

dificuldades com as atividades de vida diária quando comparados àqueles que não

trabalham. Supõe-se que idosos que trabalham são mais independentes e

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saudáveis. Após a realização da análise ajustada, a ocupação manteve-se

associada apenas para incapacidade funcional para AIVD.

Quanto à renda, foi encontrada associação da renda familiar e da renda

individual do idoso tanto com incapacidade funcional pra atividades básicas como

com as instrumentais. Outros estudos apontam a renda como fator fortemente

relacionado à incapacidade funcional.

A associação de baixos níveis socioeconômicos com piores condições de

saúde tem sido documentada, por meio de estudos populacionais, em diversos

grupos etários e em diferentes áreas (ROSA et al., 2003; LIMA-COSTA; LOYOLA

FILHO; MATOS, 2007). A baixa condição socioeconômica está relacionada a uma

série de condições negativas, podendo contribuir para a perda da autonomia

funcional, a exemplo da baixa escolaridade, condições precárias de saúde, dentre

outros fatores.

Estudos afirmam que as pessoas de condições menos favorecidas

economicamente possuem 3,3 vezes mais chances de apresentar alguma

dependência do tipo moderada a grave na realização das AIVDs em relação às de

classes economicamente mais favorecidas (VIRTUOSO JUNIOR; GUERRA, 2008).

Após análise ajustada, as variáveis renda familiar e individual, não se mantiveram

associadas ao desfecho.

5.5 Associação entre hábitos, estilo de vida, autoavaliação de saúde e

comorbidades dos idosos atendidos na Atenção Básica com a incapacidade

funcional para atividades básicas (ABVD’s) e instrumentais (AIVD’s) de vida

diária

No presente estudo verificou-se a existência de associação entre o etilismo e

a incapacidade funcional para as atividades instrumentais. Outras pesquisas

semelhantes não destacaram achado semelhante, porém ressalta-se o fato de

também não terem investigado essa variável.

Depreende-se desse resultado que tenha havido essa associação pelo fato de

que as atividades instrumentais são atividades mais complexas e requererem

cognição e interatividade social (DEL DUCA; SILVA; HALLAL, 2009), fatores esses

modificados pelo uso do álcool. Após realização de análise ajustada a variável não

se manteve associada.

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O sono e repouso apresentou associação com a incapacidade funcional tanto

para as atividades básicas como para as instrumentais. As modificações no sono e

repouso ocasionadas pelo próprio processo de envelhecimento alteram o balanço

homeostático, com repercussões sobre a função psicológica, sistema imunológico,

resposta comportamental, humor, dentre outros (ARAÚJO; BACHION, 2005).

Ainda relacionando o sono e repouso à incapacidade funcional, Clares et al.

(2012) explicam, o sono de má qualidade, assim como os distúrbios do sono

resultam em dificuldade em manter a atenção; redução da velocidade de resposta;

prejuízos da memória, concentração e desempenho; dificuldade de relacionamento

familiar e social; tendência à má avaliação da própria saúde; capacidade reduzida

para realizar as tarefas diárias; aumento da utilização de serviços de saúde e

redução da sobrevida. Após a realização de análise ajustada a variável sono e

repouso não se manteve associada ao desfecho.

Houve associação entre a autoavaliação de saúde e incapacidade funcional,

outros estudos também observaram esse resultado, alguns encontraram maior risco

para o desenvolvimento de incapacidade funcional para idosos que tinham

avaliações mais pessimistas do que otimistas da saúde (GIACOMIN et al., 2008;

PEREIRA et al., 2012; LEBRÃO; LAURENTI, 2005).

A variável autoavaliação de saúde manteve-se associada com incapacidade

funcional para as atividades instrumentais mesmo após ajuste para os outros

fatores. Esse resultado se assemelha ao de Virtuoso Júnior e Guerra (2008), no qual

foi encontrado maior risco para incapacidade funcional nos idosos que tinham

avaliações mais pessimistas que otimistas de saúde.

Quanto às comorbidades, não foi observado associação com a incapacidade

funcional no presente estudo. Porém é interessante destacar que a presença de

comorbidades é um fator que pode auxiliar na instalação de incapacidade funcional

ou até mesmo atenuar as já pré-existentes. As comorbidades pesquisadas neste

estudo também foram foco de investigação em outros estudos, no entanto nesses

foram encontradas associações com a incapacidade funcional (GIACOMIN et al.,

2008).

Um ponto que merece destaque é que, após o delineamento dos fatores

associados a menor capacidade funcional dos idosos, é possível estabelecer

intervenções a serem realizadas pela enfermagem, bem como a equipe

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multiprofissional de saúde, com intuito de atenuar os fatores modificáveis

relacionados à capacidade funcional.

A prática de atividades físicas adequadas, alimentação saudável, a

abstinência do fumo e do álcool, e uso de medicamentos sabiamente podem

prevenir doenças e o declínio funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de

vida do indivíduo, e são fatores que podem ser modificáveis e trabalhados pela

equipe multiprofissional de saúde visando a promoção do envelhecimento ativo e

saudável (WHO, 2005).

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6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Esse estudo conseguiu atingir, com êxito, os objetivos propostos. Entretanto

faz-se necessário pontuar algumas limitações, a fim de em estudos vindouros ter

sua realização facilitada. Uma das limitações do estudo, em si, é a sua natureza

seccional, que não permite estabelecer relações temporais entre as variáveis

independentes e a incapacidade funcional, o que poderia trazer resultados

interessantes para trabalhos científicos.

7 CONCLUSÕES

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O presente estudo realizado com 388 idosos atendidos na Atenção Básica

identificou maioria do sexo feminino (64,4%), com uma média de idade de 71 anos.

A maior parcela foi de casados (53,1%) e procedentes do interior do estado (68,6%).

Quanto à escolaridade, 63,2% nunca estudaram ou estudaram quatro anos.

Quanto ao arranjo familiar, 91,8% moravam com alguém. 71,1% dos idosos eram

aposentados e 84,3% apresentavam uma renda individual de até dois salários

mínimos.

Quanto ao grau de dependência para atividades básicas, observou-se que

90,2% eram menos independentes para vestir-se, para as atividades instrumentais,

77,1% dos idosos foram menos independentes para fazer trabalhos manuais e lavar

e passar roupa.

Verificou-se associação com a incapacidade funcional para as atividades

básicas, as variáveis socioeconômicas e demográficas: faixa etária, escolaridade,

estado civil, cor, ocupação, renda individual e familiar. Já com as atividades

instrumentais, verificou-se associação com idade, escolaridade, religião, ocupação e

rendas, individual e familiar.

Quanto às variáveis de hábito e estilo de vida, observou-se associação para

o desfecho e as atividades básicas com a variável sono e repouso. Com as

atividades instrumentais e incapacidade funcional, verificou-se associação com

etilismo, sono e repouso e autoavaliação de saúde.

Após a realização da análise ajustada, obteve-se que, para a incapacidade

funcional para atividades básicas somente as variáveis idade e cor mantiveram-se

associadas ao desfecho, e para as atividades instrumentais, somente idade,

escolaridade, renda do idoso e autoavaliação de saúde mantiveram-se associadas à

incapacidade funcional.

A confirmação do envelhecimento populacional em crescimento exponencial

nos países em desenvolvimento reforça a necessidade de ações preventivas com

enfoque ligado às condições de vida e saúde desta população. Políticas públicas

que assegurem infraestrutura adequada e segura de lazer, bem como a promoção

de grupos de atividades físicas para idosos são de suma relevância para a qualidade

de vida dos mesmos.

A avaliação da capacidade funcional do idoso consiste em um importante

indicador para averiguação do grau de independência e, consequentemente, da

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qualidade de vida destes, devendo ser incluída na rotina dos profissionais de saúde

que lidam com este público alvo.

O grande desafio para a saúde pública nas próximas décadas está no

diagnóstico e prevenção dos possíveis riscos associados à incapacidade funcional,

em busca de uma longevidade com maior independência e autonomia para os

idosos, enfocando a preservação de suas funções físicas, mentais e

comportamentais pelo maior tempo.

A Enfermagem, componente chave da Atenção Básica, deve estar atenta

para a avaliação global da pessoa idosa, aqui incluída a avaliação funcional, bem

como os fatores associados a essa funcionalidade, com vistas a adequar planos de

cuidados voltados para a preservação da autonomia dos idosos, e a promoção do

envelhecimento ativo.

Para que a Enfermagem possa reafirmar o seu importante papel na promoção

de saúde na Atenção Básica é necessário que essa temática seja abordada com

muita ênfase nos componentes curriculares dos cursos de graduação, visto que

embora integrante de uma equipe multiprofissional, o enfermeiro é, sem dúvida, o

profissional que possui maior vinculação com a pessoa idosa. Com a assistência

pautada em conhecimento cientifico é possível identificar, avaliar e encaminhar o

idoso, e consubstanciá-lo a tornar-se mais autônomo e independente.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG

Programa de Mestrado em Enfermagem Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga

Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560

E-mail: [email protected]

APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

BLOCO 1: DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS 1.1 Data de Nascimento: ........................... 1.2 Idade (em anos completos): .............. Sexo: (1) Masculino (2) Feminino

(5) Filho(a) e netos (6) Neto(s) (7) Outras pessoas

1.3 Grau de escolaridade (1) Não alfabetizado (2) Ensino fundamental incompleto (3) Ensino fundamental completo (4) Ensino médio incompleto (5) Ensino médio completo (6) Ensino superior incompleto (7) Ensino superior completo

1.11 Fonte de renda (1) Aposentado (2) Empregado (3) Aposentado em atividade (4) Pensionista (5) Autônomo (6) Não tem renda própria

1.5 Estado civil (1) Solteiro(a) (2) Casado(a) (3) Vivendo como casado(a) (4) Separado(a) (5) Divorciado(a) (6) Viúvo(a)

1.12 Renda total da família (1) Até 1 salário mínimo (2) De 1 a 2 salários mínimos (3) De 3 a 4 salários mínimos (4) De 5 a 6 salários mínimos (5) De 7 a 8 salários mínimos (6) De 9 a 10 salários mínimos (7) Acima de 10 salários mínimos

1.6 Naturalidade (1) Teresina (2) Interior do Piauí (3) Outros Estados

1.13 Renda individual do idoso (1) Até 1 salário mínimo (2) De 1 a 2 salários mínimos (3) De 3 a 4 salários mínimos (4) De 5 a 6 salários mínimos (5) De 7 a 8 salários mínimos (6) De 9 a 10 salários mínimos (7) Acima de 10 salários mínimos

1.7 Cor (1) Pardo(a) (2) Branco(a) (3) Negro(a) (4) Amarelo (5) Índio

BLOCO 2: HÁBITOS DE VIDA 2.1 Etilismo (1) Sim (2) Não

1.8 Religião (1) Católico(a) (3) Evangélico(a) (4) Espírita (5) Outra _____________ (6) Não tem religião

2.2 Tabagismo (1) Sim (2) Não 2.3 Sono e repouso

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(1) Reparador (2) Não reparador (3) Insônia

1.9 Mora com quantas pessoas (1) Sozinho (2) 1 a 3 pessoas (3) 4 a 6 pessoas (4) 7 a 10 pessoas (5) Acima de 10 pessoas

2.4 Pratica atividade física? (1) Caminhada (2) Hidroginástica (3) Musculação (4) Futebol (5) Não pratica atividade física

1.10 Arranjo familiar (1) Cônjuge (2) Cônjuge e filho(a) (3) Filho(s) (4) Cônjuge, filho(a) e netos

2.5 Participa de grupos? (1) Grupos de convivência (2) Grupos de promoção da saúde (3) Outros (4) Não participa de grupos

BLOCO 3: DADOS CLÍNICOS 3.1 Como o(a) sr. (a) avalia sua saúde? (1) Muito ruim (2) Fraca (3) Nem ruim nem boa (4) Boa (5) Muito boa

3.2 Comorbidades associadas (1) HAS (2) DM (3) Osteoporose (4) Artrose (5) Outros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Programa de Mestrado em Enfermagem Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560

E-mail: [email protected]

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DO PROJETO: FATORES PREDITORES PARA INCAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO BÁSICA. PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Maria do Livramento Fortes Figueiredo INSTITUIÇÃO/DEPARTAMENTO: Universidade Federal do Piauí / Departamento de Enfermagem TELEFONE PARA CONTATO (inclusive a cobrar): (86)- 3234-1219 PESQUISADORES PARTICIPANTES: Lívia Carvalho Pereira (Enfermeira – Mestranda do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem) Telefones para contato: (086) 99045887 Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Você precisa decidir se quer participar ou não. Por favor, não se apresse em tomar a decisão. Leia cuidadosamente o que se segue e pergunte ao responsável pelo estudo qualquer dúvida que você tiver. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. A pesquisa acontecerá com base nas respostas dadas ao pesquisador, durante o preenchimento de um formulário que tem como objetivo de avaliar a capacidade funcional para realização das Atividades de Vida Diárias (AVD). Sua participação nesse estudo não lhe trará qualquer risco de vida, psicológico, físico ou econômico, pois não lhe será cobrado qualquer valor econômico, assim como não haverá nenhuma forma de pagamento por sua participação. Esclarecemos ainda que o período para desenvolvimento do estudo será de Janeiro de 2013 à Junho de 2014. Sua participação é livre, por isso a qualquer momento que deseje suspender sua participação nesse estudo, você tem o direito e a oportunidade de fazê-lo retirando seu consentimento, sem qualquer forma de constrangimento ou prejuízo na continuidade de suas atividades nesse estabelecimento. Informamos que não há benefício direto para o participante, pois se trata de um estudo experimental testando a possibilidade de que somente no final do estudo poderemos concluir a presença de algum benefício. E assim propor estratégias que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida de mais idosos. Sendo assim, em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. Se você concordar em participar do estudo, seu nome e identidade serão mantidos em sigilo. A menos que requerido por lei ou por sua solicitação, somente as pesquisadoras terão acesso as suas informações. Consentimento da participação da pessoa como sujeito Eu, __________________________________________________, RG/ CPF/ n.º de prontuário/ n.º de

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matrícula_____________________________________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo: Fatores preditores para incapacidade funcional de idosos atendidos na atenção básica como sujeito. Fui suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo: Fatores preditores para incapacidade funcional de idosos atendidos

na atenção básica. Eu discuti com a Mestranda Lívia Carvalho Pereira sobre a minha decisão em

participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu acompanhamento e ou assistência neste Serviço. Local e data ___________________________________________________________________ Nome e Assinatura do sujeito ou responsável: ________________________________________ Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito em participar. Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores): Nome:___________________________________________________RG:__________________ Assinatura: _________________________________________ Nome:___________________________________________________RG:__________________ Assinatura: _________________________________________ Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato: Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga

Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 - Teresina - PI tel.: (86) 3215-5734 - email: [email protected] web: www.ufpi.br/cep.

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ANEXOS

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ANEXO A - INSTRUMENTO I: ÍNDICE DE KATZ

Abreviações: I = independente; A = com algum tipo de assistência; D = dependente.

Índice de Katz das Atividades Básicas da Vida Diária

1. Banhar-se

I: não recebe ajuda

A: necessita de ajuda em alguma parte do corpo

D: recebe ajuda em mais de uma parte do corpo

2. Vestir-se

I: não recebe ajuda

A: necessita de ajuda em alguma parte do corpo

D: recebe ajuda em mais de uma parte do corpo

3. Usar o sanitário

I: não recebe ajuda

A: necessita de ajuda em alguma parte do corpo

D: recebe ajuda em mais de uma parte do corpo

4. Transferir-se

I: não recebe ajuda

A: necessita de ajuda em alguma parte do corpo

D: recebe ajuda em mais de uma parte do corpo

5. Ter continência

I: não recebe ajuda

A: necessita de ajuda em alguma parte do corpo

D: recebe ajuda em mais de uma parte do corpo

6. Alimentar-se

I: não recebe ajuda

A: necessita de ajuda em alguma parte do corpo

D: recebe ajuda em mais de uma parte do corpo

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ANEXO B - INSTRUMENTO II: ESCALA DE LAWTON

Atividades Instrumentais da Vida Diária

1. Usar o telefone

I: capaz de discar os números e atender sem ajuda A: capaz de responder às chamadas, mas precisa de ajuda para discar os números. D: incapaz de usar o telefone

2. Transporte

I: capaz de dirigir seu próprio carro, de tomar transporte coletivo ou táxi sem ajuda. A: capaz de usar transporte, porém, não sozinho. D: incapaz de usar transportes

3. Compras

I: cuida de todas as compras sozinho A:capaz de fazer compras, porém com algum tipo de ajuda D: incapaz de fazer compras 4. Preparar os alimentos

I: planeja, prepara e serve os alimentos sem ajuda A: capaz de preparar refeições leves, porém tem dificuldades de cozinhá-las. D: incapaz de preparar qualquer refeição 5. Tarefas domésticas:

I: capaz de ajudar na realização de qualquer tarefa doméstica A: capaz de executar tarefas domésticas mais leves D: incapaz de executar qualquer trabalho doméstico 6. Medicação

I: capaz de utilizar a medicação de maneira correta A: capaz de usar a medicação, mas precisa de algum tipo de ajuda. D: incapaz de tomar a medicação sem ajuda

7. Dinheiro

I: capaz de pagar contas, aluguel, preencher cheques, controlar as necessidades diárias de compras A: necessita de algum tipo de ajuda para pagar contas, preencher cheques etc. D: incapaz de manusear o dinheiro

Abreviações: I = independente; A = com algum tipo de assistência; D = dependente.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG

Programa de Mestrado em Enfermagem

Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

ANEXO C – AUTORIZAÇÃO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Programa de Mestrado em Enfermagem Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

ANEXO D – TERMO DE CONFIDENCIALIDADE

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Programa de Mestrado em Enfermagem Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

ANEXO D – DECLARAÇÃO DOS PESQUISADORES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG

Programa de Mestrado em Enfermagem

Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

ANEXO D – APROVAÇÃO DA PLATAFORMA BRASIL

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