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Autor: Mariana Lemos Pereira
Publicado no âmbito do Mestrado em Ensino de História e Geografia no 3º ciclo do EB e
ES, nomeadamente na unidade curricular de Problemáticas da Geografia.
Local: Porto
5 de novembro de 2015
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Índice
Nuvens de palavras ........................................................................................................... 4
Mobilidade da população ................................................................................................. 5
Migrações ......................................................................................................................... 6
Tipos de migrações ........................................................................................................... 7
Fluxos migratórios .......................................................................................................... 11
Bibliografia ...................................................................................................................... 13
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MOBILIDADE DA POPULAÇÃO
O deslocamento de pessoas em torno
do globo sempre esteve presente na história
da Humanidade. De facto, desde o seu
aparecimento o Homem desloca-se,
movimenta-se no espaço. Os movimentos da
população foram-se identificando ao longo
dos tempos muito também graças aos cada
vez mais eficazes meios de transportes.
De acordo com o Dicionário de Geografia de Yves Lacoste, o termo mobilidade
da população pode ter várias aceções, “Ou se trata da mobilidade profissional de
determinada parte da população ativa que muda de atividade profissional em função
das suas competências e conforme as oportunidades; ou se trata da mobilidade
geográfica, a deslocação de uma parte da população de uma região para outra se as
oportunidades e trabalho forem melhores ou se as condições de vida se mostrarem mais
agradáveis.”
A mobilidade da população é um fenómeno complexo e que participa no
processo de transformação da sociedade contemporânea. Ao longo da História, este
fenómeno foi crucial e garantiu a condição vital dos indivíduos. Mobilidade da
população não significa migração, como veremos mais à frente. As migrações são uma
forma de mobilidade da população. Outra forma de mobilidade da população são os
movimentos pendulares. Segundo as informações adicionais fornecidas pelo Instituto
Nacional de Estatística, compreende-se por “movimentos pendulares” os movimentos
quotidianos das populações entre o local de residência e o local de trabalho ou estudo.
“O conceito de movimento pendular encerra, na sua forma mais simples, duas
deslocações de uma pessoa entre dois pontos do espaço geográfico: uma de ida para o
local de trabalho ou estudo e outra de retorno ao local de residência.” (2003, p. 2)
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MIGRAÇÕES
As migrações fazem parte da história da Humanidade. Desde tempos imemoriais,
o Homem sente urgência em deslocar-se, à procura de meios de subsistência, para fugir
de ameaças físicas e ambientais. O próprio povoamento do planeta Terra deve-se a esta
necessidade tão humana, que muda de forma tão irrevogável e constate a essência das
culturas, das raças e das línguas.
De acordo com o Dicionário de Geografia de Yves Lacoste, “Por causa do seu
sucesso, este termo passou por diversos significados, todos com incidência sobre
movimentos de populações, de maior ou menor envergadura. No início, migrações
designou o balanço estatístico da deslocação de populações que passam de um Estado
para outro para nele se estabelecerem […]”.
Pois bem, migração é a deslocação de pessoas para outro país ou região. Esta
implica a mudança de residência por um período mínimo de seis meses.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (2011), o termo
migração designa “o movimento de população para o território de um outro Estado ou
dentro do mesmo que abrange todo o movimento de pessoas, seja qual for o tamanho,
a sua composição ou as suas causas”.
A migração distingue-se em emigração e imigração. Em termos gerais, a
emigração é a saída de população do país ou região de origem e imigração é a entrada
de população no país ou região de destino. De acordo com o Dicionário de Geografia de
Yves Lacoste, emigração significa “deixar momentânea ou definitivamente a terra natal
para ir para outro país; […] No plano jurídico, a emigração faz o emigrante passar do
estatuto de cidadão de um Estado ao de estrangeiro, ao mesmo tempo emigrado e
imigrante noutro país, sem por isso renunciar à sua nacionalidade.”
Relativamente à imigração, no entender de Yves Lacoste, este termo diz respeito
à entrada de pessoas num “país de estrangeiros que procuram oficialmente estabelecer-
se aí […].” Assim sendo, entende-se por imigração a entrada de população num país ou
região que não é a sua, para aí fixar residência, num período mínimo de seis meses.
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TIPOS DE MIGRAÇÕES
Relativamente aos tipos de migração muito se poderá dizer. Existem vários tipos
de migração. Estes podem ser agrupados quanto à legalidade, que compreende a
migração legal e a migração clandestina; quanto à tomada de decisão, que corresponde
a mais dois tipos de migração, a migração forçada e a migração voluntária; quanto à
duração, onde estão implícitas a migração permanente e a migração temporária. Por
último, podemos agrupar os tipos de migração quanto ao espaço, que podem ser
migrações externas ou internas. No que diz respeito às migrações externas estas podem
ser intracontinentais ou intercontinentais. Relativamente às migrações internas estas
podem assumir a forma de êxodo rural ou êxodo urbano.
Estes são os tipos de migração que serão abordados seguidamente.
No que diz respeito à legalidade das migrações, podemos referir que felizmente
cada vez mais se assiste a migrações do tipo legal, uma vez que o processo das migrações
é hoje em dia um pouco mais fácil do que era há largos anos. No entanto, a migração
clandestina ainda está muito presente atualmente. É nestes aspetos que nos focaremos
de seguida.
Migração legal é naturalmente aquela migração que acontece dentro dos
parâmetros legais, quando o imigrante tem autorização legal de entrada, permanência
e também trabalho no país de destino, onde pretende se fixar para residir. De acordo
com a Organização Internacional para as Migrações, este tipo de migração aparece
designado como “documented migrant”, ou seja, migrante documentado, que
pressupõe que o imigrante entrou num país de forma legal e permanece no mesmo de
acordo com os critérios da sua admissão. Quanto à migração clandestina, esta acontece
quando o imigrante não tem autorização de entrada, de permanência e de trabalho no
país de destino. Devemos ter alguma sensibilidade quanto a este tipo de migração.
Muitas vezes este tipo é denominado de migração ilegal, no entanto este termo tem
uma conotação penal. Segundo o Dossier sobre Migrações da Assistência Médica
Internacional, AMI (2007, p 11), “Nenhuma pessoa é ilegal, independentemente da sua
situação migratória. Pode encontrar-se regular ou irregularmente no território de um
Estado, os seus atos podem ser ilegais, mas as pessoas serão sempre legais”. Ao
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abordarmos este tipo de migração, a migração irregular, clandestina ou indocumentada,
temos que ter a consciência da quantidade impressionante de imigrantes, em todo o
mundo que, todos os anos morrem em busca de uma vida melhor. Atualmente o caso
dos refugiados é um exemplo bem claro desta situação.
Outro aspeto relevante e que a meu ver deve carecer de atenção e preocupação
é a falta de transparência e o secretismo que oculta uma grande parte das políticas
governamentais sobre as migrações, em vários Estados do mundo. Deste modo, estas
políticas violam claramente a Convenção de Genebra e a Convenção Internacional da
ONU (Organização das Nações Unidas), sobre a proteção dos trabalhadores migrantes.
Por outro lado, e não menos importante de se abordar, são as consequências
graves das expulsões em massa de imigrantes clandestinos dos países onde estão
irregulares. Estas causam uma série de violações a direitos tão universais como o direito
à vida, à proteção, etc. De facto, estas repatriações fazem-se recorrendo a
procedimentos que nunca têm em conta cada caso individual, não existindo garantias
que este processo leve os imigrantes ao verdadeiro país de origem, que estes não sejam
vítimas de maus-tratos ou que não sejam sujeitos a tortura.
No que diz respeito à tomada de decisão podem existir dois tipos de migração, a
migração forçada e a migração voluntária. Relativamente à migração voluntária pode-
se dizer que esta é aquela migração que acontece por livre e espontânea vontade do
individuo. Este decide migrar sem que algo forçado esteja por trás da sua decisão. Este
tipo de migração surge por vontade própria, por livre iniciativa da população. Está
intimamente associado, por exemplo, às causas de migração do tipo socioculturais, ou
seja, quando o individuo decide emigrar por razões de valorização pessoal e/ou
profissional, para desenvolver investigações, para estudar num outro país (Erasmus)1,
etc.
1 Importante ter atenção que, grande parte dos estudantes que participam neste programa, residem noutro
país num período inferior a seis meses. Nesse caso não é considerada migração. Apenas se pode considerar
quando o estudante permanece no país de destino por um período superior ou igual a seis meses. O
Programa Erasmus foi estabelecido em 1987, é um programa de apoio interuniversitário de mobilidade de
estudantes e docentes do Ensino Superior entre estados membros da União Europeia e estados associados,
e que permite a alunos estudarem noutro país por um período de tempo entre 3 e 12 meses.
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Em relação às migrações forçadas, podemos dizer que estas acontecem quando
a população se vê obrigada a sair da sua terra, região ou país, por uma questão de
segurança e/ou sobrevivência. Este tipo de migração acontece em situações, por
exemplo, de catástrofes naturais, guerras, perseguições políticas ou religiosas,
ditaduras, etc. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (2011), migração
forçada é “um movimento migratório em que existe um elemento de coerção, incluindo
ameaças à vida e à subsistência, quer resultantes de causas naturais ou de origem
humana (por exemplo, movimentos de refugiados e de pessoas deslocadas
internamente, bem como pessoas deslocadas por desastres naturais ou ambientais,
catástrofes químicas ou nucleares, fomes […]”.
Quando falamos deste tipo de migração (migração forçada) torna-se importante
falarmos dos refugiados. De acordo com a Convenção relativa ao Estatuto dos
Refugiados, um refugiado é uma pessoa que, devido a um receio fundado de
perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, pertença a um determinado
grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país da sua nacionalidade e não
possa ou, em virtude desse temor, não queira valer-se da proteção desse país (ONU,
1951). Ou seja, um refugiado é um individuo a quem foi dado asilo nos termos da
Convenção de Genebra e que foi obrigado a migrar por motivos de perseguição política,
religiosa, militar ou devido às guerras. Da mesma forma, segundo a mesma fonte (1951,
p.137), os refugiados também incluem “as pessoas que tenham fugido dos seus países,
porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido ameaçadas pela violência
generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a violação maciça dos
Direitos Humanos, ou outras circunstâncias que tenham perturbado gravemente a
ordem pública.”
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O número de refugiados em todo o
mundo tem vindo a aumentar, provocando, por
vezes, graves dificuldades nos países de
acolhimento, como está a acontecer um pouco
por toda a Europa. É a ACNUR, Alto
Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados que coordena os esforços de
proteção a estas pessoas em situação precária.
Atualmente, vivemos um drama na Europa,
conhecido por todos, em que milhares de refugiados entram todos os dias na Europa
em busca de melhores condições de vida, e para fugirem da situação em que vivem nos
seus países de origem: a guerra.
Relativamente ao tipo de migração quanto à duração, podemos distinguir dois
tipos de migração: a migração permanente e a migração temporária. A migração
permanente acontece quando o indivíduo permanece no país de destino por um longo
período de tempo ou por tempo indeterminado. Quanto à migração temporária
podemos referir que esta acontece quando o indivíduo permanece temporariamente no
país ou região de destino. Apesar de permanecer mais de seis meses, o individuo
tenciona regressar ao seu país ou região de origem.
As migrações quanto ao espaço podem ser migrações internas ou externas. As
migrações internas são migrações que ocorrem dentro do território de um Estado. Ou
seja, são migrações que se sucedem dentro do mesmo país, mas para regiões diferentes.
Quando falamos de migrações internas temos necessariamente que abordar o êxodo
rural e êxodo urbano. Entende-se por êxodo rural, a migração que acontece de uma área
rural para uma área urbana. Ou seja, quando um indivíduo reside numa área rural e
migra para a cidade, para aí fixar residência. No que diz respeito ao êxodo urbano, este
acontece quando um indivíduo migra de uma área urbana para uma área rural. Em
relação às migrações externas, estas podem também designar-se de migrações
internacionais. Ou seja as migrações externas são os movimentos migratórios que se
efetuam para fora do território nacional. Este tipo de migração pode assumir duas
formas distintas. Quando a migração se realiza para um país localizado noutro
continente distinto do continente de origem, a migração é intercontinental. Quando a
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migração se realiza para um país localizado no mesmo continente do país de origem a
migração denomina-se de migração intracontinental. Estes movimentos são designados
por fluxos migratórios, e que se podem evidenciar através de um mapa de fluxos
migratórios, onde é possível perceber quais são as principais áreas de chegada e áreas
de partida, como veremos de seguida.
FLUXOS MIGRATÓRIOS
Figura 1 – Fluxos migratórios na atualidade
Falando agora dos fluxos migratórios podemos referir que os fluxos designam o conjunto
de pessoas ou coisas em deslocação numa dada direção. No que diz respeito ao tema
das migrações, refiro que os fluxos migratórios não resultam da falta de crescimento
económico e desenvolvimento, mas sim do processo de desenvolvimento por si só e
respondem, geralmente, a uma procura persistente e forte por parte das economias
desenvolvidas.
De facto, as migrações internacionais existem desde há vários séculos e
constituem um importante fator de mudança no mundo atual. Desde o século passado,
as migrações assumiram um carácter mais global e os fluxos migratórios mais antigos
inverteram-se, uma vez que os antigos países de emigração transformaram-se em novas
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áreas de imigração. Os fluxos migratórios tornaram-se mais volumosos, mais rápidos e
muito mais complexos do que foram outrora. (Castles, 2005)
Atualmente, devido ao problema dos refugiados, a União Europeia reforçou a sua
política restritiva de imigração e acentuou a tendência para encerrar as fronteiras a
estrangeiros. Mais uma vez, a consequência imediata foi o aumento dos imigrantes
ilegais. Por outro lado, o clima de recessão económica e o aumento do desemprego
fomentaram o reaparecimento de movimentos racistas e xenófobos, sobretudo nos
países do Norte.
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BIBLIOGRAFIA
ACNUR - Agência da ONU para Refugiados. (1951). Convenção relativa ao Estatuto dos
Refugiados. Genebra.
AMI, Assistência Médica Internacional. (2007). Dossier sobre Migrações.
Barreto, A. (2005). Globalização e Migrações. Lisboa: Impresa de Ciências Sociais.
Castles, S. (2005). Globalização, transnacionalismo e Novos Fluxos Migratórios - dos
trabalhadores convidados às migrações globais. Fim de Século.
Lacoste, Y. Dicionário de Geografia .
Organização Internacional para as Migrações. (2011). Glossário sobre migrações.
Internacional Migration series no. 25.
Palos, M. J. (2013). Relatório de Imigração Fronteiras e Asilo. Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras.