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1º LUGAR - REGULAÇÃO ECONÔMICA AUTOR: CARLOS MOTTA NUNES BRASÍLIA – DF MODELAGEM FINANCEIRA DE UMA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA PARA OPERAÇÃO DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO COM AS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL (TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO).

Modelagem Financeira de Uma PPP

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  • 1 LUGAR - REGULAO ECONMICA AUTOR: CARLOS MOTTA NUNES

    BRASLIA DF

    MODELAGEM FINANCEIRA DE UMA PARCERIA PBLICO-PRIVADA PARA OPERAO DO PROJETO DE INTEGRAO DO RIO SO FRANCISCO COM AS BACIAS HIDROGRFICAS DO NORDESTE

    SETENTRIONAL (TRANSPOSIO DO SO FRANCISCO).

  • 2

    RESUMO

    O presente trabalho visou a estudar uma alternativa para operao sustentvel, sob

    o ponto de vista financeiro, do Projeto de Integrao do Rio So Francisco com as

    Bacias Hidrogrficas do Nordeste Setentrional PISF, tambm conhecido como

    Projeto de Transposio do Rio So Francisco.

    A alternativa estudada foi a sua concesso por meio de uma Parceria Pblico-

    Privada (PPP), na modalidade concesso patrocinada, que envolve a cobrana de

    tarifa aos usurios e o pagamento de contraprestao pecuniria pelo Poder

    Concedente, no caso, o Governo Federal.

    A opo por PPP apresenta vantagens decorrentes principalmente da dificuldade

    institucional de criao de uma nova empresa pblica para a operao do PISF, haja

    vista a grande polmica que o envolve. Alm disso, um dos grandes problemas da

    concesso do projeto, a prestao de garantias pelo Governo, est equacionado por

    meio do Fundo Garantidor de PPPs, j implantado e gerido pelo Banco do Brasil

    Para a modelagem financeira da alternativa apresentada, foram levantados os

    custos de implantao das obras, instalao da concessionria, operao e

    manuteno. Foram tambm estimadas as receitas e, conseqentemente, a tarifa

    requerida para remunerar o capital privado a uma taxa de retorno de 12%.

    Os resultados da modelagem determinaram a tarifa mdia a ser cobrada pela

    operao do PISF. Foi feita uma anlise da repartio dessa tarifa entre os usurios

    e o Governo Federal, para diferentes cenrios de capacidade de pagamento dos

    usurios, contrapondo a parcela pblica com a arrecadao de impostos federais

    decorrentes da concesso do projeto.

  • 3

    Foi tambm realizada uma anlise de sensibilidade aos parmetros de maior

    incerteza. Verificou-se que o ponto de equilbrio do projeto era muito elevado quando

    comparado ao risco de efetivao das demandas para os diversos tipos de usos da

    gua: abastecimento humano, industrial e irrigao.

    Para reduzir o risco decorrente do elevado ponto de equilbrio, foi proposto um

    modelo tarifrio que dividiu as vazes contratadas em 2 lotes, o primeiro referente s

    vazes para consumo humano, e que tem um preo que cobre todos os custos fixos

    do projeto alm dos variveis relativos quela vazo. O 2 lote corresponde s

    demais vazes contratadas e seu preo cobre os respectivos custos variveis.

    O modelo tarifrio foi estudado para 2 cenrios, relativos forma de tarifao de

    energia eltrica a que o projeto estar sujeito: consumidor livre e tarifa horo-

    sazonal. Para o cenrio consumidor livre, a tarifa total requerida do 1 lote de

    vazes de R$ 0,289/m3 que, numa eventual PPP, pode ser decomposta numa

    parcela a ser paga pelos usurios de R$0,233/m3 e numa parcela pblica de R$

    0,056/m3, enquanto a tarifa do 2 lote de R$0,081/m3, que deve ser totalmente

    coberta pela tarifao, sem necessidade de contraprestao pelo parceiro pblico.

    Quanto ao cenrio tarifa horo-sazonal, a tarifa total requerida do 1 lote de

    R$0,420/m3, decomposto em parcelas de R$0,315/m3 como tarifa aos usurios e

    R$0,105/m3 de parcela pblica. Para o 2 lote, pago exclusivamente pelos usurios,

    a tarifa deve ser de R$0,240/m3.

    Palavras-chave: So Francisco. Parcerias Pblico-Privadas. Tarifas. Custos.

  • 4

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1: Modelo Esquemtico da Concesso Patrocinada......................................18

    Figura 2: Modelo Esquemtico da Concesso Administrativa...................................18

    Figura 4: Modelo de Gesto do PISF ........................................................................30

    Figura 5: Organograma da empresa concessionria ................................................38

    Grfico 1: Evoluo das Demandas de Projeto, por tipo de uso. ..............................43

    Grfico 2: Evoluo da Contraprestao para o cenrio consumidor livre, para TIR = 12% e Tarifa Requerida de R$0,137/m3..........................................................48

    Grfico 3: Evoluo da contraprestao para o cenrio Tarifa Horo-sazonal, TIR de 12% e tarifa requerida de R$0,289/m3. ..............................................................54

    Grfico 4: Evoluo da contraprestao para o cenrio consumidor livre, TIR de 12% e tarifa requerida de R$0,289/m3 para o 1 lote de vazes e restante a R$ 0,081/m3.............................................................................................................59

    Grfico 5: Evoluo da contraprestao para o cenrio tarifa horo-sazonal, TIR de 12% e tarifa requerida de R$0,420/m3 para o 1 lote de vazes e restante a R$ 0,240/m3.............................................................................................................60

    Grfico 6: Tarifa mdia em funo da vazo contratada no cenrio consumidor livre, horizonte 2025..........................................................................................61

    Grfico 7: Tarifa mdia em funo da vazo contratada no cenrio tarifa horo-sazonal, horizonte 2025. ...................................................................................61

  • 5

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Resumo dos oramentos das obras (atualizados para maio de 2008)......26

    Tabela 2: Custos unitrios do PISF...........................................................................32

    Tabela 3: Investimentos fixos para implantao da Entidade Operadora Federal ....35

    Tabela 4: Custos fixos do Projeto de Integrao do So Francisco ..........................40

    Tabela 5: Tarifas de energia eltrica adotadas .........................................................42

    Tabela 6: Cenrio Consumidor Livre - Oramento de Custo e Receita do Projeto com Financiamento....................................................................................................46

    Tabela 7: Cenrio Consumidor Livre - Fluxo de Caixa do Projeto com Financiamento...........................................................................................................................46

    Tabela 8: Cenrio Consumidor Livre - Oramento de Custo e Receita do Projeto sem Financiamento....................................................................................................47

    Tabela 9: Cenrio Consumidor Livre - Fluxo de caixa do Projeto sem Financiamento...........................................................................................................................47

    Tabela 10: Anlise de Sensibilidade do Cenrio Consumidor Livre ..........................50

    Tabela 11: Cenrio Tarifa Horo-sazonal - Oramento de Custo e Receita do Projeto com Financiamento............................................................................................52

    Tabela 12: Cenrio Tarifa Horo-sazonal - Fluxo de Caixa do Projeto com Financiamento....................................................................................................52

    Tabela 13: Cenrio Tarifa Horo-sazonal - Oramento de Custo e Receita do Projeto sem Financiamento............................................................................................53

    Tabela 14: Cenrio Tarifa Horo-sazonal - Fluxo de caixa do Projeto sem Financiamento....................................................................................................53

    Tabela 15: Anlise de Sensibilidade do Cenrio Tarifa Horo-sazonal ....................55

    Tabela 16: Estrutura tarifria proposta ......................................................................58

    Tabela 17: Tarifas de gua bruta no Estado do Cear..............................................62

    Tabela A-1: Modelo de Oramento de Custo e Receita ............................................75

    Tabela A-2: Modelo de Fluxo de Caixa .....................................................................76

  • 6

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ANA Agncia Nacional de guas ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica CELPE Companhia Energtica de Pernambuco CERTOH Certificado de Avaliao da Sustentabilidade da Obra Hdrica CHESF Companhia Hidreltrica do So Francisco COFINS Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social COGERH Companhia de Gesto de Recursos Hdricos CSLL Contribuio Social sobre Lucro Lquido DNOS Departamento Nacional de Obras e Saneamento Eletrobrs Centrais Eltricas Brasileiras S.A. FGV Fundao Getlio Vargas FUNCATE Fundao de Cincias e Tecnologias Espaciais ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios IGP-M ndice Geral de Preos do Mercado INCC ndice Nacional de Custo da Construo IRPJ Imposto de Renda - Pessoa Jurdica MI Ministrio da Integrao Nacional MMA Ministrio do Meio Ambiente MME Ministrio das Minas e Energia MPV Medida Provisria OGU Oramento Geral da Unio PFI Public Finance Initiatives PIS Programa de Integrao Social PISF Projeto de Integrao do Rio So Francisco com as Bacias

    Hidrogrficas do Nordeste Setentrional PPP Parceria Pblico-Privada PRODES Programa Despoluio de Bacias Hidrogrficas SAC Sistema de Amortizao Constante SEPRE Secretaria Especial de Polticas Regionais SGIB Sistema de Gesto da Bacia de Integrao SPE Sociedade de Propsito Especfico TIR Taxa Interna de Retorno VPL Valor Presente Lquido

  • 7

    SUMRIO

    I. INTRODUO.....................................................................................................8

    II. REVISO BIBLIOGRFICA..............................................................................12 II.1. PPPS...........................................................................................................12

    II.1.1. Definio..............................................................................................12 II.1.2. Histrico das PPPs ..............................................................................13 II.1.3. A legislao federal sobre PPPs..........................................................15

    II.2. PROJETO DE INTEGRAO DO RIO SO FRANCISCO COM AS BACIAS HIDROGRFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL - PISF...............................................21

    II.2.1. Descrio do Projeto............................................................................23 II.2.2. O Sistema de Gesto da Bacia de Integrao - SGIB .........................27

    III. ESTUDO DE CASO .......................................................................................33 III.1. METODOLOGIA ..............................................................................................33

    III.1.1. Identificao dos Investimentos a serem realizados:...........................34 III.1.2. Identificao dos custos de operao e manuteno: .........................35 III.1.3. Receitas do Projeto..............................................................................42

    IV. RESULTADOS...............................................................................................45 IV.1. CENRIO CONSUMIDOR LIVRE ........................................................................45

    IV.1.1. Anlise de Sensibilidade......................................................................49 IV.2. CENRIO TARIFA HORO-SAZONAL...................................................................51

    IV.2.1. Anlise de Sensibilidade......................................................................54 V. DISCUSSO......................................................................................................55

    V.1. COMPARAO ENTRE CENRIOS .....................................................................56 V.2. DISCUSSO DO PONTO DE NIVELAMENTO ........................................................57 V.3. COMPARAO COM OUTRAS EMPRESAS OPERADORAS DE GUA BRUTA..............60

    VI. CONCLUSES ..............................................................................................63

    VII. REFERNCIAS..............................................................................................68

  • 8

    I. INTRODUO

    O Governo Federal, por intermdio do Ministrio da Integrao Nacional, definiu,

    dentre suas principais aes de governo, a construo do Projeto de Integrao do

    Rio So Francisco com as Bacias Hidrogrficas do Nordeste Setentrional PISF,

    tambm conhecido como Projeto de Transposio do Rio So Francisco.

    Esse empreendimento consiste na retirada e transporte de parcela das guas do Rio

    So Francisco para o atendimento das demandas hdricas de algumas bacias

    hidrogrficas do Nordeste Setentrional, nos Estados do Cear, Paraba, Pernambuco

    e Rio Grande do Norte. Visa, principalmente, oferecer uma fonte hdrica segura para

    essas bacias hidrogrficas, garantindo gua para o abastecimento humano e

    dessedentao animal em toda sua regio de abrangncia e liberando suas reservas

    hdricas atuais para o atendimento de demandas reprimidas de irrigao e

    industriais.

    O projeto engloba as obras desde as captaes de gua no Rio So Francisco at

    sua entrega aos Estados supracitados, ocasio em que a responsabilidade pelo

    gerenciamento e transporte das guas ficar a cargo dos mesmos. O

    empreendimento composto por 02 (dois) eixos principais, denominados Eixo Norte

    e Eixo Leste, cada um deles formado por captaes no Rio So Francisco, estaes

    de bombeamento, canais, aquedutos, barragens, tneis e outras obras

    complementares e est orado em aproximadamente R$ 7,6 bilhes em valores

    atualizados para maio de 2008. Trata-se de um projeto multidisciplinar, que envolve

    uma gama de aspectos no somente tcnicos de engenharia, mas tambm sociais,

    econmicos, institucionais, ambientais e, principalmente, de gesto de recursos

    hdricos.

  • 9

    O Projeto de Integrao do Rio So Francisco com as Bacias Hidrogrficas do

    Nordeste Setentrional est em sua fase inicial de construo. Na fase de

    planejamento, um estudo elaborado pela Fundao Getlio Vargas para o Ministrio

    da Integrao Nacional (2005) estimou seus custos de operao e manuteno e

    detalhou um arranjo institucional para sua operao sustentvel.

    No entanto, o estudo de estimativa de custos no englobou aspectos financeiros e

    contbeis de anlise de empreendimentos, nem props uma estrutura tarifria para a

    cobrana dos servios a serem prestados pelo Projeto de Integrao.

    Por sua vez, de acordo com o arranjo institucional proposto, a operao do projeto

    ficaria a cargo de uma empresa subsidiria da Companhia Hidreltrica do So

    Francisco CHESF. No entanto, para criao dessa subsidiria, so necessrias

    alteraes nas leis de criao da prpria CHESF e da Eletrobrs, que a

    controladora da empresa, permitindo que a primeira opere servios de transporte de

    gua bruta. A alterao das leis dessas empresas corresponde a uma tarefa muito

    difcil do ponto de vista poltico e institucional, pois teria que ocorrer mediante sua

    aprovao no Congresso Nacional.

    Tendo em vista essa dificuldade institucional, a presente proposta visa apresentar

    uma alternativa para operao do Projeto de Integrao do Rio So Francisco por

    meio de sua concesso ao setor privado sob a forma de Parceria Pblico-Privada.

    No entanto, para que o setor privado se interesse, necessrio que sejam

    estabelecidas as condies financeiras mnimas, compatveis com os riscos de tal

    empreendimento.

  • 10

    O presente trabalho contribui, portanto, com o Projeto de Integrao do Rio So

    Francisco ao analisar a viabilidade de conceder a operao do projeto iniciativa

    privada.

    Trata-se de um assunto de interesse direto da Agncia Nacional de guas - ANA,

    pois segundo o arranjo institucional proposto, a regulao da concesso da

    operao do Projeto de Integrao ficar a cargo dessa agncia. Assim, a proposta

    em tela permitir tambm um maior aprofundamento da ANA no assunto,

    antecipando-se a possveis problemas decorrentes da concesso dos servios ao

    setor privado.

    O presente documento est dividido em 4 partes. A primeira corresponde

    introduo e reviso bibliogrfica referente s concesses de servios pblicos e

    parcerias pblico-privadas (PPPs) e descrio do Projeto de Integrao do Rio So

    Francisco, constituindo os captulos I e II.

    A segunda parte, correspondente ao captulo III, refere-se ao estudo de caso, com a

    apresentao das premissas e procedimentos metodolgicos adotados.

    Os captulos IV e V constituem a terceira parte do documento e incluem a

    apresentao e discusso dos resultados a partir de diferentes cenrios, incluindo a

    anlise de sensibilidade para as diversas premissas adotadas.

    Por fim, o captulo VI, que corresponde ltima parte do documento, apresenta as

    concluses deste estudo e traa recomendaes para futuros aprofundamentos nas

    questes abordadas neste trabalho.

  • 11

    O texto elaborado admite que o leitor possui conhecimentos bsicos de anlise

    financeira de projetos. Todavia, caso alguns conceitos aqui apresentados no sejam

    de conhecimento do leitor, esses podem ser obtidos em consulta ao Apndice A, que

    descreve os principais indicadores de anlise financeira.

    importante delimitar a abrangncia deste estudo. O presente trabalho no buscou

    verificar a capacidade de pagamento dos usurios finais. Tambm no objetivou

    propor tarifas diferenciadas entre os Estados de forma a atender aos critrios de

    rateio propostos por estudos anteriores, bem como no verificou o total cada Estado

    ter que pagar pelas guas do Projeto.

  • 12

    II. REVISO BIBLIOGRFICA

    II.1. PPPs

    II.1.1. Definio

    A literatura apresenta vrias definies de Parcerias Pblico-Privadas. Segundo o

    Fundo Monetrio Internacional (International Monetary Fund, 2004), as PPPs so

    arranjos contratuais pelos quais o setor privado passa a prover infra-estrutura de

    bens e servios que usualmente tm sido providos pelo setor pblico.

    Na mesma linha, a Comisso Europia (European Commission, 2000) indica que as

    PPPs correspondem a todas as formas legais e econmicas atualmente em uso, que

    tornam possvel para o setor privado investir em infra-estrutura e servios pblicos.

    Por sua vez, a definio apresentada por Di Pietro (2006) e baseada na legislao

    brasileira, preconiza que PPP " o contrato administrativo de concesso que tem por

    objeto (a) a execuo de servio pblico, precedida ou no de obra pblica,

    remunerada mediante tarifa paga pelo usurio e contraprestao pecuniria do

    parceiro pblico, ou (b) a prestao de servio de que a Administrao Pblica seja

    usuria direta ou indireta, com ou sem a execuo de obra e fornecimento e

    instalao de bens, mediante contraprestao do parceiro pblico".

    Todavia, todas as definies de Parcerias Pblico-Privadas guardam um aspecto em

    comum: a prestao de um servio pblico, com ou sem a execuo da obra, por um

    parceiro privado.

  • 13

    importante salientar que uma PPP no se trata de privatizao ou terceirizao de

    competncias pblicas para o setor privado. Pelo contrrio, trata-se de um

    mecanismo legal e institucional pelo qual os riscos dos empreendimentos e seus

    possveis ganhos so repartidos pelos parceiros pblico e privado.

    II.1.2. Histrico das PPPs

    As PPPs iniciaram-se em 1992, no Reino Unido, durante o governo do Partido

    Conservador e surgiram como uma resposta s necessidades do governo britnico

    de investir em infra-estrutura apesar da situao vivida quela poca de escassez de

    recursos pblicos. As Public Finance Initiatives (PFI), como so denominadas as

    PPPs no Reino Unido, at 2004 eram responsveis por cerca de 14% de todo o

    investimento pblico britnico, nas mais diversas reas de infra-estrutura e servios

    (International Monetary Fund, 2004).

    A experincia britnica difundiu-se pelo mundo, especialmente na Europa durante a

    dcada de 90. Pasin e Borges (2003) apontam vrias iniciativas de parcerias

    pblico-privadas nesse continente, tais como as rodovias irlandesas, em que os

    investimentos na construo dessa infra-estrutura so pagos pelos pedgios

    cobrados populao e por aportes do setor pblico. Em Portugal, segundo os

    autores, as PPPs de rodovias utilizaram-se do mecanismo denominado pedgio

    sombra, isto , naquelas onde fosse comprovada a inviabilidade para o setor

    privado, a viabilidade era garantida pelo Governo. Foram apresentados outros

    exemplos de PPP encontrados na Polnia, Hungria, Frana e Repblica Tcheca,

    envolvendo alm de rodovias, sistemas de saneamento e telecomunicaes.

  • 14

    Na Amrica Latina os pioneiros em Parcerias Pblico-Privadas foram o Mxico e o

    Chile. No Mxico, os investimentos em rodovias foram realizados por meio de PPPs

    a partir de meados da dcada de 90 (Pasin e Borges, 2003). J o Chile, considerado

    o pas de economia mais liberal da Amrica Latina, desde a dcada de 90 tambm

    vem adotando modelos de PPP nas concesses de servios pblicos e de infra-

    estrutura, incluindo estradas, aeroportos, prises e projetos de irrigao

    (International Monetary Fund, 2004).

    No Brasil, algumas experincias de PPP foram levadas a cabo, mesmo antes da

    promulgao da legislao federal sobre o assunto. Um exemplo o Programa

    Despoluio de Bacias Hidrogrficas PRODES, executado pela Agncia Nacional

    de guas - ANA desde 2001. Nesse programa de governo, tambm conhecido

    como Programa de Compra de Esgoto Tratado, os Prestadores de Servio Pblico

    de Saneamento investem na construo e operao de estaes de tratamento de

    esgotos e recebem os recursos do Governo Federal durante a operao da estao,

    mediante o cumprimento de metas contratuais relativas eficincia dos servios

    prestados (ANA, 2002).

    H exemplos de PPPs no mbito dos Estados brasileiros, como a Linha 4 do Metr

    de So Paulo, assinado em 2006, onde o Estado de So Paulo participa com R$

    1,96 bilho e o parceiro privado com R$ 724,3 milhes, totalizando R$ 2,68 bilhes.

    Outro exemplo, no Estado de Minas Gerais, a rodovia MG-050, com 371 km de

    extenso, que liga a BR 262 em Juatuba a So Sebastio do Paraso, na divisa com

    So Paulo. Nesse projeto, cujo prazo de concesso de 25 anos, a iniciativa privada

    entrar com R$ 712 milhes e ter como receita o pedgio da rodovia, no valor de

  • 15

    R$ 3,30, alm do pagamento de contraprestao pelo Governo de Minas Gerais no

    valor de R$ 658 mil mensais (Minas Gerais, 2008).

    Essas PPPs so decorrentes das legislaes estaduais, muitas delas promulgadas

    anteriormente Lei Federal, com o caso dos estados de Minas Gerais, que foi o

    primeiro, tendo sido seguido por Santa Catarina, So Paulo, Gois, Bahia, Cear.

    Posteriormente Lei Federal, que de 30 de dezembro de 2004, Pernambuco, Rio

    Grande do Sul, Piau, Rio Grande do Norte e Distrito Federal promulgaram suas leis.

    Em mbito federal, nenhuma PPP foi ainda implantada. O projeto que se encontra

    em estgio mais avanado o Projeto Pontal, para irrigao em Petrolina,

    Pernambuco. Esse projeto encontra-se no momento (junho de 2008) em anlise pelo

    Tribunal de Contas da Unio para que seja lanado o edital de licitao.

    II.1.3. A legislao federal sobre PPPs

    Em mbito federal, as parcerias pblico-privadas so regidas pela Lei n. 11.079 de

    30 de dezembro de 2004, que institui normas gerais para licitao e contratao de

    parceria pblico-privada, no mbito da administrao pblica. A referida lei

    estabelece, em seu artigo 2, que:

    .................

    Art. 2 Parceria Pblico-privada contrato administrativo de concesso, na

    modalidade patrocinada ou administrativa.

    1 Concesso patrocinada a concesso de servios pblicos ou de obras

    pblicas de que trata a Lei n. 8.987, 13 de fevereiro de 1995, quando

    envolver, adicionalmente tarifa cobrada dos usurios, contraprestao

    pecuniria do parceiro pblico ao parceiro privado.

  • 16

    2 Concesso administrativa o contrato de prestao de servio de que a

    Administrao Pblica seja a usuria direta ou indireta, ainda que envolva

    execuo de obra ou fornecimento e instalao de bens.

    3 No constitui parceria pblico-privada a concesso comum, assim

    entendida a concesso de servios pblicos ou de obras pblicas de que trata

    a Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando no envolver

    contraprestao pecuniria do parceiro pblico ao parceiro privado.

    ........................

    Portanto, a legislao federal trata as PPPs como uma modalidade de concesso na

    qual existe a contraprestao pecuniria, ou pagamento pelos servios, do parceiro

    pbico ao privado. No Brasil, as concesses so regidas pela Lei n. 8.987, de 13 de

    fevereiro de 1995 e diferem-se das PPPs pelos seguintes aspectos, segundo Di

    Pietro (2006):

    A remunerao da concesso patrocinada, modalidade de PPP, envolve,

    alm da tarifa cobrada ao usurio final, a contraprestao pecuniria pelo

    Poder Concedente.

    Existe a obrigatoriedade de constituio de Sociedade de Propsito

    Especfico (SPE) para implantar e gerir o projeto de PPP. Na concesso

    comum, regida pela Lei 8.987/95, existe essa possibilidade, mas no

    obrigatoriedade.

    As PPPs prevem a possibilidade de prestao de garantias pelo Poder

    Pblico para o cumprimento de suas obrigaes pecunirias.

    As PPPs prevem o compartilhamento dos riscos e dos ganhos econmicos

    do parceiro privado com o Poder Pblico.

  • 17

    s PPPs aplicam-se normas especficas de licitao, utilizando-se

    subsidiariamente a Lei das Licitaes (Lei 8666/93).

    Nas PPPs existe a possibilidade de aplicao de penalidades Administrao

    Pblica por inadimplemento contratual.

    As PPPs prevem prazos mnimo e mximo para as concesses, 5 e 35 anos,

    respectivamente, e;

    So impostos limites de contrato com parcerias pblico-privadas.

    Em relao s modalidades de PPPs permitidas em mbito nacional, duas foram

    definidas na Lei 11.079/04: a concesso patrocinada e a concesso administrativa. A

    concesso patrocinada difere-se da administrativa pelo fato da primeira exigir, alm

    da contraprestao pecuniria por parte do parceiro pblico, a cobrana de tarifa dos

    usurios finais dos servios. No caso da concesso administrativa, o parceiro pblico

    pode at cobrar dos usurios finais, mas os recursos do parceiro privado so

    decorrentes exclusivamente da parcela pblica.

    As figuras 1 e 2, adaptadas de Silva e Alencar (2007) apresentam,

    esquematicamente, os modelos de PPPs estabelecidos na legislao federal.

    Para ambos os casos, o parceiro pblico deve escolher o parceiro privado por meio

    de licitao. A Lei das PPPs prev que essas licitaes devero ser do tipo

    concorrncia pblica e os critrios de julgamento podem ser:

    menor valor da tarifa do servio pblico a ser prestados;

    fixada a tarifa, menor valor da contraprestao a ser paga pelo parceiro

    pblico;

  • 18

    Procedimento Licitatrio

    Parceiro Pblico

    Parceiro Privado

    Concessionria / SPE

    Usurios

    $$$

    Contraprestao Pecuniria

    Tarifas$$$

    Presta Servios

    Figura 1: Modelo Esquemtico da Concesso Patrocinada

    Fonte: Silva e Alencar (2007), adaptado pelo autor.

    Procedimento Licitatrio

    Parceiro Pblico

    Parceiro Privado

    Concessionria / SPE

    Usurios

    $$$Contra

    prestao Pe

    cuniria

    Tarifas, Taxas ou Impostos

    Presta Servios

    Parceiro Pblico

    $$$

    Figura 2: Modelo Esquemtico da Concesso Administrativa

    Fonte: Silva e Alencar (2007), adaptado pelo autor.

  • 19

    combinao da melhor oferta pelo servio pblico, seja ela tarifa ou

    contraprestao, com a proposta tcnica da licitante.

    Em todos os casos exigido que o consrcio ou empresa vencedora da licitao

    constitua Sociedade de Propsito Especfico SPE anteriormente assinatura do

    contrato. Sociedade de Propsito Especfico uma empresa criada por uma

    empresa ou grupo de empresas com o propsito de prestar o servio ou implantar

    um empreendimento com um objeto especfico, e cuja contabilidade desvinculada

    das empresas me. Podem ser criadas para grandes projetos que envolvem

    compartilhamento de risco, denominados Project Finance, ou para prestar servios

    pblicos concedidos, como aqueles que so objeto de PPP.

    Do ponto de vista privado, a criao da SPE importante porque impede uma

    mistura entre as contabilidades das empresas, de forma a no afetar as contas das

    empresas me em caso de problemas com a concesso do servio e isolar a SPE

    de riscos estranhos ao servio por ela prestado, decorrentes das atividades das

    empresas me. Alm disso, permite que financiadores do projeto assumam a SPE

    em caso de inadimplncia, sem afetar as empresas formadoras.

    Por outro lado, do ponto de vista pblico, essa exigncia necessria especialmente

    no que tange regulao do servio pblico concedido, quando da necessidade de

    avaliao de ativos e das contas da concessionria nos momentos de anlise de

    equilbrio econmico-financeiro dos contratos, que no podem ser afetados pela

    contabilidade das empresas formadoras da SPE.

    Os contratos de PPP envolvem compartilhamento de riscos, de ganhos decorrentes

    de reduo de risco de crdito e garantias para ambas as partes. O artigo 5, inciso

  • 20

    III da Lei 11.079/04, estabelece que os contratos devem prever, de maneira objetiva,

    a repartio dos riscos entre as partes, incluindo, dentre outros, fora maior e fato do

    prncipe1.

    O parceiro privado deve prestar garantias ao parceiro pblico, nas formas previstas

    usualmente em contratos administrativos, que prevem as seguintes alternativas:

    cauo em dinheiro ou ttulos da dvida pblica, seguro-garantia e fiana bancria.

    Por outro lado, as garantias a serem prestadas pelo parceiro pblico esto

    expressas no artigo 8 da Lei 11.079/04 e incluem: vinculao de receitas, instituio

    de fundos especiais, contratao de seguro-garantia, garantia prestada por

    organismos internacionais ou instituies financeiras no controladas pelo Poder

    Pblico, garantias prestadas por fundo garantidor e outros mecanismos previstos em

    lei.

    O mecanismo de garantia por meio de fundo garantidor foi concretizado pela criao

    do Fundo Garantidor das PPPs. Esse fundo, conforme estabelecido no artigo 16 da

    Lei das PPPs, tem por finalidade prestar garantia de pagamento de obrigaes

    pecunirias pelos parceiros pblicos federais em virtude de parcerias de que trata a

    lei. Tem um capital integralizvel de R$ 6 bilhes de reais, na forma de transferncia

    de aes da Unio referentes s suas participaes minoritrias e em excesso

    manuteno do seu controle em sociedades de economia mista, conforme

    estabelecido no Decreto Federal 5.411 de 6 de abril de 2005. Seu funcionamento foi

    aprovado pelo Conselho Monetrio Nacional (CMN), enquanto a administrao de

    1 Fato do Prncipe toda determinao do governo que afete ou onere a execuo de um contrato.

  • 21

    sua carteira foi regulamentada pela Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e

    gerida pelo Banco do Brasil desde 2006.

    II.2. Projeto de Integrao do Rio So Francisco com as Bacias Hidrogrficas do Nordeste Setentrional - PISF

    A preocupao com a ocorrncia de secas no Nordeste acompanha a histria do

    Brasil desde os tempos de Colnia. Entre 1721 a 1727, por exemplo, para amenizar

    os efeitos da seca, a Coroa Portuguesa enviou navios de mantimentos regio e

    determinou que os beneficiados deveriam ser recrutados para melhoria nas vilas das

    reas atingidas (Ministrio da Integrao Nacional, 2001).

    A ocorrncia de secas no Nordeste recorrente. No intervalo de 200 anos entre os

    sculos XIX e XX ocorreram 50 anos secos na regio, afetando significativamente a

    vida da populao local (Ministrio da Integrao Nacional, 2001). Essa estatstica

    significou uma probabilidade de 25% para ocorrncia de perodos secos a qualquer

    ano. Todavia, tendo em vista a disperso temporal desses perodos secos, no

    possvel estabelecer um padro cclico de forma a permitir a previso de sua

    ocorrncia.

    No Semi-rido Nordestino, regio abrangida grosso modo pelos municpios situados

    dentro da isoieta2 de 800 mm de chuva anual, a situao atpica. Em termos

    relativos, chuvas anuais de 800 mm no caracterizam uma regio seca. Em Paris,

    2 Isoietas correspondem representao espacial das curvas que unem pontos de mesma precipitao (mm de

    chuva) para um perodo determinado.

  • 22

    Frana, por exemplo, a mdia anual de chuvas tambm inferior a esse valor. No

    entanto, no semi-rido as chuvas so muito concentradas em apenas 3 meses

    durante o ano, o que explica a necessidade de reservao da gua, por meio da

    construo de audes, obras tpicas da regio. Some-se a isso o alto ndice de

    evaporao devido insolao. Enquanto a chuva mdia anual de 800 mm, a

    evaporao mdia anual de mais de 2.000mm. Por isso, costuma-se dizer que no

    Semi-rido chove para cima. Por outro lado, em Paris, as chuvas so

    regularmente distribudas durante o ano e a evaporao baixa.

    No Nordeste Setentrional, que compreende os Estados de Pernambuco, Paraba,

    Rio Grande do Norte e Cear, a situao agravada pela geologia. Grande parte da

    regio, excetuando-se a zona costeira, situa-se sobre a formao geolgica

    denominada Cristalino. Essa formao bastante rasa, aflorando em vrias regies,

    e impermevel, o que faz com que as chuvas sigam rapidamente para os leitos dos

    rios e da para o mar e no infiltrem no subsolo de forma a recarregar os aqferos.

    Esse conjunto de caractersticas naturais leva a uma situao de inexistncia de rios

    perenes na regio. O Rio Jaguaribe no Cear, por exemplo, conhecido como o

    maior rio seco do mundo.

    Por todo o exposto, a gesto dos recursos hdricos de fundamental importncia no

    Nordeste Setentrional. necessrio gerenciar adequadamente as guas dos audes

    da regio, de forma a superar os perodos secos com os menores danos possveis.

    No entanto, conforme foi dito anteriormente, no existe um padro cclico para

    ocorrncia das secas e o gestor dos audes tem que tomar decises que afetam a

    vida de milhares de pessoas: caso ele permita a utilizao integral do volume til dos

    audes pela populao, ele promover as atividades econmicas da regio, como a

  • 23

    agricultura irrigada, por exemplo. Contudo, se no ano seguinte no chover o

    suficiente para encher novamente o aude, ele poder estar comprometendo at

    mesmo a disponibilidade de gua para o consumo humano. Por outro lado, se o

    gestor no libera a gua do aude para precaver-se de uma seca nos prximos

    anos, ele est garantindo o suficiente para o consumo humano, mas

    comprometendo o uso econmico da gua, alm de perder uma importante parcela

    por evaporao.

    nesse contexto que surge o Projeto de Integrao do Rio So Francisco com as

    Bacias Hidrogrficas do Nordeste Setentrional, doravante denominado PISF. O Rio

    So Francisco o nico grande rio perene do Nordeste e capaz de oferecer uma

    fonte segura de gua mesmo nos perodos de seca no Nordeste Setentrional. Assim,

    com a implantao do projeto, o gestor dos recursos hdricos, tendo uma fonte

    segura de gua durante todos os anos, pode utilizar ao mximo a gua dos seus

    audes, incentivando o desenvolvimento econmico da regio, sem precisar

    preocupar-se com a possibilidade de seca no futuro e reduzindo suas perdas por

    evaporao.

    II.2.1. Descrio do Projeto.

    Desde os tempos do Imprio, D. Pedro II j imaginava uma soluo para as secas

    do Nordeste levando as guas do So Francisco. A idia no foi frente por no

    existirem recursos tcnicos poca. Muitas discusses ocorreram desde ento e o

    projeto como est concebido foi proposto em 1985 pelo extinto Departamento

    Nacional de Obras e Saneamento - DNOS, sendo aperfeioado pelo Ministrio da

    Integrao Regional em 1994. Seus estudos foram retomados em 1997 pela

    Secretaria Especial de Polticas Regionais - SEPRE, no mbito do Conselho de

  • 24

    Governo e continuados pelo Ministrio da Integrao Nacional, a partir de agosto de

    1999 (Ministrio da Integrao Nacional, 2001). A verso atual do projeto e que deu

    origem s obras j em andamento (junho 2008) foi elaborada pela Fundao de

    Cincias e Tecnologias Espaciais - FUNCATE - em 2001.

    O Projeto de Integrao do Rio So Francisco com Bacias Hidrogrficas do Nordeste

    Setentrional consiste na construo de estruturas para retirada, bombeamento e

    transporte de uma parcela das guas do Rio So Francisco a algumas bacias

    hidrogrficas dos Estados de Pernambuco, Paraba, Rio Grande do Norte e Cear.

    O Projeto composto por 2 eixos que, por sua vez, so divididos em trechos:

    Eixo Norte, dividido nos trechos I, II, III, IV e VI;

    Eixo Leste, composto pelo trecho V e pelo Canal do Agreste Pernambucano.

    O Eixo Norte ter seu canal de tomada dgua no Rio So Francisco prximo

    cidade de Cabrob/PE, aps a barragem de Sobradinho. Esse eixo visa atender s

    bacias hidrogrficas dos rios Piranhas - Au, na Paraba e Rio Grande do Norte,

    Apodi no Rio Grande do Norte, e Jaguaribe, no Cear, alm das bacias dos rios

    Brgida e Terra Nova, afluentes do prprio So Francisco no Estado de Pernambuco.

    J o Eixo Leste ter sua tomada dgua prxima ao municpio de Floresta/PE e

    atender bacia hidrogrfica do Rio Paraba, na Paraba e do Agreste

    Pernambucano, por meio do Canal do Agreste. A figura 3 apresenta um desenho

    esquemtico do projeto, com sua respectiva rea de influncia direta.

  • 25

    Figura 3: rea de influncia direta do PISF

    Fonte: Ministrio da Integrao Nacional

    As obras em ambos os trechos incluem a construo de canais, estaes de

    bombeamento, aquedutos, tneis, barragens, hidreltricas, linhas de transmisso e

    estruturas complementares. A tabela 1 apresenta um resumo das obras e seu

    oramento, atualizados para maio de 2008.

    Os trechos devero ser construdos por etapas, sendo que a primeira etapa, com

    trmino previsto para o ano 2010, abrange os trechos I e II do Eixo Norte e trecho V,

    do Eixo Leste. Os demais trechos tm sua concluso prevista para o ano 2015.

    A rea de abrangncia do projeto de cerca de 66.500 km2, beneficiando uma

    populao projetada de 11,6 milhes de habitantes em 2025, de 86 municpios nos 4

    estados atendidos.

  • 26

    Os principais benefcios do projeto so decorrentes do aumento da segurana

    hdrica, uma vez que, ao assegurar uma fonte constante de gua ao Nordeste

    Setentrional, o gestor de recursos hdricos poder disponibilizar as guas

    armazenadas nos audes para todos os usos reprimidos na regio, no somente o

    consumo humano, mas tambm o industrial e para irrigao, oferecendo condies

    para o desenvolvimento econmico.

    Tabela 1: Resumo dos oramentos das obras (atualizados para maio de 2008)

    Obra Oramento(R$)

    Tomadas dgua 193.990.016

    Estaes de Bombeamento 1.139.691.433

    Canais Artificiais 2.542.010.523

    Galeria 14.785.464

    Tneis 347.863.830

    Aquedutos 226.062.820

    Pontes 63.833.495

    Barragens/Reservatrios/Estruturas de Controle 781.968.623

    Obras de Infra-estrutura e Drenagem 807.961.124

    SDSC / CCO 133.067.837

    UHE 426.837.857

    Linha de transmisso 162.170.797

    Aquisio de Terras e benfeitorias 51.592.261

    Relocaes 24.640.856

    Custos Indiretos 728.953.926

    Total 7.645.430.861

    Fonte: Ministrio da Integrao Nacional, 2001 (atualizado pelo autor utilizando o

    ndice Nacional de Custo da Construo - INCC)

    Alm disso, ao utilizar a gua dos audes, ser reduzido o volume de perdas por

    evaporao, o que corresponde a mais um ganho de volumes de gua para a regio,

    no somente aquela fornecida pelo projeto. Esse ganho de volume resultante da

    disponibilizao das vazes do PISF o que se denomina sinergia do projeto.

  • 27

    Em termos hidrulicos, os canais, aquedutos e tneis foram projetados para

    transportar uma vazo mxima de 127 m3/s (Ministrio da Integrao Nacional,

    2001). No entanto, as condies hidrulicas foram redefinidas pela outorga de

    direito de uso da gua expedida pela Agncia Nacional de guas - ANA, por meio da

    Resoluo n. 411 de 22 de setembro de 2005. De acordo com esse documento, a

    vazo de retirada mxima no PISF de 26m3/s durante todo o ano, reservada ao

    atendimento de demandas decorrentes do consumo humano, podendo chegar a

    127m3/s nos momentos em que a barragem de Sobradinho estiver vertendo ou

    quando seu volume til for superior ao volume de espera contra as cheias. Isso

    significa que s haver retirada superior a 26m3/s quando o Rio So Francisco

    contar com gua em excesso. Essas condicionantes resultam numa vazo mdia de

    longo perodo de 67 m3/s, vazo essa a ser utilizada nos planejamentos de longo

    prazo (Agncia Nacional de guas, 2005).

    A barragem de Sobradinho regulariza uma vazo mdia a jusante de cerca de 1850

    m3/s. A retirada de 26m3/s representa menos de 5% da vazo do rio, valor esse

    incapaz de ser percebido mesmo pelos equipamentos de medio de vazo mais

    modernos do mercado. A outorga expedida pela ANA tambm indica que, at que as

    demandas para consumo humano alcancem os 26m3/s, a parcela no utilizada pelas

    empresas de abastecimento de gua poder ser utilizada para outros usos. As

    regras estabelecidas pela outorga da ANA, portanto, condicionam a operao do

    projeto, delimitando seu alcance.

    II.2.2. O Sistema de Gesto da Bacia de Integrao - SGIB

    O modelo para gesto do Projeto de Integrao do Rio So Francisco comeou a ser

    efetivamente estudado em 2004, quando da criao de um Grupo de Trabalho por

  • 28

    meio da Portaria Interministerial n 7 de 14 de abril daquele ano, envolvendo os

    ministrios da Integrao Nacional, do Meio Ambiente e das Minas e Energia, com a

    atribuio de propor um arranjo institucional sustentvel para operao do projeto

    (Brasil, 2004).

    O resultado dos trabalhos desse grupo, divulgado em junho de 2004, apresentou 4

    alternativas para a gesto do projeto, a saber:

    empresa privada, na modalidade de PPP;

    Departamento Nacional de Obras contra as Secas DNOCS (autarquia

    federal);

    Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e Parnaba

    CODEVASF; e

    Companhia Hidreltrica do So Francisco CHESF.

    poca, a legislao federal relativa a PPPs no havia sido ainda aprovada, o que

    fez com que o Grupo de Trabalho descartasse essa opo. Alm disso, a portaria,

    em seu artigo 1, inciso I, indicava que o modelo operacional devia contar com a

    participao da CHESF, o que resultou na anlise detalhada somente dessa

    alternativa (Brasil, 2004).

    Os resultados apresentados pelo Grupo de Trabalho serviram de base para o estudo

    desenvolvido pela Fundao Getlio Vargas para o Ministrio da Integrao

    Nacional em 2005 e apresentado Agncia Nacional de guas para obteno da

    outorga de direito de uso e do Certificado de Avaliao da Sustentabilidade da Obra

    Hdrica CERTOH. O referido estudo detalhou a proposta apresentada pelo Grupo

  • 29

    de Trabalho e estabeleceu o modelo para o arranjo institucional para operao do

    PISF, a ser efetivado a partir da publicao de um decreto presidencial.

    Assim, em 19 de dezembro de 2006, por meio do Decreto n. 5.995, o Governo

    Federal estabeleceu o modelo institucional para operao do Projeto de Integrao

    do So Francisco. De acordo com esse modelo, a operao do projeto ficar a cargo

    de uma Entidade Operadora Federal, que ser responsvel pelo transporte das

    guas do Rio So Francisco at os Portais do PISF, pontos de entrega da gua aos

    Estados do Cear, Rio Grande do Norte, Paraba e Pernambuco. A partir desses

    portais, a responsabilidade pelo gerenciamento dessas guas ficar a cargo das

    denominadas Entidades Operadoras Estaduais. Essas ltimas se encarregaro de

    levar as guas at os usurios finais: companhias de saneamento, servios

    autnomos de gua e esgoto, indstrias e irrigantes.

    Entre esses agentes sero estabelecidas relaes comerciais, isto , a Entidade

    Operadora Federal cobrar tarifa das Entidades Operadoras Estaduais, que por sua

    vez cobraro tarifas dos usurios finais.

    Ser criado um comit gestor, composto por representantes dos ministrios da

    Integrao Nacional, do Meio-Ambiente, das Minas e Energia e da Casa Civil, alm

    dos 4 estados beneficirios do projeto. O Comit Gestor ter como atribuies,

    dentre outras, a de aprovar o plano anual de vazes a serem distribudas aos

    Estados. A regulao econmica dos servios de transporte de gua da Entidade

    Operadora Federal dever ficar a cargo da Agncia Nacional de guas - ANA. A

    figura 4 apresenta esquematicamente o modelo de gesto a ser adotado no projeto.

  • 30

    Conselho GestorMI, MME, MMACE, RN, PB, PE

    Plano de Gesto AnualRepartio de gua entre os Estados,

    obrigaes, metas, incentivos, punies

    Entidade Operadora Estadual

    CE

    Entidade Operadora Estadual

    RN

    Entidade Operadora Estadual

    PB

    Entidade Operadora Estadual

    PE

    Entidade Operadora

    Federal CHESF gua

    rgo Regulador MI ou ANA

    Fixao de tarifas e condicionantes operacionais de aduo de gua do PISF

    Figura 4: Modelo de Gesto do PISF

    Fonte: Autor

    A entidade operadora federal originalmente indicada no estudo do Ministrio da

    Integrao Nacional foi a Companhia Hidreltrica do So Francisco - CHESF, por

    meio de uma subsidiria a ser criada exclusivamente para esse fim, batizada

    poca de CHESF-gua. Todavia, a criao de uma subsidiria para a CHESF

    incorre em uma srie de dificuldades, especialmente de cunho institucional e legal. A

    CHESF, empresa pblica, no dispe, em seu decreto de criao, da atribuio de

    prover servios de aduo de gua. Para incluir essa nova atribuio, necessria a

    alterao de sua lei e da lei de criao da Eletrobrs, de quem a CHESF

    subsidiria. Tendo em vista toda a polmica que cerca o Projeto de Integrao do

    So Francisco, a alterao das leis da CHESF e da Eletrobrs pode no ser vivel

    no Congresso Nacional, dentro do prazo previsto para o incio de suas atividades,

    2010.

    De acordo com o modelo proposto pelo Governo Federal, a construo ser feita

    com recursos do Oramento Geral da Unio OGU, a fundo perdido. J os custos

  • 31

    de operao e manuteno devero ser arcados pelos Estados beneficirios, por

    meio da tarifao dos servios de aduo de gua bruta.

    Esses custos foram estimados pelo Ministrio da Integrao Nacional por meio do

    estudo contratado junto Fundao Getlio Vargas - FGV em 2005. Esse estudo

    props um modelo de rateio dos custos operacionais do projeto entre os Estados,

    estabelecendo custos unitrios diferenciados em funo de uma taxa de utilizao

    da infra-estrutura do Projeto de Integrao.

    A Tabela 2, cujos dados foram extrados do referido estudo, apresenta os custos

    unitrios (por m3 de gua disponibilizada) de operao a manuteno que cada

    Estado deve arcar em funo do grau de utilizao da infra-estrutura do Projeto,

    tendo como referncia os anos de 2010 e 2015, para a vazo contnua de 26m3/s

    relativa ao consumo humano.

    O estudo do Ministrio da Integrao Nacional props tambm uma srie de

    mecanismos de securitizao Entidade Operadora Federal, de forma a garantir o

    ressarcimento das despesas de operao e manuteno. Os mecanismos propostos

    foram:

    cesso dos direitos da parcela de gua bruta destacada na conta de gua

    tratada dos usurios finais dos sistemas de saneamento;

    aval das empresas de saneamento;

    bloqueio de repasses constitucionais para os Estados receptores;

    cauo;

  • 32

    cesso de direitos creditrios sobre aplicaes financeiras; e

    fiana bancria.

    Tabela 2: Custos unitrios do PISF

    Ano 2010 2015

    UF Custo Total

    (R$/ano)

    Custo unitrio

    (R$/m3)

    Custo Total

    (R$/ano)

    Custo unitrio

    (R$/m3)

    CE 16.509.315 0,119 33.626.162 0,121

    PB 6.656.982 0,119 3.794.055 0,118

    PE 2.368.910 0,096 4.344.289 0,110

    RN 6.757.484 0,116 7.599.424 0,134Eix

    o N

    orte

    Subtotal 32.292.690 0,083 49.363.929 0,122

    PB 14.542.733 0,154 19.911.975 0,167

    PE 18.068.264 0,143 31.587.144 0,195

    Eixo

    Les

    te

    Subtotal 32.610.997 0,148 51.499.119 0,185

    CE 16.509.315 0,084 33.626.162 0,121RN 21.199.715 0,132 23.706.030 0,159

    PB 20.437.173 0,135 35.931.433 0,185

    PE 6.757.484 0,082 7.599.424 0,134Tota

    l PIS

    F

    Total 64.903.687 0,116 100.863.049 0,154

    Fonte: Ministrio da Integrao Nacional (2005)

    Em que pese a qualidade do referido estudo, esse no objetivou verificar sob quais

    condies financeiras deveria operar a entidade operadora federal, ou seja, qual

    deveria ser o preo de venda da gua. O presente trabalho, ao avaliar o preo

    mnimo de venda da gua do PISF contribui com as discusses sob a forma mais

    adequada para a gesto do projeto, oferecendo uma nova perspectiva para sua

    operao, visando a garantir a sustentabilidade financeira e viabilidade institucional.

  • 33

    III. ESTUDO DE CASO

    III.1. Metodologia

    Esta seo apresenta a aplicao dos conceitos e prticas de anlise privada de

    projetos para verificao das condies mnimas necessrias e suficientes para que

    a concesso da operao do Projeto de Integrao do Rio So Francisco, sob a

    forma de Parceria Pblico-Privada, seja atrativa para o setor privado por meio da

    tarifao dos servios prestados, sem onerar o parceiro pblico e os usurios com

    um custo muito elevado.

    Para tanto, foi desenvolvida uma planilha eletrnica contendo o oramento de custo

    e receita e o fluxo de caixa do projeto, ambos com e sem financiamento. O horizonte

    de anlise corresponde a um prazo de concesso de 25 anos, iniciando-se em 2010

    e terminando em 2035. Foram feitas anlises de Taxa Interna de Retorno (TIR),

    Valor Presente Lquido (VPL), prazo de payback e ponto de nivelamento para o

    projeto, sob a tica de uma empresa privada. Tambm foram avaliados o valor da

    contraprestao pecuniria e a arrecadao de impostos pelo governo. A base

    terica para interpretao dos indicadores apresentada no Apndice A.

    A determinao dos custos do projeto baseou-se essencialmente em 2 documentos:

    Estudo de Sustentabilidade Institucional, Administrativa, Financeira e

    Operacional do Projeto de Integrao do Rio So Francisco com Bacias

    Hidrogrficas do Nordeste Setentrional Reviso e Atualizao dos Custos

    Operacionais do Projeto de Integrao da Bacia do Rio So Francisco - PISF

    - entre os Estados Receptores (Ministrio da Integrao Nacional, 2005); e

  • 34

    Nota Tcnica n. 49/2007-SRE/ANEEL Primeira Reviso Tarifria peridica

    das concessionrias de transmisso de energia eltrica do Brasil. Metodologia

    e Critrios Gerais (ANEEL, 2007).

    O primeiro documento j foi abordado anteriormente nesta monografia. O segundo

    documento, produzido pela Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL, em que

    pese se tratar de metodologia para concessionrias de transmisso de energia

    eltrica, apresenta muitas similaridades com o PISF, especialmente na determinao

    de despesas administrativas e custos de pessoal.

    III.1.1. Identificao dos Investimentos a serem realizados:

    A construo das estruturas civis ser executada pelo Governo Federal, a fundo

    perdido. Portanto, as obras no fazem parte do investimento da empresa que

    assumir a operao do PISF.

    Os investimentos fixos correspondem s despesas de aquisio do mobilirio dos

    escritrios, veculos, ferramentas, equipamentos de informtica e softwares e

    totalizam R$ 1.147.500,00. A tabela 3 apresenta um resumo desses investimentos,

    cuja referncia para custos unitrios a Nota Tcnica ANEEL (2007) e para os

    quantitativos o nmero de funcionrios estimados para a concessionria, a ser

    apresentado na figura 5.

    J os investimentos em capital circulante dependem dos cenrios a serem

    considerados no projeto e totalizam R$ 95 milhes e R$ 163 milhes para os

    cenrios consumidor livre e tarifa horo-sazonal a serem descritos mais adiante.

    Esses valores decorrem principalmente do financiamento das vendas, que

    corresponde ao prazo de recebimento de parcelas de contraprestao pecuniria

  • 35

    junto aos governos, especialmente no incio de cada ano, quando os oramentos

    federal e estaduais no se encontram ainda liberados para execuo.

    Tabela 3: Investimentos fixos para implantao da Entidade Operadora Federal

    Item Descrio Unid Quant Custo Unitrio Custo Total

    1 Mobilirio

    1.1 Mdulos individuais de funcionrios (mesas, cadeiras, gaveteiros, armrios e acessrios)

    Cj 55 1.450,00 79.750,00

    1.2 Mdulos individuais de diretores (mesas, cadeiras, gaveteiros, armrios e acessrios)

    Cj 1 8.950,00 8.950,00

    2 Veculos

    2.1 Automvel un. 5 31.000,00 151.000,00

    2.2 Caminhonete un. 3 57.000,00 171.000,00

    2.3 Caminho Basculante un. 2 120.000,00 240.000,00

    2.4 Caminho Munck un. 2 120.000,00 240.000,00

    3 Equipamentos de Informtica

    3.1 Microcomputador un. 56 2.000,00 112.000,00

    3.2 Notebook un. 3 3.000,00 9.000,00

    3.3 Impressora Laser un. 3 800,00 2.400,00

    3.4 Impressora Jato de Tinta un. 6 400,00 2.400,00

    3.5 Scanner un. 3 500,00 1.500,00

    3.6 Data Show un. 2 4.000,00 8.000,00

    4 Softwares

    4.1 Sistema Gesto Comercial licen 1 12.500,00 12.500,00

    4.2 Sistema SCADA licen 1 24.000,00 24.000,00

    4.3 Sistema GIS licen 5 5.000,00 25.000,00

    4.4 Windows + Office licen 56 1.000,00 56.000,00

    TOTAL 1.147.500,00

    Fonte: Nota Tcnica n. 49/2007-SRE/ANEEL (ANEEL, 2007).

    III.1.2. Identificao dos custos de operao e manuteno:

    Os custos de operao e manuteno foram classificados em fixos e variveis, de

    acordo com sua variao em funo da produo.

  • 36

    III.1.2.1. Custos Fixos:

    Os custos fixos identificados para o projeto foram: depreciao, amortizao de

    despesas diferidas, manuteno fixa, mo-de-obra, encargos sociais, seguros, taxa

    de fiscalizao, despesas administrativas, tarifa de demanda de energia eltrica e

    juros.

    Para depreciao, tendo em vista tratar-se de uma PPP, na qual os ativos retornaro

    ao Poder Pblico ao final da concesso, foram considerados apenas os

    investimentos em capital fixo realizados pela prpria concessionria. Portanto, a

    depreciao dos ativos do projeto (obras de infra-estrutura) no foi includa na

    modelagem. J a depreciao dos ativos constantes do capital fixo da empresa foi

    calculada pelo mtodo linear para uma vida til mdia de 5 anos para veculos e

    equipamentos de informtica.

    A amortizao de despesas diferidas refere-se aos softwares de computador a

    serem adquiridos pela concessionria para apoio gesto do projeto. J para

    determinao da manuteno fixa considerou-se uma verba anual proporcional ao

    valor do investimento realizado at o ano de anlise. Essa verba corresponde a um

    percentual do valor das obras, para o qual se adotou o valor de 1,0 % do custo das

    obras civis.

    Para determinao da mo-de-obra e encargos sociais adotou-se um organograma

    tpico de empresa de transmisso de energia eltrica de at 1.000 km de linha de

    transmisso, conforme modelo apresentado na Nota Tcnica n. 49/2007-

    SRE/ANEEL (ANEEL, 2007), complementado pela equipe de operao estabelecida

    no anexo II do Estudo de Rateio de Custos do Ministrio da Integrao Nacional

  • 37

    (2005). A utilizao de uma empresa de transmisso de energia eltrica adequada

    uma vez que o PISF pode ser comparado a uma linha de transmisso de gua, que

    transporta o produto a grandes distncias, at as distribuidoras. Os custos unitrios

    adotados bem como os percentuais de encargos sociais so aqueles utilizados na

    Nota Tcnica da ANEEL e totalizam R$ 5,7 milhes anuais. A figura 5 apresenta o

    organograma tpico que foi adotado para o presente projeto.

    Foi adotada uma alquota de seguro sobre os ativos do projeto (infra-estrutura) de

    0,05% do valor do investimento, conforme referncia da ANEEL (2007). Para taxa de

    fiscalizao, adotou-se a estabelecida na Medida Provisria MPV 437 de 29 de julho

    de 2008, que incluiu, entre as atribuies da Agncia Nacional de guas ANA, a

    regulao dos servios de aduo de gua bruta e instituiu a taxa anual de

    fiscalizao, de acordo com a frmula (4) a seguir:

    TF = 100.000 + 6.250 Qout. (4)

    Onde: TF = taxa de fiscalizao, em reais;

    Qout = vazo mxima outorgada, em metros cbicos por segundo;

    100.000 e 6.250 = parmetros da frmula, em reais e reais por metros

    cbicos por segundo, respectivamente.

    Aplicando-se a frmula ao Projeto de Integrao, para uma vazo mxima outorgada

    de 127 m3/s, obtm-se uma taxa anual de R$ 893.750,00.

  • 38

    Figura 5: Organograma da empresa concessionria

    Fonte: ANEEL(2007)

  • 39

    As despesas administrativas correspondem quelas de aluguel e manuteno dos

    escritrios (gua, luz, telefone, internet, limpeza), materiais de consumo e despesas

    com veculos. Esses custos totalizam cerca de R$ 600 mil/anuais e a referncia

    adotada para esses custos tambm foi a Nota Tcnica n. 49/2007-SRE/ANEEL

    (ANEEL, 2007).

    A tarifa de demanda adotada ser apresentada posteriormente neste documento

    quando forem descritos os custos de energia eltrica como um todo.

    Foi considerada a necessidade de financiamento para o investimento fixo da

    implantao da empresa e para o investimento em capital de giro. Para o

    investimento fixo, adotou-se um percentual financivel de 80%, enquanto para o

    capital de giro esse percentual foi de 50%. Em ambos os casos adotou-se uma taxa

    de juros anual de 10% amortizadas pelo Sistema de Amortizao Constante SAC.

    A tabela 4 apresenta um resumo dos custos fixos mdios para os anos 2015 e 2035,

    com os respectivos custos unitrios de produo, para a demanda de projeto.

    Percebe-se que o custo mais significativo corresponde manuteno fixa. Alm

    disso, essa despesa a de maior incerteza no projeto, tendo em vista o porte do

    empreendimento, nunca implantado antes no pas. A diferena nos custos fixos

    ocorre por conta do faseamento da implantao do Projeto, pois em 2015 somente

    os trechos I, II e V estaro em funcionamento.

  • 40

    Tabela 4: Custos fixos do Projeto de Integrao do So Francisco

    2015 2035 Custos Fixos

    Valor (R$) % Valor (R$) %

    Depreciao 116.530,00 0,17 116.530,00 0,12

    Amortizao de Despesas Diferidas 23.500,00 0,03 23.500,00 0,02

    Manuteno fixa 45.979.617,21 66,48 68.402.438,19 70,38

    Mo de obra 3.292.127,80 4,76 3.292.127,80 3,39

    Encargos sociais 2.451.218,84 3,54 2.451.218,84 2,52

    Seguros 2.523.679,16 3,65 3.822.715,43 3,93

    Taxa de fiscalizao 893.750,00 1,29 893.750,00 0,92

    Despesas administrativas 606.825,00 0,88 606.825,00 0,62

    Tarifa demanda energia eltrica 12.397.633,96 17,92 17.574.948,54 18,08

    Juros 881.185,59 1,27 - -

    Total 69.166.067,57 100,0 97.184.053,81 100,0

    Custo Unitrio (R$/m3) 0,055 0,046

    III.1.2.2. Custos Variveis

    Os custos variveis do projeto correspondem s matrias primas principais: custo da

    retirada da gua do Rio So Francisco e o custo de energia eltrica, alm dos

    impostos sobre a produo.

    O custo da retirada de gua do Rio So Francisco decorrente da Lei Federal n.

    9.433 de 09 de janeiro de 1997, que instituiu a Poltica Nacional de Recursos

    Hdricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos. De

    acordo com a referida lei, a gua um bem pblico dotado de valor econmico e, por

    isso, um dos instrumentos de gesto de recursos hdricos estabelecido naquele

    instrumento legal a cobrana pelo uso da gua, que visa promoo de seu uso

    racional a partir da definio de um valor econmico. A cobrana pelo uso da gua

    estabelecida pelo Comit de Bacia Hidrogrfica, organismo colegiado criado pela

  • 41

    referida lei e que funciona como um parlamento das guas, onde assuntos que

    afetam a bacia hidrogrfica so discutidos e deliberados.

    No caso do Rio So Francisco, o respectivo comit de bacia est atualmente (junho

    de 2008) discutindo a implantao da cobrana na bacia e a previso que seja

    iniciada em 2009. O valor da cobrana ainda no foi definido e, por isso, neste

    trabalho, adotou-se o valor unitrio utilizado na Bacia do Rio Paraba do Sul, que

    de R$ 0,01/m3 de gua retirada do rio. De acordo com as discusses atualmente em

    pauta no Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio So Francisco, acredita-se que o valor

    unitrio no deve se distanciar muito do adotado no presente trabalho.

    Em relao ao custo de energia eltrica, esse dos mais significativos do projeto.

    Para que as guas do Rio So Francisco alcancem as bacias hidrogrficas do

    Nordeste Setentrional, necessrio que venam elevaes do terreno de 180 m no

    caso do Eixo Norte e de 300m no Eixo Leste. O custo de energia eltrica do projeto

    corresponde ao de bombeamento das guas para vencer essas elevaes do

    terreno. O Projeto de Integrao corresponde a um consumidor de energia de grande

    porte e, de acordo com o estudo do Ministrio da Integrao Nacional (2005), por

    possuir suas prprias linhas de transmisso de energia, pode ser enquadrado em

    duas categorias de consumo: consumidor livre, ou sujeito tarifa horo-sazonal azul

    A1 230kV fora de ponta da Companhia Energtica de Pernambuco CELPE, uma

    vez que todas as estaes de bombeamento localizam-se em Pernambuco.

    Para a determinao da tarifa de consumidor livre utilizou-se os resultados do estudo

    do Ministrio da Integrao Nacional (2005) atualizado para maio de 2008 pelo

    ndice Geral de Preos do Mercado (IGP-M), enquanto as tarifas da CELPE

  • 42

    adotadas foram aquelas homologadas pela ANEEL em 29 de abril de 2008 e incluem

    ICMS e PIS/COFINS. A tabela 5 abaixo apresenta um resumo dessas tarifas:

    Tabela 5: Tarifas de energia eltrica adotadas

    CELPE Horo-sazonal Azul A1 230kV Tarifa Unidade Consumidor Livre Fora de Ponta Seca Fora de Ponta mida

    Tarifa de Demanda R$/kW 6,00 0,00 0,00

    Tarifa de Consumo R$/kWh 0,06011 0,20775 0,18799

    Mdia Adotada R$ 6,00/kW

    R$ 0,06011/kWhR$ 0,199517/kWh

    Fonte: Ministrio da Integrao Nacional (2005) e CELPE (2008)

    Os impostos que incidem sobre o projeto so o PIS e COFINS, com alquotas de

    1,65% e 7,60% sobre o faturamento, respectivamente. Alm desses, foram

    considerados os impostos incidentes sobre o lucro do projeto, a saber: Imposto de

    Renda de 15% e Contribuio Social de 9%.

    III.1.3. Receitas do Projeto

    As receitas do projeto so provenientes dos servios de aduo de gua bruta aos

    Estados receptores. Para estimativa da receita, foi utilizado o estudo de demandas

    realizado pela Agncia Nacional de guas durante os estudos necessrios para

    emisso da outorga de direito de uso do Projeto de Integrao do Rio So Francisco

    (Agncia Nacional de guas, 2005). Nesse estudo, foram identificadas todas as

    demandas potenciais das regies a serem atendidas pelo PISF, nos mais diversos

    usos, abastecimento humano, industrial, irrigao e dessedentao animal, nos

    horizontes dos anos 2010, 2015 e 2025.

  • 43

    Este trabalho, por sua vez, utilizou as demandas estimadas pela ANA restritas

    possibilidade de oferta de gua a partir do Rio So Francisco de acordo com as

    regras operativas definidas na outorga de direito de uso da gua do projeto (67m3/s

    de vazo mdia de longo prazo), interpolando os resultados entre os horizontes

    estudados e extrapolando para o horizonte 2035. Alm disso, no considerou as

    demandas para dessedentao animal, por no terem valor comercial. O grfico 1

    apresenta a evoluo das demandas do projeto de acordo com o tipo de uso.

    0,00

    10.000,00

    20.000,00

    30.000,00

    40.000,00

    50.000,00

    60.000,00

    70.000,00

    80.000,00

    2010 2015 2020 2025 2030 2035

    Ano

    Vaz

    o (L

    /s)

    abastecimento humano

    indstria

    irrigao

    demanda total

    Grfico 1: Evoluo das Demandas de Projeto, por tipo de uso.

    A reduo da demanda de irrigao no grfico ao longo do tempo decorrente do

    aumento da demanda para os outros usos e a limitao da vazo mdia total.

    A partir das demandas estudadas, este trabalho buscou estabelecer a receita e,

    conseqentemente, a tarifa mnima necessria para cobrir todos os custos do projeto

  • 44

    e ainda oferecer ao empreendedor uma taxa de retorno mnima atrativa ao setor

    privado.

    Apesar do estudo no definir a capacidade de pagamento dos usurios, a partir da

    tarifa mnima necessria foram estabelecidos cenrios para diversas capacidades de

    pagamento das Entidades Operadoras Estaduais, admitindo que a diferena entre a

    tarifa mnima e a capacidade de pagamento seja arcada pelo Governo Federal, na

    forma de contraprestao pecuniria de uma Parceria Pblico-Privada - PPP. Essa

    contraprestao corresponde segunda fonte de receita do projeto.

    Outra fonte de receita para o empreendimento corresponde gerao de energia

    pelas usinas hidreltricas que podem vir a ser implantadas no mbito do projeto, nas

    barragens de Jati e Atalho. Caso essas usinas tenham sua viabilidade comprovada,

    tero capacidade instalada de 52 MW. A anlise da receita proveniente dessas

    usinas no foi considerada no presente trabalho.

  • 45

    IV. RESULTADOS

    O presente estudo apresenta os resultados para 2 cenrios, de acordo com o modelo

    tarifrio de energia eltrica a que o PISF ser submetido. Para esses dois cenrios

    foram realizadas anlises de sensibilidade para 3 aspectos relevantes do projeto: o

    custo de manuteno fixa, a demanda do projeto e a TIR requerida.

    IV.1. Cenrio Consumidor Livre

    Para esse cenrio foi adotada a tarifa de energia considerada de consumidor livre, a

    alquota de manuteno de 1% ao ano e a TIR requerida de 12%. A demanda

    considerada corresponde total do projeto, limitada pela vazo mdia de longo

    prazo do PISF (67m3/s).

    Apresentam-se, adiante, as tabelas 6, 7, 8 e 9, com as planilhas relativas ao

    Oramento de Custo e Receita e Fluxo de Caixa do Projeto, ambos os casos com e

    sem financiamento.

    Nesse cenrio, os resultados obtidos indicam que a tarifa mdia requerida de venda

    de R$ 0,137/m3 de gua aduzida. Para essa tarifa, a receita obtida com o projeto

    varia de R$ 181,6 milhes em 2011 a R$ 290,0 milhes em 2035, contra um custo de

    total de R$ 182,5 milhes a R$ 273,3 milhes, respectivamente. Nessas condies, o

    prazo de payback de nove anos na situao sem financiamento e de 10 anos com

    financiamento. O ponto de nivelamento do projeto ocorre com 86% da vazo mdia

    de longo prazo, ou seja, com 57,3 m3/s de mdia anual. J a arrecadao de

    impostos com essa tarifa atinge R$ 237 milhes a valor presente.

  • 46

    Tabela 6: Cenrio Consumidor Livre - Oramento de Custo e Receita do Projeto com Financiamento

    Ano2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035

    CUSTO FIXO 72.691.217 71.809.950 70.928.683 70.047.416 70.465.185 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054DEPRECIAO 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530AMORTIZAO DESP. DIFERIDAS 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500MANUTENO FIXA 45.979.617 45.979.617 45.979.617 45.979.617 45.979.617 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438MO DE OBRA 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128ENCARGOS SOCIAIS 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219SEGUROS 2.523.679 2.523.679 2.523.679 2.523.679 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715TAXA DE FISCALIZAO 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750DESPESAS ADMINISTRATIVAS 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825TARIFA DEMANDA EN. ELTRICA 12.397.634 12.397.634 12.397.634 12.397.634 12.397.634 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949JUROS 4.406.335 3.525.068 2.643.801 1.762.534 881.267 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

    CUSTO VARIVEL 109.808.495 114.572.292 119.567.385 124.805.498 130.298.953 176.464.241 176.466.284 176.468.322 176.470.353 176.472.378 176.474.396 176.476.405 176.478.405 176.480.395 176.482.375 176.484.342 176.486.297 176.488.238 176.490.164 176.492.075 176.493.969 176.495.845 176.497.703 176.499.540 176.501.356MATRIA PRIMA PRINCIPAL (1) 13.233.559 13.806.099 14.406.400 15.035.869 15.695.984 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120

    Consumo Humano 2.509.286 2.550.210 2.591.801 2.634.071 2.677.030 6.563.204 6.661.967 6.762.216 6.863.973 6.967.261 7.072.104 7.178.524 7.286.546 7.396.194 7.507.491 7.620.463 7.735.135 7.851.532 7.969.682 8.089.609 8.211.340 8.334.904 8.460.327 8.587.637 8.716.863Consumo Industrial 719.237 732.592 746.196 760.052 774.165 2.103.253 2.141.381 2.180.199 2.219.722 2.259.960 2.300.929 2.342.639 2.385.106 2.428.343 2.472.364 2.517.182 2.562.813 2.609.271 2.656.572 2.704.730 2.753.760 2.803.680 2.854.505 2.906.251 2.958.935irrigao 10.005.036 10.523.296 11.068.403 11.641.746 12.244.789 12.462.662 12.325.772 12.186.705 12.045.425 11.901.898 11.756.087 11.607.956 11.457.468 11.304.583 11.149.266 10.991.475 10.831.172 10.668.316 10.502.867 10.334.782 10.164.019 9.990.536 9.814.289 9.635.232 9.453.322

    MATRIA PRIMA SECUNDRIA (2) 79.769.812 83.234.007 86.866.484 90.675.773 94.670.843 128.503.525 128.505.568 128.507.606 128.509.638 128.511.663 128.513.680 128.515.690 128.517.690 128.519.680 128.521.659 128.523.626 128.525.581 128.527.522 128.529.449 128.531.359 128.533.253 128.535.130 128.536.987 128.538.824 128.540.641Consumo Humano 15.444.708 15.696.595 15.952.590 16.212.760 16.477.174 40.745.470 41.358.604 41.980.964 42.612.690 43.253.922 43.904.803 44.565.479 45.236.096 45.916.805 46.607.757 47.309.106 48.021.010 48.743.625 49.477.115 50.221.642 50.977.373 51.744.476 52.523.122 53.313.486 54.115.742Consumo Industrial 3.603.038 3.669.942 3.738.089 3.807.502 3.878.203 12.120.284 12.339.998 12.563.695 12.791.448 13.023.329 13.259.413 13.499.777 13.744.499 13.993.656 14.247.331 14.505.604 14.768.559 15.036.280 15.308.855 15.586.371 15.868.918 16.156.587 16.449.471 16.747.664 17.051.262irrigao 60.722.067 63.867.470 67.175.805 70.655.511 74.315.467 75.637.772 74.806.966 73.962.946 73.105.500 72.234.412 71.349.464 70.450.433 69.537.095 68.609.218 67.666.571 66.708.916 65.736.013 64.747.616 63.743.478 62.723.346 61.686.962 60.634.067 59.564.394 58.477.675 57.373.636

    IMPOSTOS SOBRE A PRODUO 16.805.124 17.532.186 18.294.501 19.093.855 19.932.126 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

    CUSTOS TOTAIS 182.499.712 186.382.242 190.496.068 194.852.914 200.764.139 273.648.295 273.650.338 273.652.375 273.654.407 273.656.432 273.658.450 273.660.459 273.662.459 273.664.449 273.666.428 273.668.396 273.670.351 273.672.292 273.674.218 273.676.129 273.678.023 273.679.899 273.681.757 273.683.594 273.685.410RECEITAS TOTAIS 181.677.021 189.537.143 197.778.387 206.420.056 215.482.448 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304

    RECEITAS OPERACIONAIS (3) 178.653.040 186.382.332 194.486.402 202.984.232 211.895.782 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120RECEITAS OPERACIONAIS (4) 3.023.981 3.154.811 3.291.985 3.435.824 3.586.666 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184RECEITAS NO OPERACIONAIS

    LUCRO TRIBUTVEL 0 3.154.901 7.282.319 11.567.143 14.718.309 16.423.009 16.420.966 16.418.928 16.416.897 16.414.872 16.412.854 16.410.845 16.408.845 16.406.855 16.404.875 16.402.908 16.400.953 16.399.012 16.397.086 16.395.175 16.393.281 16.391.405 16.389.547 16.387.710 16.385.894IMPOSTO DE RENDA + CSLL 0 757.176 1.747.757 2.776.114 3.532.394 3.941.522 3.941.032 3.940.543 3.940.055 3.939.569 3.939.085 3.938.603 3.938.123 3.937.645 3.937.170 3.936.698 3.936.229 3.935.763 3.935.301 3.934.842 3.934.387 3.933.937 3.933.491 3.933.050 3.932.614

    LUCRO LQUIDO 0 2.397.725 5.534.562 8.791.029 11.185.915 12.481.487 12.479.934 12.478.386 12.476.841 12.475.302 12.473.769 12.472.242 12.470.722 12.469.209 12.467.705 12.466.210 12.464.724 12.463.249 12.461.785 12.460.333 12.458.893 12.457.467 12.456.056 12.454.660 12.453.279(1) Cobrana pelo uso da gua(2) Energia Eltrica(3) Tarifao aos usurios(4) Contraperstao Pecuniria

    DISCRIMINAO

    Tabela 7: Cenrio Consumidor Livre - Fluxo de Caixa do Projeto com Financiamento

    ANOS2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035

    ENTRADAS 44.063.351 181.677.021 189.537.143 197.778.387 206.420.056 215.482.448 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 376.362.007RECEITAS OPERACIONAIS (1) 178.653.040 186.382.332 194.486.402 202.984.232 211.895.782 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120RECEITAS OPERACIONAIS (2) 3.023.981 3.154.811 3.291.985 3.435.824 3.586.666 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184RECEITAS NO OPERACIONAISFINANCIAMENTO 44.063.351VALOR RESIDUAL 86.290.703

    SADAS 87.438.203 191.172.353 195.812.058 200.916.465 206.301.668 212.817.637 277.449.787 277.451.340 277.452.888 277.454.432 278.603.471 277.457.505 277.459.032 277.460.552 277.462.064 278.611.068 277.465.064 277.466.549 277.468.025 277.469.489 278.618.441 277.472.380 277.473.806 277.475.218 277.476.614 277.477.995INVESTIMENTO FIXO 1.147.500 1.147.500 1.147.500 1.147.500 1.147.500INVESTIMENTO CIRCULANTE 86.290.703CUSTOS FIXOS 68.144.852 68.144.852 68.144.852 68.144.852 68.144.852 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024 97.044.024

    CUSTOS VARIVEIS 109.808.495 114.572.292 119.567.385 124.805.498 130.298.953 176.464.241 176.466.284 176.468.322 176.470.353 176.472.378 176.474.396 176.476.405 176.478.405 176.480.395 176.482.375 176.484.342 176.486.297 176.488.238 176.490.164 176.492.075 176.493.969 176.495.845 176.497.703 176.499.540 176.501.356IMPOSTO DE RENDA 0 757.176 1.747.757 2.776.114 3.532.394 3.941.522 3.941.032 3.940.543 3.940.055 3.939.569 3.939.085 3.938.603 3.938.123 3.937.645 3.937.170 3.936.698 3.936.229 3.935.763 3.935.301 3.934.842 3.934.387 3.933.937 3.933.491 3.933.050 3.932.614

    SERVIO DVIDA (AM+JUROS) 13.219.005 12.337.738 11.456.471 10.575.204 9.693.937 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0SALDO (43.374.851) (9.495.332) (6.274.915) (3.138.078) 118.388 2.664.811 12.621.517 12.619.964 12.618.416 12.616.871 11.467.832 12.613.799 12.612.272 12.610.752 12.609.239 11.460.235 12.606.240 12.604.754 12.603.279 12.601.815 11.452.863 12.598.923 12.597.497 12.596.086 12.594.690 98.884.012

    ACUMULADO (43.374.851) (52.870.183) (59.145.099) (62.283.177) (62.164.788) (59.499.978) (46.878.461) (34.258.496) (21.640.081) (9.023.209) 2.444.623 15.058.422 27.670.694 40.281.446 52.890.685 64.350.921 76.957.161 89.561.915 102.165.194 114.767.009 126.219.872 138.818.796 151.416.293 164.012.379 176.607.069 275.491.081(1) Tarifao aos usurios(2) Contraperstao Pecuniria

    DISCRIMINAO

  • 47

    Tabela 8: Cenrio Consumidor Livre - Oramento de Custo e Receita do Projeto sem Financiamento

    Anos2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035

    CUSTO FIXO 68.284.882 68.284.882 68.284.882 68.284.882 69.583.918 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054 97.184.054DEPRECIAO 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530 116.530AMORTIZAO DESP. DIFERIDAS 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500 23.500MANUTENO FIXA 45.979.617 45.979.617 45.979.617 45.979.617 45.979.617 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438 68.402.438MO DE OBRA 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128 3.292.128ENCARGOS SOCIAIS 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219 2.451.219SEGUROS 2.523.679 2.523.679 2.523.679 2.523.679 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715 3.822.715TAXA DE FISCALIZAO 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750 893.750DESPESAS ADMINISTRATIVAS 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825 606.825TARIFA DEMANDA EN. ELTRICA 12.397.634 12.397.634 12.397.634 12.397.634 12.397.634 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949 17.574.949JUROS

    CUSTO VARIVEL 109.808.495 114.572.292 119.567.385 124.805.498 130.298.953 176.464.241 176.466.284 176.468.322 176.470.353 176.472.378 176.474.396 176.476.405 176.478.405 176.480.395 176.482.375 176.484.342 176.486.297 176.488.238 176.490.164 176.492.075 176.493.969 176.495.845 176.497.703 176.499.540 176.501.356MATRIA PRIMA PRINCIPAL (1) 13.233.559 13.806.099 14.406.400 15.035.869 15.695.984 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120 21.129.120

    Consumo Humano 2.509.286 2.550.210 2.591.801 2.634.071 2.677.030 6.563.204 6.661.967 6.762.216 6.863.973 6.967.261 7.072.104 7.178.524 7.286.546 7.396.194 7.507.491 7.620.463 7.735.135 7.851.532 7.969.682 8.089.609 8.211.340 8.334.904 8.460.327 8.587.637 8.716.863Consumo Industrial 719.237 732.592 746.196 760.052 774.165 2.103.253 2.141.381 2.180.199 2.219.722 2.259.960 2.300.929 2.342.639 2.385.106 2.428.343 2.472.364 2.517.182 2.562.813 2.609.271 2.656.572 2.704.730 2.753.760 2.803.680 2.854.505 2.906.251 2.958.935irrigao 10.005.036 10.523.296 11.068.403 11.641.746 12.244.789 12.462.662 12.325.772 12.186.705 12.045.425 11.901.898 11.756.087 11.607.956 11.457.468 11.304.583 11.149.266 10.991.475 10.831.172 10.668.316 10.502.867 10.334.782 10.164.019 9.990.536 9.814.289 9.635.232 9.453.322

    MATRIA PRIMA SECUNDRIA (2) 79.769.812 83.234.007 86.866.484 90.675.773 94.670.843 128.503.525 128.505.568 128.507.606 128.509.638 128.511.663 128.513.680 128.515.690 128.517.690 128.519.680 128.521.659 128.523.626 128.525.581 128.527.522 128.529.449 128.531.359 128.533.253 128.535.130 128.536.987 128.538.824 128.540.641Consumo Humano 15.444.708 15.696.595 15.952.590 16.212.760 16.477.174 40.745.470 41.358.604 41.980.964 42.612.690 43.253.922 43.904.803 44.565.479 45.236.096 45.916.805 46.607.757 47.309.106 48.021.010 48.743.625 49.477.115 50.221.642 50.977.373 51.744.476 52.523.122 53.313.486 54.115.742Consumo Industrial 3.603.038 3.669.942 3.738.089 3.807.502 3.878.203 12.120.284 12.339.998 12.563.695 12.791.448 13.023.329 13.259.413 13.499.777 13.744.499 13.993.656 14.247.331 14.505.604 14.768.559 15.036.280 15.308.855 15.586.371 15.868.918 16.156.587 16.449.471 16.747.664 17.051.262irrigao 60.722.067 63.867.470 67.175.805 70.655.511 74.315.467 75.637.772 74.806.966 73.962.946 73.105.500 72.234.412 71.349.464 70.450.433 69.537.095 68.609.218 67.666.571 66.708.916 65.736.013 64.747.616 63.743.478 62.723.346 61.686.962 60.634.067 59.564.394 58.477.675 57.373.636

    IMPOSTOS SOBRE A PRODUO 16.805.124 17.532.186 18.294.501 19.093.855 19.932.126 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596 26.831.596OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

    CUSTOS TOTAIS 178.093.377 182.857.174 187.852.267 193.090.380 199.882.872 273.648.295 273.650.338 273.652.375 273.654.407 273.656.432 273.658.450 273.660.459 273.662.459 273.664.449 273.666.428 273.668.396 273.670.351 273.672.292 273.674.218 273.676.129 273.678.023 273.679.899 273.681.757 273.683.594 273.685.410RECEITAS TOTAIS 181.677.021 189.537.143 197.778.387 206.420.056 215.482.448 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304 290.071.304

    RECEITAS OPERACIONAIS (3) 178.653.040 186.382.332 194.486.402 202.984.232 211.895.782 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120 285.243.120RECEITAS OPERACIONAIS (4) 3.023.981 3.154.811 3.291.985 3.435.824 3.586.666 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184 4.828.184RECEITAS NO OPERACIONAISLUCRO TRIBUTVEL 3.583.643 6.679.969 9.926.120 13.329.677 15.599.576 16.423.009 16.420.966 16.418.928 16.416.897 16.414.872 16.412.854 16.410.845 16.408.845 16.406.855 16.404.875 16.402.908 16.400.953 16.399.012 16.397.086 16.395.175 16.393.281 16.391.405 16.389.547 16.387.710 16.385.894

    IMPOSTO DE RENDA + CSLL 860.074 1.603.193 2.382.269 3.199.122 3.743.898 3.941.522 3.941.032 3.940.543 3.940.055 3.939.569 3.939.085 3.938.603 3.938.123 3.937.645 3.937.170 3.936.698 3.936.229 3.935.763 3.935.301 3.934.842 3.934.387 3.933.937 3.933.491 3.933.050 3.932.614LUCRO LQUIDO 2.723.569 5.076.777 7.543.851 10.130.554 11.855.678 12.481.487 12.479.934 12.478.386 12.476.841 12.475.302 12.473.769 12.472.242 12.470.722 12.469.209 12.467.705 12.466.210 12.464.724 12.463.249 12.461.785 12.460.333 12.458.893 12.457.467 12.456.056 12.454.660 12.453.279(1) Cobrana pelo uso da gua(2) En