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Volume 1, Número 1
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
Modernidade: a importância da proteção constitucional do meio ambiente
Páginas 155 a 181 155
MODERNIDADE: A IMPORTÂNCIA DA PROTEÇÃO
CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE
Laurivania Daniella S. M. Cavalcanti1
Tania Regina Castelliano2
RESUMO: A preocupação com a proteção ao meio ambiente ocupa atualmente um
papel de destaque entre aquelas de maior importância com a sociedade. Cada vez mais,
se voltam às atenções para a inviabilidade da ideia de extrair os recursos naturais como
se estes fossem inesgotáveis. Assim, se percebeu que o desenvolvimento indiscriminado
pode afetar o equilíbrio ecológico, a qualidade de vida e a própria vida do ser humano,
passando a ecologia a ser discutida crescentemente. O objetivo deste artigo é desvendar
o escopo da modernidade numa análise institucional com ênfase na seriedade da
proteção ao meio ambiente. Este estudo permitiu verificar que se faz necessário um
maior rigor na aplicação da legislação pertinente a área ambiental. Considera-se, assim,
que é importante a conscientização de todos os segmentos da sociedade moderna.
Palavras-chaves: Ecologia. Meio Ambiente. Modernidade. Proteção.
ABSTRACT: The concern with the protection to the environment occupies a
prominence paper now among those of larger importance for the whole society. More
and more, they come back to the attentions for the inviability of the idea from extracting
the natural resources as if these root inexhaustible. Like this, it was noticed that the
indiscriminate development can affect the ecological balance and the quality of the
human being life, leading the ecology to increasingly be discussed. The objective of this
article is to unmask the intenction of the modernity in an institutional analysis with
1 Bióloga pela UFPB, graduanda do curso de Direito da Mauricio de Nassau, João Pessoa - PB. Email:
2 Mestre em linguística pela UFPB. Docente da Faculdade Maurício de Nassau, João Pessoa - PB. Email:
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emphasis in the seriousness of the protection of the environment. This study allowed to
verify that is done necessary a larger rigidity in the application of the pertinent
legislation to the ambiental area. Is important the understanding of all the segments of
the modern society.
Keywords: Ecology. Environment. Modernity. Protection.
INTRODUÇÃO
Apresenta o homem nu e vazio, reconhecendo sua fragilidade natural, pronto
para receber do alto alguma força estranha, desprovido de toda humanidade
ciência, e cada vez mais apto a louvar em si a ciência divina, anulando seu
julgamento para dar mais lugar a fé [...] É um mapa em branco preparado
para assumir segundo a mãos de Deus, formas que agradem a Ele.
(Montaigne)
A vida moderna e o constante processo de industrialização têm levado o homem
a utilizar os recursos naturais como se fossem ilimitados, provocando a aceleração da
degradação do meio ambiente. Esse processo de desenvolvimento industrial é chamado
de “progresso”. Esse avanço nos leva a uma análise institucional e epistemológica da
modernidade. Assevera Giddens (1990, p.11) que:
Modernidade refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que
emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram
mais ou menos mundiais em sua influência. Isto associa a modernidade a um
período de tempo e a uma localização geográfica inicial, mas por enquanto
deixa suas características principais guardadas em segurança numa caixa
preta.
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Poderíamos apontar que uma das características guardadas nesta caixa preta,
hoje, no século XXI, a qual as ciências devem responder o que nos leva para além da
própria modernidade e que nos tange como sendo da nossa responsabilidade a proteção
ao meio ambiente. A modernidade em sua difusão mundial criou a oportunidade para
que os seres humanos gozassem de um sistema gratificante. Por outro lado, o sombrio
se torna aparente no nosso século ao aferir ao Meio Ambiente. Não apenas pela ameaça
de confronto nuclear, pois sabemos que a emergência desordenada dos avanços
tecnológicos do homem, tornou-se num mundo perigoso.
Verificamos que o ser humano retira os recursos naturais e devolve os seus
resíduos para a natureza. A evolução da humanidade está subordinada à degradação
ambiental, uma vez que o impacto da industrialização está restrito à esfera de produção,
mas como influência ao caráter genérico da interação humana com o meio ambiente
material, negligenciando o meio ambiente.
No entanto, esse paradigma está propenso a mudanças desde a década de 1970.
Impulsionado principalmente pela Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, o homem começou a
se preocupar efetivamente com o meio ambiente e com o destino da humanidade. Se a
degradação ambiental prosseguir avançando de forma devastadora, o ser humano ficará
sem os recursos naturais. O homem é um ser racional e está destruindo seu habitat com
tais práticas, dado que os recursos são limitados e devem ser usados com
sustentabilidade.
Alertamos que a legislação pátria em matéria ambiental tem sofrido os
impactos significantes dessa mudança de concepção. Mesmo tendo uma visão
utilitarista, agora, influenciada principalmente, pela nova visão existente na
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Constituição Federal de 1988, e em especial com relação a seu cunho protetor que ora
abordaremos, começa a haver uma preocupação real com o meio ambiente. Essa
constituição é chamada por alguns de “Constituição3 Verde4”, pois, diferentemente da
forma trazida pelas constituições anteriores, o constituinte de 1988 procurou dar efetiva
tutela ao meio ambiente, trazendo mecanismos para sua proteção e controle, pois, essa
albergou a fruição do meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado como
direito fundamental. Nesse sentido, nossa Constituição está impregnada com as
questões ambientais como sendo fundamentais para continuidade da vida em nosso
Planeta; sendo essa preocupação de cunho global.
MEIO AMBIENTE
O meio ambiente é o conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um
sistema natural sem uma massiva intervenção humana, incluindo toda a vegetação,
animais, microorganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem
ocorrer em seus
3 Constituição Verde – Dicionário Aurélio: Lei fundamental e suprema dum Estado, que contém normas
respeitantes à formação dos poderes públicos, forma de governo, distribuição de competências, direitos e
deveres dos cidadãos, etc.; carta constitucional, carta magna.
4 Verde - Coberto de vegetação (nativa ou cultivada): área verde; cinturão verde. 11.Relativo à
preservação dos recursos naturais e do equilíbrio ecológico (q. v.), ou às idéias ou ações políticas,
econômicas, administrativas, dos que defendem esta preservação: partido verde; legislação verde.
12.Relativo ao uso ou à aplicação de princípios ou técnicas não-poluentes de exploração dos recursos
naturais: O mercado de produtos verdes vem crescendo nos países desenvolvidos.
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limites, bem como os recursos e fenômenos físicos universais que não possuem um
limite claro como: o ar, a água, o clima, assim como a energia, a radiação, a descarga
elétrica, e o magnetismo, que não se originam de atividades humanas.
O ambiente natural se contrasta com o ambiente construído, que compreende as
áreas e componentes que são fortemente influenciados pelo homem. Contudo, deve
haver o respaldo jurídico sobre o assunto, bem como um envolvimento de toda
sociedade. O que se busca é uma tutela protetora para o bem de toda a coletividade, que
é o propósito constitucional. No entanto, não basta apenas legislar. É fundamental que as
instituições, autoridades e pessoas responsáveis, retirem essas regras do papel, da teoria
para a uma efetiva aplicação na prática. Verificamos que um dos problemas ambientais
brasileiros, é o desrespeito generalizado à legislação vigente. É preciso utilizar-se da
retórica5 ecológica6, uma vez, que esse tema abordado possui um caráter
interdisciplinar, pois em diversos artigos, o meio ambiente se refere a aspectos
econômicos, sociais, procedimentais, abrangendo ainda natureza penal, sanitária,
administrativa, entre outras.
Dentro deste quadro de interdisciplinaridade, e de complementação mútua,
salientamos que o direito deve estar preparado para atuar em face ao chamado social e
às necessidades atuais da modernidade. É nessa linha de raciocínio que o artigo abrange
o estudo o direito ambiental mais precisamente a proteção constitucional do meio
ambiente.
5 Retórica – Grifos nossos. Dicionário Aurélio: Do gr. rhetoriké (subentende-se téchne), ‘a arte da
retórica’, pelo lat. rhetorica. Discurso da ecologia.
6 Ecológica: Parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ou ambiente em que
vivem, bem como as suas recíprocas influências.
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Princípios Ambientais
Princípios são as regras jurídicas basilares de um sistema, que lhe apontam o
rumo a ser seguido e que guiam à interpretação e aplicação das demais normas jurídicas.
As normas constitucionais são dotadas de diferentes graus de eficácia e a sua
existência e aplicação obedece a uma hierarquia no sistema constitucional. Essa
estrutura da Constituição se apoia justamente nos seus princípios fundamentais, e
nenhuma norma está autorizada a violar os alicerces desse edifício jurídico, sob pena
deste desmoronar. E mesmo os diversos princípios guardam relação de subordinação
entre si, onde os princípios maiores ditam as diretrizes para os menores, harmonizando
todo o sistema jurídico-constitucional. Nesse contexto, segue abaixo alguns princípios:
Princípio da Prevenção ou Precaução: Este princípio é considerado o maior e
mais importante do ordenamento jurídico ambiental, visto que parte do pressuposto de
que a prevenção é o grande objetivo de todas as normas ambientais, pois, a reconstrução
de um lugar degradado não é tarefa fácil, fato pelo qual se torna cada vez mais evidente
a prioridade que deve ser dada às ações de caráter preventivo em todos os escalões em
que forem cabíveis, bem como o reconhecimento da importância da tutela do meio
ambiente em caráter reparatório.
In dubio7 pro natura: É uma regra fundamental de interpretação da legislação
ambiental, que leva para a preponderância do interesse maior da sociedade em
detrimento do interesse individual e menor do empreendedor ou de um dado projeto. Na
dúvida em relação a uma decisão que poderá afetar o meio ambiente de forma
extremamente prejudicial, devemos optar por a não executar a ação.
7 HOEPPNER,M.G:Dicionário jurídico: expressão latina que significa literalmente na dúvida.
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Equivalência ou equilíbrio: Também conhecido como princípio do custo/benefício,
o qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente,
buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado coletivamente positivo.
Um exemplo é o desmatamento de uma área para que se possa construir uma vila
popular.
Poluidor-pagador: O princípio do poluidor-pagador, está disciplinado no art. 225, §
3º, da Constituição Federal, cuja influência no Direito Tributário é de extrema
importância para a graduação do tributo, conforme o índice de poluição provocado em
razão do produto não biodegradável8 ou mesmo seu processo de fabricação (dificuldade
de reintegração dos resíduos ao meio).
DIREITO AMBIENTAL
O direito ambiental surgiu na sociedade com uma finalidade bem definida e
encontra-se gravemente ameaçado, ainda, colocando em risco as condições ideais de
vida, tornando-se necessária uma reação em caráter de urgência, se faz necessário criar
sistemas de prevenção e de reparação, adaptados com excelência a uma melhor e mais
eficaz defesa contra as agressões oriundas do desenvolvimento tecnológico pertinente
da sociedade moderna.
Assevera Sampaio (1998, p.140), as principais tarefas da ciência jurídica, em
apoio ao esforço feito consistem, basicamente, em estabelecer normas que prevejam e
8 Biodegradável: Dicionário Aurélio: Diz-se de substância suscetível de decomposição por
microrganismos.
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desencorajem condutas consideradas nocivas aos objetivos colimados de proteção e
recuperação do meio ambiente e de sua compatibilização com as atividades cotidianas
do homem.
A preocupação com a proteção ao meio ambiente atingiu, nos últimos anos, um
nível elevado que levou a inclusão, nos ordenamentos jurídicos, de dispositivos
destinados a reger a conduta das pessoas quanto a suas ações capazes de afetar de
alguma maneira a natureza e, em uma visão holística, o ambiente, incluindo-se tudo
aquilo em que o homem participou modificando-o através de suas obras e construções.
Diante do observado, constitui-se a intenção principal do presente capítulo
apresentar os conceitos elementares a respeito do Direito Ambiental, expondo
primeiramente, de maneira breve, o caminho percorrido pela legislação ambiental
brasileira, dentro do desenvolvimento do quadro geral mundial. A seguir, dar-se-á um
sucinto levantamento histórico das constituições, complementando-se com a análise dos
princípios mais importantes estabelecidos em conferências e reuniões internacionais
realizadas para debate e incentivo à questão ambiental.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA
Nossa carta Magna nos aponta em seu artigo 23 e incisos:
Art.23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
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IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
Garante-nos o inciso § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico
das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
Legislação ambiental
A primeira Constituição brasileira, de 1824, não fez menção a qualquer matéria
na esfera ambiental. Vale lembrar que nosso país naquela época era exportador de
produtos agrícolas e minerais, no entanto, a visão existente com relação àqueles
produtos era apenas econômica, não existindo nenhuma conotação de proteção
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ambiental. Já a Constituição, de 1934, trouxe dispositivo de proteção às belezas
naturais, patrimônio histórico, artístico e cultural e competência da União em matéria de
riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração. E a Carta
Constitucional de 1937, trouxe preocupação com relação aos monumentos históricos,
artísticos e naturais. Acrescentou como matéria de competência da União legislar sobre
minas, águas, florestas, caça, pesca, subsolo e proteção das plantas e rebanhos.
A Carta pátria de 1946, além de manter a defesa do patrimônio histórico, cultural
e paisagístico, conservou a competência legislativa da União sobre saúde, subsolo,
florestas, caça, pesca e águas. Dispositivos semelhantes estavam presentes tanto na
Constituição de 1967, quanto na Emenda Constitucional nº 1/69. Neste último texto
constitucional, nota-se pela primeira vez a utilização do vocábulo “ecológico”.
Os dispositivos presentes nestas Constituições tinham por escopo a
racionalização econômica das atividades de exploração dos recursos naturais, sem
nenhuma conotação de proteção ao meio ambiente.
Nesse contexto, nota-se que a legislação brasileira tardou a contemplar
expressamente a questão ambiental em sua Constituição Federal, vindo isso a ocorrer
apenas com a promulgação da Carta Magna no ano de 1988. Além disso, os dispositivos
legais dedicados à temática do meio ambiente e que a norteiam e direcionam,
encontravam-se dispersos e, de certa forma, dificilmente aplicáveis
Em virtude de tal constatação, apresenta-se de relevante interesse, antes de
desenvolver um estudo direcionado ao chamado Direito Ambiental, que se faça uma
abordagem, ainda que sucinta, da evolução histórica da legislação ambiental no
ordenamento jurídico pátrio até os dias atuais, passando pelo supracitado texto
constitucional.
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A atual Constituição está apenas iniciando sua segunda década de vigência, e da
legislação esparsa anterior pertinente à tutela do meio ambiente não ser tão antiga em
relação à mesma, observa Machado (1994, p.174) que “O Direito Ambiental constituiu-
se mais rapidamente no Brasil que na maioria dos países. O fato de não termos um
código ambiental não impediu a sistematização das novas regras jurídicas”.
Respaldado em sua afirmativa, traçamos um quadro cronológico, expondo como
sobrevieram os principais dispositivos legais com o objetivo de proteger o patrimônio
ambiental e delimitar sua exploração, da seguinte maneira:
1965 – Lei n. º 4.771, de 15 de setembro, alterada pela lei n.º 7.803/89: instituiu o
Código Florestal, que, entre outras disposições, reconheceu a atribuição dos Municípios
elaborarem os respectivos planos diretores e leis de uso do solo (art. 2º , parágrafo
único), previu a recuperação da cobertura vegetal (art. 18), definiu o que são as áreas de
preservação permanente (art. 20), e teve aplicação ampla na área penal (art. 26 e
seguintes);
1967 – Decreto-lei n.º 221, de 28 de fevereiro: instituiu o chamado Código de
Pesca, que, entre outros dispositivos, estabelece proibições à pesca (art. 35),
regulamenta o lançamento de efluentes das redes de esgoto e os resíduos líquidos ou
sólidos industriais às águas (art. 37), estabelece penas às infrações (art. 57 e seguintes);
1980 – Lei n.º 6.803, de 02 de julho: refere-se ao Estudo de Impacto Ambiental.
1981 – Lei n.º 6.938, de 31 de agosto: dispõe sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Estabeleceu seus
objetivos (art. 4 º) e a constituição do Sistema Nacional do Meio Ambiente (art. 6º,
alterado pela lei n.º 8.028/98);
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1988 – Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de
outubro: prevê um capítulo integralmente dedicado ao meio ambiente (capítulo VI, do
título VIII, da Ordem Social) que é, em suma, o artigo 225, onde estabelece:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder público à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.
1992 – Declaração do Rio de Janeiro: surgiu da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que reuniu as principais autoridades
internacionais para tratar do meio ambiente e estabeleceu princípios para uma melhor
condução das atividades objetivando a preservação ambiental;
1997 – Lei n.º 9.433, de 08 de janeiro: institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, colocando a Bacia Hidrográfica como espaço geográfico de referência e a
cobrança pelo uso de recursos hídricos como um dos instrumentos da política;
1998 – Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro, chamada Lei de Crimes Ambientais:
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, entre outras inovações, transformando algumas contravenções
em crimes, responsabilizando as pessoas jurídicas por infrações cometidas por seu
representante legal e permitindo a extinção da punição com a apresentação de laudo que
comprove a recuperação ambiental.
1999- Decreto n o 3.179, de 21 de setembro: define em seu artigo 1° que: Toda ação
ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação
do meio ambiente é considerada infração administrativa ambiental e será punida com as
sanções do presente diploma legal, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades
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previstas na legislação. Esse decreto em seu artigo 5° pune o infrator em multa de até r$
50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
2000 - Lei no 9.985, de 18 de julho: Lei que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC estabelece critérios e normas para a criação,
implantação e gestão das unidades de conservação.
2002 - Lei 10.410, de 11 de janeiro, cria e disciplina a carreira de Especialista em Meio
Ambiente. - Dec. 4.074, de 04 de janeiro de 2002: Regulamenta a Lei 7.802, de 11 de
julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem
e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de
agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Obs.: Art. 98 - Ficam
revogados os Decretos 98.816, de 11 de janeiro de 1990, 99.657, de 26 de outubro de
1990, 991, de 24 de novembro de 1993, 3.550, de 27 de julho de 2000, 3.694, de 21 de
dezembro de 2000 e 3.828, de 31 de maio de 2001
- Dec. 4.085, de 15 de janeiro de 2002: Promulga a Convenção 174 da OIT e a
Recomendação no 181 sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores.
- Dec. 4.097, de 23 de janeiro de 2002: Altera a redação dos arts. 7o e 19 dos
Regulamentos para os transportes rodoviários e ferroviários de produtos perigosos,
aprovados pelos Decretos 96.044, de 18 de maio de 1988, e 98.973, de 21 de fevereiro
de 1990, respectivamente.
- Portaria IBAMA 09, de 23 de janeiro de 2002: Estabelece o roteiro e as especificações
técnicas para o licenciamento ambiental em propriedade rural.
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- Instrução Normativa 20/01 - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (DOU
15.01.2002): Dispõe sobre as normas para avaliação da segurança de plantas
geneticamente modificadas ou de suas partes e dá outras providências.
2003- Decreto publicado no Diário Oficial da União, Ano CXL Nº 127, Seção 1, 4 de
julho de 2003, pg. 1: regulamenta em seu Art. 1º que: Fica instituído Grupo Permanente
de Trabalho Interministerial com a finalidade de propor medidas e coordenar ações que
visem a redução dos índices de desmatamento na Amazônia Legal
2004- Decreto de 3 de janeiro de 2004: dispõe sobre a criação no âmbito da Câmara de
Políticas dos Recursos Naturais, do Conselho de Governo, a Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Brasileira, com a finalidade de propor
estratégias de desenvolvimento sustentável.
2005 – Lei Nº 11.105, de 24 de março: Esta Lei estabelece normas de segurança e
mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o
transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos
geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo
ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à
saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a
proteção do meio ambiente.
2006 - Lei Nº 11.428, de 22 de dezembro: Essa lei disciplina as matérias de
conservação, a proteção, a regeneração e a utilização do Bioma Mata Atlântica,
patrimônio nacional, observarão o que estabelece esta Lei, bem como a legislação
ambiental vigente, em especial a Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965.
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2007 - Lei Nº 11.445, de 5 de janeiro: Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para
o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico.
2008 – Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece
o processo administrativo federal para apuração destas infrações.
2009 - Lei Complementar 129, de 8 de janeiro: Institui, na forma do art. 43 da
Constituição Federal, a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste -
SUDECO, estabelece sua missão institucional, natureza jurídica, objetivos, área de
atuação, instrumentos de ação, altera a Lei no 7.827, de 27 de setembro de 1989, e dá
outras providências.
Decreto 6.753, de 28 de janeiro de 2009: Promulga o Acordo para a Conservação de
Albatrozes e Petréis, adotado na Cidade do Cabo, em 2 de fevereiro de 2001.
Instrução Normativa ICMBio 1, de 2 de janeiro de 2009: Estabelece, no âmbito
desta Autarquia, os procedimentos para a concessão de autorização para atividades ou
empreendimentos com potencial impacto para unidades de conservação instituídas pela
União, suas zonas de amortecimento ou áreas circundantes, sujeitos a licenciamento
ambiental.
Instrução Normativa MAPA 42, de 31 de dezembro de 2008: Institui o Plano
Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal -
PNCRC/Vegetal.
Portaria MTE 32, de 8 de janeiro de 2009: Disciplina a avaliação de conformidade
dos Equipamentos de Proteção Individual e dá outras providências.
Resolução ANP 2, de 28 de janeiro de 2009: Altera a Resolução ANP 25, de 02 de
setembro de 2008 (regulamenta a atividade de produção de biodiesel).
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Resolução ANTT 2.975, de 18 de dezembro de 2008: Altera o Anexo à Resolução
420, de 12 de fevereiro de 2004, que aprova as Instruções Complementares ao
Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos.
2010 - Lei Nº 12.334, de 20 de setembro: Estabelece a Política Nacional de
Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à
disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o
Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do
art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o da Lei no 9.984, de 17 de
julho de 2000.
MEIO AMBIENTE COMO DIREITO FUNDAMENTAL
Sabemos que o meio ambiente equilibrado é direito fundamental de toda
coletividade. Trata-se de um direito difuso caracterizado principalmente por sua
indivisibilidade, ou seja, para que se satisfaça um de seus sujeitos, deve satisfazer a
todos, pela sua transindividualidade e pela própria indeterminação de seus sujeitos. Esse
direito pertence à massa de indivíduos e cujos prejuízos de uma eventual reparação de
dano não pode ser individualmente calculado.
Afirma Medeiros (2004) que o ambiente natural se caracteriza por interesse
difuso, pois trata de pretensão dispersa por toda a comunidade independentemente de
determinação de sujeitos. No entanto, o Supremo Tribunal Federal já se posicionou no
sentido de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito da
coletividade, portanto, de terceira geração, senão vejamos:
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A questão do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Direito
de terceira geração. Princípio da solidariedade.
O direito à integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração –
constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do
processo de afirmação de direitos humanos, a expressão significativa de um
poder atribuído, não a indivíduo identificado em sua singularidade, mas num
sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. (MS
- 22.164-0/SP rel. Min. Celso de Mello, in DJU 17/11/95, p. 39206.)
Observa- se que é necessário o envolvimento de cada indivíduo na luta para
um meio ambiente saudável, visto que todo organismo possui um papel na natureza,
chamado nicho ecológico. Esse nicho mostra como as espécies exploram os recursos do
ambiente de forma a transformá-lo e não destruí-lo.
Esse princípio de meio ambiente saudável denota a importância da cooperação
buscando em conjunto a melhoria da qualidade de vida de todos.
Nota-se que é fundamental a participação da coletividade, visando a proteção e
defesa do meio ambiente para que gerações futuras possam usufruir dos recursos
fornecidos, mas de forma sustentável.
Matéria ambiental como direito adquirido
A nossa carta magna promulgada em 1988 em seu famigerado artigo 5°,
XXXVI, garante que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
a coisa julgada”. No entanto, em se tratando de matéria ambiental essa garantia
encontra-se mitigada eis que na hipótese de uma atividade em que posteriormente ao
seu licenciamento ambiental, se mostre danosa ao meio ambiente não se poderá
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suprimir se recorrer a este princípio constitucional visando resguardar o direito já
“adquirido” pelo poluidor.
Segundo Mascarenhas (2004, p.287), deve prevalece o interesse maior que é o
da coletividade, a quem foi dado o direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Já para Milaré (2001, p.261) o Direito Ambiental, para cumprir a sua missão de
tutela ao interesse público, deverá o poder impor medidas antipoluição as instalações já
existentes, sob pena de violar-se o princípio poluidor-pagador e perpetuar o direito a
poluir.
Destarte, se houver um conflito entre o direito adquirido por alguém em virtude
da expedição de licença ambiental e do interesse da coletividade que estão sendo
prejudicada em virtude da atividade que apesar de licenciada, causa danos ambientais,
deve prevalecer o interesse da coletividade. Como supramencionado, o direito adquirido
nesse caso terá pouca ou nenhuma força, pois o que deve prevalecer é o interesse
coletivo em detrimento do individual.
A ÉTICA E A ORDEM ECONOMICA DO MEIO AMBIENTE
A ética está relacionada ao conceito de ética antropocêntrica, ou seja, considera-
se o comportamento do homem em relação a si mesmo. Nesse conceito, o Homem, por
possuir a capacidade de raciocínio, é um ser superior aos demais seres da Terra.
Ética ambiental é um conceito que amplia o conceito anterior, pois não só refere-
se à maneira de agir do homem em relação ao seu meio social, mas também em relação
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à Natureza. Essa nova ética é necessária, pois a conservação da vida humana é hoje
compreendida como inserida na conservação da vida de todos os seres. Esse conceito de
ética ambiental relaciona-se como o conceito de ética egocêntrica (de OIKOS, casa em
grego).
Por esse conceito, todos os seres são iguais. O Homem, apesar de imbuído de
razão, não pode continuar a ver outros seres como inferiores e, portanto, não pode agir
de forma predatória em relação aos mesmos. O Ser Humano deixa de ser "dono" da
Natureza para voltar a ser parte da Natureza.
Busca-se, com a ética ambiental, criar-se uma nova ordem mundial, onde o
Homem não mais satisfaz apenas seus desejos imediatos, mas, ao agir, busca atender
seus desejos, limitados pelas necessidades de outros seres vivos. Assim, dentro dessa
nova visão sobre meio ambiente trazida pela Constituição Federal, há que se ressaltar
que seu disciplinamento protetor não se esgota no dispositivo constante no artigo 225. E
o Título VII, que trata da Ordem Econômica e Financeira, traz em seu artigo 170, o
seguinte:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
VI – defesa do meio ambiente.
O artigo supracitado eleva à condição de princípio da ordem econômica a defesa
do meio ambiente. Do exposto se infere que o princípio da defesa do meio ambiente
conforma a ordem econômica, informando substancialmente os princípios da garantia
do desenvolvimento e do pleno emprego. Além de objetivo, em si, é instrumento
necessário – e indispensável – à realização do fim dessa ordem, o de assegurar a todos
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existência digna. Nutre também, ademais, os ditames da justiça social. Todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo9 –
diz o art. 225, caput10.
A inclusão do princípio da defesa do meio ambiente na ordem econômica,
demonstra a preocupação do legislador de que o desenvolvimento não pode estar
dissociado da proteção ambiental. Lembre-se que o desenvolvimento da economia
sempre gera algum tipo de impacto ao meio ambiente, porém, devemos buscar formas
no sentido de que este impacto seja o menor possível, bem como devem existir medidas
para compensá-lo.
A MODERNIDADE E A IMPORTANCIA DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
No que tange a economia, o meio ambiente ficava em segundo plano, até que
surgiram as leis de proteção ambiental. Não faz muito tempo que a visão comum era no
sentido de que as preocupações com o meio ambiente eram descabidas e prejudicariam
o crescimento e industrialização dos países em desenvolvimento. Como é o caso dos
poluentes gerados na região da Ásia e de países emergentes como China, Índia e
Indonésia relacionados com o crescimento econômico desses países e que circulam em
todo o planeta. Esses poluentes, por sua vez, ficam suspensos e circulam por todo o
planeta durante vários anos, até descerem às camadas mais baixas para se dispersarem.
No estudo “Monção Asiática Transporta Poluição para a Estratosfera”, o fenômeno
9 GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. 8ª ed. São Paulo: Malheiros.
2003. p. 219. 10 Caput: Expressão latina que significa cabeça do artigo.
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serve de veículo, um sistema de circulação que se forma sobre uma grande concentração
de poluentes. Esse fenômeno esta aumentando o buraco da camada de ozônio, gás
responsável pela filtragem dos raios ultravioletas do sol. Nota-se que a prioridade é a
aceleração do crescimento econômico. As externalidades negativas, ou seja, o custo
ambiental resultante da degradação ocorrida nesse processo produtivo seria neutralizado
com o progresso. Como observa o mestre Paulo de Bessa Antunes (2004, p.30) que:
O desenvolvimento econômico no Brasil sempre se fez de forma degradante
e poluidora, pois, calcado na exportação de produtos primários, que eram
extraídos sem qualquer preocupação com a sustentabilidade dos recursos, e,
mesmo após o início da industrialização, não se teve qualquer cuidado com a
preservação dos recursos ambientais. Atualmente, percebe-se a existência de
vínculos bastante concretos entre a preservação ambiental e a atividade
industrial. Esta mudança de concepção, contudo, não é linear e, sem dúvida,
podemos encontrar diversas contradições e dificuldades na implementação de
políticas industriais que levem em conta o fator ambiental e que, mais do isto,
estejam preocupadas em assegurar a sustentabilidade utilização de recursos
ambientais.
Devemos frisar que o fundamento principal é assegurar existência digna, através
de uma melhor qualidade de vida. Contudo, esse princípio não objetiva impedir o
desenvolvimento econômico.
Sabemos que a atividade econômica, na maioria das vezes, representa alguma
degradação ambiental. No entanto, o que se pretende é minimizá-la, pois pensar de
forma contrária significaria expor que nenhuma indústria que possa deteriorar o meio
ambiente poderia ser instalada, e não é essa a concepção apreendida do texto. Como
afirma ainda, Fiorillo, (2004, p.27) que o correto é que as atividades sejam
desenvolvidas lançando-se mão dos instrumentos existentes adequados para a menor
degradação possível.
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A combinação entre progresso e proteção ambiental deve ser pautada no
desenvolvimento sustentável, que consiste na exploração equilibrada dos recursos
naturais.
O AVANÇO CONSTITUCIONAL
Período Pré-Colonial e Colonial:
1500/1530 – Exploração do Pau-Brasil e Tráfico de Animais Silvestres.
1530 – Capitanias Hereditárias e Sesmarias.
1548 – Governo Geral (certa autonomia jurídica e administrativa).
1603 – Ordenações Filipinas (regras para o combate de poluição das águas, à caça e a
pesca predatória).
1605 - 1ª Lei de Proteção às Florestas – Regimento do Pau Brasil.
1797 – Proteção de Rios, nascentes e encostas.
1799 – Regimento de corte de madeira.
Período Brasil Imperial
1822 – Fim do Regime das Sesmarias.
1824 – Constituição do Império (Proibição do corte raso de madeiras de lei). Pena para
o corte ilegal de madeira
1850 – Lei de Terras do Império-Lei n 601/1850. Criou regras para proteção da
vegetação e do solo. Rearborização da Floresta da Tijuca.
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Período Republicano
1891 – Constituição Republicana não disciplinou matéria ambiental.
1895 – Convênio Egretes/Paris (Proteção dos rios e lagos da Amazônia).
1916 – O Código Civil contempla artigos sobre águas, fauna e flora (visão patrimonial).
1934 – A Constituição a matéria ambiental de forma indireta e diluída.
1934 - 1º Código Florestal Brasileiro Código das águas.
1937 - 1ª Conferência Brasileira para proteção da natureza.
1960 – Política Nacional de Saneamento Básico.
1965 – Código Florestal.
1967 – Lei de proteção à Fauna.
1979 – Lei do Parcelamento de terras.
Período Republicano
1981 – Política Nacional de Meio Ambiente.
1985 – Ação Civil Pública.
1988 – Constituição Federal (art. 225 e outros).
1989 – Criado o IBAMA.
1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos.
1998 – Lei de Crimes Ambientais.
2000 – Lei do SNUC.
2001 – Estatuto das Cidades.
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CONCLUSÃO
Do estudo realizado neste trabalho, pudemos observar que direito ambiental é
uma área que está recebendo uma atenção maior nos últimos anos. Todavia se faz
necessário um maior rigor na aplicação da legislação pertinente a área ambiental. Assim
como a atuação da sociedade em defesa do ambiente sadio, pois as leis existem e devem
ser cumpridas, mas é preciso que a sociedade faça a sua parte, que é respeitar as leis e
fazer as denúncias cabíveis, quando detectadas as irregularidades. Com o presente
trabalho concluímos que, a questão da preservação do meio ambiente tem recebido
atenções maiores que no passado, embora não tenha sido o suficiente para reverter o
quadro de degradação e destruição do patrimônio ambiental.
Salientamos, ainda, que as ações em prol da defesa do meio ambiente devem
ter eminentemente caráter preventivo, visando evitar a ocorrência de danos, em virtude
de sua difícil reparação, pois um ambiente ecológico não se auto renova. No entanto,
urge que esta mudança atinja não só a legislação ambiental, mas que perpasse por cada
um dos indivíduos da sociedade. Os danos que estão ocorrendo no meio ambiente têm
afetado também os seres humanos, por vezes de forma violenta e trágica.
Portanto são necessários mais estudos acadêmicos nesta área de atuação, a qual é
tão complexa e interessante, haja vista a atualidade do tema e sua importância para o
conjunto social e o próprio planeta. Daí a importância de conscientização de todos os
segmentos de uma sociedade moderna.
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