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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PASSOS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA AVALIAÇÃO DA BROTAÇÃO DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum officinarum) SOB TRATAMENTO TÉRMICO E QUÍMICO Claudinei André da Silva Passos-MG 2012

Monografia Claudinei André Da Silva

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PASSOS

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

AVALIAÇÃO DA BROTAÇÃO DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

(Saccharum officinarum) SOB TRATAMENTO TÉRMICO E QUÍMICO

Claudinei André da Silva

Passos-MG

2012

Claudinei André da Silva

AVALIAÇÃO DA BROTAÇÃO DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

(Saccharum officinarum) SOB TRATAMENTO TÉRMICO E QUÍMICO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Fundação de Ensino

Superior de Passos associada à

Universidade do Estado de Minas Gerais,

como parte das exigências para obtenção

do título de Bacharel em Engenharia

Agronômica.

Passos-MG

2012

Claudinei André da Silva

AVALIAÇÃO DA BROTAÇÃO DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

(Saccharum officinarum) SOB TRATAMENTO TÉRMICO E QUÍMICO

Comissão Examinadora

Passos, 30 de Outubro de 2012.

A Deus, por esta oportunidade.

Aos meus filhos,

Lucas R. da Silva e André R. da Silva,

onde encontrei forças para lutar.

Dedico e Ofereço.

AGRADECIMENTOS

O autor expressa seus agradecimentos a todas as pessoas que,

direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, em especial:

A Deus criador, pelo seu sublime amor.

Ao Prof. Dr. Bruno Silva Pires, pela orientação, apoio, confiança e

amizade durante a graduação.

Ao Prof. Msc. Evandro Freire Lemos, Coordenador do curso de

agronomia, pelo incentivo, oportunidade, amizade e apoio.

Ao Prof. Dr. Eliél Alves Ferreira, pela amizade e oportunidade para

novos desafios.

A Profª. Dra. Rita de Cássia Ribeiro Carvalho, pela amizade,

oportunidade, dedicação e ensinamentos transmitidos durante a graduação.

A Dra. Marisa da Silva Lemos Coordenadora do núcleo de pesquisa

e extensão da FESP, pelo seu incentivo, apoio e oportunidade.

A todos os funcionários da Fazenda Experimental, que contribuíram

para o sucesso deste trabalho.

Ao Engº Químico Fernando Spadon, e a todos os funcionários do

laboratório de analise de solos e foliar.

A Profª.Camila Lemos, pelos ensinamentos e auxílio durante a

graduação.

Ao Prof. Antonio pelo incentivo e apoio.

A Usina Açúcareira Passos (GRUPO ITAIQUARA), pelo apoio a

pesquisa.

Porque dele e por ele, e para

ele, são todas as coisas;

glória, pois, a ele eternamente.

ROMANOS Cap11v36.

RESUMO

No Brasil predomina a “propagação vegetativa” como forma de reprodução da

cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), que contribui para a transmissão de

fitopatógenos de canaviais contaminados para áreas isentas dos mesmos. Existe

também a possibilidade de contaminação por fitopatógenos de solo. A

contaminação por estes patógenos podem reduzir as brotações, aumentando os

custos de produção sendo que seu controle de forma indireta tem maiores

possibilidades de contaminação ambiental através do uso de defensivos agrícolas,

na tentativa de manter os canaviais produzindo. A condução deste estudo foi

realizada com o objetivo de avaliar a eficiência de 4 diferentes tratamentos para

obtenção de mudas sadias, visando um maior número de brotações. O

delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 4 tratamentos e 5

repetições. O experimento foi implantado na Fazenda Experimental do curso de

Agronomia da FESP, em Passos/MG, utilizando-se a cultivar SP81-3250. Todos os

tratamentos receberam as mesmas doses de fertilizantes. O tratamento 1

testemunha, as mudas não passaram por processo de desinfecção; no tratamento 2

as mudas passaram por processo térmico para desinfecção; no tratamento 3 as

mudas receberam aplicação de fungicida sistêmico “Priori Xtra”e; no tratamento 4 as

mudas passaram por tratamento térmico e químico (fungicida). Com os dados da

análise estatística foi determinada a eficiência dos tratamentos. Os tratamentos

térmico e térmico mais químico apresentaram as maiores médias de brotações por

parcela e foram superiores aos outros tratamentos. O tratamento químico não

resultou em aumento de brotações.

Palavras-chave: Térmoterapia. Fitopatógeno. Propagação Vegetativa.

ABSTRACT

In Brazil predominates "propagation" as a form of playback of the sugar cane

(Saccharum officinarum), which contributes to transmission of sugarcane

phytopathogenic contaminated free areas thereof. There is also the possibility of

contamination by pathogens of soil. The contamination by these pathogens can

reduce sprouting and generate increased production costs, but with control indirectly

have greater possibilities of environmental contamination through the use of AD in

an attempt to keep producing sugarcane. The conduct of this study was performed to

evaluate the efficiency of 4 different treatments to obtain healthy seedlings, seeking

a higher number of shoots. The experimental design was a randomized block with 4

treatments and 5 replications. The experiment was conducted at the Experimental

Farm of the course of Agronomy FESP in Steps / MG, using the cultivar SP81-3250.

All treatments received the same doses of fertilizers. Treatment 1, control seedlings

did not undergo disinfection process; treatment 2 seedlings underwent thermal

process for disinfection treatment 3 plants received systemic fungicide application

"Priori Xtra" and, in treatment 4 seedlings underwent treatment thermal and chemical

(fungicide). With the statistical analysis of the data was determined the efficiency of

the treatments. The thermal and thermal treatments over chemical had the highest

average of shoots per plot and were superior to other treatments. The chemical

treatment did not result in increased sprouting. .

Keywords: thermotherapy. Phytopathogen. Vegetative Propagation.

Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 13

2.1 Origem ........................................................................................................................... 13

2.2 Botânica ........................................................................................................................ 13

2.3 Importância ................................................................................................................... 14

2.4 Brotação ........................................................................................................................ 15

2.5 Fitopatógenos .............................................................................................................. 15

2.6 Tratamento ................................................................................................................... 16

2.7 Assepsia ........................................................................................................................ 17

3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 18

3.1 Instalação do experimento ......................................................................................... 18

3.2 Condução do experimento ......................................................................................... 18

3.3 Adubação e preparo de solo...................................................................................... 19

3.4 Locação dos blocos .................................................................................................... 20

3.5 Os tratamentos ............................................................................................................ 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 21

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 24

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 25

11

1 INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil no início do século XVI. No período

colonial era utilizada para fabricação de açúcar e aguardente. No século vinte

ocorreu uma corrida a procura de combustíveis renováveis na tentativa de substituir

o petróleo, com isso a produção de cana-de-açúcar foi ampliada para a produção de

combustível, energia elétrica e outros subprodutos.

O açúcar tem se destacado no mercado mundial sendo um produto importante

como bem de consumo e favorecendo a balança comercial brasileira.

As exportações de açúcar do Brasil estão batendo recordes em função da

quebra de safra ocorrida na Índia e em outros países de menor expressão, que

contribuem com a oferta mundial (CONAB, 2011).

A cultura da cana-de-açúcar elevou o Brasil ao topo na capacidade de

produção e exportação a nível mundial, conquistando ainda o mérito de ter

desenvolvido um programa para produção e uso de biocombustível da atualidade.

Destacam-se, na estimativa de aumento da produção de açúcar, os Estados

do Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e São

Paulo (CONAB, 2011).

Segundo a Conab (2011), com uma área de cultivo de cana-de-açúcar

ocupando mais de oito milhões de hectares no Brasil, o setor tem buscado novas

tecnologias, não só para manter o status de maior produtor, mas continuar suprindo

a necessidade de alimentos no Brasil e no mundo.

Para conseguir um bom canavial e boa produção de matéria prima, ações tem

que ser realizadas para diminuir os fatores que interferem na qualidade física e

sanitária, as quais elevam os custos desde o preparo do solo ao momento da

colheita. Dentre os fatores de maior importância esta a qualidade do material de

plantio.

A baixa eficiência dos métodos de produção de mudas de cana-de-açúcar

torna sua propagação inicial lenta e seu custo elevado, inviabilizando a utilização de

12

variedades melhoradas pelos produtores de menor poder aquisitivo (MARINI et al.,

2007).

Na cultura da cana-de-açúcar foram descritas mais de 216 doenças e, destas,

cerca de 58 foram encontradas no Brasil. Dentre estas, pelo menos 10 podem ser

consideradas de grande importância econômica para os produtores e para o

melhoramento da cana (ORLANDO et al, 1994).

Todos os agentes fitopatogênicos, tais como fungos, estramenópilas, bactérias,

vírus, protozoários (Plasmodiophora) e nematoides, podem infectar partes ou órgãos

de propagação vegetal (MELO et al,, 2009).

Com o aumento considerável de área sem uma programação, está se plantado

o que tem disponível, não importando variedade ou qualidade de muda. Essa

situação cria condições para disseminação de varias doenças, podendo resultar em

epidemias de carvão ou escaldadura, doenças que afetam gravemente os canaviais,

e são transmitidas pelas mudas (SANGUINO, 2007).

Após a manifestação da doença, os danos são inevitáveis. Na tentativa de

controle dos fito-patógenos é necessária a utilização de produtos fitossanitários para

não acarretar perdas maiores .

No plantio da cana-de-açúcar, há dificuldades em se proteger a cultura contra

pragas e doenças do solo, requerendo uma tecnologia de aplicação de produtos

fitossanitários (FERREIRA et al, 2008).

A termoterapia tem se mostrado eficiente para eliminar fitopatógenos, e

assegura ao material de plantio, qualidade sanitária para que a planta consiga

expressar seu máximo potencial.

O tratamento térmico envolve a manutenção da planta inteira ou uma de suas

partes, como tubérculos, bulbos, etc., o maior tempo possível numa faixa de

temperatura entre 35° e 40°C(FIGUEIRA, 2000).

Mudas de cana-de-açúcar tratadas darão origem a plantas sadias capazes de

perfilhar sem restrições.

13

A ação dos microrganismos do solo na formação do canavial prejudica o

desenvolvimento normal da planta, acarretando perdas na brotação e redução no

perfilhamento.

O uso de fungicida nos toletes de cana-de-açúcar proporciona proteção contra

a ação direta dos fungos causadores de danos na estrutura física e nutritiva do

material, viabilizando o desenvolvimento sem perdas nas fases iniciais da planta

“brotação e perfilhamento”.

O objetivo deste estudo foi de avaliar a eficiência de 4 diferentes tratamentos

para obtenção de mudas sadias, visando um maior número de brotações.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Origem

A cana-de-açúcar teve sua origem na Nova Guiné, onde sua existência era

tida como em estado de planta silvestre e ornamental. De Nova Guiné, disseminou-

se em várias linhas do sul do oceano pacífico, na Idochina no arquipélago da

Malásia e em Bengala, sendo certo o seu aparecimento como planta produtora de

açúcar na Índia. Os persas parecem ter sidos os primeiros a desenvolverem a

técnica de produção de açúcar na forma cristalizada, tal como atualmente se

conhece (DELGADO; CESAR, 1977).

2.2 Botânica

A cana-de-açúcar é uma planta alógama, da família Graminaceae (Poaceae),

tribo Andropogoneae, gênero Saccharum (PATTO; SANTOS; BRASIL, 2008).

É conhecida como “cana nobre”, devido a sua esplendida aparência, às cores

brilhantes e aos gomos grossos (14 a 16 mm) e suculentos com alto conteúdo de

14

sacarose e boas características gerais para a industrialização. Foi a espécie

predominantemente cultivada em todo o mundo no final do século XVIII até o início

do século XX. Anteriormente, por mais de 250 anos, cultivou-se uma outra cana,

que, na época, foi tomada como nobre, a “crioula” (PATTO; SANTOS; BRASIL,

2008).

2.3 Importância

A cana-de-açúcar, (Saccharum officinarum), é muito cultivada em países

tropicais e subtropicais para obtenção do açúcar, do álcool e da aguardente, além da

crescente utilização como recurso forrageiro sendo utilizada na alimentação animal

como fonte de energia (NUSSIO et al., 2007).

É uma das culturas de maior importância econômica no Brasil, devido sua

grande área plantada e seus produtos e subprodutos, gerando uma série de

benefícios para a sociedade, como empregos e avanços tecnológicos

(FERNANDES, 2000).

Projeções indicam que o aumento do consumo interno e o das exportações de

álcool e de açúcar deverão contribuir fortemente para o crescimento e para a

sustentabilidade do setor sucroalcooleiro no Brasil (VEIGA et al ., 2006).

A cultura da cana-de-açúcar reveste-se, atualmente, de grande importância

socioeconômica, visto que é utilizada como matéria prima para produção de duas

commodities nacionais de grande magnitude e peso na balança comercial nacional:

o açúcar e o álcool. Este último, em voga, devido a crise de preços e a ameaça de

escassez de combustíveis fósseis que assola o mundo moderno, altamente

dependente de energia para sobreviver. Somado e este fato existem, as pressões

exercidas pela sociedade no que se refere ao meio ambiente, representados pelo

protocolo de Kioto e acrescente demanda por carros movidos a mais de um tipo de

combustível, dentre eles o álcool (ARGETON, 2006).

15

2.4 Brotação

Uma das características de maior importância para se obter uma boa

densidade de plantio e por consequência uma boa produtividade, esta relacionada

com as práticas de plantio, levando em consideração, fatores indispensáveis para a

otimização da cultura como, escolha da área e da variedade, sanidade da muda,

época de plantio, preparo adequado do solo, profundidade de plantio, cobertura dos

rebolos e distribuição de gemas no sulco (FERNANDES, 2000).

Após o preparo do solo, os rebolos são colocados em sulcos de 20 a 30 cm de

profundidade e cobertos posteriormente com uma camada de solo de cerca de 5

cm. Têm-se alocado 15 ou mais gemas por metro linear, para evitarem falhas de

plantio. Condições ambientais afetam as brotações das gemas, sendo a faixa de

temperaturas ótima para a brotação da cana-de-açúcar entre 27 e 32°C

(CASAGRANDE, 1991).

A fertilidade dos solos é um dos fatores que atuam diretamente sobre o

crescimento da cana-de-açúcar, sendo o solo o substrato onde as plantas vão

desenvolver-se e absorver os nutrientes que necessitam (ORLANDO, 1983).

A formação de um canavial uniforme requer um preparo correto do solo,

mudas sadias e adequadas técnicas de cultivo. Normalmente as mudas de cana-de-

açúcar são plantadas em sulcos na proporção de 12 a 15 gemas por metro de sulco,

ou seja, são distribuídas uma cana e meia ou duas canas juntas ao longo do sulco

para depois serem picadas em toletes. A posição dos colmos deve ser na forma de

“pé com ponta”, isto é em sentidos contrários, para uniformizar o talhão e evitar

alguma possível falha de geminação da região basal do colmo (COLETI, 1987).

2.5 Fitopatógenos

Para que a virose seja economicamente importante ela tem que causar perdas

que sejam superiores aos investimentos financeiros direcionados ao seu controle no

16

campo. A maioria das infecções viróticas é sistêmica, e persistem na planta por toda

vida. Os vírus geralmente tem um ciclo no hospedeiro que pode ser mais amplo ou

mais restrito dependendo do tipo e da estirpe do vírus (FIGUEIERA, 2000).

Algumas plantas são propagadas de forma vegetativa, por exemplo, a

mandioca, a cana-de-açúcar, frutíferas e ornamentais, entre elas o cítrus e a rosa

respectivamente. Nesse caso, os patógenos sistêmicos são os principais

responsáveis pela infecção do material, por exemplo, os vírus, micoplasmas,

bactérias como a Xilella fasidiosa e a Xanthomonas campestris PV.manihotis entre

outras, e os fungos sistêmicos, Fusarium oxys. Porum, Ceratocystis fimbriota e

Verticillium SP (POZZA, 2000).

O vírus do mosaico da cana-de-açúcar chegou ao Brasil entre os anos 1922 a

1928, introduzido provavelmente por meio de material importado da Argentina. No

período de 1922 a 1925 essa doença provocou uma diminuição na produção de

açúcar de 1.250.000 sacos para 220.000 sacos de açúcar e de 6 para 2 milhões de

litros de álcool(FIGUEIRA, 2000).

Os microrganismos causam efeitos morfológicos e fisiológicos diversos sobre

as planta, tais como: danificação dos tecidos radiculares, alteração no metabolismo,

utilização de certos componentes exsudatos, excreção de enzimas, toxinas e

antibióticos e alteração na disponibilidade, acessibilidade e assimilação de

nutrientes minerais. Esses efeitos podem ser divididos em maléfico e benéfico

(MOREIRA; SIQUEIRA, 2002).

2.6 Tratamento

A baixa eficiência dos métodos de produção de mudas de cana-de-açúcar

torna sua propagação inicial lenta e seu custo elevado, inviabilizando a utilização de

variedades melhoradas pelos produtores de menor poder aquisitivo (MARINI, et al.

2007).

17

Os vírus podem ser inativados na planta hospedeira através de tratamento

térmico. O tratamento térmico envolve a manutenção da planta inteira ou uma de

suas partes, como tubérculos, bulbos, etc., o tempo possível numa faixa de

temperatura entre 35° e 40°C(FIGUEIRA, 2000).

Alguns dos agentes utilizados para a desinfestação de explantes são: cloreto

de mercúrio, ácido clorídrico, cloreto de benzalcônio, peróxido de hidrogênio e, os

mais comumente utilizados como, hipoclorito de cálcio e de sódio (GRATTAPAGLIA;

MACHADO, 1998).

2.7 Assepsia

A eficiência do agente desinfetante é dependente do patógenos da cana-de-

açúcar que se pretende tratar. O agente desinfetante cloreto de mercúrio foi o que

apresentou, para a maioria dos patógenos, a melhor eficiência na desinfestação de

explantes de cana-de-açúcar, quando imersos por 30 minutos na concentração de

1% (MARINI, et al. 2007).

A escolha de mudas sadias tem influência durante todo o ciclo da cana-de-

açúcar e não se pode esquecer que os talhões são renovados após cinco ou mais

anos. Assim, após definir a cultivar mais adaptada a determinada área, é preciso

atentar para a utilização de mudas sadias, livres de pragas e doenças (SANTIAGO;

ROSETTO, 2008).

O melhor índice de sobrevivência encontrado para a maioria dos patógenos

ocorreu quando desinfestados com cloreto de benzalcônio a 0,1% por 30 minutos.

Recomenda-se a utilização de cloreto de mercúrio 1% por 30 minutos para a

desinfestação de explantes de cana de açucar para cultivo in vitro (MARINI, et al.

2007).

É importante salientar que os programas de melhoramento genético brasileiros

têm conseguido lançar materiais resistentes ou bastante tolerantes às principais

18

doenças. Mesmo assim, recomenda-se que as mudas do viveiro passem por

tratamento térmico antes do plantio. O tratamento térmico, cujo custo é acessível,

pode ser feito em mini toletes ou em gemas isoladas com o objetivo de controlar o

raquitismo-da-soqueira. O tratamento consiste em submeter os colmos a uma

temperatura de 50,5 ºC, por duas horas. Todas as recomendações técnicas devem

ser criteriosamente observadas sob o risco de incidência de doença ou deterioração

das mudas em formação no viveiro. A termoterapia pode ser realizada de várias

formas, sendo que os tratamentos mais utilizados são: de toletes de diversas gemas

ao mesmo tempo e de gemas isoladas (SANTIAGO; ROSETTO, 2008).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Instalação do experimento

Este estudo foi conduzido na Fazenda Experimental da FESP/UEMG, em

Passos-MG, que está,na Latitude: 20°43'01'', e Longitude: 46°36'39'' a 740m de

altitude. O solo utilizado é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, distrófico

textura média (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA -

EMBRAPA, 2006) com declividade de 6% .

3.2 Condução do experimento

Para avaliação dos tratamentos foi utilizada a cultivar SP81-3250, plantada no

mês de Maio de 2012.

Visando avaliar a fertilidade do solo e realizar possíveis correções a

adubações, foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0-20cm, cujo

resultado está apresentado na Tabela 1:

19

Tabela 1. Caracterização química do Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) localizado

na Fazenda Experimental da FESP/UEMG

Métodos: PH –P – K – Ca – Mg – Al (Extraçâo Kcl 1N)

S – Cu – Fe – Mn – Zn

Análise Química para Avaliação da Fertilidade de Solos Tropicais. IAC (RAIJ, 2001).

Método: B

Extraction of boron from soil by microwave heating for. ICP (ABREU et al,, 1994).

Baseado nos resultados na analise de solo (Tabela 1), e seguindo as

recomendações para o estado de Minas Gerais (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO

SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - CFSEMG, 1999) foram feitas as

recomendações de adubação, não sendo necessária a prática de calagem.

3.3 Adubação e preparo de solo

A adubação de plantio seguiu os níveis de 30kg ha-1 de N, 180kg ha-1 de P2O5

e 150kg ha-1 K2O, tendo como fonte de N a Ureia (45% de Nitrogênio), como fonte

de Fósforo o Super Top-Phos 328 (28% de P2O5) e como fonte de Potássio Cloreto

de Potássio (58% de K2O).

Nutrientes Unidades Nutrientes Unidades

Matéria Orgânica 23g/dm3 Boro: 0.07 mg/dm3

PH Sol. CaCl2: 5.7 Cobre: 0.9 mg/dm3

Fósforo Resina: 15mg/dm3 Ferro: 20 mg/dm3

Potássio: 2.1mmolc/dm3 Manganês: 5.2 mg/dm3

Cálcio: 32 mmolc/dm3 Zinco: 1.1 mg/dm3

Magnésio: 8 mmolc/dm3 CTC: 60 mmolc/dm3

Alumínio: 1 mmolc/dm3 V: 71%

Enxofre: 1 mg/dm3

20

Esta adubação seguiu a necessidade da cultura para produção de > 100

Toneladas por ha conforme a recomendação para o estado de Minas Gerais

(COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS -

CFSEMG, 1999), sendo aplicada em todos os tratamentos.

O preparo do solo foi realizado com grade niveladora (1 passada). Em seguida

foi realizada a abertura dos sulcos e a distribuição dos fertilizantes com um sulcador

de uma linha, na profundidade de 35 cm.

Após pesagem das quantidades de fertilizantes por metro de sulco, estes foram

distribuídos manualmente. Em seguida foi realizado o plantio das mudas,

obedecendo ao número de 12 gemas por metro linear. Depois do plantio, as mudas

foram cobertas com uma camada de 10 cm de solo.

3.4 Locação dos blocos

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro

tratamentos e cinco repetições, totalizando vinte parcelas. Cada parcela foi

constituída de quatro linhas de cana-de-açúcar, espaçadas de 1,5m e com 6m de

comprimento, sendo uma área total de cada parcela de 36m2. Foram desprezadas

as duas linhas laterais que foram utilizadas como bordadura e 1,0m nas

extremidades de cada linha, ficando a área útil com 12m2.

3.5 Os tratamentos

Tratamento um (T1):

Foi utilizado como testemunha, sem a utilização de tratamento nas mudas.

Tratamento dois (T2):

Tratamento térmico: as mudas foram colocadas em um tanque com água

tratada a 52°C por 30 minutos para descontaminação (COPERSUCAR, 1989).

Tratamento três (T3):

21

Tratamento químico com fungicida sistêmico “Priori Xtra” 250ml/ha-1 segundo

recomendação do fabricante.

Tratamento quatro (T4):

Tratamento térmico + químico: as mudas foram colocadas em um tanque com

água limpa a 52°C para descontaminação, sendo posteriormente recebido o

tratamento químico com fungicida sistêmico “Priori Xtra” 250ml ha-1 segundo

recomendação do fabricante.

A adubação de cobertura foi realizada 60 dias após a emergência do colmo

primário com 60 kg ha-1 N e 30 kg ha-1 K2O em todos os tratamentos.

Durante o experimento foi necessário a utilização de irrigação, sendo utilizado

o sistema de irrigação por aspersão convencional, para dar a cultura condições de

desenvolvimento durante a época de estiagem.

Após 30 dias de plantio foi realiza a primeira contagem das brotações em cada

parcela, sendo a segunda contagem realizada após 40 dias do plantio . Estes dados

foram analisados estatisticamente com o auxilio do software SISVAR (FERREIRA,

2000).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observaram-se, nas médias, que o efeito de tratamento não foi significativo

para a primeira contagem e significativo a 5% de probabilidade na segunda

contagem das brotações, mostrando que houve diferenças entre os diferentes

tratamentos dos toletes na segunda contagem.

22

Tabela 2 – Médias dos números de brotações de cana-de-açúcar por parcela útil

(12m2) referentes a primeira e segunda contagem. Passos (MG), 2012.

Tratamento 1a contagem 2a contagem

Químico 22.00a1 25.40b

Térmico 34.00a 36.20a

Térmico + Químico 35.20a 40.40a

Testemunha 27.40a 31.20b

1Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem

entre si, pelo teste de Scott; Knott (1974).

Avaliando os resultados das medias de brotações da primeira contagem

(Tabela 2), nota-se nenhum efeito dos tratamentos sobre as brotações, efeito este já

observado na segunda contagem, ficando comprovada a necessidade de uma

contagem mais tardia das brotações para avaliar o efeito dos tratamentos para

desinfecção dos toletes na brotação da cana-de-açúcar.

Na segunda contagem o tratamento químico não diferiu da testemunha, fato

contrário aconteceu com os outros tratamentos. Desta forma foi observado que o

tratamento químico não apresentou nenhum efeito na brotação e representa um

maior custo de implantação, não sendo recomendado sua utilização para esta

finalidade.

Na Tabela 2 observa-se que na segunda contagem, o tratamento térmico mais

químico obteve o maior número de brotação, com uma média de 40,40 brotações

por parcela, no entanto não diferiu a P>0,05 do tratamento térmico. Não foram

encontrados na literatura trabalhos que combinam o tratamento térmico juntamente

com o químico.

Apesar do tratamento térmico mais químico ter apresentado a maior média,

este não deferiu estatisticamente do tratamento térmico, portanto não há razão para

recomendar o tratamento térmico mais químico, uma vez que este resulta em

aumento do custo de implantação do canavial, maior risco de contaminação do meio

ambiente e do trabalhador rural e não apresenta ganho em brotações em relação ao

tratamento somente térmico.

23

Visando uma maior brotação e maior sanidade do canavial, recomenda-se a

utilização do tratamento térmico dos toletes.

Segundo Santiago; Rossetto (2008), os programas de melhoramento genético

brasileiros têm conseguido lançar materiais resistentes ou bastante tolerantes às

principais doenças. Entretanto, recomenda-se que os toletes passem por tratamento

térmico antes do plantio.

A Figura 1 representa o resultado dos tratamentos na segunda contagem de

brotações da cana-de-açúcar.

Figura 1. Diferença de brotações entre os tratamentos na 2º contagem

realizada 40 dias após plantio.

Observa-se um efeito positivo no aumento do número de brotações ao se

utilizar os tratamentos térmico e térmico mais químico (Figura 1). Como o

tratamento “químico” não apresentou nenhum efeito sobre a brotação, e o

tratamento “térmico mais químico” não diferiu do tratamento “térmico”, podemos

inferir que o aumento em brotações foi devido ao tratamento térmico.

b 25,4

b 31,2

a 36,2

a 40,4

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2º Contagem

Brotação da Cana de Açúcar

Químico

Testemunha

Térmico

Térmico+Químico

24

Figura 2. Diferença de percentagem entre as brotações, considerando

a testemunha como fator 1.

5 CONCLUSÃO

Os tratamentos térmico e térmico mais químico apresentaram as maiores

médias de brotações por parcela e foram superiores aos outros tratamentos.

O tratamento químico não resultou em aumento de brotações.

Visando uma maior brotação e sanidade do canavial, recomenda-se a

utilização do tratamento térmico dos toletes.

1

1,29

1,16

0,81

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

2º Contagem

Testemunha

Térmico+Químico

Térmico

Químico

Linear (Térmico+Químico)

25

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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