Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Nº3 | Junho 2020
2
Nº 3 | Junho 2020
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
ahk_premium_partners_2020_A4.pdf 1 12/03/2020 11:20
3
Nº 3 | Junho 2020
ÍNDICE
EDITORIAL
COMPLIANCE
5 | Portugal: Novos desafios de Compliance
6 | Alemanha: Direito a indemnização por danos no âmbito de Compliance – incumprimento do fabricante
DIREITO COMERCIAL
7 | Portugal: Apoios públicos à situação pandémica: da conveniência das reestruturações societárias
8 | Alemanha: Questões práticas concretas sobre a representação comercial na Alemanha
DIREITO DAS SOCIEDADES
9 | Alemanha: Tipos de Sociedades de Direito Alemão – Alguns critérios de opção
IMPOSTOS DIRETOS
10 | Portugal: Alterações recentes do Regime Fiscal (IRC e Estatuto dos Benefícios Fiscais), aplicáveis a determinadas Sociedades Comerciais
NOTÍCIAS BREVES
11 | Portugal: Novo website “Re-open EU” informa sobre as regras de viagem durante a pandemia
Aprovado o Programa de Estabilização Económica e Social
Prorrogação do prazo de aplicabilidade dos benefícios fiscais previstos no Estatuto do Mecenato e exclusão de tributação em Imposto do Selo (COVID 19)
4
Nº 3 | Junho 2020
EDITORIAL
Caro sócio da Câmara de Comércio e Indústria Luso-
Alemã, caro leitor da nossa newsletter,
Vamos já na terceira edição da nossa recente newsletter "Jurídico & Fiscal".
Neste mês de junho, além da newsletter habitual, publicamos, em separado, uma
edição especial, com a apresentação dos escritórios de advogados, sócios da
Câmara, que escrevem nesta newsletter, dando assim a oportunidade de o leitor
conhecer melhor os respetivos autores e áreas de atuação.
Vamos agora fazer uma pausa de verão de dois meses na edição desta newsletter.
Agradecemos os relevantes e informativos contributos até agora prestados pelos
advogados participantes.
A pandemia, que não deixou ninguém incólume, abrandou felizmente, pelo menos,
nos nossos países. Mas os tempos permanecerão conturbados para a maioria das
empresas.
Estamos convencidos que estes textos ajudam a ver de forma mais clara as
constantes e abundantes mudanças legislativas e administrativas que afetam as
empresas. Voltaremos em setembro, com mais textos para si sobre a atualidade
jurídica e fiscal, portuguesa e alemã.
Desejamos ao leitor umas férias boas e repousantes.
Hans-Joachim Böhmer Diretor Executivo
hansjoachim-boehmer@ccila-
portugal.com
Caroline Cöster
Domingues Diretora Dep. Jurídico e
Fiscal
caroline-domingues@ccila-
portugal.com
5
Nº 3 | Junho 2020
COMPLIANCE
Novos desafios de Compliance
A evolução da economia global traduz-se em crescentes exigências de Compliance,
demandando dos agentes económicos padrões de ação marcados pela transparência. É uma
nova realidade no mundo global em que vivemos.
A legislação comercial, desde a reforma de 1969, com o art. 17.º do DL 49381prevê a
obrigação de diligência de um gestor criterioso e ordenado.
Um dever que tem vindo a ser alargado e que consta do art. 64.º do CSC:
i) cuidado materializado na disponibilidade, competência técnica e
conhecimento da atividade em termos adequados às funções;
ii) lealdade, atuando no interesse da sociedade, dos sócios, a longo prazo, e
ponderando os interesses dos sujeitos relevantes para a sustentabilidade da
sociedade.
Estes deveres materializam um dever de ação de acordo com regras de Compliance, sendo
exigível que a atuação da gerência se adeque ao interesse de todos os que pertencem ao
universo empresarial, numa salvaguarda de um interesse comum que extravasa o interesse
do sócio ou do acionista.
Como sabemos, as regras de Compliance são densificadas em diplomas legais avulsos que
introduzem regras de transparência e de controlo direto pelos agentes económicos.
Exemplo disso é o Registo Central do Beneficiário Efetivo (RCBE) que identifica todas as
pessoas singulares que, ainda que de forma indireta ou através de terceiros, detenham a
propriedade ou o controlo efetivo das entidades jurídicas.
Para além do dever de declarar o beneficiário efetivo das entidades constituídas em
Portugal e de qualquer entidade estrangeira que aqui pretenda fazer negócios, acresce
ainda o dever de consulta obrigatória da declaração para as entidades que com elas
estabeleçam relações comerciais.
Atualmente, demanda-se das empresas a constante revisão dos protocolos de Compliance
que salvaguardem a crescente responsabilização e o cumprimento das obrigações dos
procedimentos implementados nas empresas.
É um mundo novo que a todos obriga e que verdadeiramente ninguém desresponsabiliza.
Filipe Lobo d’Avila Country Manager
Portugal
6
Nº 3 | Junho 2020
±±
Direito a indemnização por danos no âmbito de Compliance
– incumprimento do fabricante
O tribunal cível superior alemão proferiu recentemente um acórdão contra um conhecido
fabricante de automóveis, num caso de anulação de contrato por incumprimento de
Compliance. A programação de uma instalação de gases de escape não autorizada constituiu,
assim, um engano consciente e deliberado (fraudulento) do cliente queixoso com base numa
decisão estratégica fundamental do fabricante, o que representa um dano abusivo contra o
contratante.
O comprador foi levado a uma obrigação contratual que não pretendia. O veículo adquirido
não podia ser utilizado para a totalidade dos fins a que se destinava, pois o seu
funcionamento, contrariamente às expetativas contratuais do comprador, produzia um
maior impacto ambiental, pelo que incorria no risco de uma proibição de operação. O
importante é que o tribunal determina aqui a perduração da fraude também na venda de
veículos usados. Os danos também não podiam ser solucionados através de uma atualização
do software. Isso podia resultar em danos de longo prazo, numa redução da potência do
motor ou numa desvalorização na revenda.
Visto que o comprador não deve ficar em situação mais favorável do que caso não tivesse
ocorrido a celebração do contrato (proibição de enriquecimento sem causa), devem ser
contabilizadas as vantagens de utilização (cálculo com base na quilometragem do veículo).
Fica em aberto a questão de saber se um revendedor autorizado também é diretamente
responsável e se existe também direito de indemnização por danos em caso de celebração
do contrato após a admissão pelo fabricante da violação de Compliance.
COMPLIANCE Alemanha
Sönke Friedl Rechtsanwalt
7
Nº 3 | Junho 2020
±±
Apoios públicos à situação pandémica: da conveniência das
reestruturações societárias
A atual situação pandémica colocou as empresas perante desafios inesperados que requerem
também respostas novas. Em particular, a dimensão desta crise tornou evidente que o apoio
das entidades públicas era fundamental para evitar consequências devastadoras no tecido
económico-empresarial português.
O concreto figurino das diversas medidas de apoio público tem sido ajustado em função das
sugestões dos parceiros sociais e da própria evolução, tendencialmente favorável, das
circunstâncias.
Sem prejuízo, desde cedo muitas empresas tomaram consciência de que, na medida em que
os apoios públicos dependem de critérios como a evolução da faturação ou volume de
encomendas de uma determinada sociedade, por exemplo, a manutenção de diferentes
áreas de negócio dentro de uma mesma entidade jurídica pode revelar-se problemática. É
particularmente o caso quando as referidas áreas de negócio são impactadas de forma muito
diferente pela crise e a queda abrupta de uma área de negócio é parcialmente compensada
com a relativa normalidade de outra(s) área de negócio. Esta situação pode criar significativas
desvantagens económicas competitivas entre áreas de negócio comparáveis tão-somente em
resultado do seu enquadramento jurídico.
Esta constatação levará a que muitas empresas reequacionem a sua própria estrutura e
organização internas e, consequentemente, a vantagem ou conveniência de implementarem
medidas de reestruturação societária tendentes à autonomização jurídica de unidade de
negócio distintas.
João Mattamouros Resende Sócio
DIREITO COMERCIAL
Portugal
8
Nº 3 | Junho 2020
±±
Questões práticas concretas sobre a representação comercial
na Alemanha
Como se constitui a relação de representante comercial e como cessa a mesma?
Nos termos do § 84 e segs. do HGB (Código Comercial alemão) assume-se a função de
representante comercial através de contrato. Embora este seja, em princípio, isento de
forma, aconselha-se a sua celebração por escrito. O contrato pode caducar por denúncia. O
prazo de aviso prévio de denúncia do contrato rege-se em geral pela lei e pode ser de um a
seis meses, dependendo da duração da relação contratual, e deve produzir efeitos para o
final de um mês. É possível denunciar o contrato com efeito imediatos, com justa causa, o
que pode gerar o dever de indemnizar e de compensar o representante comercial, por ex.
devido à carteira de clientes que adquiriu. É recomendada a forma escrita, para efeito de
prova.
Que questões se colocam quanto ao contrato de representação comercial?
Como transparece do elevado número de decisões judiciais, a delimitação entre
representante comercial e funcionário não é pacífica. A demarcação deve seguir estritamente
o texto da lei e é apreciada de acordo com critérios relativos à autonomia de atuação e à
gestão de tempo. Podem, contudo, ser transmitidas instruções ao representante comercial,
devendo ser apreciada a respetiva validade no caso concreto, mas de forma não muito rígida.
Assim, considera-se que é permitida a coordenação sobre medidas publicitárias,
apresentação de folhetos informativos para os clientes ou indicações relativas aos produtos.
Existem frequentes litígios no que respeita ao valor da comissão ou a direitos a compensação.
Na prática, geram frequentemente problemas as regras estabelecidas quanto a
indemnização, o reembolso de despesas e os direitos de retenção, a responsabilidade, assim
como sobre os direitos a informação.
Se um empresário pretender expandir a sua área de vendas, sem abrir uma sucursal ou criar
uma infraestrutura, pode ser aconselhável a nomeação de representantes comerciais. Para a
elaboração do contrato é de aconselhar o recurso a assistência jurídica.
Maria do Rosário de Pinho
Bayer Advogada
DIREITO COMERCIAL
Alemanha
9
Nº 3 | Junho 2020
±±
Tipos de Sociedades de Direito Alemão – Alguns critérios de
opção
São critérios de escolha por uma determinada sociedade não só a atividade ou o negócio
pretendido, mas também a responsabilidade dos sócios e o capital necessário. A sociedade
de Direito Civil (Gesellschaft bürgerlichen Rechts-GbR) é aplicável a todo o tipo de atividade,
incluindo profissões liberais. Não carece de capital mínimo nem de registo, mas os sócios
respondem de forma ilimitada e solidária. A sociedade comercial em nome coletivo (offene
Handelsgesellschaft-oHG) também não exige capital mínimo, mas tem como objeto social
obrigatório o exercício de atividade comercial e carece de registo, respondendo os sócios
também de forma ilimitada. A sociedade em comandita (Kommanditgesellschaft- KG) é
composta por pelo menos um sócio comanditado, que responde ilimitadamente e gere a
sociedade, e por sócios comanditários, que respondem apenas pela sua entrada. Existe ainda
a forma mista “GmbH & Co. KG”, uma sociedade em comandita, cujo sócio comanditado é
uma sociedade de responsabilidade limitada.
A sociedade de responsabilidade limitada (Gesellschaft mit beschränkter Haftung–GmbH)
pode ter apenas um ou vários sócios. O capital social mínimo é de 25.000,00 Euros e o
contrato social requer escritura. O registo comercial exige o pagamento prévio de pelo menos
¼ das quotas de cada sócio, no total, pelo menos metade do capital social. A lei das “GmbH”
permite ainda a constituição de uma sociedade com um capital social inferior aos € 25.000,00,
obrigatoriamente designada de sociedade empresarial de responsabilidade limitada
(Unternehmergesellschaft (UG) haftungsbeschränkt). Exige ainda, que o balanço anual da
“UG” contenha uma reserva de ¼ dos lucros anuais, só cessando esta obrigação, se a
sociedade aumentar o seu capital social para pelo menos 25.000,00 Euros, ou seja, se possa
transformar numa GmbH regular. Numa sociedade anónima (Aktiengesellschaft), o capital
social mínimo é de 50.000,00 Euros e o valor mínimo de cada ação um Euro. Pode ter um ou
vários fundadores.
DIREITO DAS SOCIEDADES Alemanha
Maria de Fátima Veiga Advogada (Alemanha)
Especializada em Direito do
Trabalho
10
Nº 3 | Junho 2020
±±
Alterações recentes do Regime Fiscal (IRC e Estatuto dos
Benefícios Fiscais), aplicáveis a determinadas Sociedades
Comerciais
No que concerne às pequenas e médias empresas - que exerçam, diretamente e a título
principal, uma atividade económica agrícola, comercial ou industrial -, foi aumentado o leque
de situações em se aplica a taxa reduzida de 17% de IRC, visto que o valor máximo da matéria
coletável, taxada desta forma, foi alterado de 15.000 euros para 25.000 euros. Quanto às
micro, pequenas e médias empresas que exerçam, diretamente e a título principal, as
atividades acima mencionadas ou de prestação de serviços, em territórios do interior, foi
também aumentado o limite máximo da matéria coletável, de 15.000 para 25.000 euros, em
que se aplica uma taxa reduzida de 12,5 % de IRC, sendo que se trata de um benefício fiscal.
A Portaria n.º 208/2017, de 13 de Julho (link), considera 165 conselhos e 73 freguesias, como
situados em território do interior, designadamente os concelhos de Arouca (Área
Metropolitana do Porto), Penacova (Região de Coimbra), Coruche (Lezíria do Tejo), Vendas
Novas (Alentejo Central) e Vila do Bispo (Algarve).
As empresas - para que sejam consideradas micro, pequenas e médias (PME) - têm de
empregar menos de 250 pessoas e o volume de negócio anual não pode exceder 50 milhões
de euros ou o balanço total anual não pode exceder 43 milhões de euros. Com efeito, são
duas medidas fiscais que claramente poderão, por um lado, auxiliar as empresas existentes,
neste momento difícil, e, por outro lado, estimular a criação de novas empresas. Em Portugal,
graças a medidas implementadas de simplificação dos procedimentos, é possível criar online
determinados tipos de empresas, com um custo reduzido a partir de 220 euros. Caso um dos
sócios seja um cidadão estrangeiro, será necessário, previamente, solicitar a emissão de um
número de identificação fiscal, junto da Autoridade Tributária e Aduaneira Portuguesa.
Marco Lacomblez Leitão Advogado
IMPOSTOS DIRETOS Portugal
11
Nº 3 | Junho 2020
Novo website “Re-open EU” informa sobre as regras de viagem durante a
pandemia Na segunda-feira, 15.06.2020, a Comissão Europeia apresentou um novo website que fornece informações atualizadas sobre viagens e férias dentro da União Europeia. São fornecidas informações sobre meios de transporte, restrições de viagem e regras para a proteção da saúde pública, tais como regras de distanciamento e sobre o uso de máscaras. Para mais informações, consulte o comunicado de imprensa da Representação da Comissão Europeia em Portugal neste link. Consulte o website aqui.
Aprovado o Programa de Estabilização Económica e Social Foi aprovado o Programa de Estabilização Económica e Social, com um horizonte temporal até ao fim de 2020, que assenta em quatro eixos: um primeiro eixo incidente sobre temas de cariz social e apoios ao rendimento das pessoas, sobretudo aquelas que foram mais afetadas pelas consequências económicas da pandemia; um segundo eixo relacionado com a manutenção do emprego e a retoma progressiva da atividade económica; um terceiro eixo centrado no apoio às empresas; e, por um fim, um eixo de matriz institucional. No que diz respeito às empresas, são instituídos diversos mecanismos de apoio quer à liquidez, quer à capitalização do tecido empresarial. Por um lado, a extensão da moratória ao crédito bancário, o lançamento de novas linhas de crédito com garantia pública ou a possibilidade de ajustamento dos pagamentos por conta do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas até ao final do ano. Por outro lado, a criação de um autêntico banco de fomento, associado à constituição de um fundo de capitalização de empresas, a par de outras medidas de incentivo à concentração e consolidação de pequenas e médias empresas ou à sua colocação no mercado de capitais. Poderá consultar o Programa de Estabilização Económica e Social aqui.
Prorrogação do prazo de aplicabilidade dos benefícios fiscais previstos no
Estatuto do Mecenato e exclusão de tributação em Imposto do Selo
(COVID 19) Foi publicado o despacho que procede à prorrogação da medida excecional que visa fomentar a ajuda às vítimas da pandemia do novo Coronavírus – COVID 19, prevista no Despacho n.º 137/2020-XXII, do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Assim, foi prorrogado até 31 de julho de 2020 o prazo de aplicabilidade dos benefícios fiscais previstos no Estatuto do Mecenato e exclusão de tributação em Imposto do Selo a todas as doações efetuadas a favor de algumas entidades públicas empresariais para posterior aplicação no combate à pandemia. Poderá consultar o Despacho n.º 157/2020-XXII, de 04/05, do SEAF, aqui.
NOTÍCIAS BREVES
12
Nº 3 | Junho 2020
Disclaimer
A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã não assume
a responsabilidade pelo conteúdo dos contributos e / ou
dos sites associados aos links.
Envio de informações | Privacidade
Os dados e contributos constantes deste documento têm
como único objetivo informar o destinatário. Os dados são
geridos eletronicamente, de acordo com as disposições do
RGPD e da Lei n.º 58/2019 (Lei de execução do RGPD). Se o
destinatário desejar deixar de receber a newsletter e / ou
desejar excluir os seus dados da base de dados da Câmara
de Comércio e Indústria Luso-Alemã, pedimos que nos
informe através do email indicado no nosso site.
Edição
Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã
Avenida da Liberdade 38/2
1269-039 Lisboa
Departamento Juríco & Fiscal
Caroline Cöster Domingues (Diretora)
Tel: +351 213 211 207
Contacto Geral
Tel: +351 213 211 200
Fax: +351 213 467 150
www.ccila-portugal.com