16
Ano III - Edição 18 Outubro/2009 Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP JORNAL LABORATÓRIO Primeiro emprego Instituição é referência na preparação de jovens para o mercado de trabalho. Pág. 3 Apesar de campanha municipal, crianças trabalham nas ruas de Piracicaba. Pág. 11 EXPLORAÇÃO Infância Patrícia Elias Centenas de cães e gatos aguardam por um lar em Americana. Pág. 7 ANIMAIS Adote um Gislaine Bettin Participantes de movimento cultural sonham com sucesso. Pág. 16 CENÁRIO Aline Cristiane Joaquim Hip Hop amigo GUARDA MIRIM HOBBY Apaixonados por fotografia Novas tecnologias impulsionaram criatividade de seguidores da arte. Pág. 8

Na Prática 18

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Unimep - Outubro de 2009

Citation preview

Page 1: Na Prática 18

Ano III - Edição 18 Outubro/2009

Produzido pelos alunos doCurso de Jornalismo da Universidade

Metodista de Piracicaba

UNIMEP

JORNAL LABORATÓRIO

Primeiro empregoInstituição é referência na preparação de jovens para o mercado de trabalho. Pág. 3

Apesar de campanha municipal, crianças trabalham nas ruas de Piracicaba. Pág. 11

ExPLORAçãO

Infância

Patr

ícia

Elia

s

Centenas de cães e gatos aguardam por um lar em Americana. Pág. 7

ANImAIs

Adote um

Gislaine Bettin

Participantes de movimento cultural sonham com sucesso. Pág. 16

CENáRIO

Alin

e Cr

istia

ne J

oaqu

im

HipHop

amigo

GuARdA mIRIm

HOBBy

Apaixonados por fotografiaNovas tecnologias impulsionaram criatividade de seguidores da arte. Pág. 8

Page 2: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/20092

APREsENTAçãOExPEdIENtE

O principal objetivo da comunidade do jornal é o contato com os leitores e esse espaço está integralmente aberto à manifestação de suas opiniões, concordando ou não com o conteúdo da edição, opinando e sugerindo pautas para as próximas.

Vamos participar,mande seu recado! Valeu Galera!!!

NOssO e-mAIl:[email protected]

PartICIPE daCoMUNIdadE No orkUt

JORNAL NA PRáTICA/uNImEP

ARTIGO dE OPINIãO

Não por acaso, o Na Prática ousa estampar nesta capa a matéria sobre trabalho infan-til num jornal tradicionalmente teen. Nesta

edição, o jornal inaugura a seção “Consciência”, ten-tando levar assuntos políticos, econômicos e sociais de maneira leve e interessante ao jovem e fugindo da for-malidade que afasta a juventude dessas editorias.

O Na Prática acredita que a produção de um jornal para estudantes secundaristas pode, sim, implicar na inovação da linguagem e na opção por pautas menos “caretas”. Porém, não se omitirá em abordar crises, assuntos políticos, responsabilidade social, até como forma de inserir o hábito de leituras mais sérias no dia a dia do leitor adolescente.

Afinal, a juventude tem sido taxada de apática,

alienada e pouco atuante e essa situação precisa mudar. Não há dúvida de que o início para essa mudança é a informação. Desse modo, a “consciên-cia” do Na Prática resolveu dar as caras, ou me-lhor, soltar a voz.

Além disso, o jornal está mais “descolado”. Seu pla-nejamento gráfico foi inovado pensando justamente no jovem moderno, que é muito mais imagem, movimento e se comunica de forma não linear. A intenção é tor-nar o material como um todo interessante, de modo que o leitor se sinta atraído não só pela informação, mas também pela disposição do conteúdo. E que a atração nasça num correr de olhos.

Ângela Silva e Amanda Sabino

Ângela Silva

À parte da hipótese de terrorismo político que vem sendo levantada no caso do roubo das provas do Exame Nacional do Ensino Médio,

o ENEM, pouco se fala de uma situação incômoda que envolveu o caso: a imagem do jornalismo sendo asso-ciada à barganha de informação. Imagem essa que não chega a ser mito. Afinal, a negociação de informações exclusivas não é rara entre jornalista e fonte, em es-pecial nas assessorias de imprensa, embora não devam envolver dinheiro.

Quando Felipe Pradella pediu R$ 500 mil pelas pro-vas do ENEM à jornalista Renata Cafardo, do Estadão, estava enxergando o papel do jornalismo de forma in-vertida. Certo de que faria negócio com algum veículo de imprensa, pois lidaria com lobos famintos por furos jornalísticos, Pradella arriscou ser denunciado como suspeito pelo vazamento das provas. Para piorar, afir-mou que esperava ter recebido o mérito por “delatar” o roubo. Como se vender informação para jornal fosse perfeitamente aceitável e, assim, ele pudesse ser a fonte que se transforma no mocinho da história.

A questão é que Pradella não identificou no jornalis-mo a sua função social, a ética que lhe deve ser caracte-rística. Por mais que não se caracterize crime, é lamen-tável que um cidadão tenha a mentalidade de obter vantagens financeiras em cima de um ato criminoso. Mais lamentável ainda é que esse cidadão associe o lu-cro que pretende obter à publicação pelo jornalismo.

O jornalismo não pode perder a confiança da socie-dade. E isso só é possível com transparência. Mas a ver-dade é que algumas práticas ferem a imagem do meio,

como o direcionamento das pautas de modo a satisfazer os interesses políticos e econômicos da empresa jorna-lística. Ou mesmo não repercutir uma situação de crise de empresas anunciantes. Tudo isso vai contra a ética pela qual os veículos deveriam se orientar e contribui para que o cidadão vá formando uma imagem negativa em relação à imprensa.

Quando se faz jornalismo com ética, não há espaço para compra de informação, por mais preciosa que ela seja. O combate ao controle de informação é um dos deveres do jornalista, previstos em seu Código de Ética. Assim, pagar por uma informação para que ela seja ex-clusiva de seu veículo é subverter esse dever. Fazer jor-nalismo consiste em apurar todos os pontos de um fato, checar as declarações oficiais e, acima de tudo, gastar as solas dos sapatos em busca de uma novidade, do espera-do “furo” jornalístico, de modo que a única “barganha” possível seja a que se refere ao dom do repórter de fazer a fonte falar. E é papel do jornalista não só ter essa cons-ciência, como também deixar isso claro para o cidadão. Suas ações e o quanto se posiciona de forma ética darão as respostas à sociedade. E não tenha dúvida de que o que os cidadãos mais querem é se sentirem amparados por uma mídia transparente e atuante, que possa denun-ciar a corrupção com a consciência tranqüila.

Aos jovens que talvez sonhem em se tornarem jorna-listas, que enxerguem a decisão de Renata Cafardo e do Estadão de não comprar a informação e, sim, denunciar o vazamento, como a única possível e que entendam o episódio como um sinal de que o jornalista precisa mudar a visão que a sociedade vem formando a seu respeito. Afinal, quando se fala em interesse público, Educação e jornalismo não podem ser negócio.

Leveza consciente

Ética não se compra, Enem se vende

Jornal Laboratório dos alunos do 6º semestrede Jornalismo da Unimep

ReitorProf. Dr. Clovis Pinto de Castro

Diretor da Faculdade de ComunicaçãoBelarmino César Guimarães da Costa

Coordenador do Curso de JornalismoPaulo Roberto Botão

EditorWanderley Garcia (MTB: 06041)

E-mail: [email protected]

Editores AssistentesÂngela Silva

Amanda Sabino

Editora de FotografiaDaniane Gambaroto

Editores(as)Ser e Saber: Carla Bovolini

Atitude: Lígia PaloniCorpo e Mente: Iuri Botão

Consciência: Luan AntunesConecte-se: Mariana Alonso

Cenário: Vanessa Haas

Repórteres Aline Cristiane Joaquim, Camila Gusmão,

Clayton Padovan, Daniane Gambaroto, Gislaine Bettin, Iuri Botão, Leonardo Moniz, Lígia

Paloni, Luan Antunes, Luís Gustavo Antoniassi, Mariana Blanco, Mayara Banow, Mayara Cristofoletti, Milena Barros, Patrícia Elias,

Rafaela Ometto, Raphaela Spolidoro, Thiane Mendieta, Vanessa Haas, Zamir de Bellis

Arte GráficaSérgio Silveira Campos

(Laboratório de Planejamento Gráfico/ Unimep)

Correspondências:Faculdade de Comunicação-Campus Taquaral-Rodovia do Açúcar, km 156 - Caixa Postal: 68

Cep: 13400.911 - Tel.: (19) 3124 1677

Tiragem: 2000 exemplares

Page 3: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 3

OPORTuNIdAdE

Rafaela OmettO

[email protected]

O objetivo inicial era o de tirar jovens e crianças das ruas para auxiliar no trân-sito e em atividades voltadas ao público. Hoje, destaca-se com um papel funda-mental na formação como ser humano e profissional. Essa é a Associação Guarda Mirim Municipal de Piracicaba, que já formou cerca de cinco mil adolescentes com o objetivo de proporcionar uma vida saudável e gerar conhecimentos em diversas áreas para atuação profissional.

A entidade foi fundada em 21 de abril de 1966 por iniciativa da prefeitura e do Prefeito Luciano Guidotti e atende jovens de 12 a 18 anos. Segundo a assistente social da Guarda Mirim, Helga Souza Rentero, o tempo que o adolescente permanece na entidade acrescenta muito ao processo de formação. “Eles saem preparados para encarar o mercado de trabalho com responsabilidade, disciplina, além de adquirir ou aperfeiçoar habilida-des humanas”. Atualmente existem 363 adolescentes inscritos.

O aprendiz também recebe benefícios como alimentação, transporte, atendi-mento médico e psicológico e acompa-nhamento social e pedagógico. A equipe de Assistência Social realiza um acom-panhamento mensal do desempenho do aprendiz dentro da empresa que o con-trata e também, caso houver necessidade, o integra a um grupo de estudos para auxiliar nas dificuldades escolares.

Para a inserção ao mercado, a Guarda Mirim oferece curso profissionalizante de assistente administrativo, o que aumenta o interesse das empresas conveniadas à enti-dade para a contratação. Os jovens obtém registro em carteira de trabalho pela Guar-da Mirim como aprendizes, têm os seus direitos assegurados e recebem um salário mínimo proporcional ao tempo trabalha-do, conforme o Manual da Aprendizagem do Ministério do Trabalho e Emprego.

O jovem também tem direito ao lazer. Aos finais de semana existem projetos como desenho mecânico, esporte, teatro, dança e outros e tem o objetivo de aco-lher o adolescente e incluí-lo num âmbito intelectual e cultural.

Pedro Luis Frasseto tinha 13 anos quando ingressou na Guarda Mirim de Piracicaba. Hoje, aos 47, é analista financeiro na Caterpillar Brasil Ltda, onde iniciou sua car-reira em 1975 na área de Recruta-mento e Seleção de Pessoas.

Frasseto afirma que “a Guarda Mirim tem o papel de encaminhar e facilitar o contato do jovem com a empresa, enquanto que a satisfação pessoal é fruto daquilo que o jovem pretende”.

Outro exemplo de satisfação pessoal e profissional, é da garota Jéssica Fernanda de Souza, de 18 anos. Recém-formada pela Guarda Mirim, onde ficou por

dois anos trabalhando na Cater-pillar. Ela conta que seu objetivo era poder trabalhar numa grande empresa. Depois de várias etapas de seleção, foi aprovada.

Após a experiência como GM, Jéssica garante que só teve a ganhar: “É uma experiência que agregou muito para a minha for-mação e para a minha vida toda. Além de ter conhecido pessoas maravilhosas, a contribuição da minha experiência na Guarda e na CAT foi essencial, pois com certeza eu não teria o suporte ne-cessário para poder, pelo menos, ter um lugarzinho no mercado tão difícil como o atual”.

Guarda Mirim proporciona

Entidade formou cerca de cinco mil adolescentes em 43 anos

COmO sER um GuARdA mIRIm

- Como se inscrever?

O adolescente deve se atentar ao período de inscri-ção e contatar a sede Administrativa na Rua do Rosário, 1240. O telefone para contato é o (19) 3437-8888.

- documentos necessários

RG do adolescente, boletim escolar com as notas e faltas do 1º e 2º bimestre, declaração escolar compro-vando matrícula e freqüência no mínimo na 8ª série do ensino Fundamental.

novas perspectivas de futuro

Pedro Frassetto começou como guarda mirim na Caterpillar e está na empresa há 34 anos

Thiago Sgrillo

Experiências

Page 4: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/20094

luan antuneS

[email protected]

Dificuldades familiares como divórcio, aluguel e desemprego, podem acarretar em problemas no histórico escolar dos filhos. Alunos que se transferem muitas vezes de escolas transformam o histórico escolar em uma salada, além de arruma-rem um grande problema de socializaçãol.

A família de Helen Priscila Vicente da Silva, 12 anos, sentiu na pele as dificuldades da transferên-cia sem histórico. Estu-dante da 6ª serie, Helen tem para cada ano escolar no seu histórico, o nome de uma escola diferente. �Por causa do aluguel, minha filha passou por seis

escolas diferentes”, relata o pai Odair Vicente Dias.

No meio desse ano, para retornar a estudar na Escola Estadual Alice Antenor de Souza, onde a adolescente concluiu sua 5ª série no ano passado, a família teve que regula-rizar toda a vida escolar para que a instituição aceitasse a matrícula. �Um histórico só é feito quando não tem pendências. Ele é a regularização da vida do aluno�, explica Márcia Cristina Toledo, Agente de Organização Escolar.

É preciso pensar na vida social dos filhos antes de qualquer mudança de lo-cal, alerta a psicóloga Gis-laine Ongaro. �Mudança escolar deve ser bem administrada para que não ocorram traumas viven-

ciais”, explica, levando em conta a fase do estudante. “A partir da pré-adoles-cência é imprescindível que os pais deixem o filho participar da seleção da escola, oferecendo opções. Nessa idade, eles tendem a ir contra tudo o que for imposto e se ele tiver boa vontade e gostar, a adaptação poderá ser mais fácil”, complementa.

Para Ongaro, o medo de se relacionar e depois ter que “perder” é o maior dos problemas. “O excesso de mudanças, quando sem motivo aparente, pode causar na criança dificul-dade de adaptação aos lugares novos, insegurança de se expor em grupos diferentes, instabilidade nas relações interpessoais” explica.

thiane mendieta

[email protected]

Instituições de ensino da região de Pi-racicaba, como PUC-Campinas, Uniesp em Hortolândia, Unimep e Faculdade de Santa Bárbara d’Oeste, estão preparando os alunos para a realização do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes). Disciplinas específicas e simulados foram oferecidos. O Enade em 2009 será realizado no dia 08 de no-vembro. Além do aluno, serão avaliados também a instituição de ensino e o curso de graduação.

O estudante do segundo semestre de Publicidade e Propaganda da Fac (Anhanguera Educacional), Ricardo Gon-çalves, de 18 anos, diz se sentir mais segu-ro em fazer a prova com a ajuda didática que a faculdade ofereceu. “Acredito que o conteúdo programático que estudamos esse ano seja abordado na avaliação”, afir-ma. Além de revisar o conteúdo, Ricardo também realizou simulados.

Vinicius Gutierres, de 21 anos, é estu-dante do oitavo semestre de Jornalismo da PUC-Campinas. Apesar de a univer-sidade ter oferecido preparação para o exame, Vinicius não se sente pronto para o Enade. “Acho que só deveriam fazer a prova as pessoas que realmente quises-sem. Seria bom para a faculdade e para o aluno”, comenta.

Alguns professores mudaram o plane-

jamento das aulas, principalmente os que lecionam para primeiro e último anos dos cursos que serão avaliados. É o caso do publicitário Marcelo Moretti, que dá aula para os cursos de Administração e Publicidade e Propaganda na Uniesp (União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo), em Hortolândia. “Trabalhei com conteúdos focados na linha e formato do exame. Orientei os alunos que prestarão o exame durante o ano”, explica o professor.

O coordenador do curso de Jornalis-mo da Unimep, Paulo Roberto Botão, explicou como a universidade preparou os alunos. “Primeiro atualizamos os dados pessoais de cada aluno apto para realizar o Enade. Depois, explicamos aos estudantes a importância da prova e o conteúdo previsto que deve cair”, explica. Além desses esclarecimentos, os alunos do último ano, que concluirão o curso neste ano, participarão de debates com professores da instituição, que farão uma prévia do conteúdo previsto e indi-carão referências bibliográficas na área”, afirma o coordenador.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixei-ra) divulgará até o dia 26 de outubro os locais onde serão aplicados o exame. O manual do Enade 2009 , onde há expli-cações indispensáveis para a realização da prova, já se encontra no site www.inep.gov.br/superior/ENADE/.

O histórico escolar pode parecer um simples papel, mas representa muito mais. “Por trás do papel a todo um processo longo e criterioso”, expli-ca Bernadete Ferreira ma-ciel, supervisora na rede estadual de ensino, em sumaré. A importância do documento não fica restrita à vida estudantil. empresas de recursos hu-manos costumam pedir o documento, entre vários outros, em uma seleção de emprego. Não só para comprovar se a pessoa tem o nível escolar exigi-do para o cargo concorrido, mas também para avaliar o perfil de comprometimento com suas obrigações.

“Não há um consenso, mas a maioria das empresas de grande porte solicita o histó-rico escolar para avaliar se a pessoa foi um bom aluno, com boas notas e frequências”

HIsTÓRICO EsCOLAR

Trocar muito de escola gera problemas no históricoRHs costumam pedir histórico escolar para seleção de emprego

Além do Papel

ENsINO suPERIOR

Cursos da região preparam alunos para o Enade

explica sonia Bonafé, psicóloga e diretora da mandala Consultoria em RH, em Campinas. segundo Bonafé, dificilmente alguém seria prejudicado pela ausência do documento, mas ressalta sua importância. “O histórico é um ponto a mais para a pessoa no processo seletivo”, explica.

Universitários de primeiro e último anos de 15 cursos farão prova em novembro

Thiane Mendieta

ricardo Gonçalves se preparando

para o exame

Histórico escolar apenas com algumas notas; abaixo, relação de escolas por onde um aluno passou

Page 5: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 5

vaneSSa haaS

[email protected]

O Centro de Educação Digital “Olavo Pianelli”, na Vila Sônia, é o único em funcionamento em Piracicaba e rece-be em média 200 frequentadores, com 600 acessos por mês. De acordo com o secretário de Educação, Gabriel Ferrato, mais três centros estão em obras (nos bairros Água Branca, Cecap e Alvorada) e já está licitada a construção de mais um no bairro Bosques do Lenheiro. Para o ano que vem, a previsão é de construir também um no bairro Santa Fé.

O secretário lembra que o centro é aberto a todos os estudantes da cidade e garante que além do acesso a comuni-dade terá orientação de monitores que serão contratados a partir de um con-curso e começarão a trabalhar em 2010. Dessa forma, os usuários poderão contar com formação básica em informática. Os monitores trabalharão também nas escolas, dando treinamento aos professores.

O objetivo do centro é levar à população a informatização de forma intuitiva e social, servindo como suporte para a inclusão digital e, ao mesmo,

Secretário de Educação

promete mais cinco espaços de

inclusão digital até

2010

Centro de Educação Digital recebe 200 frequentadores na Vila Sônia

Estudantes carentes frequentam o Centro de Educação digital

tempo, permitir o acesso a informações pela internet, jornais e revistas, e tam-bém oferecer um local para leitura e prá-tica de jogos educativos. Para utilizar o centro é necessário realizar o cadastro na recepção, apresentando RG e compro-vante de residência ou, se menor de 18 anos, apresentar o RG de um responsável maior e uma declaração escolar. Com o cadastro, a pessoa poderá utilizar os com-putadores e a internet por uma hora e os jornais, revistas, jogos (damas, xadrez...) e livros (histórias infantis e didáticos) pelo tempo que desejar. “Há inclusive a possibilidade de realizar empréstimos dos livros e revistas”, conta Ednilson Juliatti, responsável pela informática.

“Freqüento o centro há um ano, e

sempre venho para fazer meus trabalhos de escola e pegar livros emprestados. É superlegal, por que não temos dinheiro pra pagar lan house, ou comprar compu-tador”, conta Maria Wellia, 17.

Os estudantes Rafael Molina, 16; Matheus Ribeiro, 10 e Daniel Molina, 9, também vão ao centro para fazer traba-lhos, jogar e ler livros.

O local conta com uma pessoa na recepção e um estagiário de informática e uma de pedagogia auxiliam no uso do computador, no acesso à internet e na realização de pesquisas.

O Centro de Educação digital “Olavo Pianelli”, fica na Rua Peixoto Gomide, 798 – Vila Sônia, de segunda à sexta-feira das 08h às 17h.

Vane

ssa

Haa

s

Page 6: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/20096

daniane gambaROtO

[email protected]

“Em nenhum momento eu achei que não iria dar certo, senão eu não tinha nem começado”. Esta frase foi dita pelo empresário Marcio André Tito da Silva, de 29 anos, que há um ano e meio deixou seu emprego de cinco anos em uma multi-nacional para se arriscar como empreendedor.

Tito, como é conhecido, apesar de se encontrar em um cargo favorável e com oportunidade de crescimento, não se sentia satisfeito trabalhan-do na indústria, e o que mais o motivou foi a possibilidade de se tornar seu próprio patrão.

No início teve ajuda da família e montou uma cho-peria em Sumaré, o Tito’s Bar. Hoje ele conta que o negócio se expandiu e pôde ampliar seus serviços diversificando o atendi-mento, além de contar com a apresentação de grupos musicais.

Sua maior dificuldade foi o relacionamento com pessoas. Tito precisou frequentar um curso de gestão de pessoas, tanto para lidar com os clientes como para gerenciar seus funcionários.

Hoje a casa é uma das mais conhecidas da região e ele a administra sozinho. Sua tentativa como empresário deu tão certo que já possui pro-jetos futuros e também conta há quatro meses com uma nova empresa no ramo automotivo.

Já para Reginaldo Del’Armelina, de 25 anos, ser empresário sempre foi um sonho. Sonho de obter sucesso e satisfação pessoal que a empresa no ramo de elétrica e automação onde trabalhava - apesar de bem conceituada e pagar um salário “razoável” - não lhe proporcionava.

Sua primeira tentativa como empresário foi quando decidiu, junto com outro funcionário, abrir uma empresa de peças automotivas, passou a fazer lavagem de carros para que não tivesse que encerrar suas atividades. O que não demo-rou muito a acontecer.

Reginaldo, ao analisar a situação, percebe hoje que lhe faltou experiência na área e pesquisa de mercado, pois a concorrência em Americana, onde mora e montou a empresa é muito forte.

Hoje ele revive um pedaço desta história, mas tem esperança que o final vai ser bem diferente. A situação é a mesma: novamente ele deixará a empresa conceituada que o re-admitiu para se

arriscar em uma nova empreitada.Da experiência que passou restaram-lhe apenas o aprendizado e algumas dívidas,

que não foram suficientes para lhe impedir de tentar novamente. Desta

vez Reginaldo acredita que está bem mais consciente e com os pés no chão.

O ramo escolhido foi o de luminárias, objetos de decoração e texturas finas, área que admite não conhecer, mas conta com um sócio especialista no assunto. “Estou tendo a possibilidade de

realizar um sonho antigo e estou muito confiante que dessa vez terei

sucesso”, diz.

“Em nenhum momento eu achei que não iria dar certo, senão eu não tinha nem começado”Marcio André “Tito”

dEsAFIO

Jovens se arriscam no

As experiências de quem tenta montar uma empresa e se

tornar patrão

empreendedorismo

dEsAFIO sEBRAE

O Desafio sebrae deste ano recebeu mais de 100 mil inscrições de universitários do Brasil inteiro. O Desafio

completa 10 anos em 2009 e tem como objetivo proporcionar aos estudantes a oportunidade de experimentar o empreendedorismo por

meio da gestão de uma empresa virtual. este ano as equipes vão simular a administração de uma empresa que comercializa brinquedos de madeira.

As inscrições terminaram em maio e o jogo tem a participação de 32 equi-pes. em novembro, acontece a semifinal e a final em Brasília.

Os organizadores acreditam que a participação no Desafio exercita os comportamentos empreendedores, operando mudanças nos universitários

que se prolongarão por toda a vida. Ao sair do jogo, com a carga de informação que recebe, o aluno terá mais forte o espírito empre-

endedor. Ou ele irá gerar empregos como empresário ou vai mudar seu ambiente profissional.

http://www.desafio.sebrae.com.br

Dan

iane

Gam

baro

to

Page 7: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 7

EsTImAçãO

Amizade

Em Americana, 649 animais foram adotados desde 2007

O microchip é um sistema de identificação animal utilizado em Americana e em outros municípios. O microchip é do tamanho de um grão de arroz, aplicado através de uma seringa apropriada embaixo da pele do animal. este método é indi-cado para a identificação de animais por ser definitivo, irreversível e não possuir contra indicações.

Cada microchip possui um número único que pode ser lido através de leitoras apropriadas. Os dados do animal e do proprietário são disponi-bilizados no site www.abrachip.com.br. Acessando o site, qualquer pes-soa consegue ver o nome do animal, um contato do proprietário, além de informações sobre problemas gra-ves de saúde. em Americana o CCZ microchipou até o momento 1.476 animais gratuitamente.

giSlaine beRtin

[email protected]

Você levaria um Pit Bull adulto para casa? O casal Valquiria e Matheus Alves Pereira participou da campanha “Adote um Amigo” e adotou recentemente a cadela Raiza, uma Pit Bull com três anos de idade que agora é parte integrante da família.

Promovida pela Prefeitura de Americana em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), a campanha trabalha com dois canis onde estão aproximadamente 500 animais aguardando adoção. Outros 649 já encontraram um lar. A campanha começou em novembro de 2007 após a sanção da Lei nº 117/2007 que trata da posse responsável e pre-vê ações que valorizem a adoção de animais.

Segundo Valquíria, a intenção de adotar surgiu com a mudança de bairro. A principio a procura era por um animal que auxiliasse na proteção da casa, mas a cadela conquistou o carinho do casal. “A Raiza foi a melhor coisa que nos aconteceu esse ano, ela é muito amorosa e dócil, sem dúvidas veio para alegrar nossa casa e nossas vidas”, comenta Valquiria.

O animal adotado obtém os benefícios de um lar e uma família, que se responsabiliza por ele. Para quem adota, a ação possibilita a satis-fação de fazer o bem aos animais e à sociedade de uma forma geral, além de trazer bem-estar da companhia animal.

A veterinária do CCZ, Aneli Marques Neves explica que “as responsabilidades do adotante são semelhantes à de qualquer outro proprietário: suprir as necessidades do animal, como providenciar água, abrigo e alimentação adequada, vacinações anuais, só ter acesso às ruas com guia e coleira e impedir a fuga do

animal. Danos a terceiros ou agressões são algumas das responsabilidades principais”. A veterinária ressalta que os animais adotados durante a campanha saem microchipados e com a castração gratuita agendada, sem ter que aguardar na fila de espera.

Para adotar um animal no canil do CCZ, o interes-sado deve ser maior de 18 anos e levar CPF, RG e compro-vante de endereço. Identidade Animal

À espera de um lar: cerca de 500 animais esperam por adoção no CCZ de americana

Foto

s: G

isla

ine

Bert

in

Page 8: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/20098

mayaRa CRiStOfOletti

[email protected]

Em qualquer lugar que você vá, lá está ela, piscando forte com flashes e poses. A cada dia, elas ressurgem com novos recursos tecnológicos e formatos dinâmicos. Com as inovações digitais, as câmeras fotográficas estão cada vez mais presentes no cotidiano. A idéia de fotografar apenas os momentos especiais caiu em desuso e as infini-tas possibilidades do fácil acesso ao equipamento criaram uma nova geração de adoradores da fotografia.

Um estudo realizado pelo instituto GFK Retail and Technology Brasil, que pesquisa o mercado de câmeras digitais, concluiu que em 2008 houve um aumento de 90% na venda de câmeras digitais sobre o ano anterior. O que também explica a considerável queda de preço – entre janeiro e abril de 2009, o valor das câmeras caiu 9,3% referente ao mesmo período de 2008.

Esta situação favorece quem possui pouco dinheiro no bolso, porém as grandes fotografias são muito mais que clicar o botão do obturador para se obter uma imagem.

O assistente fotográfico Vitor Pickersgill, de 23 anos, (www.flickr.com/photos/vitorpickers) concorda que o toque pessoal e a originalidade são essenciais para uma foto ser considerada uma verdadeira obra de arte. “O bom fotógrafo é aquele que consegue aliar boa técnica fotográfica com sua visão e criatividade. Hoje em dia, qualquer pessoa pode clicar uma foto com a câmera

HOBBy

Acessibilidade a câmeras digitais desperta criatividade dos interessados em fotografar

LOmOGRAFIAAs lomos foram inventadas em 1982 na Rússia, durante

a Guerra Fria. são máquinas de plástico pequenas, auto-máticas e fáceis de usar. elas não utilizam flashes e pos-suem alta sensibilidade à luz, garantindo boas fotos sem

deformações. Viraram febre depois de saírem de linha, em 2005 e hoje são utilizadas para fotos artísticas decorrentes

dos efeitos que as lentes de plástico promovem.

Jennifer Defensor de Moura teve sua von-tade de fotografar impulsionada pelo pai, que é fotógrafo. Ela é adepta da câmera digital profissional, pois acredita que os melhores trabalhos são realizados com criatividade, bons equipamentos e conhecimento das técnicas fotográficas. “Acho que a qualidade da câmera não afeta a criação da foto, mas interfere em alguns aspectos técnicos como definição e qualidade.”

Vitor Pickersgill também utiliza os recur-sos profissionais e digitais para seu trabalho, mas confessa que não abandonou os rolos de filme e utiliza a máquina Lomo para traba-lhar e também se divertir. “A Lomo é uma sensação para quem ama fotografia, ela te dá mil possibilidades de criação. Porém as câme-ras não interferem no processo de elaboração da foto, se a sua ideia for criativa você pode fotografar com a câmera do celular e a foto sair boa” afirma.

O designer gráfico Jefferson Gehring Palla-dino, de 24 anos, (www.flickr.com/photos/palladino), começou com sua aparelhagem há um pouco mais de um ano, mas afirma que não fez cursos para aprimorar seus conhecimentos. “Acho que a internet é um meio muito bom para aprender, existem vários sites para trocar informações, mas ge-ralmente o aprendizado é na prática mesmo.”

Para ele o ideal é estar sempre atento aos momentos que rendem bons registros. “tem fotos que são mais para captar os momentos especiais. Estas são únicas, não podem ser refei-tas. É isso que me atrai” afirma.

Como você

Co

m q

ue câmera você

digital, o que vai diferenciar é o olhar e a mensagem que ela tem a passar.”

Vitor, que trabalha com fotografia profissional, diz que realizou um curso para se aperfeiçoar, mas que boa parte de sua capacidade vem de si mesmo e dos trabalhos de grandes fotógrafos como inspiração. “Fiz um curso em uma escola de arte que, para mim, não me acrescentou em nada, devo ter sido um dos piores alunos do curso. Fui aprender tudo dentro de um estúdio, desde o ritual de montar a câmera, carregar o filme, ilu-minar até coordenar trabalhos fotográficos” afirma.

A designer Jennifer Defensor de Moura, de 19 anos, tem a fo-tografia como hobby e acredita que o olhar crítico e a capaci-dade criativa para as grandes fotografias já nascem com a pessoa. “A inspiração pode vir de diversas maneiras, de um livro, uma música, um filme, ou simplesmente de uma idéia repentina. Identificar uma boa foto é algo muito sutil, depende de um sentido artístico, que normalmente é próprio da pessoa.”

Para Vitor as ideias também são fatores caracterís-ticos de um bom fotógrafo. “As mensagens das fotos são passadas naturalmente, sem o fotógrafo perceber”, afirma. Mas ele confessa que também é importante co-nhecer o trabalho de diferentes fotógrafos e conhecer os estilos e vertentes artísticas de cada época para se inspirar na hora de clicar.

Imagem produzida por Vitor Pickersgill com câmera Lomo

Jefferson Palladino fica atento aos bons momentos para uma boa foto

Jefferson Palladino

Vitor Pickersgill

Page 9: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 9

REFEIçãO

lígia maRtinS PalOni [email protected]

Que o Brasil é reconhecido mun-dialmente por suas churrascarias todos já sabem. A novidade agora está no consumidor, que vem deixando de incluir no cardápio do dia a dia alimentos como carne, leite e derivados de animais e afirmam se sentir muito melhor depois das mudanças na alimentação. O hábito milenar de consumo foi abominado pelos vegetarianos, que questionam as mortes dos animais e também os impactos am-bientais da produção da carne e outros produtos de origem animal. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, a pecu-ária contribui significativamente com a emissão dos principais gases que causam o aquecimento global.

E há quem diga adorar ir a uma churrascaria, mesmo sendo vegetariana. É o caso de Natália Mara Cristofani, vendedora, projetista e estudante de design, de 22 anos. Desde a gravidez, não ingere alguns alimentos de origem animal, mas não deixou de frequentar as churrascarias, onde, segundo ela, a técnica de algumas é fazer você comer o mínimo possível de carne. “Nos rodízios têm batata frita, pastel, massa à vonta-de, bufê de salada, tudo para uma boa alimentação. Só tenho que escolher um lugar bom, onde o garçom passe menos vezes. Desconto nem pensar, sou a que mais consome”, completa Natália.

Ela não nasceu vegetariana. A mudança surgiu no início de 2005, pouco antes de engravidar, quando a vendedora descobriu que era possível deixar de comer carne e con-tinuar saudável.

Teoricamente, Natália é ‘lacto-ovo-vegetariana’, que além de não ingerir carnes, evita

Os BENEFíCIOs dE sER VEGETARIANO

A ADA (American Dietetic Association) reúne os principais estudos científicos sobre vegeta-rianismo e traz dados sobre os benefícios para

os que ainda têm dúvidas se vale apena ser vegetariano. Veja abaixo:

• A redução das mortes por infarto em 31% em homens vegetarianos e 20% em mulhe-res vegetarianas

• Os níveis sanguíneos de colesterol 35% mais baixos em vegetarianos do que nos co-medores de carne

• Os não-vegetarianos têm risco 54% maior de ter câncer de próstata e 88 % maior de intestino grosso

• A redução da incidência de obesidade, um problema mundialmente preocupante.

À la veganAlimentos de origem vegetal vem ganhando espaço em restaurantes e na mesa

Alimentos de origem vegetal vem ganhando espaço em restaurantes e na mesa

comer gelatinas de origem animal, comi-das prontas com caldo de carne, leite e ovos, mas afirma ser difícil investigar tudo que consome, principalmente quando a alimentação acontece fora de casa.

Lígia Martins Paloni

Novos alimentosCom a busca por uma alimentação

mais saudável por conta dos vegetaria-

nos, o mercado também está se ade-quando para o consumo de alimentos semelhantes à base de soja ou vegetais. Restaurantes também se adaptam para receber os vegetarianos e é o caso do recém-inaugurado Natureba Comidi-nhasVegetarianas. Localizado no centro de Piracicaba, o restaurante possui um cardápio completo e até entrega em casa alimentos como salsichas vegetarianas, espetinhos de churrasco à base de soja, linguiça e presunto vegetal, entre outros alimentos que podem ser consumidos diariamente no lugar da carne. Para Tali-ta Forti, chef de cozinha e proprietária da Natureba, o estabelecimento traz em seu cardápio alimentos para o público-alvo: os vegetarianos e os que buscam uma alimentação mais saudável. Segundo ela, o mercado nessa área está crescendo e a variedade de alimentos que podem ser substituídos pelos de origem animal também, facilitando ainda mais o consu-mo diário de nutrientes equivalentes aos ingeridos pelos não-vegetarianos.

Page 10: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/200910

leOnaRdO mOniz

[email protected]

Sete títulos brasileiros, seis paulistas, um sul-americano e um campeonato mundial. É com esta bagagem que Natá-lia Ribeiro Brozulatto, de 19 anos, segue viagem para a cidade africana de Rabat, no Marrocos, para disputar o mundial de karatê. No tatame desde os nove anos, a maior dificuldade da atleta e estudante de educação física da Unimpe é a mesma dos outros praticantes do esporte: a falta de investimentos e patrocinadores.

Para disputar em novembro o torneio organizado pela Federação Mundial de Karatê (WKF), Natália precisa arrecadar aproximadamente R$ 6 mil para arcar com as despesas de viagem. “Não tenho

condições financeiras para pagar este valor e meus pais também não podem ajudar. Vou fazer algumas rifas ou bingo para pagar uma parte e tentar parcelar a outra”, afirma a lutadora, que também é estudante de educação física. A atleta, treinada pela campeã pan-americana Iara Oliveira de Souza, compete na categoria mais de 60 kg, de 18 a 20 anos.

A escassez de recursos financeiros

guStavO antOniaSSi

[email protected]

Americana irá exportar um programa socioesportivo para o Moçambique. Implantado em agosto, o programa Criança Total – Segundo Tempo já serve de modelo no trabalho social e educacional. Durante o mês de setembro, uma comitiva de Moçambique visitou Ame-ricana para conhecer “in loco” a iniciativa da Prefeitura e do Governo Federal. O projeto, que atende cerca de sete mil crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, em 70 núcleos esportivos distribuídos pela cidade, está entre os cinco maiores do Estado de São Paulo. Com apoio do governo brasileiro, o mesmo projeto será desenvolvido no país africano.

Segundo o coordenador da Secretaria de Esportes de Americana, Rodrigo Siqueira, o Brasil vai implantar 20 núcleos do programa em Moçambique. Serão benefi-ciados dois mil estudantes moçambicanos que terão o reforço escolar, a alimentação e a prática esportiva. “Apesar de recente, o programa Criança Total está muito bem estruturado aqui na nossa cidade e serve de exemplo. Aqui foi mais fácil de implantar. Lá, apesar da resistência da administração municipal, o programa será apoiado pelo nosso país”, explicou Siqueira.

O primeiro núcleo do programa funcionará no Centro de Treinamento Olímpico do Distrito de Boane, a 3 mil quilômetros de Maputo, capital de Moçambique. Serão oferecidas atividades em seis modalidades: futsal, vôlei, futebol de campo, handebol, basquete e xadrez

Apesar das dificuldades encontradas pelo conflito interno existente no país, o moçambicano José Manoel Santos Geneto, que irá coordenar o projeto, esbanja otimismo e acredita na transformação social, através do Criança Total. “Será um grande desafio, já que a nossa es-trutura é muito pequena. Mas a nossa vontade de ver um país melhor supera todos os obstáculos, mesmo enfren-tando as precárias condições”, afirmou o moçambicano.

Em Americana, os estudantes têm aulas em quadras esportivas no horário extra-escolar. Diversos núcleos – como centros comunitários, ginásios e praças de espor-tes –oferecem 32 modalidades esportivas (12 coletivas). Qualquer criança e adolescente pode participar do pro-grama Criança Total – Segundo Tempo. Os interessados devem estar estudando. A inscrição é gratuita.

Americana exporta programa sócio-esportivoComitiva de Moçambique visitou cidade para conhecer projeto da Prefeitura e Governo Federal

INTERCâmBIO

KARATêEstudante da Unimep pretende disputar Mundial no Marrocos; sem patrocínio, precisa de R$ 6 mil

inviabiliza apostar na carreira de atleta, mas não diminui o interesse pela prática. Em Piracicaba, aproximadamente 500 pessoas praticam o esporte, cujo nome significa “mãos livres”. Na cidade, as aulas são oferecidas em oito instituições, entre clubes, academias especializadas e instituições sociais.

Criado no século 14 em Okinawa, ter-ritório incorporado em 1878 pelo Japão,

mãosSem recursos,

o Karatê preza pela formação do caráter humano. Sua história enquanto esporte, no entanto, é marcada pela desorgani-zação. De acordo com Jorge Luiz Diorio, diretor de karatê, apesar da fiscalização, podem existir academias e associações que organizam campeonatos paralelos aos oficiais.

Natália Ribeiro é enfática. “É um esporte com muitos adeptos e pou-ca ordem. O que há no cenário é um amontoado de federações clandestinas. Não existe uma entidade soberana que associe todas as outras”, relata a atleta, que admite ter participado de algumas destas organizações não oficias. Além da WKF, existem outras entidades que organizam campeonatos mundiais, como a Associação Mundial de Karatê Tradi-cional (WTKA).

Apesar de possuir muitos praticantes, o karatê não faz parte dos esportes dispu-tados nos Jogos Olímpicos. Outra arte marcial oriental, o Taekwondo, que conta com número inferior de atletas, partici-pa dos jogos desde 1992. O número de praticantes federados é um dos critérios para que uma modalidade esportiva se torne olímpica. Para Natália Ribeiro, que se interessou pela luta por meio de filmes, acredita que esta barreira “im-pede o atleta de atingir objetivos como representar o país numa competição do mais alto nível”. O karatê participou das Olimpíadas de 2000, na Austrália, como esporte demonstrativo. Em 2004 e em 2008, no entanto, a modalidade não foi relacionada para os jogos.

livrescom as

Natália ribeiro estuda

Educação Física e já conquistou

um mundial

Fábi

o M

ende

s

Page 11: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 11

PatRíCia eliaS da Silva

[email protected]

É freqüente nas ruas de Piracicaba crianças e adolescentes nos semáforos pedindo dinheiro, fazendo malabarismo e até mesmo vendendo doces e salgados. Muitas dessas crianças estão fazendo esse tipo de tra-balho para ajudar e até mesmo manter seus familiares. A faixa etária desses adolescentes é de 11 á 15 anos, o que fere o artigo 60 do Estatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA) que indica a proibição de qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

O juiz da Vara da Infância e Juventude de Piracica-ba, Rogério de Toledo Pierri, afirma que os casos de trabalho infantil são apenas mais um fator na vida de uma população que já teve integridade física, moral e material afetados. “É frustrante fazer cumprir o que está no ECA, porque aplicar no Brasil uma lei que é de primeiro mundo quando a nossa realidade não é de primeiro mundo”, diz o juiz.

Os garotos D. M, 13 anos e F. 10 trabalham no Centro de Piracicaba olhando carros para ajudar em casa. D.M, que também vende trufas em terminal de ônibus para a mãe, chega tirar de R$ 20 a R$ 30 por dia. “Nunca recebi uma intervenção da Prefeitura” declara o adolescente. D.G, 13 anos, sai às ruas para pegar latinhas que a mãe depois vende.

O ProjetoA Secretaria de Desenvolvimento Social de Pira-

cicaba lançou há três anos a campanha “Diga não ao trabalho infantil: não doe moedas nos semáforos!”, que visa não só as crianças que trabalham nas ruas, mas também conscientizar a população.

Após o início da campanha, a presença de crian-ças na rua reduziu em 50%. Na questão do tráfico de drogas o projeto não avança. Segundo a Vara da Infância e Juventude, são pelo menos dois casos de crianças envolvidas por semana.

Para a Secretária da pasta, Maria Angélica Guér-cio, 59 anos, os maiores problemas na cidade são a mendicância, as vendas nos semáforos e a dificuldade

sE LIGA:

Uma das alternativas para a redução do trabalho infantil é a participação da sociedade, não colaborando com dinheiro e denunciando através do disque denúncia: (19) 3422-9342.

NAs RuAs

persiste em PiracicabaJuiz comenta dificuldades em aplicar o ECA no Brasil

infantilTrabalho

em alcançar as crianças que fazem panfletagem. A Assistência Social não tem poder de tirar as crianças das ruas, somente de convidá-las a se inserirem em projetos sociais.

As medidas de punição aos pais por exploração do trabalho infantil vão desde a advertência, passando por multa e podem chegar à perda da guarda. “Antes de aplicar uma punição aos pais é preciso analisar o contexto: vou aplicar uma multa. Com o que os pais vão pagar? Tirá-los (os garotos) do poder da família, mandar para onde?” indaga o juiz.

As áreas de maior exploração em Piracicaba são: Praça Takaki, Paulista, Centro, semáforos do Shop-ping e varejões. Segundo Lucy Pimentel, assistente social do Projeto Recriando, as abordagens são feitas diariamente buscando orientar e encaminhar os menores. Os projetos hoje fazem em média 2,5 mil atendimentos e oferecem oficinas de artes, esportes, música entre outras atividades.

Criança “toma conta” de carros estacionados no Centro

Patrícia Elias

Page 12: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/200912

iuRi bOtãO

[email protected]

Todo mundo ouviu falar da mais recente crise econô-mica mundial, a crise imobiliária, que teve como marco inicial a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, no dia 15 de setembro de 2008. Mas, você sabe o que motivou a crise? Consegue entender o que aconteceu? Se respondeu “não” a essas perguntas, você faz parte da maioria da população, que, afetada pela crise ou não, não sabe nem de onde vem o perigo. Por isso, o Na Prática procurou um especialista para tentar tornar a crise que passou mais compreensível.

Para o economista Francisco Crócomo, a palavra-chave da crise é a ganância, gerada pela financeirização da econo-mia. “Nesse sistema, o lucro obtido pelas empresas é inves-tido em especulação, que é um jogo de riscos. Não tem a ver com venda de produtos, é o dinheiro por dinheiro, mas num dia você pode ganhar e no outro perder”, explica.

A base do “jogo”, os papéis, é fruto das dívidas de empréstimos feitos a prazo, no caso dessa crise especifi-camente, hipotecas de casas. “O banco me emprestou dinheiro e ainda não recebeu. Eles vendem os papéis da dívida por um valor menor que o que eu vou pagar e assim por diante. Cria-se uma pirâmide descolada do mundo real. Se um dia quem deve, não paga, a corrente pára no meio, e muita gente não pagou”, conta.

“O que salvou o Brasil foi o mercado interno, que é muito grande. A empresa não podia importar, mas vendia aqui, porque a crise esquentou esse mercado. As pessoas passaram a consumir as necessidades básicas. O Lula estava certo, a crise foi mesmo uma marolinha no Brasil”, opina.

Corte de gastosPassado o pico do problema, as economias dão sinais de

recuperação. Uma das empresas mais afetadas em Piraci-caba foi a Caterpillar, que chamou de volta ao trabalho os funcionários em lay-off e readmitiu parte deles. O lay-off – deixar parte dos funcionários em casa e pagar salário reduzi-do a eles – foi apenas uma das medidas da empresa contra a crise. As outras foram a dispensa de funcionários aposenta-dos que ainda trabalhavam e a demissão de parte deles.

É o caso do pai de Jéssica Camolesi, 16, que foi dispen-sado da empresa, pela qual se aposentou, mas continu-ava trabalhando. Na casa de Jéssica, somente ela não trabalha e dois irmãos têm negócio próprio. “Cortamos despesas em tudo, no telefone, em energia elétrica, en-fim, economizamos para adequar à realidade, já que meu pai tem outras fontes de renda e meus irmãos também trabalham. Então, deu para controlar”, conta.

Clayton Padovan FIm dA CRIsE

Para economista, Lula acertou na previsão e especulação e ganância foram os motivos da crise

marolinha

passouA

NOVA OdEssA

Presidente da Câmara criticaprojeto Vereador Estudante

Segundo Zé Mário, iniciativa para conscientizar jovens do seu papel na política não avança

ClaytOn PadOvan

[email protected]

“O projeto não atinge as expec-tativas, seria melhor se fosse acima dos 15 anos quando o jovem tem uma cabeça mais aberta”, critica o presidente da Câmara Municipal de Nova Odessa, José Mário de Moraes (PMDB), sobre o projeto Vereador Estudante, desenvolvido pela Casa.

Zé Mário, como é conhecido, afir-ma que o projeto precisa ser revisto e melhorado. Um exemplo da não efi-ciência, segundo o presidente, é de que em 10 anos ninguém ao menos teria se candidatado a vereador. O projeto é destinando para estudantes

de escolas públicas e privadas, com no máximo 14 anos.

Mas a opinião do vereador é oposta a da vereadora estudante, Paloma Cardoso Alves, 14 anos. Para ela o projeto funciona, sendo uma forma de aumentar o conhe-cimento dos jovens sobre como é o funcionamento de uma Câma-ra. Porém a estudante não tem a intenção de ser uma vereadora no futuro. “Eu pretendo fazer jornalis-mo”, afirma.

As sessões são sempre realizadas na última sexta-feira de cada mês. Nova Odessa possui 36 vereadores estudantes, entre efetivos e suplen-tes, representando 18 escolas. A função dos jovens se resume a fazer

indicações de eventuais problemas por eles encontrados. Mas para o presidente da câmara, poderiam ser melhores. “poucas indicações são voltadas para o mundo deles, sendo muitas vezes ideias dos pais ou por até mesmo de ex-vereadores”, afirma.

As indicações feitas pelos verea-dores estudantes, uma vez aprova-das nas sessões, são levadas para conhecimento do presidente da casa. Sendo consideradas de inte-resse da cidade, são encaminhadas à Prefeitura. Sobre suas indicações Paloma relembra a mais impor-tante, que ainda será votada pelos vereadores estudantes, que trata de acessibilidade para os cadeirantes.

CONsCIENTIzAçãOOs projetos de Câmara Jovem são voltados para

estimular a conscientização, bem como a formação de líderes políticos, mostrando aos vereadores es-tudantes o funcionamento interno e a importância para a cidade que têm as Câmaras. mas segundo o presidente da casa, Zé mário a conscientização é “muito pouca”, pelo fato de serem novos e irem somente uma vez por mês. A cidade tem 46 mil moradores e aproximadamente 10 mil estudantes, segundo dados do IBGe de 2008.

CâmARA JOVEm dE AmERICANAUm bom exemplo de conscientização é desen-

volvido pela Câmara municipal de Americana, que semanalmente leva alunos para visitar e conhecer o funcionamento da Casa. Nesse dia, alguns estu-dantes eleitos “tomam” os lugares dos vereadores, e simulam uma sessão onde se mostra tudo que ocorre na Câmara, votando desde moção até mesmo projetos de leis. este projeto atende uma demanda muito superior ao de Nova Odessa, chegando a levar em um dia mais de 200 alunos.

as vereadoras estudantes no

Plenário da Câmara de Nova odessa

Page 13: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 13

Camila guSmãO

[email protected]

No dicionário Michaelis da língua portuguesa a palavra tecnologia significa tratado das artes em geral ou ainda a aplicação de conhecimentos científicos à produção em geral. Já para o autor do livro No-vas Regras para uma Nova Economia, Kevin Kelly, tecnologia é tudo aquilo que é criado pelo homem, como: literatura, pintura, música; desde os milhares de letras de um código de computador até os milha-res de letras de uma obra de Shakespeare são ambos formas de tecnologia.

Mas esse conjunto de obras feitas pelo homem só começou a ser adaptado para as pessoas com neces-sidades especiais há cerca de dez anos. Atualmente disseminado, o termo acessibilidade social se refere ao ato de facilitar a vida pessoas com deficiências físicas, com equipamentos e também com softwares. Como exemplos temos o Musibraille, que traduz partituras de músicas para a forma de escrita braile; o Jaws e Virtual Vision, que são leitores de tela de computador (para cegos); Motriz, o software que permite acesso de defi-ciente motor a computadores e à internet e o telefone para surdos (a pessoa digita ao contrário de falar).

MSN e torpedosRosana Davanzo Batista, cursa o 8º semestre de pe-

dagogia, trabalha e adora conversar com os amigos pelo programa de mensagens instantâneas, o MSN. O contato para marcar a entrevista foi feito por e-mail. Ela é 100% deficiente visual desde que nasceu, mas isso não a impediu de ter formação e ingressar no mercado de trabalho. Enquanto falo com ela, o celular toca; por meio de co-mando de voz ela ouve quem esta ligando, não atende, mas depois retorna a ligação.

A dentista Alexandra Motolla, cursa estética odontológica na USP (Universidade de São Paulo). Independente, Alexandra trabalha, dirige, namora, vai se casar ano que vem e sai aos finais de semana, em encontros com amigos. Essa rotina seria comum se ela não tivesse perda bilateral profunda congênita, ou seja, nascido sem audição.

Essas duas histórias só são assim graças ao auxílio da tecnologia. Alexandra usa aparelhos auditivos em cada ouvido, tem certas adaptações no seu consultório como uma luz que acende cada vez que a campainha toca, usa celular com torpedos. “O avanço da tecno-logia é muito bom e importante. Desde que a pessoa continue com a sua integridade e seu jeito de ser”, afirma Alexandra.

SoftwaresDoutor em Engenharia Elétrica na área de Enge-

nharia de Computação pela Unicamp (Universida-de Estadual de Campinas), o professor José Oscar Fontanini de Carvalho, trabalha na área há quase 20 anos. Sua dissertação de mestrado e a tese de doutorado tiveram como tema acessibilidade aos deficien-tes. O motivo para ele se interes-sar e começar a trabalhar com o assunto foi receber um aluno cego em um curso superior, que exigia o desenvolvimento de gráficos

e uso de computadores. “Um ex-aluno meu, cego, deu uma entrevista a um jornal de grande circulação, onde afirmou que sem a tecnologia ele jamais conseguiria cursar um curso superior. Isto é uma prova do benefí-cio que a tecnologia oferece para tais pessoas”, relata Fontanini.

Programas gratuitos como o Musibraille, produzido por professores do Núcleo de Comunicação Eletrônica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e lançado em julho deste ano, podem ser baixados gratuitamente pela internet.

A professora do curso de licenciatura em música da Unimep, Andréia Miranda, acredita que o novo progra-ma é importante para os alunos de música, pois muitos deles, deficientes visuais, desistiam do curso pela dificul-dade de encontrar partituras em braile. “Existem vários programas de computador que registram partituras, no entanto eles ainda não tinham o recurso de traduzir as partituras em braile”, afirma Andréia.

Darlene Barbosa Schützer, da Assessoria para Inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais da Unimep, relata que o desenvolvimento da tecnologia juntamente com as demais ciências trouxe mudanças no cotidiano de pessoas que tinham o desenvolvimen-to educacional e social limitados. “O desenvolvimento tecnológico está possibilitando coisas há pouco tempo imagináveis e acredito que estamos caminhando para um tempo em que as pessoas com deficiência experi-

mentarão a inclusão cada vez mais ampla”, afirma.A tecnologia rompe barreiras impostas

pelas pessoas, agregando a liberdade. Ao terminar a entrevista, Rosana encontra uma amiga que a esperava para irem embora. “Não gosto de bengala, só uso no serviço pois é obrigatório, aqui na facul-dade gosto de muleta humana”, brinca ao encaixar o braço junto ao braço da amiga.

INCLusãO

Tecnologia facilita a vida de

Avanços tecnológicos ajudam a superar barreiras impostas pelas pessoas a quem tem necessidades especiais

deficientes físicos

rosana davanzo Batista: uso do celular facilitado com recursos auditivos

darlene Barbosa Schützer: tecnologia permite coisas inimagináveis até pouco tempo atrás

Foto

s: C

amila

Gus

mão

Page 14: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/200914

RaPhaela SPOlidORO

[email protected]

A internet 3G surgiu com o objetivo de oferecer aos clientes de telefonia móvel acesso de longo alcance pelo celular ou no compu-tador, diferentemente da internet Wi-Fi que tem espaço limitado. Essa opção é útil para muitas pes-soas, já que pode ser acessada onde há sinal de celular.

O estudante de Sistemas de Informação Bruno Eduardo Freitas utiliza a tecnologia no celular. Cliente da operadora Claro, ele diz que em São Paulo, cidade onde trabalha, a conexão é rápida e eficiente e não tem problemas para executar as funções necessárias no seu dia-a-dia. “Fico o dia todo conectado no MSN, baixo músicas, visito sites sem nenhum problema com a conexão”, afirma.

De acordo com ele, as coisas mudam quando vem a Piracicaba, cidade onde estuda, ou Araras, onde mora. “A internet 3G não chega até esses locais ainda, a conexão utilizada é a EDGE, que é mais lenta, mas mesmo assim ainda consigo fazer o que preciso”, comenta. Procurada para informar quando a tecnologia 3g chegará no interior de São Paulo, a Claro não se pronunciou sobre o assunto.

Patrícia Rodrigues Pedrosa, estudante de Nutrição, utiliza a tecnologia em seu notebook com um modem da Vivo. Assinante do Pacote ilimitado, diz que em todos os locais que precisou utilizar a conexão funcionou. Contudo, ela vê um problema quando atinge certo volume de dados e a velo-cidade de acesso é reduzida e a operadora não explicou por que isso acontece.

RaPhaela SPOlidORO

[email protected]

A internet via rede elétrica, novidade que vai beneficiar milhares de pessoas em todo o Brasil, infelizmente não chegará tão cedo para moradores de Piracicaba e região. Segundo nota divulgada pela CPFL (Com-panhia Paulista de Força e Luz), a empresa “não demonstra interesse, no momento, em explorar o serviço de internet banda larga pela rede elétrica”.

Essa nova tecnologia vai oferecer o serviço de internet através da rede elétrica a quem não tem o serviço via telefone.

Segundo a nota para a imprensa, a avaliação da CPFL não mostrou viabilidade econômi-ca do negócio, já que os estudos apontaram que as empresas de telecomunicação teriam muito mais vantagem para explorar o serviço. “Isso se explica pelo fato de ter havido muita competição na prestação de serviço de banda larga, e essas empresas de telecom têm mais escala que a CPFL”, explica.

Mas nem tudo está perdido. No futuro, a empresa ainda pretende avaliar a regulamen-tação aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para desenvolver estudos sobre o serviço de Internet banda larga pela rede elétrica.

milena baRROS

[email protected]

Em bairros de Americana e Piracicaba o sinal da Net e da Telefônica não chegam. As empresas prestam serviços de TV por assi-natura, Internet e telefonia. Vail de Campos Filho, 30 anos, mora no Jardim Brasil em Americana e precisa dos serviços da Net para trabalhar em casa, mas a empresa informou a ele que não existe cabeamento na região de sua residência, e que não há previsão para que

isso ocorra. “Vou ter que pagar aluguel tendo

casa própria e

LIGAdO

Conexão

Internet via linha do celular é opção para quem precisa do serviço móvel ou não tem banda larga em casa

CPFL divulga nota em que alega inviabilidade econômica para prestar serviço

Região deve ficar sem internet via rede elétrica

Moradores reclamam de falta de serviçosRedes da Net e Telefônica não atingem todos os bairros de Americana e Piracicaba

morar em um outro ponto da cidade”, afirma Vail, que trabalha numa emissora de TV e precisa assistir ao canal pela Net também em casa. “Poderia assistir também pela internet, mas não tenho nenhum dos dois, o pior é que sou cobrado por isso”, reclama.

O consultor comercial da Net, Nilton José da Silva, disse que o objetivo da empresa é cobrir a cidade de Americana inteira com os seus serviços e que em casos como os de Vail é preciso esperar investimentos na área onde ele mora. Os próximos bairros em Americana a serem cobertos pelos serviços em 2010 são Zanaga e Jaguari.

Suzi Maria Magro, moradora do bairro Santa Fé em Piracicaba, não consegue usar os serviços da Net e é cliente da Telefônica, mas não tem internet banda larga por falta de sinal, que não atinge o bairro todo, pois as outras residências têm Speedy. Sua única opção é a internet discada.

A assessoria de imprensa da Telefônica infor-mou que o sinal não chega às residências quando provavelmente se tratam de bairros rurais, que não entram na Tarifação Básica da Telefônica.

permitemobilidade

3G

Raphaela Spolidoro

Para Bruno, sinal em São Paulo é melhor que no interior

Vail utiliza a internet em seu trabalho

Mile

na B

arro

s

Page 15: Na Prática 18

Outubro/2009 - Na Prática 15

mayaRa banOw

[email protected]

Os alunos selecionados na 8ª edição do Som Maior Festival deram início a fase clíni-cas e workshops do evento. O Festival é uma das principais ações musicais voltadas para o público jovem do interior do Estado de São Paulo e reúne mais de 200 alunos do ensino médio das escolas públicas e particulares de Piracicaba e região.

A realização dos Workshops, ministra-dos por músicos reconhecidos nacional e internacionalmente, busca possibilitar uma abordagem diferenciada junto aos jovens e oferecem uma convivência com o universo musical em suas mais variadas vertentes.

“Sou fã do festival, as músicas são boas, as pessoas são conhecidas, torço pelos meus amigos e venho assistir”, diz o estudante

zamiR de belliS

[email protected]

Piracicaba ganha mais um teatro que receberá muitas atrações cultu-rais como dança, música e diferen-tes gêneros teatrais. A diferença em relação aos demais espaços que já existem é que agora essas atra-ções serão recebidas no Engenho Central. O local é famoso por sediar o Salão Internacional do Humor, e lá também acontecem vários shows no decorrer do ano.

Para a nova sala, será reformado o Armazém 14, que possui 465 metros quadrados e está próximo à entrada do Engenho Central, em frente à Ponte Pênsil.

“Este espaço terá como novidade de estrutura, balcões e grandes salas de ensaio integradas”, diz Maria de Fátima, Diretora do Centro de Comunicação Social da Prefeitura. O teatro vai ter capacidade para receber cerca de 600 pessoas, a obra está prevista para ser entregue em dois anos.

De acordo com a dissertação de mestrado de Carmen Rita Furlani Blanco, o Engenho Central de Piracicaba foi construído em 1881 e utilizava equipamentos modernos para a época, além de já contar com mão de obra assalariada ao con-trário da escrava para a produção de açúcar. Até meados de 1920, o engenho foi a principal indústria da região. Em 1974, o Engenho foi de-sativado e em 1989 o complexo foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultura de Piraci-caba (Codepac), desapropriado e aberto à visitação pública.

Mais de 200 alunos participam da 8ª edição do Projeto e podem se apresentar no Sesc

músICA

Armazém 14, de 465 metros quadrados, abrigará nova sala para apresentações

mAIs CuLTuRA

Engenho Central ganha teatro

aproxima jovens daMPB

May

ara

Bano

w

Henrique Dedini Carvalho 14 anos.Este ano, alguns temas abordados serão

técnicas de arranjo, composição, história da música, evolução rítmica e musical, prática musical, estudo e talento entre outros.

O festival conta com grandes nomes para a realização dos workshops como o pianista e maestro Osmar Barutti, do contrabaixa Renato Loyola, o compositor, baterista e percusionista Francisco Medori e o professor e violinista João Marcos de Almeida, além da pianista e compositora Regina Gomes.

“Conheço o projeto, e como professora de música analiso como excelente para os jovens piracicabanos, eles se aprimoram e ganham experiências”, conta Josiane Carva-lho Silveira Boscariol.

Depois que os alunos finalizarem os sete workshops, eles terão a oportunidade de se apresentarem no palco do Sesc Piracicaba, e interagir com o público.

Jovens inscritos no Som Maior

durante workshop em Piracicaba

Page 16: Na Prática 18

Na Prática - Outubro/200916

aline CRiStiane JOaquim [email protected]

Obter sucesso se profissionalizando numa arte que re-presenta a periferia. Esse é o sonho dos jovens que se aven-turam no hip hop.

Dançarino de break dance desde os oito anos, Oscar Aparecido Rosa, formou o grupo “Projeto Hip Hop”, da zona norte de Piracicaba, do qual é instrutor. “É muito satisfatório montar uma coreografia e ver os alunos se apresentando nos palcos”, diz Oscar.

O break dance é um dos elementos do movimento hip hop, chamado de “cultura das ruas”. Os outros são o rap e o grafite.

Jone da Silva, 21, começou a dançar break aos 16 anos e admira a modalidade. “O hip hop não se adapta a você, é você quem se adapta a ele”, afirma Jone.

O estudante Adiel Adai da Silva, 16, desistiu de praticar capoeira para se aventurar no hip hop. Quando começou a freqüentar o programa “Escola da Família”, conheceu um grupo que apre-sentava o estilo e se apaixonou. Adiel conta que sempre admirou o hip hop e aproveitou essa oportunidade para se aperfeiçoar. O jovem já se apresenta há dois anos e meio.

O grupo considera que a mídia local tem contribuído na divulgação do traba-lho. Eles já se apresentaram na TV Beira Rio de Piracicaba, no programa Sala de Star. Os jovens têm como sonho obter sucesso como dançarinos de break dance.

ENTENdA O HIP HOP

O hip hop é um movimento cultural formado por três elementos:• Rap: é a expressão musical da cul-tura, mistura ritmo e poesia;• Grafite: representa a arte plásti-ca, são desenhos coloridos feitos por grafiteiros com spray, rolinho e pincel em muros ou paredes;• Break dance: representa a dança inspirada nos movimentos da guerra.

Assim como os meninos do hip hop, edivaldo Gomes também iniciou sua carreira na juventude com o so-nho de se tornar famoso.

Roger não é dançarino de break e nem rapper, mas faz sucesso na região cantando um estilo muito diferente dos garotos do hip hop: a música sertaneja.

edivaldo Gomes, o Roger, hoje com

34 anos, faz dupla com Ramon e canta há 14 anos. Desde criança gos-tava de cantar e os amigos da escola o incentivavam a se profissionalizar. e foi com o irmão de uma amiga da escola que ele acabou se unindo para gravar o primeiro cd, em 1997.

segundo Roger, são muitos os obs-táculos do meio artístico. “entrar na mídia é muito difícil”.

Garotos sonham em fazer sucesso com arte da periferia

começa Fama em outro estilo

cedoA

line

Cris

tiane

Joa

quim

dANçA dAs RuAs

se liga:

Antes de se deixar ser guiado apenas pelo sonho, é essencial obter informações sobre a área em que se vai atuar. O ideal é desconfiar de promessas ab-

surdas de sucesso relâmpago e levantar informações cadastrais sobre pessoas ou empresas que

propõem agenciamento.