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Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – IESC Curso de Graduação em Saúde Coletiva Disciplina: Metodologia Qualitativa em Pesquisa Prof. Drª Rachel Aisengart Menezes – IESC/UFRJ Discentes: Gabriella Ferreira Nascimento RESUMO DO TEXTO: RITOS CORPORAIS ENTRE OS NACIREMAReferência bibliográfica : Ritos Corporais entre os Nacirema” – MINER, Horace. A. K. Romney e P. L. Vore (eds.): You and Others – readings in Introductory Antropology. Winthrop Publishers, Cambridge 1973, pp. 72-76 (Tradução: Selma Erlich). O texto Ritos corporais entre os Sonacirema, em tradução alternativa, cujo autor principal é o antropólogo Horace Miner, descreve os hábitos de uma tribo indígena, com intuito de causar o incômodo do leitor no detalhamento de alguns rituais. Outro objetivo do autor é provocar a comparação entre a cultura desse povo e a nossa cultura ocidental. A tribo é caracterizada por dedicar-se a atividades econômicas que visem à manutenção de seu rico habitat, no entanto, reservam grande parte de seu tempo para a realização de rituais de culto ao corpo. Cada moradia contém um ou mais santuários para esse propósito. 1

Naciremas

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Resenha do texto SONACIREMA

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Page 1: Naciremas

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – IESC

Curso de Graduação em Saúde Coletiva

Disciplina: Metodologia Qualitativa em Pesquisa

Prof. Drª Rachel Aisengart Menezes – IESC/UFRJ

Discentes: Gabriella Ferreira Nascimento

RESUMO DO TEXTO: “RITOS CORPORAIS ENTRE OS NACIREMA”

Referência bibliográfica: Ritos Corporais entre os Nacirema” – MINER, Horace. A. K. Romney e P. L. Vore (eds.): You and Others – readings in Introductory Antropology. Winthrop Publishers, Cambridge 1973, pp. 72-76 (Tradução: Selma Erlich).

O texto Ritos corporais entre os Sonacirema, em tradução alternativa, cujo autor

principal é o antropólogo Horace Miner, descreve os hábitos de uma tribo indígena,

com intuito de causar o incômodo do leitor no detalhamento de alguns rituais. Outro

objetivo do autor é provocar a comparação entre a cultura desse povo e a nossa

cultura ocidental.

A tribo é caracterizada por dedicar-se a atividades econômicas que visem à

manutenção de seu rico habitat, no entanto, reservam grande parte de seu tempo

para a realização de rituais de culto ao corpo. Cada moradia contém um ou mais

santuários para esse propósito.

O elemento mais importante desses santuários são cofres embutidos a parede que

contém encantamentos e poções mágicas idealizados por ervatários e concedida

por médicos-feiticeiros cujas fórmulas das poções são ininteligíveis a leigos e não

proporcionam a cura definitiva.

Esses médicos-feiticeiros possuem o latipsoh, templos imponentes onde se

executam práticas elaboradas onde se tratam os doentes mais graves. Lá são

realizadas práticas cruéis que respeitam primariamente uma sequencia de

humilhação. O doente é despido, suas práticas excretoras são auxiliadas e expostas

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ao público e suas consciência é manipulada por agulhas mágicas de conteúdo

“curativo”. Existem ainda outra categoria de mestres do saber como o “doutor-bruxo”

sábios que exorcizam adultos e crianças em seus pensamentos mais ocultos.

Um dos elementos de maior adoração e fascínio no culto ao corpo é a boca, símbolo

de aceitação social, o cuidado com a região é entregue a rituais privados e a um

sacerdote-da-boca uma ou duas vezes ao ano. Estes realizam procedimentos

assustadoramente torturantes permitidos e por vezes remunerados pelos naciremas

que os procuram.

Tendências masoquistas são a explicação pela busca de práticas de sofrimento em

busca da beleza exterior. Ritos exclusivos de homens e mulheres são outros

exemplos dessas práticas. Homens laceram a superfície da face com instrumento

afiado quase que diariamente e mulheres, semanalmente, consentem em colocar

suas cabeças em fornos por cerca de uma hora.

Outras tendências como jejuns rituais, banquetes cerimoniais para adequar o peso

corpóreo a certo padrão, os seios são adequados a um padrão de desejo coletivo

cuja naturalidade é premiada com quantias em dinheiro em troca de apreciação dos

nativos. A geração de outros nativos também é controlada e quando ocorre é feita

em segredo, tanto a fase gestacional quanto o parto e poucas mães amamentam

seus conceptos.

Sendo a intenção do autor a de provocar o choque com a descrição da vivência do

Professor Linton, o final do texto choca por subentender um extremo etnocentrismo

a qual são embutidos os leitores do texto. Etnocentrismo é um conceito

antropológico, que consiste na visão ou avaliação que sujeitos fazem de um grupo

social diferente seja "errado" inaceitável.

As práticas da cultura Nacirema são altamente reprováveis quando comparamos às

práticas ocidentais “modelo de civilização”. Não é necessário, inclusive, testemunhar

práticas tão bárbaras, o Oriente, diante dos padrões de normalidade ocidentais são

como Naciremas.

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É também uma visão etnocêntrica o julgamento das mulheres do Oriente Médio por

não poderem sair na rua sem véu, não poderem trabalhar, simplesmente viverem

para satisfazer os maridos, cuidar da casa e dos filhos. Essa visão preconceituosa,

no entanto, não é exclusividade dos “civilizados” essas mulheres também acham

absurdo o fato de as ocidentais trabalharem e dividir despesas, cuidar da casa e dos

filhos além de não terem tempo para se cuidarem para seus cônjuges.

A grande crítica do texto está ma tentativa de mascarar as práticas da tribo

Nacirema ou Sonacirema ao tratá-las com olhar etnocêntrico para que não

reconheçamos que tais práticas são comuns aos americanos, termo que lido ao

contrário origina a denominação Sonacirema.

Ao reproduzir costumes cotidianos como cuidados relativos à saúde bucal individual,

o ato de se barbear em homens e de tratar dos cabelos em mulheres o autor critica

o culto ao corpo visto como algo normal na cultura americana.

Os tratamentos hospitalares, ambulatoriais, psicológicos e bucal descritos como

torturantes não são questionados dado o biopoder manifesto pela medicalização das

relações sociais. Os “médicos-feiticeiros” prescreve, drogas ilícitas passíveis de

dependência com eficácia e necessidade incontestáveis pela sociedade manipulada

por paradigmas ocidentais.

A correlação e reconhecimento das práticas, a primeira vista, bárbaras permitem sua

relativização forçada pela ideia de que os americanos não exatamente atrasados

não civilizados como é percebido no texto, mas estão inseridos em um contexto

social refletido pela cultura e o conjunto de regras e normas que os regem.

Vê-se, portanto, que o objetivo do autor é promover a desconstrução do preconceito

característico do etnocentrismo cuja relação “dominado x dominador” é clara até o

descobrimento do ponto de vista alternativo, onde “dominadores” portam-se como

autênticos “dominados”.

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