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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ - SESA ESCOLA DE SAUDE PÚBLICA DO CEARÁ HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM PEDIATRIA NARA OHANA BESERRA RODRIGUES VACINAS E DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS EM PEDIATRIA: AVANÇOS E DESAFIOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE FORTALEZA 2018

NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

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Page 1: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ - SESA

ESCOLA DE SAUDE PÚBLICA DO CEARÁ

HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM PEDIATRIA

NARA OHANA BESERRA RODRIGUES

VACINAS E DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS EM PEDIATRIA: AVANÇOS E

DESAFIOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

FORTALEZA

2018

Page 2: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

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NARA OHANA BESERRA RODRIGUES

VACINAS E DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS EM PEDIATRIA: AVANÇOS

E DESAFIOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Monografia da Residência Médica de

Pediatria Geral do Hospital Geral de

Fortaleza vinculada à Escola de Saúde

Pública do Ceará como requisito parcial

para a obtenção de Título de pediatra

Orientadora: Dra. Maria Nicó Duarte de

Castro Alves

FORTALEZA

2018

Page 3: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

2

Aos meus pais, Cauby e Meire, que tanto

contribuíram para que este momento chegasse, dedico este trabalho.

Page 4: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

3

AGRADECIMENTOS

À Deus, que tanto me permitiu até este momento.

Aos meus pais e irmão, meus pilares de sustentação.

Aos meus familiares e amigos, pelo convívio e motivação para meu progresso.

À Prof. Dra. Maria Nicó Duarte de Castro Alves, por guiar-me neste trabalho e

pelo apoio dado durante toda a residência.

Ao Hospital Geral de Fortaleza, pela oportunidade de poder conviver nesse

ambiente que tanto me ensinou.

Page 5: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

4

RESUMO

Nas últimas décadas, estamos vendo um declínio tanto da mortalidade quanto da

morbidade por doenças imunopreveníveis em todo o território nacional. Essa

redução se deu, principalmente, em função da implantação da política de

vacinação. As crianças, especialmente, por apresentarem maior susceptibilidade a

doenças infectocontagiosas devido a sua imaturidade imunológica inata e

adaptativa, devem ser um dos principais alvos do combate às doenças

preveníveis por imunização. O pediatra tem papel importante e devem ser

explorados quanto às ações de promoção de saúde na comunidade no que diz

respeito à vacinação. Entretanto, alguns pontos ainda indicam sérios problemas

de acesso ao sistema de saúde. Faz-se necessário traçar e elaborar estratégias que

possam ajudar e orientar os pais a atentar-se à importância da vacinação e

preocupar-se em manter a atualização do calendário vacinal. Espera-se que as

estratégias de ações básicas possam contribuir substancialmente para manter o

Brasil livre de doenças evitáveis, causando menos impactos para crianças e

adolescentes.

Page 6: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

5

ABSTRACT

In the last decades, we are seeing a decline in both mortality and morbidity due

to immunopreventable diseases throughout the country. This reduction was

mainly due to the implementation of the vaccination policy. Children, especially

as they are more susceptible to infectious diseases due to their innate and

adaptive immune immunity, should be provided by the main targets in the fight

against preventive immunization diseases. The pediatrician plays an important

role and is provided by a health promotion in the community with regard to

vaccination. There are several problems of access to the health system. It is

necessary to outline and devise the strategy to help guide countries in the context

of vaccination and to focus on maintaining an update of the vaccine schedule. It

is expected that as a substantive action strategy to keep Brazil free of preventable

diseases, causing fewer impacts for children and adolescents.

Page 7: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

6

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...........................................................7

LISTA DE FIGURAS E TABELAS......................................................................8

1 INTRODUÇÃO

2 OBJETIVOS

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Vacinas

3.2 O PNI

3.3 Internações por condições sensíveis à atenção básica

3.4 Situação epidemiológica das doenças imunopreveníveis

4 METODOLOGIA

5 DISCUSSÃO E RESULTADOS

6 CONCLUSÕES

7 REFERÊNCIAS

Page 8: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PNI - Programa Nacional de Imunizações

BCG – Bacilo Calmette-Guérin

SUS - Sistema Único de Saúde

CEME - Central de Medicamento

FSESP - Fundação de Serviços de Saúde Pública

CENEPI - Centro Nacional de Epidemiologia

FUNASA - Fundação Nacional de Saúde

DEVEP - Departamento de Vigilância Epidemiológica

SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde

CGPNI - Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações

CRIEs - Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais

SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PSF - Programa Saúde da Família

Hib - Haemophilus influenzae

VORH - vacina oral contra rotavírus humano

SNE - Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica

Page 9: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

8

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1: Calendário nacional de vacinação de crianças e adolescentes 2017.

Ministério da Saúde, 2017................................................................................... 21

Tabela 1: Número de casos de doenças imunopreveníveis no Brasil por década

de 1980 a 2000. WHO, 2010............................................................................... 23

Page 10: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

9

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o comportamento das doenças infecciosas tem

mudado no Brasil e em todo o mundo¹. Estamos vendo um declínio tanto da

mortalidade quanto da morbidade por tais doenças em todo o território nacional,

embora com intensidades diferentes em função das características regionais ou

locais². Essa redução se deu, principalmente, em função da implantação da

política de vacinação³.

A vacinação é uma das principais medidas de controle disponíveis para

uma grande parte das doenças infecciosas e transmissíveis, destacando-se como

uma das grandes descobertas de saúde pública em benefício da população4. Os

benefícios são diversos, como proteção contra doenças de incapacitação

temporária e/ou permanente, contenção da disseminação e promoção de

erradicação de doenças, redução no uso de medicamentos que combatem os

micro-organismos, prevenindo a resistência aos antibióticos, redução nos custos

com doença e utilização de medicamentos, diminuição de internações

hospitalares e redução de absenteísmo laboral e de anos de vida5.

No âmbito da pediatria, a vacinação está intrinsecamente ligada à consulta

de puericultura. Faz parte da rotina a verificação da situação vacinal e o estímulo

à realização correta das vacinas, de acordo com o calendário nacional de

vacinação. A simples conferência do cartão vacinal tem foco nas ações de

promoção de saúde que beneficiam tanto a criança e o adolescente quanto a

comunidade, pois identifica pessoas em situação de vulnerabilidade.

Atualmente, o Brasil conta com um calendário vacinal bem definido, que

começou a ser formulado em 1973, com a criação do Programa Nacional de

Imunizações (PNI). Ao ser criado, o PNI tinha como missão coordenar as ações

de imunização no país, antes organizadas em programas de controle de doenças.

Em 2004, os calendários de vacinação de rotina foram regulamentados por ciclos

de vida, tornando-se bem parecido com o modelo vigente6. O PNI, além de ser

responsável pela instituição do calendário vacinal e distribuição de vacinas,

valoriza a pesquisa laboratorial7. Hoje, contamos com 12 vacinas no calendário

oficial recomendadas à população, com distribuição gratuita nos posto de

vacinação da rede pública em todo o território, dentre as quais a BCG, que

protege contra as formas graves de tuberculose, a pentavalente, que atua contra

difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B e a

tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.

O PNI tem sido o maior combatente de doenças imunopreveníveis no

Brasil, conseguindo reduzir as diferenças regionais e sociais, diminuindo o preço

das vacinas e conseguindo extinguir ou atenuar a incidência de doenças passiveis

Page 11: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

10

de prevenção imunológica7. Há oferta tanto de vacinas quanto de

imunobiológicos, tornando o país um dos que mais ofertam esses produtos de

maneira gratuita. Os esforços realizados utilizando estratégias diferenciadas,

como vacinação de rotina, campanhas de vacinação, bloqueio vacinal e outras

atividades de promoção de saúde, resultaram na erradicação da paralisia infantil e

na fase de eliminação de tétano neonatal, sarampo e rubéola.

Apesar das altas coberturas vacinais alcançadas, algumas crianças e

adolescentes não recebem todas as vacinas que são preconizadas e

disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dificultando a eliminação

de doenças preveníveis5.

As crianças, especialmente, por apresentarem maior susceptibilidade a

doenças infectocontagiosas devido a sua imaturidade imunológica inata e

adaptativa, devem ser um dos principais alvos do combate às doenças

preveníveis por imunização. O entendimento de que a proteção do organismo

através de vacinas propicia maior qualidade de vida deve ser reforçado na

comunidade. Os profissionais da saúde tem papel importante e devem ser

explorados nesse contexto. É necessário promover a saúde incentivando a

prevenção de doenças, mas também promovendo a saúde ao notificar os agravos

e contribuir com a epidemiologia. A vigilância em saúde deve fazer parte de uma

abordagem intersetorial, podendo, assim, auxiliar a realidade local.

Também se torna importante que os serviços de saúde que acolhem os

pacientes enfermos tracem e elaborem estratégias que possam ajudar e orientar os

pais a atentar-se à importância da vacinação e preocuparem-se em manter a

atualização do calendário vacinal. Espera-se que as estratégias de ações básicas

possam contribuir substancialmente para manter o Brasil livre de algumas

doenças que já foram erradicadas e propensas a erradicação de outras, cujos

casos ainda são verificados anualmente.

Este estudo de conclusão de curso baseia-se, portanto, na importância de

revelar o quanto o calendário vacinal pode atuar em beneficio da saúde das

crianças, uma vez que sua atualização poderia fazer com que doenças fossem

evitadas com medidas simples de atenção primária e causar menos impactos na

individualidade de crianças e adolescentes, na coletividade, no que diz respeito à

vulnerabilidade da comunidade, e nos serviços terciários.

Page 12: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

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2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL: Apresentar a importância da vacinação como redutora das

situações de vulnerabilidade das crianças e adolescentes.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

I. Destacar a importância da vacinação e sua relação com a

diminuição das internações hospitalares.

II. Estimular o pediatra a verificar a situação vacinal e incentivar a

vacinação.

III. Realçar a importância da notificação no âmbito da prática médica.

IV. Proporcionar dados para planejamento de ações de promoção de

saúde e prevenção de doenças.

Page 13: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

12

3 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura busca apresentar de formas mais detalhadas temas

diretamente ligados à vacinação para melhor conhecimento sobre o sistema de

vacinação brasileiro, seus avanços e desafios e seus impactos na saúde publica.

3.1 Vacinas

Havia a observação já há vários séculos de que algumas doenças

infecciosas, como as chamadas viroses comuns da infância (caxumba, rubéola,

sarampo, varicela) e mesmo a varíola, causavam doença uma única vez nas

pessoas, pois os sobreviventes a uma primeira infecção se tornavam resistentes

(imunes) àquela doença. Essas análises chamaram a atenção do médico inglês

Edward Jenner, que lançou um dos trabalhos pioneiros para as bases da

vacinologia8.

Para provar a hipótese de que a infecção por varíola bovina conferia

imunidade específica contra varíola humana, em 14 de maio de 1796, Jenner

inoculou o garoto James Phipps, de oito anos, com o fluido obtido das lesões

presentes nas mãos de uma ordenhadeira que havia sido infectada pelo vírus da

varíola bovina. Em 01 de julho de 1796, Jenner inoculou o menino com o vírus

da varíola humana, e ele não desenvolveu nenhum sinal da doença. Este trabalho

é considerado como o fundador da Imunologia como ciência. Posteriormente,

coube ao químico francês Louis Pasteur lançar as bases metodológicas do

preparo de vacinas.

A partir dos experimentos com a bactéria causadora da cólera aviária e dos

experimentos de cultivo e passagem do vírus da raiva em cérebro de coelho,

Pasteur estabeleceu o princípio da atenuação para o desenvolvimento de vacinas.

Sucessivamente, vários novos produtos foram sendo descritos, como a vacina

contra cólera aviária, raiva, carbúnculo e difteria, esta última utilizando não a

bactéria total, mas sim a toxina por ela produzida, e que em laboratório era

tornada não patogênica por ação de agentes químicos como o formol. No final do

século XIX, foram obtidas ainda as vacinas contra a febre tifoide, peste e cólera8.

As vacinas são preparações imunogênicas que ao serem administradas a

indivíduos imunocompetentes induzem um estado específico de proteção contra

os efeitos nocivos do agente relacionado. No desenvolvimento de uma vacina

bem sucedida, o objetivo é alcançar uma formulação ideal que seja segura, que

atue em dose única, produza imunidade protetora em uma proporção muito alta

dos indivíduos, gere memória imunológica prolongada, tenha baixo custo por

dose, tenha estabilidade biológica e seja de fácil administração8.

Page 14: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

13

Os tipos de vacinas atuais envolvem micro-organismos vivos atenuados,

mortos ou inativados ou vacinas baseadas em componentes purificados dos

micro-organismos. As vacinas vivas atenuadas, obtidas pelo cultivo do micróbio

e posterior atenuação por aquecimento, passagens em cultura ou por deleção

gênica, disponíveis atualmente são as vacinas contra o sarampo, caxumba,

rubéola, poliomielite (vacina Sabin), catapora e febre amarela, a BCG e a vacina

oral contra febre tifoide. Há o envolvimento de todos os componentes do sistema

imune no desenvolvimento da imunidade contra a partícula vacinal íntegra. Com

isso a resposta imune é completa e mantém-se por longos períodos. As vacinas

vivas, em geral, também apresentam menor custo de produção. Entre as

desvantagens, destaca-se a possibilidade de efeitos adversos devido a

características individuais do hospedeiro e pela possibilidade de reversão da

atenuação.

As vacinas inativadas são utilizadas rotineiramente na prevenção de

inúmeras doenças virais, como a gripe, poliomielite (vacina Salk), raiva e

hepatite A, e doenças bacterianas, como a cólera e a peste. Os micro-organismos

são inativados por vários métodos químicos, em particular com o uso de formol

ou detergente. As vacinas inativadas oferecem como grande vantagem mais

segurança, pois não há a multiplicação do agente no organismo do vacinado,

porém, tendem a induzir uma imunidade menos duradoura e a exigir, com isso, a

aplicação de mais de uma dose no esquema de imunização, bem como a

repetição das imunizações ao longo dos anos. Este fato significa um custo mais

alto na utilização desses produtos8.

As vacinas baseadas em componentes purificados envolvem técnicas de

DNA recombinante, modificação de toxinas secretadas pelas próprias bactérias,

formandos os toxoides, e polissacarídeos purificados retirados da capsula

proteica dos micróbios. Exemplo destas são a vacina recombinante contra o vírus

da hepatite B, a vacina contra difteria e tétano e contra Streptococcus

pneumoniae, Neisseria meningitidis e Haemophylus influenzae, respectivamente.

3.2 O PNI

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973 e é

responsável pela organização da política nacional de vacinação da população

brasileira. Ao longo de sua existência, o PNI consolidou-se como o coordenador

de uma relevante intervenção de Saúde Pública de caráter universal, a vacinação,

contribuindo sobremaneira para a redução da morbidade e mortalidade por

doenças transmissíveis no Brasil3. A criação do PNI possibilitou o fortalecimento

Page 15: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

14

do papel do Ministério da Saúde na organização e coordenação das ações de

vacinação que já eram realizadas há várias décadas, mostrando o poder da

vacinação em massa ao erradicar a varíola, cujo último caso registrado no Brasil

data de abril de 1971.

As ações de imunizações se caracterizavam, até então, pela

descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. A

proposta básica para o Programa, constante de documento elaborado por técnicos

do Departamento Nacional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da

Saúde) e da Central de Medicamentos (CEME - Presidência da República), foi

aprovada em reunião realizada em Brasília, em 18 de setembro de 1973,

presidida pelo próprio Ministro Mário Machado Lemos e contou com a

participação de renomados sanitaristas e infectologistas, bem como de

representantes de diversas instituições.

Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somatório de fatores,

de âmbito nacional e internacional, que convergiam para estimular e expandir a

utilização de agentes imunizantes, buscando a integridade das ações de

imunizações realizadas no país. O PNI passou a coordenar, assim, as atividades

de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços e, para tanto,

traçou diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços de Saúde

Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de saúde através de sua

rede própria. A legislação específica sobre imunizações e vigilância

epidemiológica (Lei 6.259 de 30-10-1975 e Decreto 78.231 de 30-12-76) deu

ênfase às atividades permanentes de vacinação e contribuiu para fortalecer

institucionalmente o Programa. De 1990 a 2003, o PNI fez parte do

CENEPI/FUNASA – Centro Nacional de Epidemiologia/Fundação Nacional de

Saúde. A partir de 2003, passou a integrar a DEVEP/SVS - Secretaria de

Vigilância em Saúde, inserido na Coordenação Geral do Programa Nacional de

Imunizações - CGPNI9.

A contribuição do PNI fez-se ainda mais relevante a partir da construção

do SUS no final dos anos 1980, dando início a um movimento de

descentralização que colocou o município como o executor primário e direto das

ações de saúde, como as de vacinação. Nesse cenário, o PNI tem garantido a

oferta de vacinas seguras e eficazes para todos os grupos populacionais que são

alvos de ações de imunização, como crianças, adolescentes, adultos, idosos e

indígenas.

Cabe também ao Programa adquirir, distribuir e normatizar o uso dos

imunobiológicos especiais, indicados para situações e grupos populacionais

específicos que serão atendidos nos Centros de Referência para Imunobiológicos

Page 16: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

15

Especiais - CRIEs. O PNI tem se modernizado continuamente, tanto para ofertar

novos imunobiológicos custo-efetivos como para implementar e fortalecer novos

mecanismos e estratégias que garantam e ampliem o acesso da população às

vacinas preconizadas, especialmente dos grupos mais vulneráveis. Atualmente, o

PNI disponibiliza 43 produtos, entre vacinas, soros e imunoglobulinas9.

É de responsabilidade desta coordenação a implantação do Sistema de

Informação (SI-PNI) e a consolidação dos dados de cobertura vacinal em todo o

país. Há promoção do desenvolvimento de estudos avaliativos do impacto das

vacinas na morbimortalidade e vigilância de eventos adversos, complementando

assim a extensa cadeia de garantia da qualidade dos imunobiológicos utilizados.

Para tanto, o PNI conta com o importante apoio de instituições acadêmicas.

Pesquisadores de todas as regiões do País têm contribuído com estudos cujos

objetivos principais são avaliar o desempenho das ações de vacinação e fornecer

as evidências científicas necessárias a seu contínuo aperfeiçoamento3.

O objetivo principal é oferecer todas as vacinas com qualidade a todas as

crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas

vacinais de 100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os

bairros. A existência do PNI possibilitou a manutenção da aquisição centralizada

de vacinas, uma medida que constitui instrumento importante para a promoção

da equidade, possibilitando que os municípios mais pobres do País cumpram

exatamente o mesmo calendário vacinal que os municípios mais ricos. O PNI

também propiciou o desenvolvimento de um parque produtor nacional,

atualmente responsável por 96% das vacinas oferecidas à população pelo

Programa3.

A política de utilização das vantagens econômicas decorrentes do

mecanismo de compra centralizada, combinada com o esforço pelo

desenvolvimento tecnológico da produção nacional, tem possibilitado a rápida

incorporação de novas vacinas, como aconteceu, recentemente, com a vacina oral

rotavírus humano, a vacina pneumocócica 10 valente, a vacina meningocócica C

(conjugada), a vacina pentavalente – vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis,

hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae tipo B (conjugada) – e a

vacina contra a poliomielite inativada. Os êxitos alcançados pelo PNI renderam

reconhecimento e respeitabilidade por parte da sociedade brasileira e fizeram

dele um programa de Saúde Pública de referência para vários países.

O apoio da população às ações de vacinação foi indispensável para o

sucesso das ações do Programa, sendo diretamente responsável pelo alcance de

coberturas vacinais adequadas, tanto nas ações de rotina quanto nas campanhas

de vacinação. Nas campanhas contra a influenza sazonal, as coberturas

Page 17: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

16

alcançadas pelo Brasil são bastante elevadas, comparativamente às de outros

países. Em 2011, a cobertura dessa vacina atingiu 86% da população-alvo3.

O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização Mundial de

Saúde, com o apoio técnico, operacional e financeiro do Fundo das Nações

Unidas para a Infância (UNICEF) e contribuições do Rotary Internacional e do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Ele tem uma

história de conquistas e reafirma seu compromisso de resposta, cada vez mais

qualificada, aos novos desafios na área das doenças imunopreveníveis9.

3.3 Internações por condições sensíveis à atenção básica

Existe uma serie de problemas de saúde constantes na nossa rotina para os

quais a efetiva ação da atenção primária diminuiria o risco de internações. As

atividades como a prevenção de doenças, o diagnóstico e o tratamento precoce de

patologias agudas, o controle e acompanhamento de patologias crônicas e a

adequada gestão e financiamento do SUS deveriam ter como consequência a

redução das internações hospitalares por esses problemas10

.

Altas taxas de internações por condições sensíveis à atenção primária em

uma população, ou em um subgrupo, como na pediatria, podem indicar sérios

problemas de acesso ao sistema de saúde ou de seu desempenho. Esse excesso de

hospitalizações representa um sinal de alerta, que pode acionar mecanismos de

análise e busca de explicações para a sua ocorrência. Há estudos demonstrando

que altas taxas de internações por condições sensíveis à atenção primária estão

associadas a deficiências na cobertura dos serviços e/ou à baixa resolutividade da

atenção primária para determinados problemas de saúde. Logo, trata-se de um

indicador valioso para monitoramento e a avaliação10

.

O Brasil tem experimentado grandes mudanças na estrutura do SUS. Em

particular, a partir de 1994, o Programa Saúde da Família (PSF), posteriormente

ampliado para a atual Estratégia de Saúde da Família, foi desenvolvido com a

finalidade de melhorar o acesso à atenção primária e a qualidade desta em todo o

país. Seu caráter estruturante dos sistemas municipais de saúde tem provocado

um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no

SUS. A estratégia busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis

assistenciais e tem produzido resultados positivos no que se refere à avaliação

dos usuários, dos gestores e dos profissionais de saúde, à oferta de ações de

saúde e ao acesso e uso de serviços e à redução da mortalidade infantil11

.

A responsabilidade da atenção primária em relação à coordenação do

cuidado daqueles que utilizam serviços em outros níveis de atenção torna-os

Page 18: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

17

integrados, pois se entende que a atenção primária fornece provisão à população

focada na pessoa. É um processo continuado ao longo do tempo a fim facilitar a

obtenção do cuidado quando necessário11

. Considera-se que as hospitalizações

por doenças infecciosas preveníveis por meio de imunização (sarampo, tétano e

difteria, entre outras) podem ser evitadas.

Uma diminuição nas taxas de internações evitáveis traria benefícios ao

País, especialmente aqueles relacionados ao financiamento do sistema de saúde.

Os valores totais pagos pelas hospitalizações evitáveis devem ser interpretados

como possibilidades de economias no sistema local de saúde que, dirigidos para a

atenção básica, poderiam aumentar a efetividade dos cuidados. A efetividade da

atenção básica deveria ser de interesse para os políticos, planejadores e gestores

em saúde.

Pacientes submetidos a cuidados ambulatoriais de qualidade

comprometida se apresentarão ao sistema de saúde com doença avançada, com

uso mais frequente dos serviços de emergência, estando mais propensos a

necessitarem de cuidados mais caros e com, provavelmente, resultados menos

favoráveis. Em um sistema de saúde cuja porta de entrada é a atenção primária

resolutiva, oportuna e de boa qualidade, espera-se que esse nível de assistência

seja capaz de resolver grande parte dos problemas de saúde.

3.4 Situação epidemiológica das doenças imunopreveníveis

Algumas das doenças infecciosas mais comuns no nosso País, como

diarreia, verminoses intestinais, catapora, otites e pneumonia, são evitáveis

através de medidas simples, como por exemplo, a lavagem apropriada das mãos,

cuidados com o consumo de água, descarte adequado de lixo ou através de

vacinas, as doenças chamadas de imunopreveníveis.

Contamos com um amplo calendário de vacinação disponível para a

população pediátrica, contribuindo de maneira fundamental para a erradicação de

doenças como a poliomielite, eliminação da rubéola, processo de eliminação do

tétano neonatal, redução e controle da meningite por Haemophilus influenzae e

meningogoco C. As coberturas vacinais, desde meados da década de 1990,

mantiveram-se elevadas para o conjunto de vacinas, no âmbito nacional, em que

pese ainda grandes desafios a superar. É necessário manter altas coberturas

vacinais para as antigas vacinas e alcançar e manter altas coberturas para as

novas vacinas, além da conquista de alta homogeneidade de coberturas para

todas as vacinas em todas as esferas gestoras do Programa.

Page 19: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

18

Em 2011, aproximadamente 32 milhões de doses de vacinas foram

administradas em atividades de rotina do PNI em menores de 1 ano de idade no

Brasil. Para a vacina oral contra rotavírus humano (VORH), as coberturas

apresentaram elevação de 79,8%, em 2007, para 87,1%, em 2012. Para a vacina

BCG e a tríplice viral as coberturas vacinais atingiram patamares de 100% de

cobertura em 201112

.

A vacina BCG, indicada ao nascer, contou com o maior número de doses

registradas entre todas as vacinas do calendário da criança, superando os 3

milhões de doses aplicadas a cada ano: em 2012, foram registradas 3,5 milhões

de doses, enquanto em 2011, foram 3,0 milhões, resultando em uma diferença

superior a 450 mil doses entre o primeiro e o último ano da série12

.

Em 2011, foram aplicadas 16,8 milhões de doses de vacinas tríplice viral

em uma população estimada de 17 milhões de crianças de 1 a 6 anos,

correspondendo a uma cobertura vacinal de 98,3% e homogeneidade de

86,50%12

.

A vacina contra o sarampo foi intensificada pelo Ministério da Saúde no

final dos anos 90, tendo o ultimo caso autóctone registrado em 2000. No entanto,

genótipos circulantes nos continentes africano e europeu penetraram no Brasil, e

entre janeiro de 2013 e junho de 2014, 451 casos de sarampo foram registrados,

com maior número de casos confirmados no Ceará e em Pernambuco13

.

Page 20: NARA OHANA BESERRA RODRIGUES - HGF

19

4 METODOLOGIA

Esta pesquisa pode ser considerada um estudo bibliográfico, em que se

abordam os benefícios da vacinação na infância no tocante à prevenção de

doenças imunopreveníveis. Trata-se de uma revisão sistemática qualitativa

explicativa sobre o tema. A opção por uma pesquisa bibliográfica se deu pela

necessidade de construção de um trabalho científico com conteúdo que

encerrasse importantes ensinamentos sobre aspectos básicos que um pediatra

deve ter domínio ao concluir uma residência de Pediatria Geral, como o

calendário vacinal e sua importância.

Neste estudo realizou-se uma revisão da literatura existente sobre o

assunto no período de agosto de 2017 a novembro de 2017. Dada à vasta

quantidade de literatura, um dos motivos desta revisão foi permitir condensar as

mais relevantes e atuais dentre as estudadas.

Para sua confecção, buscaram-se as fundamentações teóricas que

assegurassem o tema através de um trabalho de pesquisa junto a revistas, livros,

artigos, editoriais e meios eletrônicos. As palavras chave utilizadas foram

vacinas, pediatria e doenças imunopreveníveis. Inicialmente foram selecionados,

nos meios já citados, diversos trabalhos científicos com títulos ou temas que

remetessem aos assuntos de interesse da pesquisa. Depois de realizada uma

leitura superficial de tais obras, foram descartadas as que não se encaixavam

totalmente com a intenção do projeto daquelas cujo conteúdo mais se

assemelhava à proposta da pesquisa.

Após as primeiras análises, com uma leitura mais meticulosa das obras

remanescentes, foram construídos tópicos, anotações e fichamentos sobre os

principais pensamentos dos autores submetidos à apreciação, para depois

articulá-los uns com os demais, e introduzir ponderações ou considerações

próprias, decorrentes dos conhecimentos adquiridos com o estudo, construindo,

assim, parte do corpo desta monografia.

É de primordial importância ressaltar que a pesquisa bibliográfica tem por

finalidade conhecer as diversas formas de contribuição cientifica já realizadas

sobre determinado assunto e proporcionar ao leitor aprendizado quando de sua

consulta.

Diante da multiplicação de obras publicadas que versam a respeito dos

benefícios da vacinação em pediatria e seu sucesso em relação à prevenção de

doenças, diminuição de mortalidade e redução da internação, o levantamento

bibliográfico e a reflexão científica delas resultantes são fundamentais para o

desenvolvimento de conhecimentos acerca da Pediatria Geral e do papel do

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pediatra, como cidadão e especialista. Além disso, propicia maior acesso e

rapidez na recuperação da informação sobre o tema, facilitando sobremaneira a

atualização profissional.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O acesso universal e gratuito a vacinas eficazes, seguras e de qualidade

vem permitindo importante impacto sobre doenças imunopreveníveis, resultando

em mudanças no padrão de adoecimento e morte da população infantil, com

destaque para a queda da mortalidade por doenças infecciosas, refletindo de

forma bastante positiva nos índices de mortalidade infantil14

. O Brasil tem

apresentado êxitos significativos na redução de grande número de doenças

transmissíveis para as quais dispõe de instrumentos eficazes de prevenção e

controle, motivo pelo qual as mesmas estão em franco declínio. A poliomielite

foi erradicada em1989, e a transmissão do sarampo foi interrompida do final de

2000 até seu retorno recentemente devido a vírus importado da Europa. A difteria

e a coqueluche são outras doenças transmissíveis com tendência ao declínio.

Tem-se também observado significativa redução na ocorrência da meningite

causada por Haemophilus influenzae tipo B8.

Tabela 1: Número de casos de doenças imunopreveníveis no Brasil por década

de 1980 a 2000. WHO, 2010.

Doenças / Ano 1980 1990 2000

Difteria 4.646 640 46

Sarampo 99.263 61.435 36

Coqueluche 45.752 15.329 764

Poliomielite 1.342 0 0

Tétano 3.098 1.547 246

TOTAL 154.101 78.951 1.092

Fica evidente que um programa de vacinação efetivo fornece imunidade

grupal. Com a redução do número de membros suscetíveis de uma população, o

reservatório natural dos indivíduos infectados diminui, reduzindo a probabilidade

de transmissão da infecção. Assim, mesmo os membros não vacinados de uma

população podem ser protegidos da infecção se a maioria for vacinada.

A vacinação de rotina consiste no estabelecimento de um calendário

nacional de vacinações que deve ser aplicado a cada indivíduo a partir de seu

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nascimento, visando garantir, no âmbito individual, a prevenção específica das

doenças imunopreveníveis, e, no âmbito coletivo, a indução da imunidade de

massa, responsável pela interrupção da transmissão.

Figura 1: Calendário nacional de vacinação de crianças e adolescentes

2017. Ministério da Saúde, 2017.

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Nota-se também que a vigilância epidemiológica constitui estratégia

complementar para o controle das doenças imunopreveníveis, uma vez que, a

partir de um caso suspeito, serão desencadeadas ações com o objetivo de impedir

o aparecimento de novos casos – ou seja, interromper a cadeia de transmissão.

Serão analisadas a distribuição e os fatores determinantes das doenças, os danos à

saúde e os eventos associados à saúde coletiva, propondo, assim, medidas

específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo

indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação

das ações de saúde15

.

As informações de doenças e agravos específicos são notificadas pelos

profissionais de saúde e até mesmo por qualquer outro cidadão e se tornam

disponíveis ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNE), que pode

elaborar recomendar e avaliar as medidas de controle e planejamento para

determinado prejuízo de saúde. É importante ressaltar que é obrigatório a

médicos e outros profissionais de saúde notificar casos suspeitos ou confirmados

de casos selecionados de doenças transmissíveis. O SNE trabalha diversos tipos

de dados e sua base é a notificação de casos suspeitos e/ou confirmados de

doenças que são objetos de notificação compulsória. A detecção desses

fenômenos é fundamental para o desencadeamento de ações que visem

solucioná-los15

, especialmente no tocante a Atenção Básica. O pediatra geral

torna-se parte importante deste arranjo ao lidar diretamente com a promoção e

prevenção da saúde.

No que diz respeito à vacinação, a atenção primária oportuna e de boa

qualidade pode evitar a hospitalização ou reduzir sua frequência ao diminuir a

susceptibilidade e exposição das crianças às doenças e suas formas mais graves.

Se tivéssemos um serviço funcionando nos moldes desenhados em sua

fundamentação, o cuidado passaria a ser resolutivo e abrangente, de forma que a

referência se daria somente naqueles casos raros e incomuns que extrapolassem

sua competência. Haveria uma averiguação das falhas nas medidas antes

adotadas, podendo ser compostos indicadores que refletissem o quadro

epidemiológico da doença, além de avaliação do impacto de novas medidas de

controle do agravo de saúde15

.

O nosso atual programa de vacinação é herdeiro de experiências exitosas

da Saúde Pública brasileira e protagonista de um novo momento, no qual a

complexidade do quadro epidemiológico e o desenvolvimento de novas vacinas

passaram a exigir uma mais adequada e inédita maneira de organização das ações

de vacinação. Essa mudança foi fundamental para assegurar a uniformidade do

calendário vacinal, a introdução sustentável de novas vacinas, a padronização

técnica e a adoção de estratégias inovadoras, como a combinação de vacinação

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de rotina com campanhas de vacinação, as quais tiveram um papel essencial na

eliminação da poliomielite e do sarampo.

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6 CONCLUSÃO

Com o progresso conseguido desde os primeiros relatos das práticas de

vacinação até as novas estratégias e o impacto da vacinação na redução do

número de casos de doenças imunopreveníveis durante os anos, espera-se que o

controle ou até a erradicação de várias doenças possa estar perto de ser alcançado

em um futuro próximo.

Todos os níveis de atenção podem contribuir para alcançar os objetivos

desejados. Seria interessante que os serviços da rede básica atuassem

primariamente na promoção da saúde. Entretanto, os serviços secundários e

terciários também poderiam assumir um papel de destaque no incentivo a

vacinação ao receber as crianças em tratamento. Seria interessante a criação e

implantação de projetos de intervenção relacionados ao tema, justificando-se pela

finalidade de melhorar o processo de trabalho diário das unidades de saúde que

atuam com vacinas e que recebem os casos de doenças imunopreveníveis.

Concluímos também que para as doenças imunopreveníveis, se as vacinas

existentes fossem utilizadas em seu pleno potencial alcançaríamos níveis

excelentes de indicadores de saúde. Estas estimativas podem ser utilizadas para

priorizar as intervenções de saúde pública e trazer os avanços desejados.

Espera-se que este trabalho contribua de alguma maneira para que

discussões em torno do tema girem entre os pediatras, indivíduos ativos no

processo saúde-doença. O pediatra precisa perceber sua influência no meio e seu

potencial de contribuir para diminuição da vulnerabilidade da população em

geral. É fundamental que este possa atuar também como cuidador da saúde

preventiva, dedicando-se à assistência à criança em todos os seus aspectos.

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7 REFERÊNCIAS

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eliminação da poliomielite à reintrodução da cólera. Informe Epidemiológico

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imunopreveníveis. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, v.9, n.2, p.87-110,

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uma conquista de Saúde Pública brasileira. Editorial. Epidemiologia e

Serviços de Saúde, Brasília, v.22. n.1, p.7-8, 2013.

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program: vaccination, compliance and pharmacovigilance. Revista do

Instituto de Medicina tropical de São Paulo, São Paulo, v.54, n.18, p.22-27, 2012.

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Temático – Verificação da Situação Vacinal. Brasília. Ministério da Saúde,

2015.

6. MORAES, J. C., RIBEIRO, M. C. S. A.; SIMÕES, O.; CASTRO, P. C.;

BARATA, R. B. Qual é a cobertura vacinal real? Epidemiologia e Serviços

de Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Brasília, v.12, n.3, p.147-153,

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VIII ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA, 2013,

Maringá. Anais. Maringá: Editora Cesumar, 2013.

8. PINTO, E. F.; MATTA, N. E.; DA CRUZ, A. M. Vacinas: progressos e

novos desafios para o controle de doenças imunopreveníveis. Acta Biológica

Colombiana, Bogotá, v.16, n.3, p.197-212, 2011.

9. PNI. Disponível em: < http://pni.datasus.gov.br/apresentacao.asp >. Acesso

em: 01 fev. 2018.

10. ALFRADIQUEL, M. E.; BONOLOL, P. F.; DOURADOLL, I. Internações

por condições sensíveis à atenção primária: a construção da lista brasileira

como ferramenta para medir o desempenho do sistema de saúde (Projeto

ICSAP - Brasil). Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.25, n.6, p.1337-

1349, 2009.

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11. FACCHINI, L. A.; PICCINI, R. X.; TOMASI, E.; THUMÉ, E. Desempenho

do PSF no Sul e no Nordeste do Brasil: avaliação institucional e

epidemiológica da atenção básica à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de

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12. DOMINGUES, C. M. A. S.; TEIXEIRA, A. M. S.; Coberturas vacinais e

doenças imunopreveníveis no Brasil no período 1982-2012: avanços e

desafios do Programa Nacional de Imunizações. Epidemiologia e Serviços de

Saúde, Brasília, v.22, n.1, p.9-27, 2013.

13. Escola de Saúde Pública do Ceará. Curso de Vigilância Epidemiológica das

Doenças Imunopreveníveis. Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2016.

14. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de

bolso. 8. ed. Brasília: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde,

2010.

15. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Curso

Básico de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.