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OS NEOFREUDIANOS E O DESENVOLVIMENTO
HUMANO
Profª. Drª. Andréa Forgiarini CechinProfª. Drª. Andréa Forgiarini CechinUniversidade Federal de Santa MariaUniversidade Federal de Santa Maria
[email protected]@gmail.com
Os maiores pontos de discordância entre partidários da corrente neofreudiana e de Freud são os seguintes:
No ponto de vista freudiano, o ego está eternamente condicionado às exigências do id. Na perspectiva neofreudiana o ego aparece com liberdade maior, podendo realizar suas funções sem a dependência extrema do id.
A psicanálise ortodoxa enfatiza que as forças biológicas têm grande influência sobre a personalidade, enquanto que os neofreudianos não atribuem tanto ênfase aos aspectos biológicos mas, outrossim, destacam a influências dos aspectos sociais e culturais.
Para os nofreudianos, o desenvolvimento da personalidade é determinado muito mais por forças psicossociais do que por forças psicossexuais e minimizam a importância do complexo de Édipo.
Segundo SCHULTZ & SCHULTZ (1996), a mudança no espírito intelectual do início do século, pode ter influenciado a contestação das idéias
freudianas por muitos de seus seguidores. Estes autores afirmam que:
À medida que os antropólogos publicavam seus estudos sobre diferentes culturas, ia ficando claro que alguns sintomas neuróticos e tabus presentes nas hipóteses freudianas não eram, ao contrário do que ele pensara, universais. Por exemplo, não existem tabus contra o incesto em todas as sociedades. Além disso, sociólogos e psicólogos sociais tinham descoverto que grande parte do comportamento humano parecia vir antes do condicionamento social do que de quaisquer tentativas de satisfazer necessidades biológicas. (p. 366)
CARL JUNG (1875 – 1961)
NATUREZA DA LIBIDO
Ao contrário de Freud que a define em termos predominantemente sexuais, Jung a considera uma energia vital generalizada – da qual o sexo é apenas uma parte – que o indivíduo emprega num momento particular.
Rejeita a idéia do complexo de Édipo proposta por Freud, por acreditar que o apego da criança à mãe tem a ver com uma necessidade de dependência com todas as satisfações associadas à função materna de prover alimento.
Para Freud, as pessoas são vítimas dos eventos sofridos na infância, enquanto que para Jung, o ser humano é moldado tanto por suas metas, anseios e aspirações em relação ao futuro como pelos eventos do passado.
Jung acreditava que a fase mais importante não era a infância, como afirmava Freud, mas a meiaidade, época em que ele próprio teve uma crise de identidade.
Jung enfatizava mais o inconsciente do que Freud. Preocupavase mais em mergulhar na mente inconsciente, incluindolhe, inclusive, uma nova dimensão, o inconsciente coletivo. Este último referese às experiências herdadas dos seres humanos como espécie e dos seus ancestrais.
ANNA FREUD (1895 – 1982)
Colaborou de forma substancial com a revisão da posição teórica ortodoxa do pai, ampliando o papel do ego em seu funcionamento independente do id.
Desenvolveu e esclareceu as concepções freudianas sobre o uso dos mecanismos de defesa para proteger o ego da ansiedade.
Anna sublinha que tais mecanismos decorrem de um considerável grau de ansiedade, podendo (se elaborados adequadamente) serem considerados normais, até certo ponto, dependendo,
sobretudo, da sua freqüência e intensidade.
Coube ainda a Anna Freud o mérito de estudar e interpretar os efeitos, geralmente desfavoráveis, de um ambiente capaz de alterar o fluxo de normalidade do desenvolvimento, tal como o ambiente de conflito bélico.
Anna Freud estuda a intensa relação emocional que se desenvolve entre o bebê e a mãe, mais em termos cognitivos e afetivos do que em termos exclusivamente sexuais.
Anna desenvolveu sua teoria através da observação direta de bebês e não pedindo que adultos reconstruíssem suas primeiras experiências infantis, como Freud fazia.
ALFRED ADLER (1870 – 1937)
Adler desenvolveu seu sistema de psicologia individual ao longo de linhas sociais. Sua teoria defende que a personalidade só pode ser compreendida se investigarmos os relacionamentos sociais e as atitudes que a pessoa tem para com os outros.
Ao contrário de Freud, que atribui muitos comportamentos à desejos inconscientes, Adler acentua a importância dos determinantes conscientes do comportamento. Para ele, os seres humanos têm consciência de suas motivações.
Enquanto para Freud o comportamento humano é determinado por experiências passadas, para Adler são as expectativas em relação ao futuro que mais influenciam.
Adler discorda de Freud de que o sexo é o impulso dominante do comportamento. Segundo ele, o comportamento humano é determinado por um sentimento generalizado de inferioridade que o impele a lutar por superioridade e perfeição.
O conceito de poder criativo pode ser considerado como a base para toda a teoria adleriana:Esse poder criativo representa um princípio ativo da existência humana comparável à noção de alma.
KAREN HORNEY (1885 – 1952)
Uma das primeiras feministas, foi treinada na psicanálise freudiana em Berlim e descreveu sua obra como uma modificação e extensão do sistema de Freud e não como um esforço m superálo.
A teoria de Horney discorda de Freud quanto ao fato de a personalidade depender de forças biológicas imutáveis.
Ela nega a posição destacada dos fatores sexuais, contesta a validade da teoria edipiana e descarta os conceitos de
libido e da estrutura freudiana da personalidade.
Se opõe veementemente à idéia de Freud de que a mulher é motivada pela inveja do pênis e afirmou que os homens é que são motivados pela inveja do útero, afirmando que eles invejam a capacidade feminina de gerar filhos.
Em lugar dos instintos freudianos como as principais forças motivadoras do comportamento, Horney acredita que a força propulsora do comportamento humano é essa necessidade de segurança, de proteção e de libertação do medo que o bebê impotente busca no mundo exterior (ansiedade básica).
Contesta a idéia de fases ou estágios propostos por Freud por acreditar que nada no desenvolvimento pode ser visto como universal, e que, pelo contrário, tudo depende de fatores culturais, sociais e ambientais.
ERIK ERIKSON (1902 – 1994)
Erik Erikson foi treinado em psicanálise por Anna Freud.
Ampliou a questão dos estágios do desenvolvimento, afirmou que a personalidade continua a se desenvolver ao longo da vida e reconheceu o impacto de forças sociais, históricas e culturais sobre a personalidade.
Erikson preocupouse, principalmente, com o modelo social do desenvolvimento do ego ao longo da vida humana.
Erikson estabelece que, a partir da fase neonatal, cada indivíduo colocase entre dois extremos, numa crise psicossocial, e se sua questão de equilíbrio entre os extremos não for resolvida satisfatoriamente, todo fluxo do desenvolvimento posterior poderá estar comprometido de alguma forma.
Concebe o desenvolvimento psicológico e social do indivíduo em oito etapas, do nascimento à velhice, cada uma delas relacionadas a um evento importante da vida.
A identidade é um processo, em constante mudança e desenvolvimento, que é determinado pelo histórico do indivíduo e intimamente relacionado às mudanças sociais.
Reflexão e aceitação da vida
VelhiceIntegridade do ego X desespero
Progenitura e criaçãoAdulto médio ou maturidadeGeratividade X estagnação
Relacionamento de amorAdulto jovemIntimidade X isolamento
Relacionamento entre os pares
AdolescênciaIdentidade X confusão de papéis
EscolaLatência(6 – 12 anos)
Produtividade X inferioridade
LocomoçãoLocomotoragenital(3 – 6 anos)
Iniciativa X culpa
Controle esfincterianoLocomotoragenital(18 meses – 3 anos)
Autonomia X vergonha e dúvida
alimentaçãoOralsensorial(0 aos 18 meses)
Confiança X desconfiança básica
EVENTOMODALIDADECRISES PSICOSSOCIAIS
1. Oralsensorial: confiança básica x desconfiança básica:
sentimento de confiança (em si e nos outros): condição fundamental a uma personalidade sadia;
tudo gira em torno da boca. Papel da mãe: acolher e alimentar;
primeira modalidade de aprendizagem: obter;
como a criança demonstra confiança: qualidade da alimentação, sono e evacuação. Indicador social: aceitação do afastamento materno.
2. Muscularanal: autonomia x vergonha e duvida:
criança começa a lutar pela sua independência;
energia voltada para autoafirmação: entendimento e vontade próprios;
centro das atividades: processos de eliminação
aumento da coordenação motora;
período de teimosia e luta pela autonomia: dificuldade dos pais ⇒ limites;
desenvolvimento da dúvida e da vergonha; sentimento de autonomia pais e professores: proibir somente o que realmente importa e, ao fazêlo,
ser sempre claros, consistentes, firmes e autenticamente amorosos.
3. Locomotoragenital: iniciativa x culpa:
criança manifesta grande imaginação: fantasia e realidade se confundem/diferenças sexuais;
seleção de metas e a perseveração em alcançálas;
treinamento dos diversos papéis: observa, imita e cria. Identificase com o genitor do mesmo sexo e
culpa: em decorrência das fantasias edípicas.
4. Latência: produtividade x inferioridade
diminui a fantasia: envolvimento em tarefas reais. Apropriado para aprendizagens importantes como ler, escrever e calcular. Passa a produzir: tornase um trabalhador;
começo da experiência escolar e do sentido de “indústria”: precisa se ajustar ao mundo das ferramentas, integrarse no sistema produtivo e
dificuldades: sentimento de inadequação e inferioridade e possibilidade de desenvolver uma obsessão pelo trabalho.
5. Puberdade e adolescência: identidade x confusão de papéis:
transformações fisiológicas importantes: reajustamento entre o ser e o parecer;
conquista da identidade;
surgimento dos ídolos: modelos de identificação que se alternam, necessidade do grupo, Identidade grupal;
amor: tentativa de chegar a uma definição de identidade, protegendose da confusão a partir da projeção da própria imagem em outra pessoa e
período entre a moral aprendida na infância e a ética desenvolvida pelo adulto.
6. Idade adulta jovem: intimidade x isolamento:
condições de estabelecer intimidade com o outro e fundir sua identidade na identidade do companheiro e
dificuldades: medo de perder o próprio eu. Excesso de competitividade.
7. Idade adulta: geratividade x estagnação
• preocupação com cuidado dos filhos e educação: transmitir a eles o legado da cultura.
• geratividade: preocupação relativa a firmar e guiar a nova geração.
8. Velhice: integridade do Ego x desesperança:
• integridade ⇒ indivíduo revê experiências anteriores. Balanço da vida e aceitação. Sentimento de responsabilidade pelos próprios atos. Sabedoria e
• dificuldades na integração