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Noes de Direito TributrioLuciane Schulz Fonseca
2012Curitiba-PR
e-Tec Brasil 2 Noes de Direito Tributrio
Presidncia da Repblica Federativa do Brasil
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao a Distncia
Catalogao na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paran
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA PARAN EDUCAO A DISTNCIA
Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paran para o Sistema Escola Tcnica Aberta do Brasil e-Tec Brasil.
Prof. Irineu Mario ColomboReitor
Prof. Mara Christina Vilas BoasChefe de Gabinete
Prof. Ezequiel WestphalPr-Reitoria de Ensino - PROENS
Prof. Gilmar Jos Ferreira dos SantosPr-Reitoria de Administrao - PROAD
Prof. Paulo Tetuo YamamotoPr-Reitoria de Extenso, Pesquisa e Inovao - PROEPI
Neide AlvesPr-Reitoria de Gesto de Pessoas e AssuntosEstudantis - PROGEPE
Prof. Carlos Alberto de vilaPr-Reitoria de Planejamento e DesenvolvimentoInstitucional - PROPLADI
Prof. Jos Carlos CiccarinoDiretor Geral do Cmpus EaD
Prof. Ricardo HerreraDiretor de Planejamento e Administrao do Cmpus EaD
Prof Mrcia Freire Rocha Cordeiro MachadoDiretora de Ensino, Pesquisa e Extenso do Cmpus EaD
Prof Cristina Maria AyrozaCoordenadora de Ensino Mdio e Tcnico do Cmpus EaD
Prof. Marcia Denise Gomes Machado CarliniCoordenadora do Curso
Adriana Valore de Sousa BelloMayara Machado Gomes FariaFrancklin de S LimaKtia Regina Vasconcelos FerreiraAssistncia Pedaggica
Prof Ester dos Santos OliveiraIdamara Lobo DiasReviso Editorial
Eduardo Artigas Antoniacomi Diagramao
e-Tec/MECProjeto Grfico
e-Tec Brasil
Apresentao e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil!
Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica
Aberta do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007,
com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na
modalidade a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o
Ministrio da Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia
(SEED) e de Educao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e
escolas tcnicas estaduais e federais.
A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da
formao de jovens moradores de regies distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de
ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a
concluir o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas
de ensino e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo
integrantes das redes pblicas municipais e estaduais.
O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus
servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional
qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz
de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com
autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, poltica e tica.
Ns acreditamos em voc!
Desejamos sucesso na sua formao profissional!
Ministrio da Educao
Janeiro de 2010
Nosso contato
Indicao de cones
Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.
Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso utilizada no texto.
Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa
realiz-las e conferir o seu domnio do tema estudado.
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil
Sumrio
Palavra do professor-autor 11
Aula 1 Introduo 131.1 Sistema constitucional tributrio 15
Aula 2 Espcies Tributrias 172.1 A Constituio Federal estabelece as seguintes
espcies tributrias 17
Aula 3 Conceito de Tributo 233.1 Prestao pecuniria compulsria 24
3.2 Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir 24
3.3 Que no constitua sano de ato ilcito 24
3.4 Instituda em lei 25
3.5 Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada 25
Aula 4 Impostos, Taxas e Contribuies de Melhoria 274.1 Imposto 27
4.2 Taxas 28
4.3 Contribuies de melhoria 31
Aula 5 Contribuies Especiais e os Emprstimos Compulsrios 35
5.1 Emprstimos compulsrios 38
Aula 6 Obrigao Tributria 41
Aula 7 Competncia Tributria 45
Aula 8 Dos Impostos da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios 49
8.1 Dos impostos dos Estados e do Distrito Federal 50
8.2 Dos impostos dos municpios 51
Aula 9 Peculiaridades dos Impostos da Unio 539.1 Imposto de Importao (II) 53
9.2 Imposto de Exportao (IE) 54
9.3 Imposto de Renda - IR 55
9.4 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 57
9.5 Imposto sobre Operaes Financeiras (IOF) 57
9.6 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) 59
9.7 Imposto sobre Grandes Fortunas 60
Aula 10 Peculiaridades dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal 63
10.1 Imposto sobre a Transmisso Causa Mortis e Doao, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) 63
10.2 Imposto sobre operaes relativas Circulao de Mercadorias e sobre prestaes de Servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior (ICMS) 64
10.3 Imposto sobre a Propriedade de Veculos Automotores (IPVA) 65
Aula 11 Peculiaridades dos Impostos dos Municpios 6711.1 Impostos sobre a Transmisso Inter Vivos de
Bens a Ttulo Oneroso (ITBI) 67
11.2 Impostos sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 68
11.3 Impostos sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS) 69
Aula 12 Instituio dos Impostos e a Lei de Responsabilidade Fiscal 77
e-Tec Brasil
Aula 13 Limitaes Constitucionais ao Poder de Tributar 7913.1 Princpio da Legalidade 82
13.2 Princpio da Isonomia 83
13.3 Princpio da Irretroatividade 84
13.4 Princpio da Anterioridade 84
13.5 Princpio da Vedao do Imposto Confiscatrio 86
13.6 Princpio da Liberdade de Trfego 86
Aula 14 Imunidades Tributrias 8914.1 Imunidade Recproca 90
14.2 Imunidade dos Templos 90
14.3 Entidades Imunes 90
14.4 Imunidade dos livros, jornais, peridicos e papel destinado a sua impresso 91
Aula 15 Repartio das Receitas Tributrias 93
Aula 16 Crdito Tributrio 9716.1 Conceito 97
16.2 Constituio do Crdito Tributriopelo Lanamento 97
16.3 Modalidades de Lanamento 98
Aula 17 Suspenso do Crdito Tributrio 10117.1 Moratria 101
17.2 Depsito do montante integral docrdito 102
17.3 Reclamaes e recursos administrativos 102
17.4 Concesso de liminar em mandado de segurana 103
17.5 Medida liminar e antecipao de tutela 103
e-Tec Brasil
Aula 18 Extino do Crdito Tributrio 10518.1 Pagamento 105
18.2 Compensao 106
18.3 Transao 107
18.4 Remisso 107
18.5 Prescrio e Decadncia 108
18.6 Converso de depsito em renda 109
18.7 O pagamento antecipado e a homologao do lanamento nos termos do disposto no artigo150 e seus 1 e 4 110
18.8 A consignao em pagamento, nos termos do disposto no 2 do artigo 164 110
18.9 A deciso administrativa irreformvel, assim entendida a definitiva na rbita administrativa, que no mais possa ser objeto de ao anulatria 111
18.10 A deciso judicial passada em julgado 111
18.11 A dao em pagamento em bens imveis, na forma e condies estabelecidas em lei 111
Aula 19 Excluso do Crdito Tributrio 11319.1 Iseno 113
19.2 Anistia 114
Aula 20 Execuo Fiscal 117
Currculo do professor - autor 121
Referncias 123
Atividades autoinstrutivas 125
e-Tec Brasil 10 Noes de Direito Tributrio
e-Tec Brasil11
Palavra do professor-autor
Prezado Estudante,
Este material foi desenvolvido com o objetivo de apresentar aos alunos do-
Curso Tcnico em Servios Pblicos, modalidade a distncia, as noes b-
sicas da disciplina do Direito Tributrio. Tambm voc conhecer a origem e
o ingresso dos recursos pblicos nos cofres federais, estaduais e municipais
que, posteriormente, iro satisfazer as necessidades da coletividade.
O Direito Tributrio tem por funo apresentar regras atinentes instituio, ar-
recadao e fiscalizao dos tributos. Esse ramo do direito est bastante presen-
te na nossa vida, pois pagamos tributos diariamente, por exemplo, no consumo
de energia eltrica; na realizao de compras num supermercado; na aquisio de
combustveis; na prtica de uma ligao telefnica; na obteno de uma renda; na
prestao de um servio; pelo fato de ser proprietrio de bens imveis urbanos e
rurais; de ser proprietrio de veculo automotor; de importar e exportar de produtos,
entre tantos outros fatos considerados como fato gerador da norma tributria.
Ser objeto de estudo e anlise nessa disciplina a organizao do Sistema Tributrio
Nacional contido na Constituio Federal. Primeiramente, voc conhecer as espcies
tributrias e o conceito de tributo. Compreendido esse tema, tratar-se- das particu-
laridades de cada uma das espcies tributrias, isto , dos impostos, das taxas, das
contribuies de melhoria, das contribuies especiais e do emprstimo compulsrio.
Na sequncia, ser objeto de exame a obrigao tributria e seus elementos.
Ato contnuo, voc perceber as competncias tributrias estabelecidas para
cada um dos entes polticos na Constituio Federal, isto , saber quais so
os impostos federais, estaduais e municipais que pagamos. Ciente dos im-
postos que devem ser pagos, voc conhecer as peculiaridades de cada um.
Ademais, voc ter cincia que a Constituio Federal estabelece limites ao po-
der de tributar, impondo restries aos entes polticos. Uma vez 227 e-Tec Brasil
arrecadados os valores dos impostos, o passo seguinte saber acerca da repar-
tio das receitas tributrias entre Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.
Voc compreender, tambm, os principais aspectos atinentes ao crdito
tributrio, as hipteses de suspenso, de extino e de excluso. Ao final,
ser abordada, de maneira simples, a execuo fiscal.
Espera-se que o contedo aqui desenvolvido, somado s aulas expositivas,
possibilite a voc conhecer melhor a organizao e o funcionamento do
Sistema Constitucional Tributrio e, principalmente, fazer com que sejamos
contribuintes conscientes e participativos do Estado Democrtico de Direito.
Professora Luciane Schulz Fonseca
e-Tec Brasil 12 Noes de Direito Tributrio
e-Tec Brasil13
Aula 1 Introduo
O objetivo da aula analisar a necessidade de o homem viver numa so-
ciedade organizada denominada Estado, o fundamento de existncia do
Direito Tributrio e sua localizao na Constituio Federal.
Essa aula foi desenvolvida a partir da identificao de uma sociedade
organizada, suas necessidades e a soluo encontrada para sua
sustentabilidade. Ao final dessa aula, voc saber reconhecer as aes
humanas que se identificam com o direito tributrio, conhecer o conceito
e a presenamarcante do direito tributrio na Constituio Federal.
No h sociedade sem organizao. Partindo dessa premissa, o homem es-
colheu viver numa sociedade organizada, denominada Estado.
O convvio em sociedade da essncia do homem. O homem no nasceu-
para viver sozinho. Diante da sociabilidade, caracterstica fundamental do
homem, fez-se necessrio a adoo de regras.
Ademais, o homem acredita que fundamental viver em sociedade para
atingir seus objetivos. O homem coexiste, vive necessariamente em compa-
nhia de outros indivduos. Nesse contexto, levado a formar grupos, como
famlia, escola, associaes e o prprio Estado, que dotado de poder po-
ltico.
No estabelecimento de relaes, necessrio um mnimo de ordem para o
desenvolvimento do bem comum. Por essa razo que o Estado dotado
de poder poltico, que tem como caracterstica a soberania.
O Estado, grupo social, tem o seu poder, denominado de poder poltico ou
poder estatal. A sociedade, chamada de sociedade civil, compreende uma
reunio de grupos sociais diferenciados, para os quais o poder poltico preci-
sa impor regras e limites, que visam harmonia social.
O Estado, em face da sua soberania, edita normas, regras que devem ser
cumpridas por todos que vivem em sociedade. Na melhor conceituao, o
Estado edita normas jurdicas, com vistas a assegurar condies de equilbrio
coexistncia dos seres humanos, impedindo a desordem, os delitos, res-
Soberania:poder poltico supremo e inde-pendente. um dos fundamen-tos da Repblica Federativa do Brasil.Delito:prtica de conduta contrria norma legal.
guardando direitos e a liberdade das pessoas. Tem a funo de disciplinar o
comportamento social dos homens.
O Estado Moderno, alm de estabelecer normas jurdicas para regular o
comportamento humano, efetua despesas pblicas na realizao de funes
estatais, como obras e servios pblicos.
Por certo, o Estado precisa de recursos financeiros e, assim, edita normas
para fomentar a arrecadao de receitas. Em outras palavras, para financiar
as suas atividades pblicas, o Estado instituiu tributos, sendo que, a principal
funo do tributo gerar recursos financeiros para o Estado.
O Estado realiza atividades financeiras, a comear pela arrecadao de
receitas, contratao de mo de obra, aquisio de bens para prestar servios
pblicos e bem atender s necessidades da coletividade. Em sntese, o
funcionamento do Estado, necessariamente, pressupe a existncia de uma
atividade financeira, que consiste na obteno de recursos, principalmente
por meio de tributos, na sua gesto e na sua destinao.
A tributao deve ser compreendida a partir da necessidade de os indivduos
estabelecerem convvio social organizado e gerirem a coisa pblica. Entre
todos os poderes que emanam do Estado, talvez a tributao seja o mais
essencial, porque sem ela no haveria como exercer os demais. A tributao
nasce para prover o bem-comum e decorre da disposio do homem de viver
em um Estado.
O grupo de normas, que tem por escopo arrecadar recursos para o Estado,
pertence ao ramo do Direito denominado Tributrio.
O Direito Tributrio definido pela doutrina como:
Direito tributrio a disciplina jurdica dos tributos. Com isso se abran-
ge todo o conjunto de princpios e normas reguladores da criao, fis-
calizao e arrecadao das prestaes de natureza tributria. (AMA-
RO, 2009, p.02)
Considerando o Direito Tributrio como de fundamental importncia no coti-
diano das pessoas, haja vista que praticamente todos os dias tributos so pa-
gos, veja-se o que a Constituio Federal estabeleceu em matria tributria.
Doutrina:trabalhos tericos desenvolvidos
por estudiosos do direito, que buscam interpretar as leis e as
decises dos tribunais.Constituio Federal:
conjunto de normas escritas quefixam a estrutura fundamental
do Estado brasileiro. a declarao da vontade poltica
de um povo.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 14
1.1 Sistema constitucional tributrioA Constituio Federal tem um captulo prprio para regular o Sistema Tributrio Nacional, que nada mais do que um complexo de normas e
princpios que regulam as garantias e as obrigaes dos contribuintes, bem
como as regras que devem ser observadas pelos entes polticos quando da
implementao e cobrana dos tributos, isto , no processo produtivo de leis
tributrias.
Em outras palavras, a primeira estrutura legal do Direito Tributrio a Cons-
tituio Federal. Nela constam as competncias tributrias, a definio das
espcies de tributos, os limites ao poder de tributar, os direitos e deveres do
contribuinte, modo de apresentao das normas jurdicas, a repartio das
receitas tributrias e, ainda, os muitos princpios e regras que sustentam
todo o sistema tributrio.
O sistema constitucional tributrio definido pela doutrina como:
uma carta de direitos do contribuinte contra a excessiva e reconheci-
da carga tributria da Federao tripartida que o Brasil, nico pas do
mundo a outorgar, constitucionalmente, competncia impositiva aos
municpios. (MARTINS 2001, p.09).
Com efeito, pode-se considerar que a nossa Carta Magna disciplina as nor-
mas essenciais do Direito Tributrio, um verdadeiro conjunto organizado de
regras e princpios.
O Sistema Constitucional Tributrio se inicia no artigo 145, e se estende at
o artigo 162 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil.
Resumo Homem: coexiste; levado a formar grupos.
Sociedade: consolidao de diversos grupos.
Estado: edita normas jurdicas que disciplinam o comportamento social dos homens.
Para financiar as suas atividades pblicas, o Estado instituiu tributos.
e-Tec BrasilAula 1 Introduo 15
Direito tributrio: disciplina regras para arrecadar recursos pblicos.
A Constituio Federal disciplina as normas essenciais do Direito Tributrio.
Sistema Constitucional Tributrio: artigos 145 a 162.
Atividades de aprendizagem Quem possui competncia constitucional para instituir os tributos?
Anotaes
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 16
e-Tec Brasil17
Aula 2 Espcies Tributrias
O objetivo dessa aula demonstrar a voc a existncia de cinco espcies
tributrias previstas na Constituio Federal: impostos, taxas, contribui-
es de melhoria, contribuies especiais e emprstimos compulsrios.
A aula foi desenvolvida a partir do contexto previsto na Constituio Fe-
deral e do entendimento da doutrina especializada. Ao final da aula, voc
ter oportunidade de formar o seu entendimento sobre as espcies tribu-
trias existentes.
2.1 A Constituio Federal estabelece as seguintes espcies tributrias
Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios pode-
ro instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao,
efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, pres-
tados ao contribuinte ou postos a sua disposio;
III - contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas.
O Cdigo Tributrio Nacional, em seu artigo 5, institudo pela Lei Ordinria n 5.172/1966, recepcionado pela nova ordem constitucional com eficcia
de Lei Complementar, ao prever as espcies tributrias estabelece que os tributos so impostos, taxas e contribuies de melhoria.
J a doutrina e a jurisprudncia esto muito distantes de chegar a um consenso sobre quais e quantas so as espcies tributrias. Embora, como j
visto, a Constituio Federal e o Cdigo Tributrio Nacional s faam men-
o a trs espcies tributrias, os estudiosos discutem a existncia de duas,
trs, ou ainda, quatro ou cinco espcies tributrias.
A primeira corrente sustenta a Teoria Bipartida, argumentando que os tri-butos se dividem em Impostos e Taxas. Para os que defendem essa teoria, as
contribuies de melhoria, as contribuies sociais e os emprstimos com-
pulsrios revestem-se em forma de imposto ou de taxa.
Lei ordinria:matria comum (residual); quo-rum de maioria simples.Lei complementar:as hipteses esto taxativamenteprevistas na Constituio Federal;quorum para aprovao maiselaborado (maioria absoluta).Jurisprudncia:decises reiteradas dos tribunaissuperiores sobre o mesmo assunto.
O tributarista Alfredo Augusto BECKER defendia essa tese:
No plano jurdico, todo e qualquer tributo pertencer a uma dessas
duas categorias: imposto ou taxa. A serena anlise cientfico-jurdica,
em cada caso singular, revelar que inexiste terceira categoria ou ca-
tegoria mista. Os chamados tributos para-fiscais, contribuies de
melhoria, emprstimos compulsrios e monoplios fiscais, ao
serem dissecados pelo mtodo cientfico-jurdico (no pelos tradicio-
nais mtodos hbridos que confundem os critrios e conceitos da Ci-
ncia das Finanas Pblicas com os do Direito Tributrio), desnudam-se
da camouflage poltico-fiscal ou histrico-filosfica ou simplesmente
retrico-acadmica e mostram-se verdadeiros impostos ou taxas.
(BECKER, 1998, p.381)
No mesmo sentido, lecionam Alberto Xavier, Pontes de Miranda e Rubens
Gomes de Souza.
A segunda corrente defende a Teoria Tripartida, ou seja, afirma a existncia de apenas trs espcies tributrias. Para essa corrente, os tributos se divide-
mem impostos, taxas e contribuies de melhoria.
Assim, ensina Roque Antonio CARRAZA:
Realmente, nossa Lei Maior est comprometida com uma classificao jur-
dica dos tributos. ela que, em seu art.145, confere, s pessoas polticas,
competncias para que criem impostos, taxas e contribuies de melhoria.
Apesar de o assunto ainda suscitar acaloradas discusses doutrinrias,
continuamos entendendo que a destinao da receita proveniente da
tributao no altera pelo menos no necessariamente a classifica-
o supra. Neste sentido, j adiantamos que os emprstimos compul-
srios (tributos cuja receita h de ser devolvida ao contribuinte) e as
contribuies (tributos com destinao especificada nos arts. 149 e
195 da CF) podem ser reconduzidos s modalidades imposto, taxa ou,
no caso daqueles, at, contribuio de melhoria. ( 2004, p.473)
Caminha no mesmo entendimento o tributarista Aliomar BALEEIRO (1999, p.70).Tributarista:
estudioso do direito tributrio.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 18
A terceira corrente preserva a Teoria Quadripartida, assegurando a existn-cia de quatro espcies tributrias, quais sejam: impostos, taxas, contribui-
es e emprstimos compulsrios.
O tributarista Luciano AMARO adota essa teoria, afirmando que:
Corrobora o mesmo entendimento o constitucionalista Alexandre de MORAES (2002, p.1.659).
O Ministro Carlos VELOSO do Supremo Tribunal Federal (STF), no trecho do voto no RE n 138.284-8, aduziu que:
As diversas espcies tributrias, determinadas pela hiptese de incidn-
cia ou pelo fato gerador da respectiva obrigao (CTN, art.4), so as
seguintes: a) impostos (C.F., arts. 145, I, 153, 154, 155 e 156); b) taxas
(C.F., art.145, II); c) as contribuies, que podem ser assim classifica-
das: c.1. de melhoria (C.F. 145, III); c.2. parafiscais (C.F., art.149), que
so: c.2.1. sociais; c.2.1.1. de seguridade social (C.F., art. 195, I, II, III),
c.2.1.2. outras de seguridade social (C.F., art. 195, parg.4); c.2.1.3.
sociais gerais ( o FGTS, o salrio-educao, C.F., art.212, parg. 5,
contribuies para o SESI, SENAI, SENAC, C.F., art.240); c.3. especiais:
c.3.1. de interveno no domnio econmico (C.F., art.149) e c.3.2.
corporativas (C.F., art.149). Constituem, ainda, espcie tributria: d) os
emprstimos compulsrios (C.F., art.148).
O tributarista Hugo de Brito MACHADO, tambm defende a existncia
de quatro espcies tributrias, porm no inclui no rol os emprstimos
compulsrios:
O tributo, como conceituado no art.3 do CTN, um gnero, do qual
o art.5 do mesmo Cdigo indica como espcies os impostos, as taxas
e as contribuies de melhoria.
O art.217 do CTN, com redao que lhe deu o Decreto-lei n.27, de
14.11.1966, estabeleceu que as disposies do Cdigo no excluem a
incidncia e exigibilidade de outras contribuies, que indica.
Isso tornou evidente a existncia de uma quarta espcie de tributo,
integrada pelas contribuies sociais. Tal concluso restou reforada
pelo art.149 da Constituio Federal de 1988.
Constitucionalista:estudioso do direito constitu-cional.Supremo Tribunal Federal(STF):rgo de cpula do Poder Judiciriobrasileiro; tem a funo de zelarpela Constituio Federal.
e-Tec BrasilAula 2 Espcies Tributrias 19
Finalmente, vejamos a questo de saber se o emprstimo compulsrio
uma espcie de tributo. Questo que tem sido objeto de interminveis
controvrsias.
No plano de uma Teoria Geral do Direito o emprstimo compulsrio
no tributo. Ele no uma receita pblica, no sentido de ingresso
sem correspondente no passivo. Toda vez que o Estado recebe uma
quantia a ttulo de emprstimo compulsrio, esse ingresso de dinheiro
aumenta a disponibilidade, mas aumenta em igual montante a dvida.
Temos, portanto, em nosso Sistema Constitucional Tributrio, quatro
espcies de tributo, a saber: os impostos, as taxas, as contribuies
de melhoria e as contribuies sociais. Estas ltimas podem ser sub-
divididas em contribuies de interveno no domnio econmico,
contribuies de interesse de categorias profissionais ou econmicas e
contribuies de seguridade social. (2009, p.63-64)
H, ainda, uma quarta corrente, chamada Teoria Quinquipartida ou Penta-partida que afirma a existncia de cinco espcies tributrias, isto , impostos,
taxas, contribuies de melhoria, contribuies sociais ou especiais e em-
prstimos compulsrios. Vejamos a doutrina:
Do estrito ponto de vista do Direito Constitucional, conhece-se a situa-
o: o art.145 prev os impostos, as taxas e a contribuio de melhoria,
dando a entender at que seriam os nicos, posto que no enumera os
demais. No entretanto, os arts. 148 e 149 contemplam, respectivamen-
te, os emprstimos compulsrios e as contribuies sociais de interven-
o no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais
ou econmicas. (BASTOS, 1995, p.145) A Lei Maior, alm de prever as
regras-matrizes de incidncia dos tributos, tambm os classifica nessas
espcies, em seu art.145. Tais tributos podem ser chamados de tribu-
tos comuns, uma vez que o prprio texto constitucional prev varia-
es em torno deles, como so os emprstimos compulsrios (art.148)
e as contribuies especiais (sociais, de interveno no domnio eco-
nmico e do interesse de categorias profissionais ou econmicas, arts.
149, 149-A, 177, 4, e 195). (Regina Helena COSTA, 2007 p.34 - C-
digo Tributrio NacionalComentado: doutrina e jurisprudncia. Coor-
denador Vladimir Passos de Freitas)
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 20
Em que pese existncia de vrios posicionamentos, filiamos-nos a quarta
corrente, isto , quinquipartida ou pentapartida, com base numa inter-pretao sistemtica da Constituio, pois o legislador no utiliza expresses
em vo. Assim, ao regular a existncia das contribuies sociais e dos em-
prstimos compulsrios, embora em artigos diferentes, por certo instituiu
novas espcies tributrias que no podem deixar de ser consideradas pelos
estudiosos do Direito.
Resumo Espcies tributrias previstas na Constituio Federal:
Art. 145: impostos, taxas e contribuio de melhoria.
Arts. 149/195: contribuies especiais.
Art. 148: emprstimos compulsrios.
Anotaes
e-Tec BrasilAula 2 Espcies Tributrias 21
e-Tec Brasil23
Aula 3 Conceito de Tributo
O objetivo da aula que voc compreenda o conceito de tributo, previsto
no Cdigo Tributrio Nacional, com a apreciao de todos os termos em-
pregados pela lei tributria.
Essa aula foi desenvolvida a partir do conceito de tributo previsto no artigo
3 do Cdigo Tributrio Nacional. Ao final dessa aula, voc saber que os
tributos tm como caractersticas o carter pecunirio, a compulsorieda-
de, a natureza no sancionatria, a legalidade e a natureza vinculada.
A funo da lei, em regra, definir condutas. Todavia, algumas vezes a lei
estabelece conceitos e, assim fez o Cdigo Tributrio Nacional ao definir
tributo:
Art. 3 Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato
ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade plenamente vin-
culada.
Para melhor entender essa definio, parte-se para uma anlise sistmica
dos termos empregados pelo legislador.
3.1 Prestao pecuniria compulsriaO tributo uma prestao, uma satisfao obrigacional, que deve ser paga
em dinheiro. Detm um contedo monetrio, excluindo-se, desse modo,
qualquer possibilidade de pagamento em servios ou em bens diversos do
dinheiro. O pagamento em pecnia facilita a sua reverso ao atendimento
das necessidades da coletividade.
prestao compulsria em razo de ser obrigatria, independe da von-tade do contribuinte, o qual sempre dever realizar o pagamento. Assim,
est afastada qualquer possibilidade atinente s prestaes voluntrias. O tributo, que imposio do Estado, sempre fundamentado numa determi-
nao legal e deve ser pago obrigatoriamente.
Prestao compulsria:pagamento obrigatrio.Prestao voluntria:pagamento espontneo.
3.2 Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir
A prestao deve ser paga em dinheiro, ou algo que represente um valor em
dinheiro, como o pagamento de um tributo com ttulos da dvida pblica ou por bens mveis. Seu contedo deve sempre ser expresso em moeda.
No Direito Tributrio moderno no h o tributo pago em servios ou em bens
diversos do dinheiro. O Direito Tributrio brasileiro desconhece os tributos in natura e in labore. Exemplo de tributo in natura: imposto sobre importao de soja, cuja lei instituidora determinaria que, a cada tonelada de soja impor-
tada o importador entregaria, a ttulo de tributo, cento e cinquenta quilos de
soja ao sujeito ativo, ora Unio. Exemplo de tributo in labore: imposto sobre a atividade profissional, cuja lei instituidora determinasse determinaria que
todo profissional liberal fosse obrigado a contribuir com trs dias de servio
por ms entidade tributante.
Apenas em situaes excepcionais o crdito tributrio pode ser extinto me-
diante a entrega de bens. O artigo 156 do Cdigo Tributrio Nacional prev
como forma extraordinria de extino do crdito tributrio a dao em
pagamento. A expresso ou cujo valor nela se possa exprimir refere-se
possibilidade excepcional de extino do crdito tributrio mediante dao
em pagamento.
3.3 Que no constitua sano de ato ilcitoEssa caracterstica justamente para distinguir o tributo das multas,
penalidades e indenizaes, pois estas tm como hiptese de incidncia um
ato ilcito, enquanto que a hiptese de incidncia do tributo sempre algo lcito.
Porm, o fato gerador do tributo pode ocorrer em circunstncias ilcitas,
mas essas circunstncias so estranhas hiptese de incidncia do tributo
e, por isso mesmo, irrelevante do ponto de vista tributrio. Com isso, incide
imposto de renda na explorao de casa de prostituio e jogos de azar,
pois a hiptese de incidncia a aquisio da disponibilidade econmica ou
jurdica dos rendimentos.
Ttulos da dvida pblica:emitido em razo de um
emprstimo contrado por uma pessoa jurdica de
Direito Pblico.Bens mveis:
tudo aquilo que pode ser transportado de um local
para outro, sem deterioraona substncia ou na forma.
Sano:penalidade aplicada em razo da
prtica de um ato ilcito.Ato ilcito:
ato contrrio norma legal.Hiptese de incidncia:descrio legal da situaoque deve acontecer para o nascimento da obrigao
tributria.
Noes de Direito ributrioe-Tec Brasil 24
3.4 Instituda em leiEm face do princpio da legalidade, prevalente no Estado de Direito, so-mente a lei pode instituir o tributo. Nenhum tributo ser exigido sem que a
lei anterior o estabelea, conforme previso expressa da Constituio Federal
(artigo 150, inciso I).
O fundamento de pagar um tributo sempre dever advir de uma lei ou um
ato com a mesma imponncia normativa, qual seja, medida provisria, des-
de que respeitado o contido no 2 do artigo 62 da Constituio Federal.
3.5 Cobrada mediante atividade adminis-trativa plenamente vinculada
O tributo s pode ser cobrado por ato da Administrao Pblica, o qual
dever observar todas as regras definidas em lei. Essa atividade de cobrana
deve ser plenamente vinculada, ou seja, no pode deixar margem aprecia-
o da autoridade, que fica inteiramente vinculada ao comando legal. A lei
estabelece o agir, o momento e o contedo da atividade. Diferentemente da
atividade discricionria, onde a autoridade administrativa tem liberdade para decidir sobre a convenincia e a oportunidade de agir e como agir.
Ao estabelecer que o tributo deve ser cobrado mediante atividade adminis-
trativa plenamente vinculada, o legislador afirmou que a autoridade com-
petente no pode preencher com seu juzo pessoal, subjetivo, o campo da
indeterminao normativa.
A lei deve descrever o fato gerador da obrigao tributria, a base de cl-
culo, a alquota, o prazo para pagamento e os sujeitos da relao tributria.
Nada fica a critrio da autoridade administrativa competente.
Resumo Caractersticas do tributo: Carter pecunirio; Compulsoriedade; Natureza no sancionatria; Legalidade; Natureza vinculada.
Estado de direito:regime poltico adotado onde asnormas legais devem ser observadas por todos (administ-rao e administrados).Atividade discricionria:a lei disciplina opes de escolha para o Administrador.
e-Tec BrasilAula 3 Conceito de Tributo 25
e-Tec Brasil27
Aula 4 Impostos, Taxas e Contribuies de Melhoria
O objetivo das aulas quatro e cinco que voc passe a identificar as
particularidades dos impostos, das taxas, das contribuies de melhoria,
das contribuies especiais e dos emprstimos compulsrios.
Essas aulas foram desenvolvidas a partir dos conceitos previstos no Cdigo
Tributrio Nacional e do entendimento da doutrina especializada. Ao final,
voc saber identificar em que circunstncias os cidados pagam os im-
postos, as taxas, as contribuies de melhoria, as contribuies especiais e
sociais, bem como os emprstimos compulsrios.
4.1 ImpostoA definio de imposto (espcie de tributo) est descrita no artigo 16 do
Cdigo Tributrio Nacional, que dispe:
Art. 16. Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma
situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa
ao contribuinte.
O imposto independe de qualquer atividade especfica do Estado, ou seja,
no se faz necessrio qualquer atuao estatal para que o contribuinte pa-
gue o imposto. O fato gerador do imposto, segundo a doutrina :
O fato gerador do imposto uma situao (por exemplo, aquisio de
renda, prestao de servios etc.) que no supe nem se conecta com
nenhuma atividade do Estado especificamente dirigida ao contribuinte.
Ou seja, para exigir o imposto de certo indivduo, no preciso que o
Estado lhe preste algo determinado. (AMARO, 2009, p.30)
Em sntese, para que o Estado exija o imposto, no necessrio que realize
absolutamente nada em benefcio do sujeito passivo. Basta apenas que a
situao, a hiptese incidncia ou fato gerador, esteja prevista em lei.
A doutrina aponta trs elementos claros para identificar a figura do imposto:
a) carter obrigatrio do imposto;
b) ausncia de qualquer relao de correspondncia entre a exao tributria e qualquer sorte de compensao do Estado ao contribuinte;
c) o imposto exigido no acompanhado de qualquer promessa de reembolso, o que lhe confere a qualidade de definitivo. (BASTOS, 1995, p. 146)
A razo de existir dos impostos o financiamento das atividades gerais do
Estado. Por meio deles o Estado mantm sua organizao e executa suas
finalidades.
4.2 TaxasAs taxas tm hiptese de incidncia ou fato gerador, vinculado a uma ativi-
dade especfica do Estado. So exigidas em razo do exerccio do poder de
polcia ou pela utilizao efetiva ou potencial de servios pblicos especficos
e divisveis. O fato gerador desse tributo configurado por uma atuao
estatal, ou seja, o Estado realiza determinada atividade e, em razo disso,
cobra uma taxa do sujeito passivo que auferiu algum benefcio.
Assim nos ensina a doutrina:
O fato gerador da taxa no um fato do contribuinte, mas um fato
do Estado. O Estado exerce uma atividade administrativa e, por isso,
cobra a taxa da pessoa a quem aproveita aquela atividade. (AMARO,
2009, p.31)
A diferena bsica entre taxas e impostos reside no fato de que, neste lti-
mo, no h uma prestao ao contribuinte, enquanto que na taxa h uma
contraprestao do sujeito passivo ao Estado.
O artigo 77 do Cdigo Tributrio Nacional define taxas:
Art. 77. As taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Fe-
deral ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies,
tm como fato gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a
utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e divisvel,
prestado ao contribuinte ou posto sua disposio.
A hiptese de incidncia da taxa o exerccio do poder de polcia ou servio
pblico colocado disposio do contribuinte. O Cdigo Tributrio Nacional
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 28
(CTN) apresenta uma definio de poder de polcia e, tambm, as caracters-
ticas dos servios pblicos, conforme segue:
Art. 78. Considera-se poder de polcia a atividade da administrao
pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse
pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes,
disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades eco-
nmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico,
tranquilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos in-
dividuais ou coletivos.
Pargrafo nico. Considera-se regular o exerccio do poder de polcia quan-
do desempenhado pelo rgo competente nos limites da lei aplicvel, com
observncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha
como discricionria, sem abuso ou desvio de poder.
Art. 79. Os servios pblicos a que se refere o art.77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufrudos a qualquer ttulo;
b) potencialmente, quando, sendo de utilizao compulsria, sejam postos sua disposio mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - especficos, quando possam ser destacados em unidades autnomas de interveno, de utilidade ou de necessidade pblicas;
III - divisveis, quando suscetveis de utilizao, separadamente, por parte de cada um dos seus usurios.
O servio pblico conceituado como:
Toda e qualquer atividade prestacional realizada pelo Estado, ou por
quem fizer suas vezes, para satisfazer, de modo concreto e de forma
direta, necessidades coletivas. (MACHADO, 2009, p. 430)
O contribuinte da taxa ser a pessoa que provocou a atuao estatal, no caso
do exerccio regular do poder de polcia ou, a pessoa a quem seja colocado
e-Tec BrasilAula 4 Impostos, Taxas e Contribuies de Melhoria 29
um servio pblico especfico (destacados em unidades autnomas) e divisvel
(capaz de ser mensurado isoladamente pelo usurio) disposio.
So exemplos de taxas: gua e esgoto; o fornecimento de certides, pela
prestao de atividade jurisdicional (custas processuais); obteno de uma
licena para localizao de estabelecimento comercial ou industrial.
Taxa de coleta de lixo e pedgio
Uma grande discusso em matria de taxa a legalidade da cobrana da
taxa de limpeza urbana, mais conhecida como a taxa de coleta de lixo. Comumente os contribuintes pagam essa taxa juntamente com o Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Como j aduzido, a Constituio Federal estabelece que a taxa recai sobre
servios pblicos especficos e divisveis, isto porque a taxa o tributo que
tem sua razo de ser na contraprestao realizada pelo contribuinte em ra-
zo de servio prestado pelo ente Pblico ou colocado disposio daquele.
O servio de limpeza pblica indivisvel, de utilizao indistinta por toda a
comunidade, pois no h como medir a quantidade de lixo que cada imvel
ou residncia produz em um ms, dia ou ano, devendo, desta forma, ser
custeada pela receita advinda dos impostos municipais.
Ademais, em muitos municpios, a taxa de lixo calculada tendo como base
rea do imvel, isto , a mesma base de clculo do IPTU, e o fato gerador
a propriedade imobiliria, que tambm constitui a mesma hiptese de
incidncia do IPTU, o que afronta claramente o disposto no artigo 145, 2
da Constituio Federal que diz as taxas no podero ter a base de clculo prpria dos impostos.
O Supremo Tribunal Federal (STF), em vrias oportunidades, j se manifestou
pela inconstitucionalidade da taxa de coleta de lixo, conforme segue:
(...) III. Taxa de limpeza pblica e coleta de lixo instituda pelo Municpio do
Rio de Janeiro: inconstitucionalidade, conforme a jurisprudncia do STF (v.g.
EDvRE 256.588, Pleno, Ellen Gracie, DJ 19.3.2003, RE 249.070, 1 T., Ilmar
Galvo, DJ 17.12.1999. (RE-AgR 410954 / RJ - Rio De Janeiro; AG.REG. no
Recurso Extraordinrio; Relator(a): Min. Seplveda Pertence; Julgamento:
03/08/2007 ; rgo Julgador: Primeira Turma)
Inconstitucionalidade:lei contrria ao estabelecido na
Constituio Federal.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 30
Outro tema que merece destaque o pedgio. Segundo o Supremo Tribu-nal Federal (STF) possui natureza jurdica de taxa, tendo como fato gerador
a utilizao de vias conservadas pelo Poder Pblico, e a sua cobrana cons-
titucional, a saber:
Constitucional. Tributrio. Pedgio. Lei 7.712, de 22.12.88.
I - Pedgio: natureza jurdica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V.
II - Legitimidade constitucional do pedgio institudo pela Lei 7.712,
de 1988.
III - R.E. no conhecido. (RE 181475 / RS - Rio Grande do Sul; Recurso
Extraordinrio; Relator Min. Carlos Velloso; Julgamento: 04/05/1999;
Segunda Turma; DJ 25-06-1999)
No mesmo sentido, o entendimento do Professor Luciano AMARO, que
afirma que o pedgio taxa de utilizao de bem pblico, conforme segue:
O fato gerador do pedgio a utilizao da via pblica e no a conser-
vao desta. A utilizao h de ser efetiva e no meramente potencial
(simples colocao da via disposio). No se pode dizer que o fato
gerador seja o servio (de restaurao) que o Poder Pblico execute,
por essa tarefa meio (para manter a via pblica utilizvel) e no o fim
da atuao estatal. (...)
O que o contribuinte do pedgio faz no utilizar um servio do Es-
tado; utiliza, sim, um bem pblico e paga por utilizar esse bem. Se de
taxa se quiser chamar essa prestao pecuniria (e teoricamente, nada
impede que assim se designe a exao), trata-se de taxa de utilizao
de bem pblico, e no taxa de servio. (2009, p.50)
4.3 Contribuies de melhoriaO Cdigo Tributrio Nacional cuida da Contribuio de Melhoria no seu ar-
tigo 81, conforme segue:
Art. 81. A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respecti-
vas atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas
de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a des-
e-Tec BrasilAula 4 Impostos, Taxas e Contribuies de Melhoria 31
pesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da
obra resultar para cada imvel beneficiado.
A contribuio de melhoria tem como hiptese de incidncia a valorizao de
imveis decorrente de obra pblica. Com a realizao de uma obra pblica
(praa, jardins, calamento, asfalto, avenida, ciclovia e outros) h melhoria e,
por derradeiro, valorizao do imvel.
No basta a realizao da obra para a ocorrncia do fato gerador. preciso
a valorizao da propriedade do sujeito passivo, que aumente o valor venal
do imvel, para que se justifique a cobrana.
A base de clculo da contribuio de melhoria deve ser a diferena do valor
do imvel antes e depois da realizao da obra pblica.
Distingue-se do imposto porque depende de atividade estatal especfica,
e da taxa porque a atividade estatal de que depende diversa. Enquanto
a taxa est ligada no exerccio regular do poder de polcia, ou a servio
pblico, a contribuio de melhoria est ligada realizao de obra pblica.
A doutrina tributarista define contribuio de melhoria como:
A espcie de tributo cujo fato gerador a valorizao de imvel do con-
tribuinte, decorrente de obra pblica, e tem por finalidade a justa dis-
tribuio dos encargos pblicos, fazendo retornar ao Tesouro Pblico o
valor despendido com a realizao de obras pblicas, na medida em que
destas decorra valorizao de imveis. (MACHADO, p.439 e 440)
A contribuio de melhoria classificada como tributo vinculado porque o
fato gerador est ligado atividade estatal especfica relativa ao contribuin-te. Assim, o sujeito passivo que tem o seu imvel valorizado chamado a
pagar a contribuio de melhoria.
O Superior Tribunal de Justia (STJ) entende que h necessidade de uma lei especfica para a exigncia de contribuio de melhoria, em cada obra
feita pelo ente poltico, em observncia ao princpio da legalidade (REsp
Fato gerador:ocorrncia, no mundo dos fatos, da situao necessria prevista
em lei para o nascimento da obrigao tributria.
Superior Tribunal de Justia: rgo do Poder
Judicirio destinado a julgar, em ltima instncia, matria
infraconstitucional (leis que stoabaixo da Constituio).
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 32
739342/RS; Recurso Especial; 2005/0054599-7; Ministro Francisco Falco;
DJ 04/04/2006).
Resumo Imposto: independe de qualquer atividade estatal no vinculado.
Taxa: depende de atividade estatal (poder de polcia ou servio pblico) vinculada.
Contribuio de Melhoria: depende de atividade estatal (obra pblica) vinculada.
Atividades de aprendizagem A Constituio Federal prev que a Unio, Estados, Distrito Federal e
Municpios podem instituir contribuio de melhoria, decorrentes da obra
pblica. Desta forma, em razo da construo de um shopping, pretende o
Municpio de Cruz Machado/RS, cobrar a contribuio de melhoria, tendo
em vista que houve uma valorizao expressiva dos imveis localizados nas
imediaes. Pergunta-se: Essa cobrana legal? Justifique.
Para saber mais sobre Contribuio de Melhoria leia: LIMA, Robson Luiz Rosa. Contribuio de melhoria. JusNavigandi, Teresina, ano 9, n.775, 17 ago. 2005. Disponvel em:http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7138Para saber mais sobre Taxade Coleta de Lixo leia:CARNEIRO, Andr Luiz deAndrade. A taxa de lixo e seusaspectos legais. Jus Navigandi,Teresina, ano 7, n. 62, fev.2003. Disponvel em:http:/ jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3693
e-Tec BrasilAula 4 Impostos, Taxas e Contribuies de Melhoria 33
e-Tec Brasil35
Aula 5 Contribuies Especiais e os Emprstimos Compulsrios
As contribuies especiais podem ser divididas em: sociais, de interveno no
domnio econmico e do interesse de categorias profissionais ou econmicas.
O professor Hugo de Brito Machado prefere chamar de contribuio social e
apresentar as subdivises:
Diante da vigente Constituio, portanto, pode-se conceituar a contribui-
o social como espcie de tributo com finalidade constitucionalmente
definida, a saber, interveno no domnio econmico, interesse das ca-
tegorias profissionais ou econmicas e seguridade social. (2009, p.214)
As contribuies de seguridade social (instrumento pelo qual a sociedade financia a seguridade social) esto estabelecidas nos artigos 149 e 195 da
Constituio Federal. Tem como funo subsidiar o oramento da seguridade
social. So exemplos de contribuies de seguridade social: previdencirias:
empregado, empregador e empresa; no-previdencirias: contribuio para
financiamento da seguridade social (COFINS); contribuio social sobre o
lucro lquido (CSLL); PIS/PASEP; CPMF, FGTS, Salrio Educao, etc.
O ente competente para a instituio das contribuies sociais a Unio,
porm compete ao INSS a arrecadao e a fiscalizao. Nestes casos, ocorre
uma delegao para fiscalizar e arrecadar, por essa razo chamado de tri-
buto parafiscal.
A contribuio de interveno no domnio econmico comumente chamada CIDE. destinada ao Poder Pblico com finalidade regulatria,
sendo caracterizada como um instrumento de interveno no domnio eco-
nmico, tendo funo extrafiscal, isto, de corrigir distores em setores
da atividade econmica. Exemplo, a CIDE dos Combustveis, cuja previso
est no artigo 177, 4 da Constituio Federal. A lei que regulamenta a sua
cobrana a de n 10.336/2001 e suas alteraes posteriores.
As contribuies profissionais ou corporativas so destinadas a organizar e manter as entidades associativas. A funo das contribuies de interesse
de categorias profissionais constituir receita para financiar as entidades
representativas. Ex. SESI, SENAI, OAB, CRC, CRM, CRF, etc.
Quando se fala em contribuies profissionais, recordamo-nos da contribui-
o confederativa e da contribuio sindical. Mas, afinal, qual destas possui
natureza tributria? A Contribuio sindical possui natureza tributria, por-
tanto obrigatria e est prevista no artigo 578 e seguintes da Consolidao
das Leis do Trabalho (CLT). J a contribuio confederativa no tem natureza
tributria e sua previso est no artigo 8, IV da Constituio Federal, sendo
exigvel apenas dos filiados ao sindicato.
Neste sentido a Smula 666 do Supremo Tribunal Federal (STF):
STF Smula n 666 - A contribuio confederativa de que trata o art.
8, IV, da Constituio, s exigvel dos filiados ao sindicato respectivo.
A Constituio Federal estabelece no artigo 149 que:
Art. 149. Compete exclusivamente Unio instituir contribuies so-
ciais, de interveno no domnio econmico e de interesse das cate-
gorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao
nas respectivas reas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e
III, e sem prejuzo do previsto no art. 195, 6, relativamente s contri-
buies a que alude o dispositivo.
As contribuies especiais so de competncia da Unio, que devem
utiliz-las como instrumento de atuao nas respectivas reas. Elas esto
vinculadas s suas finalidades de instituio e devem observar o princpio da
anterioridade geral e nonagesimal.
As contribuies especiais devem ser institudas mediante lei ordinria, res-
salvado as contribuies sociais residuais, previstas no artigo 195, 4, que
exigem Lei Complementar. A lei que instituir qualquer contribuio especial
deve definir o fato gerador, a base de clculo e o contribuinte.
Estabelece o pargrafo 1 do artigo 149 da Constituio Federal que os
Estados, Distrito Federal e Municpios podero instituir contribuies sociais,
cobrveis de seu funcionalismo, para o custeio, em benefcio destes, de sis-
tema previdencirio. De acordo com o artigo 195, 6 da Constituio Fe-
deral as contribuies sociais s podero ser exigidas depois de decorridos
noventa dias da data da publicao da lei que as houver institudo ou modi-
ficado. Trata-se da observncia da anterioridade nonagesimal.
Smula:interpretao majoritria adotada por um Tribunal
Superior acerca de assuntoespecfico; esse entendimento
deve ser adotado por outros tribunais e juzes.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 36
Pode-se considerar que pagamos contribuies porque pertencemos a um
grupo, seja rgos de classe, empregados, empregadores e outros. A finali-
dade das contribuies custear determinadas atividades atinentes a certos
grupos. Por meio dessa arrecadao que a Unio vai atuar e realizar as
necessidades daquele grupo.
Marco Aurlio GRECO diferencia impostos, taxas e contribuies com uma
clareza inigualvel. Para ele, quando todos os cidados forem destinatrios
do produto da arrecadao estamos falando de impostos; j quando houver
somente um destinatrio estamos falando de taxa; e quando um grupo for
o beneficiado, o produto da arrecadao advm das contribuies. (Palestra
proferida na Academia Brasileira de Direito Constitucional. Curitiba/Paran,
em 24/06/2004)
Manoel Gonalves FERREIRA FILHO (1999, p.104), ao tratar de contribui-
es, comenta prudentemente que:
No Brasil, o volume da arrecadao dessas contribuies excede ao
dos impostos, taxas e contribuies de melhoria, o que explicita a sua
importncia para as finanas do pas.
H certa tendncia em aumentar o nmero de contribuies no Brasil, tendo
em vista a eficcia na arrecadao, aliada ao fato de que a Unio no divide
o produto da arrecadao com os Estados, Distrito Federal e Municpios.
Ademais, a Constituio Federal estabelece poucas regras sobre esse tributo,
o que possibilita uma larga atuao do legislador.
A Emenda Constitucional n 39, de 2002, criou uma nova espcie de con-
tribuio especial. Trata-se da contribuio para o custeio de iluminao pblica, que pode ser cobrada na fatura de consumo de energia eltrica. Segue o artigo 149-A na ntegra:
Art. 149-A Os Municpios e o Distrito Federal podero instituir con-
tribuio, na forma das respectivas leis, para o custeio do servio de
iluminao pblica, observado o disposto no art. 150, I e III.
Pargrafo nico. facultada a cobrana da contribuio a que se
refere o caput, na fatura de consumo de energia eltrica.
e-Tec BrasilAula 5 Contribuies Especiais e os Emprstimos Compulsrios 37
Essa Emenda Constitucional foi fruto de reivindicaes dos executivos muni-
cipais aps o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar inconstitucional a taxa
de iluminao pblica cobrada pelos Municpios. A Corte Superior chegou a
editar a Smula 670 que diz O servio de iluminao pblica no pode ser
remunerada mediante taxa.
A classificao desse tributo como contribuio questionada, levando em
conta que tem verdadeira natureza jurdica de imposto, uma vez que des-
tinada ao custeio de atividade de interesse geral, no sendo vinculada a um
grupo social.
5.1 Emprstimos compulsriosA instituio dos Emprstimos Compulsrios est prevista no artigo
148 da Constituio Federal, tendo por objetivo atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou de sua iminncia, ou ainda, no caso de investimento de carter urgente e
de relevante interesse nacional. Veja-se a ntegra desse artigo:
Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir em-
prstimos compulsrios:
I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade
pblica, de guerra externa ou sua iminncia;
II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.
Pargrafo nico. A aplicao dos recursos provenientes de emprstimo
compulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio.
Somente a Unio, por meio da edio de lei complementar, pode instituir os
emprstimos compulsrios.
A Lei Complementar exige um quorum especial, ou seja, a aprovao da
norma tributria por maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional
(artigo 69 da Constituio Federal), a qual fixada com base no nmero
total dos integrantes da Casa Legislativa e no com base no nmero de pre-
sentes na sesso de votao. Assim, a maioria absoluta da Cmara ser de
257 (duzentos e cinquenta e sete) deputados, enquanto que no Senado ser
de 41 (quarenta e um) senadores.
Despesas Extraordinrias:gasto alm do comum.Calamidade Pblica:
catstrofe pblica.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 38
O emprstimo compulsrio atinente a investimento de carter urgente e de
relevante interesse nacional deve respeitar o princpio da anterioridade, isto
, s pode ser cobrado no ano seguinte ao da instituio, o que evidente-
mente coloca em dvida o seu carter de urgncia.
medida que cessarem as causas que deram origem aos emprstimos com-
pulsrios, a Unio deve revogar as leis instituidoras destes. A Constituio
Federal no fixou prazo para o exaurimento dos emprstimos compulsrios,
limitando, somente, a expresso supresso gradativa.
Entretanto, Roque Antonio CARRAZA (2004, p.529) concorda com Aliomar
BALEEIRO, no sentido de que, considerando o contido no artigo 76 do Cdi-
go Tributrio Nacional, o prazo para a supresso gradativa dos emprstimos
compulsrios de cinco anos, contados da celebrao da paz.
Trata-se de um ingresso de recursos temporrios. Posteriormente, o Estado
ter que restituir os contribuintes. A aplicao dos recursos advindos do em-
prstimo compulsrio vinculada despesa que fundamentou sua instituio.
Um exemplo recente de Emprstimo Compulsrio foi o exigido dos consu-
midores de gasolina ou lcool para veculos automotores. O emprstimo
calculado sobre o consumo de combustveis foi cobrado junto com o preo
da gasolina e do lcool. Essa matria foi regulada pelo Decreto-Lei n 2.288
de 23 de julho de 1986.
ResumoEspcies de contribuies especiais:
a) Sociais.
b) Interveno no domnio econmico.
c) Interesse de categorias profissionais ou econmico-corporativas.
d) Custeio de iluminao pblica.
Sntese das espcies tributrias:
Imposto: no h qualquer ao por parte do Estado;
Taxa: h uma atividade do Estado, seja poder de polcia (fiscalizao) ou realizao de servio pblico;
e-Tec BrasilAula 5 Contribuies Especiais e os Emprstimos Compulsrios 39
Contribuio de melhoria: realizao de uma obra pblica pelo Estado e valorizao do imvel;
Contribuies especiais: sociais, interveno no domnio econmico, interesse de categorias profissionais ou econmico-corporativas, custeio
de iluminao pblica.
Emprstimo compulsrio: despesas extraordinrias; ingresso tempor-rio de recursos.
Anotaes
Para conhecer um poucomais acerca da contribuio
para o custeio de iluminaopblica, acesse o site
www.dominiopublico.gov.br e leia o texto A contribuio de
iluminao pblica, categoria direito, do renomado autor Hugo
de Brito Machado.Veja a notcia do Supremo
Tribunal Federal (STF), veiculada em 14 de maio de 2004,
intitulada 2 Turma do STF julga procedente Ao Rescisria
da Unio contra Associao de Consumidores do Paran, no
endereo eletrnico:www.stf.gov.br
Para saber mais acerca doEmprstimo Compulsrio leia:
ROLIM, Alson Francisco.Emprstimos compulsrios:
natureza jurdica no vigente sistema constitucional. Jus
Navigandi, Teresina, ano 5, n. 47, nov. 2000.Disponvel em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1419
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 40
e-Tec Brasil41
Aula 6 Obrigao Tributria
O objetivo dessa aula que voc compreenda a obrigao tributria prin-
cipal ou acessria, e os elementos da obrigao principal: fato gerador,
sujeito ativo, sujeito passivo, base de clculo e alquota.
Essa aula foi desenvolvida a partir da identificao dos elementos que
compem a obrigao tributria. Ao final dessa aula, voc saber reco-
nhecer uma obrigao principal e acessria, bem como os elementos da
obrigao principal: o sujeito ativo, o sujeito passivo, o fato gerador, a
alquota e a base de clculo.
Nos termos do artigo 113 do Cdigo Tributrio Nacional, a obrigao tribu-
tria principal ou acessria. A obrigao principal surge com a ocorrncia
do fato gerador. Tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniria e se extingue juntamente com o crdito dela decorrente. J a
obrigao acessria decorre da legislao tributria e tem por objeto as pres-
taes, positivas ou negativas, nela previstas, no interesse da arrecadao ou
da fiscalizao dos tributos.
Na obrigao tributria h um vnculo jurdico onde o devedor paga uma
prestao em proveito do credor. A prestao ser sempre de natureza tribu-
tria, seja de dar, fazer ou no fazer.
A obrigao principal o pagamento do tributo ou da penalidade, enquanto
a obrigao acessria aquela sem contedo pecunirio, que se traduz em
prestaes positivas ou negativas no interesse da fiscalizao ou arrecadao
de tributos, como as obrigaes de emitir documentos fiscais, de escriturar
livros e de entregar declaraes.
O fato gerador da obrigao principal a situao definida em lei como ne-
cessria e suficiente sua ocorrncia, de acordo com o artigo 114 do Cdigo
Tributrio Nacional. O fato gerador do IPTU a propriedade, o domnio til
ou a posse de bem imvel; do IPVA propriedade do veculo automotor;
do ICMS a sada de mercadorias de estabelecimento de contribuintes, do fornecimento de alimentao, bebidas e outras situaes previstas em lei
ordinria estadual.
ICMS:Imposto sobre operaesrelativas circulao demercadorias e prestao deservios.
O fato gerador da obrigao acessria qualquer situao que, na forma da
legislao aplicvel, impe a prtica ou a absteno de ato que no configu-
re obrigao principal (art.115 do Cdigo Tributrio Nacional).
Na obrigao tributria, tm-se dois sujeitos, dois atores sempre em cena: o
sujeito ativo e o sujeito passivo. O sujeito ativo da obrigao a pessoa jur-
dica de direito pblico, titular da competncia para exigir o seu cumprimento
(artigo 119 do Cdigo Tributrio Nacional). O sujeito passivo da obrigao
principal a pessoa (contribuinte ou responsvel) obrigada ao pagamento
de tributo ou penalidade pecuniria e o sujeito passivo da obrigao acess-
ria a pessoa obrigada s prestaes que constituam seu objeto (artigos 121
e 122 do Cdigo Tributrio Nacional).
Na determinao do valor da obrigao pecuniria tributvel, de funda-
mental importncia distinguir base de clculo e alquota.
A base de clculo a grandeza econmica sobre a qual se aplica a alquota
para calcular a quantia a pagar. Exemplos: a base de clculo do IPVA o valor venal do veculo automotor; do IPTU o valor venal do imvel, isto , o preo de venda, incluindo terreno e construo; do ITBI valor venal do bem, e no o preo convencionado pelas partes; do ISS das empresas o valor do servio prestado; do IR o montante, real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tributveis.
A alquota o percentual ou valor fixo que ser aplicado sobre a base de cl-
culo para o cmputo do valor de um tributo. A alquota ser um percentual
quando a base de clculo for um valor econmico e ser um valor quando a
base de clculo for uma unidade no monetria. As alquotas, em regra, so
fixadas por lei ordinria federal, estadual e municipal.
Resumo Obrigao tributria: principal ou acessria;
Fato gerador: ocorrncia do fato previsto em lei como tributvel;
Sujeito ativo: Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios;
Sujeito passivo: contribuinte ou responsvel;
Base de clculo: valor econmico;
IPTU:Imposto sobre a propriedade
predial territorial urbano.IPVA:
Imposto sobre apropriedade de veculos
automotores.ISS:
Imposto sobre servios dequalquer natureza.
ITBI:Impostos sobre a
transmisso inter vivos debens imveis e direitos a eles
relativos.IR:
Imposto sobre renda eproventos de qualquer natureza.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 42
Alquota: percentual ou valor fixo que se aplica sobre a base de clculo.
Atividades de aprendizagem1. Maria da Conceio, viva, veio a falecer deixando uma casa de alvena
ria, avaliada em R$100.000,00 (cem mil reais) e nico herdeiro. Aps o trmite do in-
ventrio, com a transmisso do bem, necessrio o paga-mento de um imposto. Diante
dessas informaes responda: (Para facili-tar, consulte o artigo 155 da Constituio Fe-
deral).
b) Quem o plo ativo dessa obrigao tributria?
c) Quem o plo passivo dessa obrigao tributria?
d) Qual o imposto que deve ser pago?
e) Qual o fato gerador do imposto a ser pago?
f) Qual a base de clculo do imposto a ser pago?
2. Marcos Jos comprou um terreno localizado na zona rural no Municpiode Araucria, avaliado em R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).
No momento de transcrio do instrumento translativo do domnio do
imvel no Registro Imobilirio necessrio o pagamento de um imposto,
com alquota de 2% (dois por cento). Diante dessas informaes,
responda: (Para facilitar, consulte o artigo 156 da Constituio Federal)
a) Quem o sujeito ativo dessa obrigao tributria?
e-Tec BrasilAula 6 Obrigao Tributria 43
b) Quem o sujeito passivo dessa obrigao tributria?
c) Qual o imposto que deve ser pago?
d) Qual o fato gerador do imposto a ser pago?
e) Qual a base de clculo do imposto a ser pago?
f) Qual o valor da alquota do imposto?
Anotaes
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 44
e-Tec Brasil45
Aula 7 Competncia Tributria
O objetivo dessa aula que voc entenda a competncia tributria das
pessoas polticas (Unio, Estados-membros, Distrito Federal e Municpios).
Essa aula foi desenvolvida a partir do entendimento doutrinrio e do dispos-
to no Cdigo Tributrio Nacional e na Constituio Federal. Ao final desta
aula, voc compreender competncia tributria e suas caractersticas.
A Constituio Federal no cria os tributos, mas atribui competncias para
que os diversos entes federativos possam institu-los, com a observncia do
princpio da legalidade.
Trata-se de uma faculdade concedida pelo constituinte aos entes federados
para instituir e cobrar tributos, para garantir renda prpria e implementar a
autonomia poltica e administrativa, tornando eficaz o princpio federativo.
A Constituio Federal outorga uma faculdade Unio, Estados, Distrito
Federal e Municpios para institurem e, uma vez ocorrido o fato imponvel,
a hiptese de incidncia, cobrarem os tributos. No se trata de um poder
tributrio, mas de uma competncia tributria.
Destarte, no h que falar em poder-dever do sujeito de direito pblico,
mas de uma faculdade a ser exercida. Isso se comprova pelo fato de vrios
Municpios brasileiros no implementarem a cobrana do ISS e, ainda, pelo
fato de a Unio nunca ter institudo e cobrado o Imposto sobre Grandes
Fortunas.
A doutrina define competncia tributria:
Competncia Tributria a aptido para criar, in abstracto, tributos. No
Brasil, por injuno do princpio da legalidade, os tributos so criados,
in abstracto, por meio de lei (art.150, I, da CF), que deve descrever
todos os elementos essenciais da norma jurdica tributria. (CARRAZA,
2004, p. 449)
Princpio da legalidade:atender ao que dispe a lei.
O Cdigo Tributrio Nacional (CTN) enuncia que:
Art. 6 A atribuio constitucional de competncia tributria compre-
ende a competncia legislativa plena, ressalvadas as limitaes conti-
das na Constituio Federal, nas Constituies dos Estados e nas Leis
Orgnicas do Distrito Federal e dos Municpios, e observado o disposto
nesta Lei.
Pargrafo nico. Os tributos cuja receita seja distribuda, no todo ou
em parte, a outras pessoas jurdicas de direito pblico pertence com-
petncia legislativa daquela a quem tenham sido atribudos.
Art. 6 A atribuio constitucional de competncia tributria compreende a
competncia legislativa plena, ressalvadas as limitaes contidas na Consti-
tuio Federal, nas Constituies dos Estados e nas Leis Orgnicas do Distrito
Federal e dos Municpios, e observado o disposto nesta Lei.
Pargrafo nico. Os tributos cuja receita seja distribuda, no todo ou em
parte, a outras pessoas jurdicas de direito pblico pertence competncia
legislativa daquela a quem tenham sido atribudos.
Extrai-se desse artigo que a competncia tributria plena, ou seja, as pes-
soas polticas podem instituir e exonerar tributos, observando-se, claro, os
limites descritos na Constituio Federal (artigos 150 a 152), nas Constitui-
es Estaduais, nas Leis Orgnicas e no Cdigo Tributrio Nacional.
Dentre os limites constitucionais tributrios destaca-se, entre outros: a) exigir ou aumentar tributos com a observncia do princpio da legalidade;
b) no utilizar o tributo com efeito de confisco; c) observar o princpio da anterioridade, ou seja, h necessidade de lei anterior ao exerccio financeiro
em que se ir cobrar o tributo sobre patrimnio e renda; d) no possvel estabelecer limitaes, barreiras, ao trfego de pessoas e bens; e) imunidade recproca entre os entes da federao. Ressalta-se que as Constituies
Estaduais e as Leis Orgnicas tambm devem respeitar os limites normativos
constitucionais federais.
O pargrafo nico do artigo 6 do Cdigo Tributrio Nacional deixa claro que
a distribuio da receita tributria no fator modificativo da competncia.
O Cdigo Tributrio Nacional estabelece, ainda, a regra da indelegabilidade
da competncia (artigo 7), no sentido de que a competncia indelegvel,
Confisco:apreender um bem ou produto
em proveito do fisco, do Estado.Imunidade:
isento, livre do pagamento deimpostos.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 46
isto , no pode ser transferida, exceto as funes de arrecadar, fiscalizar, exe-
cutar as leis, servios, atos ou decises administrativas em matria tributria.
Resumo Constituio Federal atribui competncias aos entes federados.
Competncia uma faculdade a ser exercida.
A competncia para instituir e exonerar tributos deve observar os limites constitucionais.
A regra a indelegabilidade de competncias.
Anotaes
e-Tec BrasilAula 7 Competncia Tributria 47
e-Tec Brasil49
Aula 8 Dos Impostos da Unio, Estados, DistritoFederal e Municpios
O objetivo dessa aula que voc conhea os impostos que podem ser ins-
titudos e cobrados pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios. Essa
aula foi desenvolvida a partir do contido na Constituio Federal.
Ao final da aula, voc entender quais so os impostos de competncia da
Unio, dos Estados-Membros, do Distrito Federal e dos Municpios.
De regra, a Unio pode instituir os impostos enumerados no artigo 153 da
Constituio Federal:
Art. 153. Compete Unio instituir impostos sobre:
I - importao de produtos estrangeiros;
II - exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionaliza-
dos;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativas a ttulos ou
valores mobilirios;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
Excepcionalmente, a Unio pode instituir, por lei complementar, de acordo
com o artigo 154 da Constituio Federal, os impostos no previstos no
artigo 153, desde que sejam no-cumulativos e no tenham fato gerador
ou base de clculo prprios dos discriminados na Constituio Federal. E,
tambm, os impostos extraordinrios na iminncia ou no caso de guerra ex-
terna, compreendidos ou no em sua competncia tributria, os quais sero
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criao. Trata-se da
competncia residual, como doutrinariamente classificada.
Importante lembrar que a Unio detm uma competncia mltipla na insti-
tuio dos impostos. Isso significa que a Unio pode instituir e cobrar os im-
postos estaduais nos territrios federais e, caso estes no sejam segmenta-
dos em Municpios, caber, tambm, a instituio dos impostos municipais.
Isso o contido no artigo 147 da Constituio Federal:
A Constituio Federal nada menciona quanto competncia das taxas e
contribuies de melhoria nos territrios. Sobre a questo, veja-se a soluo,
bastante prudente, apresentada pela doutrina:
No menciona taxas nem contribuio de melhoria, porque isso
desnecessrio, uma vez que a pessoa que fornece o servio ou que,
por suas obras, gera valorizao imobiliria, pode sempre, por fora
do caput do artigo em exame, criar a respectiva taxa ou contribuio.
(FERREIRA FILHO, 1999, p.102)
8.1 Dos impostos dos Estados e do Distrito Federal
Aos Estados cabe instituir os impostos enumerados no artigo155 da Consti-
tuio Federal:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmisso causa mortis e doao, de quaisquer bens ou direitos;
II - operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes
de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comuni-
cao, ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior;
III - propriedade de veculos automotores.
A Constituio Federal (artigo 147, parte final) outorgou ao Distrito Federal
a competncia para instituir e cobrar, alm dos impostos estaduais, os mu-
nicipais.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 50
8.2 Dos impostos dos municpiosOs Municpios podem instituir, de acordo com o artigo 156 da Constitui
Federal:
Art. 156. Compete aos Municpios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmisso inter vivos, a qualquer ttulo, por ato oneroso, de
bens imveis, por natureza ou acesso fsica, e de direitos reais sobre
imveis, exceto os de garantia, bem como cesso de direitos a sua
aquisio;
III - servios de qualquer natureza, no compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.
Com a Constituio de 1988, os Municpios passaram a fazer parte da Fede-
rao e, por consequncia, adquiriram autonomia administrativa, financeira
e poltica. Essa autonomia advm da capacidade de poder instituir e arreca-
dar tributos na sua esfera de competncia.
Resumo Impostos da Unio: II, IE, IR, IPI, IOF, ITR e Grandes Fortunas.
Impostos dos Estados: ITCMD, ICMS e IPVA.
Impostos dos Municpios: IPTU, ITBI e ISS.
Atividades de aprendizagem Os Estados e os Municpios podem instituir outros impostos alm dos
enumerados nos artigos 155 e 156 da Constituio Federal?
e-Tec BrasilAula 8 Dos Impostos da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios 51
e-Tec Brasil53
Aula 9 Peculiaridades dos Impostos da Unio
O objetivo dessa aula que voc conhea as peculiaridades dos impostos
de competncia da Unio.
Essa aula foi desenvolvida a partir do contido na Constituio Federal e no
Cdigo Tributrio Nacional. Ao final da aula, voc saber identificar as ca-
ractersticas de cada um dos impostos federais.
So impostos da Unio. Imposto de Importao; Imposto de Exportao;Imposto
sobre a renda e proventos de qualquer natureza; Imposto sobreProdutos Indus-
trializados; Imposto sobre Operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativos
a ttulos ou valores mobilirios; Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural;
e, Imposto sobre Grandes Fortunas. Seguem comentrios acerca de cada um.
9.1 Imposto de Importao (II)O Imposto de Importao tambm conhecido por tarifa aduaneira ou
imposto regulatrio, cujo objetivo maior regular o comrcio exterior do
que propriamente uma arrecadao para a Unio, isto , a funo extrafis-
cal. Sua previso est no artigo 19 do Cdigo Tributrio Nacional.
Art. 19. O imposto, de competncia da Unio, sobre importao de
produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no ter-
ritrio nacional.
No basta o simples ingresso no territrio nacional. necessrio que, para
a incidncia do imposto, os bens devam ser destinados a permanecer de
forma definitiva no Pas. Nesse contexto, quando os navios e aeronaves que
adentram no Pas de passagem, estacionam ou atracam e depois seguem
para outros destinos com as mercadorias que transportam, no h a ocor-
rncia do fato gerador do Imposto de Importao.
Nos termos do artigo 21 do Cdigo Tributrio Nacional, o Poder Executivo
pode, nas condies e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alquotas
ou as bases de clculo do imposto, a fim de ajust-lo aos objetivos da poltica
cambial e do comrcio exterior. Todavia, esse dispositivo deve ser interpreta-
do de acordo com o previsto no artigo 153, 1 da Constituio Federal que
prescreve: facultado ao Poder Executivo, atendidas as condies e os
limites estabelecidos em lei, alterar alquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V. Assim, compete ao Poder Executivo alterar somente a
alquota do Imposto de Importao. Por essa razo, o imposto de importao
no se sujeita ao princpio da anterioridade (artigo 150, 1, da Constituio
Federal).
O contribuinte, sujeito passivo do imposto, o importador ou quem a lei a
ele equipar e o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
9.2 Imposto de Exportao (IE)O Imposto de Exportao tambm um imposto regulatrio. Sua funo
tambm extrafiscal, haja vista que o objetivo mais regular o comrcio
exterior do que propriamente uma arrecadao para a Unio. Sua previso
est no artigo 23 do Cdigo Tributrio Nacional.
Art. 23. O imposto, de competncia da Unio, sobre a exportao,
para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como
fato gerador a sada destes do territrio nacional.
O imposto de exportao incide sobre a exportao, para o estrangeiro, de
produtos nacionais ou nacionalizados, tendo como fato gerador a sada dos
produtos do territrio nacional. considerado ocorrido o fato gerador do
tributo no momento da expedio da guia de exportao ou documento
equivalente.
Da mesma forma que no imposto de importao, o Poder Executivo pode,
nas condies e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alquotas ou as
bases de clculo do imposto, a fim de ajust-los aos objetivos da poltica
cambial e do comrcio exterior. Isso o contido no artigo 26 do Cdigo Tri-
butrio Nacional. Todavia, esse dispositivo deve ser interpretado de acordo
com o previsto no artigo 153, 1 da Constituio Federal que prescreve:
facultado ao Poder Executivo, atendidas as condies e os limites estabele-
cidos em lei, alterar alquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e
V. Assim, compete ao Poder Executivo alterar somente a alquota do Impos-
to de Exportao. Por essa razo, o imposto de exportao no se sujeita ao
princpio da anterioridade (artigo 150, 1, da Constituio Federal).
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 54
O contribuinte, sujeito passivo do imposto, o exportador, isto aquele
que promove a sada do produto do territrio nacional, ou quem a lei a ele
equiparar.
9.3 Imposto de Renda - IRO Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza utilizado como
instrumento de distribuio de renda. Sua funo fiscal, sendo considerado
como uma das principais fontes tributrias da Unio. Sua previso est no
artigo 43 do Cdigo Tributrio Nacional.
Art. 43. O imposto, de competncia da Unio, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisio da disponibilidade
econmica ou jurdica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da com-binao de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acrscimos pa-trimoniais no compreendidos no inciso anterior.
1 A incidncia do imposto independe da denominao da receita ou do rendimento, da localizao, condio jurdica ou nacionalidade da fonte, da
origem e da forma de percepo.
2 Na hiptese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei es-tabelecer as condies e o momento em que se dar sua disponibilidade,
para fins de incidncia do imposto referido neste artigo.
O fato gerador do tributo a aquisio da disponibilidade econmica ou
jurdica da renda e de proventos de qualquer de natureza, ou simplesmente
o acrscimo de patrimnio. Renda o produto do capital, ou do trabalho,
ou da combinao de ambos. J proventos so todos os outros acrscimos
patrimoniais como aposentadorias, penses e doaes.
O contribuinte, sujeito passivo do imposto, pessoa fsica ou jurdica, o titu-
lar da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuzo de a lei atri-
buir essa condio ao possuidor, a qualquer ttulo, dos bens produtores de
renda ou dos proventos tributveis. A lei pode atribuir fonte pagadora da
renda ou dos proventos tributveis a condio de responsvel pelo imposto
cuja reteno e recolhimento lhe caibam.
e-Tec BrasilAula 9 Peculiaridades dos Impostos da Unio 55
A base de clculo do imposto o montante, real, arbitrado ou presumido da
renda ou dos proventos tributveis.
As alquotas so variveis de acordo com o nvel dos rendimentos do contri-
buinte, observando, com isso, o princpio da progressividade e da capacida-
de contributiva.
O artigo 153, 2 dispe que o Imposto de Renda ser informado pelos cri-
trios da generalidade, da universalidade e da progressividade. Generalidade
significa dizer que incide sobre a renda de qualquer pessoa; universalidade
expressa que incide sobre todas as rendas e proventos; j progressividade
exprime que quanto maior o acrscimo patrimonial, maior ser o valor da
alquota.
Segue adiante a tabela progressiva para o clculo anual do Imposto de Ren-
da Pessoa Fsica para o ano-calendrio de 2010, de acordo com a Lei n
11.482, de 31 de maio de 2007, com as alteraes da Medida Provisria
451, de 2008.
IV - a partir do ano-calendrio de 2010:
9.1: Tabela Progressiva MensalBase de Clculo (R$) Alquota (%) Parcela a Deduzir do IR (R$)
At 1.499,15 - -
De 1.499,16 at 2.246,75 7,5 112,43
De 2.246,76 at 2.995,70 15 280,94
De 2.995,71 at 3.743,19 22,5 505,62
Acima de 3.743,19 27,5 692,78
Fonte: Lei n 11.482, 31 de Maio de 2007
9.4 Imposto sobre Produtos Industrializa-dos (IPI)
Sua nomenclatura original era Imposto de Consumo, tendo em vista que o
sujeito passivo de direito eram os industriais, importadores, arrematantes,
comerciantes e atacadistas de produtos industrializados, mas os contribuin-
tes de fatos eram os consumidores, uma vez que o imposto aderia ao preo
do produto.
Noes de Direito Tributrioe-Tec Brasil 56
Atualmente, em razo do princpio constitucional da no-cumulatividade,
os agentes econmicos na cadeia de circulao de bens e servios recolhem o
imposto apenas sobre o valor que adicionou ao produto, em que o valor que foi
pago na operao anterior lhe d um crdito a ser abatido do dbito ao imposto.
A esse imposto aplicado tambm o princpio da seletividade dos produtos,
contemplando a tabela do IPI vrias alquotas a serem utilizadas, tudo de
acordo com a essencialidade do produto. Dessa forma, as alquotas dos re-
mdios so menores que as da bebida, do cigarro e dos refrigerantes.
Ademais, nos termos do artigo 153, 1, da Constituio Federal, faculta-
do ao Poder Executivo, atendidas as condies e os limites estabelecidos em
lei, alterar alquota do Imposto sobre Produtos Industrializados.
Considera-se produto industrializado o que tenha sido submetido a qual-
quer operao que lhe modifique a natureza e a finalidade ou o aperfeioe
para o consumo.
De acordo com o artigo 153, 3, inciso III, da Constituio Federal, no h
incidncia do IPI sobre os produtos industrializados destinados ao exterior.
O Imposto sobre Produtos Industrializados, de acordo como o artigo 46 do
Cdigo Tributrio Nacional (CTN), tem como fato gerador:
a) seu desembarao aduaneiro, quando de procedncia estrangeira;
b) sua sada do estabelecimento do importador ou quem a lei equiparar; do industrial ou quem a lei a ele equiparar; do comerciante de produtos
sujeitos ao imposto; do arrematante de produtos apreendidos ou aban-
donados levados a leilo;
c) sua arrematao, quando apreendido ou abandonado e levado a leilo. O contribuinte do IPI, sujeito passivo, o importador, industrial, comer-
ciante, o arrematador, ou a quem a lei os equipar, de acordo com a situ-
ao concreta.
9.5 Imposto sobre Operaes Financeiras (IOF)Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro, e sobre Operaes
relativas a Ttulos ou valores Mobilirios tem funo extrafiscal, podendo ser
utilizado como instrumento de poltica financeira.
e-Tec BrasilAula 9 Peculiaridades dos Impostos da Unio 57
O artigo 63 do Cdigo Tributrio Nacional estabelece as operaes em
que h incidncia do IOF:
Art. 63. O imposto, de competncia da Unio, sobre operaes de
crdito, cmbio e seguro, e sobre operaes relativas a ttulos e valores
mobilirios tem como fato gerador:
I - quanto s operaes de crdito, a sua efetivao pela entrega total
ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obriga-
o, ou sua colocao disposio do interessado;
II - quanto s operaes de cmbio, a sua efetivao pela entrega de
moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou
sua colocao disposio do interessado em montante equivalente
moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta disposio por este;
III - quanto s operaes de seguro, a sua efetivao pela emisso da
aplice ou do documento equivalente, ou recebimento do prmio, na
forma da lei aplicvel;
IV - quanto s operaes relativas a ttulos e valores mobilirios, a emisso,
transmisso, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicvel.
Pargrafo nico. A incidncia definida no inciso I exclui a definida no
inciso IV, e reciprocamente, quanto emisso, ao pagamento ou resga-
te do ttulo representativo de uma mesma operao de crdito.
Assim como acontece no Imposto de Exportao, Importao e Produtos In-
dustrializados o Poder Executivo pode, nas condies e nos l