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·auarta-feira, 27 de Agosto de 2014 I SÉRIE- Número 69 , BOLETIM DA REPÚBLICA PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE, E.P. AVISO A matéria a publicar no «Boletim da República» deve ser remetida em cópia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, além das indicações necessárias para esse efeito, o averbamento seguinte, assinado e autenticado: Para publicação no «Boletim da República». SUMÁRIO Assembleia da República: Lei n.º 1812014: Lei da Sindicalização na Função Pública. Lei n.º 19/2014: Lei de Protecção da Pessoa, do Trabalhador e do Candidato a Emprego Vivendo com HIV e SIDA. ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Lei n. o 18/2014 de 27 de Agosto Havendo necessidade de estabelecer_ o quadro jurídico para o exercício da liberdade sindical na Administração Pública, nos termos do n. 0 4 do artigo 86 da Constituição, a Assembleia da República determina: CAPÍTULO I Disposições Gerais ARTIGO 1 (Definições) Os termos usados na presente Lei constam do glossário, em anexo, que dela faz parte integrante. ARTIGO 2 (Objecto) A presente Lei estabelece o quadro jurídico para o exercício da liberdade sindical na Administração Pública. ARTIG03 (Âmbito) A presente Lei abrange os funcionários e agentes do Estado, no activo ou aposentados, que prestam serviço na Administração directa e indirecta do Estado e nas autarquias locais, nos termos do regime do Estatuto Geral dos-Funcionários e Agentes do Estado. ARTIGO 4 (Instituições não abrangidas) É regulado por lei especial o exercício da liberdade sindical para o funcionário ou agente do Estado que se encontre numa das seguintes situações: a) dirigente superior do Estado e ou entidade nomeada pelo Presidente da República; b) exercício de cargos de direcção; c) exercício de cargos de chefia; d) exercício de cargos de confiança; e) exercício de cargos e funções e carreiras diplomáticas nas forças paramilitares, incluindo os guardas e ou fiscais florestais; f) exercício de funções e de inspecção; g) exercício de funções na Presidência da República; h) exercício de funções nas Forças Armadas de Defesa; i) exercício de funções nas forças policiais; j) .exercício de funções nos serviços de migração; k) exercício de funções nos serviços penitenciários; l) exercício de funções nos serviços de salvação pública; m) exercício de funções nas magistraturas; n) exercício de funções na entidade encarregue de ádministração e cobrança dos impostos internos e do comércio externo; o) exercício de funções nos serviços de prevenção e combate às calamidades naturais; p) no gozo de licença ilimitada e registada. CAPÍTULO II Finalidade, Direitos e Garantias Fundamentais ARTIGO 5 (Finalidade da liberdade sindical) O exercício da liberdade sindical na Administração Pública visa assegurar a participação dos funcionários e agentes do Estado na defesa e desenvolvimento dos seus direitos e interesses. sócio-profissionais.

Novaleihiv Sida

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  • auarta-feira, 27 de Agosto de 2014 I SRIE- Nmero 69

    , BOLETIM DA REPBLICA

    PUBLICAO OFICIAL DA REPBLICA DE MOAMBIQUE

    IMPRENSA NACIONAL DE MOAMBIQUE, E.P.

    AVISO

    A matria a publicar no Boletim da Repblica deve ser remetida em cpia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, alm das indicaes necessrias para esse efeito, o averbamento seguinte, assinado e autenticado: Para publicao no Boletim da Repblica.

    SUMRIO

    Assembleia da Repblica:

    Lei n. 1812014:

    Lei da Sindicalizao na Funo Pblica.

    Lei n. 19/2014:

    Lei de Proteco da Pessoa, do Trabalhador e do Candidato a Emprego Vivendo com HIV e SIDA.

    ASSEMBLEIA DA REPBLICA

    Lei n. o 18/2014

    de 27 de Agosto

    Havendo necessidade de estabelecer_ o quadro jurdico para o exerccio da liberdade sindical na Administrao Pblica, nos termos do n.0 4 do artigo 86 da Constituio, a Assembleia da

    Repblica determina:

    CAPTULO I

    Disposies Gerais

    ARTIGO 1

    (Definies)

    Os termos usados na presente Lei constam do glossrio, em

    anexo, que dela faz parte integrante.

    ARTIGO 2

    (Objecto)

    A presente Lei estabelece o quadro jurdico para o exerccio

    da liberdade sindical na Administrao Pblica.

    ARTIG03

    (mbito)

    A presente Lei abrange os funcionrios e agentes do Estado,

    no activo ou aposentados, que prestam servio na Administrao

    directa e indirecta do Estado e nas autarquias locais, nos termos do

    regime do Estatuto Geral dos-Funcionrios e Agentes do Estado.

    ARTIGO 4

    (Instituies no abrangidas)

    regulado por lei especial o exerccio da liberdade sindical

    para o funcionrio ou agente do Estado que se encontre numa

    das seguintes situaes:

    a) dirigente superior do Estado e ou entidade nomeada pelo

    Presidente da Repblica;

    b) exerccio de cargos de direco; c) exerccio de cargos de chefia; d) exerccio de cargos de confiana; e) exerccio de cargos e funes e carreiras diplomticas

    nas foras paramilitares, incluindo os guardas e ou

    fiscais florestais;

    f) exerccio de funes e de inspeco; g) exerccio de funes na Presidncia da Repblica;

    h) exerccio de funes nas Foras Armadas de Defesa;

    i) exerccio de funes nas foras policiais; j) .exerccio de funes nos servios de migrao; k) exerccio de funes nos servios penitencirios;

    l) exerccio de funes nos servios de salvao pblica;

    m) exerccio de funes nas magistraturas; n) exerccio de funes na entidade encarregue de

    dministrao e cobrana dos impostos internos e do

    comrcio externo;

    o) exerccio de funes nos servios de preveno e combate

    s calamidades naturais;

    p) no gozo de licena ilimitada e registada.

    CAPTULO II

    Finalidade, Direitos e Garantias Fundamentais

    ARTIGO 5

    (Finalidade da liberdade sindical)

    O exerccio da liberdade sindical na Administrao Pblica

    visa assegurar a participao dos funcionrios e agentes do

    Estado na defesa e desenvolvimento dos seus direitos e interesses.

    scio-profissionais.

  • 1460

    CAPTULO VII

    Disposies Finais ARTIGO 57

    (Direito de associao profissional)

    Todos os funcionrios e agentes do Estado, excepo dos .referidos nas alneas d) e e) do artigo 4 da presente Lei, podem, querendo, constituir associaes scio-profissionais e nelas se filiarem.

    ARTIGO 58

    (Entrada em vigor)

    A presente lei entra em vigor 90 dias aps a sua publicao.

    Aprovada pela Assembleia da Repblica, os 26 de Junho de 2014.

    A Presidente da Assembleia da Repblica, Vernica Nataniel Macamo Dlhovo.

    Promulgada em 14 de Agosto de 2014.

    Publique-se .

    O Presidente da Repblica, ARMANDO EMLIO GUEBUZA.

    ANEXO

    Glossrio

    Para efeitos da presente Lei entende-se por:

    a) Acto ilcito - uma aco ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia que contraria a lei e que viole o direito causando dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.

    b) Administrao Pblica - o conjunto de rgos centrais e locais do Estado, autarquias locais e institutos pblicos.

    c) Agente do Estado - cidado contratado ou designado nos termos da lei ou por outro ttulo, mas que no seja nomeado para os quadros de pessoal dos rgos centrais e locais do Estado, para o desempenho de certas funes na Administrao Pblica.

    d) Arbitragem- acontece quando a Administrao Pblica e ou os Sindicatos no aceitam a proposta do mediador, recorrendo as partes a qualquer momento do decurso das negociaes, ao processo de arbitragem do qual resultam decises de carcter obrigatrio.

    e) Bons costumes - o conjunto de regras ticas aceites pelas pessoas honestas, correctas, de boa f, num dado ambiente e num certo momento.

    f) Confederao geral - associao de federaes e ou unies nacionais de sindicatos.

    g) Comit intersindical - rgo intermdio dos comits sindicais da organizao dos funcionrios e agente da Administrao Pblica em cada unidade orgnica.

    h) Comit sindical - rgo de base da organizao dos funcionrios e agente do Estado em cada instituio ou unidade orgnica.

    i) Conciliao- uma forma de resoluo de controvrsias na relao de interesses, administrada por um mediador investido de autoridade pelas partes, a quem compete aproxim-las, controlar as negociaes, sugerir e formular propostas e apontar vantagens e desvantagens.

    j) Delegado sindical - o rgo representativo dos funcionrios e agentes do Estado em instituies cujo o quadro de pessoal no u1trapasse 30 funcionrios.

    I SRIE- NMERO 69

    k) Dirigente da Administrao Pblica - funcionrio ou agente da administrao pblica com funes de direco ou chefia na estrutura administrativa.

    l) Estrutura administrativa - unidade orgnica da Administrao Pblica que integra certo nmero de funcionrios e agentes do Estado.

    m) Federao - associao de sindicatos da mesma . profisso ou do mesmo ramo de actividade.

    n) Funcionrio do Estado- cidado nomeado para lugares do quadro de pessoal e que exercem actividades nos rgos centrais e locais do Estado.

    o) Mediao - envolv.e duas ou mais partes, constitui um mecanismo de resoluo de conflitos e problemas e acontece quando as partes esto disponveis/ predispostas a dialogar para encontrar uma soluo para o referido problema, mas que para tal acontea, necessitam da assistncia de uma terceira parte que seja imparcial e neutra.

    p) Negociao colectiva- negociao efectuada entre as associaes sindicais e a Administrao Pblica das matrias relativas ao Estatuto Geral dos Funcionrios e Agentes do Estado e nos regulamentos em vigor na Administrao Pblica.

    q) Porta-voz - a pessoa encarregue de comunicar publicamente as concluses e o andamento do processo negocial.

    r) Sindicato - associao permanente de funcionrios e agentes da Administrao Pblica para defesa e desenvolvimento dos seus direitos e interesses scio-profissionais.

    s) Unio- associao de sindicatos de base provincial.

    Lei n.o 19/2014

    de 27 de Agosto

    Havendo necessidade de garantir maior respeito pela dignidade da pessoa, vivendo com HIV e SIDA, em conformidade com o disposto no n. 0 1 do artigo 179 da Constituio, a Assembleia da Repblica determina:

    TTULO I

    Disposies gerais

    CAPTULO I

    Disposies gerais

    ARTIGO 1

    (Objecto)

    1. A presente Lei estabelece os direitos e deveres da pessoa vivendo com HIV e SIDA e garante a promoo de medidas necessrias para a preveno, proteco e tratamento da mesma.

    2. Igualmente, estabelece os direitos e deveres do trabalhador ou candidato a emprego vivendo com HIV e SIDA.

    ARTIGO 2

    (mbito da aplicao)

    A presente Lei aplica-se a toda a pessoa vivendo com HIV e SIDA, ao pessoal da sade e a outras pessoas em situao de risco ou de transmisso, bem como a todo o trabalhador e candidato a emprego na Administrao Pblica e noutros sectores pblicos ou privados e ao trabalhador domstico.

  • 27 DE AGOSTO DE 2014

    ARTIGO 3

    (Definies)

    Os termos usados na presente Lei constam do glossrio, em anexo, do qual parte integrante.

    ARTIGO 4

    (Princpio da no descriminao)

    1. A pessoa- vivendo com HIV e SIDA goza dos mesmos direitos e tratamento de qualquer outra pessoa.

    2. A pessoa vivendo com HIV e SIDA no deve ser discriminada ou estigmatizada em razo do seu estado de seropositividade.

    TTULO II

    Direitos e deveres da pessoa vivendo com HIV e SIDA

    CAPTULO I

    Direitos e deveres da pessoa vivendo com HIV e SIDA

    ARTIGO 5

    (Direitos)

    A pessoa vivendo com HIV e SIDA tem os seguintes direitos:

    a) assistncia mdica e medicamentosa; b) coabitao e educao; c) participao na tomada de decises e em outros actos

    familiares; d) candidatar-se a emprego, e a cargos pblicos ou privados; e) trabalho e formao profissional; f) preservao e respeito da imagem, da identidade,

    da autonomia, dos valores, das ideias e crenas e da integridade sexual, moral e psquica;

    g) respeito da privacidade no seio da famlia e da comunidade;

    h) respeito da condio serolgica; i) solidariedade e assistncia da fam1ia e da comunidade; j) assistncia social; k) alimentos, nos termos da Lei da Fam1ia e outra legislao

    aplicvel.

    2. Os cidados tm direito a devida indemnizao em virtude de contaminao dolosa por terceiro ou resultante de erro, negligncia ou incria mdica ou de terceiros.

    ARTIGO 6

    (Direito de preservao do estado serolgico)

    1. Constitui direito da pessoa vivendo com HIV e SIDA no ser obrigada a revelar o seu estado serolgico, salvo nos casos previstos na presente Lei e demais legislao pertinente.

    2. A pessoa vivendo com HIV e SIDA no poder ser submetida, sem o seu prvio conhecimento e consentimento, a exames mdicos de HIV e SIDA.

    3. Ningum deve informar, publicar ou divulgar, por qualquer meio que seja, o estado serolgico de qualquer pessoa vivendo com HIV e SIDA a terceiros, sem o consentimento desta, sob pena de incorrer nas sanes previstas na lei.

    CAPTULO II

    Direitos especiais da pessoa vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade

    ARTIGO 7

    (Criana ou adolescente vivendo com HIV e SIDA)

    1. A criana ou adolescente vivendo com HIV e SIDA tem os direitos e garantias consagrados na Constituio da Repblica

    1461

    e nas convenes internacionais, nomeadamente a Declarao dos Direitos da Criana, a Carta Africana dos Direitos e Bem-estar da Criana e demais legislao nacional.

    2. A famlia e a comunidade asseguram que toda a criana ou adolescente vivendo com HIV e SIDA tenha o direito assistncia, nomeadamente educao, sade, alimentao, psico-social e habitao no seio da sua fam1ia e, s em casos excepcionais, em faiD11ias substitutas.

    ARTIGO 8

    (Mulher vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade)

    A mulher vivendo com HIV e SIDA, para alm dos direitos gerais consagrados na presente Lei, goza ainda dos seguintes direitos:

    a) assistncia em caso de ser vtima de abuso sexual; b) prioridade no acesso ao aconselhamento e testagem; c) prioridade no acesso ao tratamento, nos programas de

    proteco social e nos programas de subsdios de alimentos ou aco social produtiva;

    d) manuteno na casa do casal, salvo se por deciso judicial for atribuda ao cnjuge.

    ARTIGO 9

    (Criana vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade)

    A criana vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade tem direito a:

    a) acesso educao, alimentao, habitao, aos cuidados mdicos, assistncia psico-social no seio da sua fam1ia e, excepcionalmente, em faiD11ias substitutas ou instituies de acolhimento;

    b) respeito pela sua condio serolgica; c) assistncia por um curador de menores, do tribunal da

    rea jurisdicional da sua residncia; d) acompanhamento pelo Estado garantindo a sua insero

    social, at atingir a maioridade.

    ARTIGO 10

    (Pessoa idosa vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade)

    A pessoa idosa vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade, para alm dos direitos consagrados na Constituio, nas convenes internacionais e nas demais leis, tem direito a ser acolhida na fam1ia e, excepcionalmente, em fam1ias substitudas ou em centros de acolhimento.

    ARTIGO 11

    (Pessoa com deficincia vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade)

    1. A Pessoa com deficincia vivendo com HIV e SIDA, para alm dos direitos consagrados na Constituio, nas convenes internacionais e nas demais leis, tem direito a ser atendida na fam1ia e, excepcionalmente, em fam1ias substitudas ou em centros de acolhimento.

    2. A pessoa com deficincia vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade tem direito assistncia social, cuidados mdicos, acesso informao, comunicao e educao cvica sobre a preveno, mitigao e combate ao HIV e SIDA, ser atendida na fam1ia e, excepcionalmente, em fam1ias substitudas ou em centros de acolhimento.

    3. Em funo da tipologia da sua deficincia, tem tambm direito informao, comunicao e educao cvica, na linguagem apropriada.

  • 1462

    ARTIGO 12

    (Pessoa toxicodependente vivendo com HV e SIDA em estado de vulnerabilidade)

    1. A pessoa toxicodependente vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade, para alm dos direitos consagrados na Constituio da Repblica, nas convenes internacionais e nas demais leis, tem direito a ser atendida na famlia e, excepcionalmente, em fanu1ias substitudas ou em instituies vocacionadas.

    2. A pessoa toxicodependente vivendo com HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade tem direito ao apoio psico-social, programas de reabilitao e de preveno e tratamento do HIV e SIDA.

    ARTIGO 13

    (Deveres e responsabilidades da pessoa vivendo com HIV e SIDA)

    A pessoa vivendo com HIV e SIDA tem, entre outras, as seguintes responsabilidades:

    a) abster-se da prtica de relaes sexuais sem a necessria proteco;

    b) no passar a outrem lminas, agulhas ou outros objectos cortantes ou perfurantes usados;

    c) adoptar atitudes, hbitos e comportamentos que evitem a transmisso a outrem;

    d) sensibilizar, de forma permanente, a outras pessoas vivendo com HIV e SIDA ou no sobre os seus deveres, quanto doena;

    e) cumprir com a prescrio mdica; f) informar o seu estado serolgico ao clnico; g) dar a conhecer ao cnjuge ou parceiro sexual sobre a sua

    condio serolgica; h) no doar sangue e seus derivados, leite matemo, rgos

    ou tecidos para uso teraputico, salvo no mbito de investigao cientfica.

    ARTIGO 14

    (Deveres da pessoa em geral)

    Todo aquele que conhecer lgum vivendo com HIV e SIDA, estigmatizado ou discriminado pela fanu1ia ou pela comunidade, deve dar a conhecer:

    a) aos rgos competentes do Estado do local de residncia da pessoa vivendo com HIV e SIDA;

    b) aos lderes comunitrios, lderes religiosos, parentes ou outras personalidades influentes que possam proteger e salvaguardar os direitos da pessoa discriminada ou estigmatizada.

    ARTIGO 15

    (Dever de colaborao)

    As organizaes no-governamentais e outras de carcter social, quando devidamente autorizadas pela autoridade que superintende a rea da sade, podem realizar aconselhamento, testagem e tratamento da pessoa vivendo com HIV e SIDA e apoiar as pessoas afectadas.

    ARTIGO 16

    (Discriminao e maus tratos)

    1. proibida a discriminao, estigmatizao e maus tratos a:

    a) pessoa vivendo com HIV e SIDA; b) criana ou adolescente rfo de pais, vtimas de SIDA; c) cnjuge vivo vtima de SIDA;

    I SRIE- NMERO 69

    d) pessoa com deficincia vivendo com HIV e SIDA; e) pessoa txico-dependente vivendo com HIV e SIDA.

    2. Todo aquele que discriminar, estigmatizar ou maltratar a pessoa vivendo com HIV e SIDA ou seus parentes incorre em responsabilidade civil e criminal, devendo pagar uma indemnizao ao ofendido pelo acto.

    RTIGO 17

    (Discriminao em estabelecimento de ensino)

    1. proibida a constituio de escolas, turmas e grupos especiais para pessoas vivendo com HIV e SIDA.

    2. , igualmente, proibida a recusa de acesso aos servios de ensino em instituies pblicas ou privadas do estudante vivendo com HIV e SIDA.

    CAPTULO III

    Responsabilidade do Estado

    ARTIGO 18

    (Dever do Estado)

    1. O Estado assegura pessoa vivendo com HIV e SIDA o gozo e o exerccio dos direitos e garantias fundamentais consagrados na Constituio da Repblica e demais leis.

    2. O Estado assegura a alocao dos meios necessrios s unidades sanitrias do Servio Nacional de Sade para o atendimento e tratamento da pessoa vivendo com HIV e SIDA.

    3. O Estado garante sangue seguro e seus derivados. 4. O Estado define e implementa polticas de preveno,

    combate e mitigao do impacto do HIV e SIDA. 5. O Estado deve garantir o acesso informao sobre o HIV

    e SIDA e suas consequncias, bem como sobre os benefcios da testagem voluntria.

    6. Assegurar a assistncia social da pessoa vivendo com HIV e SIDA.

    ARTIGO 19

    (Dever de Indemnizao)

    1. O Estado obriga-se a indemnizar toda pessoa que for infectada pelo HIV e SIDA, por acto de funcionrios e tcnicos de sade no exerccio de funes ao servio do Estado.

    2. Para efeitos do disposto no nmero anterior, o Estado responde solidariamente com o funcionrio ou tcnico de sade, nos termos gerais do Direito.

    3. O empregador do sector pblico e privado tem as mesmas responsabilidades do Estado referidas nos n.s 1 e 2 do presente artigo.

    CAPTULO IV

    Comunidades locais

    ARTIGO 20

    (Integrao na comunidade).

    No processo de integrao social, a pessoa vivendo com o HIV e SIDA deve ser aceite na comunidade, sem estigmatizao nem discriminao.

    ARTIGO 21

    (Deveres do praticante da medicina tradicional)

    1. Os praticantes da medicina tradicional e seus auxiliares devem atender e prestar os seus servios no aconselhamento e encaminhamento da pessoa vivendo com HIV e SIDA para as unidades sanitrias.

  • 27 DE AGOSTO DE 2014

    2. No exerccio das suas actividades, o praticante da medicina tradicional e seus auxiliares so obrigados a observar medidas seguras para evitar a transmisso do HIV.

    3. Os praticantes da medicina tradicional e seus auxiliares devem abster-se de fazer publicidade enganosa de cura de HIV e SIDA.

    CAPTULO V

    Formao e educao cvica

    ARTIGO 22

    (Formao em matria de HIV e SIDA)

    Na formao e capacitao das autoridades tradicionais, praticantes da medicina tradicional, polticos, lderes comunitrios, religiosos e outras personalidades influentes, deve-se incluir matrias relativas preveno e combate ao HIV e SIDA.

    ARTIGO 23

    (Educao cvica)

    No desenvolvimento das suas actividades as autoridades tradicionais, praticantes da medicina tradicional, polticos, lderes comunitrios, religiosos e outras personalidades influentes, devem disseminar informao para a preveno e combate ao HIV e SIDA.

    ARTIGO 24

    (Capacitao de activistas de HIV e SIDA)

    As organizaes sociais vocacionadas devem promover a capacitao de activistas em matrias de preveno e combate ao HIV e SIDA.

    CAPTULO VI

    Servios de sade

    ARTIGO 25

    (Formao profissional especializada)

    1. O Estado promove a formao profissional especializada sobre as matrias de preveno e combate ao HIV e SIDA, providenciando cursos dirigidos ao pessoal da sade e quelas pessoas que prestam apoio s comunidades, na rea do HIV e SIDA.

    2. O Estado deve regular a capacitao dos praticantes de medicina tradicional, em matrias de HIV e SIDA.

    ARTIGO 26

    (Teste de HIV)

    1. proibida a realizao de testes para o diagnstico de infeco por HIV sem consentimento informado voluntrio, salvo nos seguintes casos:

    a) quando, por considerao do clnico, constar do expediente clnico a necessidade de se efectuar o teste de HIV para fins exclusivamente relacionados com a sade e tratamento do paciente;

    b) quando se trate de doao de sangue e seus derivados, leite matemo, rgos e tecidos humanos;

    c) quando se requeira para fins processuais penais e ou civis com prvia ordem da autoridade judicial competente;

    d) realizao de qualquer interveno cirrgica programada e ou de urgncia.

    2. Os exames serolgicos do HIV a menores de 11 anos de idade s so realizados mediante a permisso dos pais ou tutor que, para o efeito, devem ser informados da necessidade do teste e prestem o seu consentimento, salvo as excepes previstas na presente Lei ou noutra legislao, respeitando-se sempre o interesse superior do menor.

    1463

    3. Aos menores de idade compreendida entre os 11 e 18 anos -lhes assegurado a possibilidade de aceitarem ou no a permisso dos pais ou tutores para a realizao do teste.

    ARTIGo27

    (Teste mulher grvida)

    1. A mulher grvida tem direito ao acesso a aconselhamento pr e ps- testagem, como parte do pacote de cuidados pr-natais, .estando salvaguardada a confidencialidade.

    2. O clnico deve oferecer o servio de aconselhamento e testagem de rotina mulher grvida como parte dos cuidados pr-natais aps o seu consentimento.

    ARTIGO 28

    (Confidencialidade do teste)

    1. O clnico que realize o teste serolgico de HIV ou outro profissional da sade que dele tiver conhecim.ento, no deve divulg-lo a terceiro, salvo pessoa testada ou ao seu cnjuge, aos seus progenitores ou tutor, no caso de ser menor de idade, nos termos da presente Lei ou de outra legislao.

    2. A violao do disposto no nmero anterior confere direito indemnizao a pessoa testada e as pessoas afectadas pela quebra de confidencialidade.

    ARTIGO 29

    (Tipos de testagem para o HIV)

    O Estado reconhece e permite a realizao dos seguintes tipos de testagem para o HIV:

    a) aconselhamento e testagem iniciada pelo utente; b) aconselhamento e testagem iniciada pelo provedor; c) aconselhamento e testagem como parte da rotina dos

    cuidados; d) aconselhamento e testagem em sade na comunidade; e) aconselhamento e testagem diagnstica.

    ARTIGO 30

    (Mecanismos de manuteno e controlo)

    O ministrio que superintende a rea da sade deve estabelecer mecanismos uniformes de controlo e registo para vigilncia epidemiolgica que garantam o anonimato e todas as outras situaes excepcionais previstas por lei ou definidas segundo orientaes da Organizao Mundial da Sade.

    ARTIGO 31

    (Laboratrios)

    Os laboratrios ou bancos de sangue onde se realizem exames para diagnstico de HIV devem estar devidamente registados no ministrio que superintende a rea da sade e esto obrigados a manter um sistema actualizado de registo e informao para as autoridades sanitrias.

    ARTIGO 32

    (Medicamentos)

    1. Cabe ao Governo padronizar os medicamentos a serem utilizados em cada estgio de infeco e da doena no Servio Nacional de Sade, bem como regulamentar a sua comercializao.

    2. A padronizao dos medicamentos e da terapia de tratamento do HIV e SIDA deve ser revista e publicada, sempre que for necessrio, para se adequar ao conhecimento cientfico actualizado e disponibilidade de novos medicamentos e terapias no mercado.

  • 1464

    ARTIGO 33

    (Deveres dos agentes do Servio Nacional de Sade)

    1. Os agentes do Servio Nacional de Sade devem agir com zelo e diligncia nos cuidados prestados, incluindo no tratamento da pessoa vivendo com HIV e SIDA e abster-se de atitudes ou comportamentos discriminatrios ou de estigma.

    2. A violao do disposto no nmero anterior objecto de processo disciplinar e, sempre que couber, a responsabilidade civil e criminal, nos termos da presente Lei e demais legislao aplicvel.

    ARTIGO 34

    (Protocolos clnicos e guies tcnicos)

    A abordagem clnica, bem como os respectivos protocolos e guies tcnicos so definidos pelo ministrio que superintende a rea da sade.

    CAPTULO VII

    Educao e acesso educao ARTIGO 35.

    (Informao, comunicao e educao cvica)

    1. O Estado promove mecanismos de informao, comunicao e educao cvica para a preveno e combate ao HIV e SIDA.

    2. Para o efeito, o Estado promove, atravs dos rgos ou das organizaes da sociedade civil, instituies ou individualidades, campanhas de informao e de educao cvica que estimulem ao aconselhamento, testagem, preveno e combate estigmatizao e discriminao, e incentiva a aderncia ao tratamento.

    ARTIGO 36

    (rgos de comunicao social pblicos) O Estado grante, atravs dos rgos de comunicao

    social pblicos e maioritariamente participados pelo Estado, a divulgao gratuita de programas sobre a preveno e combate ao HIV e SIDA.

    ARTIGO 37

    (Proibio do teste serolgico de HIV)

    proibida a exigncia do teste serolgico para acesso ao ensino, aces de formao ou qualquer outra actividade.

    ARTIGO 38

    (Curriculum escolar)

    O Governo deve introduzir nos curricula das escolas pblicas e privadas matrias sobre preveno e combate ao HIV e SIDA e outras infeces de transmisso sexual.

    CAPTULOVIll

    Estabelecimento penitencirio ARTIGO 39

    (Informao no estabelecimento penitencirio)

    O Governo deve garan.tir informao necessria com vista a preveno e combate ao HIV e SIDA nos estabelecimentos penitencirios.

    ARTIGO 40

    (Assistncia no estabelecimento penitencirio)

    O estabelecimento penitencirio que tiver reclusos vivendo com HIV e SIDA deve garantir assistncia e tratamento dos mesmos, providenciando meios e cuidados por forma a evitar a contaminao e propagao do HIV e SIDA e doenas a ele associadas.

    I SRIE- NMERO 69

    CAPTULO IX

    Servios de apoio jurdico e judicirio

    ARTIGO 41

    (Testagem ps exposio por crimes sexuais)

    1. assegurada profilaxia de ps exposio a todas as vtimas de crime sexual.

    2. Consoante as circunstncias do caso o Juiz ou o Ministrio Pblico deve, oficiosamente, ordenar a submisso do autor de crime sexual testagem ps exposio para diagnstico de infeco por HIV e SIDA.

    3. Nos casos em que se verifique a ausncia das autoridades referidas no nmero anterior, a entidade policial pode decidir a submisso testagem ps exposio para diagnstico de infeco por HIV e SIDA.

    ARTIGO 42

    (Servio de apoio jurdico e judicirio)

    1. O Estado garante o direito assistncia jurdica e ao patrocnio judicirio pessoa vivendo com HIV e SIDA ou seu representante, nQs casos em que sejam violados os seus direitos, decorrentes da presente Lei e demais legislao aplicvel.

    2. As organizaes no-governamentais e outras de carcter social que lidam com as matrias relativas preveno e combate ao HIV e SIDA podem dar apoio judicirio pessoa vivendo com HIV e SIDA ou ao seu representante.

    CAPTULO X

    Investigao e estudos cientficos ARTIGO 43

    (Investigao e estudos cientficos)

    1. O Estado promove e assegura a realizao de investigao e estudos cientficos com vista preveno, controlo, tratamento e cura do HIV e SIDA, bem assim da mitigao do seu impacto.

    2. Compete ao Governo regulamentar o estabelecido no nmero anterior.

    TTULO III

    Proteco do trabalhador e candidato a emprego vivendo com HIV e SIDA

    CAPTULO I

    Princpios gerais de proteco dos direitos do trabalhador e candidato a emprego vivendo com HIV e SIDA

    ARTIGO 44

    (Privacidade)

    O trabalhador e candidato a emprego, funcionrio e agente do Estado, na Administrao Pblica e outros sectores pblico ou privado, incluindo os trabalhadores domsticos vivendo com HIV e SIDA gozam do direito privacidade sobre a sua condio serolgica no local de trabalho ou fora dele.

    ARTIGO 45

    (Confidencialidade)

    1. O trabalhador e candidato a emprego, funcionrio e agente do Estado, na Administrao Pblica e outros sectores pblico ou privado, incluindo o trabalhador domstico vivendo com HIV e SIDA gozam do direito confidencialidade sobre a sua condio de seropositivo no local de trabalho ou fora dele.

    2. Os profissionais de sade, dos servios pblico ou privado e outros equiparados que prestem servios a uma entidade empregadora so obrigados a manter confidencialidade da informao sobre trabalhadores seropositivos.

  • 27 DE AGOSTO DE 2014

    ARTIG046

    (Consentimento)

    1. O trabalhador, candidato a emprego, funcionrio ou agente do Estado no obrigado a informar o seu estado de seropositividade ao seu empregador e os responsveis de instituies de emprego ou recrutamento, salvo em caso de consentimento livre e expresso do trabalhador.

    2. O trabalhador, candidato a emprego, funcionrio e agente do Estado pode requerer voluntariamente o teste de HIV, devendo o mesmo ser feito por uma pessoa qualificada e numa unidade sanitria ou outra entidade competente.

    ARTIG047

    (Igualdade)

    1. O trabalhador, candidato ao emprego, funcionrio e agente do Estado no deve ser discriminado nos seus direitos de trabalho, formao, promoo e progresso na carreira por ser portador de HIV e SIDA.

    2. A todo o trabalhador, candidato ao emprego, funcionrio e agente do Estado deve ser assegurado o princpio de igualdade de direitos, de oportunidades, em funo do seu mrito e capacidade de desempenhar a sua funo laboral.

    ARTIGO 48

    (Proteco)

    O trabalhador, candidato a emprego, funcionrio e agente do Estado, na Administrao Pblica e outros sectores pblico ou privado, incluindo o trabalhador domstico vivendo com HIV e SIDA, caso pertenam a algum grupo populacional considerado vulnervel ou marginalizado, gozam do direito proteco contra discriminao sobre a sua condio de seropositivo e vulnerabilidade no local do trabalho ou fora dele.

    CAPTULO II

    Direitos e deveres do trabalhador e candidato a emprego

    ARTIG049

    (Direitos do trabalhador vivendo com HIV e SIDA)

    1. O trabalhador vivendo com HIV e SIDA tem os seguintes direitos especficos:

    a) assistncia mdica e medicamentosa; b) coabitao e educao; c) formao profissional; d) progresso na carreira; e) respeito pela sua condio serolgica; j) solidariedade e assistncia dos colegas; g) denunciar s entidades competentes em caso de

    estigmatizao e discriminao pela entidade empregadora ou pelos colegas;

    h) participar nas actividades de preveno e combate ao HIV e SIDA no local de trabalho;

    i) apoio e assistncia social; j) receber a devida indemnizao em virtude de contaminao

    dolosa por terceiro ou resultante de erro, negligncia ou incria mdica ou de terceiros.

    2. Para efeitos de assistncia mdica e medicamentosa e outros direitos constantes da lei, o trabalhador, funcionrio e agente do Estado deve, voluntariamente, comunicar o seu estado serolgico sua entidade empregadora.

    1465

    ARTIGO 50

    (Deveres do trabalhador)

    Constituem deveres do trabalhador vivendo com HIV e SIDA:

    a) no passar a outrem lminas, agulhas ou outros objectos usados cortantes ou perfurantes passveis de transmitir o HIV;

    b) adoptar atitudes, hbitos e comportamentos que evitem a transmisso do HIV a outrem no local de trabalho;

    c). abster-se da prtica de relaes sexuais sem a devida proteco;

    d) sensibilizar, de forma permanente os.colegas de trabalho e outras pessoas vivendo ou no com. HIV e SIDA sobre os seus deveres, quanto doena;

    e) cumprir com a prescrio mdica.

    ARTIGO 51

    (Direitos do candidato a emprego)

    Constituem direitos do candidato a emprego:

    a) no ser submetido a teste de HIV para efeitos de emprego; b) no ser discriminado no seu direito ao trabalho por ser

    portador de HIV e SIDA.

    ARTIGO 52

    (Proibio do teste serolgico de HIV)

    proibida a exigncia do teste serolgico para candidatura ao emprego em instituies pblicas ou privadas, para manuteno da relao jurdico-laboral ou ainda para aces de formao, promoo profissional ou qualquer outra actividade.

    ARTIGO 53

    (Deveres da entidade empregadora)

    1. A entidade empregadora obrigada a manter a assistncia mdica devida ao trabalhador, funcionrio e agente do Estado infectado com HIV e SIDA, mesmo quando impossibilitado de trabalhar, nos limites da lei.

    2. A assistncia mdica referida no nmero anterior a disponvel no pas.

    3. Dentro dos limites da lei, as entidades empregadoras devem estabelecer polticas e programas de preveno e combate ao HIV e SIDA no local de trabalho.

    4. As entidades empregadoras devem, em parceria com os servios competentes, no mbito da sua responsabilidade social, criar servios de informao, educao, comunicao, aconselhamento e testagem nos seus locais de trabalho.

    5. A entidade empregadora obrigada a assegurar o cumprimento das normas de sade, higiene e segurana no local de trabalho.

    6. A entidade empregadora est obrigada a subscrever um seguro de sade, que, dentre outras, possa cobrir situaes de infeces ocupacionais de trabalhadores pelo HIV e SIDA, durante o exerccio de funes.

    ARTIGO 54

    (Infeco ocupacional)

    A entidade empregadora dever prover servios e meios de trabalho que evitem e diminuam o risco de infeco ocupacional dos trabalhdores durante a realizao de actividades.

  • 1466

    CAPTULO IV

    Risco, infeco, precauo, proibio de testes e reorientao

    ARTIGO 55

    (Risco de infeco)

    O trabalhador, funcionrio e agente do Estado infectado com HIV deve abster-se de comportamentos que possam colocar em risco de contgio a colegas e utentes dos seus servios.

    ARTIGO 56

    (Infeco ocupacional)

    1. O trabalhador, funcionrio e agente do Estado que fique infectado com HIV e SIDA no local de trabalho, no exerccio da sua actividade profissional, tem garantida a assistncia mdica e medicamentosa adequada, sem prejuzo da compensao a que tem direito.

    2. A assistncia mdica e medicamentosa referida no nmero anterior da responsabilidade da entidade empregadora.

    3. Sem prejuzo do acima disposto, a entidade empregadora deve indemnizar os trabalhadores que contraiam HIV e SIDA durante e em virtude do exerccio de funes.

    4. A entidade empregadora deve fornecer todas as informaes necessrias ao trabalhador infectado, referentes proviso de servios de aconselhamento,. tratamento e pagamento de indemnizao.

    5. A entidade empregadora no pode rescindir o contrato de trabalho celebrado com o trabalhador em virtude da sua situao de seropositividade, sob pena das sanes previstas na lei ..

    ARTIGO 57

    (Medidas de Precauo)

    As entidades empregadoras que explorem servios de laboratrios, clnicas mdicas, unidades sanitrias ou outras equiparadas e cujos trabalhadores entrem ou possam entrar em contacto com lixos hospitalares e fluidos corporais, devem tomar as necessrias medidas de precauo, proteco e preveno para evitar a infeco pelo HIV.

    ARTIGO 58

    (Reorientao profissional)

    A entidade empregadora obrigada a treinar e reorientar todo o trabalhador, funcionrio e agente do Estado infectado com o

    HIV e SIDA que no esteja apto a desempenhar as suas funes laborais, ocupando-o num posto de trabalho compatvel com as suas capacidades residuais.

    CAPTULO V

    Faltas, despedimento e indeminizao

    ARTIGO 59

    (Regime de faltas)

    As faltas por doena do trabalhador, funcionrio ou agente do Estado vivendo com HIV e SIDA so consideradas justificadas e integram o regime de prestaes de Segurana Social ou outros mecanismos de assistncia social vigentes, com estrita observncia da confidencialidade do competente processo.

    ARTIGO 60

    (Despedimento)

    Todo o trabalhador, funcionrio e agente do Estado que for despedido por ser pessoa vivendo com HIV e SIDA, considerado como tendo sido despedido sem justa causa e tem direito a uma inderninizao, sem embargo para a sua reintegrao.

    I SRIE- NMERO 69

    ARTIGO 61

    (No admisso de candidato)

    O candidato a emprego que no for admitido, depois de qualificado, por ser seropositivo, tem direito a uma indemnizao equivalente a seis meses de salrio correspondente categoria em concurso, sem prejuzo de responsabilidade criminal.

    ARTIGO 62

    (Indemnizao)

    1. Para efeitos de clculo do valor da indemnizao considerado 4 salrios da categoria do trabalhador por cada ano de servio.

    2. O trabalhador que, no tenha completado pelo menos um ano de servio, a indemnizao fixado em 3 salrios da categoria do trabalhador.

    3. Para alm da indemnizao a que tem direito, o trabalhador, fundonrio e agente do Estado despedido rios termos do n.0 1 deste artigo, tem direito a uma penso nos termos da Lei.

    TTULO IV

    Das Infraces e penalizaes

    CAPTULO I

    Sanes e multas por violao dos direitos do trabalhador e candidato a Emprego

    ARTIGO 63

    (Sanes e multas)

    1. Todo aquele que violar as disposies do artigo 51 da presente Lei condenado na pena de multa correspondente entre quinze a trinta salrios mnimos.

    2. A pena de multa prevista no n. 0 1, agravada at cinquenta salrios mnimos, sempre que se tratar de reincidncia.

    3. Todo aquele que quebrar a confidencialidade prevista no artigo 45 da presente Lei condenado na pena de multa correspondente entre quinze a quarenta salrios mnimos, se pena mais grave no couber.

    3. Todo aquele que violar o disposto no n. 0 1 do artigo 46 da presente Lei condenado na pena de multa correspondente entre quarenta a sessenta salrios mnimos.

    4. Incorre na pena de multa correspondente a cem salrios mnimos, todo aquele que violar o disposto no artigo 4 7 da presente Lei.

    5. Para efeito de determinao do salrio mnimo considera-se o respectivo sector de actividade.

    ARTIGO 64

    (Destino das multas)

    As multas resultantes da aplicao da presente Lei so distribudas nos seguintes termos:

    a) 30% para o Oramento do Estado; b) 60% para a instituio que coordena as intervenes de

    resposta ao HIV e SIDA; c) 10% para a instituio de inspeco respectiva.

    CAPTULO II

    Sanes e multas por violao dos direitos' da pessoa vivendo com HIV e SIDA

    ARTIGO 65.

    (Sanes e multas)

    1. Aquele que, sendo agente de sade, provedor de cuidados, ou outro profissional, violar o dever de zelo e diligncia, ofender a honra e dignidade da pessoa vivendo com HIV e SIDA,

  • 27 DE AGOSTO DE 2014

    discriminando-a ou desprezando-a, ser sancionado com uma multa que varia entre trs a quinze salrios mnimos praticados na funo pblica, em funo do seu grau de culpa, sem prejuzo de responsabilidade criminal.

    2. Aquele que, fazendo-se passar por agente ou profissional de sade, cometer os mesmos factos ser aplicada a mesma pena prevista no nmero anterior, sem prejuzo de responsabilidade criminal.

    3. Aquele que discriminar a pessoa vivendo com HIV e SIDA no acesso habitao, ao transporte, aos 'cuidados de sade, educao, cultura, ao desporto ou outros servios pblicos ou privados a que estejam reservados os direitos de acesso pblico, ser condenado pena correspondente a quinze salrios mnimos praticados na funo pblica.

    ARTIGO 66

    (Difamao, injria ou calnia)

    Aquele que difamar, injuriar ou caluniar, com base no facto de se ser pessoa vivendo com HIV e SIDA, ser punido nos termos do Cdigo Penal, assistindo ainda ao ofendido o direito a uma indemnizao que varia entre vinte salrios mnimos a quarenta salrios mnimos praticados na funo pblica.

    ARTIGO 67

    (Sigilo do estado serolgico)

    1. Aquele que revelar a confidencialidade de registo ou resultado do estado serolgico de que for depositrio, em razo das suas funes, ser punido com multa de trinta salrios mnimo.s praticados na funo pblica e uma indemnizao em igual valor ao ofendido, sem prejuzo de responsabilidade criminal.

    2. Aquele que, tendo tido conhecimento do estado serolgico de algum, revelar a outrem ser punido com uma multa que varia entre cinco a vinte salrios mnimos praticados na funo pblica e dever indemnizar em igual valor ao ofendido.

    ARTIGO 68

    (Contaminao criminosa)

    Aquele que, sendo agente de sade ou no, dolosamente transmitir, em massa, o vrus HIV, por qualquer meio, ser punido com pena de oito a doze anos de priso maior.

    CAPTULO III

    Disposies finais

    ARTIGO 69

    (Regulamentao)

    Compete ao Governo regulamentar a presente Lei no prazo de 180 dias.

    ARTIGo70

    (Fiscalizao)

    Compete Inspeco Administrativa do Estado, ao ministrio que superintende a rea de servios sociais, ao Ministrio da Sade, e Inspeco Geral do Trabalho fiscalizar o cumprimento da presente Lei.

    ARTIGO 71

    (Legislao subsidiria)

    Aos crimes previstos na presente Lei so aplicveis, subsidiariamente, as disposies do Cdigo Penal e legislao complementar pertinente.

    ARTIGO 72

    (Revogao)

    1467

    So revogadas as Leis n. 0 12/2009, de 12 de Maro, Lei n. 0 5/2002, de 5 de Fevereiro, e toda a legislao que contrarie a presente Lei.

    ARTIGO 73

    (Entrada em vigor)

    A presente lei entra em vigor 90 dias aps a sua publicao.

    Aprovada pela Assembleia da Repblica, aos 17 de Julho de 2014.

    A Presidente da Assembleia da Repblica, Vernica Nataniel Macamo Dlhovo.

    Promulgada em 14 de Agosto de 2014.

    Publique-se .

    O Presidente da Repblica, ARMANDO EMLIO GUEBUZA.

    ANEXO

    Glossrio

    A

    Aconselhamento- um processo de dilogo que se estabelece entre o provedor de sade ou conselheiro e o utente, sobre o seu estado de sade.

    Aconselhamento e testagem como parte da rotina de cuidados - iniciado pelo provedor e realizado como parte de um pacote de cuidados dos servios de sade. O A T oferecido a todos os utentes que acorrem aos servios de sade.

    Aconselhamento e Testagem Iniciada pelo Provedor (A TlP)- refere-se quele iniciado pelo profissional de sade nos servios de sade, onde o utente oferecido o teste com o direito a recusa. Nesta abordagem, todo o utente que acorre unidade sanitria oferecido o teste mas para a sua realizao deve haver o consentimento informado do utente. Este oferecido para todos os utentes que se apresentem a US com ou sem sintomas que sugere infeco pelo HIV, as crianas expostas de HIV/SIDA, e nascidas de progenitores seropositivos e tuberculose.

    Aconselhamento e Testagem Iniciada pelo Utente (A TIU) -antes denominado Aconselhamento e Testagem Voluntria, aquele que iniciado pelo utente que procura voluntariamente a unidade sanitria para conhecer o seu estado serolgico em relao ao HIV para fins de preveno da infeco e para planificar sua vida. Nesta modalidade o teste solicitado pelo indivduo e no pelo profissional de sade e os resultados so "utilizados" pelo indivduo para a tomada de deciso sobre a sua vida.

    Afectado.- refere-se quele que est ou se manifesta atingido por algum sentimento ou emoo ou a familiares e pessoas directamente atingidas emocional e socialmente pela condio de seropositividade da pessoa infectada.

    Apoio e Assistncia - servios sociais de Governo que consistem na oferta de produtos alimentares ou cestas bsicas alimentares a pessoa vivendo com HIV e SIDA.

    c Condio serolgica -condio em que se encontra o plasma/

    sangue de um indivduo so ou doente. Consentimento informado- acto realizado, por escrito, pelo

    utente ou cuidador do utente autorizando, a realizao do teste ou a participao em pesquisas. O consentimento vlido se for assinado pelo utente ou cuidador, e pelo provedor de servios de

  • 1468

    sade reconhecendo que entenderam a natureza, o propsito, os benefcios e os riscos que correm tanto no teste como na pesquisa.

    Criana- todo o ser humano com idade inferior a 18 anos de idade.

    Criana rf e vulnervel- todo o menor de 18 anos que, tendo perdido pai ou me, viva abaixo da linha de pobreza e/ou preencha qualquer uma das seguintes categorias: afectada ou infectada pelo.HIV; crianas em agregados familiares chefiados por um adulto que se encontre em situao de doente crnico, com rendimento abaixo da linha de pobreza; criana da rua e na rua; crianas em conflito com a lei, entre outras, consoante as circunstncias especficas.

    Crnico- que dura h muito tempo (sobretudo doena).

    D Diagnstico - determinao de uma doena atravs de

    sintomas e sinais sugestivos que o indivduo apresenta, assegurado pela confirmao laboratorial e/ou imagem .

    Discriminao - qualquer distino, excluso contra uma pessoa que faz com que ela seja tratada de maneira injusta e desleal com base no facto de fazer parte de um grupo especfico, ou preferncia feita com base no estado de ser ou no seropositivo para efeitos de anular ou diminuir a igualdade de oportunidade e tratamento. Pode ser tambm definida como sendo. prticas negativas que originam o estigma.

    E

    Empregador- toda.pessoa singular ou colectiva, pblica ou privada, que emprega trabalhadores.

    Estigma/estigmatizao- definido como um processo social que marginaliza, censura, humilha ou rotula os que so diferentes, incluindo os seus amados e/ou associados. Pode tomar a forma de culpa rejeio, excluso, repulsa, ostracismo e degradao. Pode reforar os pontos de vista e crenas negativas existentes sobre um determinado grupo.

    H

    Hemoderiva.dos - substncias extradas do sangue, como concentrado de glbulos e plasma.

    HIV negativo ou Seronegativo- refere-se ausncia do HIV ou de anticorpos HIV durante um teste.

    HIV positivo, Infectado pelo HIV ou Seropositivo -indivduo infectado com o vrus de HIV, podendo ou no apresentar sinais de doena.

    HIV positivo ou seropositivo -refere-se presena do vrus do HIV ou de anticorpos.

    I

    Infeco -- aco originada por agentes dentro de um organismo vivo.

    Infeces de Transmisso Sexual (ITS)- todas as infeces ou doenas transmitidas principalmente atravs do contacto sexual durante a relao oral, vaginal ou anal sem proteco. So doenas venreas causadas por micrbios (vrus, bactrias, protozorios e fungos). que se transmitem fundamentalmente atravs de relaes sexuais desprotegidas, isto , sem uso de preservativo.

    Infectado - indivduo que se encontra contagiado por um agente infeccioso e que apresenta ou no sinais da doena.

    Investigao e pesquisa - entende-se por investigao ou pesquisa, a classe da actividade que visa a produo de conhecimentos e tecnologias no campo aplicado, operacional e da cincia bsica, reconhecidos cientificamente por seus mtodos de observncia tcnicas e interferncias.

    I SRIE- NMERO 69

    p

    Pessoa com deficincia- aquele que em razo de anomalia congnita ou adquirida de natureza anatmica, fisiolgica, sensorial ou mental, esteja em situao de desvantagem ou impossibilidade, por barreiras fsicas e/ou sociais de desenvolver normalmente uma actividade.

    Pessoa idosa - todo o indivduo maior de 55 anos de idade, em caso de ser de sexo feminino, e maior de 60 anos de idade, em caso de ser do sexo masculino.

    Pessoa vivendo com o HIV e SIDA em estado de vulnerabilidade - as mulheres, crianas, adolescentes, idosos, portadores de deficincia, cujos rendimentos so abaixo da linha mnima de incidncia de pobreza.

    Populaes Chave - refere-se a determinados segmentos da populao que esto sob risco de exposio ao HIV, decorrente de factores scio-econmicos, culturais ou comportamentais. Nomeadamente, crianas, meninas, trabalhadores de sexo, refugiados, migrantes, militares, prisioneiros, usurios de drogas injectveis, homens que fazem sexo com homens, populaes em movimento e mulheres especialmente nas comunidades nas quais existe pronunciada desigualdade de gnero.

    Prescrio mdica - receita mdica. Profilaxia de ps-exposio - espectro das intervenes

    biomdicas disponveis para prevenir e bloquear a infeco ou reinfeco por HIV, englobando todas as intervenes que dependem do uso de medicamentos antiretrovirais e levem preveno da transmisso me-filho e reduo da infecciosidade (reduo abrupta da carga viral) da pessoa j infectada.

    R

    Revelao - acto em que o provedor de sade d a conhecer a condio de sade ao utente, geralmente aps a confirmao laboratorial da presena de infeco.

    s SIDA (Sndroma de Imunodeficincia Adquirida)- conjunto

    de sintomas e sinais que caracterizam a infeco causada pelo vrus HIV.

    T

    Trabalhador- todas as pessoas que trabalham ou empregadas recebendo vencimentos ou outro tipo de remunerao em compensao ao trabalho.

    Trabalhadores vivendo com HIV e SIDA - trabalhadores que tenham sido diagnosticados e provado que esto infectados pelo HIV.

    Testagem - exame mdico utilizado para determinar se uma pessoa est ou no infectada pelo HIV.

    Testagem diagnstica para o HIV - o teste solicitado pelo profissional de sade como parte da avaliao diagnstica a pacientes que apresentam sintomas ou sinais atribuveis a doenas relacionadas com o HIV. Na presena destes sintomas ou sinais, deve-se realizar o teste diagnstico de HIV a fim de prestar cuidados mdicos apropriados. A principal finalidade da testagem diagnstica , portanto, rastrear o HIV nos pacientes, para que possam receber o quanto antes os cuidados que sejam adequados sua situao de sade. Os princpios da testagem diagnstica do HIV devem ser aplicados tambm a pacientes internados com sinais ou sintomas relacionados com a infeco pelo HIV.

    Teste serolgico do HIV- refere-se a qualquer procedimento laboratorial feito a um indivduo para determinar a presena ou ausncia de infeco do HIV.

  • 27 DE AGOSTO DE 2014

    Teste voluntrio de HIV- teste de HIV realizado ao indivduo que depois de se ter submetido ao aconselhamento pr-teste, se submete de livre vontade.

    Toxicodependente - Pessoa que tem dependncia de drogas ou substncias txicas necessitando de reabilitao especial e reintegrao na farm1ia e na sociedade.

    Transmisso do HIV - refere-se ao contgio do HIV a uma pessoa, podendo ser feita de vrias formas (sexual, da me para o filho, objectos contaminados, etc).

    1469

    v Vrus da lmunodeficincia Humana (HIV) - um vrus

    que ataca o sistema imune do indivduo, levando o infectado a desenvolver o SIDA.

    Vulnerabilidade- refere-se a oportunidades desiguais, excluso social, desemprego, ou emprego precrio e outros factores econmicos, sociais, polticos e culturais que fazem com que a pessoa seja mais susceptvel a infeco pelo HIV e ao desenvolvimento do SIDA.