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Túlio Oliveira Veríssimo
Universidade Federal de Uberlândia – Faculdade de Ciências Integradas do Pontal
Patrícia Francisca de Matos
Universidade Federal de Uberlândia – Faculdade de Ciências Integradas do Pontal
O ARRENDAMENTO E IMPACTOS AMBIENTAIS COM A
TERRITORIALIZAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR NO PONTAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar está presente no Brasil desde o seu início de formação
socioeconômica, enquanto colônia portuguesa, destinada à produção de açúcar para a
Europa e fomentando a economia de Portugal, tornando-se principal produtor açucareiro
do mundo. Após transformações ocorridas no cenário agrícola do país no período do
fim colonial ao período da modernização agrária, a cana-de-açúcar toma outras
proporções e (re)configurações e (re)ordenamentos territoriais.
Em relação a produção da cana-de-açúcar, esta se concentra nas regiões
tradicionalmente no Nordeste e recentemente no Sudeste brasileiro, destacando-se os
Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná. Os
inventivos da modernização do cenário agrário do país, a busca de integração nacional e
desconcentração industrial em São Paulo, fez com que os canaviais passassem a ocupar
as áreas de Cerrado do Centro-Oeste do Brasil, onde atendem a demanda de mercado
interno e externo, favorecidos pela localização, características edafoclimáticas e
logística.
Nesta perspectiva, o Pontal do Triângulo Mineiro é considerado, neste trab
pela Microrregião Geográfica de Ituiutaba (Mapa 1), composta pelos municípios de
Cachoeira Dourada, Capinópolis, Gurinhatã, Ipiaçu, Ituiutaba e Santa Vitória. A área
corresponde as exigências para a produção de cana
expectativas do setor sucroalcooleiro. Assim, a cana
final do século XX à primeira década dos anos 2000, insere
avanço das usinas sucroalcooleiras e expansão canavieira.
Mapa1: Localização geográfica da Micr
OBJETIVOS
O motivo propulsor deste estudo é justificado pela geração de registro das
transformações ocorridas no espaço rural da MRG de Ituiutaba com a inserção intensa
de cana-de-açúcar e usinas sucroalcooleiras, no sentindo
Nesta perspectiva, o Pontal do Triângulo Mineiro é considerado, neste trab
pela Microrregião Geográfica de Ituiutaba (Mapa 1), composta pelos municípios de
Cachoeira Dourada, Capinópolis, Gurinhatã, Ipiaçu, Ituiutaba e Santa Vitória. A área
corresponde as exigências para a produção de cana-de-açúcar e respondem às
vas do setor sucroalcooleiro. Assim, a cana-de-açúcar, no recorte temporal do
final do século XX à primeira década dos anos 2000, insere-se na área advinda do
avanço das usinas sucroalcooleiras e expansão canavieira.
Mapa1: Localização geográfica da Microrregião Geográfica de Ituiutaba
O motivo propulsor deste estudo é justificado pela geração de registro das
transformações ocorridas no espaço rural da MRG de Ituiutaba com a inserção intensa
açúcar e usinas sucroalcooleiras, no sentindo de investigar a valorização
Nesta perspectiva, o Pontal do Triângulo Mineiro é considerado, neste trabalho,
pela Microrregião Geográfica de Ituiutaba (Mapa 1), composta pelos municípios de
Cachoeira Dourada, Capinópolis, Gurinhatã, Ipiaçu, Ituiutaba e Santa Vitória. A área
açúcar e respondem às
açúcar, no recorte temporal do
se na área advinda do
orregião Geográfica de Ituiutaba – MG.
O motivo propulsor deste estudo é justificado pela geração de registro das
transformações ocorridas no espaço rural da MRG de Ituiutaba com a inserção intensa
de investigar a valorização
fundiária acarretada e estrutura produtiva criada. Em que o objetivo geral do trabalho é
compreender a expansão da cana-de-açúcar, o arrendamento e a valorização fundiária a
partir da primeira década de 2000. Do quais se subdividem nos objetivos específicos de:
mostrar a evolução da cana-de-açúcar na MRG de Ituiutaba; identificar a
territorialização dos empreendimentos sucroalcooleiros; verificar o processo de
valorização da terra; analisar o aumento do arrendamento e outras formas de contratos;
estudar as consequências socioambientais do aumento do arrendamento.
Na pesquisa proposta entendemos que deverão ser satisfeitas as questões de
como o aumento da cana-de-açúcar trouxe impactos socioambientais para a MRG de
Ituiutaba. Se com a expansão da cana-de-açúcar na MRG de Ituiutaba trouxe a
valorização da terra? Se com a expansão da cana-de-açúcar houve a interferência na
produção de alimentos? Como é visto o arrendamento pelos arrendatários?
METODOLOGIA
Para que fossem atingidos os objetivos propostos, o trabalho foi fundamentado
em orientações teórico-metodológicas de autores como Graziano Neto (1985), Graziano
Silva (1999), Santos (2002), Matos (2011), Silva (2011) e Matos e Pessôa (2013). Além
da pesquisa em referenciais teóricos, foram realizadas entrevistas com informantes
qualitativos e conversas informais com ex-produtores rurais que arrendaram suas
propriedades, ou parte delas, na MRG de Ituiutaba para as usinas sucroalcooleiras.
Para o desenvolvimento do estudo proposto, a princípio foram adotados os
procedimentos metodológicos como a Documentação Indireta: revisões bibliográficas
dos conceitos e teorias sobre o processo de territorialização, produção sucroalcooleira,
agronegócio, valorização fundiária, arrendamento; pesquisa na Internet; pesquisas
documentais (fontes primárias) em arquivos públicos, consultas em arquivos
particulares e fontes estatísticas. E Documentação Direta: pesquisa de campo,
acompanhada com leituras e entrevistas estruturadas com ex-produtores rurais e atuais
arrendatários de terras para a produção de cana-de-açúcar, colhendo informações a
respeito dos valores e períodos de contratos, da opinião sobre o arrendamento e suas
antigas funções no campo, além de verificar a perspectiva da expansão canavieira. Por
fim, a organização do material: com sistematização de dados, construção de mapas e
gráficos, efetivação e produção do trabalho escrito.
Por fim, o trabalho apresenta considerações resultantes das pesquisas e análises
realizadas, discutindo as informações coletadas, propondo novas indicações de estudos
futuros para surgimento de novas compreensões e registros da atividade canavieira na
MRG de Ituiutaba.
O ARRENDAMENTO DE TERRAS PARA PLANTIO DE CANA-DE-AÇÚCAR
NA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE ITUIUTABA
Com o aumento do número de usinas sucroalcooleiras na MRG de Ituiutaba, o
avanço das plantações de cana-de-açúcar tem ocorrido de forma acelerada, sobretudo,
nos últimos dez anos. As usinas localizadas na MRG de Ituiutaba são: Companhia
energética do São Simão, e Usina Santa Vitória, ambas no município de Santa Vitória;
Unidade Vale do Paraíba, da Usina Laginha Agro Industrial, no município de
Capinópolis; Ituiutaba Bioenergia, no município de Ituiutaba; Usina Gurinhatã, da FLE
Empreendimento, no município de Gurinhatã; e a Unidade Triálcool, da Usina Laginha
Agro Industrial, pertencente ao Grupo João Lyra, esta que não se localiza na MRG de
Ituiutaba, pertencendo ao município de Canápolis, porém, sua localização próxima à
divisa do município de Ituiutaba, faz com que as lavouras de cana-de-açúcar ocupem
terras do município vizinho.
O arrendamento tem sido uma das formas utilizadas pelas usinas para expandir a
produção de cana. O arrendamento é advindo da transformação ocorrida no modelo de
produção agropecuária que se instaurou principalmente com a modernização do campo,
o que modifica a novas formas de relações do/no território, bem como, nas propriedades
rurais.
Nas orientações do Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
(2007), o arrendamento rural é um contrato agrário, em que uma pessoa se obriga a
ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou
partes do mesmo, incluindo ou não os outros bens, benfeitorias e/ou facilidades, com o
objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial,
extrativista ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites
percentuais da lei. As duas figuras do arrendamento são: arrendador, que é aquele que
cede em arrendamento o imóvel rural ou o aluga, pode ser o proprietário, o usufrutuário,
o usuário ou o possuidor; e o arrendatário, que é a pessoa ou o conjunto familiar,
representado por um chefe, que recebe ou toma por aluguel o imóvel ou parte do
mesmo.
Os contratos de arrendamentos são registrados no cartório de Registro de
Imóveis onde estiver registrado o imóvel a ser arrendado. Não sendo permitido fixar o
preço em salário(s) mínimo(s), vedado pela Lei 6.025/74, art. 3º da Lei 7.789/89 e pela
parte final do inciso IV do art. 7º da Constituição Federal.
Devido a estas condições de contratos rurais, muitas propriedades que sofreram
e sofrem com a decadência de outro setor agropecuário seus proprietários cedem suas
terras para o arrendamento. Com este processo, a diversidade dos tipos de produtos
agropecuários diminui, em decorrência da substituição pela cana-de-açúcar, as
atividades agrícolas tradicionais são trocadas, como a pecuária perde espaço na
economia rural, assim como a produção de arroz, milho, antes predominantes na
economia rural da região.
O ARRENDAMENTO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS
O plantio da cana-de-açúcar é uma das atividades agrícolas que mais cresceram
no Brasil e na MRG de Ituiutaba durante a primeira década dos anos 2000. A expansão
recente da produção dessa gramínea se insere num contexto que vai além de questões
econômicas, políticas e mercadológicas, acarretando consequências ambientais. De
acordo com Silva (2011), a expansão canavieira tenta se justificar pelas crises
energéticas e climáticas, que vêm sendo amplamente debatidas e divulgadas nas últimas
décadas. Segundo o autor, as fontes energéticas e as formas de utilização da energia
estão no centro das duas questões. A questão ambiental tem sido usada como forma de
justificar a expansão de uma atividade de cunho capitalista, em que obedece leis de
mercado e busca áreas onde possa reproduzir ampliadamente o capital. Com este
princípio, a expansão da agroindústria canavieira se dá principalmente pela
incorporação de novas áreas à atividade que tenham atrativos como as condições
favoráveis à remuneração do capital aplicado.
A justificativa ambiental para incentivar a produção de cana-de-açúcar, é que a
gramínea gera uma nova forma de energia, denominada renovável, sendo o Etanol um
biocombustível. O próprio nome biocombustível dá impressão de que é um combustível
menos agressivo ao meio ambiente e produzido de forma ecologicamente correta, com a
renovação de lavouras. A consideração do uso de combustíveis fósseis como uma das
causas ambientais atmosféricas leva o debate de busca de novas fontes energéticas.
Conforme Silva (2011), os biocombustíveis são apontados como alternativa econômica
e ambientalmente viável para contribuir na redução dos gases do efeito estufa,
considerando-se o ciclo completo de sua produção e o consumo, apresentando um
balanço energético positivo em relação a outras fontes energéticas.
Ainda no contexto da expansão canavieira, um novo padrão técnico é inserido no
setor sucroalcooleiro, juntamente com as condições de mercado e favorecendo a
desconcentração dessa atividade a partir do interior paulista rumo às áreas dos estados
de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, e Paraná. Para atender o
padrão produtivo canavieiro, as áreas necessitam apresentar características climáticas,
pedológicas e geomorfológicas que permitem a mecanização das atividades de plantio e
colheita da cana-de-açúcar. Os planaltos do Cerrado no Brasil Central, área onde se
localiza a MRG de Ituiutaba, apresentam essas características.
Assim, os impactos ambientais apresentados na MRG de Ituiutaba são uma
concentração de plantações de cana-de-açúcar em vastas áreas, geralmente próximos às
rodovias, que facilitam seu transporte à unidade industrial, e criam o “mar verde”
perceptível por aqueles que circulam nas rodovias, dando o choque de que a região é
intensamente apropriada pelas usinas. Outro fator conseqüente dessa produção intensa é
o desmatamento para a plantação contínua dos canaviais (Fotografia 1), emendando
propriedades rurais de diferentes donos, com o intuito de facilitar a plantação e a
colheita da lavoura.
Fotografia1: Desmatamento de arvores em áreas de pastagens para plantação de cana-de-açúcar na Microrregião Geográfica de Ituiutaba – MG
Fonte: SOARES, A. (2013).
Após o desmatamento de áreas concentradas insere-se o plantio da cana-de-
açúcar (Fotografia 2). Ao unir uma propriedade arrendada à outras, por meio do
arrendamento na MRG de Ituiutaba, com a plantação extensa de canaviais, facilita a
introdução de maquinário que são mais eficientes nos períodos de colheita. Essa
concentração gera um produção/produtividade rentável para a usina sucroalcooleira.
Fotografia 2: Plantação de cana-de-açúcar na Microrregião Geográfica de Ituiutaba – MG
Fonte: SOARES, A. (2013).
Sendo assim, por meio das entrevistas com os informantes qualitativos, foi
possível notar que a preocupação dos mesmos, enquanto proprietários, é com o desgaste
dos solos e do ressecamento que os canaviais causam. Outro fator constatado foi a
existência de Áreas de Proteção Permanente (APP), uma vez que toda propriedade é
obrigatória, em que Marouelli (2003, p.44) diz:
A legislação ambiental brasileira, em vez de criar incentivos à conservação ambiental, optou pela regulamentação que – embora esbarre em dificuldades de implementação – cria incentivos opostos aos desejados: ela estimula a destruição de redutos cujo melhor uso é a preservação permanente. (Código Florestal, Lei nº 7.803, de 18/07/89). Um exemplo é o de áreas de florestas, no qual o problema está na legislação que trata como se fossem públicas as áreas de reservas dentro do limite privado. O proprietário literalmente perde o direito de desfrutar de parte de sua propriedade (sem autorização de algum burocrata) e vê reduzido o valor da terra ainda não explorada. Para fugir ao custo de ter em sua propriedade bens os quais incidem os
ônus da preservação, os agricultores induzidos a derrubar matas e a apressar a transformação de áreas de reservas. A sociedade estaria melhor se os proprietários rurais, movidos por incentivos, fossem transformados em seus parceiros, trabalhando pelo objetivo comum da preservação.
As usinas, ao arrendarem as propriedades, preocupem com a existência de Áreas
de Preservação Permanente (APP), uma vez que toda propriedade é obrigatória a tê-la,
nas exigências da legislação ambiental. Nesse quesito, uma vez que causam outros
impactos socioambientais, mas divulgam uma imagem de empresa ambientalmente
correta, tanto para o mercado nacional, como o internacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dos impactos ambientais percebidos na MRG de Ituiutaba com o aumento do
arrendamento de terras para canaviais houve a poluição nas cidades com a fuligem da
queima da cana-de-açúcar, a elevação da sensação térmica com a vasta concentração de
plantações, diminuição de áreas de Cerrado preservadas, assim como as espécies de
vegetais e animais, que são expulsos para dar espaço aos canaviais. A questão da
qualidade dos solos fica prejudicada, devido aos insumos que são utilizados para o
plantio e colheita da cana-de-açúcar, assim como o ressecamento do solo pela gramínea
e poluição e diminuição dos recursos hídricos. A pesquisa encontra-se finalizada.
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