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O difratômetro de Raios-X 1 1. O Difratômetro de Raios-X 1.1. Geração de Raios-X Os raios-X são ondas eletromagnéticas de comprimentos de onda entre 0,05 e 0,25 nm ocupando uma posição intermediária entre o ultra-violeta e a radiação gama no espectro eletromagnético (Error! Number cannot be represented in specified format.). Figura 1-1 Espectro de ondas eletromagnéticas. 2002 Roberto R de Avillez

O Difratometro de Raios-X

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Rayos X difract...

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  • O difratmetro de Raios-X 1

    1. O Difratmetro de Raios-X

    1.1. Gerao de Raios-X

    Os raios-X so ondas eletromagnticas de comprimentos de onda entre 0,05

    e 0,25 nm ocupando uma posio intermediria entre o ultra-violeta e a

    radiao gama no espectro eletromagntico (Error! Number cannot be

    represented in specified format.).

    Figura 1-1 Espectro de ondas eletromagnticas.

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    Figura 1-2 Seo transversal de um tubo de raios-X.

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    Os raios-X so produzidos quando partculas carregadas com alta energia

    cintica so desaceleradas rapidamente. Os eltrons so as partculas

    normalmente empregadas com este propsito e eles so normalmente

    acelerados pela aplicao de um campo de potencial eltrico acima de 10

    kV.Quando estes eltrons colidem com um alvo, grande parte da energia

    cintica convertida em calor e somente 1% chega a ser transformada em

    raios-X. Os raios-X emitidos desta desacelerao normalmente consistem de

    um espectro contnuo, denominado de radiao branca pois formado por

    ondas de diversos comprimentos de onda. Este espectro resulta do processo

    de desacelerao que no uniforme para todos os eltrons. Alguns so

    parados depois de um nico impacto enquanto outros sofrem impactos

    consecutivos com perdas progressivas da energia cintica. Os eltrons

    parados num nico impacto do origem a radiao de menor comprimento

    de onda, denominada limite de pequeno comprimento de onda:

    eV h max= , logo min V=12400 ,

    onde e a carga de um eltron, V a tenso de acelerao, h a constante de

    Planck, max a freqncia mxima da onda eletromagntica formada e min o comprimento de onda correspondente (unidade metro).

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    Figura 1-3 Espectro de Raios-X gerado por um alvo de Molibdnio.

    A intensidade do espectro contnuo depende da tenso aplicada, do nmero

    atmico do alvo, Z, e da corrente do tubo, i:

    I Aespectro continuom

    _ = iZV .

    Muito importante atentar que o material do alvo afeta a intensidade do

    espectro mas no sua distribuio.

    1.2. Radiao Caracterstica

    A radiao caracterstica de raios-X tem sua origem na radiao gerada por

    um alvo quando os eltrons que colidem com o mesmo excedem uma certa

    energia cintica (tenso de acelerao). Esta radiao fica superimposta ao

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    espectro contnuo e constituda de uma srie de linhas caractersticas do

    material empregado como alvo. Tenses maiores que o valor mnimo, VK,

    para gerar a radiao caracterstica no afetam o comprimento de onda da

    radiao do raios-X emitido, mas alteram a intensidade da linha

    caracterstica:

    I Bi V VK Kn= ( ) ,

    onde n varia de 1 a 2 e B uma constante de proporcionalidade.

    A radiao caracterstica resulta do arrancamento dos eltrons mais internos

    de um tomo pelos eltrons incidentes. Estes eltrons arrancados

    correspondem s camadas eletrnicas K, L, M, etc. O espao vazio da

    camada provoca um rearranjo das demais camadas eletrnicas e eltrons de

    camadas mais afastadas do ncleo saltam para a camada mais interna

    liberando um energia, que pode ser emitida na forma de um foton de raios-X

    ou na expulso de um outro eltron da camada mais externa (eltron Auger).

    A energia liberada caracterstica do material e corresponde a diferena de

    energia entre as duas camadas envolvidas. Esta energia caracterstica

    tambm pode ser gerada pela incidncia de ftons de raios-X com energia

    suficiente para arrancar os eltrons mais internos do tomo. Neste caso, a

    radiao denominada de radiao fluorescente. A radiao caracterstica

    pode, portanto, ser empregada para caracterizar os tomos que a emitem, i.e.,

    uma anlise qumica do material.

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    Figura 1-4 Esquema das transies eletrnicas num tomo.

    1.3. Absoro e Filtros

    Quando uma radiao de raios-X incide sobre um material, parte absorvida

    e parte transmitida. A absoro resulta do espalhamento do raios-X pelos

    tomos do material, similar ao espalhamento da luz por partculas de poeira

    presentes na atmosfera, e da absoro real causada por transies eletrnicas

    que do origem a radiao fluorescente e a fotoeltrons com diferentes

    energias cinticas.

    A absoro mxima, limite de absoro, ocorre para ftons com

    comprimento de onda ligeiramente inferior a radiao caracterstica do

    material, i.e, energia maior que a necessria para causar a fluorescncia. Este

    limite de absoro funo do comprimento de onda e varia com o nmero

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    atmico de maneira similar ao comprimento de onda da radiao

    caracterstica.

    Figura 1-5 Coeficiente de absoro do chumbo mostrando os limites de

    absoro K e L.

    O decrscimo da intensidade da radiao transmitida em funo da espessura

    do material dado por:

    I I e I ex ox

    ox= = ( / ) ,

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    onde o coeficiente de absoro linear, a densidade do material e Io a intensidade incidente. O coeficiente de absoro de massa / uma constante do material e independe do seu estado fsico (slido, lquido e

    gasoso). Se w1, w2, ... so as fraes em peso dos elementos 1, 2, ... na

    substncia, e os coeficientes de absoro de massa de cada elemento for

    (/)i , ento, o coeficiente de absoro de massa da substncia dado por:

    =

    +

    +w w1

    12

    2

    . . .

    Figura 1-6 Comparao do espectro da radiao de cobre antes e depois do

    emprego de um filtro de nquel.

    O filtro uma extenso prtica natural do fenmeno de absoro do raios-X.

    Muitos experimentos de raios-X requerem um feixe to monocromtico

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    quanto possvel, mas a radiao gerada num tubo de raios-X contm as

    radiaes caractersticas superimpostas radiao branca. A escolha

    judiciosa de um material que absorva o raios-X de maneira a eliminar as

    radies de comprimento de onda menor que a radiao caracterstica mais

    intensa, K, permite decrescer de maneira acentuada a radiao K, tornando

    o feixe aproximadamente monocromtico. A tabela apresenta os filtros

    tpicos para os diferentes alvos de raios-X.

    Alvo Mo Cu Co Fe Cr

    Filtro Zr Ni Fe Mn V

    1.4. Colimao do Feixe e Fendas

    O feixe de raios-X no pode ser alterado com a tica tpica de radiao

    visvel, por isso, ele no pode ser colimado, i.e, tornado paralelo, nem

    focalizado com lentes ou espelhos comuns. No entanto, a necessidade de

    saber exatamente onde o feixe incide sobre a amostra e sua inclinao levou

    ao emprego de dispositivos denominados de colimadores. Estes dispositivos

    consistem, na sua verso mais simples, de duas fendas perfeitamente

    alinhadas ao longo do feixe tico e separadas de uma certa distncia. Este

    dispositivo limita o ngulo de divergncia do feixe de raios-X e transforma o

    ponto central do colimador entre as duas fendas como uma fonte virtual dos

    raios divergentes. A divergncia mxima dada pela geometria do

    colimador. Se este for retangular, conforme mostrado na figura, o ngulo

    mximo de divergncia :

    = 2du

    radianos .

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    A reduo do tamanho das fendas do colimador melhoram o paralelismo do

    feixe mas reduzem a energia transmitida. Estas fendas tambm so

    empregadas para delimitar a rea iluminada da amostra.

    Figura 1-7 Geometria de um colimador, mostrando a fonte de raios-X, S, e o

    cristal, C.

    Alm das fendas de colimao, comum empregar antes do detector uma

    fenda para reduzir a entrada de radiao espalhada pela amostra em direes

    distintas do eixo tico. Um aumento da largura desta fenda causa um

    aumento na intensidade mxima de qualquer linha difratada mas resulta

    simultaneamente em perda de resoluo. No entanto, a intensidade integrada

    relativa de um pico de difrao no depende da largura da fenda.

    Um outro grupo de fendas muitas vezes empregado nos difratmetros a

    fenda de Soller. Esta fenda consiste de um grupo de placas metlicas

    paralelas ao plano do crculo de difrao. Seu efeito reduzir uma grande

    proporo dos feixes inclinados com relao ao plano do crculo do

    difratmetro possibilitando manter uma fonte linear de bom comprimento.

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    Figura 1-8 Desenho esquemtico da Fenda de Soller.

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    1.5. Focalizao

    A focalizao de um feixe de raios-X depende do arranjo da amostra e do

    seguinte teorema de geometria. Todos os ngulos inscritos num crculo e

    limitados por um arco SF so iguais entre si e seu valor a metade do ngulo

    definido pelas extremidade S, F e o centro do crculo. A principal cmara

    focalizadora o arranjo de Seeman-Bohlin apresentada na .

    Figura 1-9 Geometria das cmaras focalizadoras.

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    Figura 1-10 Geometria da cmara focalizadora de Seemann-Bohlin.

    O arranjo de Bragg-Brentano, a disposio usual dos gonimetros, pode

    satisfazer aproximadamente esta condio se a amostra for plana e de

    dimenses pequenas. Neste caso, o foco estar sempre localizado no crculo

    do difratmetro, na posio F. Um foco perfeito s ocorre para amostra

    curva cuja superfcie coincide exatamente com o crculo de foco. Amostras

    planas causam uma pequena mudana no foco e um alargamento do pico

    difratado para ngulos 2 menores que 60o. Ambos efeitos podem ser minimizados com o emprego de fendas menores, mas existir

    simultaneamente um decrscimo na intensidade.

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    Figura 1-11 Geometria de foco para amostra plana numa cmara de Bragg-

    Brentano.

    A fenda de Soller essencial para a difrao com ngulo rasante, quando as

    condies de focalizao do feixe num gonimetro comum esto muito

    longe de serem satisfeitas.

    1.6. Deteo

    Existem trs grandes grupos de detectores: os contadores proporcionais, os

    contadores por cintilao e os contadores de semicondutor.

    O contador proporcional consiste num tubo de gs que sob a ao de um

    campo eltrico de aproximadamente 1000V causa um efeito de ionizao

    mltipla ou amplificao gasosa. O fton de raios-X quando se choca com

    uma molcula gasosa ioniza a molcula, liberando eltrons que so

    acelerados pelo potencial aplicado e provocam novas ionizaes. Este

    processo resulta numa avalanche de eltrons para cada fton que chega ao

    detector. A quantidade de eltrons gerados proporcional energia do fton

    incidente, permitindo distinguir ftons de diferentes comprimentos de onda,

    energia. A tenso tima do campo eltrico precisa ser calibrada para cada

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    tubo de raios-X e radiao de maior comprimento de onda requer uma maior

    tenso. O contador proporcional muito rpido e apresenta uma resposta

    linear at 10000 cps.

    O contador de cintilao emprega substncias que fluorescem na regio

    visvel do espectro quando recebem um fton de raios-X. A quantidade de

    luz emitida proporcional a intensidade de raios-X e amplificada por um

    tubo fotomultiplicador. Este detector tambm permite distinguir ftons de

    diferentes comprimentos de onda mas no apresenta a mesma resoluo que

    o detector proporcional. Sua eficincia chega alcanar 100% dos ftons que

    entram o detector.

    Os contadores de semicondutor podem ser considerados como uma cmara

    de ionizao no estado slido, mas no existe nenhum efeito multiplicador

    como no detector proporcional. Eles apresentam uma excelente resoluo de

    energia e podem diferenciar os picos K e K de uma radiao incidente,

    separao impossvel com os outros dois detectores. A principal

    desvantagem destes detectores a necessidade de operarem a temperaturas

    do nitrognio lquido. No entanto, alguns fabricantes j dispem de

    detectores resfriados por um dispositivo Peltier.

    1.7. Segurana

    1.7.1. Segurana dos Operadores

    Operadores de equipamentos de equipamentos de raios-X esto expostos a

    dois perigos bsicos: alta tenso e radiao. A emisso de raios-X depende

    da acelerao de eltrons por tenses acima de 10 kV e correntes eltricas

    elevadas (com baixa tenso) podem estar presentes em fornos para aquecer a

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    amostra in situ. Por isso, o operador deve desligar todo o equipamento

    sempre que tiver que realizar algum tipo de manuteno. Jamais tocar no

    forno sem conferir que a temperatura j est baixa e que os elementos

    resistivos esto desligados. Quando for imprescindvel realizar uma

    manuteno com o equipamento ligado, o operador dever estar

    acompanhado de uma outra pessoa na sala.

    Os danos causados por radiao so mais insidiosos pois normalmente seus

    efeitos no so visveis a curto prazo, mas requerem um tempo longo de

    exposio e acumulao. Por isso, importante que o operador disponha de

    um dosmetro pessoal e realize uma avaliao mdica regular. A melhor

    maneira de prevenir danos por radiao operar o equipamento com os

    dispositivos de segurana ligados. Na hiptese rara de precisar ajustar o

    equipamento sem dispositivo de segurana, deve-se observar claramente

    qual o eixo tico do raios-X e jamais atravessar este caminho com qualquer

    parte do corpo. No entanto, o operador ainda estar sujeito a radiao

    espalhada pelas diferentes partes do equipamento e, por isso, dever

    minimizar o tempo de exposio.

    1.7.2. Segurana do Equipamento

    A segurana do equipamento depende da manuteno de uma boa fonte de

    tenso estabilizada e um sistema de refrigerao capaz de manter baixa a

    temperatura do tubo de raios-X. A melhor opo o emprego de

    estabilizadores de tenso e sistemas de refrigerao em circuito fechado.

    Alm disso, o sistema de refrigerao deve dispor de um alarme para acusar

    a eventual falta de fluxo de gua ou aumento da temperatura. Os

    equipamentos mais modernos tambm dispe de um dispositivo que desliga

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    a fonte de tenso do tubo de raios-X, protegendo-o contra eventuais danos

    causados por um aumento da temperatura.

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    O Difratmetro de Raios-XGerao de Raios-XRadiao CaractersticaAbsoro e FiltrosColimao do Feixe e FendasFocalizaoDeteoSeguranaSegurana dos OperadoresSegurana do Equipamento