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Mas nem todos os estádios foram certificados. Quase empatou, cinco obtiveram o selo internacional LEED, nenhum o Ouro, o destaque é a Prata do Maracanã que ousou com a utilização de energia renovável. O Castelão recebeu a certificação básica. Embora haja a visão de que os brasileiros não têm consciência ambiental, alguns exemplos mostram que isso não é verdade. Na Arena Fan Fest, o Estado Verde chegou a flagrar bons exemplos. ANO VI - EDIÇÃO N o 343 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 24 de junho de 2014 Um dos poucos espaços destinados ao trânsito de pedestres e considerado propriedade do povo, não está livre de buracos, desníveis e obstáculos. Turistas se ressentem, mas se surpreendem com os belos passeios da Avenida Monsenhor Tabosa. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ainda jogamos lixo no chão… RANKING A sustentabilidade é uma exigência da Fifa Págs. 9 e 10 Pág. 8 Págs. 5, 6 e 7 ACESSIBILIDADE FOTO: ANDERSON SANTIAGO As calçadas de Fortaleza não estão nada boas

O Estado Verde - Edição 22283 - 24 de junho de 2014

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22283 - 24 de junho de 2014

Mas nem todos os estádios foram certificados. Quase empatou, cinco obtiveram o selo internacional LEED, nenhum o Ouro, o destaque é a Prata do Maracanã que ousou com a utilização de energia renovável. O Castelão recebeu a certificação básica.

Embora haja a visão de que os brasileiros não têm consciência ambiental, alguns exemplos mostram que isso não é verdade. Na Arena Fan Fest, o Estado Verde chegou a flagrar bons exemplos.

ANO VI - EDIÇÃO No 343FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 24 de junho de 2014

Um dos poucos espaços destinados ao trânsito de pedestres e considerado propriedade do povo, não está livre de buracos, desníveis e obstáculos. Turistas se ressentem, mas se surpreendem com os belos passeios da Avenida Monsenhor Tabosa.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Ainda jogamos lixo no chão…

RANKINGA sustentabilidade é uma exigência

da Fifa

Págs. 9 e 10

Pág. 8Págs. 5, 6 e 7

ACESSIBILIDADE

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As calçadas de Fortaleza não

estão nada boas

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

AOS CUSTOS De certa forma, resultado das mani-

festações de junho de 2013 quando a população demonstrou insatisfação com os transportes coletivos, tramita na Câmara Federal, o PL do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que altera a Política Nacional de Mobilidade Urbana, para garantir que os usuários do trans-porte coletivo urbano de passageiros, tenham acesso à planilha de composi-ção dos preços dos serviços. Aprova-do, o texto obriga as empresas a afi xar, em local visível nos veículos, cartaz in-formando sobre os itens que compõem a tarifa, com os respectivos valores.

O PL ainda vai ser analisado conclu-sivamente pelas comissões de Viação e Transportes; de Defesa do Consumidor; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Espero que seja aprovado, mas não sei, não... Se o projeto que pune quem ocupa indevidamente vaga de cadei-rante e idoso, tramita há 16 anos no Congresso, pense neste projeto que propõe abrir custos...

“É mais fácil o Fred fazer um gol”As manifestações do ano passado

mostraram o quanto a população está insatisfeita com os serviços de trans-porte coletivo, mas ao que tudo indica,

pouca coisa mudou de lá pra cá. Sába-do (21), fi quei surpresa com o grande número de usuários a espera de ônibus na região da Praia de Iracema e Meire-les. Após o encerramento da Fan Fest, eu vi centenas de pessoas que se aglomeravam em pontos de ônibus na Costa Barros e Tenente Benévolo, bem como os da Avenida Raimundo Girão, a espera de um coletivo.

Não resisti, parei o carro e perguntei a um senhor se fazia muito tempo que aguardava o transporte. Resposta: “Mi-nha senhora, é mais fácil o Fred fazer um gol do que passar um ônibus por aqui, depois da Fan Fest. A espera é longa”. Ele não quis se identifi car, por se tratar de um ambulante cadastrado na Prefeitura para comercializar alimentos.

Tratei logo de voltar para o meu car-ro, havia muita gente, muito barulho e muita confusão naquela parada lotada ao lado da Igreja de Santa Luzia. É isso, faltou o Padrão Fifa no transporte da po-pulação fortalezense.

Reflexão: “A única moeda verdadei-ramente boa e pela qual convém trocar todas as restantes é a sabedoria.”

(Platão)

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos De-putados aprovou o Projeto de Lei (PL 4124/98) que considera infração de trânsito grave o esta-cionamento irregular em vagas destinadas a pessoas com deficiência e idosos. Os veículos que estaciona-rem nesses locais estarão sujeitos, além da multa, à remoção ao depósito de automóveis apreendidos.

Boa! O cidadão que não respeita o espaço daqueles em condições especiais, pela conscientização, agora vai ter que respeitar pelo bolso. Só espero que o PL de autoria do ex-deputado Paulo Rocha (PA) que tramitou por quase seis anos no Senado e segue, agora, para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania não fi que mais meia dúzia de anos naquela Casa.

PARA CADEIRANTES E IDOSOS

Coluna Verde

GESTORA E EDUCADORA AMBIENTAL

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

26 DE JUNHODIA INTERNACIONAL DO COMBATE ÀS DROGAS • Dia 26 de junho é o Dia Internacional do Combate às Drogas, dia em que muitos se-tores realizam campanhas contra as drogas para conscientização deste perigo. Comba-ter o consumo das drogas é um desafi o para os órgãos públicos responsáveis pela saúde, educação e segurança do nosso país. Pois, as drogas viciam e podem transformar o indi-víduo em protagonista de cenas de violência domiciliar, crimes, roubos e acidentes.

28 DE JUNHODIA DO IPÊ AMARELO

• Nativa do Brasil, o ipê amarelo (Tabebuia alba) é a nossa mais conhe-cida árvore, a mais cultivada e, sem dúvida uma das mais belas. Com fl ores brancas, amarelas ou roxas, não há região do país onde não exista pelo me-nos um tipo de Ipê, porém, por conta do desmatamento, é raro encontrar a espécie em habitat natural.

Fonte: http://www.ipef.br

29 DE JUNHODIA DO PESCADOR

• A data é uma alusão a São Pedro, o após-tolo padroeiro dos pescadores. Pescador é aquele “que conhece a natureza, entende o mar, sabe olhar para a lua e ver a maré que vem”. Ele sabe quando o dia é bom e onde e quando tem peixe para pescar.

Basicamente, são três os tipos de pes-cadores: profissionais, amadores e ribei-rinhos. Os profissionais dependem do pescado como fonte de renda. Amadores precisam ter a licença de pesca para pra-ticar a atividade tanto embarcada como desembarcada, também respeitando co-tas e o período de reprodução dos peixes.

E os ribeirinhos, aqueles que vivem pró-ximos de rios e precisam cadastrar-se para

ter o direito de pescar durante o período da piracema – na maioria das bacias brasileiras vai de novembro a março.

MOSTRANO CLIMA DA CAATINGA

• De 20 de junho até o dia 13 de julho o Projeto No Clima da Caatinga, fi ca em cartaz, no 1O piso do Shopping Benfi ca. A iniciativa da Associação Caatinga visa promover a divulgação da biodiversidade, riqueza e belezas do principal bioma do Nordeste brasileiro. Através da mostra, o público poderá se familia-rizar com a fauna, fl ora e paisagens da rica e bela, assim como poderá conhecer as tecnologias sustentáveis desenvolvidas que facilitam o convívio harmônico com o Semiárido. O evento é gratuito.

AGENDA VERDE

ACESSIBILIDADE...

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O Comitê Florestal da Organi-zação da FAO (COFO) está reunido desde ontem (23) em Roma, Itália, para analisar as

medidas de política fl orestal que pro-movem a produção e o consumo susten-táveis; os direitos de propriedade e de gestão; o acesso aos recursos, aos mer-cados e ao fi nanciamento; a distribuição equitativa de benefícios e a valorização dos produtos e serviços fl orestais.

A edição desse ano, que acontece até o dia 27, está centrada no papel dos be-nefícios socioeconômicos que oferecem os bosques (e valorização de produtos e serviços fl orestais), incluindo a renda e o emprego, a energia da madeira e os pro-dutos fl orestais na moradia, assim como a necessidade de mudar o foco de atenção das árvores para as pessoas, além da cole-ta de dados e da elaboração de políticas.

O COFO é o principal órgão estatutá-rio sobre os bosques na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agri-cultura – FAO e a cada dois anos reúne mais de cem responsáveis pelos serviços fl orestais de todo o mundo e outros altos funcionários governamentais para iden-tifi car políticas emergentes e questões técnicas para buscar soluções e aconse-

lhar FAO e outras medidas adequadas. Outras entidades internacionais, tam-bém participam da reunião. Nos últimos anos tem aumentado a participação de organizações não governamentais.

Ontem (23), a FAO apresentou as principais conclusões da publicação: “O estado dos bosques do mundo” (SOFO). No mesmo dia nomeou o prín-

cipe Laurent da Bélgica como embaixa-dor especial para os Bosques e o Meio Ambiente, em reconhecimento aos es-forços que ele realiza há muitos anos para promover o desenvolvimento mundial e as tecnologias sustentáveis.

O relatório diz que metade das es-pécies florestais regularmente utiliza-das por países estão ameaçadas pela conversão das florestas em pastagens e terras agrícolas, pela exploração ex-cessiva e os impactos das mudanças climáticas. Entre as principais ações solicitadas pelo relatório estão a ges-tão e coleta de dados sobre recursos florestais mais intensificadas. En-quanto as espécies de árvores existen-tes no mundo são estimadas entre 80 mil a 100 mil, apenas 2.400 – cerca de 3% – são ativamente gerenciadas para os produtos e serviços que prestam.

Na quinta-feira, 26 de junho, serão apresentadas duas publicações dedica-das à silvicultura familiar: “Uma hora de rota sobre o caminho a seguir para as organizações de produtores fl ores-tais” e “Conseguir que se produza a mudança: O que podem fazer os gover-nos para fortalecer as organizações de produtores fl orestais”.

EVENTO PARALELOOs pesquisadores internacionais da

biodiversidade vão participar do COFO e compartilhar suas últimas conquistas em um evento paralelo em 26 de junho, intitulado: Implementação do Plano de Ação Mundial para a Conservação, Uso Sustentável e Desenvolvimento da Floresta Recursos Genéticos: Exemplos de atividades nacionais, regionais e in-ternacionais. O evento paralelo, orga-nizado em colaboração com a Noruega e a FAO, apresentará exemplos de ati-vidades em curso nos planos nacional, regional e internacional que contribu-am para a implementação do Plano de Ação Mundial para a Conservação, Uso Sustentável e Desenvolvimento de Re-cursos Genéticos Florestais (GPA-FGR).

Com informações da ONU Brasil.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

Principal órgão estatutário sobre os bosques na ONU reúne-se, na Itália, para falar sobre o estado dos bosques do mundo. Metade das espécies fl orestais está ameaçada

Estado das florestas é destaque em reunião da FAO

BIODIVERSIDADE GLOBAL

Príncipe Laurent da Bélgica, o novo embaixador especial para os Bosques e o Meio Ambiente

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

POR PEDRO SIRGADO*

Nos dias de hoje, poucas or-ganizações não têm inicia-tivas ou projetos de cunho social, embora com moti-

vações bem diversas. Certas empre-sas fazem por convicção, outras por marketing, algumas por modismo e há aquelas que não podem deixar de fazer, sob pena de ferozes críticas ou represálias de stakeholders.

Gostaria de destacar algo que tem mu-dado – e pode modifi car ainda mais – a atuação das companhias na área social: a crise fi nanceira e econômica interna-cional. De fato, companhias têm objeti-vos específi cos, acionistas e determina-dos contextos de atuação. Parece uma observação evidente, mas nem sempre nos lembramos disso quando cobramos das corporações que “resolvam todos os problemas da sociedade”.

Das empresas exige-se hoje uma atu-ação muito focada no negócio. Resulta-dos são cada vez cobrados com maior exigência e orçamentos elaborados e acompanhados com extremo rigor. Não é de estranhar que, quando a atu-ação social não está verdadeiramente enraizada, se torne um alvo imediato de cortes de despesas e, consequen-temente, redução da atividade.

Compreendida esta realidade, empre-sas que acreditam que a Responsabi-lidade Social Corporativa é importante para o negócio começam a revisitar suas iniciativas e a repensar sua forma de atuação na área social. Neste ponto, várias opções se apresentam, entre elas uma atuação social que traga resulta-dos para o negócio, seja sob a ótica de

aumento de vendas, redução de custos ou gestão de riscos.

A questão que se coloca é: por que um projeto social desenvolvido por uma em-presa não pode trazer retorno fi nanceiro naturalmente, desde que proporcione um real benefício social? Por que não encarar a responsabilidade social corpo-rativa como um jogo de “ganha-ganha”? E se uma determinada linha de negócio de uma companhia, desejavelmente lu-crativa, trouxer benefícios sociais? Tra-ta-se de um tema polêmico? Talvez, mas acredito que seja um caminho neste novo mundo a cada dia mais exigente.

O desafio seria, então, pensar em soluções para problemas sociais que sejam, simultaneamente, possíveis linhas de negócio. As empresas têm seus donos e existem para dar lucro, dis-so não se pode haver dúvidas. Natural-mente, o lucro deve ocorrer respeitando todos os agentes, dentro dos mais eleva-dos padrões éticos e totalmente den-tro do quadro legal em vigor. A grande novidade, e porque não dizer moderni-dade, é que uma atuação socialmente responsável das empresas pode trazer benefícios para todas as partes interes-sadas no negócio: colaboradores mais comprometidos, fi delização de clientes, proteção da cadeia de fornecedores, co-munidades do entorno mais integradas e, não podemos esquecer, acionistas com retornos maiores e mais estáveis.

Não se ambiciona com esta breve re-fl exão sugerir que apoiar projetos so-ciais não alinhados ao negócio seja um erro, ou mesmo que a pura fi lantropia deve terminar. Sempre existe espaço para boas iniciativas.

Pretende-se, antes, destacar uma nova oportunidade de atuação social das empresas que pode reforçar as an-teriores e, principalmente, nos tempos atribulados em que vivemos, ser uma ótima solução para o dilema de cortar custos em projetos sociais, exatamente quando estes se tornam mais rele-vantes: em situações de crise.

*Pedro Miguel Sirgado é diretor Executivo do Instituto EDP, entidade que coordena as

ações socioambientais do Grupo EDP.

A responsabilidade social corporativa e o negócio

ARTIGO

JORNALISTA E ESCRITOR

Cacique ambientalistaOs silvícolas são naturalmente, por

institnto de sobrevivência, preser-vacionistas. Assim é que a história registra atitudes como a do cacique Seattle, da etnia Duwamisk, escreve ao presidente dos Estados Unidos em 1855, com inaudita sabedoria: “De uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem; é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra; não foi o homem que teceu a trama da vida. Ele é meramente um fio da mesma. Tudo que ele fizer à ter-ra, a si próprio o fará.”

Carga fi losófi caA carga fi losófi ca do pensamento do

sílvicola norte-americana pode dar sus-tentação a qualquer iniciativa normati-va do ordenamento jurídico internacio-nal no tocante aos valores ecológicos que devem ser tutelados pelo Estado, assim como à consciência urgente e necessária ao homem do século XXI no que diz respeito ao compromisso inalienável que deve manter para com a guarda do ecossistema planetário.

Leis do ReinoNo que se refere às normas do Direito

que nos orientam os rumos como socie-dade, o cuidado com o meio ambiente data das Ordenações e Leis do Reino de Portugal, recopiladas a mando do Rei Filipe I, nos inícios de 1603. Aqui registramos o dispositivo que segue: “E mandamos que pessoa alguma não

corte nem mande cortar sovereiro, car-valho, ensinho, machieiro pelo pé, nem mande fazer dele carvão nem cinza; nem encasque nem mande encascar, nem cerrar alguma das ditas árvores...”

Degredo, multa e açoiteEm face do que está assentado nas

“Ordenações”, de logo se vê que ao legislador não agradava o dano am-biental. Ao que descumprisse a legis-lação pertinente, a condenação previa uma pena de degredo de quatro anos para a África e, concomitantemente, “o pagamento de cem cruzados e a perda do carvão e cinza, a metade para quem o acusar e a outra para os cativos; e se for peão seja além disso, açoitado.” A dureza da pena, se apli-cada hoje, teria sem dúvida a crítica dos penalistas sob a alegativa da dis-paridade entre a o delito e a pena.

Valiosas abelhasA cuidadosa legislação fi lipina é de

fazer inveja aos códigos ambientais hodiernos. Senão vejamos, quando trata de abelhas. Se alguém compras-se colmeias apenas para se aproveitar da cera, matando as abelhas, em sen-do peão, deveria ser açoitado. Não sendo peão, a pena seria o degredo de dois anos para a África mais açoi-tes e ainda o pagamento em dobro de tudo “o que valiam as colmeias”. Imagine o que assentaria o legislador das “Ordenações” em relação aos ca-çadores de marfi m que nos dias de hoje matam os elefantes apenas para retirar-lhes os dentes?! E os matado-res de golfi nhos e baleias?! Recebe-riam prisão perpétua, no mínimo.

CUIDADO AMBIENTAL NA HISTÓRIA DO DIREITOSeria tão instigante quão de certa forma fastidioso, discorrer com detalhes sobre

as preocupações dos legisladores de todos os tempos, bem como das atitudes de lideranças várias, no que diz respeito ao cuidado com o meio ambiente. O homem, de forma paradoxal, assim como é identifi cado como o grande predador da nature-za, assim também tem-se detido na elaboração de normas que evitem as catástro-fes ambientais. O esforço não tem obtido grande sucesso, mas se nada houvesse sido feito no sentido de preservar o ecossistema ambiental em que vivemos, o fi m do planeta já estaria bem mais próximo, em hipótese das mais otimistas.

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5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

POR: SHERYDA LOPESEDIÇÃO: TARCILIA [email protected]

Em tempos de Copa do Mun-do, mais do que nunca, assim como os cidadãos fortale-zenses, os turistas, também,

precisam das calçadas. Mas, um dos poucos espaços destinado ao trânsito de pedestres e considerado proprieda-de do povo, não está livre de buracos, desníveis e obstáculos. Em Fortaleza, mesmo quem tem boas condições fí-sicas encontra dificuldade de circular pelas nossas calçadas. A situação pio-ra para quem tem algum tipo de limi-tação, como no caso de cadeirantes, deficientes visuais e idosos.

Na Praia de Iracema encontramos o turista Rory Chen, que veio de Taiwan, ele elogia a capital cearense, mas afi rma que a Cidade precisa realizar mudanças nesta parte do logradouro. “O pior, é que as alturas são muito irregulares, e o tempo todo é preciso passar por degraus e rampas”, disse o visitante e adminis-trador de empresas. Integrante do bloco de países que fi caram conhecidos como “tigres asiáticos”, a ilha de Taiwan têm padrões de vida bem próximos aos dos países desenvolvidos.

Diferente do asiático que está de pas-sagem por Fortaleza, a aposentada Au-rineide Santos, 84, moradora da Praia de Iracema, convive diariamente com o problema e queixa-se de ter que cami-nhar no asfalto, pois não tem condições de fazer a escalada no cotidiano. “A altu-ra varia e há rampas que interrompem o trajeto o tempo todo”, reclama. Outra queixa é relativa aos bares e lanchonetes que colocam mesas e cadeiras no meio dos passeios. Ela conta que já chegou a tropeçar e cair na calçada da rua, cor-tando o lábio. “Ainda bem que não foi nada tão sério”, comenta aliviada.

MAIS PERTENCIMENTO, MENOS FISCALIZAÇÃO

A equipe do “Caderno O estado Ver-de” convidou o vereador e suplente da Comissão de Desenvolvimento Urba-no, Habitação e Meio Ambiente Deoda-to Ramalho (PT), para um passeio nas imediações da Rua João Cordeiro com a Avenida Monsenhor Tabosa, região cen-

tral na Praia de Iracema e com relevante concentração turística. Durante a cami-nhada, foram encontrados degraus de residências ocupando o passeio, alturas irregulares, mesas e cadeiras de lancho-netes na calçada e diversos casos em que o imóvel avançou o espaço, resultando em trechos sem a área para os pedestres.

Em um desses casos, o dono do imóvel,

o professor Jorge de Oliveira, 49, chegou a colocar muros com grades, restringin-do o acesso. Ele afi rma que a prática é antiga no bairro. “Quando chegamos aqui, em 1976, não havia nem asfalto, era só areia e esgoto a céu aberto, só de-pois abriram essa rua. Cada um sempre fez a calçada a seu modo”, lembra. Jor-ge afi rma que soube, recentemente, que o avanço é errado, mas só vai resolver o problema se “a fi scalização bater”.

Embora reconheça que há questões culturais envolvidas e que elas precisam ser levadas em consideração, a fi scaliza-ção é um instrumento importante para resolver o problema, afi rma o vereador. “É preciso aumentar a quantidade de fi scais e promover rondas com frequên-cia”, defende Ramalho que já ocupou o cargo de secretário de Meio Ambiente do município na gestão anterior, ele dirigiu a então Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam).

A atual titular da Secretaria de Urba-nismo e Meio Ambiente (Seuma), antiga Semam, Águeda Muniz, tem outro olhar para a questão. Por meio da assessoria de imprensa, a representante da Seuma afi rma que o problema pede mais do que fi scalização e punição, trata-se de esti-mular o sentimento de pertencimento na população em relação aos espaços públi-cos. “A sociedade tem que entender que tem direito à Cidade, mas também tem deveres para com ela. Um deles é manter a calçada em boas condições”.

Procurada por nossa equipe, a Se-cretaria Regional II (SER II) afi rmou que a região visitada em companhia do vereador, pertence a SER Centro. As duas secretarias informaram que a Prefeitura Municipal de Fortaleza rea-liza periodicamente a fi scalização e que no caso da SER Centro, há 30 fi scais disponíveis e uma equipe que percorre a área diariamente. Quem desobedece às normas pode ser multado.

Para moradores e turistas, caminhar ainda é um desafio

FORTALEZA

Embora o direito de ir e vir seja garantido por lei, na Capital, o pedestre não tem vez diante dos obstáculos nos passeios. A Prefeitura garante melhorias e pede conscientização

O vereador Deodato Ramalho comenta irregularidades nas calçadas

ANDERSON SANTIAGO

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6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

Muro por trás do Sebrae toma o espaço do passeio e do pedestre previlegiando veículos

ATÉ NA CALÇADA DO SEBRAEEntre calçadas visitadas em com-

panhia do vereador Cartaxo, estão as do Centro de Negócios do Sebrae, na Avenida Monsenhor Tabosa. Em um primeiro momento, o largo passeio, na frente e na lateral do imóvel, pa-rece regular e bem pavimentado com pedra portuguesa, mas a situação é diferente na parte de trás do prédio, onde, sequer, existe calçada. “Aqui fi ca explícito que houve avanço da obra, é preciso recuar esse muro e construir o passeio”, destaca o parlamentar que ressalta, também, que a pedra portu-guesa se não for muito bem assentada forma buracos e desníveis, oferecendo risco aos pedestres, além de resistência às cadeiras de rodas.

A assessoria de imprensa do Sebrae esclareceu, via e.mail, que o “próximo passo é a calçada”. O órgão está reali-zando uma reforma naquela sede e que, terminadas as intervenções internas, a calçada será contemplada. Além de trocar o pavimento, o muro nos fun-dos será recuado para a construção do passeio. As intervenções externas ain-da vão incluir a colocação de piso tátil e rampas para cadeirantes em toda a extensão do passeio. A abertura da rua

atrás do prédio ocorreu após a compra do imóvel, consta na mensagem.

CÓDIGO Mas o que diz a lei? Segundo a profes-

sora de Arquitetura e Urbanismo da Uni-versidade Federal do Ceará (UFC) Zilsa Santiago, as leis que falam em urbanis-mo na Capital surgiram há, relativamen-te, pouco tempo, como no caso da Lei N.o 5.530 de 17/12/1981 ou Código de Obras e Posturas (Cop) que defi ne a calçada ou passeio como “parte do logradouro, destinada ao trânsito de pedestres” e de responsabilidade do proprietário da resi-dência ou estabelecimento.

O artigo 605 do capítulo nono do Cop é claro: “Todos os proprietários de imóveis edifi cados ou não, com frente para vias públicas, onde já se encon-trem implantados os meios-fi os, são obrigados a construir ou reconstruir os respectivos passeios e mantê-los em perfeito estado de conservação e lim-peza, independentemente de qualquer intimação”. Determina ainda que a cal-çada deverá ter, a partir do meio-fi o, no mínimo 1,5 m e, no máximo, cinco metros de largura. Os recuos para esta-cionamento não são propriedades par-ticulares de quem faz a obra e sim, de domínio público.

Segundo a titular da Seuma, o Código de Obras e Posturas de Fortaleza está sendo atualizado e a atualização aconte-ce devido surgimento de novas tecnolo-gias e empreendimentos, após a criação da norma. Até o fi m do ano a minuta será encaminhada à Câmara Municipal. AN

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Segundo legislação municipal, não é permitido obstruir a calçada com degraus ou rampas. O proprietário do imóvel é responsabilizado pela infração

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

BOM EXEMPLO DA MONSENHOR TABOSA

- Para a professora Zilsa Santiago, da UFC, a reforma da Avenida Monsenhor Tabosa resultou em uma das melhores calçadas de Fortaleza. “Ela é adequa-da tanto em relação à largura quanto em relação à acessibilidade, pois tem piso tátil para os defi cientes visuais e condições para que cadeirantes per-corram a via sem problemas”, afi rma.

Quanto aos problemas apontados após a reforma, como lixeiras e outros obstáculos colocados sobre o piso tátil para defi cientes visuais, Zilsa considera que são questões simples de resolver e que não tiram o valor da intervenção. “No caso das esferas nas esquinas e locais de travessia, por exemplo, são elementos contornáveis e podem facil-mente ser substituídos”, confi rma.

A advogada Anucha Costa, 49, fi cou surpresa com a reforma da “Monse-nhor”, na opinião da turista maranhense [ela veio para a Copa], “agora está maravilhoso e tenho prazer de caminhar por ela”. No entanto demonstra surpre-sa com as “péssimas condições das calçadas da Rua João Cordeiro, não me-lhorou nada”. A turista utiliza a via para dirigir-se ao “hotel na Avenida da Praia”.

A Avenida Monsenhor Tabosa foi reformada pela Prefeitura e entregue em março. Após a reinauguração, recebeu críticas de movimentos de pessoas com defi ciência. A reforma custou R$ 5,3 milhões e sofreu intervenções após as queixas. Thauzer Fonteles, Coordenador de Pessoas com Defi ci-ência da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) afi rma que foram necessá-rias poucas intervenções após a reforma.

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ELOMELHORIAS À VISTA

A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) informa que o Programa de Valorização e Ampliação da Infraestru-tura e Atividade Turística de Fortaleza (Provatur), detém recursos de R$ 1,1 bilhão para a requalifi cação do Centro, Praia de Iracema, Moura Brasil e Jaca-recanga, por meio de 41 quilômetros de padronização de calçadas, além de outras melhorias. Outros projetos da Setfor devem benefi ciar as ruas Vicente de Castro, Alberto Nepomuceno, João Moreira e Adolfo Caminha, aplicando o mesmo padrão recebido pela Monsen-hor Tabosa. O calçamento da Avenida Beira Mar será alargado.

Já a Secretaria Municipal de In-fraestrutura (Seinf) informou que foram implantados aproximadamente 300.000 m² de calçadas padronizadas com tijolos intertravados, o equiva-lente a 140km de extensão nas obras do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor). “As novas calça-

das possuem largura padrão de 2,50m e rampas de acesso a cada quarteirão, garantindo assim, livre circulação e se-gurança ao pedestre”, destaca a nota.

MELHOR E PIORSegundo a Setfor “as novas calçadas

das avenidas Bezerra de Menezes e Domingos Olímpio, padronizadas pelo Transfor, estão entre as 10 melhores do país, de acordo com o Levantamen-to Calçadas do Brasil, feito pelo portal Mobilize Brasil em 2012”. No mesmo le-vantamento, o Centro foi considerado o bairro com as piores calçadas da Cidade.

UTILIDADE PÚBLICAAo se deparar com irregularidades, o

cidadão deve entrar em contato com a Secretaria Executiva Regional corres-pondente a seu bairro e também com a Seuma, por meio do telefone (85) 3452.6923 ou pelo site da Secretaria (www.fortaleza.ce.gov.br/seuma).

Passeio da Avenida Monsenhor Tabosa é considerado um bom exemplo de calçada

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8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

MAIS DE 10 MIL TONELADAS DE RECICLÁVEIS FORAM RECOLHIDAS

Em nota enviada ao Caderno Verde, a Emlurb informou que, durante a Copa, 150 profi ssionais garantem a limpeza nas proximidades do Castelão. Já no entorno da Fifa Fan Fest, 58 garis reali-zam a limpeza, com o reforço de mais 50 profi ssionais antes e depois do evento. A operação distribuiu ainda nos corre-dores de acesso ao Aterro, 360 lixeiras de cimento (verde/seco e cinza/úmido), além de 12 contêineres de 1,6m³ e dois de 5m³, informa a nota.

Até a semana passada, mais de seis mil toneladas de resíduos recicláveis foram recolhidas em Fortaleza em vir-tude do Mundial. Dentro da Arena Fan Fest, uma parceria entre a Ecofor, em-presa responsável pela limpeza do local e catadores cadastrados resultou em 4,7 toneladas de resíduos recolhidos, até o último dia 17, segundo informações da Secretaria da Copa (Secopa).

POR SHERYDA [email protected]

A notícia de que após uma das partidas da Copa do Mundo no Brasil, torcedores japone-ses recolheram o lixo das ar-

quibancadas antes de sair do estádio, surpreendeu aos brasileiros. Nas redes sociais, comentários elogiavam a atitu-de e ao mesmo tempo apontavam que essa realidade está distante da nossa. Muitos se mostraram espantados com a imagem dos asiáticos com sacolas na mão recolhendo latinhas e guardana-pos. A surpresa pode indicar que jamais aprenderemos algo tão simples quanto limpar a nossa própria sujeira?

Para a estudante Natasha de Castro, 20, que foi à Arena Fifa Fan Fest no aterro da Praia de Iracema, para ver a partida entre Brasil e México na última terça-feira, 17, o diferencial no com-portamento dos torcedores japoneses deve-se à educação do País. “Lá os pró-prios colégios ensinam, há cooperação na limpeza do ambiente escolar. Aqui a gente sempre tende a deixar o servi-ço que é considerado ‘pior’ para o outro, infelizmente”, analisa. Segundo ela, na própria Fan Fest viu latinhas e pessoas jogando lixo no chão, e atribui isso ao fato de que as pessoas não levam uma sacola consigo para guardar os resíduos até encontrar uma lixeira.

VISÃO DE FORAO engenheiro uruguaio Fernando Su-

zarcq, 24, veio a Fortaleza para assis-tir aos jogos da Copa e elogia a Cidade, porém, aponta problemas relacionados ao meio ambiente. “Vocês tem muitas coisas bonitas, mas outras são feias”, de-clara. Ele lamenta a quantidade de picha-

…mas nem tudo está perdido. Durante a exibição da partida entre Brasil e México, na Arena Fan Fest, o Estado Verde ouviu a opinião de torcedores e chegou a fl agrar bons exemplos

ções nas paredes, manchas escuras na água do mar (línguas negras) e também o costume de jogar lixo pelas janelas dos carros. “Ainda assim é um lindo país”, pondera, afi rmando que embora no Uru-guai a situação seja um pouco melhor, o país também tem esse tipo de problema.

Já a consultora de engenharia de pro-cessos, a mexicana Sofi a Carrera, 25, vai além: “Esse problema existe por toda a América Latina, o que é uma pena”. Se-gundo ela, das três cidades em que este-ve para ver os jogos, Natal, São Paulo e Fortaleza, a capital cearense tem a Fan Fest mais limpa e organizada.

NEM TUDO ESTÁ PERDIDOEmbora haja a visão de que todos os

brasileiros são isentos de consciência am-biental, alguns exemplos mostram que

isso não é verdade. A ambulante Francile-ne Marçal, 39, por exemplo, aproveitou a movimentação no aterro para vender qui-tutes. Mas o resíduo gerado em sua barra-ca não vai para o chão. “Faço questão de juntar latinhas e outros lixos secos nesta sacola, aí quando passam os catadores eu entrego para eles”, conta.

Quem também toma cuidado com os resíduos é Lucilene do Nascimento, 52, que vende pastéis e outras guloseimas durante a Copa. Por dia, dois litros de óleo de fritura são separados e vai para uma garrafi nha pet. “Conheço uma pes-soa que recolhe para a reciclagem, aí ela passa lá em casa e leva”, explica. A razão para não mandar a gordura pelo ralo está na ponta da língua: “Se eu fi zer isso vai cair no esgoto e pode parar no mar ou em rios”. É, Japão, um dia a gente chega lá.

FOTOS: ANDERSON SANTIAGO

Sim, ainda jogamos lixo no chão…

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

As lixeiras espalhadas no evento ajudam, mas não impedem que ainda se jogue lixo no chão

Ambulantes separam o lixo seco do úmido e entregam os recicláveis aos catadores

Page 9: O Estado Verde - Edição 22283 - 24 de junho de 2014

POR TARCILIA [email protected]

Em tempo de Copa do Mundo, não rola outro assunto a não ser a bola. Mas os milhares de visitantes estrangeiros, os mi-

lhões de brasileiros, além dos jogadores que estão no país para o evento da Fifa e os telespectadores, estão vendo a bola rolar em campos mais verdes. Dos 12 es-tádios brasileiros que estão recebendo os jogos do certame futebolístico, seis tive-ram projetos certifi cados, por atenderem à tendência mundial de seguir os princí-pios da construção civil sustentável.

A sustentabilidade, aliás, é uma exigên-cia da Fifa. O conceito surgiu na Copa da Alemanha de 2006, quando a entidade que rege o futebol mundial estabeleceu o “Green Goal”, uma política que prevê medidas como compensação de Gases do Efeito Estufa (GEE), utilizando, por exemplo, água da chuva, coleta seletiva de lixo e equipamentos movidos a ener-gias limpas, nos espaços onde acontecem as partidas, agora, também chamados, por aqui, de arenas.

Dentro desse contexto, o Caderno O estado Verde, resolveu ranquear as are-nas mais sustentáveis da Copa do Brasil, a partir da certifi cação LEED – Leader-ship in Energy and Environmental De-sign ou Liderança em Energia e Projeto Ambiental, do USGBC – U.S. Green Buil-ding Council ou Conselho Americano de Edifícios Verdes, considerado “o progra-ma mais importante do mundo para o projeto, construção, manutenção e ope-ração de prédios verdes”.

Atendendo nossa solicitação em busca de informações para defi nir o ranking, recebemos um comunicado do USGBC, dia 18 de junho, através do qual informa que em conjunto com a Copa do Mundo da FIFA de 2014, no Brasil, anuncia que

cinco estádios das cidades sede, obtive-ram a certifi cação LEED.

Segundo o CEO e presidente funda-dor da USGBC, Rick Fedrizzi, “a Fifa e o governo brasileiro têm mostrado gran-de liderança e comprometimento para a redução do impacto ambiental dessas instalações da Copa do Mundo e para torná-las uma vitrine de construção sus-tentável para a comunidade internacio-nal”, conforme o comunicado.

“À medida que os olhos do mundo caem sobre o Brasil, estes projetos estão demonstrando não só a aplicabilidade e a adaptabilidade do sistema de classifi ca-ção do LEED green building no mundo inteiro, mas também a posição de lide-rança do Brasil na vanguarda do movi-mento para construções sustentáveis de alta performance”.

NEM TODOS CERTIFICADOSDos 12 estádios onde acontecem os jo-

gos, nem todos obtiveram a certifi cação internacional. Na lista, o maior estádio da América do Sul, o Maracanã, no Rio de Janeiro, certifi cado com o selo Prata. Os outros estádios incluem a Arena Cas-

telão, em Fortaleza (certifi cado LEED), a Arena Fonte Nova, em Salvador (LEED Prata), o Mineirão, em Belo Horizonte (LEED Prata) e a Arena da Amazônia, em Manaus (LEED Prata).

O selo LEED possui sete dimensões a serem avaliadas nas edifi cações. Todas elas com pré-requisitos (práticas obri-gatórias) e créditos, recomendações que quando atendidas, garantem pon-tos a edifi cação. O nível da certifi cação é defi nido, conforme a quantidade de pontos adquiridos, podendo variar de 40 pontos, nível certifi cado até acima de 80 pontos, nível platina. Os quatro níveis e pontuação correspondentes são: Certifi cado (40-49 créditos); Prata (50-59 créditos); Ouro (60-79 créditos) e Platina (80-mais créditos).

A USGBC avalia que “cada estádio in-corporou vários recursos sustentáveis que contribuíram para a obtenção da norma”. A Arena Castelão, por exemplo, somou 47 pontos em sua avaliação e fi -cou com a certifi cação básica, mas apre-senta uma redução de 12,7% no consumo anual de energia e 97 % dos resíduos do projeto foram desviados do aterro sani-

tário. A Arena Fonte Nova, por sua vez, superou os requisitos básicos e acumu-lou 53 pontos: possui 20% de seus ma-teriais de construção feitos de material reciclado, 75 % dos resíduos do projeto de construção desviados do aterro sani-tário e 35 % de sua energia proveniente de fontes renováveis como solar e eólica.

DESTAQUEMas o destaque, vai mesmo para o

Maracanã. De acordo com o diretor exe-cutivo do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), Felipe Faria, a empresa de construção brasileira responsável pela certifi cação do Maracanã, a Odebrecht, “superou os limites de inovação susten-tável” com a arena carioca, que “possui recursos como painéis fotovoltaicos no telhado, reservatórios de água da chuva e coleta seletiva de resíduos”. A energia solar é utilizada no aquecimento da água dos vestiários e os painéis fotovoltaicos instalados na cobertura do estádio, são capazes de gerar 400 mil kW/h por ano.

ALÉM DE 2014A certifi cação ambiental dos estádios

para a Copa do Mundo, atendendo pa-drões internacionais, foi uma condição exigida pelo Banco Nacional do Desen-volvimento Econômico e Social (BN-DES) para a aprovação dos empréstimos que fi nanciaram as obras de todas as 12 arenas. Mas o desafi o está em pensar a sustentabilidade para além de 2014.

De acordo com diretrizes da Fifa, a partir da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, todos os estádios deverão ser certifi cados no quesito sustentabilida-de. Para o diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social da entidade, Federico Addiechi, só estádios que ti-verem mais de 49 pontos na certifi ca-ção Leed ou equivalente poderão rece-ber jogos do torneio.

Nem todos conseguiram o Selo LEED, nenhum o Ouro. Quase empatou, cinco estão certifi cados e, o destaque é a Prata do Maracanã

9VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

Copa da Fifa anuncia estádios mais sustentáveis

RANKING

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10 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

SELO LEED

Nem todos os estadios, onde acontecem os jogos foram certifi cados. Dos doze, cinco obtiverão a certifi cação internacional. Na lista, o maior estádio da América do Sul, o Maracanã, no Rio de Janeiro, certifi cado com o selo Prata. Os outros estádios incluem a Arena Castelão, em Fortaleza (certifi cado LEED), a Arena Fonte Nova, em Salvador (LEED Prata), o Mineirão, em Belo Horizonte (LEED Prata) e a Arena da Amazônia, em Manaus (LEED Prata).

Os quatro níveis e pontuação cor-respondentes ao Selo LEED são: Certifi cado (40-49 créditos); Prata (50-59 créditos); Ouro (60-79 cré-ditos) e Platina (80-mais créditos).

Maracanã, Rio de Janeiro: Selo Prata Arena Fonte Nova, Salvador: Selo Prata Mineirão, Belo Horizonte: Selo Prata

Arena da Amazônia, Manaus: Selo Prata Arena Castelão, Fortaleza: Selo LEED (certificado)

Page 11: O Estado Verde - Edição 22283 - 24 de junho de 2014

Na Copa da Natureza quem marca ponto são as novas espécies que aos poucos vão sendo descobertas. A

seleção que você vai conferir agora – espécies da fauna e da fl ora – é um exemplo disso.

Em Tandayapa Bird Lodge, no Equador, o olinguito acaba de ser descoberto e nas cavernas do mar na ilha de Santa Catalina – na Califórnia (Estados Unidos), vive, agora para o conhecimento de todos, o Liropus minusculus, camarão translúcido que mede apenas alguns milímetros (0,05mm) de comprimento.

Na Tailândia foi descoberta a Dracaena ka-weesakii uma espécie vegetal popularmente co-nhecida como “Dragon Tree” e a sua fl or, além de incrivelmente linda, conta com pétalas bran-cas e fi lamentos cor de laranja.

A camufl ada “rabo de folha” é uma nova e interessante espécie de lagartixa que pode ser encontrada em fl orestas remotas do norte da Austrália, é Saltuarius eximius e como se pode observar na foto, tem cauda tem formato de fo-lha e toda sua pele é adaptada para se camufl ar em cenários de natureza selvagem.

Fonte: http://www.livescience.com

O Programa de Bolsas da Fundação Nip-pon do Japão, em parceria com a Organiza-ção das Nações Unidas (ONU), abriu proces-so de seleção para interessados em assuntos oceânicos e direito do mar.

O objetivo principal do Programa é for-necer educação e formação avançada no domínio dos assuntos oceânicos e direito do mar, bem como em disciplinas relacionadas, a funcionários de governos e outros profis-sionais dos Estados em desenvolvimento. O prazo de inscrição é 12 de setembro de 2014. Nos últimos dez anos, cem pessoas de 60 pa-

íses já participaram do Programa. Os estudos serão conduzidos em dois mo-

mentos: o primeiro em uma instituição parcei-ra que acolherá o (a) candidato (a) e o segundo na Divisão da ONU para Assuntos do Oceano e Direito do Mar (Doalos, sigla em inglês), no escritório das Nações Unidas para Assuntos Jurídicos ou em outra instituição parceira.

O Programa dura nove meses e os candi-datos da bolsa 2015-2016 já começam no ano que vem. As propostas deverão ser en-viadas diretamente através do site: www.un.org/depts/los/nippon

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

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Espécies descobertas em 2014

Bolsas para pesquisadores em assuntos oceânicos e direito do mar

INDICAÇÃO DE LEITURA

A degradação das calcadas de Recife motivou o engenheiro Luiz Helvécio e o consultor Francisco Cunha a escreverem o livro “Calçada: o primeiro degrau da cidadania urbana”. Em 64 páginas, os autores, caminhantes habituais, defendem a ideia de que o desrespeito à calçada é também um desrespeito a um dos direitos fundamentais de todo cidadão: o de ir e vir.

O livro, com linguagem clara e documentada por um grande número de imagens de calçadas do Recife e cidades da Améri-ca do Sul, traz uma análise da importância das calçadas para a mobilidade urbana e para a cidadania além de fazer um res-gate histórico dos motivos que levaram à degradação desses espaços públicos. Também, traz levantamento minucioso das calçadas da Capital pernambucana, aponta exemplos de cal-çadas civilizadas em outros países, resgata a legislação vigen-te sobre o tema e propõe um roteiro, com sugestões concretas, para a instalação de calçadas cidadãs.

Título: Calçada: o primeiro degrau da cidadania urbanaAutores: Francisco Cunha e Luiz HelvécioEditora: INTGPáginas: 64 páginasAno: 2013Preço: R$ 40,00

Livro escrito por dois caminhantes habituais

BIODIVERSIDADE

ONU

“Em uma cidade onde as calçadas não são respeitadas, não se pode esperar

respeito por mais nada”

Page 12: O Estado Verde - Edição 22283 - 24 de junho de 2014

POR JÚLIA MANTA*

“Fez, talvez, o deserto. Mas pode extingui-lo ainda, corrigindo o passado. E a tarefa não é insuperável.” Euclides da Cunha, Os Sertões

Os ipês roxos (Handroanthus impetiginosus), há tempos plantados e agora cortados para atender às obras do bi-

nário, este mês estariam possivelmente fl oridos, como os da BR-116. Quando poderemos contemplar agora, nas ave-nidas Santos Dumont e Dom Luís, uma copa coberta de fl ores roxas, passando de carro, ônibus, bicicleta ou mesmo à pé, como o cristão da música de Luiz Gonzaga? Árvores levam anos, déca-das para exibir grandes copas fl oridas, necessitam de cuidado e, sim, amor da população e dos gestores da cidade.

Mas ao invés da preservação de nossas árvores, como legado às futuras gera-ções, bem como do patrimônio coletivo e histórico de Fortaleza, o prefeito Ro-berto Cláudio vai fustigando a cidade, apagando nossa memória e degradando nossas áreas verdes. Enquanto isso, em Campina Grande tem a Avenida Brasí-lia, com sua alameda de ipês roxos, ain-da fl oridos nesta época.

Euclides da Cunha, em Os Sertões, cunhou a fi gura de linguagem “constru-tores de ruínas”, referindo-se à destrui-ção advinda da exploração do látex, nas seringueiras e cauchos, no alto Purus, Amazônia. Assim como no ciclo da borra-cha, antes, em toda a “obra civilizatória” esteve implícita a batalha anti-natureza e o apagamento dos rastros das culturas indígenas. Ordem e progresso estiveram muitas vezes de mãos dadas com o arrui-namento dos primeiros habitantes des-sas terras, da fl ora e da fauna nativas.

Das catequeses ao desmatamento das fl orestas, dos aldeamentos à expansão das cidades, tece-se a história tradicio-

nal, calando as vozes resistentes sob o fi o da violência. Assim como no pas-sado as fl orestas ou os povos de língua tupi, jê, aruak não foram assimilados à nova dinâmica “civilizatória”, na For-taleza dos dias de hoje os ipês roxos, o manguezal do Cocó ou os moradores do Alto da Paz não podem ser integrados ao novo “projeto de cidade”, mas devem sim ser amputados pela ditadura da in-tolerância e do asfalto. Vivemos numa constante situação de ameaça.

Roberto Cláudio, em peça publicitária enviada pelos correios aos fortalezenses, afi rma que as obras do binário foram

realizadas “para melhorar o trânsito da nossa cidade e levar mais qualidade de vida ao nosso povo”. Esse e outros apa-ratos publicitários que o envolvem se afi nam com toda a falsidade do discurso ofi cial ao longo dos tempos, coisas de quem se acha com o poder de legitimar a sua versão, sempre parcial, dos fatos.

O “povo” citado na peça publicitária “Saiba tudo sobre as obras do binário na sua região” assistiu ao desastro-so transplante das árvores, a agonia e morte destas árvores no Horto Muni-cipal, bem como das mudas que foram plantadas em substituição nos passeios

do binário. Viu também na prática que aumentar o espaço para carros sem dar alternativas de transportes coletivos só piora o trânsito.

E assim vai Roberto Cláudio, deixan-do seus rastros nos capítulos da histó-ria fortalezense, como diria Euclides da Cunha, como “um terrível fazedor de desertos”, seguindo na tradição dos construtores de ruínas dos territórios desta nação - construindo para arrui-nar, destruindo para construir.

*INTEGRANTE DO

MOVIMENTO PRÓ-ÁRVORE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 24 de junho de 2014

VERDE

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Construtores de ruínas