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1 O método científico as perspetivas indutivista e falsificacionista A professora: Sara Raposo. Como se caracteriza o método científico? Indutivismo Falsificacionismo O ponto de partida da ciência é a observação impessoal e isenta dos factos, sem quaisquer pressupostos teóricos. O cientista deve limitar-se a registar, de forma objetiva e rigorosa, os dados observados. A elaboração das hipóteses e das teorias científicas resulta de um raciocínio indutivo (uma generalização): as leis científicas, expressas através de proposições universais, são obtidas a partir da análise das regularidades registadas nos casos observados. Os dados observacionais (a experiência) permitem comprovar ou verificar a verdade das hipóteses ou das teorias (critério de verificabilidade). A tarefa dos cientistas poderá consistir em procurar dados para apoiar as suas teorias, utilizar essas mesmas teorias na explicação e previsão de novos fenómenos ou ainda procurar, a partir das explicações propostas, leis científicas mais abrangentes. A indução tem um papel fundamental na ciência: as leis científicas são enunciados universais obtidos indutivamente a partir de premissas que descrevem factos observados. 1 Os cientistas, à partida, não colocam em causa as suas próprias hipóteses ou teorias, antes pelo contrário procuram prová-las e garantir a sua certeza. O ponto de partida da atividade científica é a colocação de problemas. Ao formular o problema o cientista é sempre influenciado por expectativas, suposições e interesses teóricos, não existe uma observação imparcial dos factos. As teorias são tentativas de solucionar problemas, não partem da observação, mas resultam do espírito inventivo dos cientistas (são conjeturas criativas que devem ter elevado conteúdo empírico) que, se não forem refutadas, permitirão resolver certos problemas. A avaliação da cientificidade de uma teoria implica a realização de testes empíricos que permitam confrontar o conteúdo desta com os factos. Deduzem-se consequências empíricas da teoria, prevendo a ocorrência de determinados fenómenos. Estas previsões são submetidas a testes experimentais: se se revelarem incorretas, a teoria será refutada, se forem corretas, a teoria será corroborada. Recorre-se à experiência para procurar factos que desmintam ou estabeleçam a falsidade das teorias (critério de falsificabilidade), estas são sempre conjeturais, têm valor científico (são corroboradas) apenas enquanto resistirem às tentativas de refutação. Popper, tal como Hume, considera que a conclusão um enunciado universal de uma indução não é racionalmente justificável a partir dos casos particulares enunciados nas premissas. Todavia, isso não põe em causa a credibilidade ou a racionalidade da ciência, pois o raciocínio indutivo não é necessário para conceber as teorias científicas (fruto da criatividade) nem para as falsificar. Os cientistas deverão ter uma atitude de autocrítica e de debate, procurando descobrir erros nas suas próprias teorias, realizando testes empíricos que permitam mostrar se estas são ou não falsas.

O método científico, nas perspetiva indutivista e falsificacionista

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Page 1: O método científico, nas perspetiva indutivista e falsificacionista

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O método científico – as perspetivas indutivista e falsificacionista

A professora: Sara Raposo.

Como se caracteriza o método científico?

Indutivismo Falsificacionismo

O ponto de partida da ciência é a observação

impessoal e isenta dos factos, sem quaisquer

pressupostos teóricos. O cientista deve limitar-se a

registar, de forma objetiva e rigorosa, os dados

observados.

A elaboração das hipóteses e das teorias

científicas resulta de um raciocínio indutivo (uma

generalização): as leis científicas, expressas através

de proposições universais, são obtidas a partir da

análise das regularidades registadas nos casos

observados.

Os dados observacionais (a experiência)

permitem comprovar ou verificar a verdade das

hipóteses ou das teorias (critério de

verificabilidade).

A tarefa dos cientistas poderá consistir em

procurar dados para apoiar as suas teorias, utilizar

essas mesmas teorias na explicação e previsão de

novos fenómenos ou ainda procurar, a partir das

explicações propostas, leis científicas mais

abrangentes.

A indução tem um papel fundamental na

ciência: as leis científicas são enunciados

universais obtidos indutivamente a partir de

premissas que descrevem factos observados.

1

Os cientistas, à partida, não colocam em causa

as suas próprias hipóteses ou teorias, antes pelo

contrário procuram prová-las e garantir a sua

certeza.

O ponto de partida da atividade científica é a

colocação de problemas. Ao formular o problema o

cientista é sempre influenciado por expectativas,

suposições e interesses teóricos, não existe uma

observação imparcial dos factos.

As teorias são tentativas de solucionar problemas, não

partem da observação, mas resultam do espírito

inventivo dos cientistas (são conjeturas criativas que

devem ter elevado conteúdo empírico) que, se não

forem refutadas, permitirão resolver certos problemas.

A avaliação da cientificidade de uma teoria implica a

realização de testes empíricos que permitam confrontar

o conteúdo desta com os factos. Deduzem-se

consequências empíricas da teoria, prevendo a

ocorrência de determinados fenómenos. Estas previsões

são submetidas a testes experimentais: se se revelarem

incorretas, a teoria será refutada, se forem corretas, a

teoria será corroborada. Recorre-se à experiência para

procurar factos que desmintam ou estabeleçam a

falsidade das teorias (critério de falsificabilidade), estas

são sempre conjeturais, têm valor científico (são

corroboradas) apenas enquanto resistirem às tentativas

de refutação.

Popper, tal como Hume, considera que a conclusão –

um enunciado universal – de uma indução não é

racionalmente justificável a partir dos casos particulares

enunciados nas premissas. Todavia, isso não põe em

causa a credibilidade ou a racionalidade da ciência, pois o

raciocínio indutivo não é necessário para conceber as

teorias científicas (fruto da criatividade) nem para as

falsificar.

Os cientistas deverão ter uma atitude de autocrítica e

de debate, procurando descobrir erros nas suas próprias

teorias, realizando testes empíricos que permitam

mostrar se estas são ou não falsas.

Page 2: O método científico, nas perspetiva indutivista e falsificacionista

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Nota:

O quadro comparativo, da página anterior, foi elaborado com base na seguinte bibliografia:

-Aires Almeida e outros, “A Arte de Pensar – 11º Ano”, 2ª edição, Didáctica Editora, Lisboa, 2008.

-Pedro Galvão, “Filosofia – Preparação para o exame nacional”, Porto Editora.

-Artigos do DEF online (Dicionário escolar de Filosofia) relacionados com o indutivismo e o

falsificacionismo.