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1 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO CRESCIMENTO E DIVERSIFICAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM UM GRUPO EMPRESARIAL FAMILIAR ALESSANDRO BARBOSA FERNANDES Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho FACULDADES IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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1

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

CCRREESSCCIIMMEENNTTOO EE DDIIVVEERRSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO:: EESSTTUUDDOO DDEE

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AALLEESSSSAANNDDRROO BBAARRBBOOSSAA FFEERRNNAANNDDEESS

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho

FFFAAACCCUUULLLDDDAAADDDEEESSS IIIBBBMMMEEECCC PPPRRROOOGGGRRRAAAMMMAAA DDDEEE PPPÓÓÓSSS---GGGRRRAAADDDUUUAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE PPPEEESSSQQQUUUIIISSSAAA EEEMMM

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2

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“CRESCIMENTO E DIVERSIFICAÇÃO: ESTUDO DECASO EM UM GRUPO

EMPRESARIAL FAMILIAR”

Alessandro Barbosa Fernandes

Dissertação de Mestrado Profissionalizante

apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Administração e Economia das Faculdades Ibmec,

como requisito parcial necessário para a obtenção do

título de Mestre em Administração. Área de

Concentração: Administração Geral.

Aprovada em 29 de julho de 2005.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho – Orientador

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Edson José Dalto, Faculdades Ibmec

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Paulo José Lentino Camargo Prochno, Fundação Dom Cabral

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Dedico este trabalho aos meus pais João Batista e Célia Barbosa, que

me ensinaram a ser como eu sou.

À minha mulher Luciana que sempre esteve e estará presente em meu

coração e em minha alma.

Às minhas filhas Giovanna e Isabella, e ao meu filho Rafael que, sem

saber, me transmitem a paz que eu preciso.

Às minhas irmãs Janeceli e Alessandra, e aos meus irmãos João

Érick, Jhonathan e Juninho que me ensinam a compreender a

importância da união.

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AGRADECIMENTOS

Ao Grande Arquiteto do Universo por tudo que tem me proporcionado.

Ao amigo e mentor João Batista que foi o grande empreendedor do grupo estudado,

colocando-se sempre à disposição para contribuir no desenvolvimento deste trabalho.

Ao amigo e orientador Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho pela objetividade,

dedicação e otimismo, me injetando ânimo nos momentos em que eu mais precisava.

Aos Professores Paulo Prochno e Edson Dalto que, com as suas observações extremamente

relevantes, ajudaram a enriquecer este trabalho.

Aos meus colaboradores e amigos Delcy Júnior e Glaydon Siqueira que, com críticas

construtivas, ajudaram-me a realizar este trabalho.

E, à minha prima Simone Porto pela ajuda “jornalística”.

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RESUMO

As empresas familiares têm uma grande importância na economia brasileira. Quando estas

empresas decidem crescer, há a necessidade de se conquistar mais fatias de mercado por

meio da diversificação. Então surge a difícil missão de se planejar o futuro através de

estratégias para o crescimento. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estudar, por

meio de um estudo de caso único, a estratégia de crescimento e diversificação do Grupo

Empresarial Familiar JF que possui unidades de negócios atuantes no mercado de logística

e agronegócio. Buscou-se o enquadramento destas estratégias nos modelos já existentes,

traçando um paralelo entre as estratégias revisadas na bibliografia com aquelas adotadas

efetivamente pelas empresas do grupo. Como resultado, verificou-se que a estratégia de

crescimento adotada pelo grupo vem sendo feita de forma artesanal, sendo desenvolvida

gradativamente, através das ações e experiências da organização. Como o crescimento do

grupo aconteceu de forma extremamente rápida, a sua estrutura de gerenciamento não

conseguiu acompanhar esta evolução, causando problemas de gestão. O grupo passa por

problemas de caixa, pois como a maior parte de suas empresas está na fase emergente, a

captação de recursos se torna mais difícil. Por este trabalho possuir um caráter prático, ele

poderá auxiliar os gestores de empresas familiares na condução de suas organizações a um

crescimento sustentável.

ABSTRACT

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The family companies play a very important role in Brazilian economy. When these

companies decide to grow, we verify the need of getting more slices of the market through

diversification. Thus, a very difficult mission arises concerning future planning through

growth strategies. In this very context, this work was intended to study, through unique

case study, the empresarial familiar group JF, which has business units in the logistic as

well as in the agrobusiness. We tried to adapt those strategies to the existing models by

drawing a parallel between the revised strategies in the bibliography and those which were

effectively used by the group. As a result, it was verified that the growth strategy used by

the group has been developed in a gradual crafting way through actions and organizational

experience. Taken into consideration the fact the group has faced a rapid growth, we

assumed that its managing structure was not able to follow this evolution, therefore causing

management hassles. It’s a fact that the group has gone through cash flow problems since

most of its emerging companies have had a lot of difficulties obtaining resources. Due to

the practical nature of this work, it’s assumed that it will be of great help for those who run

family company based on a self supported growth.

SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 01

1.1 O PROBLEMA ............................................................................................... 03

1.1.1 Contextualização do problema .............................................................. 03

1.1.2 Formulação do problema ....................................................................... 03

1.1.3 Objetivos ................................................................................................ 03

1.1.3.1 Objetivo final ...................................................................................... 03

1.1.3.2 Objetivos intermediários ..................................................................... 03

1.1.4 Relevância ............................................................................................. 04

1.1.5 Delimitação do estudo ........................................................................... 04

1.2 METODOLOGIA ........................................................................................... 04

1.2.1 Estudo de caso ....................................................................................... 04

1.2.2 Estudo de caso único ............................................................................. 06

1.2.3 A estrutura do estudo de caso proposto ................................................. 07

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 08

2.1 ESTRATÉGIA ................................................................................................ 08

2.1.1 Origem ................................................................................................... 08

2.1.2 Definições .............................................................................................. 09

2.1.3 Processo de formulação de estratégias .................................................. 10

2.2 ESTRATÉGIA COMPETITIVA ................................................................... 13

2.3 COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS .................................................................. 16

2.4 VISÃO DA FIRMA BASEADA EM RECURSOS ....................................... 18

2.5 ESTRATÉGIA DE COOPERAÇÃO E ALIANÇAS .................................... 22

2.6 ESTRATÉGIA CORPORATIVA .................................................................. 25

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2.6.1 Estratégia de gerência de portfólio ........................................................ 27

2.6.2 Estratégia horizontal .............................................................................. 30

2.6.3 A integração vertical .............................................................................. 32

2.6.4 Estratégia baseada no apoio da matriz ................................................... 34

2.7 CRESCIMENTO E DIVERSIFICAÇÃO ...................................................... 36

2.8 EMPRESA FAMILIAR ................................................................................. 39

2.9 ANÁLISE ....................................................................................................... 41

3. ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 44

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

..................................................................................................... 54

4.1 A ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS ENCERRADAS ................................. 55

4.2 A ESTRATÉGIA DA DIVISÃO DE LOGÍSTICA ....................................... 56

4.3 A ESTRATÉGIA DA DIVISÃO DE AGRONEGÓCIO ............................... 57

4.4 A ESTRATÉGIA DO GRUPO JF .................................................................. 59

4.5 CRÍTICAS E SUGESTÕES ........................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 64

ANEXO

A – ENTRADA DOS FILHOS NO GRUPO ............................................................. 69

LISTA DE FIGURAS

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Figura 1 – FORÇAS QUE DIRIGEM A CONCORRÊNCIA NA INDÚSTRIA .. 14

Figura 2 – O CONTÍNUO DOS RECURSOS ........................................................... 20

Figura 3 – NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE .......... 26

Figura 4 - NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE - FASE I

................................................................................................................... 47

Figura 5 - NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE - FASE II

.................................................................................................................. 49

Figura 6 – NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE - FASE III

................................................................................................................. 52

Figura 7 – QUANTIDADE ANUAL DE EMPRESAS PERTENCENTES AO GRUPO

....................................................................................................... 52

Figura 8 - TEMPO DE VIDA DAS EMPRESAS ..................................................... 53

LISTA DE TABELAS

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Tabela I – MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO DO BCG .............. 28

Tabela II – MATRIZ DE ATRATIVIDADE DA INDÚSTRIA-FORÇA DO

NEGÓCIO ............................................................................................... 29

Tabela III – FASES DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO GRUPO JF .............. 44

Tabela IV – MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO NA FASE I ....... 48

Tabela V - MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO NA FASE II ....... 49

Tabela VI - MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO NA FASE III .... 51

Tabela VII - CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS E PROJETOS POR DIVISÃO

................................................................................................................... 53

Tabela VIII – ALAVANCAGEM DAS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO ....... 62

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1. INTRODUÇÃO

As empresas familiares têm provocado muitas discussões no meio acadêmico no que diz

respeito a sua profissionalização. Segundo Ward (2003), assim que a empresa pensa em

seu crescimento, há a necessidade de se conquistar mais fatias de mercado por meio da

diversificação e então surge a difícil missão de se planejar o futuro através de estratégias

para o crescimento da empresa. Este planejamento estratégico demonstra o atual

desenvolvimento da empresa, visualiza para onde se encaminha e como se fará para chegar

lá; identifica os preceitos fundamentais do negócio, discute-os e supervisiona sua colocação

em prática; e identifica os valores básicos que impulsionam os donos e/ou diretores com

influência sobre o andamento do negócio. Este autor cita que “o planejamento estratégico

envolve muito mais do que uma revisão ponderada dos problemas empresariais” e “essas

idéias fornecem uma orientação às empresas familiares sobre como pensar em seus

desafios”.

Existem três proposições relacionadas com a conduta e o funcionamento das empresas que

embasam estas idéias: 1- a maioria das empresas atravessa ciclos de vida evolutivos e

previsíveis; 2- pode-se aprender muito com as experiências de outras empresas e famílias; e

3- a cultura da empresa familiar, sua direção e sua organização têm uma influência muito

maior nos resultados da empresa do que qualquer outro fator, Ward (2003).

O grupo estudado possui características familiares desde a criação de sua primeira empresa,

tendo seus familiares ocupando cargos de direção nas empresas. Este fato se tornou mais

evidente nos dias atuais, pois além do fundador ocupar a presidência do grupo, seus filhos

ocupam cargos de vice-presidentes.

O espírito empreendedor e a intuição do fundador foram determinantes para o surgimento

das empresas, comprovando a afirmação de Bernhoeft (2003) que ressalta que o surgimento

de empresas familiares é apoiado em variáveis emocionais.

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No Grupo JF, a seleção das indústrias é feita artesanalmente, sem a criação de cenários,

diferente do que sugere Wack (1985). A estratégia de crescimento adotada vem sendo

desenvolvida gradativamente, com base em experiências da organização, tornando-a mais

eficaz, o que converge com a afirmação de Mintzberg (1987).

O grupo iniciou suas atividades focadas em logística. Com o seu crescimento e

diversificação, atualmente, o Grupo JF está também inserido no agronegócio. Porém, nestas

duas divisões, as empresas que as compõem apresentam grande semelhança em seus

princípios operacionais, comprovando a pesquisa de Anslinger e Copeland (1996), onde

estes autores ressaltam que o sucesso das empresas diversificadas está na semelhança de

suas operações.

Com o rápido crescimento do grupo, houve o surgimento de problemas de gestão, já que a

estrutura de gerenciamento não evoluiu na mesma velocidade. Este fato é citado por

Nicholls-Nixon (2005), pois a estrutura de sistemas existentes para gerenciar as suas

atividades não consegue acompanhar as demandas da organização de crescimento rápido.

Neste contexto, este é um trabalho prático e tem como objetivo estudar o crescimento e a

diversificação em um conglomerado familiar que possui unidades de negócios atuantes em

diferentes mercados, traçando um paralelo com a teoria existente, através de um estudo de

caso único.

No que diz respeito à organização do trabalho, esta seção é a introdutória, que busca dar

uma idéia do que se pretende fazer. Na segunda apresenta-se a revisão da literatura. Na

terceira seção, é apresentado estudo de caso. A quarta seção trata das considerações finais e

sugestões para futuros trabalhos. Na última seção são listadas as referências bibliográficas

encontradas neste trabalho.

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1.1 O PROBLEMA

1.1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

O presente trabalho focou as estratégias adotadas pelo conglomerado familiar que vem se

diversificando ao longo dos anos. Neste contexto, a formulação e seleção de estratégias são

determinantes para superar os desafios impostos e aproveitar as oportunidades que surgem,

possibilitando assim, que a empresa possa crescer com sustentabilidade.

1.1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A pergunta que orientou o trabalho foi:

Como um grupo empresarial familiar vem tratando o seu crescimento e a sua diversificação

ao longo dos anos e de que maneira ele poderá alcançar um crescimento sustentável?

1.1.3 OBJETIVOS

1.1.3.1. OBJETIVO FINAL

O objetivo deste trabalho foi investigar como o conglomerado empresarial familiar vem

tratando o seu crescimento e a sua diversificação ao longo dos anos e sugerir mudanças que

propiciem um crescimento sustentável.

1.1.3.2. OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

1. Estudar o processo de formulação de estratégias de crescimento e diversificação

adotadas pelo grupo (identificação e análise);

2. Avaliar a estratégia adotada e sugerir mudanças que propiciem um crescimento

sustentável para o grupo estudado.

1.1.4 RELEVÂNCIA

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A relevância da empresa familiar para a economia brasileira é evidenciada pela sua

participação entre as empresas atuantes neste mercado. De acordo com Netz (1992) e

Sorima Neto (1997), 99% das empresas brasileiras são familiares. Bernhoeft (1989) mostra

que, dos 300 maiores grupos privados do Brasil, a maior parte é controlada por famílias.

Concordando com esse dado, Trevisani Júnior (1997) informa que 90% dos grupos

privados “são administrados por membros da família controladora”.

Por este trabalho possuir um caráter prático, ele poderá auxiliar os gestores de empresas

familiares na condução de suas organizações rumo ao crescimento sustentável.

1.1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Definiu-se como objeto de estudo um grupo familiar. Este trabalho possui um caráter

exploratório, pois se trata, basicamente, de uma pesquisa qualitativa e, segundo Boaventura

(2004), este tipo de pesquisa é caracterizada como fonte direta de dados no ambiente

natural, sendo o pesquisador o principal elemento.

1.2 METODOLOGIA

A pesquisa foi baseada no estudo de caso único. Neste item serão demonstrados:

A escolha de estudo de caso como metodologia de pesquisa;

A escolha de um estudo de caso único;

A estrutura do estudo de caso proposto.

1.2.1 ESTUDO DE CASO

Os fatores que motivaram, como metodologia de pesquisa, a escolha do estudo de caso são

apresentados nesta seção:

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Segundo Yin (2001), “Os estudos de caso, como estratégia de pesquisa, são utilizados em

muitas situações, nas quais se incluem os estudos organizacionais e gerenciais”. Como este

estudo busca tratar a adoção da estratégia corporativa em empresas contemporâneas, e o

mesmo autor sugere que o estudo de caso é a melhor estratégia para se examinar

acontecimentos contemporâneos, sem que se possa manipular os comportamentos, acredita-

se que esta metodologia seja a mais indicada. Esta escolha se confirma em outra afirmação

deste autor onde ele cita que “o estudo de caso permite uma investigação para se preservar

as características holísticas significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida

individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões

urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores”. Ele ainda ressalta que o

estudo de caso representa uma boa opção quando a pergunta para o problema proposto é do

tipo “como” e “por que”.

Eisenhardt (1989) afirma que a teoria desenvolvida através de uma pesquisa que utiliza o

estudo de caso possui vantagens como a narrativa da história (novelty), o teste (testability) e

a validação empírica que surge da sua identificação com a narrativa empírica. A autora

completa, dizendo que, considerando-se a força de sua abordagem de construção de teoria e

a sua independência de literaturas anteriores ou de observações empíricas passadas, o

estudo de casos é bastante apropriado às novas áreas de pesquisa ou as áreas onde as teorias

existentes parecem inadequadas. E, como no caso da pesquisa proposta, não há muitas

evidências de estudos sobre a formulação e adoção de estratégias corporativas em empresas

familiares diversificadas, o estudo de caso é bem apropriado.

Para se projetar um estudo de caso, assim como ao projetar qualquer outro tipo de pesquisa,

segundo Yin (2001), se faz mister um plano ou um projeto de pesquisa. Afirma, ainda, que

“Cada tipo de pesquisa empírica possui um projeto de pesquisa implícito, se não explícito.

No sentido mais elementar, o projeto é a seqüência lógica que conecta os dados empíricos

às questões de pesquisa iniciais do estudo e, em última análise, às suas conclusões”.

Este trabalho de pesquisa pode ser caracterizado, dada a literatura analisada, pelos seguintes

tópicos:

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Tem interesse em identificar os padrões dos fenômenos observados;

Não foi observado nenhum estudo, até o momento, que trate das estratégias

adotadas pelas empresas familiares, focada na diversificação.

A pergunta proposta é: Como um grupo empresarial familiar vem tratando o seu

crescimento e a sua diversificação ao longo dos anos?

Trata-se de um fenômeno contemporâneo que, no estudo de caso proposto, o

conglomerado existe;

Trata-se da análise de um fenômeno organizacional;

Tem interesse nas características holísticas e significativas da vida real, como por

exemplo, a estratégia corporativa, a empresa familiar, crescimento, diversificação

entre outros;

Trata-se de um trabalho de pesquisa que buscará analisar as estratégias adotadas,

verificando se está havendo um crescimento sustentável ao longo do tempo, sendo

importante que tenha um caráter histórico e narrativo, de forma a identificar e

explicar os fenômenos.

1.2.2 ESTUDO DE CASO ÚNICO

Segundo Yin (2001), ao se projetar um estudo de caso, o pesquisador deve distinguir entre

projetos de caso único e de casos múltiplos. O estudo de caso único “é análogo a um

experimento único, e muitas das condições que servem para justificar um experimento

único também justificam um estudo de caso único. Encontra-se um fundamento lógico para

um caso único, quando ele representa o caso decisivo ao testar uma teoria bem-formulada”.

1.2.3 A ESTRUTURA DO ESTUDO DE CASO PROPOSTO

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A pesquisa desenvolvida foi baseada em um estudo de caso do Grupo JF em relação a sua

estratégia de crescimento e diversificação.

Em uma primeira parte, o estudo de caso teve como objetivo apresentar e estudar a

formação de cada empresa do grupo, demonstrando o porquê do surgimento de cada

unidade de negócio. Numa segunda etapa, verificou-se a estratégia adotada nesta

diversificação, bem com as estratégias adotadas por cada unidade de negócio e buscou-se o

enquadramento destas estratégias em algum modelo já existente, traçando um paralelo entre

as estratégias revisadas na bibliografia com aquelas adotadas efetivamente pelas empresas

do Grupo JF, sugerindo adequações.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Nesta seção apresenta-se a revisão da literatura com os estudos e visões de outros autores

sobre estratégia, sua origem, definições e a sua formulação; estratégia competitiva;

competências essenciais; a visão da firma baseada em recursos; estratégia de cooperação e

alianças; sobre a estratégia corporativa, estudando a estratégia de gerência de portfólio,

estratégia horizontal a integração vertical e a baseada no apoio da matriz; sobre crescimento

e diversificação, e sobre a empresa familiar.

2.1 ESTRATÉGIA

2.1.1 ORIGEM

Segundo Ghemawat (2000), a “estratégia” é um termo criado pelos antigos gregos, que

significava um magistrado ou comandante-chefe militar. Na primeira metade do século

XIX, Carl Von Clausewitz tenta sintetizar o termo estratégia, dizendo que enquanto “táticas

... (envolvem) o uso de forças armadas na batalha , estratégia (é) o uso de batalhas para o

objetivo da guerra”. Durante cerca de dois mil anos, a estratégia tinha como único foco a

guerra. O termo estratégia só foi realmente utilizado em negócios na Segunda Revolução

Industrial, na segunda metade do século XIX e disseminado no século XX. A Primeira

Revolução Industrial não influenciou significativamente para o pensamento estratégico,

pois as empresas eram de pequeno porte, não tendo nenhuma influência sobre o mercado.

Houve, então, na segunda metade do século XIX, que compreendia o início da Segunda

Revolução Industrial, uma necessidade do uso da estratégia para influenciar a concorrência.

As empresas começaram a se integrar verticalmente, alterando a competição nas indústrias

em que competiam ou, em muitas vezes, alterando o seu mercado. Por causa da escassez

dos recursos, na II Grande Guerra, as empresas foram obrigadas a pensar estrategicamente.

Nesta parte do trabalho buscar-se-á definir o termo estratégia, bem como o seu processo de

formulação.

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2.1.2 DEFINIÇÕES

Em termos empresariais existem muitas definições para o termo estratégia e, até hoje, há

muitos autores que continuam tentando redefini-lo. A estratégia está presente em todas as

empresas que competem em um dado mercado, seja através de um planejamento, tornando-

a explícita, ou através da sua própria atividade, sendo assim, de maneira implícita, Porter

(1986). A estratégia é uma idéia unificadora que une as áreas funcionais de uma

organização e interage suas atividades com o ambiente externo (Andrews e Christensen

apud Montgomery e Porter, 1998).

Henderson (1989) define a estratégia como sendo “a busca deliberada de um plano de ação

para desenvolver e ajustar a vantagem competitiva de uma empresa”, acrescentando que “a

estratégia envolve tudo e requer comprometimento e dedicação por parte de toda a

organização”. Ele utiliza a pesquisa do professor G.F. Gause que conduziu ao Princípio de

Gause da Exclusão Competitiva - “duas espécies que conseguem seu sustento de maneira

idêntica não podem coexistir”, para comparar esta competição natural à comercial,

mostrando que a empresa precisa possuir uma vantagem única para poder sobreviver em

seu mercado. Esta vantagem pode se dar pelo preço de venda, pelas funções, utilização do

tempo, pela vantagem da localização ou até mesmo pela percepção que o cliente tem do seu

produto, através de uma boa propaganda.

Ferreira (1986) cita que a estratégia é a “arte de aplicar os meios disponíveis com vista à

consecução de objetivos específicos”, ou ainda, a “arte de explorar condições favoráveis

com o fim de alcançar objetivos específicos”.

O modelo de estratégia que prevaleceu durante a década de 80 se baseava na idéia de que a

indústria possuía uma única posição competitiva ideal. A busca pelo best-practice e

outsourcing era feita através do benchmarketing (Porter, 1996).

Para Hax e Majluf (1996), a estratégia abrange todas as tarefas críticas de uma empresa e

dá a ela um senso de unidade, direção e propósito. Estes autores ressaltam que uma

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definição unificada de estratégia deve considerar o dilema existente entre esse

posicionamento competitivo conforme a estrutura da indústria e a visão baseada em

recursos da empresa. Já Mintzberg (1987), sugere que a “estratégia, na verdade, é uma

dessas palavras que as pessoas definem de um jeito e usam de forma diferente, sem

perceber a diferença”. Acrescenta, ainda, que todas as definições apresentadas giram “em

torno de algum tipo de plano e um guia claro com referência para comportamentos

futuros”.

2.1.3 PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

Segundo Eisenhardt (2001), a estratégia deve se apresentar como regras simples, pois “a

implicação estratégica mais profunda da nova economia é que as empresas devem captar

oportunidades imprevistas e efêmeras, a fim de serem bem-sucedidas”.

Bruce Henderson, fundador do BCG, o Boston Consulting Group, citou que “na maioria

das empresas a estratégia tende a ser intuitiva e baseada em padrões tradicionais de

comportamento que tiveram sucesso no passado”. Porém, “em setores em crescimento ou

em um ambiente de mudança, esta espécie de estratégia raramente é adequada. O ritmo

acelerado de mudanças está produzindo um mundo empresarial no qual hábitos gerenciais e

organizações costumeiras são cada vez mais inadequados” (Ghemawat, 2000).

Para elaborar um planejamento estratégico, a empresa deve compreender os limites de suas

forças e as suas habilidades para estar bem informada sobre o meio ambiente, de maneira a

criar vantagens em relação a sua concorrência (Lobato, 2002). Porém, Ohmae (1988),

afirma que, antes de se considerar a concorrência, a estratégia deve focar nas necessidades

dos clientes. Este autor cita que a criação de uma estratégia de valor agregado é feita “não

partindo para derrotar a competição, mas para entender como melhor fornecer valor aos

clientes”.

O plano estratégico é o que vem a ser o conteúdo que “vai ser” ou “o que” se propõe

realizar em termos estratégicos, o processo “é o como se faz a elaboração e o

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desenvolvimento de um plano. Inclui as atividades, utilizadas para formar o grupo de

pessoas, que vai elaborar o plano estratégico e as atividades utilizadas para desenvolver o

conteúdo do plano” (Bethlem, 2002).

Para Porter (1987), as empresas diversificadas possuem dois tipos de estratégia: a

competitiva, aplicada às unidades de negócios, e a corporativa, que é aplicada na totalidade

do grupo empresarial, acrescentando que “uma estratégia corporativa de sucesso tem que

nascer de uma estratégia competitiva e reforçá-la”. A estratégia corporativa é utilizada para

definir de que negócios o grupo deve participar e a que a matriz deve administrar as várias

unidades de negócios, com o objetivo de fazer com que haja uma sinergia entre as unidades

do grupo. Para a formulação de uma estratégia corporativa, a empresa deve considerar que

a diversificação não irá criar valor aos sócios caso os novos setores não apresentem uma

estrutura favorável à garantia de rentabilidade superior ao custo do capital investido e não

poderá gerar valor se o custo de entrada for maior do que os retornos esperados.

Mintzberg (1987) foca o seu trabalho na criação de uma estratégia de maneira artesanal,

pois “a imagem de uma criação artesanal é a que melhor representa o processo de

elaboração de uma estratégia eficaz”, acreditando que o planejamento orienta

inadequadamente as organizações. Uma organização pode possuir uma estratégia sem se

dar conta dela e, até mesmo, torná-la explícita. Para ele, o processo de formulação de

estratégia convencional é muito complexo e artificial e, para que a empresa possa afastar-se

dessa complexidade, faz-se necessário o retorno a alguns conceitos básicos, que são a

conexão íntima entre pensamento e ação, pois, segundo ele, “isso é o segredo de uma arte e,

também, da criação de uma estratégia”.

As estratégias podem se “formar” ou serem “formadas”. As estratégias formuladas são

introduzidas através de um processo de formulação acompanhado de implementação. As

estratégias formadas, geralmente, emergem em resposta a uma situação em evolução. Ele

afirma que os estrategistas inteligentes “reconhecem que nem sempre podem ser

suficientemente capazes de antecipar tudo que está por vir”, permitindo que as suas

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estratégias sejam desenvolvidas gradativamente, através das ações e experiências da

organização (Mintzberg, 1987).

Já para Wack (1985), as estratégias devem ser formuladas baseadas em cenários, pois, “a

maioria dos gerentes sabe por sua própria experiência quão falhas podem ser as previsões”.

E, para este autor, a solução deste problema não está na procura de melhores previsões,

através do aperfeiçoamento de técnicas ou contratando especialistas, e sim, aceitando a

incerteza, tentando compreendê-la e integrando-a ao raciocínio, pois a incerteza é hoje,

“uma característica estrutural básica do ambiente de negócios”. Os cenários poderão ajudar

os agentes de decisão, dependendo de como eles forem construídos e apresentados.

Este autor argumenta que o processo de cenários se constitui na construção de um conjunto

de cenários exploratórios de primeira geração, dando base sobre a qual os gerentes possam

exercitar seu julgamento, já que a meta desses cenários não é a ação, e sim, a compreensão.

Sua finalidade é “ampliar a compreensão sobre o sistema, identificar os elementos

predeterminados e descobrir conexões entre várias forças e eventos que conduzem esse

sistema”, pois “a percepção que a empresa tem de seu ambiente de negócios é tão

importante quanto sua infra-estrutura de investimentos, porque sua estratégia vem desta

percepção”. Este processo provoca a mudança na maneira de ver o mundo e, quando o

mundo muda, os gerentes precisam compartilhar uma visão comum do novo mundo, caso

contrário, “as decisões estratégicas descentralizadas resultarão na anarquia gerencial”. Os

cenários informam esta visão comum, fazendo com que o entendimento da nova realidade

seja compartilhado com todas as partes da organização.

“Um dos objetivos principais do planejamento estratégico corporativo é criar valor para os

acionistas. Este planejamento, pelo foco sistemático na tomada de decisões gerenciais,

ajuda a gerência a alocar recursos corporativos, de modo que sejam utilizados da maneira

mais produtiva e lucrativa”. Acredita-se que a realização de um planejamento estratégico

que propicie um crescimento nos lucros por ação, aumentará o valor das ações da empresa,

criando, assim, valor para os acionistas. Porém, o lucro por ações, bem como outras

relações contábeis, “têm deficiências enquanto padrões financeiros para a avaliação de

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estratégias corporativas”. Neste contexto, mesmo se uma empresa apresentar alto

crescimento das projeções de lucros, o seu valor poderá estar sendo corroído, no caso do

custo do capital e as necessidades de investimento por valor de venda estarem crescentes e

as margens de venda decrescentes (Rappaport, 1981).

2.2 ESTRATÉGIA COMPETITIVA

“Competitividade é a palavra que mais se pronuncia atualmente” citou Ohmae em seu

artigo publicado em 1988. Os estudos sobre a estratégia competitiva se iniciaram com os

economistas da escola que originou Harvard. Eles afirmavam que a estrutura de alguns

setores permitia que as empresas tivessem lucros econômicos positivos durante um longo

período. Edward S. Mason, membro do Departamento de Economia de Harvard, sugeriu

que a estrutura da indústria determinaria a ação dos compradores e fornecedores, e por

conseqüência, a lucratividade, eficiência e inovação.

Joe Bain, membro do mesmo departamento, procurando descobrir a relação entre a

estrutura e o desempenho da indústria, identificou três barreiras à entrada: 1 - vantagem de

custo absoluta de uma empresa já estabelecida, 2 – grau significativo de diferenciação de

produto e 3 – economias de escala. Estas descobertas originaram uma nova subárea da

economia, conhecida como organização industrial (OI), que explorava as razões estruturais

que levavam uma indústria ser mais lucrativa que outras. Porém, a contribuição para a

administração não foi muito significativa, pois a sua ênfase era na política pública. Michael

Porter, junto com Richard Gaves, estudou a estrutura das indústrias e estratégia em

administração. Em 1980, ele publicou o seu primeiro livro, Competitive Strategy, que

contemplava a estrutura de “cinco forças” (Ghemawat, 2000).

A essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia ao

seu meio ambiente” (Porter, 1986). Este meio ambiente compreende o setor, ou a indústria,

em que ela compete. A estrutura desta indústria tem forte influência para se determinar

quais são as regras competitivas. O ponto principal é a habilidade da empresa em

administrar as forças externas, que afetam todas as empresas na indústria. No seu artigo

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publicado em março–abril de 1979, este mesmo autor define que essência da formulação

estratégica é lidar com a competição”. E ainda, “O desenvolvimento de uma estratégia

competitiva é, em essência, o desenvolvimento de uma fórmula ampla para o modo com a

empresa irá competir, quais deveriam ser as suas metas e quais as políticas necessárias para

levar-se a cabo estas metas”.

A empresa deve identificar suas forças e as fraquezas, visto que “o vigor e as fraquezas

cruciais de um ponto de vista estratégico são a postura da empresa diante das causas

subjacentes de cada força”. Então, deverá estar contemplado no plano estratégico da

empresa. O seu posicionamento na indústria em que atua, para se defender contra essas

forças competitivas (ver figura 1, acima), buscando o equilíbrio entre elas e procurando se

antecipar às mudanças destas forças a fim de explorá-las em seu favor (Porter, 1979).

Para superar estas cinco forças competitivas, Porter (1986) apresenta três abordagens

estratégicas genéricas: 1. Liderança no custo total, através da construção agressiva de

instalações em escala eficiente, reduções de custo pela experiência e do controle rígido dos

custos e das despesas gerais; 2. Diferenciação, criando algo único na indústria, tais como

FORNECEDORES COMPRADORES

Poder de negociação

dos

compradores

CONCORRENTES NA INDÚSTRIA

Rivalidade entre as

Empresas Existentes

ENTRANTES

POTENCIAIS

Ameaça de

novos

entrantes

Poder de negociação

dos

fornecedores

SUBSTITUTOS

Ameaça de

produtos ou

serviços

substitutos

Fonte: Porter (1986)

Figura 1 – FORÇAS QUE DIRIGEM A CONCORRÊNCIA NA INDÚSTRIA

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projeto e imagem da marca, tecnologia, rede de fornecedores e etc... A diferenciação

propicia retornos bem mais elevados que a média da indústria, através da criação de uma

posição de defesa contra as cinco forças; 3. Enfoque, acontece quando uma empresa enfoca

um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado

geográfico, podendo a empresa ter uma posição de baixo custo, alta diferenciação, ou

ambas.

Já Zook (2001) afirma que existem algumas fontes de influência das empresas sobre o

mercado, em cenários competitivos. A fidelidade do cliente é a forma mais forte de

influência de mercado, o domínio do canal é o segundo modelo mais comum, a

diferenciação no desenvolvimento de produtos é a forma mais rara de influência.

Segundo Ghemawat (2000), a estrutura da indústria, formulada por Michael Porter,

apresenta alguns problemas, pois “essas generalizações forçaram Porter a ir além da

evidência científica, para o domínio do bom senso. De fato, uma pesquisa de OI empírica

no final dos anos 80 revelou que somente algumas das influências citadas por Porter

obtinham forte apoio empírico”.

O estudo de Ghemawat (1986) revela que o maior problema enfrentado pelas empresas que

possuem uma vantagem competitiva é saber como lidar com a concorrência, pois suas

vantagens competitivas podem ser imitadas. As vantagens sustentáveis podem ser

atribuídas aos benefícios provenientes do porte da empresa, através da economia de escala,

da experiência adquirida e da economia de escopo. Outra forma seria pelo acesso do Know-

How, insumos e mercados e, por último, a diferenciação entre as opções dos concorrentes e

da empresa, provocadas pela política do governo, através de patentes, concessões e leis

antitruste, por exemplo. Esta diferenciação pode ser originada, também, quando os

concorrentes estiverem presos a investimentos feitos no passado, limitando, assim, suas

ações. Em resumo, a sustentabilidade exige algumas decisões sobre o quanto à empresa está

disposta a operar de uma maneira específica e, segundo as palavras do autor, a empresa

“tem que escolher a ênfase relativa que vai imprimir a duas coisas: comprometimento para

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competir de uma certa maneira e reter a flexibilidade para competir com eficácia de outras

maneiras”.

Segundo pesquisas de Kim e Mauborgne (1997) as empresas que adotam estratégias

convencionais, a fim de manter-se à frente do concorrente não obtêm sucesso. As empresas

de sucesso se empenham em não ter como foco a concorrência e sim utilizar uma lógica

estratégica chamada de inovação de valor. Os inovadores buscam idéias independentes da

atuação do setor, não comparam seus pontos fortes e fracos com o concorrente, mas sim,

distinguem os fatores que proporcionam valor à empresa em relação àqueles que são bases

da competição setorial, baseiam-se nos elementos comuns das características mais

valorizadas pelos clientes, em vez de se concentrarem nas diferenças entre os clientes, não

condicionam a estratégia aos ativos existentes e pensam em termos de soluções totais para

os compradores, tentando superar as restrições impostas aos clientes pelo setor.

Estas pesquisas mostram que todas as empresas inovadoras têm sido pioneiras em seu setor,

por serem novas no desbravamento de novas fronteiras no valor oferecido aos clientes. Se

tanto o portfólio atual como as ofertas planejadas consistirem principalmente em

assentados, ou seja, negócios sem nenhum diferencial, a empresa terá um crescimento

baixo, pois não há inovações de valor. Se consistirem, em sua maioria, de negócios com

melhorias de valor, chamados de migrantes, a empresa terá um crescimento razoável.

Porém, se grande parte dos negócios forem inovações de valor, a empresa possui fontes

poderosas para o crescimento sustentável.

2.3 COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS

No passado, as empresas diversificadas tratavam as suas unidades de negócios como sendo

independentes, sem a preocupação de se buscar a sinergia entre elas. Porém, com a

competição globalizada, houve a necessidade de se buscar outros mercados ou, até mesmo,

criar novos, através da integração de suas unidades de negócios dentro dos objetivos da

corporação. Neste contexto, Hamel e Prahalad (1990) afirmam que “a tarefa mais crítica

para a gerência é criar uma organização capaz de embutir uma funcionalidade irresistível

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nos produtos, ou, melhor ainda, criar produtos de que os clientes necessitam, mas não

imaginam ainda”.

Segundo estes autores, esta estratégia corporativa tem como conceito a carteira de

competências, onde, em longo prazo, busca-se a competitividade através da capacidade de

criar, com custos mais baixos e mais rápido que os concorrentes, as competências

essenciais que permitem produtos que não podem ser copiados. Eles ressaltam que “as reais

fontes de vantagens devem ser encontradas na capacidade da gerência em consolidar

tecnologias em âmbito corporativo e nas habilidades de produção em competências que

possibilitem negócios individuais para se adaptarem rapidamente às oportunidades em

mutação”.

Hamel e Prahalad (1992) ressaltam que o principal foco de seu trabalho é a definição do

que é essencial para a empresa, ao invés das competências de uma empresa. Uma

competência é definida como essencial por dois aspectos: 1. quando fornece uma

significativa e imprescindível contribuição para o valor percebido pelo cliente final,

permitindo que a empresa entregue o valor para o cliente de forma mais eficiente; 2.

quando a competência confere uma base potencial para a entrada da empresa em novos

mercados.

As competências essenciais representam aprendizado na corporação, coordenando as

diversas habilidades de produção e integrando as múltiplas correntes de tecnologia. Hamel

e Prahalad (1990) citam que “Competência essencial é comunicação, envolvimento e um

profundo comprometimento em trabalhar através das fronteiras organizacionais. Envolve

muitos níveis de pessoas e de todas as funções”. Uma competência essencial viabiliza o

acesso a uma vasta gama de mercados, contribui, significativamente, aos benefícios

percebidos dos clientes do produto final e é de difícil imitação.

Segundo Hamel e Prahalad (1990), a materialização física de uma competência essencial

são os produtos essenciais, originados da interação entre as competências essenciais e o

produto final. Segundo estes autores “Os produtos essenciais são os componentes ou

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subunidades que realmente contribuem para o valor dos produtos finais”. Distinguir entre

competências essenciais, produtos essenciais e produtos finais é uma tarefa difícil e

imprescindível, pois, num contexto de competição global, as regras são diferentes para cada

nível. No nível de competência essencial, o objetivo é “instituir uma liderança mundial em

projetos e desenvolvimentos de uma classe particular de funcionalidade de produto” e, para

garantir esta liderança, as empresas buscam a maximização da sua participação na

fabricação de produtos essenciais que, quando se posicionam de uma forma dominante,

permitem à empresa dar forma à evolução de aplicações e de mercados de produtos finais.

A competência essencial de uma empresa pode ser desenvolvida e melhorada

continuamente, para aproveitar vantagens nas mudanças ocorridas em padrões

tecnológicos, de mercado e da economia do setor (Barney, 1991).

2.4 VISÃO DA FIRMA BASEADA EM RECURSOS

As vantagens competitivas sustentáveis derivam dos recursos e capacidades controlados

pela empresa que possuem a característica de serem valorizados, raros, de difícil imitação e

insubstituíveis. Sendo assim, a estratégia da empresa deve ser explorar os recursos para

gerar as vantagens competitivas de uma forma sustentável (Barney, 1991).

Anslinger e Copeland (1996), ressaltam que o sucesso das empresas diversificadas não está

na quantidade de cores que administra, e sim, na semelhança de seus princípios

operacionais. Esta afirmação é complementada com o resultado das pesquisas de Collins

(1998), pois, segundo ele, o sucesso de uma diversificação depende de como os recursos da

empresa a tornarão diferenciada em relação à concorrência nos diversos negócios. A

execução desta tarefa depende da coordenação e do controle que a empresa exercerá para

alocar os seus recursos com eficácia.

Em 1995, segundo Collins (1995), constatou-se a germinação de um novo referencial que

se fundamenta na economia e explica como os recursos da empresa impulsionam seu

desempenho num ambiente altamente competitivo. Daí o termo “a visão da empresa sob a

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perspectiva de recursos” (Resource-Based View of the Firm – RBV). O RBV combina a

análise interna dos fenômenos que ocorrem dentro da empresa com a análise externa do

setor e do ambiente competitivo. Esta é a vantagem competitiva, onde a empresa cria valor

através da configuração e da coordenação de suas atividades em múltiplos negócios.

Esta visão ressalta a importância de se analisar as empresas no que se refere aos recursos

utilizados. Segundo Ghemawat (2000), esta idéia foi revivida em 1984 em um artigo de

Birger Wernenfelt. Este, com base em Andrews, definiu recursos de forma muito ampla,

como “qualquer coisa que possa ser considerada uma força ou fraqueza de uma empresa”.

Markides (1997) sugere em suas pesquisas que, para se diversificar, a empresa necessita de

uma vantagem sustentável, criando algo único. Esta vantagem é obtida através de ativos

estratégicos únicos e competitivamente significativos.

Collins (1995) sugere que este conceito dê ao processo decisório dos executivos, um

direcionamento sobre os recursos que a organização deve desenvolver, os negócios que

atuará e as formas da organização que dão vida ao conjunto. Na estratégia corporativa

excelente, todos esses elementos são alinhados pela natureza dos recursos, seus ativos,

habilidades e capacidades especiais, unificando e condicionando os demais elementos. Os

recursos que proporcionam a base para a vantagem corporativa variam ao longo do

contínuo, que vão dos altamente especializados aos muito genéricos. (ver figura 2, pág. 20)

Collins (1998) diz que as empresas que detém um recurso altamente especializado possuem

um escopo de negócios mais restrito, comparados às empresas com recursos mais

genéricos. O mecanismo de coordenação destas empresas tende a ser o de

compartilhamento, por exemplo, as atividades de P&D se concentram numa única unidade

especializada, possibilitando a exploração das economias de escala. Por isso, o tamanho da

sede corporativa tende a ser menor em empresas com recursos mais genéricos, pois a

necessidade de compartilhamento é bem menor. Afirma, também, que existem dois

sistemas de controle das empresas diversificadas: financeiro e operacional. O controle

financeiro deve ser utilizado por empresas com recursos mais genéricos e o operacional em

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empresas mais especializadas. O controle financeiro se baseia em indicadores de resultados

objetivos de responsabilidade dos gerentes, e o operacional se preocupa em avaliar as

decisões e ações dos gerentes.

No entanto, Wright, McMahan e McWilliams (1994) ressaltam que esta teoria não explica

quais os recursos específicos são capazes de prover à empresa vantagens sustentáveis e em

quais circunstâncias.

Atualmente os negócios se apresentam com uma maior dinâmica, forçando as empresas a

possuir uma estratégia com igual dinamismo. Nesse contexto, Stalk, Evans e Shulman

(1992) afirmam que “a meta é identificar e desenvolver capacidades organizacionais de

difícil imitação, que diferem a empresa de seus concorrentes, aos olhos dos clientes”.

Esta competição possui quatro princípios fundamentais, segundo Stalk, Evans e Shulman

(1992). O primeiro diz respeito à construção da estratégia corporativa, sendo a definição

dada pelos negócios e não pelos produtos. O segundo é referente aos processos críticos da

empresa, pois estes devem ser transformados em capacidades estratégicas, criando uma

valor superior aos clientes e, em terceiro lugar, essas capacidades são criadas através de

investimentos estratégicos que conectem as unidades de negócios, provocando a sinergia

entre eles. O quarto princípio se refere ao CEO da corporação, pois ele é o grande gestor

desta mudança.

Financeiro Operacional Sistemas de Controle

Genérico Especializado Natureza dos Recursos

Amplo Estreito Escopo dos Negócios

Transferência Compartilhamento Mecanismos de Coordenação

Pequeno Grande Tamanho da Sede Corporativa

Fonte: Collins (1995)

Figura 2 - O CONTÍNUO DE RECURSOS

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Segundo Stalk, Evans e Shulman (1992), a capacidade é “um conjunto de processos de

negócios visualizados de maneira estratégica” e, tais capacidades são coletivas e

transfuncionais, pois compreendem uma pequena parte do trabalho de várias pessoas. A

competição com base em capacidades é feita, identificando os processos de negócios

críticos, gerenciando esses processos de maneira centralizada e efetuando investimentos

vultosos, para um retorno em longo prazo. E, “quanto mais longa e complexa a cadeia de

processos de negócios, mais difícil é transformá-los em capacidades”. Porém, quando

transformados, serão difíceis de serem imitados pela concorrência. Como resultado desta

capacidade corporativa, as empresas terão flexibilidade aliada à escala, superando a

concorrência em cinco dimensões: velocidade na criação de novos produtos e no

atendimento às necessidades dos clientes, consistência na geração de produtos, acuidade na

visão nítida do ambiente competitivo, antecipando-se às necessidades e expectativas dos

clientes, agilidade na adaptação aos diversos ambientes de negócios e a capacidade de

inovar.

O CEO é gestor capaz de fazer com que toda a corporação volte a sua atenção para a

criação de capacidades que atendam aos clientes, identificando e autorizando os

investimentos necessários e isentando os gerentes de punições pelos possíveis resultados

em curto prazo das suas unidades de negócios (Stalk, Evans e Shulman, 1992).

Stalk, Evans e Shulman (1992) comparam a capacidade com a competência essencial de

Hamel e Prahalad, buscando demonstrar que estas representam duas formas diferentes e

complementares da estratégia corporativa, pois ambos os conceitos discutem os aspectos

comportamentais da estratégia. Embora a competência essencial trabalhe com o

conhecimento tecnológico e de produção em certos pontos da cadeia de valor, a capacidade

abrange toda ela, sendo mais visíveis ao cliente. Os autores acreditam que as duas bases

juntas formariam o modelo universal da estratégia corporativa.

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2.5 ESTRATÉGIA DE COOPERAÇÃO E ALIANÇAS

A globalização e o avanço tecnológico provocaram um grande acirramento na

concorrência, forçando uma melhora no desempenho das empresas. Este ambiente em

constante mudança, de acordo com Wildeman (1999), “traz conseqüências para as

empresas tanto quando as analisamos com o conceito tradicional de integração vertical,

como quando levamos em consideração o conceito de competência essencial”. Todas as

empresas possuem competências essenciais, porém, necessitam de alianças para

aproveitarem as oportunidades que surgem, já que não possuem todas as competências

necessárias.

Este fato também é citado por Harbison e Pekar Jr (1999), pois, segundo eles, as empresas

utilizam as alianças para criar as aptidões que faltam, sempre que a aquisição e o

desenvolvimento interno não são as melhores opções. Estas alianças podem ser realizadas

em dois formatos, com e sem participação acionária.

A aliança é uma associação, de curta ou longa duração, entre duas ou mais companhias que

tenham interesses comuns. Em uma aliança, as empresas cooperam em função de uma

necessidade mútua e compartilham habilidades e riscos para atingir um fim comum (Hamel

e Doz, 1999). Já para Gulati e Singh (1998) aliança corresponde a qualquer acordo

cooperativo voluntário realizado entre empresas, onde há o envolvimento de trocas,

compartilhamento, incluindo ou não contribuições feitas por parceiros de capital, tecnologia

ou ativos específicos da empresa. As alianças acontecem quando os parceiros não dividem

os ativos, possuindo poucos controles hierárquicos. Quando há a criação de uma nova

identidade jurídica, onde os parceiros dividem os ativos e possuem controles

organizacionais hierárquicos têm-se as joint-ventures.

A joint venture é um tipo de aliança criada quando duas empresas se unem, formando uma

nova empresa, onde ambos possuem participação acionária. Hamel e Doz (1999) definem a

joint venture com sendo “uma associação legal, geralmente entre duas companhias, firmada

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com a finalidade de criar uma cadeia de valor, visando novos mercados. As empresas

continuarão funcionando de maneira independente, a não ser nos assuntos em que

decidirem unir esforços”. Miller et al (1998) citam que “As joint ventures, como qualquer

empresa, estão expostas a uma grande quantidade de mudanças com o passar do tempo. A

experiência de uma joint venture significa aprendizado e esse aprendizado pode modificar

as expectativas que cada um dos sócios tem em relação ao outro”.

As alianças estratégicas podem ser formadas para facilitar a coordenação entre os

competidores, visando aumentar o poder de mercado (Mowery, Oxley e Silverman, 1996).

Segundo Wildeman (1999), existem as chamadas “alianças horizontais”, que dão acesso às

competências complementares relevantes, e as “alianças verticais”, que trazem economias

de escala em determinada competência, dentro da mesma cadeia de valor. Já Casseres

(1999) sugere que os tipos de alianças dependem dos diversos objetivos previstos. A

“aliança de fornecimento” tem como meta a economia de escala e a especialização e é feita

com fornecedores; a “aliança de posicionamento” ajuda as partes a entrarem em novos

mercados ou a expandir os já existentes e a “aliança de aprendizagem” é utilizada no

desenvolvimento de novas tecnologias, através da pesquisa colaborativa ou da transferência

de capacidades entre os envolvidos.

No entanto, Hamel e Doz (1999) afirmam que a tendência é que as alianças sejam, em sua

grande maioria, multilaterais, apesar de as alianças bilaterais serem as mais utilizadas.

Existem três tipos de alianças multilaterais: 1- a rede de alianças, que é uma série de

vínculos que se estabelecem entre um grupo de empresas afins; 2- o portfólio de alianças

que é um grupo desconexo de alianças bilaterais, estabelecidas por uma empresa; e 3- a teia

ou web, que é um grupo de alianças mais interdependente que o portfólio, porém menos

uniforme que uma rede.

Casseres (1999) afirma que uma aliança precisa ter como pano de fundo uma estratégia

coerente, caso contrário, estará destinada ao fracasso. Esta estratégia de aliança deve

apresentar quatro elementos:

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1. Uma estratégia de negócios fundamental que molde à lógica e o projeto das várias

alianças individuais, pois é necessário saber de que maneira as alianças irão se

adaptar à estratégia de negócios da empresa;

2. Uma abordagem dinâmica que oriente o gerenciamento e a evolução de cada

aliança, pois “o sucesso destas alianças depende tanto da forma como são

gerenciadas quanto ao relacionamento entre as empresas e seus executivos”;

3. Um gerenciamento de “portfólio de alianças” que permita uma coordenação das

diversas parcerias e aumente a flexibilidade, pois este portfólio é “uma forma de

fazer várias apostas e esperar tirar a sorte grande em alguma delas”;

4. Uma infra-estrutura interna que apóie e procure maximizar o valor da colaboração

externa, pois problemas internos podem acabar com uma aliança externa. A

empresa, além de definir uma lógica de negócios para suas alianças, precisa manter

a visão no futuro e gerenciar o grupo de parceiros.

Para Wildeman (1999), ao se tomar a decisão de realizar uma aliança, deve-se, em primeiro

lugar, selecionar o parceiro. Na segunda fase, dar-se-á o início efetivo da aliança, onde as

empresas “elaboram um plano de negócio separado para a aliança, descrevendo claramente

o objetivo que esta deve alcançar e qual será a contribuição de cada um dos parceiros”, pois

estes objetivos devem ser negociados com antecedência. A terceira fase seria a definição

antecipada do fim da aliança que deve se dar assim que o objetivo for atingido.

Já Finnie (1999) afirma que, para se fazer uma aliança, “é preciso avaliar o que estamos

tentando fazer segundo o ponto de vista do cliente, juntar essa avaliação às habilidades do

fornecedor e garantir que os dois lados entendam os objetivos”.

Casseres (1999) sugere que, na elaboração da estratégia de alianças, a empresa crie, em

primeiro lugar, um sistema que defina e monitore os objetivos a serem alcançados com as

alianças; em segundo lugar, uma forma de administrar a mudança nas alianças, pois “o

segredo é agarrar as oportunidades de mudança, não ignorá-las”. Depois de cumpridos estes

dois primeiros passos e com o aumento no número de alianças, será preciso estabelecer a

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ordem de prioridades entre estas alianças e criar uma hierarquia na empresa que será

responsável pela otimização do portfólio das alianças.

No entanto, Hamel, Doz e Prahalad (1989), sugerem que a colaboração nada mais é que

outra forma de competição. Assim, para a formulação de uma aliança estratégia a empresa

deve ter clareza de seus objetivos e de como os objetivos de seu parceiro podem lhe afetar.

Por isso, antes de se realizar uma aliança estratégica a empresa deve verificar se: 1- as

metas estratégicas de seu parceiro são convergentes com a sua e as metas competitivas

divergentes; 2 – o seu tamanho e o seu poder de mercado são modestos em comparação ao

do seu parceiros e 3 – se a aprendizagem será mútua, limitando o acesso à suas

capacidades.

Desta forma, Singh (1997), afirma que as alianças são compensadoras apenas em algumas

circunstâncias, devendo ser avaliados os custos financeiros e de informação envolvidos na

colaboração.

2.6 ESTRATÉGIA CORPORATIVA

No final da década de 1960 e início da de 1970, os autores afirmavam que todas as

empresas eram capazes de transferir a vantagem competitiva referente à sua gestão para

outros negócios. Assim, visando o crescimento, as empresas diversificaram as suas

atividades para vários negócios correlatos e não correlatos (Collins, 1995).

No entanto, Zook (2001) afirma que “a maioria dos conglomerados não consegue

administrar cores1 múltiplos e fortes com êxito e é sub-representada na nossa amostra de

empresas criadoras de valor sustentável, o que corrobora com os resultados de inúmeros

estudos anteriores sobre diversificação”. Porém, sugere que os negócios adjacentes são

oportunidades de crescimento que permitem à empresa ampliar as fronteiras de seu core

business, pois neste caso, não haverá a necessidade de adição de novos recursos.

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Mapas de negócios adjacentes revelam a complexidade da escolha e concessões. Estas

escolhas são representadas, na figura 3, pág. 26, por eixos que saem do core. Um conjunto

deles, com as respectivas ramificações, representa segmentos de clientes onde há

possibilidades de crescimento. O segundo novos canais, o terceiro, mudanças na cadeia de

valores, o quarto, novas empresas, o quinto, novos produtos, e o sexto, novas áreas

geográficas.

De acordo com Porter (1989), “Existem duas questões fundamentais na estratégia

corporativa para a empresa diversificada. A primeira é seleção de indústrias onde a empresa

diversificada deveria competir. A segunda é como as estratégias das unidades empresariais

da empresa deveriam ser coordenadas”.

Segundo Porter (1987), existem quatro conceitos sobre estratégias corporativas. O primeiro

e o mais utilizado é a de gerência de carteira, que se baseia na diversificação através de

Novos

modelos Indireto

Crescimento

global

Local

Novas áreas

geográficas

Integração a

jusante Integração a

montante

Vender

recursos

fora

Novas etapas

da cadeia de

valor

Novos negócios

Necessidades

recém-surgidas

Novos

substitutos

Novos

produtos

Novos canais

Novos

segmentos de

clientes

Internet

Distribuição

Próxima geração

Serviços de

assistência Complementos

Recém-

criado

Micronização de segmentos atuais

Novos

segmentos

Segmentos não

explorados

Fonte: Zook (2001)

Figura 3 – NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE

1O core Business da empresa é “o conjunto de produtos, recursos, clientes, canais e áreas geográficas que delimita a

essência do que a empresa é, ou pretende ser, para atingir sua meta de crescimento, ou seja, ampliar suas receitas de

maneira sustentável e lucrativa”. (ZOOK, 2001)

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aquisição. As unidades são altamente autônomas e as equipes são remuneradas de acordo

com os seus resultados. O papel da corporação é o de fornecer capital e técnicas

profissionais de gerência. A segunda é a estratégia de reestruturação que, em vez de manter

o papel passivo da gerência de carteira, transforma a empresa em uma reestruturadora de

unidades de negócios. A terceira é a estratégia de transferência de habilidades, que busca a

sinergia entre as unidades de negócios, através da cadeia de valor. Mesmo tendo, cada

unidade, uma cadeia de valor, o conhecimento da maneira como executá-la é transferida

entre as unidades. O quarto conceito de estratégia corporativa está baseado no

compartilhamento de atividades. “A capacidade de compartilhar atividades é uma base

poderosa para estratégias de diversificação porque o compartilhamento muitas vezes

aumenta a vantagem competitiva pela redução dos custos ou elevando a diferenciação”.

Porter resume estes conceitos dizendo que “uma empresa vai criar mais valor para o

acionista através da diversificação na medida em que sua estratégia se afasta da gerência de

carteira em direção ao compartilhamento de atividades”.

As pesquisas Goold e Campbell (1987) identificaram três tipos “bem-sucedidos” de

condução de estratégia corporativa denominados planejamento estratégico, controle

financeiro e controle estratégico.

“Os fracassos de estratégias de diversificação refletem o fato de que a maioria das empresas

diversificadas não conseguiu raciocinar em termos de como realmente agregam valor”

(Porter, 1987). Ele conclui afirmando que “uma estratégia corporativa que verdadeiramente

faz crescer a vantagem competitiva de cada unidade de negócios é a melhor defesa contra

os ataques de grupos corporativos predatórios”.

2.6.1 ESTRATÉGIA DE GERÊNCIA DE PORTFÓLIO

Com a primeira crise do petróleo, em 1973, as empresas, até então, altamente

diversificadas, tiveram as suas margens drasticamente reduzidas. Neste período, foi criada

pelo BCG, Boston Consulting Group, a chamada “matriz de crescimento-participação”,

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permitindo que os gerentes classificassem cada divisão, que foram chamadas de unidades

de negócios.

Depois de traçadas as curvas de experiência das unidades de negócios de uma empresa

diversificada, cada unidade era colocada na grade, de acordo com o seu potencial relativo,

conforme a “Tabela I”, abaixo, (Ghemawat, 2000).

Segundo Porter (1986), a análise dos negócios, em relação a sua posição na matriz

crescimento / participação é feita da seguinte forma: Vaca Leiteira: Negócios com alta

participação em mercados com baixo crescimento, que produzem um bom fluxo de caixa,

podendo financiar os “pontos de interrogação”; Cachorro: Negócios com baixa

participação em mercados com baixo crescimento e, que não consomem, em geral, muito

caixa; Estrelas: Negócios com alta participação em mercados com alto crescimento, que

consomem altos recursos com a finalidade de financiar este crescimento, porém, são altos

geradores de caixa. A sua posição firme no mercado garante altos lucros no futuro; Pontos

de Interrogação: Negócios com baixa participação em mercados em alto crescimento, que

consomem altos recursos com a finalidade de financiar este crescimento e são fracos

geradores de caixa.

Em 1971, após a consultoria da McKinsey, contratada pela GE, para que os seus planos

estratégicos das UEN “unidades estratégicas de negócio” fossem avaliados, verificou-se

Alta Participação Baixa Participação

Alto Crescimento

Estrela

Ponto de Interrogação

Crescimento Lento Vaca Leiteira

Cachorro ?

Tabela I – MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO DO BCG

Fonte: Ghemawat (2000)

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que não se poderiam tomar decisões embasadas em apenas duas medidas de desempenho.

Para solucionar este problema, a McKinsey criou a matriz de atratividade da indústria-força

do negócio, demonstrada na “Tabela II”, pág. 29, que utilizava, aproximadamente, uma

dezena de medidas para verificar a atratividade da indústria e outra dezena para verificar a

posição da empresa em sua indústria, embora não houvesse especificações a respeito dos

pesos de cada uma delas (Ghemawat, 2000).

Alta

Média

Baixa

Alta

Investimento

e

Crescimento

Crescimento

seletivo

Seletividade

Média

Crescimento

Seletivo

Seletividade

Colher/

Desinvestir

Baixa

Seletividade

Colher/

desinvestir

Colher/

Desinvestir

Segundo Porter (1986), o local que uma unidade irá se localizar é determinado por uma

análise desta unidade e de sua indústria, utilizando os seguintes critérios:

Análise da posição da unidade: são levados em consideração, para esta análise, o

tamanho da empresa, o seu crescimento, a parcela de mercado que possui, a posição

que ocupa, a rentabilidade de suas operações, as margens praticadas, a posição

tecnológica, pontos fortes e fracos, a imagem perante o mercado, a poluição que

provocam as suas atividades e o seu quadro de pessoal.

Análise da atratividade da indústria: são levados em consideração, para a análise da

indústria, o seu tamanho, o crescimento do mercado e os preços praticados, a

Fo

rça

do

neg

óci

o

Atratividade da Indústria

Tabela II – MATRIZ DE ATRATIVIDADE DA INDÚSTRIA-FORÇA DO NEGÓCIO

Fonte: Ghemawat (2000)

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diversidade do mercado, a estrutura competitiva, a rentabilidade da indústria, a

função técnica, o aspecto social, ambiental, legal e humano.

Dependendo da sua localização, a decisão estratégica poderá ser de “investir capital para

construir posição, ou manter-se com um equilíbrio entre a geração de caixa e o seu uso

seletivo, ou colher ou desativar”. Porém, as mudanças esperadas na atratividade da

indústria ou na posição da companhia devem ser analisadas antes da tomada de decisão.

A matriz de atratividade da indústria/força do negócio pode ser quantificada com menos

precisão do que o método da matriz crescimento/participação, exigindo julgamentos

inerentemente subjetivos quanto ao local em que determinada unidade deveria ser

localizada (Porter, 1986).

2.6.2 ESTRATÉGIA HORIZONTAL

No início da década de setenta, aceitavam-se a idéia de que a combinação de negócios

diferentes, mas relacionados, criaria valor através de sinergia. Porém, esta euforia

desapareceu, pois a realização desta sinergia é muito complicada. Porter (1989) sugere que

a solução está na descentralização, onde a matriz dá responsabilidades e autoridades ás

unidades de negócios que seriam avaliadas pelos seus resultados, pois, “a descentralização,

juntamente com o desencantamento com a sinergia, reforçou a visão de que a gerência de

portfólio é uma tarefa essencial da estratégia corporativa”.

“Desenvolvimentos econômicos, tecnológicos e competitivos estão aumentando a

vantagem competitiva a ser ganha pelas empresas capazes de identificar e explorar inter-

relações entre negócios distintos, porém relacionados” (Porter, 1989). Estes

desenvolvimentos originaram a estratégia horizontal, que é “um conjunto coordenado de

metas e políticas entre unidades empresariais distintas, mas inter-relacionadas”. Esta

estratégia deve ser utilizada em empresas diversificadas, propiciando uma coordenação

explícita entre as unidades de negócios e, com isso, aumentando a vantagem competitiva de

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suas unidades. A estratégia horizontal não está baseada em considerações financeiras, pois

esta é uma justificativa alusiva para a empresa diversificada.

Segundo Porter (1989), existem três tipos de inter-relações entre as unidades de negócios:

inter-relações tangíveis que são o compartilhamento de atividades na cadeia de valores

entre as unidades de negócios, resultando em vantagem competitiva, caso este

compartilhamento reduza custos ou aumente a diferenciação; inter-relações intangíveis que

são a transferência de know-how gerencial entre cadeias de valores independentes, que

levam a empresa a uma vantagem competitiva através da transferência de qualificações

genéricas ou de know-how a respeito do gerenciamento de um tipo particular de atividade

de uma unidade para outra; e inter-relações entre concorrentes que provém da existência

de rivais que competem de fato ou potencialmente com uma empresa em mais de uma

indústria, ligando-as, pois as ações tomadas contra ele em uma indústria podem ter

conseqüências em outra.

Segundo Porter (1989), “muitas empresas diversificadas vêm dedicando pouca ou mesmo

nenhuma atenção à coordenação das estratégias das unidades empresariais... a estratégia

horizontal coordena as metas e as estratégias de unidades empresariais relacionadas. Ela

abrange as unidades existentes e a seleção de novas indústrias onde entrar com base em

inter-relações com unidades existentes”. A formulação de uma estratégia horizontal

envolve:

1. A identificação de todas as inter-relações tangíveis entre as unidades de negócios,

examinando as cadeias de valores de cada unidade, a fim de procurar

oportunidades reais ou possíveis para um compartilhamento;

2. Verificar as inter-relações tangíveis fora dos limites da empresa, sendo necessário

identificar inter-relações entre as unidades de uma empresa e outras indústrias que,

atualmente, não estão dentro do seu portfólio;

3. Identificar possíveis inter-relações intangíveis, isolando atividades de valor onde a

empresa possui know-how valioso que poderia ser compartilhado com outras

unidades ou outras indústrias;

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4. Identificar inter-relações entre concorrentes, em múltiplos pontos, em múltiplos

pontos em potencial e concorrentes que buscam padrões diferenciados de inter-

relações;

5. Avaliar a importância de inter-relações para a vantagem competitiva;

6. Desenvolver uma estratégia horizontal coordenada para obter e acentuar as inter-

relações mais importantes, e;

7. Criar mecanismos organizacionais horizontais para garantir a implementação. As

empresas não podem explorar com sucesso as inter-relações sem uma estrutura

organizacional horizontal que estimule a coordenação e a transferência de

qualificações entre linhas de unidades de negócios.

A estratégia horizontal facilita a empresa a se diversificar através do desenvolvimento

interno, diminuindo as barreiras de entrada. Existe, também, a facilidade para a

diversificação por aquisições, pois a empresa adquirente terá mais valor para a empresa

adquirida que para os atuais proprietários ou para qualquer outro proponente não inter-

relacionado.

2.6.3 A INTEGRAÇÃO VERTICAL

Porter (1986) define a integração vertical como sendo “a combinação de processos de

produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos tecnologicamente

distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa”. Quando uma empresa opta pela

integração vertical, ela está definindo que, o que antes era feito por uma outra empresa, a

partir daquele momento fará parte de seu processo interno.

Para que a integração vertical gere benefícios, o volume de venda ou compra que a empresa

realiza ao estágio adjacente deve ser compatível ao tamanho da instalação de produção

eficiente naquele estágio. Com esta condição sendo satisfeita, poderá haver economias: de

operação combinada, quando há a junção de tecnologias diferentes, possibilitando um

ganho de eficiência; derivadas do controle e da coordenação internos, caso a localização

das unidades integradas favoreçam a coordenação e controle e, naturalmente haja uma

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maior confiança no fornecedor interno; de informação que será alcançada pela redução da

necessidade de coleta de alguns tipos de informação; de transação, pois não havendo mais

a necessidade de se efetuar transações no mercado, a empresa não terá mais gastos com este

tipo de atividade.

Além das economias citadas acima, existem alguns benefícios em potencial trazidos pela

integração que são: o aprofundamento tecnológico e a segurança de uma oferta e/ou

demanda, pois em períodos de escassez, a empresa está assegurada com o fornecimento de

suprimentos e, por outro lado, em períodos de recessão, terá um canal de escoamento de

seus produtos.

A integração para frente melhora a empresa no que tange a habilidade em diferenciar o seu

produto, muitas vezes passando de um simples fornecedor de componentes para um

fornecedor de um produto diferenciado. Entende-se por integração para frente quando a

empresa fornecedora entra na indústria da empresa compradora.

A integração para trás evita que a empresa seja obrigada a compartilhar os seus dados

patenteados com os seus fornecedores, para a fabricação de componentes ou matérias-

primas. Outra característica da integração para trás é que a empresa oferece mais segurança

de fornecimento aos seus clientes, além de poder diferenciar os seus produtos, através de

seus insumos básicos. Entende-se por integração para trás quando a empresa compradora

entra na indústria da empresa fornecedora.

A empresa que se integra pode adquirir uma melhor habilidade na diversificação, podendo,

assim, agregar mais valor sob o controle da gerência. Além disso, a empresa integrada

aumenta, significativamente, a barreira de mobilidade e de entrada, pois, no primeiro caso,

o concorrente deverá se integrar, caso contrário, enfrentará grandes dificuldades, e no caso

da barreira de entrada, a nova empresa será forçada a entrar na indústria já integrada,

aumentando a necessidade de capital.

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Existem algumas desvantagens estratégicas para a integração. Por exemplo, o aumento dos

custos fixos causados pela interdependência entre as duas fases, tanto “corrente acima”

quanto “corrente abaixo”, que, no caso de uma sazonalidade em um dos negócios, afetará

toda a cadeia e uma barreira de saída elevada, devido ao grande volume e capital investido

e a inter-relação estratégica.

Quando uma empresa se integra, o seu acesso a tecnologias dos fornecedores ou clientes

fica comprometido, tendo ela que realizar o desenvolvimento da sua própria capacidade

tecnológica. Este risco se torna ainda maior quando há vários fornecedores ou clientes

independentes realizando pesquisas, ou quando estes possuem uma tecnologia difícil de ser

copiada.

Porém, antes de se tomar à decisão de realizar uma integração vertical, alguns cuidados

deverão ser tomados, pois algumas idéias errôneas sobre vantagens da integração poderão

levar a empresa ao fracasso. Por exemplo, se uma empresa possui uma forte posição no seu

mercado de atuação, isto não garante o mesmo sucesso no novo mercado. Numa integração

vertical, os custos fixos aumentam, com isso, a idéia de que a produção interna é mais

barata que a externa pode ser enganosa. Boas negociações com fornecedores garantem um

melhor preço, sem que haja o impacto negativo com os custos fixos.

2.6.4 ESTRATÉGIA BASEADA NO APOIO DA MATRIZ

“A maioria dos processos de planejamento se concentra no desenvolvimento de estratégias

no âmbito das unidades de negócios e não na esfera corporativa”. Esta é a afirmação feita

por Campbell, Goold e Alexander no seu artigo “Estratégia Corporativa: a busca de

vantagem no apoio da matriz”. E mais, eles afirmam que os estrategistas geralmente

utilizam referenciais inadequados ou inviáveis, tecendo críticas à matriz

crescimento/participação e a estratégia corporativa com base em competências essenciais.

Esta última, apesar de seu apelo, “não ofereceu diretrizes práticas para o desenvolvimento

da estratégia no nível corporativo”.

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Estes autores sugerem que as empresas diversificadas criam valor através da influência

positiva sobre a suas diferentes unidades de negócios, o que chamam de “apoio da matriz”.

Diferentemente dos referenciais estratégicos anteriores que “se concentravam nos negócios

do portfólio e buscavam a lógica do conjunto no relacionamento recíproco entre os

componentes”, onde o pressuposto era o de que os negócios correlatos apresentavam

melhores resultados do que os não correlatos, o referencial de apoio da matriz “se concentra

nas competências da matriz e no valor criado pelo relacionamento entre a matriz e suas

unidades de negócios”. Para que a empresa obtenha sucesso é necessário que as habilidades

e os recursos da matriz sejam bem compatíveis com as necessidades e oportunidades dos

das unidades de negócios, criando, assim, valor às unidades. Como cita os autores “A

compatibilidade entre a matriz e as unidades de negócios é uma faca de dois gumes: o bom

entrosamento é capaz de criar valor; o mau entrosamento pode destruir valor”.

Segundo Campbell, Goold e Alexander (1995), para que se possa avaliar a compatibilidade

entre a matriz e as unidades de negócios, existe uma abordagem analítica estruturada. Em

primeiro lugar, deverão ser analisados os valores críticos de sucesso de cada negócio, pois,

“a matriz que não compreende os fatores críticos de sucesso de um negócio provavelmente

destruirá valor”, depois, identificar as áreas onde é possível obter uma melhora no

desempenho de cada negócio com o apoio da matriz. Esta identificação é feita utilizando

três tipos de análise. Primeiro, listando os principais desafios que a unidade está

enfrentando, depois, examinando as influências mais importantes da matriz sobre as

unidades, e, em terceiro lugar, observando a influência de diferentes empresas matrizes

sobre negócios semelhantes, a fim de verificar outras oportunidades de apoio da matriz.

O passo seguinte no desenvolvimento da estratégia corporativa é a verificação da

compatibilidade entre a matriz e as unidades de negócios, através do levantamento das

características da matriz, comparando-a com os fatores críticos de sucesso e com as

oportunidades de apoio. As características da matriz se enquadram em cinco categorias:

Mapas mentais que orientam os gerentes da matriz;

Estrutura, sistemas gerenciais e processos organizacionais da corporação;

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Funções, serviços e recursos centrais;

Natureza, experiências e habilidades dos gerentes na organização matriz; e

Grau de descentralização da empresa, mediante a transferência de atribuições e a

delegação de autoridade aos gerentes das unidades de negócios.

A melhor forma de se avaliar a compatibilidade da matriz com as unidades de negócios é

verificar os antecedentes da matriz em relação a diferentes tipos de unidades. Esta técnica é

chamada pelos autores de análise dos sucessos e fracassos, que resume o histórico da

matriz, envolvendo a listagem de decisões significativas e a classificação de cada uma

como “sucesso”, “fracasso” ou “neutro” (Campbell, Goold e Alexander, 1995).

Os autores comparam o apoio da matriz com a vantagem competitiva, citando que “assim

como o conceito de vantagem competitiva foi uma das maiores contribuições para a clareza

de pensamento no nível das unidades de negócios, acreditamos que a idéia de vantagem no

apoio da matriz é capaz de produzir os mesmos resultados para a estratégia no nível

corporativo”.

2.7 CRESCIMENTO E DIVERSIFICAÇÃO

Segundo Mishina, Pollock e Porac (2004), o crescimento é entendido como um resultado

organizacional importante, pois traz economias de escala e escopo. Ao mesmo tempo,

adiciona complexidade à organização, dificultando o seu controle. Este fato faz com que as

empresas enfrentem um dilema estratégico em relação à taxa e direcionamento de sua

expansão.

Estes autores contra-argumentam Penrose (1959), pois esta afirma que, a taxa de

crescimento é influenciada pela maneira que a gerência concebe e utiliza os recursos da

empresa. Eles sugerem que tal assertiva negligencia a possibilidade de que a retenção de

muitos recursos pode ser ineficiente e também o fato de que o sucesso empresarial seja

derivado da perseguição da oportunidade sem os recursos controlados atualmente.

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Para garantir o crescimento, e até mesmo a sobrevivência, a empresa deve superar o desafio

da aquisição de recursos, segundo Hite e Hesterly (2000), pois no estágio emergente, onde

a empresa é criada legalmente, estes recursos não podem ser produzidos internamente e é,

justamente neste estágio que há a maior dificuldade de acesso, devida aos elevados graus de

equívocos e incertezas característicos deste estágio. Porém, Hite e Hesterly (2000)

argumentam que, quando a firma emergente é bem sucedida no sentido do estabelecimento

de uma rede de laços cristalizados, abre-se a possibilidade da mesma adquirir os recursos

necessários para caminhar na direção do crescimento antecipado onde a firma deve

encontrar uma diferente gama de recursos e desafios necessários.

“Uma das decisões mais desafiadora com que as empresas se defrontam é a referente à

diversificação: as recompensas e os riscos são extraordinários” (Markides, 1997). Para uma

melhor orientação, este autor sugere a análise de algumas questões para que o grau de

incerteza da diversificação seja minimizado. A primeira se refere aos ativos estratégicos

que a empresa adquirente deve possuir que agreguem valor à empresa adquirida. A

adquirente deve possuir todos os ativos estratégicos necessários, e não apenas alguns deles.

Esses ativos devem ser obtidos de um modo ou de outro, pois, caso contrário, o sucesso a

diversificação estará comprometido.

Uma outra questão a ser considerada é a possibilidade de transferência desses ativos para o

setor almejado. Os gerentes devem saber quais são os ativos estratégicos, criando ou

trazendo os faltantes e conjugando com os disponíveis, a fim de construir uma organização

simbiótica e auto-reforçadora. Markides (1997) ainda sugere que estes ativos devem ser

únicos, garantindo uma vantagem sustentável. Estes ativos estratégicos possibilitarão uma

vantagem competitiva sustentável se forem raros, de difícil imitação e insubstituíveis.

Por último, deve-se saber se a empresa aprenderá com a diversificação, pois, “em geral, as

empresas podem usar o que aprenderam numa operação de diversificação para entrar num

terceiro mercado, com mais rapidez e menores custos”.

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Empreendimentos de crescimento rápido operam num redemoinho de mudanças, segundo

Nicholls-Nixon (2005), pois freqüentemente o mercado de alto crescimento para um novo

produto não vem do segmento que inicialmente era o alvo. Logo, é preciso desenvolver

diferentes modelos de negócio, planos de marketing e métodos de distribuição. Este rápido

crescimento mostra que sempre haverá um gap entre as demandas da organização de

crescimento rápido e a estrutura e sistemas existentes de gerenciar suas atividades.

Nicholls-Nixon (2005) sugere que as empresas de crescimento rápido se transformem em

auto-organizações, pois estas empresas são capazes de se organizar para gerenciar suas

atividades diárias, enquanto permanecem suficientemente flexíveis e inovadoras para

responder às novas situações.

Em relação às aquisições, segundo Anslinger e Copeland (1996), a sabedoria convencional

é breve e simples: “faça-as pequenas e sinérgicas”. Porém, as empresas que adotam esta

visão, correm o risco de perder uma vasta gama de oportunidades estratégicas valiosas. Este

conhecimento se resulta “de erros de concepção fundamentais sobre a atual forma de

operação dos adquirentes não-sinérgicos”.

Para possibilitar o êxito nas aquisições não-sinérgicas se faz necessária a observação de

sete princípios fundamentais críticos. O primeiro se refere a estratégias inovadoras, pois “a

maior fonte de aquisição de valor nas aquisições bem sucedidas deriva do desempenho

operacional e não da alavancagem financeira, das oportunidades de mercado ou da seleção

do setor”. O segundo trata da importância de se encontrar o líder, através da avaliação dos

atuais executivos, da procura de gerentes na organização, que ainda não exerçam funções

de liderança, ou da contratação de especialistas externos. O terceiro é em relação aos

incentivos aos altos executivos, o quarto em relação ao vínculo da remuneração às

mudanças no fluxo de caixa, pagando o salário base abaixo ou na média do setor,

vinculando uma parcela substancial da remuneração total aos indicadores de desempenho

anuais.

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A aceleração da mudança é o quinto princípio. O ritmo mais rápido faz com que a empresa

tenha um senso de urgência e um espírito de desafio. O sexto princípio trata do

relacionamento dinâmico que deve existir entre proprietários, gerentes e membros do

conselho de administração e, por último, a contratação dos melhores adquirentes.

2.8 EMPRESA FAMILIAR

Segundo Greenhalgh (2002), “A grande parte dos primeiros empreendimentos comerciais

era composta de negócios caseiros, assim chamados porque os membros da família

ampliada trabalhavam na pequena propriedade da família”.

Já Ricca Neto (1998) define a empresa familiar segundo os seus valores, afirmando que a

família é o mais importante valor da empresa. O comportamento dos membros da família,

na tomada de decisões, tem conseqüências na cultura da empresa, independente de

quaisquer laços formais com a administração.

Seguindo esta mesma linha Lodi (1998), define que o conceito de firma familiar é: “aquela

em que a consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os

valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família ou com a

figura de um fundador”.

Donneley apud Lodi (1998) considera familiar, a empresa “que tenha estado ligada a uma

família pelo menos durante duas gerações e com ligações familiares que exerçam influência

sobre as diretrizes empresariais, os interesses e objetivos da família”.

Para Juste (2004), “a empresa familiar nada mais é que uma organização que visa lucro

através do capital empregado pelos proprietários, neste caso, os familiares”.

Em relação ao surgimento das empresas familiares, além da intuição, muitos casos são

conseqüências do espírito empreendedor do fundador que surge devido à falta de medo ao

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risco, pois no início, não há nada a perder (Bernhoeft, 2003). Segundo este mesmo autor,

este surgimento é apoiado em variáveis emocionais sem muita lógica ou visão estratégica.

Oliveira (1999) define a empresa familiar como sendo a que a sucessão do poder decisório

é realizada de forma hereditária a partir de uma ou mais família. As empresas familiares

não devem ser vistas necessariamente como se estivessem em uma situação em que as

possibilidades de sucesso são inexistentes. Deve-se notar, porém, que essas firmas possuem

“características próprias que constituem verdadeiros desafios, e as soluções nem sempre

ocorrem com facilidade” (Lerner, 1996).

Segundo este autor, as dificuldades presentes e comuns a essas empresas são: recursos

humanos com qualificação inadequada, quadro de pessoal cujo tamanho é incompatível

com as necessidades, falta de objetivos quantificáveis, ausência de planos e regras, e

presença marcante da intenção, do empirismo e da improvisação.

Bernhoeft (1989) apresenta as seguintes características das empresas familiares: “forte

valorização da confiança mútua, independente de vínculos familiares”, “Expectativa de alta

fidelidade, manifestada através de comportamentos como não ter outras atividades

profissionais não relacionadas com a vida da empresa”, “exigência da dedicação,

caracterizada por atitudes tais como não ter horário para sair, levar trabalho para casa,

dispor dos fins-de-semana para convivência com pessoas do trabalho”, “laços afetivos

extremamente fortes influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da

organização”, “valorização da antiguidade como um atributo que supera a exigência de

eficácia ou competência”, “postura de austeridade, seja na forma de vestir, seja na

administração dos gastos”, “jogos de poder, onde muitas vezes mais vale a habilidade

política do que a capacidade administrativa”, e “dificuldade na separação entre o que é

emocional e racional, tendendo mais para o emocional”.

As pesquisas de Ward (2003) demonstram que, além das dificuldades típicas de todos os

negócios, as empresas familiares enfrentam desafios particulares, que, por serem pequenas,

na sua grande maioria, necessitam dos recursos financeiros ou da experiência gerencial das

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grandes organizações. A falta de um planejamento estratégico que oriente a empresa é um

fator decisivo para a superação dos desafios. Porém, “qualquer tentativa, formal ou

informal, de planejamento faz com que os donos das empresas se sintam ameaçados.

Muitos pensam que o planejamento é como uma camisa-de-força, que restringirá sua

habilidade instintiva de sobrevivência e limitará a flexibilidade que o negócio exige”.

2.9 ANÁLISE

Após a revisão bibliográfica, pode-se concluir que o crescimento e a diversificação trazem

economias de escala e escopo e aumentam a sua complexidade. Os riscos e as recompensas

são extraordinários. Por isso, devem-se seguir alguns passos para que se possa reduzir o seu

grau de incerteza, seja na análise dos ativos da empresa adquirente, seja na avaliação dos

ganhos de aprendizagem que a adquirente terá na diversificação.

A estratégia é um plano utilizado para se alcançar objetivos específicos e está presente em

qualquer empresa, seja de forma explícita, através de um planejamento, seja de forma

implícita. Para a sua formulação, a empresa precisa conhecer as suas forças e fraquezas e

estar bem informada a respeito de seu mercado. O conhecimento da concorrência,

fornecedores e dos clientes são fatores determinantes para a criação de uma estratégia

eficiente. Estas estratégias podem se formar ou serem formadas através da criação de

cenários.

A estratégia aplicada a uma unidade de negócio é chamada de estratégia competitiva. Esta

estratégia relaciona a empresa ao meio ambiente, que pode ser um setor ou a indústria em

que compete. Por isso, deverá estar contemplado no plano estratégico da empresa, o seu

posicionamento na indústria de atuação, para se defender contra as cinco forças que são: os

concorrentes da indústria, os novos entrantes, os fornecedores, os compradores e os

produtos ou serviços substitutos.

A estratégia baseada em competências essenciais tem como conceito básico a busca pela

competitividade através da capacidade de criar, com custos mais baixos e mais rápido que

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os concorrentes, sem que haja a possibilidade de imitação. A competência é essencial

quando fornece uma significativa e imprescindível contribuição para o valor percebido pelo

cliente, quando possibilita a entrada da empresa em novos mercados e quando é de difícil

imitação. A estratégia baseada em capacidades complementa a baseada em competências

essências, pois ambos os conceitos tratam do aspecto comportamental da estratégia.

Enquanto a competência essencial trabalha com o conhecimento tecnológico e de produção

em algumas fases da cadeia de valor, a capacidade trata de toda ela, pois esta é um conjunto

de negócios tratados de forma estratégica, sendo coletivas e transfuncionais,

compreendendo uma pequena parte do trabalho de várias pessoas.

A estratégia baseada em recursos sugere que estes sejam explorados para gerar vantagens

competitivas sustentáveis. Estes recursos têm como características serem valorizados, raros,

de difícil imitação e insubstituíveis.

Quando há uma falta de aptidão da empresa nos casos em que a aquisição e o

desenvolvimento interno não se apresentam como melhores opções, é utilizada a estratégia

de cooperação e alianças, para suprir esta falta.

A estratégia corporativa, que se origina da competitiva, é aplicada em todo o grupo

empresarial A estratégia corporativa é adotada em empresas diversificadas, pois este tipo de

estratégia é utilizado para a seleção do mercado que a empresa vai competir e a

coordenação de suas unidades de negócio.

A gerência de portfólio avalia as unidades de negócio de acordo com a atratividade da

indústria e a força do negócio, porém a quantificação é imprecisa, pois trabalha com

julgamentos subjetivos. Já na estratégia horizontal, a matriz dá responsabilidades e

autoridades às suas unidades de negócios que são avaliadas pelos seus resultados, através

de um conjunto coordenado de metas e políticas entre estas unidades, inter-relacionando-as.

A estratégia baseada no apoio da matriz trata da criação de valor através da influência

positiva da matriz sobre as suas unidades de negócios. Ao invés de se concentrar nos

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negócios do portfólio, onde se pressupunha que os negócios correlatos eram mais rentáveis

que os não correlatos, esta estratégia se concentra nas competências da matriz e no valor

criado do seu relacionamento com as suas unidades de negócios.

O presente trabalho trata da empresa familiar, no que tange a sua estratégia de

diversificação. Uma empresa é considerada familiar, segundo os autores citados, quando

está ligada a uma família por, pelo menos, duas gerações, sendo o poder decisório

transferido de forma hereditária. A empresa familiar tem uma característica muito peculiar

no que diz respeito aos seus valores, pois estes se confundem com os da família.

Para efeito do estudo de caso, será utilizado o gráfico de Zook (2001), que demonstra os

negócios adjacentes que se originam do core inicial da empresa. Após desenvolver a lista

de negócios adjacentes e oportunidades de crescimento, será realizada a classificação das

empresas, através da matriz BCG.

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3. ESTUDO DE CASO

O Grupo JF nasceu em 1969, a partir da abertura de uma oficina mecânica na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro. A pequena empresa logo foi transformada numa rede de

lojas de automóveis, cujo lucro viabilizou a criação de todas as outras empresas do grupo.

Estava dado o primeiro passo para a construção do conglomerado sob o comando do

empresário JF, que hoje está presente nas áreas de logística, mineração, agronegócios,

turismo, imóveis, habitação e energia sustentável. Hoje, o grupo conta com cerca de 300

funcionários, sendo composto por doze empresas, atuando em vários estados do País.

Para efeito do estudo de caso do grupo estudado, serão consideradas três fases: Fase I –

iniciando em 1969, com a primeira empresa a ser criada, se caracteriza pela atividade

logística, além de algumas experiências mal sucedidas em outras áreas; Fase II, com início

em 2001, caracteriza-se pela aquisição de empresas para investimento; e a Fase III, iniciada

em 2003. Nesta última fase, o Grupo JF entrou no mercado de agronegócios, integrando-se

verticalmente. Vale ressaltar que, a escolha das fases a serem analisadas se deu levando em

consideração, a existência atual das respectivas atividades, podendo ser verificadas na

tabela abaixo:

LOGÍSTICA

I

INVESTIMENTO

II

AGRONEGÓCIO

III

Tabela III – FASES DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO GRUPO JF

1969 2001 2003

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FASE I

Desde os primeiros negócios, o espírito empreendedor de JF proporcionou o crescimento de

suas empresas. Inicialmente a oficina mecânica apenas recuperava os veículos de uma

grande rede de automóveis. O empresário, no entanto, aproveitou uma oportunidade

oferecida pelo cliente para expandir sua atuação. A oficina, após recuperar os veículos,

passaria a ter um prazo de 10 dias para vendê-los. Depois da devida alteração no contrato

social, foi criada a primeira agência de automóveis novos e usados, que chegou a ter quatro

filiais. Mais tarde, a agência assinaria contrato com uma fabricante de motos passando a

vender também motocicletas. Neste mesmo ano a sua filha Joana começa a trabalhar na

agência.

A partir de 1980, o empresário JF viabilizou o surgimento da transportadora, que se

transformaria mais tarde na principal empresa do grupo. A transportadora foi criada para

transportar pedras para a construção do metrô da cidade do Rio de Janeiro. Após alguns

anos, a transportadora deu início à operação de descargas de granéis sólidos nos portos do

Estado do Rio de Janeiro.

Para alavancar a transportadora, o empresário então adquiriu uma mineração. O objetivo

era aproveitar os contratos já firmados de fornecimento de areia para fundição e jateamento.

Após a aquisição, o empresário conseguiu aumentar sua carteira de clientes, fechando

contrato com a Petrobras, que utilizava areia para fraturamento de poços de petróleo. A

mineração também passou a fornecer areia e seixos rolados para companhias de

saneamento básico, para construção de filtros.

No mesmo período, a agência de automóveis começou a enfrentar dificuldades. Ao assumir

o Ministério da Fazenda, Mário Henrique Simonsen implanta medidas econômicas que

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atingem em cheio o mercado de automóveis. O prazo para financiamento foi reduzido,

gradativamente, o que praticamente inviabilizou as vendas. Por isso, em 1989, houve o

fechamento das agências de automóveis. A parceria com a fabricante de motos já havia sido

rompida em conseqüência da falta de assistência da fábrica.

Em 1991, os órgãos ambientais passaram a exigir a substituição de areia por granalha de

aço no jateamento de navios. No fraturamento de poços de petróleo, o produto teve que dar

lugar à bauxita sinterizada. O problema, agravado pela queda nos preços deste produto para

fundição, fez com que a mineração passasse a fornecer apenas para as empresas de

saneamento básico, fechando suas filiais.

Vislumbrando a rentabilidade do setor, o Grupo JF criou uma confecção de roupas. A

empresa fabricava roupas e sandálias para as 18 lojas da rede espalhadas no Estado do Rio

de Janeiro. O esperado não ocorreu, pois o grupo obteve um forte prejuízo com este

negócio. Para incrementar os negócios, JF funda uma empresa de importação e exportação,

que importaria roupas, máquinas e equipamentos para as empresas do grupo. Em 1996, a

conjuntura mercadológica não permitia ações para reverter o declínio do setor. Por estes

motivos JF fechou a confecção de roupas e suas lojas. Neste ano os seus filhos Rafael e

Rafaela começam a trabalhar o grupo.

Em 1998, a transportadora efetuou o transporte da primeira importação de coque de

petróleo. Como resultado das operações na descarga de sucata importada por siderúrgicas, a

transportadora foi chamada para cotar um serviço de movimentação interna em uma usina

de um de seus clientes, onde saiu vencedora. Com isso, a transportadora entra no negócio

de logística interna, operando em diversas indústrias ao longo dos anos.

Em 2000 o empresário, percebendo um nicho do negócio que estava sendo ignorado, criou

uma empresa de armazenagem. A nova empresa nasceria para resolver um grave problema

dos clientes da transportadora: a carência de pátios de armazenagem.

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A intenção era de cativar ainda mais os seus clientes, que utilizavam aquele terminal

marítimo para importação de coque de petróleo. Muitas vezes, estas empresas acabavam

pagando pesadas multas por não conseguir cumprir os prazos estabelecidos pela

arrendatária do porto, que exigia uma rápida retirada do produto para otimizar a descarga.

Satisfeita com o serviço prestado no transporte de coque, a Petrobras sugere que a empresa

de armazenagem seja a sua representante na venda de coque de petróleo nos estados do Rio

de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. A partir deste momento, esta empresa amplia as

suas atividades, passando a fazer armazenagem, compra, beneficiamento e venda de

combustíveis sólidos. Neste momento, a transportadora passa a realizar pacotes logísticos

aos seus clientes. Por isso, surge a necessidade de um alto investimento em centros de

distribuição.

Como tanto a transportadora quanto o armazém detinham a logística de coque, houve uma

oportunidade de se realizar uma aliança com uma trading holandesa para a distribuição do

coque em todo o território nacional. Nesta aliança, uma nova empresa seria criada, onde as

duas partes teriam a mesma participação. O papel da transportadora era de empregar a sua

experiência em logística de distribuição, o do armazém era de estocar o produto e o da

trading de adquirir o produto no mercado externo, pois esta possuía uma vasta experiência

nesse tipo de operação. Porém, após várias negociações, este projeto foi abortado, pois não

foi possível alcançar um denominador comum entre as partes.

Figura 4 - NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE - FASE I

Transporte

Operação Portuária

Transportadora Novos produtos

Construtoras

Cimenteiras

Siderúrgicas

Integração para frente

Novos Clientes

Novos produtos

Novos clientes

Saneamento

Mineração

Areia para filtros

Novos negócios

Confecção

Integração para frente

Lojas de vestuário Importadora

Integração para trás

Logística interna

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FASE II

Em 2001, JF vislumbrou outra oportunidade de investimento, uma empresa de habitação de

capital misto com uma grande carteira de mutuários. O projeto era dividido em três partes:

compra, saneamento das dívidas, com uma conseqüente valorização patrimonial, e a venda

para um grande banco, pois esta empresa é uma agente financeira, pois possui uma carta

patente do Banco Central que a autoriza a operar como um banco repassador.

No ramo hoteleiro, o Grupo JF entraria de maneira inesperada. Uma pousada, com 15

suítes, em Angra dos Reis, foi integrada ao conglomerado como forma de pagamento de

uma divida. O grupo promoveu uma grande reforma, ampliando o número de suítes para

27. Todo este investimento foi feito no intuito de valorizar o empreendimento para uma

futura venda, pois, segundo o empresário JF, “este não é o ramo de atividade que interessa

ao Grupo JF”. Em 2000, a empresa de importação, por não ter mais utilidade para o grupo,

é fechada. Em 2003 após uma reestruturação, os seus filhos Joana, Rafael e Rafaela passam

a ocupar o cargo de vice-presidentes.

Em 2003, O Grupo JF encerra as atividades da mineração no fornecimento de material para

filtros. Neste mesmo ano, JF comprou o direito de lavra de uma mina de grafita no Ceará.

Depois de fechar o negócio, descobriu-se que a mina não possuía viabilidade econômica,

pois era muito profunda. Mesmo assim, o empresário JF mandou realizar uma pesquisa nas

áreas adjacentes. Como resultado, foi encontrada uma jazida avaliada em alguns bilhões de

Alta Participação Baixa Participação

Alto Crescimento Confecção e Lojas

Crescimento Lento Transportadora Mineração e Importadora

Tabela IV – MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO - FASE I

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dólares. Esta empresa já foi transformada em uma S.A., pois a proposta é vendê-la a um

grande grupo.

FASE III

Em 2003, o empresário JF, ao verificar novas oportunidades de negócio, começa a investir

em terras no estado do Piauí, através de uma empresa imobiliária rural. A proposta é

comprar a terra, depois tratá-la para deixar pronta para o plantio, agregando valor ao

negócio.

Neste mesmo ano, o presidente do grupo se viu seduzido por uma tecnologia inovadora

que, em 72 horas, transforma qualquer matéria orgânica em adubo orgânico. Por isso,

entrou na sociedade de uma empresa concessionária desta tecnologia em Santa Catarina.

Pela falta mão-de-obra com o perfil necessário ao desenvolvimento comercial desta

empresa, atualmente, esta se encontra parada, agregando custos ao grupo.

Alta Participação Baixa Participação

Alto Crescimento Transportadora

Crescimento Lento Armazém Mina de Grafita, Habitação e Pousada

Tabela V – MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO - FASE II

Transporte

Operação Portuária

Transportadora

Novos produtos

Construtoras

Cimenteiras

Siderúrgicas

Novos Clientes

Novos negócios

Integração para trás

Logística

interna

Armazém

Novos produtos

Armazenagem

Comercialização de combustível

sólido

Habitação

(Investimento)

Pousada

(investimento)

Mina de Grafita

(investimento)

Figura 5 - NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE - FASE II

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Vendo a produtividade da região, JF resolve iniciar a preparação para o plantio de grãos em

uma de suas fazendas. Na sua primeira safra, foi utilizado o adubo orgânico que era

originado da mesma tecnologia utilizada em sua empresa de Santa Catarina. Devido a

alguns fatores, esta safra não alcançou os resultados esperados. Porém na safra seguinte,

com a utilização de adubo convencional, o resultado foi excelente. O grupo está partindo

para a sua terceira safra.

A região sul do Piauí representa, atualmente, a nova fronteira agrícola do país, onde se pode

constatar a imigração de vários agricultores dos estados do sul e de outros países, pois a

região apresenta um índice pluviométrico excelente para o cultivo de soja, arroz, milho e

algodão.

Com o aumento dos negócios no sul do Piauí, uma grande fabricante de tratores e

colheitadeiras procura JF e propõe que ele seja o seu concessionário naquela região. Em

2004 é criada a empresa de compra e venda de tratores, colheitadeiras e implementos

agrícolas no sul do Piauí.

Em função do tamanho do seu projeto de plantio na região, o Grupo JF foi convidado pelo

Ministério do Meio Ambiente para desenvolver, em parceria com este, em uma de suas

propriedades do Piauí, o maior projeto de manejo florestal sustentável da América Latina.

A proposta consiste em explorar a mata nativa, extraindo madeira, com sustentabilidade,

através de sistema de rodízio. A empresa criada tem como objetivo a produção e

comercialização de fontes energéticas de base sustentável e venda de crédito de carbono.

Cada vez mais envolvido com as questões agrícolas, o JF decide investir no gargalo da

agricultura na região, o calcário agrícola, um dos insumos mais concorridos pelos

agricultores da região sul do Piauí. Trata-se de um ótimo corretor de solo, que equilibra o

pH e agrega magnésio e cálcio ao solo, elementos essenciais ao cultivo de grãos. Por isso,

JF cria uma nova empresa que detém uma mina de calcário no Maranhão. Esta empresa

entrará em operação ainda este ano.

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Consciente do potencial de crescimento do grupo na região sul do Piauí, JF decide se

integrar verticalmente, fundando uma empresa de insumos agrícolas. Esta empresa iniciará

as suas atividades no segundo semestre de 2005. Com isso, a proposta seria de comprar a

terra bruta, ou seja, com a mata nativa, e vender a fazenda montada com equipamentos e

pronta para o plantio.

Em conseqüência deste crescimento e desta diversificação, o Grupo JF passou a ter

problemas de caixa, pois a captação de recursos se tornava complicada, já que a maioria

destas empresas estava iniciando as suas operações em regiões ainda não exploradas. Além

do problema de caixa, o Grupo JF vem passando por problemas de gestão, pois como o seu

crescimento foi a passos largos, a sua estrutura de sistemas de gerenciamento não

conseguiu acompanhar esta evolução.

Apesar dos problemas enfrentados, o Grupo JF está elaborando planos de negócios para

avaliar a criação de algumas empresas. Na divisão de logística, o grupo pretende criar um

porto de exportação e importação de granéis sólidos e produtos siderúrgicos, além de um

centro de distribuição em São Paulo, para o recebimento e escoamento de cimento ensacado

e de coque a granel, otimizando a sua logística. Na divisão de agronegócio, a intenção é a

criação de uma fazenda produtora de sementes, uma empresa de processamento de grãos e

uma de táxi aéreo.

Alta Participação Baixa Participação

Alto Crescimento A E; F; G; H; I; J; K

Crescimento Lento L B; C; D

Tabela VI – MATRIZ DE CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO - FASE III

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Transporte

Operação Portuária

Transportadora

(A) Novos produtos

Construtoras

Cimenteiras

Siderúrgicas

Novos Clientes

Novos negócios

Integração para trás

Logística interna

Armazém

(L)

Novos produtos

Armazenagem

Comercialização de combustível

sólido

Habitação (Investimento)

(C)

Pousada (investimento)

(D)

Imobiliária rural

(F)

Integração

para trás

Fazenda de grãos

(G)

Concessionária de equipamentos agrícolas

(H)

Produção de combustíveis de base sustentável

(K)

Integração

para frente

Mineradora de calcário

(I)

Comercialização de Insumos Agrícolas

(J)

Novos negócios

Adubo Orgânico

(B)

Mina de Grafita (investimento)

(E)

Figura 6 - NEGÓCIOS ADJACENTES QUE SE ORIGINAM DO CORE - FASE III

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05

Figura 7 – QUANTIDADE ANUAL DE EMPRESAS PERTENCENTES AO GRUPO

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Tabela VII – CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS E PROJETOS POR DIVISÃO

DIVISÕES LOGÍSTICA AGRONEGÓCIO INVESTIMENTO

EM OPERAÇÃO

Transportadora

Armazém

Imóveis

Assessoria

Equipamentos

Insumos

Mineração de Calcário

Fazenda de Grãos

Combustível Sustentável

Adubo Orgânico

Grafita

Pousada

Habitação

NOVOS

PROJETOS

Terminal Portuário

Centro de Distribuição

Produção de Sementes

Processamento de Grãos

Táxi Aéreo

Figura 8 - TEMPO DE VIDA DAS EMPRESAS

16

25

22

3

3

3

5

4

4

2

2

1

1

0

0

0

0

19 6 5 19 6 8 19 7 1 19 7 4 19 7 7 19 8 0 19 8 3 19 8 6 19 8 9 19 9 2 19 9 5 19 9 8 2 0 0 1 2 0 0 4

A uto móveis

T ranspo rte

M ineração

C o nfecção

Lo jas de Vestuário

Impo rtado ra

A rmazém

H abitação

P o usada

F azenda

A dubo Orgânico

Equipamento s

A gríco las

Imo biliária R ural

C alcário

Insumo s A gríco las

C o mbustível

Sustentável

M ina de Graf ita

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

As empresas familiares têm uma grande importância na economia brasileira, pois 99% das

empresas brasileiras são familiares. Quando estas empresas decidem crescer, há a

necessidade de se conquistar mais fatias de mercado por meio da diversificação, então

surge a difícil missão de se planejar o futuro através de estratégias para o crescimento.

O Grupo JF já apresentava características familiares desde o seu início, pois a agência de

automóveis foi comandada pelo empresário JF, que tinha seus familiares envolvidos

diretamente com o negócio. Greenhalgh (2002) sugere que as empresas familiares são

caracterizadas pelo trabalho de membros da família na propriedade da família. Desde então,

a direção do grupo esteve nas mãos dos familiares. Atualmente, os seus filhos ocupam

cargos de direção na empresa.

Neste contexto, este trabalho de cunho prático tem como objetivo estudar o crescimento e a

diversificação em um conglomerado familiar que possui unidades de negócios atuantes em

diferentes mercados. Assim, a formulação e seleção de estratégias são determinantes para

superar os desafios impostos e aproveitar as oportunidades que surgem, possibilitando que

a empresa possa crescer com sustentabilidade. A pesquisa desenvolvida foi baseada em um

estudo de caso do Grupo JF em relação a sua estratégia de crescimento e diversificação.

Para um melhor entendimento, esta seção será dividida em cinco partes. A primeira tratará

da estratégia que foi adotada pelo Grupo JF nas empresas que já encerraram as suas

atividades. A segunda estudará a estratégia adotada pelo grupo no que se refere à divisão de

logística. A terceira parte tratará da estratégia adotada pela divisão de agronegócio. A

quarta parte tratará da estratégia corporativa do Grupo JF, e a última parte estará destinada

às críticas e sugestões.

4.1 A ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS ENCERRADAS

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Ao implantar a agência de automóveis, o empresário JF decidiu revender motocicletas,

diversificando o seu portfólio de produtos, utilizando o mesmo ativo que já possuía, as

instalações e equipes de venda. Anslinger e Copeland (1996) argumentam que o sucesso

das empresas que diversificam os seus produtos está na semelhança de seus princípios

operacionais que, no caso, são representados pela estratégia de venda dos automóveis e

motocicletas.

Collins (1998) confirma esta argumentação quando afirma que o sucesso de uma

diversificação depende de como os recursos da empresa a tornarão diferenciada em relação

à concorrência nos diversos negócios. Esta diversificação também trouxe uma vantagem

competitiva à revenda no que diz respeito aos custos, que puderam ser diluídos entre os

automóveis e motos. Porém, devido à política econômica do país, as atividades desta

empresa foram encerradas.

A confecção e as lojas pertenciam a um mercado que apresentava um grande crescimento,

porém, era altamente pulverizado. Como a sua participação era baixa, houve a necessidade

de investimentos nestas empresas no intuito de transformá-las em estrelas. Porém, após

grande injeção de capital, este objetivo não foi alcançado, o que levou o encerramento de

suas atividades.

Alguns fatores provocaram a baixa performance destas unidades de negócio. As

características da matriz não eram as mesmas destas unidades de negócio, pois o Grupo JF

não possui perfil para o varejo e, de acordo com Campbell, Goold e Alexander (1995), para

que se possa ter sucesso em uma diversificação é necessário que haja uma compatibilidade

entre a matriz e as unidades de negócios.

Outro fator que levou estas empresas ao fechamento foi falta de foco, pois como se pode

observar, houve algumas aquisições e criações de empresas com cores muito diferentes,

isso fez com que o Grupo JF não obtivesse bons resultados com estas unidades de negócio,

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concordando com o pensamento de Zook (2001) que afirma que os conglomerados não

conseguem administrar empresas com cores diferentes.

4.2 A ESTRATÉGIA DA DIVISÃO DE LOGÍSTICA

Durante a primeira fase, a transportadora se apresentava como a vaca leiteira do grupo, pois

o mercado de logística apresentava um baixo crescimento, porém, no mercado de logística

do coque de petróleo, esta empresa operava com grande participação. Com isso, a

transportadora financiou a criação e aquisição de várias outras empresas do grupo.

Com o crescimento da importância da logística no cenário nacional, houve a necessidade de

investimentos em centros de distribuição. Então, durante a segunda fase, a transportadora

passou a necessitar de capital para a sua alavancagem, pois o caixa gerado pela sua

operação, apesar de alto, não era suficiente à sua demanda.

No mercado de logística interna, o grupo adotou a estratégia genérica do enfoque (Porter,

1986), se dedicando as siderúrgicas. No mercado de transporte rodoviário, o grupo adotou a

estratégia genérica da diferenciação (Porter, 1986), pois, ao criar a empresa de

armazenagem, adquiriu pátios de estocagem, eliminando os seus concorrentes, e passando a

ser a única empresa a oferecer este tipo de serviço. Ao oferecer o pacote logístico aos

clientes, surge a oportunidade de entrar na comercialização do coque, através da empresa

de armazenagem. Com isso, esta empresa passou a ser a vaca leiteira do Grupo JF.

Nota-se que o Grupo JF vem buscando uma inovação de valor, pois conforme ressaltam

Kim e Mauborgne (1997), os inovadores buscam idéias independentes da atuação do setor,

distinguem os fatores que proporcionam valor à empresa em relação àqueles que são bases

da competição setorial, baseiam-se nos elementos comuns das características mais

valorizadas pelos clientes.

Hamel e Prahalad (1990) afirmam que a empresa que é capaz de criar produtos de que os

clientes necessitam, mas não imaginam ainda, possuem a competência essencial. Esta

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competência é demonstrada na criação dos pátios de armazenagem. Pode-se notar, também,

que a estratégia competitiva adotada pela empresa de armazenagem era a diferenciação

(Porter, 1986), pois era a única a disponibilizar pátios licenciados para a movimentação de

coque. A diferenciação trouxe a fidelização do cliente e Zook (2001) comenta que a

fidelidade do cliente é a forma mais forte de influência de mercado.

Na tentativa da realização de uma aliança com uma trading na distribuição do coque, o

empresário JF estava procurando suprir uma falta que era a obtenção do coque no mercado

internacional. Este fato é citado por Harbison e Pekar Jr (1999), pois, segundo eles, as

empresas, quando não possuem todas as aptidões necessárias, e a aquisição ou o

desenvolvimento interno não são as melhores opções, utilizam-se de alianças para criá-las,

através da criação ou não de uma nova empresa.

Pode-se verificar que o Grupo JF está preocupado com a integração vertical, pois há

projetos para a criação de um terminal portuário e de um centro de distribuição. Estes

projetos alavancarão a transportadora, já que os clientes são, praticamente, os mesmos.

4.3 A ESTRATÉGIA DA DIVISÃO DE AGRONEGÓCIO

Como se pode notar na descrição a empresa de adubo orgânico, que está classificada como

uma empresa de baixa participação em um mercado de baixo crescimento, não vem

obtendo bons resultados devido à falta de uma gerência com o perfil adequado. Este

problema se deve ao fato de as empresas familiares, conforme afirma Oliveira (1999),

apresentarem algumas dificuldades em conseguir recursos humanos com qualificação

adequada.

Atualmente, o Grupo JF está inserido no agronegócio. Tudo começou com a aquisição de

terras para investimento. Porém, com o crescimento da região, o empresário JF decidiu

investir na preparação da terra para o plantio. Esta integração para frente originou outros

negócios. Entende-se por integração para frente quando a empresa fornecedora entra na

indústria da empresa compradora (Porter, 1986). Como um ótimo exemplo de inovação de

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valor, o empresário JF decidiu preparar as terras e equipá-las para agregar valor ao negócio.

Para isso, se integrou para trás, através da abertura de uma concessionária de equipamentos

agrícolas, uma mineradora de calcário e a comercialização de insumos agrícolas. Entende-

se por integração para trás quando a empresa compradora entra na indústria da empresa

fornecedora (Porter, 1986). Com isso, buscou-se a competência essencial que permite

produtos que não podem ser copiados.

Hamel e Prahalad (1992) ressaltam que uma competência é definida como essencial por

dois aspectos: 1. quando fornece uma significativa e imprescindível contribuição para o

valor percebido pelo cliente final, permitindo que a empresa entregue o valor para o cliente

de forma mais eficiente, no caso representado pela fazenda equipada e pronta para o

plantio; 2. quando a competência confere uma base potencial para a entrada da empresa em

novos mercados, o que ocorreu após a criação da fazenda. Todos os outros negócios vieram

a reboque, pois o conhecimento da região, e dos clientes, facilitaram esta integração.

Sologuren e Mendes (2005) citam que esta integração possibilita uma sinergia entre as

unidades de negócio, estabelecendo uma barreira de entrada aos concorrentes potenciais.

Mais uma vez deve-se lembrar Anslinger e Copeland (1996), pois estes autores

argumentam que o sucesso das empresas diversificadas está na semelhança de suas

operações. No agronegócio, o Grupo JF administra vários cores com uma grande

semelhança em seus princípios operacionais, como por exemplo, uma carteira unificada de

clientes.

Devido a sua baixa participação no mercado de agronegócio que apresenta um alto

crescimento, já que a região de atuação das unidades de negócio desta divisão representa a

nova fronteira agrícola do país, estas empresas necessitam de investimentos para que

possam aumentar a sua participação neste mercado, se transformando em estrelas, (Porter,

1986).

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Verificando a tabela VIII, pág. 62, pode-se notar que o grupo está buscando uma integração

vertical completa. Esta integração criará uma barreira de entrada para novos entrantes,

fortalecendo a sua posição no mercado.

4.4 A ESTRATÉGIA DO GRUPO JF

Numa estratégia corporativa, segundo Collins (1995), todos os elementos são alinhados

pela natureza dos recursos, unificando e condicionando os demais elementos, ver “figura

02”, pág. 20. Os recursos do Grupo JF são genéricos, a sua sede possui poucos empregados

e não há grandes necessidades de compartilhamento de informações.

O Grupo JF possui uma inter-relação tangível entre as suas unidades de negócio, pois há

um compartilhamento de atividades na sua cadeia de valor, e de acordo com Porter (1989),

este é um do três tipos de inter-relações entre a matriz e as suas unidades de negócios, numa

estratégia horizontal. Esta inter-relação pode resultar em vantagem competitiva, caso este

compartilhamento reduza custos ou aumente a diferenciação.

A administração das unidades de negócio do grupo é feita através da matriz, pois todos os

sistemas financeiros, contábeis e de informação são centralizados. Campbell, Goold e

Alexander (1995) afirmam que para que a empresa obtenha sucesso é necessário que as

habilidades e os recursos da matriz sejam bem compatíveis com as necessidades e

oportunidades das unidades de negócios, criando, assim, valor às unidades. No caso do

grupo estudado, os recursos da matriz são compatíveis com as necessidades de suas

unidades de negócio.

Mishina, Pollock e Porac (2004) ressaltam que o crescimento é entendido como um

resultado organizacional importante, pois traz economias de escala e escopo. Porém, este

mesmo crescimento traz complexidade à organização. Este fato pode ser notado no grupo

estudado. Principalmente quando este crescimento é feito através da diversificação, onde o

controle das unidades de negócio se torna mais difícil.

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Tanto na logística quanto no agronegócio pode-se notar que o Grupo JF utilizou-se de seu

aprendizado nas operações de diversificação para entrar num terceiro mercado, trazendo,

como conseqüência, uma integração vertical em ambas as divisões, conforme sugere

Markides (1997). No caso do agronegócio esta integração se mostrou mais efetiva do que

na logística.

A pousada, a habitação e a mineração de grafita foram adquiridas para uma futura venda.

Por isso, não se realizou a análise da estratégia de administração destas unidades de

negócio.

A falta de caixa do Grupo JF é proveniente da dificuldade de captação de recursos, devido a

pouca idade das empresas, principalmente, no agronegócio, como se pode verificar na

“Figura 8”, pág. 53. Porém, para garantir o crescimento, a empresa deve superar o desafio

da aquisição destes recursos, segundo Hite e Hesterly (2000), pois é neste estágio que estes

recursos não podem ser produzidos internamente e é, justamente neste momento que há a

maior dificuldade de acesso, devida aos elevados graus de equívocos e incertezas

característicos das empresas emergentes. Porém, Hite e Hesterly (2000) argumentam que,

quando a firma emergente é bem sucedida, abre-se a possibilidade da mesma adquirir os

recursos necessários para caminhar na direção do crescimento.

Como o crescimento do grupo aconteceu de forma extremamente rápida, conforme

apresentado na “Figura 8”, pág. 53, a sua estrutura de gerenciamento não conseguiu

acompanhar esta evolução, causando graves problemas de gestão. Este fato converge com

as pesquisas de Nicholls-Nixon (2005), que mostra o gap entre as demandas da organização

de crescimento rápido e a estrutura de sistemas existentes para gerenciar suas atividades,

ocasionado por este rápido passo de crescimento. Este autor apresenta como solução a

criação de uma empresa auto-organizada que é suficientemente flexível e inovadora para

criar soluções às novas situações, enquanto crescem.

Pode-se verificar que o seu crescimento e diversificação não foram alcançados através de

um planejamento estratégico, com criação de cenários, conforme sugere Wack (1985). A

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estratégia de crescimento adotada pelo grupo é feita de forma artesanal, sendo desenvolvida

gradativamente, através das ações e experiências da organização. E, segundo Mintzberg

(1987), este tipo de estratégia é a mais eficaz, por que se faz necessário o retorno a alguns

conceitos básicos, que é a conexão íntima entre pensamento e ação.

Neste contexto, nota-se que as empresas nasceram, principalmente, devido à intuição do

seu fundador e ao seu espírito empreendedor, comprovando a afirmação de Bernhoeft

(2003). Segundo este mesmo autor, o surgimento das empresas familiares é apoiado em

variáveis emocionais.

4.5 CRÍTICAS E SUGESTÕES

No caso das empresas de confecção e vestuário, pode-se depreender que o grupo deveria ter

utilizado planos de negócio antes de decidir em investir neste mercado. O plano poderia

mostrar a inviabilidade econômica deste empreendimento.

A elaboração de um plano de negócio é imprescindível para se avaliar a viabilidade técnica,

financeira e econômica dos projetos, principalmente quando estes possuírem cores

diferentes dos que o Grupo JF atua. Este plano deve mostrar, entre outras coisas, qual será a

sua necessidade de capital de giro para a sustentabilidade do projeto. Como estas análises

não foram realizadas, o grupo vem atravessando por problemas de fluxo de caixa.

Então, sugere-se que a pousada, a empresa de habitação e a mina de grafita sejam

rapidamente vendidas para que o grupo possa se capitalizar novamente. Além disso, deverá

haver uma seleção dos investimentos em suas unidades de negócio, pois nota-se que há,

conforme mostra a Tabela VI, pág. 51, muitas empresas necessitando de alavancagem. Este

fato provoca o “sangramento” das empresas que realmente geram caixa, ameaçando as suas

operações.

Para que se possa alcançar um crescimento sustentável, sugere-se que o grupo busque a

sinergia entre as suas unidades de negócio, principalmente no agronegócio, que é a divisão

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com maior número de empresas. A integração só trará vantagens competitivas se as

empresas integradas se alavancarem mutuamente. Para uma melhor visualização, a “Tabela

VIII”, abaixo, apresenta algumas sugestões de alavancagem entre as empresas da divisão de

agronegócio. Vale ressaltar que as empresas desta divisão apresentam condições de diluir

seus custos fixos, já que operam em uma mesma região e possuem uma carteira de clientes

unificada.

Tabela VIII – ALAVANCAGEM DAS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO

EMPRESA ALAVANCAGEM EMPRESA ALAVANCADA

Imobiliária Promove a venda de

equipamentos, insumos,

calcário, sementes e

sobrevôos.

Equipamentos

Insumos

Calcário

Sementes

Táxi Aéreo

Assessoria Possibilita a aquisição dos

equipamentos, insumos,

calcários e sementes do

Grupo JF em seus projetos

Equipamentos

Insumos

Calcário

Sementes

Táxi Aéreo

Equipamentos, Insumos,

Calcário e Sementes

Utiliza a equipe de venda

para promover outros

produtos

Insumos

Calcário

Sementes

Táxi Aéreo

Assessoria

Equipamentos

Fazenda de Grãos Adquire equipamentos,

insumos, calcário e

sementes.

Equipamentos

Insumos

Calcário

Sementes

Processamento Negociar com clientes a

compra de equipamentos,

insumos, calcário e semente

em grãos.

Equipamentos

Insumos

Calcário

Sementes

A estrutura gerencial do grupo não conseguiu acompanhar o seu ritmo de crescimento e

diversificação. Por isso o grupo deveria mapear os processos e elaborar procedimentos,

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visando um melhor controle de suas unidades de negócio, bem como treinar e preparar os

seus colaboradores para que possam responder com flexibilidade às mudanças

organizacionais originadas pelo rápido crescimento do grupo.

No que diz respeito à empresa de adubo orgânico, nota-se que esta não possui mão de obra

capacitada. Este problema poderá ser solucionado através da capacitação gerencial ou

através de um trabalho de recrutamento e seleção.

Em função das considerações citadas acima, o tema “empreendedorismo” poderia ser

desenvolvido em futuros trabalhos de pesquisa relacionados à empresa familiar, já que este

tema representa uma das alternativas para o surgimento e crescimento deste tipo de

empresa.

Sugere-se, também, que o tema “ciclo de vida das empresas” seja trabalhado em pesquisas

futuras, já que está intimamente ligado ao assunto crescimento e diversificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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79

ANEXO A - A ENTRADA DOS FILHOS NO GRUPO

Joana: em 1983, trabalhava como assistente administrativa do Grupo JF, após alguns anos,

passou a trabalhar como assessora da presidência, onde permaneceu até 2003, quando, após

uma reestruturação no grupo, se tornou a vice-presidente administrativa. Durante a sua

estada como assessora da presidência, exercia, praticamente, a função de diretora

administrativa do grupo. Formou-se em administração de empresas em 1998 e se pós-

graduou em recursos humanos em 2003.

Rafael: começa a trabalhar oficialmente no Grupo JF em 1993, após o término de seu

serviço militar. Iniciou como encarregado do patrimônio das lojas de vestuário, onde, após

algum tempo, foi promovido a supervisor de algumas lojas. Passou a ser o gerente geral das

lojas e fábrica em 1994. Em 1998, começa a trabalhar nas operações portuárias da

transportadora, acumulando algumas operações em poucos anos. Após uma reestruturação,

passa a ser o vice-presidente executivo do grupo. Formou-se em administração de empresas

em 1998, se pós-graduou em administração em 2001 e terminou o seu mestrado em

administração em 2005.

Rafaela: começa a trabalhar como assistente financeira do Grupo JF em 1992. Em 1993

passa a trabalhar como vendedora em uma das lojas de vestuário, onde passou a ocupar o

cargo de gerência. Em 1996, volta a trabalhar no financeiro do grupo e, em pouco tempo, é

promovida a gerente financeira e, logo após, a diretora. Após uma reestruturação do grupo,

passa a ser a vice-presidente financeira. Formou-se em economia em 1998 e se pós-graduou

em economia de empresas em 2003.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1969 - 1979

Participação no resultado do Grupo

Agência