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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS AMBIENTAIS ANTONIANE ARANTES DE OLIVEIRA ROQUE O RURAL PRODUTIVO PAULISTA: OCUPAÇÃO TERRITORIAL, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS Campinas 2019

O RURAL PRODUTIVO PAULISTA: OCUPAÇÃO TERRITORIAL ......Aos amigos de longe e de perto, que em ações, palavras e sentimentos, sempre me ... (eucalipto), duas de culturas perenes

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS AMBIENTAIS

ANTONIANE ARANTES DE OLIVEIRA ROQUE

O RURAL PRODUTIVO PAULISTA: OCUPAÇÃO

TERRITORIAL, VULNERABILIDADES E

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Campinas

2019

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ANTONIANE ARANTES DE OLIVEIRA ROQUE

O rural produtivo paulista: ocupação territorial,

vulnerabilidades e mudanças climáticas

Tese apresentada ao Instituto de Filosofia e

Ciências Humanas da Universidade Estadual de

Campinas, como parte dos requisitos exigidos

para a obtenção do título de Doutor em

Ambiente e Sociedade, na Área de Aspectos

Biológicos de Sustentabilidade e Conservação.

Orientador: Prof. Dr. Jansle Vieira Rocha

Coorientadora: Profa. Dra. Sonia Regina da Cal Seixas

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA

PELO ALUNO ANTONIANE ARANTES DE

OLIVEIRA ROQUE, E ORIENTADO PELO

PROF. DR. JANSLE VIEIRA ROCHA.

______________________________________

Campinas

2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS AMBIENTAIS

A comissão julgadora dos trabalhos de Defesa de Tese de Doutorado, composta pelos

Professores Doutores a seguir descritos, em sessão pública realizada em 24 de janeiro de 2019,

considerou o candidato Antoniane Arantes de Oliveira Roque, APROVADO.

Prof. Dr. Jansle Vieira Rocha (orientador)

Prof. Dr. Alexandre Betinardi Strapasson

Prof. Dr. David Montenegro Lapola

Prof. Dr. Jener Fernando Leite de Moraes

Profa. Dra. Simone Aparecida Vieira

A Ata de Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de

Fluxo de Dissertações/Teses e na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e

Sociedade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

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Dedico esta tese a todo aquele que

realizar sua leitura, e utilize suas

considerações e conclusões para a

assistência e suporte ao produtor rural,

pensando-o como agente parceiro na

integração entre ambiente e sociedade.

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Agradecimentos

Retribuir com palavras o carinho, consideração, suporte, orientação e tudo o mais,

que tornaram possível a concretização deste estudo, tanto do ponto de vista técnico/teórico,

quanto humano e espiritual, perfaz tarefa fundamental para a abertura e conclusão desta tese.

Agradeço primeiramente a Deus pela iluminação e saúde agraciadas a este autor,

possibilitando clareza no pensar e força no perseverar para a concretização desse aprendizado.

À minha família, em especial, minha mãe, pelo exemplo e incentivos constantes,

minha esposa, Gabriela, pela cumplicidade e amor incondicional, ao meu filho mais velho, Ivan,

pela compreensão nos momentos de ausência, e aos meus pequenos Miguel e Ametista, pela

alegria que me fizeram ter forças nos momentos difíceis.

Aos meus orientadores, professor Jansle, pela proposição do desafio no

doutoramento interdisciplinar, e sua constante orientação quanto a escolhas corretas no

caminhar da pesquisa; e professora Sônia, pelo constante cuidado na elaboração da parte

textual, orientando de forma incisiva quanto ao arcabouço teórico necessário.

Ao meu antigo chefe e amigo, Mario Ivo, pelo constante incentivo, leituras e

correções detalhadas, e esforço constante para que eu permanecesse neste sonho.

Aos amigos de doutoramento, Amanda, Débora, Ina, Léo, e Maíra, e aos

professores do NEPAM que me acompanharam no processo de construção coletiva da presente

tese.

Ao Dr. Alexandre Strapasson pelo acompanhamento desde a qualificação do

presente estudo, orientando sempre de forma detalhada e cuidadosa. Ao Dr. Jener de Moraes, e

Dra. Simone Vieira, pela leitura e excelentes correções e apontamentos indicados. E aos Drs.

David Lapola, Joel de Queiroga, Ramon Bicudo e Rubens Lamparelli, pela disponibilidade em

serem parte da banca final, e leitura cuidadosa da tese.

A todos os membros da equipe técnica e administrativa do NEPAM, que sempre

foram solícitos aos meus pedidos de ajuda, em especial o sr. Waldinei.

Aos amigos da CATI, Paulo Interliche, Walter Hipólito, Luís Murakami, Adalberte

Stivari, Antônio Cezário, Carlos Roberto de Oliveira, Mario Totti, Paulo Martin, Osmar

Guimarães, e Júlio Nagase, pelas discussões e disponibilidade sempre presentes, e ao Antonio

Torres e Carlos Reys pelo incentivo e atenção dispensada nos momentos que necessitei.

Ao NEPAM, que como núcleo de excelência em pesquisa, propiciou as condições

para um doutoramento transdisciplinar, com todos os seus momentos e espaços de reflexão.

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A todo o corpo técnico da CATI, que com dedicação e esforço constantes, mantém

viva a extensão rural em São Paulo, propiciando a base de dados com qualidade utilizada neste

estudo.

Aos amigos de longe e de perto, que em ações, palavras e sentimentos, sempre me

ajudaram na continuidade da caminhada, trazendo o gostinho da alegria para uma vida mais

colorida.

Aos meus professores que realmente se fizeram exemplos de personalidade, me

ajudando a tornar-me quem sou hoje, tanto do ponto de vista técnico quanto pessoal.

Aos meus camaradas capoeiras, que me deram energias nas rodas da vida, ajudando

a superar as angústias e dificuldades destes quatro anos.

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RESUMO

O Estado de São Paulo apresenta uma economia bastante diversificada, e possui o maior

Produto Interno Bruto (PIB) dentre os estados brasileiros, representando uma economia

comparável a diversos países do mundo, e está integrada a diferentes fóruns e iniciativas globais

para tratar de questões ambientais. O setor agropecuário possui expressivo peso em sua

economia, sendo a renda gerada correspondente em média a 10,2% da atividade agropecuária

nacional. Haja vista a importância deste Estado no cenário nacional, a presente tese busca aliar

a análise da ocupação territorial pelas explorações agropecuárias, com o perfil socioeconômico

dos envolvidos neste segmento da economia, visando trazer elementos de análise para

entendimento de seu atual estágio, e ainda verificar o papel da mesma, frente as atuais projeções

de mudanças climáticas. Dados do Levantamento censitário das Unidades de Produção

Agropecuárias (LUPA), foram correlacionados com outras bases de informações geográficas

do território paulista, dentro de um ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG).

Buscou-se quantificar a evolução da ocupação territorial agropecuária e o perfil do produtor,

sua relação espacial com as áreas urbanizadas, quais as variáveis que o tornam em maior ou

menor medida vulneráveis às mudanças climáticas, e o impacto deste modelo de exploração em

dois cenários futuros na alteração do clima global. Obteve-se um diagnóstico de alterações

expressivas nos últimos 22 anos de ocupação agropecuária em São Paulo, sendo atualmente

oito principais ocupações do solo, uma ligada a produção pecuária (pastagens), três voltadas a

culturas alimentícias e bioenergéticas (cana-de-açúcar, soja e milho), uma de produção florestal

(eucalipto), duas de culturas perenes (laranja e café), e vegetação natural. Minifúndios e

pequenas propriedades representam 84,8% do total de propriedades e ocupam 28,3% do

território rural, sendo responsáveis pela produção de culturas voltadas a alimentação. Os

latifúndios exploram 45,2% do território rural, ligadas em sua maioria a monoculturas. A

agricultura periurbana corresponde a 7,5% da área física total do Estado, e a agropecuária

realizada nesses espaços é ligada diretamente a produção de olerícolas e possui impacto direto

no perfil econômico do produtor que ocupa estes espaços. A vulnerabilidade agrária-

socioambiental em São Paulo é alta, sendo as questões sociais e econômicas apontadas como

as principais para a adaptação do produtor rural num cenário de mudanças climáticas. Os

cenários paulistas ligados a questões de produção agropecuária e ocupação do solo,

demonstraram que a produção bioenergética é capaz de suprir a demanda por energia, agindo

como redutor de emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE), deixando espaço para a recuperação

das matas. Concluiu-se que as políticas públicas voltadas ao setor, ajudaram a definir o atual

estágio de ocupação do território, e apresentam uma atual mudança de paradigma, voltado a

práticas integradas de produção e conservação do ambiente. A metodologia criada para

definição da agricultura periurbana mostrou-se válida nas análises dos padrões de ocupação,

mostrando que existe um perfil diferenciado da agricultura realizada nestes espaços, carente de

políticas públicas específicas. A metodologia adotada para setorização dos níveis de

vulnerabilidade agrária-socioeconômica, permite que políticas públicas de adaptação às

mudanças climáticas sejam tratadas de maneira hierarquizada e específica para os diferentes

perfis de agricultores no Estado. A gestão do setor agropecuário possui potencial de

significativa geração de energia a partir de fontes renováveis, principalmente as advindas das

culturas bioenergéticas, aliando-se produção alimentar e energia, numa perspectiva de

significativa contribuição na manutenção do aumento da temperatura global em até 2°C até o

ano de 2050. Os cenários apresentados demonstram a importância de investimentos no setor,

pois trazem efetivas diminuições nas emissões de GEE. São Paulo e sua atuação internacional

podem ser exemplo para outras regiões do planeta, em sistemas que integrem tecnologias e

técnicas para o crescimento da produção agropecuária, aliadas a conservação das matas e

vegetações naturais.

Palavras chave: São Paulo, agricultura periurbana, vulnerabilidade, Calculadora Global.

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ABSTRACT

The State of São Paulo has a very diversified economy, with the largest Gross Domestic Product

(GDP) among the Brazilian states, representing an economy comparable to several countries in

the world, and is integrated into different forums and global initiatives to address environmental

issues. The agricultural sector is very important in its economy, with the income generated

corresponding to an average of 10.2% of the national agriculture activity. Given the importance

of this State in the national scenario, this thesis seeks to combine the analysis of territorial

occupation, with the socioeconomic profile of those involved, aiming to bring elements of

analysis to understand their current stage, and also verify the role of it, in the face of current

projections of climate change. Data from the Census LUPA were correlated with other

geographic information bases of the territory of São Paulo, within a Geographic Information

System (GIS) environment. It was sought to quantify the evolution of land use and the profile

of the producer, its spatial relationship with the urbanized areas, which variables make it more

or less vulnerable to climate change, and the impact of this exploration model in two scenarios

climate change. It was obtained a diagnosis of significant changes in the last 30 years of land

use, being currently eight main occupations of the soil, one linked to livestock production

(pastures), three focused on food crops and bioenergetics (sugarcane, soybean and corn), a

forest production (eucalyptus), two perennial crops (orange and coffee), and natural vegetation.

Small farms represent 84.8% and occupy 28.3% of the rural territory, being responsible for the

production of crops for food. The latifundios exploit 45.2% of the rural territory, mostly linked

to monocultures. Peri-urban agriculture corresponds to 7.5% of the total physical area of the

State, and the agriculture carried out in these spaces is directly linked to the oleraceus crops.

The agrarian-social-environmental vulnerability in São Paulo is high, with social and economic

issues being pointed out as the main ones for the adaptation of rural producers in a scenario of

climate change. The São Paulo scenarios showed that bioenergy production is capable of

supplying energy demand, acting as a greenhouse gas emission reductor, leaving space for the

recovery of the forests. It was concluded that public policies aimed at the sector helped define

the current stage of land use, and present a paradigm shift, focused on integrated practices of

production and conservation of the environment. The methodology established for the

definition of peri-urban agriculture was valid in the analysis of occupancy patterns, showing

that there is a differentiated profile of the agriculture carried out in these spaces. The

methodology adopted for the agrarian-social-environmental vulnerability allows public policies

for adaptation to climate change to be treated in a hierarchical and specific way for the different

profiles of farmers in the State. The management of the agriculture sector has the potential of

significant energy generation from renewable sources, especially those from bioenergy crops,

combining food production and energy, in a perspective of significant contribution in

maintaining the global temperature increase by up to 2 °C until the year 2050. The scenarios

presented demonstrate the importance of investments in the sector, because they bring effective

decreases in GHG emissions. São Paulo and its international performance can be an example

for other regions of the planet, in systems that integrate technologies and techniques for the

growth of agricultural production, together with the conservation of forests and natural

vegetation.

Keywords: São Paulo/Brazil, peri-urban agriculture, vulnerability, Global Calculator.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma geral da tese. ___________________________________________ 25

Figura 2 - Decréscimo da cobertura florestal em São Paulo, 1886 a 1973. ______________ 31

Figura 3 - Evolução da área de matas naturais e lavouras permanentes no Estado de São Paulo,

1970-2006. _______________________________________________________________ 34

Figura 4 - Participação da pasta da Agricultura no orçamento do Estado de São Paulo. ____ 35

Figura 5 – Modelo de Von Thünen e modelo modificado pela presença de rio. __________ 51

Figura 6 – Emissões totais dos três principais GEE no Estado de São Paulo conforme setor

produtivo: (a) CO2 - emissões em MtCO2eq, (b) CH4 - emissões em ktCO2eq, e (c) N2O -

emissões em ktCO2eq. ______________________________________________________ 63

Figura 7 - Exemplo de aplicação do parâmetro Frente de Expansão. __________________ 75

Figura 8 – Exemplo de aplicação do parâmetro Impacto do urbanizado. _______________ 76

Figura 9 - Unidade de análise para o estudo de vulnerabilidade ambiental – UGRHIs. ____ 77

Figura 10 - Estrutura de análise hierárquica da vulnerabilidade ambiental. _____________ 82

Figura 11 - Evolução temporal do número de UPAs por tamanho das propriedades em São

Paulo. ___________________________________________________________________ 87

Figura 12 - Evolução temporal da área das UPAs por tamanho das propriedades em São Paulo.

________________________________________________________________________ 89

Figura 13 - Evolução da ocupação do solo em São Paulo (UPAs). ____________________ 92

Figura 14 - Evolução da ocupação do solo em São Paulo (ha). _______________________ 96

Figura 15 - Distribuição geoespacial de UPAs com pastagens, proporcional a área ocupada. 98

Figura 16 – Participação da bovinocultura de corte no Valor adicionado da agropecuária. _ 99

Figura 17 – Evolução temporal da ocupação por pastagens (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). ___ 99

Figura 18 - Distribuição geoespacial de UPAs com cana-de-açúcar, proporcional a área

cultivada. _______________________________________________________________ 100

Figura 19 – Participação de cana-de-açúcar no valor adicionado da agropecuária. _______ 101

Figura 20 - Evolução temporal da cultura de cana-de-açúcar (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). __ 102

Figura 21 - Distribuição geoespacial de UPAs com vegetação nativa, proporcional a área

ocupada. ________________________________________________________________ 104

Figura 22 - Evolução temporal da ocupação por vegetação nativa (a. porcentagem de UPAs e

área ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

_______________________________________________________________________ 106

Figura 23 - Distribuição geoespacial de UPAs com eucalipto, proporcional a área cultivada.

_______________________________________________________________________ 107

Figura 24 - Evolução temporal da ocupação por eucalipto (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). __ 108

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Figura 25 - Distribuição geoespacial de UPAs com laranja, proporcional a área cultivada. 109

Figura 26 - Evolução temporal da ocupação por laranja (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). __ 110

Figura 27 - Distribuição geoespacial de UPAs com milho, proporcional a área cultivada. _ 111

Figura 28 - Evolução temporal da ocupação por milho (a. porcentagem de UPAs e área ocupada;

b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). _________ 112

Figura 29 - Distribuição geoespacial de UPAs com soja, proporcional a área cultivada. __ 113

Figura 30 – Distribuição espacial da quantidade produzida de soja em 2012. ___________ 113

Figura 31 - Evolução temporal da ocupação por soja (a. porcentagem de UPAs e área ocupada;

b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). _________ 114

Figura 32 - Distribuição geoespacial de UPAs com café, proporcional a área cultivada. __ 115

Figura 33 - Evolução temporal da ocupação por café (a. porcentagem de UPAs e área ocupada;

b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho). _________ 116

Figura 34 - Áreas urbanizadas em São Paulo. ___________________________________ 120

Figura 35 – Eixos ferroviários históricos de São Paulo.____________________________ 121

Figura 36 - Áreas de agricultura urbana e periurbana em São Paulo. _________________ 124

Figura 37 – Nível de urbanização em São Paulo. _________________________________ 126

Figura 38 - Participação dos municípios no valor adicionado da agropecuária – 2007. ___ 127

Figura 39 – Comparativo entre UPAs urbanas, periurbanas e total, relativo a participação da

agropecuária na renda e número de residentes na UPA (LUPA 2017/2018). ___________ 130

Figura 40 – Checagem de delimitação de áreas urbanas e periurbanas, com cruzamento de UPAs

do censo LUPA 17/18, (a) município nível 4 de urbanização e (b) município nível 2 de

urbanização. _____________________________________________________________ 131

Figura 41 – Exemplo de utilização conjunta de distribuição geoespacial de UPAs (pontos

verdes), com vetores do Cadastro Ambiental Rural (polígono verde hachurado), cidade de

Campinas. _______________________________________________________________ 132

Figura 42 – Bases vetoriais e matriciais para análise: (a) modelo digital de elevação, (b) mapa

derivado de declividade, (c) mapa de solos, e (d) mapa de classificação climática. ______ 135

Figura 43 – Vulnerabilidade ambiental sob o enfoque topográfico. __________________ 136

Figura 44 – Vulnerabilidade ambiental sob o enfoque climático. ____________________ 138

Figura 45 – Vulnerabilidade ambiental sob o enfoque dos solos. ____________________ 141

Figura 46 – Distribuição geoespacial de UPAs, LUPA 17/18. ______________________ 143

Figura 47 – Vulnerabilidade agrária-socioeconômica. _____________________________ 144

Figura 48 – Visualização da comparação pareada entre os critérios realizada pela equipe das

UTE. ___________________________________________________________________ 151

Figura 49 – Gráfico de setores dos pesos dos critérios na análise de vulnerabilidade agrária-

socioambiental. ___________________________________________________________ 156

Figura 50 – Diagrama de Kiviat da vulnerabilidade agrária-socioambiental das 22 UGRHIs.

_______________________________________________________________________ 157

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Figura 51 – Mapa de vulnerabilidade agrária-socioambiental de São Paulo. ___________ 158

Figura 52 – Distâncias das UPAs à sede dos municípios, uso de computadores na agropecuária

e uso da internet nos três últimos censos do LUPA e suas respectivas projeções para 2050. 161

Figura 53 - Preço do Frete Rodoviário nas Rotas de/para São Paulo (R$/mil TKU) e % de

redução de preço nas rotas de retorno. _________________________________________ 162

Figura 54 - Domicílios particulares permanentes no Estado de São Paulo, com espaço suficiente

(valores em %). ___________________________________________________________ 165

Figura 55 – (a) Evolução da população do Estado de São Paulo entre 1980 e 2018 (em número

de habitantes), e seu (b) Grau de urbanização (em %). ____________________________ 173

Figura 56 – Produtividade (em kg/ha) das principais culturas agrícolas de São Paulo nos dois

últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050. ___________________ 176

Figura 57 – Número de cabeças das principais cadeias produtoras de carne em São Paulo nos

três últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050. ________________ 178

Figura 58 – Número de bovinocultura de corte em pasto e confinada em São Paulo nos três

últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050. ___________________ 179

Figura 59 – Relação número de cabeças e área de pastagem de bovinocultura de corte em São

Paulo nos três últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050. _______ 180

Figura 60 – Ocupação da terra por tipo de ocupação, em porcentagem da área agricultável, de

São Paulo, nos três últimos censos do LUPA, e sua respectiva projeção para 2050. ______ 182

Figura 61 – Área ocupada e cultivada por culturas temporárias e índice de cultivos múltiplos

(MCI) em São Paulo, nos três últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050.

_______________________________________________________________________ 184

Figura 62 – Fonte de energia primária para os cenários em estudo, valores em EJ. ______ 187

Figura 63 – Fornecimento de energia primária por setor, para os cenários em estudo, valores

em EJ. __________________________________________________________________ 188

Figura 64 – Demanda de energia por setor, para os cenários em estudo, valores em EJ. __ 189

Figura 65 – Emissões anuais globais de GEE para os cenários em estudo, valores em

GtCO2eq/ano. ____________________________________________________________ 190

Figura 66 – Emissões anuais globais de GEE por fonte geradora, para os cenários em estudo,

valores em GtCO2eq/ano. ___________________________________________________ 192

Figura 67 – Geração de bioenergia por fonte para os cenários em estudo, valores em EJ. _ 194

Figura 68 – Emissões anuais globais de GEE por gás, para os cenários em estudo, valores em

GtCO2eq/ano. ____________________________________________________________ 195

Figura 69 – Dióxido de carbono acumulado na atmosfera até o ano de 2100, para os cenários

em estudo, valores em GtCO2eq. _____________________________________________ 197

Figura 70 – Uso da terra projetado, para os cenários em estudo, valores em Mha. _______ 198

Figura 71 – Mudança da temperatura média global, para os cenários em estudo, apresentando-

se o valor médio, o mínimo e o máximo possíveis (valores em °C). Destaque no limite de 2°C

estipulado no Acordo de Paris. Cenários: (a) SP positivo, (b) SP negativo, (c) AIE 6DS, e (d)

Relutância do consumidor. __________________________________________________ 201

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Emissão dos principais GEE no Brasil e em São Paulo, para o ano de 2016. ___ 62

Tabela 2 - Critérios para análise de vulnerabilidade ambiental e sua função. ____________ 78

Tabela 3 - Critério de análise para vulnerabilidade. ________________________________ 79

Tabela 4 – Comparativo do número de UPAs, por estrato de tamanho da propriedade, entre os

três últimos censos. _________________________________________________________ 86

Tabela 5 – Comparativo da área das UPAs (em ha), por estrato de tamanho da propriedade,

entre os três últimos censos. __________________________________________________ 88

Tabela 6 – Comparativo entre os três últimos censos por tipo de ocupação e número de UPAs.

________________________________________________________________________ 91

Tabela 7 – Comparativo entre os três últimos censos por tipo de ocupação e número de UPAs.

________________________________________________________________________ 94

Tabela 8 - Características de instrução, moradia, participação econômica da UPA e distância à

sede do município, LUPA 2017/2018. _________________________________________ 117

Tabela 9 – Critérios para estratificação dos níveis de urbanização e limites da região periurbana.

_______________________________________________________________________ 123

Tabela 10 - Grupos de cultura nas UPAs Urbanas, LUPA 2017/2018. ________________ 128

Tabela 11 - Grupos de cultura nas UPAs Periurbanas, LUPA 2017/2018. _____________ 129

Tabela 12 – UGRHIs e porcentagem da área em vulnerabilidade ambiental sob o enfoque

topográfico. ______________________________________________________________ 137

Tabela 13 – UGRHIs e porcentagens da área em vulnerabilidade ambiental sob o enfoque

climático. _______________________________________________________________ 139

Tabela 14 – UGRHIs e porcentagens da área em vulnerabilidade ambiental sob o enfoque dos

solos. ___________________________________________________________________ 142

Tabela 15 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade socioambiental sob o

enfoque econômico. _______________________________________________________ 145

Tabela 16 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade agrária sob o enfoque das

explorações agrícolas. ______________________________________________________ 147

Tabela 17 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade socioambiental sob o

enfoque socioeconômico. ___________________________________________________ 148

Tabela 18 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade agrária sob o enfoque de

práticas de conservação dos solos. ____________________________________________ 150

Tabela 19 – Matriz de comparação entre os critérios de avaliação de vulnerabilidade agrária-

socioambiental e respectivos cálculos do auto vetor e auto vetor normalizado. _________ 152

Tabela 20 – Matriz de resultado AHP para definição de vulnerabilidade agrária-socioambiental

(parte 1). ________________________________________________________________ 154

Tabela 21 – Matriz de resultado AHP para definição de vulnerabilidade agrária-socioambiental

(parte 2). ________________________________________________________________ 155

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Tabela 22 – Valores de nível de esforço definidos como padrão para as simulações na

Calculadora Global. _______________________________________________________ 175

Tabela 23 – Valores de nível de esforço definidos para dois cenários em São Paulo para as

simulações na Calculadora Global. ___________________________________________ 185

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LISTA DE ABREVIATURAS

APP – Área de Preservação Permanente

BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento

CAIC - Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização

CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral

CTM – Cadastro Territorial Multifinalitário

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

FEAP - Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista

GEE – Gases do Efeito Estufa

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de

Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima

Itesp - Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo

ITR - Imposto sobre a propriedade Territorial Rural

LUPA – Levantamento censitário das Unidades de Produção Agropecuárias de São Paulo

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MCI – Multiple Crop Index

MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MDS – Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável

MF – Módulo Fiscal

MIP – Manejo Integrado de Pragas

MR – Módulo Rural

PIB – Produto Interno Bruto

PNATER - Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural

PNMC – Política Nacional de Mudança do Clima

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RCE - Redução Certificada de Emissões

RL – Reserva Legal

SA – Secretaria de Agricultura

SAA – Secretaria de Agricultura e Abastecimento

SACOB – Secretaria de Agricultura Comércio e Obras Públicas

SAIC – Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio

Seade - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

SiCAR-SP - Sistema de Cadastro Ambiental Rural do Estado de São Paulo

SMA – Secretaria de Meio Ambiente

UPA – Unidade de Produção Agropecuária

ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico

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SUMÁRIO

1. PREFÁCIO _____________________________________________________________ 18

2. INTRODUÇÃO _________________________________________________________ 20

2.1. Perguntas balizadoras _________________________________________________ 26

2.2. Hipóteses ___________________________________________________________ 26

2.3. Objetivo ____________________________________________________________ 27

2.3.1. Objetivos específicos ________________________________________________ 27

3. REFERENCIAL TEÓRICO ________________________________________________ 28

3.1. Breve aspecto histórico sobre o rural produtivo paulista _______________________ 28

3.2. O recenseamento do rural produtivo paulista _______________________________ 38

3.3. Mudanças climáticas e a agropecuária _____________________________________ 40

3.4. A Interface rural/urbano ________________________________________________ 46

3.5. Identificando vulnerabilidades no setor agropecuário _________________________ 53

3.6. Contribuições da agropecuária paulista para as mudanças climáticas _____________ 60

4. MATERIAIS E MÉTODOS ________________________________________________ 69

4.1. Base de dados ________________________________________________________ 69

4.2. Agricultura urbana/periurbana ___________________________________________ 74

4.3. Vulnerabilidade agrária-socioambiental ___________________________________ 76

4.4. Simulando cenários ___________________________________________________ 83

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ___________________________________________ 85

5.1. Panorama do rural produtivo paulista _____________________________________ 85

5.2. A agricultura urbana/periurbana paulista __________________________________ 119

5.3. Vulnerabilidade agrária-socioambiental em São Paulo _______________________ 134

5.4. A agropecuária paulista e sua contribuição como cenário nas mudanças climáticas 160

5.4.1. Cenários ________________________________________________________ 176

6. CONCLUSÕES ________________________________________________________ 203

7. REFERÊNCIAS ________________________________________________________ 206

APÊNDICE 1 – Planilha para comparação dos critérios de vulnerabilidade agrária-

socioambiental. ___________________________________________________________ 240

APÊNDICE 2 – Projeto Urbanizado Paulista____________________________________ 241

APÊNDICE 3 – Projeto MDE CATI __________________________________________ 242

ANEXO 1 – Questionário do LUPA 2017/2018 _________________________________ 243

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18

1. PREFÁCIO

A presente tese surge de uma pesquisa realizada em um núcleo de pesquisa

interdisciplinar, visando trazer elementos de diferentes áreas do conhecimento para um estudo

integrado, das questões que permeiam a agropecuária no Estado de São Paulo.

O autor, formado em engenharia agrícola pela Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp), com especialização em educação do campo e agricultura familiar camponesa pela

Universidade Federal do Paraná (UFPR), e mestrado em Água e Solos pela Unicamp, buscou

aliar o conhecimento técnico adquirido em sua formação nas ciências exatas, a elementos e

análises de outros segmentos dos estudos acadêmicos.

Desta forma, o doutorado realizado no Programa Ambiente & Sociedade, no Núcleo

de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam)/ Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas/Unicamp, sofreu influências de professores com especialidades diversas, mas

convergente para o diálogo interdisciplinar entre teorias, análises e formas de expressão das

ciências exatas, biológicas e humanas, na condução e estruturação dessa tese final.

Com dez anos de atuação como extensionista da Coordenadoria de Assistência

Técnica Integral (CATI) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

(SAA/SP), atuou no planejamento e suporte de diferentes linhas de fomento e auxílio aos

pequenos e médios produtores rurais paulistas, trabalhando principalmente com questões

correlatas ao mapeamento e geoprocessamento de informações associadas a questões espaciais.

Alia-se a esta atuação, seus sete anos como docente das Faculdades Integradas Maria Imaculada

(FIMI), favorecendo a busca constante por atualização na formação de discentes dos cursos de

engenharia civil e arquitetura e urbanismo.

Muitas das inferências apontadas na tese, nascem desta experiência acumulada

nestes dez anos de atuação, e das vivências de suas atuais funções como membro do grupo

gestor do projeto de Levantamento censitário da Unidades de Produção Agropecuárias do

Estado de São Paulo (LUPA), de membro da assistência técnica de manejo conservacionista da

CATI, de interlocutor da SAA/SP junto ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO),

de membro da Câmara Técnica de Planejamento (CTPlan) do Comitê Estadual de Recursos

Hídricos (CRH), e de membro do Conselho Consultivo do Conjunto das Áreas de Proteção

Ambiental Piracicaba Juquery Mirim II, Sistema Cantareira, e Represa Bairro da Usina.

A tese está estruturada em quatro desenvolvimentos principais. O primeiro focado

num breve resgate histórico do atual estágio em que se encontra a agropecuária em São Paulo,

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lançando mão de dados geoespacializados das principais explorações nas últimas décadas, e

relações entre si e entre os produtores envolvidos, para se retratar a ocupação territorial e o

perfil do produtor rural envolvido. Na sequência, o relacionamento entre urbano e rural é trazida

para a análise presente, buscando-se dimensionar a extensão desta relação tão importante e

corrente para o setor agropecuário paulista.

A terceira discussão visa estudar as relações e práticas do produtor rural paulista,

associadas a questões do meio físico, que o coloquem em maior ou menor grau de

vulnerabilidade às possíveis mudanças climáticas que se apresentam no cenário ambiental.

Finaliza-se o estudo num exercício em que se toma o modelo paulista do setor agropecuário

como exemplo para o desenvolvimento de políticas para o global, apresentando cenários

comparativos de emissão de gases do efeito estufa e sua consequência no aumento da

temperatura global.

As aspirações do autor e de todos os envolvidos na pesquisa são de que os produtos

e discussões que surgiram desta pesquisa, sirvam de base a nortear políticas públicas que

auxiliem os produtores rurais do Estado, na combinação de produção com sustentabilidade,

mostrando ainda cenários que possam servir de exemplo a outras partes do mundo, de políticas

de gestão que combinem exploração agropecuária e conservação de recursos naturais.

Dissociando-se assim a ideia de produtor/devastador e colocando-se o conceito de

produtor/parceiro na busca constante do equilíbrio ambiente e sociedade.

Boa leitura!

Antoniane Arantes

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20

2. INTRODUÇÃO

O Estado de São Paulo apresenta uma economia bastante diversificada, possuindo

o maior Produto Interno Bruto (PIB) dentre os estados brasileiros, com 32,4% de participação.

O setor agropecuário possui expressivo peso neste montante, sendo a renda gerada pelo setor

correspondente em média a 10,2% da atividade agropecuária nacional, segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Sistema Estadual de

Análise de Dados (Seade) – (ano de 2015).

Haja vista a importância deste Estado no cenário nacional, bem como a relação

sempre positiva que o setor agropecuário confere à balança comercial paulista, a presente tese

busca aliar a análise da ocupação territorial pelas explorações agropecuárias, com o perfil

socioeconômico dos envolvidos neste segmento da economia, visando trazer elementos de

análise para entendimento de seu atual estágio, bem como indicações de políticas públicas ao

setor, e ainda o papel da mesma, frente às atuais projeções de mudanças climáticas globais.

Desta forma, a presente tese se debruça na análise de dados dos envolvidos no setor

agropecuário paulista, com vistas à geração de quantificações e inferências regionalizadas das

principais características, das diferentes realidades de ocupação territorial em São Paulo.

Buscou-se explicitar a necessidade de políticas públicas específicas para cada região, e o

impacto deste modelo atual de São Paulo, se tomado como base para outros países. O foco e a

forma de uso dos dados realizados neste estudo, até então foram pouco explorados em São

Paulo, por estudiosos e tomadores de decisão, e trazem elementos originais e inovadores para

se gerir linhas de apoio e formas de trabalho junto ao produtor rural.

O mercado global de alimentos é um dos principais indutores da ocupação do solo

e, portanto, possui expressiva contribuição para a sociedade e sua relação com o ambiente que

a cerca. O enfoque na agropecuária e no produtor rural traz a possibilidade de se correlacionar

aspectos econômicos e sociais da sociedade rural, com as demandas provindas da sociedade

urbana, frente ao destino da produção. Seu sucesso, avaliado pelos resultados econômicos, não

depende apenas da racional e eficiente aplicação de fatores de produção, como capital e

trabalho, de uso correto de tecnologia e do comportamento dos preços (mercado), depende,

também, e fortemente, das condições climáticas e suas imprevisíveis oscilações (Ramos, 2009),

que por sua vez influenciam nos fatores bióticos que também exercem pressão sobre a produção

agropecuária.

Esta agropecuária apresenta um perfil multifacetado e com transformações em sua

lógica que vêm ocorrendo em todo o país, mas apresentam-se de forma mais intensa e nítida

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nos estados mais desenvolvidos como São Paulo e, principalmente, a partir da década de 90,

percebendo-se uma nova forma de ocupação e utilização do espaço rural. Tais mudanças trazem

uma dinâmica própria ao setor, diferente das até então passadas pelo rural, que ainda está se

definindo e precisa ser mais bem conhecida. Esta nova realidade tem sido denominada de novo

rural por Graziano (1999) e é constituída de: uma agropecuária moderna, conhecida também

como o agribusiness, ou também agronegócio, e diretamente ligada às agroindústrias; um

conjunto de “novas” atividades agropecuárias, localizadas em nichos de mercado; um conjunto

de atividades de subsistência, de agricultura tradicional, e excluídas da modernização

agropecuária; e um conjunto de atividades não agrícolas. Em tais definições ressalta-se a

necessidade de não as entender como processos isolados, mas sim em constante interação e

adaptações dinâmicas.

Este novo rural, sua relação com a concorrência global (Schejtman e Berdegué,

2004), suas transformações com a cidade (Ávila, 2001), sua evolução histórica (Ramirez-

Miranda, 2014) e sua integração com o urbano (Perico e Ribeiro, 2005) possuem elementos de

análise que extrapolam apenas as relações sociais e econômicas envolvidas. Ruiz Rivera e

Delgado Campos (2008) ressaltam que o significado dado à nova ruralidade, varia de acordo

com a disciplina de origem de quem a investiga, e inclui a sociologia do desenvolvimento,

antropologia social, geografia humana e economia, bem como tentativas multidisciplinares para

combiná-los.

A ruralidade vai além do fato de se viver numa zona rural, sendo uma concepção

que as pessoas constroem acerca de si mesmas, dos seus vizinhos, das suas tradições e das

atividades que realizam, tal percepção é presente em parcela expressiva da população dos

municípios paulistas. Estas características da ruralidade paulista apresentam-se diversificadas e

com diferentes níveis de integração entre si, não sendo o alvo da presente tese, na qual busca-

se o entendimento e estudo apenas do rural produtivo, ou seja, as propriedades rurais com

efetiva produção de bens ligados à agropecuária.

Para tal necessidade, destaca-se o Projeto LUPA1, iniciativa do governo do Estado

de São Paulo, que realiza periodicamente um recenseamento das unidades de produção

agropecuárias produtivas, levantando-se características socioeconômicas dos proprietários e/ou

arrendatários, bem como padrões de ocupação do solo, dentro de um ano agrícola.

A ideia de território se faz fundamental em tais análises, pois pode trazer luz aos

limites que separam diferentes formas de entendimento e de exploração dos meios naturais.

1 Endereço na web: http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/

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Santos (1978) traz a concepção de território em constante mudança e chama esses espaços de

territórios em processo. Nesta linha, Maia et al. (2009) ressaltam que os elementos presentes na

discussão do território possibilitam avançar teórica e metodologicamente na compreensão do

rural inserido numa economia globalizada, uma economia a procura de territórios racionais, que

correspondam às necessidades locais e globais.

Para o estudo do território, utiliza-se na presente tese a concepção de uso do solo,

na qual se leva em consideração a utilização econômica da superfície, diferente das concepções

uso e cobertura da terra. Novo (1989) explica que o termo uso da terra ou land use refere-se à

utilização cultural da terra, enquanto que o termo cobertura da terra ou land cover refere-se ao

seu revestimento. É salientado por Aquino e Geist (2006), que um sistema de land use é

entendido como um tipo de uso da terra com fatores determinantes inter-relacionados, com

fortes relações funcionais entre si. Araujo Filho et al. (2007) destacam que os conceitos relativos

ao uso da terra e cobertura da terra são muito próximos, por isso, muitas vezes são usados

indistintamente.

O termo uso do solo é voltado à utilização e ocupação agropecuária da superfície,

abarcando atividades antrópicas como o turismo rural e usos múltiplos da terra (tanto espacial

como temporalmente), conseguidos apenas por meio de recenseamentos. IBGE (2013) destaca

que o uso da terra está associado às atividades conduzidas pelo homem relacionadas com uma

extensão de terra, enquanto que a cobertura da terra abrange os elementos da natureza como a

vegetação (natural e plantada), água, gelo, rocha nua, areia e superfícies similares, além das

construções artificiais criadas pelo homem, que recobrem a superfície da terra.

Discutir a ocupação do território em São Paulo exige um olhar à parcela expressiva

de sua dinâmica agropecuária, envolta nesta definição de novo rural num espaço territorial em

mudança, que é a chamada agricultura urbana e periurbana, sendo esta a agricultura que ocorre

dentro e margeando as áreas urbanizadas, fortes responsáveis pelo abastecimento de perecíveis

aos comércios locais.

Conceitualmente, Nugent e Egal (2000) classificam a agricultura urbana e

periurbana por dinâmicas socioeconômicas e práticas agrícolas distintas, formada tanto pela

produção hortícola estruturada para o abastecimento do mercado local, quanto pela produção

de subsistência das unidades domésticas pobres, presentes nas áreas urbanas e periurbanas.

Porém, na atualidade, o que se verifica em maior proporção é uma agricultura cada vez mais

tecnicista, com produção de expressivo valor agregado e abastecimento constante aos mercados

locais, pelo fato do fácil escoamento da produção e facilidade de integração aos centros

distribuidores.

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23

A agricultura urbana e periurbana são entendidas pela FAO (1999) como um

fenômeno de importância crescente em quase todas as cidades, demandando, portanto,

informações amplas sobre a quantidade e tipo do que é produzido, facilitando assim a

elaboração de soluções aos problemas que este segmento encontra. Winarso et al. (2015)

apontam que diversas tentativas de definição das áreas periurbanas vêm sendo apontadas na

literatura, porém ainda sem consenso, sendo o elemento mais comum nas definições a

localização em relação à proximidade das cidades.

Aquino e Assis (2007) afirmam que, não é a localização urbana que distingue a

agricultura urbana da agricultura rural, mas sim o fato de sua integração e interação com o

ecossistema urbano. A relação entre campo e cidade, conforme Carvalho (2015), precisa ser

entendida para que se promova uma relação mais sustentável e harmoniosa, tanto para o próprio

ambiente, quanto para a população que ali vive, enquanto que Wanderley e Favareto (2013)

ressaltam que um é estruturalmente associado ao outro, o que implica em uma relação de

dependência. Lançando mão de insumos da Geomática2, integrados a dados do Projeto LUPA,

busca-se na presente tese, a delimitação e quantificação desta parcela da agropecuária.

Toda esta agropecuária e seus diferentes atores estão sob efeito direto das alterações

climáticas, sendo necessária a identificação de regiões mais vulneráveis a estes efeitos

negativos do global sobre o local, facilitando assim a elaboração de políticas públicas

regionalizadas. Além da atenção a aspectos ambientais propriamente ditos, aparece em vários

autores o reconhecimento da relevância da dinâmica social em um sentido amplo (Cidade,

2013). Análises da vulnerabilidade físico-ambiental que incorporam aspectos sociais

constituem-se na atualidade um desdobramento em direção a um enfoque de vulnerabilidade

socioambiental.

Assim, a vulnerabilidade estaria associada tanto a riscos biofísicos, como a

respostas sociais, mas em um domínio de área ou domínio geográfico específico (Cutter, 1996),

e se apresenta como característica que definem envolvidos no segmento em questão, com

maiores demandas por auxílio do Estado. Segundo a Lei Federal n°12.187/09, que instituiu a

Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), vulnerabilidade é o grau de

suscetibilidade e incapacidade de um sistema, em função de sua sensibilidade, capacidade de

adaptação, e do caráter, magnitude e taxa de mudança e variação do clima a que está exposto,

de lidar com os efeitos adversos da mudança do clima, entre os quais a variabilidade climática

2 Ciência que se utiliza de técnicas matemáticas e computacionais para a análise de informações geográficas, ou

seja, informações temáticas “amarradas” à superfície terrestre, através de um sistema de coordenadas.

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e os eventos extremos. Costa et al. (2007) tentam sintetizar o conceito como sendo a

susceptibilidade de um meio ao impacto negativo com relação a um determinado risco.

Métodos de avaliação da vulnerabilidade agrícola às mudanças climáticas vêm

sendo estudados e desenvolvidos, tais como os métodos compostos (Wiréhn et al., 2015)

voltados ao pequeno agricultor (Harvey et al., 2014) com representações visuais geográficas

(Hameed et al., 2013), e outros, ocorrendo disputas entre stakeholders3 de diferentes regiões ou

grupos (Nardo et al., 2008). Neste contexto, a presente tese aborda uma concepção voltada à

vulnerabilidade do setor agropecuário paulista às mudanças climáticas globais, levando-se em

consideração parâmetros sociais, ambientais, econômicos e produtivos.

Entender toda a dinâmica intrínseca ao setor agropecuário, com seus diversos atores

envolvidos, bem como os fatores físicos e climáticos que os condicionam, traz desafios aos

estudos ligados à temática, pois para se elaborar panoramas futuros, os diagnósticos necessários

carecem de modelos que integrem vários fatores simultaneamente. O problema, segundo

Strapasson (2014) é como desenvolver um modelo dinâmico que integre os sistemas de uso da

terra para alimentos, ração, combustível e floresta em uma escala global e, complementar,

propondo um modelo regional que combina ações e decisões top-down (de cima para baixo) e

bottom-up (de baixo para cima) em abordagens que possam ser usadas para estimar as curvas

de mudança no uso da terra e desenvolver estratégias de bioenergia sustentável.

Os autores Rosenzweig et al. (2014) afirmam que a magnitude, a taxa e o padrão

dos impactos das mudanças climáticas na produtividade agrícola vêm sendo estudados nos

últimos vinte anos. Os impactos têm sido avaliados por diferentes modelos, tais como baseados

em agro-ecossistemas (Fischer et al., 2002), biofísicos em processos (Brisson et al., 2003 e

Jones et al., 2011), análises estatísticas de dados históricos (Schlenker Hanemann e Fisher,

2006), e modelos de dinâmica de sistemas (Tubiello e Fischer, 2007).

Visando integrar vários fatores de análise, numa iniciativa com a participação de

pesquisadores de diversos países, foi desenvolvido o Projeto Global Calculator, ou Calculadora

Global. Strapasson, Kalas e Wood (2014) propuseram uma nova abordagem metodológica

baseada em dois modelos integrados, permitindo que a mesma possa ser usada por tomadores

de decisão, pelo público em geral e pelos setores privados para informar estratégias de gestão

para mitigação do carbono, mudança no uso da terra, conservação das florestas, e produção de

alimentos e de biomassa. Segundo Strapasson (2014), a abordagem utilizada no módulo “uso

da terra” da Calculadora Global aplica um modelo matemático, para equilibrar a necessária

3 Termo utilizado em diversas áreas, referente às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de

governança.

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expansão na produção de culturas alimentares, pecuária, de biocombustíveis e outros produtos

de base biológica, com a conservação dos recursos disponíveis. A utilização desta importante

ferramenta, alimentada com dados do Projeto LUPA, bem como com demais características do

Estado de São Paulo, podem demonstrar o potencial que o setor agropecuário pode conferir a

um cenário de mitigação do carbono.

Analisar e quantificar a agropecuária paulista, atentando-se às particularidades que

a levaram ao atual estágio de desenvolvimento, bem como as recentes mudanças de uso do solo,

levando-se em consideração os envolvidos diretamente com o plantio é o foco da presente tese,

com vistas ainda ao retrato da agricultura urbana e periurbana paulista, pretendendo-se também

a identificação de regiões vulneráveis às mudanças climáticas globais, e apresentando-se

cenários das possíveis contribuições deste setor ao clima global, provenientes da dinâmica de

uso do solo local em escala global, visto a importância que a agricultura paulista representa no

cenário nacional e internacional.

O desenvolvimento da tese seguiu o fluxograma apresentado na Figura 1, na qual

as relações diretas entre os assuntos se apresentam com as linhas contínuas, os parâmetros e

informações de entrada como linhas tracejadas, e as ferramentas de apoio como linhas

pontilhadas.

Figura 1 - Fluxograma geral da tese.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Obs.: A caixa AHP, refere-se a um método de auxílio na tomada de decisões complexas, abordado e explicado

no capítulo sobre vulnerabilidade.

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Espera-se que os resultados e conclusões da presente tese sejam base de futuras

políticas públicas voltadas ao setor rural em São Paulo, contribuindo assim à integração

academia e sociedade, numa abordagem que não dissocia o ambiente da sociedade, mas sim os

vendo como interdependentes, e chave para a conciliação entre produção rural e conservação

ambiental.

2.1. Perguntas balizadoras

a. Quais as dinâmicas de alteração de ocupação do território rural e dos produtores

envolvidos, no Estado de São Paulo, dos últimos 22 anos?

b. Quais os limites físicos da agricultura urbana e periurbana em São Paulo? E qual o tipo de

ocupação desses espaços?

c. Quais regiões de São Paulo, do ponto de vista agropecuário, são mais vulneráveis às

mudanças climáticas globais?

d. De que maneira o rural produtivo paulista pode influenciar em cenários de mudanças

climáticas globais?

2.2. Hipóteses

I. O uso de sistemas de modelagem integrada, com base em dados de satélite e

recenseamento rural, permite retratar o rural produtivo paulista, trazendo elementos

socioeconômicos às dinâmicas físicas de uso do solo e fatores de superfície e clima,

identificando assim as áreas de agricultura urbana e periurbana e regiões de maior

vulnerabilidade às mudanças climáticas, bem como sua contribuição à mitigação das

emissões de gases de efeito estufa em escala global.

II. Existe uma relação direta entre ocupação do solo e proximidade para com áreas

urbanizadas.

III. Características dos produtores rurais e da localidade na qual a exploração ocorre, os

colocam em menor ou maior grau de vulnerabilidade frente às mudanças climáticas

globais.

IV. A condução do setor agropecuário pode servir de exemplo a outras regiões do globo,

apresentando cenários de mitigação de emissão de carbono.

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2.3. Objetivo

Analisar criticamente o rural produtivo do Estado de São Paulo, no contexto de

mudanças climáticas globais, tendo por base o LUPA e o cruzamento das informações, a fim

de apresentar um diagnóstico da dinâmica de uso do solo, integrada às questões

socioeconômicas dos produtores rurais paulistas.

2.3.1. Objetivos específicos

a. Retratar o rural produtivo paulista e sua dinâmica de uso do solo.

b. Mapear e quantificar a agricultura urbana e periurbana no Estado de São Paulo.

c. Identificar regiões em São Paulo mais vulneráveis às atuais alterações climáticas,

apresentando assim áreas prioritárias para políticas públicas com enfoque à adaptação

do setor agropecuário.

d. Simular cenários da agropecuária paulista para projeção de sua contribuição sobre as

mudanças climáticas globais.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

Ao pensarmos e nos comunicarmos, tanto

lidamos com o presente como nos referimos

ao passado e antevemos o futuro4.

Fritjjof Capra

3.1. Breve aspecto histórico sobre o rural produtivo paulista

Segundo Nascimento (2009), o regime de ocupação dos espaços rurais se deu em

função do processo de apropriação privada do território, em oposição ao processo econômico

de ocupação das regiões urbanas, trazendo então um vazio social e ecológico às maiores porções

do território, num flagrante desequilíbrio socioespacial.

Em 1850, entra em vigor a Lei Federal n° 601/1850, nomeada como “Lei das

Terras”. Apesar de não ter sido elaborada em razão do problema ambiental, estabelecia que a

aquisição de terras somente pudesse ser feita por compra, ficando proibido o usucapião de terras

públicas, além de punir o dano pela derrubada das matas e pelas queimadas (Antunes, 2000).

Esta lei apenas garantiu a concentração fundiária pelos detentores de capital, em nada

influenciando as questões ambientais.

A concentração fundiária por um lado favoreceu a modernização da economia

paulista, porém trouxe expressiva degradação ambiental do território. Nascimento (2009)

coloca que o Brasil do século XX vai experimentar grandes progressos na consolidação de um

setor agrícola avesso à realidade socioambiental do seu meio rural e voltado para o atendimento

das demandas dos grandes proprietários de terras, especialmente os cafeicultores, que detinham

o produto mais valorizado e mais rentável, do mercado internacional.

A economia do café torna-se o eixo principal da ocupação do território paulista,

com a expansão do plantio à procura de novas áreas de plantio em função do depauperamento

dos solos devido a não aplicação de práticas agronômicas de conservação do solo, e tal política

de produção eleva São Paulo, já em 1880, como o maior produtor nacional desta cultura.

Pádua (2002) aponta que a política de grandes lavouras baseadas na mão de obra

escrava, faziam uso de práticas que não preconizavam pela conservação do meio natural e de

suas condições de produção, criando então uma fronteira destrutiva de ocupação do território,

avançando de maneira nômade pelas regiões ainda virgens, fazendo uso dos recursos naturais

existentes, até o ponto de sobre utilização dos solos, criando assim regiões decadentes e solos

degradados. Luna e Klein (2005) destacam processo semelhante no mesmo período, com a

4 CAPRA, F. O ponto de mutação. [trad. Álvaro Cabral]. São Paulo: Cultrix, 2006.

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exploração da pecuária de corte, em especial a região oeste de São Paulo, concentrando 68%

das fazendas de criação.

Em 1889 com o fim do império brasileiro, o governo de São Paulo se organiza para

o regime republicano, e cria em 1891 a Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas

(SACOB), atual Secretaria de Agricultura e Abastecimento, responsável pelas questões agrárias

e econômicas, a qual inicia em 1899 o Serviço Agronômico do Estado, com um claro caráter

de fomentar a expansão e consolidação da cultura cafeeira.

De 1886 a 1913 — descontados 1897 a 1904, de crise — nasce a indústria em São

Paulo. Altas margens de lucro no auge da cultura cafeeira e moderadas na crise (devidas à alta

produtividade das zonas pioneiras) permitiram alta taxa de inversão na indústria, superando

largamente a do restante da nação (Cano, 1998).

O setor cafeeiro rapidamente articula políticas internas para contornar a crise, sendo

criada em 1928 a Companhia Geral de Imigração e Colonização do Brasil (CGICB), num

contexto de ampliação de pequenas propriedades e diversificação da produção (Oliveira, 2009).

Em 1934 é reorganizada e passa a se chamar Companhia de Agricultura, Imigração e

Colonização (CAIC). O objetivo desta companhia foi o de trazer trabalhadores para as lavouras

cafeeiras e continuar a ocupação do território, tendo sido ainda, responsável pela criação de

municípios e pela ocupação de áreas do interior do Estado.

O ano de 1930 marca uma nova fase da história econômica brasileira, com

influências na questão agrária. Com a crise do modelo agroexportador, há uma crise política e

institucional no país. Do ponto de vista da questão agrária, esse período se caracteriza pela

subordinação econômica e política da agricultura à indústria, e o Estado de São Paulo, em 1927,

reorganiza a SACOB e a transforma em Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,

Indústria e Comércio (SENAIC), mostrando-se a frente das demais transformações que se

sucedem no país. Essa fase da industrialização vai até os anos 50 e consiste fundamentalmente

na implantação dos setores produtores de bens de consumo duráveis, que anteriormente eram

importados.

Surge, então, um setor da indústria vinculado à agricultura, às indústrias produtoras

de insumos para a agricultura, como ferramentas, máquinas, adubos químicos e agroquímicos.

E outro, da chamada agroindústria, que foi a implantação da indústria de beneficiamento de

produtos agrícolas.

Esse período caracterizou-se como um período em que as ações do Estado junto a

população agrária estavam voltadas especificamente ao controle e fomento da agricultura,

estando o risco ambiental em pouquíssima escala presente dentro dos órgãos de pesquisa, e o

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risco financeiro como norteador de suas ações. Com a crise do café, a atuação da atual Secretaria

de Agricultura e Abastecimento foi determinante na proposição de alternativas, implantando a

cultura do algodoeiro. Assim, São Paulo passa por uma grande expansão na área cultivada de

algodão, a ponto de na década de 30, tornar-se o maior produtor do Brasil, posição esta que

sustentou por vários anos (Freire et al., 1980), porém com acelerado processo de redução de

área acentuado na década de 70, culminando com a quebra do monopólio de sementes pelo

Estado, na década de 90.

O Governo do Estado cria então, em 1942, o Departamento de Produção Animal e

o Departamento de Produção Vegetal, bem como a instalação de Casas da Agricultura em vários

municípios, com vistas a auxiliar a agropecuária. A assistência técnica começa a se estruturar,

iniciando o viés com o foco ao pequeno e médio produtor, ainda que em menor escala. A

concepção de extensão rural começa a tomar forma, na qual o caráter de formação continuada

do meio rural deve pautar as atividades voltadas à população agrária. Em 1948 a secretaria se

reorganiza e passa a se denominar Secretaria da Agricultura, focando esforços em ações e

políticas exclusivas ao setor agropecuário, sendo suprimidas da pasta os negócios relativos à

indústria e ao comércio, que foram transferidos para a Secretaria do Trabalho, Indústria e

Comércio.

Todo esse processo de ocupação do território, pautado apenas em questões

econômicas, e com o incentivo direto do Estado, trouxeram como resultado a alteração total da

ocupação territorial paulista, o que pode ser visualizada na Figura 2, na qual Victor et al. (2005)

apresentam a reconstituição da cobertura florestal em São Paulo.

Processos de desmatamento gradual e intenso ocorreram em outras regiões

brasileiras, como apontam Arraes, Mariano e Simonassi (2012), acentuados no início da década

de 70. Geist e Lambin (2001) afirmam que as causas dos desmatamentos nas florestas tropicais

não podem ser reduzidas a uma única variável, existindo combinações de vários fatores que

favoreceram a degradação ambiental, tais como: a interação entre a expansão agrícola, o

comércio de madeiras, crescimento populacional e a construção de estradas, governança

pública, e que podem interagir de maneira diferente, dependendo da dinâmica temporal e

espacial de cada região.

De acordo com Alves e Ferreira (2009), desde o início da década de 1960, a

agricultura científica e globalizada é resultado de diversos esforços para modernizar o campo:

tanto com a Revolução Verde, como com os governos militares brasileiros, beneficiando os

grandes proprietários rurais com crédito abundante e financiamentos bancários. Indicando

assim a continuidade da política de ocupação do território, não sendo levadas em consideração,

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questões ligadas à conservação dos recursos naturais, apesar da publicação do Código Florestal

(Decreto Federal no 23.793/1934), e da Lei Federal n°4.771/1965, conhecida como 2o Código

Florestal, que trouxeram avanços, porém pouco aplicadas no território paulista.

Figura 2 - Decréscimo da cobertura florestal em São Paulo, 1886 a 1973.

Fonte: Adaptado pelo autor, com base em Victor et al. (2005).

Martins (1991) afirma que o ano de 1964 marca a reversão, por parte do Estado,

das tendências ao predomínio da cultura do café, iniciando então o modelo de diversificação da

produção, surgindo assim grandes cadeias como a da bovinocultura do leite, laranja e cana-de-

açúcar.

Em 1967 é criada a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), num

momento de crescimento da indústria nacional. Vários órgãos da Secretaria da Agricultura são

fundidos na CATI e o viés extensão rural perde força, mantendo-se apenas a concepção de

assistência técnica ao produtor rural.

Em 1972, ocorre em Estocolmo (Suécia) a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente. Esta conferência influenciou a Política Ambiental do Brasil, pois o país era

signatário do Tratado. Isto fez com que fosse criada, em 1973, a Secretaria Especial de Meio

Ambiente (SEMA). O Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento, intitulado “Nosso Futuro Comum”, lançou as bases do

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conceito de desenvolvimento sustentável, sendo outra forte influência à política paulista de

extensão rural.

Em 1975, com o lançamento do PróÁlcool pelo governo federal, devido ao aumento

abrupto dos preços do petróleo em escala global dois anos antes, a CATI começa a dar maior

atenção à cultura da cana-de-açúcar, porém mais voltada para a fiscalização do que para a

assistência técnica propriamente dita.

As atividades da Secretaria Estadual da Agricultura, por meio da CATI, à partir da

década de 80, caminham para o viés da extensão rural e começam a passar por um período de

maior preocupação com as questões ambientais, ou seja, considerações de caráter biofísico e

ambientais se aliam às considerações sociais na determinação das práticas agrárias a serem

utilizadas em suas políticas.

No ano de 1986 é então criada a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com a

proposta de promover a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental,

coordenando e integrando atividades ligadas à defesa do meio ambiente. Em 1987, na pasta da

Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) inicia-se o Programa Estadual de

Microbacias Hidrográficas, unindo ações de extensão e conservação ambiental, buscando a

ocupação racional dos solos de acordo com características socioeconômicas e técnicas de cada

localidade.

Segundo Laforga e Vieira (2008), desde a implantação da extensão rural no Brasil,

a mesma é exercida via transferência de tecnologias, desconsiderando os conhecimentos dos

agricultores, as condições locais e os recursos naturais. Para amenizar os impactos causados por

este modelo, de raízes difusionistas, foi criado no ano de 2004 no governo federal, a nova

Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - PNATER. Desde o princípio de

seu desenvolvimento contou-se com a participação de técnicos, produtores e lideranças para

sua elaboração, denotando assim claramente um espírito participativo, uma de suas principais

características (Tavares e Ramos, 2006).

O Estado de São Paulo adota tais políticas já na década de 80, formalizando-a por

meio de modificações estruturais em seus órgãos da Secretaria da Agricultura na década de 90.

O conceito de desenvolvimento sustentável passa a ser norteador das ações de extensão rural

realizadas pela CATI, desenvolvimento este relacionado com a manutenção das características

agrícolas e ambientais da terra e do ambiente para as gerações futuras. A população rural em

São Paulo já se encontra bastante reduzida, devido ao efeito de êxodo rural iniciado na década

de 60.

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Na década de noventa, a questão ambiental na agricultura recebe novos contornos

por conta da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

conhecida como ECO-92 ou Rio-92, na qual foram criadas três convenções globais (clima,

biodiversidade e desertificação) e a Agenda 21, realizada no Estado do Rio de Janeiro. Tal

evento não constitui apenas um fórum organizado sob a liderança das Nações Unidas, mas

representa um momento histórico onde os vários matizes do movimento ambientalista brasileiro

se expressam paralelamente ao evento oficial (Brandenburg, 2002).

Em 1994, o governo do Estado instituiu a Lei n°. 9.034/94, dispondo sobre o Plano

Estadual de Recursos Hídricos e estabelecendo um planejamento para que a cobrança pelo uso

da água fosse implementada de maneira gradativa, cabendo ao governo do Estado criar

paralelamente programas de comunicação social, refletindo sobre a necessidade econômica e

ambiental da racionalização do uso da água (Martins e Valencio, 2003).

O processo de participação da sociedade para com as questões ambientais é

crescente neste período tanto em escala global como local, porém ainda repleta da dicotomia

campo/cidade, com forte expressão da visão preservacionista junto a população das cidades,

vendo o rural muitas vezes como agente degradante do ambiente, não “enxergando” seu caráter

de produtor e não entendendo que o próprio urbano está inserido nesta lógica da degradação do

meio que o cerca, imputando apenas ao setor agrário o “ônus” da preservação.

Com a criação da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural em

2004, a extensão rural consolida-se junto ao governo federal, e diversas linhas de fomento à

agricultura familiar são criadas.

Nesta etapa da evolução da sociedade paulista, percebe-se que essa se encontra

altamente industrializada, enfrentando riscos ambientais não apenas como efeitos colaterais,

que trazem impactos às diferentes formas de vida em seu território, e à manutenção da natureza

como um todo, mas também efeitos centrais e constitutivos da manutenção da totalidade da

sociedade.

Tal percepção da sociedade e do governo, aliada com as políticas públicas de

extensão rural, realizadas pela CATI, tais como o programa de Microbacias Hidrográficas, que

realizou o plantio de mudas e diversas atividades de cunho preservacionista em todo o território

estadual, levam a um incremento das áreas de vegetação nativa, conforme pode ser verificado

na Figura 3, sem que para isso, tenha sido necessária a redução das áreas de plantio, pois as

mesmas continuaram sua expansão. Crescimento em grande medida dado sobre as áreas de

pastagens para a pecuária de corte.

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Figura 3 - Evolução da área de matas naturais e lavouras permanentes no Estado de São Paulo,

1970-2006.

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

A partir de 1996 nota-se que a diminuição das matas naturais, causada pelo

desmatamento, cessa sua diminuição, recompondo sua área para os mesmos níveis de 1970,

demonstrando que as ações realizadas surtem efeito, visando conter os riscos colocados pelo

estágio de degradação do ambiente. Embora os esforços de recomposição sejam de áreas muito

inferiores ao desmatado ao longo das últimas décadas, conforme anteriormente apresentado na

Figura 2, a busca pela conciliação entre produção rural e conservação de recursos naturais

começa a existir, não havendo assim dissociação destas duas formas de entendimento.

O governo federal lança em 2012 a Lei Federal nº 12.651/12, considerada como o

“Novo Código Florestal”, que estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, com

áreas de Preservação Permanente e áreas de Reserva Legal5 (RL), e prevê instrumentos

econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos (sendo o desenvolvimento

sustentável o principal deles). Tal lei trouxe ferramentas de gestão das questões ambientais e

criou mecanismos de preservação que passaram por um longo processo de julgamento pelo

Supremo Tribunal Federal, culminando com a declaração de sua constitucionalidade em

fevereiro de 2018.

A promulgação dessa lei, e toda a discussão envolvida, mostram a mudança de

paradigma na qual a sociedade contemporânea passa recentemente, e de acordo com Beck

(2010), a coletividade passa a visualizar o mecanismo de distribuição dos riscos das atividades

humanas como peça fundamental para sua compreensão. Segundo essa teoria, a modernidade

nos Estados ocidentais significou um salto tecnológico e uma mudança profunda na organização

5 Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, da Lei nº 12.651/12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

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do trabalho humano, conciliando assim o estágio tecnológico com a edição de leis neste novo

contexto.

Tal colocação é sentida em São Paulo pela adoção de tecnologias consideradas de

menor impacto ao ambiente, protocolos ambientais entre indústrias agrárias e governo, ações

de cunho social em maior medida no campo e atividades de extensão rural organizada.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que antes respondia por cerca de 30%

do orçamento do Estado, apresenta no último quadriênio (2016/atual), uma participação de

0,4%, conforme Figura 4. Tal alteração se deve ao caráter antes de múltiplas frentes de atuação

que a pasta possuía, culminando com a atenção específica ao setor primário da produção.

Quadriênios importantes em se analisar são os de 1968/1971 e 1988/1991,

respectivamente, pós criação da CATI e pós criação da Secretaria de Meio Ambiente (em 1986),

nos quais a participação da pasta caiu de cerca de 5% para cerca de 2% no primeiro e de 2%

para menos de 1% no segundo. Os riscos percebidos pelos gestores públicos, por meio de

pressão da sociedade, trouxeram a retirada de recursos da pasta para realocação em pastas

específicas ligadas às questões ambientais. Apesar da atual participação da SAA em apenas

0,4% do orçamento (Lei Orçamentária do ano de 2017), o que equivale a cerca de 791 milhões

de reais, a pasta possui cerca de 236 milhões de reais de recursos provenientes de outras fontes,

o que, mesmo diante da perda de importância política, a confere recursos para as atuações em

questões tanto agrárias como ambientais.

Figura 4 - Participação da pasta da Agricultura no orçamento do Estado de São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Leis e Decretos Orçamentários compreendidos entre 1892 e 2017.

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A entrada efetiva da pauta ambiental na agenda pública confere uma alteração na

forma de condução das políticas públicas elaboradas pela SAA. No Estado de São Paulo

destacam-se os financiamentos do Banco Mundial em projetos de extensão rural visando a

organização da sociedade do campo, num primeiro momento financiando o Programa de

Microbacias Hidrográficas (PEMH), assinado em 1997, com ações mais focadas nas questões

do desenvolvimento rural embasadas na sustentabilidade socioeconômica e ambiental e,

posteriormente, em 2007, com financiamento do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável

– Microbacias II – Acesso ao mercado, com ações voltadas à inserção do rural na lógica e

dinâmica das relações econômicas capitalistas, incentivando a implantação de agroindústrias e

favorecendo o escoamento da produção.

O Microbacias II traz a integração das pastas da SAA com a da SMA, em ações

conjuntas com o objetivo de ampliar a competitividade e proporcionar o acesso ao mercado aos

agricultores familiares organizados em associações e cooperativas, bem como organizações de

produtores de comunidades tradicionais, como quilombolas e indígenas. Buscando assim ações

de inclusão social e de promoção da conservação dos recursos naturais, porém ainda incipientes

junto às comunidades quilombolas e indígenas (25 e 10 comunidades respectivamente), às quais

são historicamente marginalizadas e atacadas (fisicamente e culturalmente), inclusive por

produtores rurais.

Destaca-se a título de conclusão desta primeira seção do referencial teórico, que as

atividades do governo do Estado, por meio de sua Secretaria de Agricultura e Abastecimento

têm atuado em políticas públicas para a questão agrária que, desde o início do século XX vêm

trabalhando de certa maneira a questão da produção rural com conservação ambiental.

Inicialmente trabalhando com a diversificação da produção, visando o abastecimento das

cidades com produtos base da alimentação brasileira (arroz, feijão, batata e hortaliças), gerando

o fortalecimento da produção da agricultura familiar e camponesa.

A questão agrária não caminhou lado a lado com a questão ambiental no Estado de

São Paulo, tendo esta surgida apenas no final do século XX, e os riscos advindos da

modernidade pautaram as políticas públicas para o setor rural, mesmo que indiretamente. Cita-

se como exemplo a produção de milho variedade (cruzamento natural entre plantas da mesma

linhagem e que produzem semente) pela CATI, sendo uma opção ao milho híbrido (cruzamento

forçado entre duas plantas de linhagens puras diferentes e que não produzem semente) e o milho

transgênico (que contém gene de outra espécie; não produzem sementes), sendo os dois últimos,

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opções de cultivo advindos da modernização da agricultura, com certo teor de risco para a

questão agrária e ambiental.

Neste contexto de desenvolvimento histórico, o rural produtivo paulista se

desenvolveu e se apresenta atualmente aliando a produção agropecuária às questões ambientais,

mesmo que ainda incipientes. Conforme afirma Abramovay (2000), esse setor não é uma etapa

do desenvolvimento social a ser superada com o avanço do progresso e da urbanização, pois a

mesma se transforma e se adapta conforme as condições de mercado e políticas públicas ao

setor agrário. Locatel (2013) coloca ainda que, novas estratégias são incorporadas por esse

segmento, pois as mudanças tecnológicas e as novas demandas (econômicas, políticas e

culturais) impulsionam a construção de uma outra realidade, sendo assim necessário o

desenvolvimento de ferramentas que favoreçam a sua quantificação e estudo constantes,

visando acompanhar sua adaptação contínua.

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Right and wrong are not the product of census.

Terry Goodkind6

3.2. O recenseamento do rural produtivo paulista

Censo é o conjunto de dados estatísticos que informa diferentes características dos

envolvidos em uma determinada categoria ou atividade que se quer diagnosticar, podendo ser

os habitantes de uma cidade, um estado ou uma nação. A palavra tem origem no latim census

que significa estimativa ou conjunto de dados estatísticos de uma população. A definição dos

recenseamentos agrícolas surge do Congresso Internacional de Estatística, realizado na Bélgica

em 1853, no qual se definiu que estes teriam como objetivo indicar os fatos de cuja apreciação

decorre o conhecimento completo das condições, dos processos e do resultado da estatística

agrícola de cada país em determinada época (IBGE, 2007).

No Estado de São Paulo, com a organização do serviço agronômico estadual em

1899, através da criação da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, iniciou-se

também a publicação da revista intitulada Boletim da Agricultura, contendo, entre outros

assuntos, dados estatísticos e informações de utilidade ao setor rural. Logo nos primeiros

números apareciam informações sobre a safra 1900-1901 de café, obtidas junto às Comissões

Municipais de Agricultura, além de dados meteorológicos, números de exportação e de preços

correntes (Pino et al., 1997).

Após a realização do primeiro censo paulista no ano agrícola 1905/1906, foi

realizado um novo recenseamento agrícola e zootécnico no ano agrícola 1928/29 levantando-

se 163.765 propriedades rurais, ocupando a área total de 7.391.368,49 ha, posteriormente em

1930/31; 204.195 propriedades rurais, ocupando 8.002.448,74 ha, e em 1931/32, 233.772

propriedades rurais, ocupando 12.555.822,73 ha.

Os recenseamentos agrícolas pela pasta da agricultura cessaram na metade da

década de 30, em grande parte devido a diminuição drástica da participação da Secretaria da

Agricultura, Indústria e Comércio (SAIC) no orçamento do Estado, e conforme aponta Pino

(1999), pelo período de turbulência na história, tais como quebra da bolsa de Nova Iorque em

1929, período ditatorial da Era Vargas (1930-1945), revolução constitucionalista de 1932 e a

aproximação da Segunda Grande Guerra.

O recenseamento do rural produtivo é então retomado à partir de 1995, conforme

aponta Pino (2000), ocorrendo após experiência bem sucedida de recenseamento na então

Divisão Regional Agrícola (DIRA) de Araçatuba, impulsionando a edição da Resolução SAA-

6 GOODKIND, T. Naked Empire. New York: Tor, 2003.

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15, de 25-4-95, a qual criou um Grupo de Trabalho para organizar e coordenar a execução de

um novo recenseamento, resultando no Projeto LUPA (Levantamento Censitário de Unidades

de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo).

Projeto LUPA é, portanto, um censo agropecuário realizado pela Secretaria de

Agricultura e Abastecimento (SAA), no Estado de São Paulo. Todo o trabalho de campo foi

realizado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), através das Casas de

Agricultura, existentes na grande maioria dos 645 municípios paulistas, enquanto o controle de

qualidade dos dados e a análise estatística estiveram a cargo do IEA (Instituto de Economia

Agrícola), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em conjunto com o

Grupo LUPA, responsável pela coordenação do recenseamento. A primeira edição do projeto

ocorreu em 1995/1996 (Pino et al., 1997) e a segunda, em 2007/2008 (Torres et al., 2009).

O objetivo geral do projeto LUPA é coletar, organizar, analisar, atualizar e manter

disponíveis a todos os interessados, seguindo as normas vigentes, no menor intervalo de tempo

possível, dados gerais e específicos sobre a agropecuária do Estado de São Paulo, de forma

dinâmica, sistematizada, regionalizada e organizada de maneira facilmente recuperável.

As explorações agropecuárias com finalidade econômica são o objetivo do

recenseamento, independentes do local onde ocorram, mesmo aquelas que se encontrem no

perímetro urbano dos municípios, desta forma, retratando-se apenas o rural produtivo do

Estado.

Atualmente em sua terceira edição (ainda em fase de levantamento), coordenado

pelo grupo de trabalho instituído através da Resolução SAA-48 de 29/07/16, implicará na

adoção de critérios para a distribuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS) entre os municípios, assim como no desenvolvimento de políticas públicas voltadas ao

planejamento, ao financiamento e ao seguro da produção agropecuária. Por serem informações

geoespacializadas, favoreceram as análises da presente tese, conferindo integração a outras

informações geográficas conhecidas do Estado.

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A palavra é meu domínio sobre o mundo.

Clarice Lispector7

3.3. Mudanças climáticas e a agropecuária

Lima (2002) afirma que os padrões climáticos vêm se alterando nos últimos anos

devido a aumentos recentes nas concentrações de Gases do Efeito Estufa (GEE) na atmosfera,

devido à atividade antrópica, em grande parte associada a países mais desenvolvidos, causando

impacto no balanço de radiação solar do planeta, tendendo ao aquecimento da superfície da

terra, chamado de efeito estufa. Lüthi et al. (2008) reforçam que a concentração de GEE na

atmosfera atingiu níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos, o que tenderá ao acréscimo

do efeito estufa. No último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima

(IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) é apresentado que o aquecimento global

é inequívoco, tendo o mundo aquecido em média 0,85 °C entre 1880 e 2012 (IPCC, 2013).

De acordo com Chen et al. (2011), o acúmulo excessivo dos GEE na atmosfera

terrestre resulta nas mudanças climáticas globais, as quais vêm causando sérias consequências

para o planeta e às diferentes formas de vida.

Esparta e Moreira (2002) apresentam que o movimento para análise do risco e

definição de ações com relação ao efeito estufa começou a tomar impulso em 1988. Os GEE

são gases bloqueadores da radiação de onda longa, e seu lançamento é regulado pelo Protocolo

de Montreal8 (CFCs - Clorofluorcarbonos e HCFCs - Hidroclorofluorcabonos) e pelo Protocolo

de Kyoto9 (CO2 - Dióxido de Carbono, CH4 - Metano, N2O - Óxido Nitroso, SF6 - Hexafluorido

de Enxofre, HFCs – Hidrofluorcarbonos, e PFCs – Perfluorcarbonos) nos quais é firmado um

compromisso internacional de uma gradativa redução do lançamento dessas substâncias na

atmosfera.

Alley et al. (2007), analisando dados publicados pelo IPCC, relatam que 11 dos

últimos 12 anos (1995 a 2006) estão entre os 12 anos mais quentes do registro instrumental da

temperatura da superfície global, que foi iniciado em 1850, afirmando assim um regime de

aquecimento global. Molion (2013) analisando os mesmos dados chega a conclusão oposta,

justificando entre outros fatores, diferenciações de GEE, efeito solar, ciclo lunar e aspectos

7 LISPECTOR, C. A paixão segundo GH: romance. J. Olympio, 1974. 8 Tratado internacional de 1988 em que os países signatários se comprometem a substituir as substâncias que

demonstrarem ser responsáveis pela destruição do ozônio. 9 Tratado internacional de 1999 em que os países signatários se comprometem a reduzir a emissão de gases

causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global.

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locais, em visão contrária à vasta maioria do pensamento científico dominante sobre o tema em

nível internacional.

A climatologia, segundo Leite (2015), está no centro de um dos debates mais

polarizado da atualidade, apresentado como confronto entre os defensores da existência de um

aquecimento global antropogênico e aqueles que rejeitam sua existência.

Em levantamento realizado por Cook et al. (2013) 11.944 resumos de trabalhos

sobre “aquecimento global” ou “mudança climática global” submetidos a revisão pelos pares e

publicados entre 1991 e 2011 foram analisados. A conclusão foi de que 66,4% dos resumos não

expressaram posição, 32,6% endossaram o aquecimento global antropogênico, 0,7% rejeitaram

e 0,3% não tinham certeza sobre a causa do aquecimento global. Entre os trabalhos que

expressaram uma posição sobre o aquecimento global antropogênico, 97,1% endossaram a

posição que defende uma responsabilidade humana sobre as mudanças climáticas e 1,9% a

rejeitaram, sendo crescente em diferentes trabalhos a responsabilidade antrópica.

Independente de adentrar no mérito de existência ou não das mudanças climáticas

em si, a presente tese parte do pressuposto do princípio da precaução: “De modo a proteger o

meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de

acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a

ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar

medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental” (Menegaes

et al. 2014).

No panorama global, tal princípio surge na Alemanha, na década de 70, e, de acordo

com Hammerschmidt (2002), este princípio foi reconhecido como princípio autônomo em nível

internacional, na Segunda Conferência Internacional sobre proteção do Mar do Norte em 1987.

Na legislação brasileira, o princípio da precaução encontra previsão expressa na Lei Federal nº

11.105/2005 (Lei de Biossegurança), em seu art. 1º, além de estar presente em resoluções do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Porém, a influência antrópica, como o crescimento populacional, as alterações nos

padrões de consumo e o avanço tecnológico, é apontada por Schizzi e Boer (2015) como

elementos que podem aumentar, significativamente, as pressões sobre o sistema Terra. Essas

pressões têm efeitos não apenas localizados, mas também globais, já que os ecossistemas se

interligam em um conjunto amplo (Neto, 2008).

Como exemplo dos efeitos de longa distância entre diferentes biomas, sobre o

Estado de São Paulo, cita-se o trabalho de Tarifa (1994), no qual já se apontava que a

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substituição da floresta Amazônica por pastagens e cultivos levaria a uma possível diminuição,

em longo prazo, dos fluxos de umidade para as regiões agrícolas do centro-sul.

Além do aumento da temperatura do planeta, Santos (2011) aponta outros impactos

ambientais que podem ocorrer em consequência das mudanças climáticas, tais como: mudanças

no regime de precipitação nas diferentes regiões do globo, na agricultura, nas florestas, nos

recursos hídricos, na fauna e flora das áreas costeiras, etc.

Trabalhos como o de Correia et al. (2007), demonstram que se o desmatamento na

Amazônia se expandir substancialmente, a chuva poderá ser reduzida nas regiões Centro-Oeste,

Centro-Sul e Sul do Brasil e estudos como os de Sampaio et al. (2007) e Marengo et al. (2008)

verificaram através de modelos matemáticos, que o avanço de pastagens e monoculturas como

soja sobre a Amazônia, mudará o clima regional significativamente.

Schizzi e Boer (2015) afirmam que é necessário compreender a dinâmica e a

complexidade das relações estabelecidas entre os organismos e o meio onde vivem e a

influência do homem sobre esses processos, pois, dessa maneira, é possível conciliar o

desenvolvimento econômico e social com a preservação ambiental, ou seja, atingir o patamar

de crescimento sustentável.

Tais estudos convergem para a discussão que se avoluma desde a última década do

século XX, encontrando uma primeira expressão geral, conforme Crutzen (2002), no debate

sobre o conceito de antropoceno, utilizado para designar uma nova era geológica em que a

humanidade emergiu como uma força global significante, capaz de remodelar a face do planeta.

Tubiello e Fischer (2007) ressaltam que cada país está naturalmente preocupado

com os potenciais danos e benefícios que podem surgir nas próximas décadas dos impactos da

mudança climática em seu território e também globalmente, pois afetarão políticas domésticas

e internacionais, padrões de comércio, uso de recursos, planejamento regional, e o bem-estar

de seu povo. A segurança alimentar, ou seja, as atividades agropecuárias, estão

proeminentemente na lista de atividades humanas e serviços ecossistêmicos sob ameaça de

interferência antropogênica perigosa no clima da Terra (Alcamo et al., 2003), e é pontuada por

Savary et al. (2017), como potencialmente afetada pelas mudanças climáticas, em todos os seus

aspectos, como, por exemplo, capacidade do agricultor em produzir alimento, disponibilidade

de armazenamento e sistema de distribuição, acesso físico e econômico ao alimento,

estabilidade de fornecimento e de preços e qualidade nutricional.

Apesar disso, as responsabilidades delegadas nos governos locais para enfrentar a

mudança do clima agora incluem a mitigação e adaptação, embora se considere que existe um

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déficit na pesquisa prática e efetiva que apoie o desenvolvimento de planos locais de adaptação

climática (Moser, 2010).

Ivey et al. (2004) afirmam que a escala local é particularmente relevante no caso

das mudanças climáticas, onde um problema não perceptível em larga escala, apresenta riscos

locais tangíveis, tais como aumento do nível do mar, da temperatura e tempestades.

Entre as diferentes metodologias existentes para a realização de inventários de

GEE, o Protocolo de Gases de Efeito Estufa (The Greenhouse Gas Protocol – GHG Protocol),

lançado em 1998 e revisado em 2004, é hoje a ferramenta mais utilizada mundialmente pelas

empresas e governos para entender, quantificar e gerenciar suas emissões (Monzoni, 2008).

Para a comparação e somas entre os diferentes GEE é utilizada a métrica usual do Potencial de

Aquecimento Global (Global Warming Potential – GWP), para se chegar à unidade comum, o

equivalente de dióxido de carbono (CO2eq).

No documento síntese de De Azevedo e Rittl (2014), é apresentado que, entre 1990

e 2012 as emissões brutas de GEE brasileiras passaram de 1,39 bilhões de toneladas de carbono

equivalente (GtCO2eq) para 1,48 GtCO2eq, um aumento de 7%, enquanto no mundo, as

emissões cresceram 37% e passaram de 38 para 52 bilhões de toneladas (GtCO2eq) no mesmo

período.

De Azevedo et al. (2018) indicam que cinco setores são fontes de emissão destes

GEE: Agropecuária, Energia, Processos Industriais, Mudança no Uso da Terra e Floresta, e

Resíduos. O setor Agropecuário no Brasil (ano de 2016), segundo SEEG (2018), responde por

28% das emissões líquidas, figurando o CH4 e o N2O como principais gases, e tendo a

fermentação entérica10 a maior responsável pelas emissões, com 64,8% do total deste setor. O

setor de Mudança no Uso da Terra e Floresta responde por 36% das emissões líquidas, tendo o

CO2 como principal gás, e as atividades de desmatamento, degradação ou conversão de solos

como a maior responsável, com 94% do total deste setor.

Buscando-se identificar as atividades econômicas que originam as emissões, De

Azevedo e Rittl (2014) demonstram que o setor agropecuário como um todo é a principal fonte

de emissões de GEE no Brasil, respondendo por 64% das emissões, com pouco mais da metade

dessas emissões sendo oriunda da conversão de floresta em pastos e agricultura, e a outra

parcela provém das emissões diretas da agropecuária como a fermentação entérica e manejo

dos solos.

10 Processo digestivo que ocorre no rúmen dos herbívoros ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos) e que produz

metano.

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No Estado de São Paulo, CETESB (2011) estudando o período de 1990 a 2008,

verificaram que o setor agropecuário foi responsável por uma emissão média anual de 28,22

milhões de toneladas de carbono equivalente (MtCO2eq), sendo 65% desta composta por CO2,

33% por CH4 e 2% por N2O. É ressaltado que apesar da quantidade de N2O ser relativamente

menor do que os demais gases, o N2O possui um potencial de aquecimento global (GWP) muito

alto, o que faz tornar a atividade da pecuária, a maior fonte de emissão de CO2eq do setor

agropecuário. Comparativamente aos demais setores da economia, a contribuição do setor

Agropecuário para as emissões estaduais totais foi de aproximadamente 21% em 2005,

figurando em segundo lugar, tendo o setor de energia como o maior emissor, com 57,2% do

total de emissões paulistas.

O potencial de aquecimento global foi atualizado por IPCC (2014), e é uma medida

relativa que compara o potencial de aquecimento do gás em questão com a mesma quantidade

de CO2 (GWP definido como 1). Os valores para um horizonte de tempo de 20 anos são 84 para

o CH4 e 264 para o N2O, e para um período mais longo, de 100 anos, de 28 e 265 para CH4 e

N2O respectivamente, demonstrando assim o efeito consideravelmente superior do óxido

nitroso.

Bettiol et al. (2017) afirmam que os efeitos das mudanças climáticas sobre a

produção agrícola e pecuária deverão ser intensificados com o tempo, necessitando assim de

ações de mitigação e adaptação a serem tomadas o quanto antes. Entretanto afirmam ainda que,

para adoção destas medidas, é necessária a geração de conhecimento sobre os possíveis

impactos na produção agrícola, e, em particular, na ocorrência de problemas fitossanitários.

O Brasil foca sua atuação nesta temática, tendo como referência a política nacional

de mudanças climáticas, instituída pela Lei Federal n°12.187/09, que institucionalizou metas

de mitigação e o entendimento entre desenvolvimento econômico e proteção do clima. Ressalta-

se ainda o reconhecimento de medidas de adaptação às mudanças climáticas e a elaboração de

planos setoriais integrados, inclusive dentro da agropecuária (BRASIL, 2012).

Oliveira e Alves (2011) destacam uma iniciativa do governo paulista criada em

1995, chamado PROCLIMA (Programa Estadual de Mudanças Climáticas) e coordenado pela

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), com enfoque na disseminação de

informações e na capacitação de agentes para boas práticas de redução e prevenção de emissões

de gases de efeito estufa.

O Estado de São Paulo, no ano de 2016, lança seu plano estadual de mitigação e

adaptação às mudanças climáticas (Plano ABC-SP, 2016), sendo então a primeira unidade da

federação, a lançar uma política pública alinhada à política nacional de mudanças climáticas,

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visando a produção sustentável em suas linhas de financiamento, fomento e atuação junto ao

setor agropecuário.

Mudanças climáticas globais são consequência e influência junto ao setor

agropecuário, especificamente quanto ao rural produtivo paulista, merecendo especial atenção

quanto a políticas setoriais e avaliações quanto ao uso e ocupação do solo no meio rural.

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Idealiza-se não a economia rural, do passado ou do

presente, mas sim uma casa de campo comprada, ou um

“encantador refúgio na costa”, ou mesmo “uma árida

ilha costeira”. Isso, portanto, não é um sonho rural, e

sim suburbano. E se coloca em reação direta à

corrupção interna da cidade...

Raymond Williams11

3.4. A Interface rural/urbano

As mudanças climáticas globais exercem pressões diferenciadas às atividades

agropecuárias exercidas nas consideradas áreas urbanas e periurbanas, pois tais regiões estão

em maior grau, integradas às lógicas da economia das cidades, tendo de forma positiva a

facilidade no escoamento de sua produção, a visibilidade de seus produtos e o acesso facilitado

às estruturas de subsídio, e de forma negativa a pressão da especulação imobiliária, os impactos

ambientais diretos e a insegurança pública.

O desenvolvimento das áreas urbanas, segundo Aquino e Monteiro (2005) é chave

para muitos dos desafios que a sociedade enfrenta nas interações com o meio ambiente, e apesar

destas cobrirem uma fração relativamente pequena do total da superfície do planeta Terra, elas

são corresponsáveis pelas mudanças climáticas globais. As alterações de uso e ocupação do

solo se devem em grande medida às pressões que a população urbana exerce sobre o consumo,

e, portanto, ao setor agropecuário.

No final dos anos 1960 e década de 1970 é destacado por Fanelli e Santos Junior

(2013), que a expansão da economia brasileira e o avanço da industrialização para o interior do

Estado, favoreceram o surgimento e desenvolvimento de aglomerações urbanas,

consequentemente expandindo a rede urbana nesse processo de interiorização, que se deu, num

primeiro momento, de forma linear. Seto et al. (2015) afirmam que mais de metade da

população mundial vivia em cidades no ano de 2008, sendo o processo de urbanização

progressivamente mais rápido a cada ano e, mantendo-se tais taxas de expansão, o uso de

energia pelo urbano vai aumentar mais de três vezes num curto espaço de tempo.

Porém, a definição do que é cidade e campo ainda é palco de debate, tendo como

referência, conforme coloca Bernardelli (2006), o fundamento apresentado para definir o que é

cidade, o Decreto – Lei Federal n° 311/38, que dispõe sobre a divisão territorial brasileira, e

aponta como cidade a área do distrito sede, independentemente das relações que se estabelecem

no espaço em questão.

11 WILLIAMS, R. O campo e a cidade na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

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Outra referência nesta conceituação é a Lei Federal n° 5.172/66 que estabelece o

Código Tributário Nacional, na qual em seu inciso primeiro do artigo 32 são estabelecidos

critérios para a definição da zona urbana. Tal lei permite ao legislador municipal a declaração

de zona urbana, de acordo com a política de expansão do município, englobando as áreas

urbanizáveis ou de expansão, como zonas urbanas. Define-se assim a cobrança de Imposto

Territorial Urbano (IPTU) nestas áreas, ao invés do Imposto sobre a Propriedade Territorial

Rural (ITR), instituído pela Lei Federal n° 9.393/96.

Na presente tese, busca-se entender o espaço territorial no contexto de análise de

ocupação efetiva do solo por elementos construtivos identificáveis por insumos da geomática.

Geomática é conceituada por Rosa (2009) com a ciência que se utiliza de técnicas matemáticas

e computacionais para a análise de informações geográficas, ou seja, informações temáticas

“amarradas” à superfície terrestre, através de um sistema de coordenadas. No Brasil, os termos

Geoprocessamento e Geomática se referem à mesma coisa, ou seja, Geoprocessamento é

utilizado como sinônimo de Geomática. Assim parte-se como base na presente tese de que a

área urbanizada, corresponde às porções do território com ocupação efetiva pelos aglomerados

urbanos, ou seja, com elementos construtivos que a classifiquem como oposta a ocupação rural.

Porém, não se pretende fazer uma análise simplista, mas levando-se em

consideração estudos como os de Endlich (2006) e Sobarzo (2006), que buscam compreender

o rural e o urbano como modos de vida, como conceitos relacionais que contemplam cultura,

costumes e hábitos, e assim vai além do território, da materialidade. Alinhando-se ainda ao

apresentado por Rua (2006), de urbanidades no rural, caminhando assim à compreensão não de

um desaparecimento do rural em substituição ao urbano, mas sim a uma preservação das

especificidades do rural, considerando-o como um território híbrido, onde urbano e rural

interagem.

Atualmente a metropolização contemporânea, ou seja, a formação de arranjos

urbanos adensados, conforme é levantado por Moura et al. (2012), vêm se manifestando na

forma de arranjos urbano-regionais que atingem uma escala mais ampla, dinâmica e complexa,

conectando entre si urbano, local, regional, nacional e o global.

A produção agrícola, que é desenvolvida em torno dos grandes centros urbanos,

está voltada geralmente para o abastecimento de produtos hortícolas, destinados às classes

sociais urbanas que podem pagar por dieta alimentar rica e variada. Essa produção tem ganhado

nova dimensão, que incorpora o avanço e as necessidades originárias de uma agricultura urbana

e periurbana, materializada como alternativa para populações excluídas economicamente

(Monteiro, 2005).

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A análise dos processos de desenvolvimento e urbanização nos países em

desenvolvimento, afirma Adell (1999), tem sido tradicionalmente estruturado em torno de

dicotomias como rural e urbano, tradicional e moderno, formal e informal, entre outras.

O uso das expressões agricultura urbana ou intra-urbana e agricultura periurbana já

são adotadas pelas agências das Nações Unidas, tais como UNDP (Smith, Ratta e Nassr, 1996)

e FAO (FAO, 2005) e referem-se à utilização de pequenas superfícies situadas dentro das

cidades ou em suas respectivas periferias para a produção agropecuária, tanto para consumo

próprio como para venda em mercados locais (FAO, 1999). Esta agricultura urbana e periurbana

é entendida pela FAO (1999) como um fenômeno de importância crescente em quase todas as

cidades, o que demanda informações mais amplas, para que sejam otimizadas as possíveis

soluções e que se viabilizem alternativas para os problemas dela originados.

Campilan, Drechsel e Jöcker (2002) caracterizam entre outros aspectos, que as

principais situações da agricultura urbana/periurbana estão no cultivo o ano todo, a competição

pelo uso agrícola e não agrícola da terra, proximidade ao mercado consumidor (o que favorece

o cultivo de perecíveis), e com frequência, apresenta políticas públicas vagas ou inexistentes,

diferente da agricultura rural, que faz parte da agenda política, com linhas de apoio e fomento

específicas. O que não difere da realidade paulista, não havendo linhas específicas para esse

público com características específicas.

Allen (2003) afirma que a interface periurbana é o habitat por excelência de

comunidades de baixa renda, que são particularmente vulneráveis aos impactos e externalidades

negativas geradas pelos sistemas rurais e urbanos próximos. Tal afirmativa, na agropecuária em

São Paulo, difere em certos aspectos da colocada pelo referido autor, pois devido ao dinamismo

causado pela grande demanda dos centros urbanos com alta concentração demográfica, concede

a esta interface periurbana um elevado volume de vendas e consequentemente um maior ganho

de capital por unidade de área.

O periurbano, conforme Woltjer (2014), é visto como tendo características

diferentes nos países desenvolvidos, dos países em desenvolvimento. À medida que as cidades

nos países em desenvolvimento continuam a crescer, Winarso et al. (2015) afirma que suas

áreas periurbanas tendem a se mover para fora em “ondas”, criando uma expansão no final

destas. Em cidades desenvolvidas da Ásia, por exemplo, a extensão dessa área pode chegar a

300 km das principais cidades, como mostrado pela China costeira periurbana (Webster, 2002).

Durán (2003) traz uma definição importante para o presente estudo, o de cidade

difusa, a qual pode ser definida, como um fenômeno caracterizado pela dispersão da população

urbana pelo território, inclusive sobre as áreas rurais, sem que exista vínculo algum dessas

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pessoas com as atividades agrícolas. Tal fato é recorrente em São Paulo, pelo aumento do

número dos chamados condomínios rurais, bem como de comunidades distantes do centro

urbano. Whitacker (2006) chama a esse processo de urbanização difusa, gerando a conformação

de uma cidade cada vez mais diversa e dispersa, trazendo o surgimento de novas centralidades

decorrentes dos novos espaços de habitação e também das novas práticas socioespaciais de

ocupação.

Com o desenvolvimento desta urbanização difusa, com o passar do tempo, e

concentração das economias locais, existe a conexão destas porções do território, antes

separadas pelo rural, formando então núcleos únicos do urbanizado, efeito este favorecido em

grande parte, tomando-se os eixos rodoviários como os agentes de ligação entre estas, formando

então os processos de conurbação. Bernardini (2018) conclui que os mecanismos incluídos nas

leis de uso, ocupação e parcelamento do solo no Brasil, sedimentam uma prática ambígua na

relação entre rural e urbano, favorecendo os processos de conurbação.

De acordo com Benito (2003) a expressão conurbação surgiu no início do século

XX e desde então vem sendo redefinida de modo a atender a necessidade de se qualificar alguns

comportamentos urbanos, referindo-se ao crescimento de duas ou mais cidades formando uma

continuidade física entre elas, sendo o ponto de partida para a análise do território conurbado.

Para Lamberti (2006) a conurbação configura-se como uma área urbanizada

composta por um grupo de cidades ou aglomerados urbanos organizados. Apesar da junção das

franjas de dois centros urbanos, por meio da ocupação contínua, e a dependência e

especialização funcional, apresenta autonomia do ponto de vista das atividades e da

administração, independente dos limites administrativos territoriais.

A franja rural-urbana é conceituada por Pryor (1968), sendo a zona de transição no

uso da terra, com características sociais e demográficas específicas, situando-se entre as áreas

urbanas e suburbanas continuamente urbanizadas e o interior rural, com ocupação e uso da terra

de orientação social urbana e rural.

Para verificar e compreender este território, Rosas (2014) indica o espaço rural

como ponto de referência, pois o urbano foi construído a partir das transformações do rural, ou

seja, o urbano é o rural transformado. Nessa perspectiva, não é o rural que avança no urbano,

mas o urbano que transformou e transforma o rural em diversas vertentes, principalmente a

econômica.

Noronha e Hespanhol (2008), estudando as características do espaço periurbano em

Jundiaí/SP, destacam que, de um lado, há a permanência de territórios rurais tradicionais

constituídos historicamente a partir do trabalho do colono-imigrante e, de outro, a presença

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significativa da produção agrícola familiar em regime de pequena propriedade. Esta pequena

propriedade vive um impasse de gestão, pois não possui as características do entorno rural,

sofrendo enorme pressão da franja urbana, tanto do ponto de vista de segurança de sua

produção, como de acesso a políticas de incentivo governamentais, bem como a especulação

imobiliária sobre seu território, gerando um efeito como de gentrificação12 do rural,

prejudicando assim a produção agrícola familiar nestes espaços.

Furtado (2000) mostra que os Estados Unidos da América favoreceram a pequena

propriedade no início de sua colonização e com isso ajudaram a desenvolver a produção local

daquele país. É ressaltado por Toscano (2003) que todos os países desenvolvidos têm na

agricultura familiar um sustentáculo do seu dinamismo econômico e de uma saudável

distribuição da riqueza nacional.

Segundo Veiga et al. (2001) mesmo havendo uma demonstração clara da atividade

econômica da agricultura familiar, no Brasil há necessidade de expansão e fortalecimento dos

agricultores familiares, já que a sua consolidação implica tanto nas atividades rurais agrícolas

quanto nas não agrícolas, necessárias para o atendimento das demandas locais e do

desenvolvimento rural.

Denominação interessante em uso no Brasil é a Região de Entorno Imediato (REI),

proposta por Sparovek et al. (2004) que pode ser analisada sob um ou outro referencial, ou seja,

do entorno da área urbanizada ou do rural, mas que, embora contenha elementos de ambos,

possui identidade, função e dinâmica próprias.

Para entender esta agricultura e sua interação com o urbano, a teoria de Von Thünen

(Figura 5) é um excelente auxiliar de compreensão e análise. Segundo Cavalcante (2008), o

modelo elegante e pioneiro de Von Thünen, apresentado e conceituado em 1826, é reconhecido

como o primeiro tratamento formal dado à questão espacial.

Lacerda e Santos (2017) apontam que esse modelo traz a noção de localização à

teoria Ricardiana13 de análise econômica, que de acordo com essa linha de pensamento, a

aglomeração ocorre devido à especialização na produção de bens relativamente intensivos em

fatores de produção abundantes na região.

12 Conceito fundamentalmente urbano que consiste em uma série de melhorias físicas ou materiais e mudanças

imateriais (econômicas, sociais e culturais) que ocorrem em alguns centros urbanos antigos, os quais experimentam

uma apreciável elevação de seu status, com substituição de habitantes de classe baixa por habitantes de elevada

remuneração. 13 Teoria da Renda da Terra de David Ricardo, que de forma resumida, coloca que com o aumento da população,

haverá a necessidade de que mais terras sejam cultivadas e, como mais terras são cultivadas, haverá uma

diferenciação no pagamento das rendas para as terras mais ou menos férteis.

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Figura 5 – Modelo de Von Thünen e modelo modificado pela presença de rio.

Fonte: 2014 Pearson Education, Inc.

Nesse modelo, segundo Linhares (1996), o espaço se organiza em torno da cidade a

partir do consumo (com a compra de excedentes agrícolas) e, ainda na determinação dos preços

das terras, pois o custo dos transportes se torna fundamental, o que traz o peso do fator distância

na distribuição das áreas de produção. São apresentados seis anéis concêntricos ao redor da

cidade, sendo o uso preponderante da terra em função da distância, estando em ordem crescente

de distância a partir da cidade: produtos da horticultura e produção de leite, silvicultura, rotação

de culturas agrícolas de forma intensiva, culturas agrícolas consorciadas com pastagens, rotação

de culturas de forma extensiva, pastagens.

O modelo teórico de Von Thünen é citado por Alves (2012) como amplamente

difundido nas investigações do espaço agrário, pois dá a noção da localização e distribuição

espacial das atividades econômicas, bem como da organização das formas e elementos no

espaço e seu inter-relacionamento.

A partir da década de setenta, afirma Hall (1997), iniciam-se as críticas às ideias

urbanas racionalistas e aos modelos de anéis de crescimento concêntricos de Von Thünen

voltados à expansão urbana. Cavalcante (2008) reitera que, embora suas conclusões possam

parecer hoje em dia bastante óbvias, tendo em vista as premissas estabelecidas, o modelo de

Von Thünen demonstrou formalmente que, mesmo admitindo-se condições homogêneas no

território, a produção agrícola não seria uniformemente distribuída em função dos diferentes

custos de transporte assumidos.

Pela simplicidade do modelo de Von Thünen, este pode ser utilizado tanto na

análise do crescimento das áreas urbanizadas e expansão das franjas urbanas, como no

entendimento da agricultura que margeia as cidades, seus eixos de conurbação e seus

aglomerados isolados. Esse modelo supõe que as terras são uniformes e apresentam a mesma

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fertilidade em todas as localidades, bem como que a mão de obra tem o mesmo nível e

treinamento e mesmo custo (Lacerda e Santos, 2017). Além disso, nesse modelo, a oferta visa

abastecer um único mercado central e estar o mais próximo possível dos consumidores. Apesar

de partir de um pressuposto inexistente para o setor agropecuário, tal ponto de partida desta

teoria se alinha às atividades da olericultura14, pois tais explorações fazem uso de insumos que

mantém uma fertilidade adequada para o bom desenvolvimento das culturas, mão de obra

constante e não sazonal e demanda relativamente constante.

Briassoulis (2000) afirma que não há dúvida de que a teoria de Von Thünen é a

predecessora da teoria da localização e da análise da estrutura espacial urbana e regional.

Segundo França (2004), a estrutura espacial urbana compreende a estrutura física (espaços

públicos abertos e formas construídas) e a funcional (atividades) que, ao se interagirem

mutuamente, geram fluxos e movimentos, possibilitando a geração de novas estruturas,

tornando a cidade um sistema com características dinâmicas.

Kneib, Silva e Portugal (2010) ressaltam que um dos principais objetivos do

desenvolvimento de teorias e estudos relativos à função e à estrutura espacial urbana consiste

em elaborar técnicas de previsão e estimativas, especialmente para uma avaliação das

alternativas de atuação pública.

A urbanização nas áreas periurbanas, de acordo com Gibelli e Salzano (2006) e

Turri (2000) pode gerar vastas continuidades urbanas, em alguns casos em formas dispersas e

descontínuas conhecidas como expansão urbana. Mazzocchi et al. (2014) pontua que a

expansão urbana pode fazer com que os espaços agrícolas ou naturais sejam cercados por

espaços urbanos, levando-os a se incorporar totalmente à questão urbana e à destruição de sua

funcionalidade agrícola.

Tal efeito da urbanização continua crescendo, embora os padrões de urbanização

sejam diferentes em toda a Europa (EAA, 2006), e é uma grande preocupação em muitas

cidades dos EUA, estando associada a uma série de consequências econômicas, sociais e

ambientais (Song e Zenou, 2006).

No Estado de São Paulo, o crescimento desordenado de algumas cidades como o

município de São Paulo (Sampaio e Pereira, 2003) traz a necessidade de estudos que levem em

consideração as diferentes particularidades dos efeitos da urbanização no interior do Estado e

sua relação com o rural produtivo, analisados na presente tese.

14 Área da horticultura que abrange a exploração de hortaliças e que engloba culturas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos, frutos diversos e partes comestíveis de plantas.

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The supreme reality of our time is our indivisibility as

children of God and our common vulnerability on this

planet.

John Fitzgerald Kennedy15

3.5. Identificando vulnerabilidades no setor agropecuário

Uma denominação sintética para vulnerabilidade é a “susceptibilidade de um meio

ao impacto negativo com relação a um determinado risco” (Costa et al., 2007). Vulnerabilidade

também foi conceituada por Preston et al. (2008) como tendo três componentes: exposição,

sensibilidade e capacidade de adaptação. O trabalho de Confalonieri et al. (2005) é um dos

primeiros estudos no Brasil sobre a questão de vulnerabilidade, e lançou as bases para o

desenvolvimento de metodologias de análise de vulnerabilidade às mudanças climáticas no

Brasil.

Em estudo posterior, Confalonieri et al. (2011) desenvolveram indicadores

quantitativos de vulnerabilidade socioambiental e de saúde, para cada município do Estado do

Rio de Janeiro, em função das projeções de mudanças do clima. Atualmente estudos de

vulnerabilidade encontram-se distribuídos entre as ciências sociais e geoespaciais, envolvendo

tanto análises epistemológicas quanto do meio físico, interligadas ao clima.

Marandola Júnior e Hogan (2006) realizaram um extenso levantamento sobre a

utilização das concepções de vulnerabilidade nos estudos populacionais e ambientais,

evidenciando a utilidade dessas concepções quando se trabalha com realidades complexas e, no

caso das mudanças climáticas globais, Carmo (2007) afirma que o conceito de vulnerabilidade

social é fundamental, por incorporar elementos que estão além das definições estritas de

pobreza.

Folharini et al. (2017) colocam que, quando é relacionada ao ambiente natural, é

denominada vulnerabilidade ambiental. Dentre alguns dos fatores que definem a

vulnerabilidade ambiental estão o tipo de ocupação, riscos de degradação por erosão do solo,

assoreamento de rios, diminuição da biodiversidade e outros processos que causam

desequilíbrio no ambiente (Nascimento e Dominguez, 2009, e ONU, 2004).

Assim, de acordo com Boykoff (2008), quando se fala em mudanças climáticas e

as suas consequências, as limitações e incertezas locais, associadas com a ciência do clima são

o discurso dominante no debate político e da mídia. Conhecer a realidade local indica Rydin

(2003), pode fornecer informações relevantes sobre o contexto do impacto das alterações

15 Transcrição do áudio de discurso, do então presidente dos EUA, ante o Parlamento irlandês em Dublin, 28 de

junho de 1963.

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climáticas e suas respostas, bem como oferecer novas informações e ideias para enfrentamento

destas. Healey (1999) conclui que, incorporando o conhecimento local, pode ajudar a incluir

uma diversidade de valores para o debate.

O'Riordan e Ward (1997) destacam que omitir ou excluir o conhecimento local, em

especial se há conflito com os especialistas que estudam o assunto, pode afetar a credibilidade

e a legitimidade do processo político de tomada de decisão. É salientado por Brooks et al.

(2005), que a complexidade das questões de governança é agravada pela incerteza sobre a escala

de ação e as consequências das respostas, pois ações em escala regional podem ter resultados

imprevisíveis em escala local, necessitando assim de estudos que correspondam às escalas

propícias da área em questão.

Trabalhos voltados à identificação da vulnerabilidade agrícola às mudanças

climáticas em escalas global (Walthall et al., 2012), em escala nacional (Porter et al., 2014) e

voltados a segurança alimentar (Lal, 2016), vêm sendo desenvolvidos em diferentes centros de

pesquisa. No entanto, Steiner et al. (2017) afirmam que é essencial o estudo das questões sobre

vulnerabilidades tratados em escalas regional e locais, ajudando assim a identificação de

estratégias de adaptação nos locais onde as decisões de gestão são tomadas.

É descrito por River (2005), o papel que os representantes dos governos locais

podem desempenhar, orientando as políticas estatais em função das necessidades dos valores

locais. Daí a importância de se efetuar um correto planejamento de ações em diferentes escalas

de aplicabilidade, principalmente num estado como São Paulo, com vasta extensão leste-oeste,

ampla variabilidade climática e especificidades de atuação locais.

Embora as mudanças climáticas sejam inerentemente uma questão global, Leitch e

Robinson (2012) afirmam que os impactos serão sentidos de forma mais aguda em escala local.

Este nível local é muitas vezes alterado pelo modo de ocupação do território, transformado e

produzido pela sociedade, e conforme indicam Ely et al. (2003) faz com que algumas áreas

produtoras apresentem maior vulnerabilidade com relação à variabilidade climática do que

outras, pois, dependendo de sua intensidade ao longo do tempo e do espaço, pode representar

grandes perdas ao pequeno agricultor, descapitalizado, sem acesso às novas tecnologias e aos

programas de seguro agrícola.

Assim, Preston et al. (2011) levantam uma questão fundamental em se destacar,

colocando o papel importante da ciência em fazer os riscos intangíveis provenientes das

influências ambientais, visíveis à população e aos governos em geral.

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Enquanto risco se refere à presença de população em locais que podem ser afetados

por eventos climáticos, a vulnerabilidade diz respeito à propensão e à predisposição do referido

contingente populacional para ser afetado (IPCC, 2012).

Porém discutir questões de risco e as possíveis vulnerabilidades a elas, a que as

sociedades estão expostas, traz a necessidade de aceitação que as influências ambientais estão

ocorrendo, fato este ainda em contrassenso na sociedade. Dessai e Hulme (2007) afirmam que

mesmo que discussões ainda estejam em andamento sobre estas, as abordagens dos impactos

das mudanças climáticas podem ocorrer com base na certeza parcial, ou seja, em relatórios e

estudos que indicam que estas estejam ocorrendo, bem como apoiar-se no princípio da

precaução anteriormente descrito.

Dado que um dos elementos chave da mudança climática é que, as causas e os

impactos estão distantes no tempo e lugar, pois os efeitos ocorridos num determinado local

podem aparecer em locais distantes e temporalmente após passado certo período de tempo,

Shaw et al. (2009) salientam que o processo de mapeamento, pelo menos, ajuda a tornar os

impactos mais tangíveis, à escala local. Nesta tendência, trabalhos como o de Li et al. (2006)

apresentam as tecnologias espaciais, como os Sistemas de Informações Geográficas (SIG),

como ferramentas poderosas para a avaliação do ambiente ecológico.

Measham e Preston (2012) afirmam que, para um problema, como a mudança

climática, que está distante em termos de causa e efeitos, a análise de vulnerabilidade pode

desempenhar um papel crucial em uma reflexão sobre o que fazer sobre o problema, não se

limitando apenas à confecção de relatórios de efeitos verificados.

O atual aumento pela demanda por geração de energia, infraestrutura, produção

mineral e agrícola, e ainda o crescimento urbano desordenado e sem planejamento, é indicado

por Dobrovolski et al. (2011) como razões para o possível aumento da vulnerabilidade dos

sistemas naturais às mudanças no uso de terra. Foley et al. (2005) afirmam ainda que esta

dinâmica pode acelerar ainda mais, os efeitos das mudanças climáticas.

Como forma de refinar as análises neste contexto, a IOC (2009) sugere a aplicação

de metodologias que integrem as variáveis inseridas nos principais tipos de riscos relacionados

às mudanças climáticas, bem como a realização de diferentes escalas de análise de

vulnerabilidade, de macro a micro, dependendo do enfoque que será dado pelos programas

nacionais para gerenciamento.

O PBMC (2014) destaca que é justamente nesse escopo de planejamento estratégico

integrado que as variáveis relacionadas à vulnerabilidade devem ser inseridas, principalmente

quando da análise geográfica de prioridades de atuação. Nesse sentido, Cutter (2003) afirma

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que as comunidades locais necessitam de melhores representações espaciais dos riscos e

vulnerabilidades associadas a elas.

No documento do PBMC (2014) é descrito que a vulnerabilidade pode ser do lugar,

indicando maior susceptibilidade aos riscos, ou pode ser social, que incorpora além da

susceptibilidade, a perspectiva da capacidade de enfrentamento dos riscos de diversas ordens,

principalmente através dos ativos (sociais, econômicos ou outros) que podem ser mobilizados

nesse processo. É indicada também a importância do mapeamento para se compreender a

realidade social em que se encontram os grupos mais vulneráveis, de maneira a construir

políticas mais efetivas de redução dessa vulnerabilidade.

A produção agrícola familiar, presente em grande parte da população rural paulista,

é um setor altamente sensível a mudanças climáticas, pois precipitação, temperatura, e

concentração de dióxido de carbono atmosférico, influenciam diretamente nos produtos gerados

por esta parcela da agricultura, a qual sofre efeitos ainda da pressão social do urbano e questões

de ordem econômicas, no tipo de produtos demandados e precificação dos mesmos.

Deconto (2008) afirma que, caso não sejam tomadas medidas de mitigação e

adaptação, a geografia da produção nacional pode se alterar nas próximas décadas, influenciada

pela intensificação de mudanças climáticas, figurando os estados de São Paulo e Minas Gerais

como principais atingidos.

São levantados por Bates et al. (2008) que tais alterações climáticas modificam a

quantidade e a qualidade da água, afetando potencialmente a produção de alimentos, podendo

levar à diminuição da segurança alimentar e maior vulnerabilidade dos agricultores pobres.

Kabat et al. (2003) indicam ainda que pode afetar a saúde dos ecossistemas e o crescimento e

propagação de doenças relacionadas à água, bem como trazer consequências ao abastecimento

de populações humanas, e, portanto, às práticas de gestão de água (Kundzewicz et al., 2007).

No trabalho de Kabat et al. (2003) é afirmado ainda que as questões de variabilidade

e alterações climáticas não têm sido integralmente consideradas nas atuais políticas de recursos

hídricos e nos processos de tomada de decisão, em especial nos países em desenvolvimento,

onde recursos financeiros e impactos humanos e ecológicos são potencialmente maiores, e os

recursos hídricos já podem estar em situação de grande estresse, associados ainda, à pequena

capacidade de se enfrentar e se adaptar às mudanças.

Jacobi e Barbi (2007) explicam que, no Brasil, a bacia hidrográfica é adotada como

unidade regional de planejamento e gerenciamento das águas, o que resultou na delimitação de

Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cujos órgãos consultivos e deliberativos de

gerenciamento são denominados Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs).

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Em São Paulo, a Lei Estadual n° 7.663/91, que estabeleceu a política estadual de

recursos hídricos, criou este tipo de sistema de gestão dos recursos hídricos, com base em três

princípios: descentralização, integração e participação. A descentralização foi realizada com a

criação de 22 unidades de gestão de bacias hidrográficas (Unidades de Gerenciamento de

Recursos Hídricos – UGRHIs). Essas unidades são dirigidas por comissões com a participação

do governo estadual, municípios e sociedade civil, sendo estas, órgãos deliberativos, onde

negociações ocorrem e decisões são tomadas. As instituições das bacias hidrográficas são a

parte executiva das comissões, que prestam apoio técnico e possuem corpo técnico e recursos

para a tomada de decisões e realização de ações. Hogan et al. (2000) afirmam que São Paulo é

o estado mais avançado do país em termos de gerenciamento de recursos hídricos, tendo em

1991 aprovado o primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos. Atualmente, encontra-se em

funcionamento o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH), que

regula a atuação dos Comitês de Bacias Hidrográficas no estado.

O Estado de São Paulo, embora seja uma das áreas mais dinâmicas do Brasil, para

Egler et al. (2013), ainda apresenta desigualdades territoriais expressivas, refletindo assim sob

o ponto de vista de sua coesão territorial. Em 2009, por exemplo, apenas uma das 22 UGRHIs

contava com o zoneamento ecológico econômico (ZEE) aprovado (UGRHI Litoral Norte) e

somente o Vale do Paraíba contava com um plano de mineração, que diz respeito à extração de

areia nas suas várzeas. Na mesma época, poucos planos regionais de resíduos sólidos estavam

consolidados, como o do Alto Tietê, Baixada Santista e Vale do Ribeira (SMA/CPLA, 2009).

Atualmente a SMA, por meio de sua Coordenadoria de Planejamento Ambiental, investe

esforços na finalização deste ZEE para São Paulo.

A gestão destas unidades territoriais deve integrar os vários aspectos que interferem

no uso dos recursos hídricos e na sua proteção ambiental. A bacia hidrográfica permite essa

abordagem integrada e, segundo Yassuda (1993), a bacia hidrográfica é o palco de interação

das águas com o meio físico, o meio biótico e o meio social, econômico e cultural da localidade.

Configurando, portanto, como elemento integrativo e facilitador para análises de

vulnerabilidade ambiental, englobando fatores locais do meio físico, do ambiente e da

agropecuária ali desenvolvida.

Guivant e Jacobi (2003) afirmam que se trata de uma concepção de gestão pública

colegiada, com negociação sociotécnica, através dos CBHs, na qual a legislação de recursos

hídricos reserva à sociedade civil uma responsabilidade central na condução da política e da

gestão desses recursos.

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As UGRHIs constituem unidades territoriais que possuem limites geográficos bem

definidos e permitem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos e já é utilizada por

políticas públicas como o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), responsável por

financiar empreendimentos voltados a preservação e conservação das águas em São Paulo.

Conforme o artigo 20 de sua lei de criação são formadas por partes de bacias hidrográficas ou

por um conjunto delas, que levam em consideração os limites hidrológicos, porém

acrescentando em alguns limites, questões políticas que facilitem a gestão do território.

Cidade (2013) apresenta a ideia de que o tema da vulnerabilidade como um risco

do lugar é introduzido como uma articulação dos temas da vulnerabilidade de cunho ambiental,

social e espacial, com uma perspectiva de análise interdisciplinar.

As multivariáveis envolvidas em análises sobre vulnerabilidade exigem

ferramentas que permitam comparar as variáveis entre si, e ponderar pesos para cada uma delas,

auxiliando assim os processos de escolha dos mais importantes, tudo isto num ambiente de

análise que leve em consideração o caráter geoespacial das variáveis, e o uso dos SIG vêm

sendo cada vez mais presentes neste tipo de análises, que segundo Cowen (1988) permitem um

sistema de suporte que integra dados referenciados espacialmente num ambiente de respostas a

problemas. É destacado por Assad e Sano (2003) que existem três principais maneiras de se

utilizar o SIG: como ferramenta para produção de mapas, como suporte para análise espacial

de fenômenos, e como função de armazenar, processar e recuperar informações espaciais.

Trabalhos que integram esse tipo de concepção, unindo a análise espacial e

conceitos de vulnerabilidade, são cada vez mais frequentes associados a processos de análise

hierárquica (AHP – acrônimo em inglês para Analytic Hierarchy Process) através de

comparação de pares para estabelecer a relação entre as variáveis, tendo-se como exemplo

Thanh e De Smedt (2011), Song et al. (2010), e Ying et al. (2007).

O AHP é uma técnica de tomada de decisão multicritério, que pode ser utilizada

dentro de um ambiente de SIG. Ho (2008) destaca que a eficácia do AHP na avaliação de

problemas que envolvem múltiplos e diversos critérios levou ao seu reconhecimento em

diferentes campos de aplicação. Ouma e Tateishi (2014) explicam que os métodos de análise

multicritérios fornecem uma estrutura que pode lidar com diferentes pontos de vista sobre a

identificação dos elementos de um problema de decisão complexa, organizar os elementos em

uma estrutura hierárquica e estudar as relações entre as componentes do problema.

Dando suporte ao estudo da vulnerabilidade ambiental, destacam Rodrigues e

Júnior (2012), o AHP, desenvolvido por Thomas L. Saaty na década de 70 consiste na criação

de uma hierarquia de decisão, composta por níveis ou classes de importância que permitem uma

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visão global das relações inerentes ao processo. Para estabelecer a importância relativa de cada

fator da hierarquia são elaboradas matrizes de comparação para cada nível, onde os resultados

das matrizes são ponderados entre si (Silva e Nunes, 2009).

É fundamental a estruturação do problema pelo tomador de decisão, o que é

facilitado pelo uso da AHP, pois permite uma estrutura hierárquica dos critérios, com alocação

de pesos a critérios específicos, permitindo-se assim lidar com decisões complexas devido a

multicritérios envolvidos. É dito por Estoque e Murayama (2010) que o AHP ao invés de

prescrever uma decisão correta, ajuda o tomador de decisão a encontrar o que melhor se adapte

às suas necessidades e sua compreensão do problema, permitindo a participação ativa dos

tomadores de decisão na exploração de todas as opções possíveis para entender completamente

os problemas subjacentes antes de chegar a um acordo ou chegar a uma decisão. Portanto, a

finalidade do AHP é julgar as alternativas dadas para um determinado objetivo, desenvolvendo

prioridades para essas alternativas e para os critérios selecionados (Ouma e Tateishi, 2014).

Na utilização do AHP, Saaty (2008) enfatiza que esta é uma técnica de comparação

par-a-par, usada para derivar as prioridades para os critérios em termos de sua importância na

realização do objetivo, com comparações de pares em termos de seu peso em relação a cada

critério. O AHP baseia-se assim em três princípios: decomposição, julgamento comparativo e

síntese de prioridades.

O uso desta técnica na análise de vulnerabilidade voltada ao rural produtivo, na

delimitação territorial em UGRHIs no Estado de São Paulo, permite que análises sejam

realizadas numa concepção de ação local, levando-se em conta particularidades inerentes às

diferentes regiões hidrográficas paulistas, num ambiente de SIG com análise multicritérios. Os

resultados para cada UGRHI podem ser vistos como espaços locais para ações regionais, devido

as especificidades conjuntas destas regiões, tanto físicas, bióticas e econômicas, permitindo

ainda que as ações derivadas sejam implementadas em maior medida, pois estas unidades

possuem recursos próprios do erário para a condução de políticas públicas de mitigação das

vulnerabilidades apontadas.

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Essentially, all models are wrong, but some are useful.

George Box and Norman Draper16

3.6. Contribuições da agropecuária paulista para as mudanças climáticas

Strapasson (2015) afirma que agricultura, pecuária, silvicultura e bioenergia

representam os principais tipos de utilização de terras férteis em todo o mundo, e, portanto,

mudanças na demanda por produtos destes setores podem afetar, direta ou indiretamente, a

dinâmica global do uso da terra.

Estimativas da UN (2013) apresentam que a população mundial deverá aumentar

de cerca de 7 bilhões em 2014 para cerca de 9,6 bilhões até 2050. Preocupando sobremaneira a

gestão de um estado produtor e exportador de produtos agropecuários, como é o caso de São

Paulo, tornando-se assim essencial, de acordo com Conway (2012), encontrar novas

alternativas econômicas para a população rural, melhorando suas fazendas, vilarejos e cidades

de forma sustentável.

Carvalho et al. (2010) colocam que tem sido crescente a preocupação mundial em

relação às mudanças do clima no planeta, decorrentes, principalmente, das emissões de dióxido

de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa (GEE), como o metano (CH4) e o óxido nitroso

(N2O), os quais contribuem no efeito estufa natural do planeta, que ocorre devido às

concentrações de GEE na atmosfera.

As mudanças climáticas são apontadas por Rockström et al. (2009) como fronteira

ao desenvolvimento humano que já foi extrapolada, o que permite entende-la numa perspectiva

sistêmica, no sentido das interações entre os sistemas naturais e antrópicos, reforçando assim a

necessidade de atenção quanto aos limites atuais e futuros de emissão de GEE.

Segundo informações nos relatórios do IPCC (2001) e (2007), o aumento da

emissão de GEE pelo homem causa modificações no regime hídrico e na temperatura global,

influenciando diretamente a produtividade das culturas e, conforme simulações, as regiões de

clima tropical serão as mais afetadas, com redução acentuada na produção agrícola.

No Brasil, mais de 70% da emissão dos gases causadores do efeito de estufa estão

relacionadas à mudança de uso da terra e à atividade agropecuária (Brasil, 2009). Cerri e Cerri

(2007) afirmam ainda que, para a realidade brasileira, as emissões de GEE oriundas da mudança

de uso da terra e agricultura são bem mais acentuadas percentualmente, representando cerca de

75%, 91% e 94% do total de emissões de CO2, CH4 e N2O, respectivamente.

16 BOX, G.E.P.; DRAPER, N. Empirical model-building and response surfaces. John Wiley & Sons, 1987.

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O Brasil, como os demais países em desenvolvimento, vem passando por

dificuldades de adaptação de seus sistemas produtivos às alterações que visem a redução de

emissão de GEE (Ogle et al., 2013). Reduções estas, acordadas e definidas no Acordo de Paris17

realizado no ano de 2015, que é interpretado por alguns autores, como destacam Souza e

Corazza (2017) sendo uma abordagem bottom up18 para as negociações climáticas, em que os

países signatários se comprometem a elaborar políticas nacionais de redução de GEE visando

o impacto no global (Okereke e Coventry, 2016).

Cordeiro et al. (2017) destaca que a primeira Conferência da Organização das

Nações Unidas sobre o Clima após a assinatura do Acordo de Paris, a COP 22, ocorrida em

Marrakech em 2016, colocou o Brasil em papel de destaque ao ressaltar a importância da

adaptação dos países às mudanças climáticas, da agricultura e segurança alimentar e das

florestas, sinalizando a importância do financiamento internacional para atingir as metas

propostas de redução de emissões.

No âmbito desse acordo, Andrade et al. (2017) salientam que a contribuição do

Brasil considera iniciativas para três setores (mudança do uso da terra e florestas, energia e

agropecuária) que representam a maior participação no perfil brasileiro de emissões em 2012.

O Estado de São Paulo, devido ao seu expressivo grau de industrialização e baixos

índices de desmatamento atuais, possui um perfil oposto ao do país quando verificadas a

participação dos diferentes setores na emissão de GEE. CETESB (2011) apresenta que,

enquanto no Brasil os setores de Mudança de Uso da Terra e Floresta, Agropecuária, e Energia,

figuram entre os de maior importância, representando 60,6% (principalmente devido ao

desmatamento da região Amazônica), 19,0% e 15,0% das emissões de GEE, consecutivamente,

o Estado de São Paulo têm os setores de Energia, Agropecuária, e Indústria como os de maior

emissão, representando 57,2%, 21,3%, e 14,7% das emissões totais.

Farias (2015) destaca que, como referência internacional, a economia do Estado de

São Paulo pode ser comparada à média de diversos países, pois sua capital é uma das maiores

cidades do mundo, é a terceira unidade administrativa mais populosa da América do Sul,

superada apenas pelo próprio Brasil e pela Colômbia, e uma das dez maiores Bolsas de Valores

(Bovespa). A visualização dos números relativos às emissões dos três principais GEE pelo

Estado de São Paulo (Tabela 1), comparativamente ao Brasil, permite a constatação de que

17 Tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC - sigla em

inglês), que rege medidas de redução de GEE a partir de 2020. 18 Termo em inglês para estratégias de processamento de informação e ordenação do conhecimento realizada de

“baixo para cima”, usado em vários campos, incluindo software, humanística e teorias científicas.

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aproximadamente 9% das emissões brasileiras de gases que afetam o clima, são provenientes

deste Estado. De Azevedo (2016) destaca que, não se considerando as emissões por mudança

de uso do solo, São Paulo e Minas Gerais despontam como os principais emissores do país,

seguidos do Rio Grande do Sul. Destaca-se que São Paulo é a unidade da federação com maior

potencial de impacto na emissão considerando-se os setores de energia, indústria e

agropecuária.

Barreto (2015) apresenta que São Paulo é o estado com maiores emissões de GEE

no setor de Energia, estando o setor da Agropecuária com expressiva responsabilidade nas

emissões que afetam o clima, principalmente pelo fato de ser um setor emissor de CH4 e N2O.

Tabela 1 – Emissão dos principais GEE no Brasil e em São Paulo, para o ano de 2016.

CO2 CH4 N2O

Brasil emissão (tCO2eq) 1.582.947.301 18.250.734 630.488

Estado

de São

Paulo

Emissão (tCO2eq) 97.511.797 1.626.397 58.672

% de emissão em relação ao

Brasil 6,2 8,9 9,3

Setor de maior emissão Energia (84%) Resíduos (57%)

Agropecuária

(85%)

Setor de segunda maior

emissão Mudança de Uso da

Terra e Floresta (8%)

Agropecuária

(40%) Energia (10%)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de SEEG (2018).

Analisando-se o PIB nacional e dos estados, é destacado por CETESB (2011) que

para cada mil reais produzidos no país, é emitido 0,72 tCO2eq, enquanto no Estado de São

Paulo, a mesma produção corresponde a 0,14 tCO2eq, o que equivale a 20% do indicador

nacional. É necessário cuidado neste tipo de análise, pois como pode-se observar na Tabela 1,

o percentual das emissões de São Paulo é baixo comparado ao cenário nacional, e o

desmatamento da Amazônia e Cerrado podem distorcer esta análise.

Blain (2009) afirma que estudos sobre tendências climáticas adquirem grande

importância ao ser considerado que na agricultura brasileira, o mais importante fator de risco é

a precipitação pluvial. Blain et al. (2009), utilizando testes estatísticos paramétricos e não

paramétricos, indica que haverá consideráveis elevações nas séries anuais de temperatura

mínima do Estado de São Paulo.

Godecke (2013) correlaciona os picos nos níveis de GEE atmosféricos no planeta

ao aumento das temperaturas, permitindo estabelecer uma relação de causa e efeito entre o

aumento na concentração de GEE e o aquecimento global. No Estado de São Paulo, a emissão

dos três principais GEE ao longo dos últimos 22 anos é apresentada na Figura 6, conforme

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SEEG (2018). Segundo comunicados da Associação Brasileira da Indústria Química

(ABIQUIM), a diminuição das emissões de óxido nitroso no Estado (Figura 6(c)), se deve a

alterações nos processos produtivos de plantas industriais de fertilizantes e de ácido nítrico.

Dióxido de carbono (Figura 6(a)) e metano (Figura 6(b)) demonstram leve crescimento nas

emissões com o passar dos anos, fato também verificado nas emissões de N2O (Figura 6(c)),

excluindo-se o setor de processos industriais.

Figura 6 – Emissões totais dos três principais GEE no Estado de São Paulo conforme setor

produtivo: (a) CO2 - emissões em MtCO2eq, (b) CH4 - emissões em ktCO2eq, e (c) N2O -

emissões em ktCO2eq. (a)

(b)

(c)

Fonte: SEEG, 2018.

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Barreto (2015) ressalta que 23% das emissões totais de GEE em São Paulo são

oriundas de mudanças do uso da terra e agropecuária e salienta que os estados com maior

proporção de emissões de GEE oriundos da agropecuária e de mudanças do uso da terra são os

que geram menor PIB por unidade de emissão (R$/GtCO2eq). São Paulo apresenta

aproximadamente R$10.727 produzidos em sua balança comercial, para cada bilhão de tonelada

de dióxido de carbono equivalente emitido, figurando como o de maior importância nesta

relação economia e emissão de GEE. Porém é importante destacar que, esta relação apenas

mascara o impacto negativo sobre esses indicadores, do desmatamento elevado, o qual, no caso

do território paulista, já teve a maior parte de sua vegetação nativa extinta nas últimas décadas.

Muitos interesses econômicos estão envolvidos na redução e/ou aumento da

emissão de tais gases (Hoffman, 2011), figurando um embate entre setores da economia e

estados nacionais, conforme seus interesses de modelos de desenvolvimento. À medida que a

sociedade enfrenta a necessidade urgente de mitigar a mudança climática, é cada vez mais

importante compreender as contribuições dos ecossistemas terrestres para o clima (Anderson-

Teixeira e DeLucia, 2011), delimitando-se e quantificando-se seu potencial de absorção e

emissão de GEE. Desta forma, Smith et al. (2008) destacam que as decisões de gestão de terras

contribuem significativamente para o balanço dos orçamentos globais de GEE.

Estudando as temperaturas do Estado de São Paulo nos últimos 50 anos, Fante e

Sant'Anna Neto (2017) concluíram que há uma tendência positiva de aumento nas temperaturas

na maioria das cidades de pequeno e médio porte, e que as maiores temperaturas atingiram os

maiores ápices durante a década de 2000, o que pode indicar certa correlação com os aumentos

de emissão de GEE da Figura 6.

Estudando padrões climáticos no Estado de São Paulo, Blain et al. (2009) afirmam

que os fatores de escala local indicam que se sobrepõe a possíveis fatores de escala global para

as regiões paulistas, o que também é concluído por Fante e Sant'Anna Neto (2017), que afirmam

que apesar do padrão de aumento de temperatura que verificaram na última década, existem

relações importantes de âmbito local, pois cidades localizadas em regiões de características

semelhantes, apresentaram padrões de temperaturas diferentes, o que levou os autores à

hipótese de que em determinadas situações a interação superfície-atmosfera em escala local,

sobressai e é suficientemente capaz de modificar e intensificar padrões atmosféricos.

As análises sistemáticas do IPCC indicam que o aumento da temperatura média

global do planeta será ainda maior no futuro, com previsão de aumento das temperaturas médias

globais entre 0,3 e 7,8ºC, até o final do século, tentando demonstrar assim, que tal aquecimento

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é causado por ações antrópicas. Indica-se assim, a necessidade de ações por parte da sociedade

civil, empresas e demais instituições para auxiliar na mitigação dos impactos causados pelas

emissões de GEE, necessitando de ações cada vez mais urgentes. Para a demonstração dos

efeitos do aquecimento, são usados cenários chamados de caminhos de concentração de GEE

(RCP - Representative Concentration Pathway), sendo quatro caminhos utilizados para as

modelagens climáticas, que descrevem diferentes futuros climáticos: RCP2.6, RCP4.5, RCP6

e RCP8.5, rotulados após uma possível faixa de valores de força radiativa no ano 2100 em

relação aos valores pré-industriais (+2,6, +4,5, +6,0, e +8,5 W/m2, respectivamente).

Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

Sustentável no Rio de Janeiro em 1992 (Eco-92), as discussões sobre o tema foram iniciadas,

culminando o processo, em 2009, na Conferência de Copenhagen/Dinamarca (COP-15), na

qual ficaram estabelecidos compromissos entre os países participantes para redução de suas

emissões de GEE, sendo o Brasil um de seus signatários.

No Brasil, a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) oficializa o

compromisso voluntário do Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre

Mudança do Clima de redução de emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% das

emissões projetadas, até 2020. Ela foi instituída em 2009 pela Lei Federal nº 12.187/09,

buscando garantir que o desenvolvimento econômico e social contribua para a proteção do

sistema climático global.

Em 2009, anterior à iniciativa nacional, o Estado de São Paulo instituiu sua Política

Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), através da Lei Estadual nº. 13.798/09,

regulamentada pelo Decreto Estadual nº. 55.947/10, com meta de redução de gases de efeito

estufa do Estado, se comprometendo a 20% de redução até o ano de 2020, tendo como

referência o ano base 2005.

No ano seguinte, com o Decreto estadual n° 55.947/2010 é criado o Conselho

Estadual de Mudanças Climáticas, e posteriormente no ano de 2012, a Secretaria do Meio

Ambiente publica a Resolução SMA5 de 19/01/2012, com vistas a orientar ações para o

cumprimento da PEMC, percebendo-se assim um esforço conjunto para aplicação de tais

medidas, porém ainda incipientes.

No âmbito federal, em 2012 é lançado o Plano ABC (Agricultura de Baixa emissão

de Carbono), conforme Brasil (2012), e então em 2016 o Estado de São Paulo publica sua versão

de aplicação às realidades paulistas deste plano, o ABC paulista, e conforme seus autores, as

ações de mitigação vêm ocorrendo e serão intensificadas, tendo como foco:

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Recuperar áreas degradadas, adotar o sistema de plantio direto, a integração

de lavoura, pecuária e floresta, a recomposição de matas ciliares, a

recuperação de nascentes, a adoção de agentes biológicos, a readequação

das estradas rurais para que a água não corra mais pelas vias provocando

erosão e assoreando os córregos e rios, mas penetre no solo e abasteça o

lençol freático do subsolo, são algumas das tecnologias amigáveis ao meio

ambiente que permitem à agricultura paulista, enquanto parte da agricultura

brasileira, demonstrar seu forte compromisso com a sustentabilidade. (Plano

ABC paulista, 2016)

O Plano ABC Paulista é voltado especificamente ao setor agropecuário e de

mudanças do uso da terra e florestas, e é coordenado pela pasta da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento. Possui dentre as práticas e ações a serem incentivadas, os sistemas de uso e

manejo para a produção agropecuária, como o sistema de plantio direto (SPD), o sistema de

integração lavoura-pecuária (ILP) sob plantio direto, a adoção de reflorestamentos, o manejo

das pastagens, a colheita sem queima da palhada de cana-de-açúcar, entre outros. Tais práticas

são destacadas por Carvalho et al. (2010) como elementos importantes para alterar

consideravelmente os estoques de carbono no solo, e a emissão de GEE do solo para a atmosfera

e, consequentemente, sendo importantes no que se refere à mitigação do aquecimento global

do planeta.

Os benefícios da implantação de instrumentos políticos de redução de GEE podem

também se estender a outras ações destinadas à melhoria da qualidade ambiental, como aumento

de áreas plantadas, recuperação de áreas degradadas, e redução de outros gases poluentes (Lima,

2002).

No objetivo de contribuir à políticas de incentivo de ações de menor impacto ao

ambiente, o Estado de São Paulo destaca-se com a promulgação dos seguintes normativos

legais: Lei de uso, conservação e preservação do solo agrícola (Lei Estadual n° 6.171/1988);

Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei Estadual nº 7.663/1991); Política Estadual de

Saneamento (Lei Estadual nº 7.750/1992); Política Estadual do Meio Ambiente (Lei Estadual

nº 9.509/1997); diretrizes e normas para proteção e recuperação das bacias hidrográficas dos

mananciais de interesse regional (Lei Estadual nº 9.866/1997); Política Estadual de

Gerenciamento Costeiro (Lei Estadual nº 10.019/1998); benefícios fiscais no ICMS para

indução da economia verde19 (Decreto Estadual nº 45.490/00); compras públicas obedecendo a

critérios de preservação ambiental (Decreto Estadual nº 50.170/2005); Política Estadual de

Resíduos Sólidos (Lei Estadual nº 12.300/2006); Política Estadual de Educação Ambiental (Lei

19 Definida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente como “uma economia que resulta em

melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a

escassez ecológica.

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Estadual nº 12.780/2007); utilização e proteção da vegetação nativa (Lei Estadual n°

13.550/2009); pagamento por serviços ambientais (Decreto Estadual nº 55.947/2010);

estratégia para o desenvolvimento sustentável (Decreto Estadual nº 58.107/2012).

No trabalho de Verburg et al. (2004) é dito que a análise de cenários com modelos

de uso da terra pode apoiar o seu planejamento e sua política de uso, estando disponíveis

numerosos modelos de uso da terra, desenvolvidos a partir de diferentes origens disciplinares,

os quais apoiarão melhor a análise da dinâmica do uso da terra e da formulação da política de

uso da terra.

Desta forma, modelos que permitam estimar a emissão de GEE ao longo do tempo,

conforme ações tomadas no presente, e que levem em consideração a importância do uso do

solo, se fazem fundamentais para prognósticos de assuntos ligados ao rural.

Fearnside (2006) destacou que o crescimento contínuo do efeito estufa, como

projetado por todos os modelos climáticos na ausência de mudanças significantes nas emissões

antropogênicas mundiais, implicará em eventos como o El Niño, cada vez mais frequentes e

provavelmente mais severos.

Elizondo et al. (2017) destaca que a mitigação das mudanças climáticas envolve um

grande número de variáveis complexas, exigindo o uso de modelos integrados para ter uma

visão abrangente dos sistemas do problema, soluções viáveis e compensações para desenvolver

novas estratégias políticas.

Visando a visualização de cenários futuros, de ações realizadas no presente, em

ações de cunho ambiental que promovam a diminuição de emissões de GEE, vários modelos

matemáticos começam a ser disponibilizados na web, tanto embasados e formulados

cientificamente (Peck e Teisberg, 1992, Manne et al., 1995, Guenther et al., 2006, Morris et al.,

2012), como de cunho informativo e comercial (iniciativa verde, idec, bndes, webco, bancos

particulares, entre outras).

Segundo DECC (2016), o Reino Unido foi o primeiro país a implantar uma

calculadora nacional, realizando prognósticos do aumento da temperatura global para o ano de

2050, incentivando assim o desenvolvimento de calculadoras para diversos outros países20. O

Brasil, baseado nesta calculadora, desenvolve uma calculadora voltada a energia, elaborada

pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com o suporte do Departamento de Energia e

Mudanças Climáticas do Reino Unido (atual BEIS) e da Embaixada Britânica no Brasil21.

20 No endereço eletrônico na web, https://www.2050.org.uk/calculators, são apresentados os desenvolvidos

atualmente, com seus respectivos modelos e documentações técnicas. 21 Disponível em: http://calculadora2050.epe.gov.br/calculadora.html.

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O uso de tais calculadoras tornou-se relativamente popular nos últimos anos, dada

a sua simplicidade, transparência, e a possibilidade de executar diferentes cenários de forma

interativa junto a um público amplo, incluindo não especialistas em modelagem ou questões de

energia (Elizondo et al., 2017).

No ano de 2015 é lançada a Calculadora Global (The Global Calculator22), uma

calculadora voltada para o global, desenvolvida pelo antigo Departamento de Energia e

Alterações Climáticas do Reino Unido (DECC), em colaboração com a Comunidade de

Conhecimento e Inovação Climática (Climate-KIC) da União Européia e outros parceiros

internacionais. O modelo da Calculadora Global, segundo Strapasson, Woods e Mbuk (2016) e

também Strapasson et al. (2017) mostram que mudanças nos padrões alimentares, bioenergia e

uso da terra, incluindo a dinâmica do carbono do solo, podem ter um impacto muito

significativo nas emissões de GEE.

A Calculadora Global é um modelo de engenharia baseado em dinâmica de

sistemas, ou seja, em estruturas de estoque e fluxo, como apresentado no trabalho de Voinov

(2008), e realiza uma avaliação integrada da energia do mundo, uso explícito da terra e sistemas

alimentares até 2050, indicando que a gestão da terra é essencial para alcançar um futuro de

baixo carbono e fornecer energia renovável à população mundial. Nessa linha de utilização

racional de recursos, Souza et al. (2017), destacam que a produção sustentável de biomassa

exige políticas apropriadas para garantir investimentos de longo prazo para seu apoio, a fim de

melhorar a produtividade das culturas e também obter benefícios ambientais, econômicos e

sociais completos dos sistemas de cultivo de bioenergia, incluindo a segurança alimentar.

Bierhals et al. (2018) destacam que o Brasil possui expressiva contribuição em

cenários globais de mudanças climáticas e indicam a necessidade de uso de diferentes modelos

de projeções e também cenários variados de alterações climáticas globais, para que assim os

resultados tenham uma menor incerteza.

Na presente tese, fez-se uso da Calculadora Global numa análise comparativa de

quatro cenários, tendo o setor produtivo agropecuário como referência, para a mitigação de

carbono do Estado de São Paulo, e seu consequente impacto no futuro do clima global.

Buscando-se assim como Elizondo et al. (2017), fornecer uma análise do modelo gerado pela

calculadora, para entender o papel do setor agropecuário produtivo, para reduzir as emissões de

GEE, e auxiliar na orientação de novas políticas públicas no Estado, através de análise

comparativa.

22 Disponível no endereço eletrônico da web: http://tool.globalcalculator.org.

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O principal objetivo da educação é criar homens que

sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente

repetir o que as outras gerações fizeram.

Jean Piaget23

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Base de dados

A base de informações das análises aqui realizadas é o Levantamento Censitário de

Unidades de Produção Agropecuária (LUPA) nos anos agrícolas de 1995/1996, 2007/2008 e

2017/2018 (esse último correspondendo aos dados não depurados), realizados pela Secretaria

de Agricultura e Abastecimento (SAA) por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica

Integral (CATI) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA) (SÃO PAULO, 2008). A unidade

básica de análise é a Unidade de Produção Agropecuária (UPA).

Dentre os objetivos específicos do LUPA destacam-se que o mesmo é base para

planejamento macroeconômico e orientação microeconômica do trabalho da SAA e de suas

unidades e atende a Lei estadual n° 8.510, de 29-12-1993, obtendo os dados sobre área cultivada

em São Paulo. Essa Lei introduziu a área cultivada como um dos critérios no cálculo de índice

de participação percentual dos municípios do Estado de São Paulo no Imposto sobre Operações

Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte

Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).

O questionário do LUPA (Anexo 1) pode ser classificado como entrevista

estruturada, servindo de base a diferentes níveis de pesquisa, sejam elas descritivas, explicativas

ou prognósticas. A divulgação dos dados obedece a regras definidas pela SAA, observando-se

o sigilo das informações individuais, apresentando resultados agregados por município e

Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR), sendo este último uma delimitação de

gerenciamento regional das atividades da CATI.

O período de referência do levantamento refere-se sempre ao ano agrícola, o que

explica a existência de parte de dois anos civis na caracterização de cada censo, sendo as

informações nele contidas relativas ao recenseamento de agosto do primeiro ano a julho do

último (exemplo LUPA 95/96, ou seja, de agosto de 1995 a julho de 1996). O ano agrícola

23 PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro/RJ, 1969.

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mostra mais claramente a situação do segmento rural e permite uma melhor avaliação

econômica e financeira com escopo voltado às tomadas de decisões a este setor.

A unidade de levantamento do recenseamento é a Unidade de Produção

Agropecuária (UPA), tendo sido preenchido um questionário para cada uma delas, visando-se

o levantamento de todo o conjunto destas. A definição de UPA é dada por: 1) conjunto de

propriedades agrícolas contíguas e pertencente ao(s) mesmo(s) proprietário(s); 2) localizadas

inteiramente dentro de um mesmo município, inclusive dentro do perímetro urbano; 3) com

área total igual ou superior a 0,1ha (porém, quando da existência de UPAs com áreas menores,

a mesma é levantada, atribuindo-se a esta a unidade mínima de área do levantamento); 4) não

destinada exclusivamente para lazer. No caso de existência de explorações apenas para

consumo próprio, levantou-se somente as UPAs que ocupam área igual ou superior a 0,1 ha.

É importante destacar a precaução na realização de comparativos entre diferentes

bases de dados que porventura outros autores venham a realizar. Deve-se atentar à unidade de

levantamento de cada uma destas listagens de dados, pois propriedade rural baseada na escritura

em cartório, produtor rural (ou pessoa que explora a propriedade), estabelecimento

agropecuário (base do IBGE) e imóvel rural (base do Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária - Incra) são todas diferentes entre si e, portanto, necessitando de atenção na

comparação dos dados numéricos.

Pino (2009) destaca que não faz sentido comparar o número de UPAs com o número

de estabelecimentos rurais, a unidade de levantamento utilizada pelo IBGE, porque se tratam

de conceitos diferentes. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2000), o próprio

IBGE reconhece que a mudança do período de referência para o ano agrícola em seus

recenseamentos (antes de 1995 era o ano civil), fez com que os resultados do Censo de 1995-

1996 não sejam comparáveis aos dos censos agropecuários anteriores. Por isso, este autor

destaca a importância do LUPA, que mantém a unidade amostral e o período de análise para o

Estado de São Paulo.

O recenseamento se baseia na resposta que o recenseado provê ao entrevistador, o

que, no meio rural, pode caracterizar uma total inconformidade com a realidade por diferentes

fatores: não conhecimento por parte do produtor quanto às unidades exigidas no questionário,

desconfiança na informação de dados totais de sua produção e medo de possíveis retaliações

por parte do Estado, quando de assuntos ligados a questões ambientais.

Neste ponto salienta-se que os entrevistadores do projeto LUPA, são agentes de

extensão rural, ligados diretamente ao produtor e à vida da comunidade de cada município,

favorecendo assim a obtenção de dados fidedignos com a realidade do campo, e sendo ainda

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favorecidos pelo seu conhecimento técnico das explorações agropecuárias envolvidas no

recenseamento. O produtor rural (entrevistado) possui confiança, ou pelo menos conhece a

pessoa que o está entrevistando, acreditando assim no seu direito de sigilo estatístico dos dados,

e nos possíveis retornos positivos que a coleta de dados poderá trazer à sua região.

Em princípio, uma UPA significa exatamente o mesmo que um imóvel rural. Ela se

afasta desse conceito somente nas seguintes situações: 1) quando o imóvel rural se estende por

mais de um município, considerando-se assim cada uma das partes em município diferente

como uma UPA; 2) se o imóvel rural corresponder a um assentamento, cada lote é considerado

como uma UPA; 3) nos casos em que haja área comum em nome de Associações, como

exemplo o Banco da Terra, considera-se a área comum como uma UPA.

Todas as unidades de produção agropecuária (UPAs) dos 645 municípios do Estado

de São Paulo foram o foco do LUPA, abrangendo as explorações vegetais e animais, mas não

as atividades de extrativismo.

Os dados levantados no LUPA referem-se tanto ao proprietário (ou arrendatário)

quanto a propriedade. Serão descritos apenas os dados alvos das análises no presente estudo.

Ocupação do Solo

A área total atual da UPA compreende a totalidade das terras que compõem a UPA,

sendo igual à soma das áreas descritas a seguir: 1) área com cultura perene (aquelas que crescem

durante vários anos até se tornaram produtivas, permanecendo então produtivas por vários anos,

não perecendo após a colheita); 2) área com cultura temporária (aquelas que completam

normalmente todo o seu ciclo de vida durante uma única estação, perecendo após a colheita;

aqui também foram incluídas as semi-perenes, com ciclo de vida em poucas estações); 3) área

com pastagem (compreende as terras ocupadas com capins e similares); 4) área com

reflorestamento (compreende as terras ocupadas com o cultivo de florestais exóticas ou

nativas); 5) área de vegetação natural (compreende as terras ocupadas com mata natural,

capoeira, cerrado, cerradão, campos e similares); 6) área de vegetação de brejo e várzea

(compreende as terras ocupadas com brejo, várzea ou outra forma de terra inundada ou

encharcada, sem utilização agropecuária).

Explorações Vegetais

O cultivo de vegetais é caracterizado pela espécie em questão, sendo levantada em

cada área, com características homogêneas, a área cultivada, a existência de irrigação, o cultivo

em forma de arrendamento ou parceria, se a colheita é manual ou mecânica, se utiliza-se a

técnica do plantio direto (ou plantio direto na palha – PDP, sendo esse um sistema de produção

agrícola no qual se evita a perturbação do solo, mantendo-o recoberto com resíduos como palha

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e/ou vegetação), e se o cultivo é realizado de forma orgânica, ou ainda, se a forma de cultivo

está em transição para ser orgânica.

Neste ponto ressalta-se uma observação, pois o conceito de áreas homogêneas

subentende o uso da mesma área por mais de uma exploração vegetal, como exemplo, o plantio

de mais de três culturas numa mesma área, podendo então uma área de 1 ha de cultura

temporária resultar em 5 ha de área cultivada (como no plantio consecutivo de alface, brócolis,

acelga e rúcula). Para tais análises se utilizará o índice conhecido como Multiple Crop Index

(MCI – índice de cultivos múltiplos), que é a relação entre área cultivada num mesmo ano

agrícola e área ocupada no cultivo, estabelecendo um valor que indica a intensidade do uso das

terras agrícolas. O MCI é a soma da área plantada para diferentes culturas colhidas em um único

ano, dividido pela área cultivada total, podendo ser expressa em porcentagem, ou como índice.

Destaca-se neste quesito a agrupação de algumas culturas em grandes grupos tais

como: grupo das olerícolas (abóbora [ou jerimum], acelga, alcachofra, alface, alho, aspargo,

batata-doce, batata-inglesa [ou batata, ou batatinha], berinjela, beterraba, brócolos [ou

brócolis], cará [ou acará], cebola, cebolinha, cenoura, chicória [ou chicória-de-folha-crespa],

chuchu, couve [ou couve-crespa], couve-flor, espinafre [ou espinafre-europeu], feijão-vagem

[ou vagem, ou feijão-verde], horta doméstica, hortelã, inhame, jiló, mandioquinha, maxixe [ou

pepino-das-antilhas], outras olerícolas, pepino, pimenta, pimenta-do-reino, pimentão, quiabo,

repolho, tomate envarado, tomate rasteiro, e viveiro de olerícolas), grupo dos grãos (alpiste,

amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, ervilha, fava [ou fava italiana], feijão, feijão-adzuki

[ou azuki], feijão-de-corda, feijão-de-lima, feijão-guandú [ou guandú, ou andú], gergelim,

girassol, grão-de-bico, lentilha, milheto, ,milho safra, milho 2a safra, milho-doce [verde], milho-

pipoca, milho-silagem, moyashi, painço, soja, sorgo, sorgo-vassoura, trigo, e triticale), e grupo

das frutas (abacate, abacaxi [ou ananás], abiu [ou caimito], acerola [ou cereja-das-antilhas],

ameixa, amora [ou amora-branca], amora [ou amora-preta], anona [fruta-do-conde, ou pinha,

ou atemóia], banana, cacau, cajá-manga, caju, caqui, carambola, cereja [ou cereja-da-europa],

coco-da-baía, damasco [ou abricó], figo [ou figo-da-europa], figo-da-índia, framboesa, goiaba,

groselheira [ou vinagreira], guaraná, jabuticaba, jaca, jambo, kinkan, kiri [ou quiri], kiwi, lichia,

maçã, macadâmia [ou noz-macadâmia], mamão, manga, mangustão, maracujá, marmelo,

melancia, melão, morango, nectarina, nêspera [ou ameixa-amarela], noz-pecã [ou pecã], outras

frutíferas, outras frutíferas temporárias, pera, pêssego, pitanga, pomar doméstico, romã,

seriguela [ou ciriguela], tâmara, tamarindo, tungue, urucum [ou urucu], uva fina, uva para

indústria, e uva rústica).

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Animais, Máquinas e Benfeitorias

A criação de animais é caracterizada pela espécie em questão, sendo levantado em

cada UPA o tamanho do rebanho (número de cabeças). Levantaram-se as quantidades de

máquinas e implementos, bem como de benfeitorias e instalações existentes na UPA.

Sobre o proprietário/arrendatário

Os seguintes dados a respeito do proprietário ou produtor são levantados: 1) se o

proprietário reside na própria UPA; 2) o nível de instrução do proprietário; 3) se o proprietário

é cooperado, associado ou sindicalizado, isto é, se faz parte de alguma cooperativa, associação

formal ou sindicato de produtores rurais, respectivamente; 4) o percentual correspondente à

participação das atividades agropecuárias na renda total do proprietário, independentemente de

quantas propriedades este possua. Supondo o caso de um proprietário que possua mais de uma

UPA e que viva exclusivamente da atividade agropecuária, foi lançado 100% em todos os

questionários a ele pertencentes, e não o percentual que cada UPA representa em sua renda

familiar; 5) se o produtor da UPA recebe assistência técnica oficial ou privada; 6) se foi

utilizado crédito rural na UPA nos últimos 12 meses; 7) se foi utilizado seguro rural na UPA

nos últimos 12 meses; 8) se é feita regularmente a escrituração agrícola (contabilidade de caixa)

na UPA; 9) se a UPA dispõe de energia elétrica para uso na atividade agrícola.

Tecnologia em Explorações Vegetais

No que diz respeito ao uso ou não de algumas tecnologias em explorações vegetais

é levantado: 1) Manejo Integrado de Pragas (MIP) - sistema de controle de pragas que integra

métodos biológicos e métodos químicos, através do uso de agrotóxicos seletivos em aplicações

localizadas, somente onde e quando o monitoramento indicar que a infestação atinge o nível

limiar de dano econômico; 2) Adubação mineral – uso de fórmulas ou adubos simples, farelados

ou granulados utilizados rotineiramente nas culturas; 3) adubação orgânica - uso de produtos

ou resíduos orgânicos, tais como torta de mamona, esterco de galinha, esterco de curral, palha

de café, restos de culturas, húmus de minhoca, composto orgânico, resíduos industriais ou

urbanos, entre outros; 4) adubação verde - plantio de culturas, geralmente leguminosas, visando

à melhoria das condições físicas e químicas do solo; 5) práticas de conservação do solo -

terraceamento, plantio em nível, plantio direto, cultivo mínimo, manutenção da cobertura

vegetal na entressafra, faixa de retenção vegetativa, entre outras; 6) análise de solo – realiza

coleta de amostras de solo para análises químicas ou físicas e emissão de parecer de adubação

e calagem.

As análises são voltadas às oito principais ocupações do solo no Estado, sendo:

pastagens, cana-de-açúcar, matas, eucalipto, laranja, milho (incluído o milho safrinha, plantado

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após a safra de verão), soja e café, que juntas correspondem atualmente a aproximadamente

76% da área total de São Paulo.

As análises têm como foco a correlação da utilização do solo pelas UPAs e os

parâmetros socioeconômicos dos proprietários, buscando-se assim um entendimento dos

critérios que favoreceram em menor ou maior medida as mudanças que serão constatadas na

ocupação do território.

A definição para análise do tamanho das propriedades será o Módulo Fiscal (MF),

que é um conceito introduzido pela Lei Federal n° 6.746/79, que altera o Estatuto da Terra (Lei

4.504/64), que define as caracterizações por tamanho das propriedades rurais, sendo estes

caracterizados entre minifúndio, pequena, média e grande propriedades ou latifúndios a partir

de um cálculo realizado através do MF. O MF é base para a aplicação da política agrícola

nacional, sendo uma propriedade com menos de 1 Módulo Fiscal classificada como minifúndio,

entre 1 e 4 MF’s classificada como pequena, entre 5 e 15 MF’s média, e sendo as propriedades

com mais de 15 MF’s consideradas grandes propriedades ou latifúndios. Cada município possui

um valor em hectares (ha) para o MF, sendo esse definido pelo Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA), e no Estado de São Paulo a variação é de 5 a 40 ha.

4.2. Agricultura urbana/periurbana

Para o entendimento e delimitação da agricultura urbana e periurbana se faz

necessária a delimitação das áreas urbanizadas em São Paulo. Tal necessidade fez com que o

autor realizasse em seu órgão de trabalho (CATI) o Projeto Urbanizado Paulista, estando o

mesmo disponível à população em geral (Apêndice 2). Para tal se utilizou de ortofotos de todo

o território paulista, com 1 metro de resolução espacial, coletadas entre os períodos mais secos

de inverno, dos anos de 2010 e 2011 (Emplasa, 2013). A escala de mapeamento utilizada foi de

1:10.000 para vetorização das áreas urbanizadas, em projeção Cônica Conforme de Lambert no

Datum SIRGAS 2000.

Visando-se definir parâmetros para posterior análise baseada no modelo de Von

Thünen, são propostos três índices para quantificação do urbanizado. O primeiro deles refere-

se ao quanto do município encontra-se urbanizado relativo a sua área total. Utilizou-se o termo

“Urbanização”, emprestado dos conceitos de estatísticas demográficas, mas aqui voltado ao

entendimento de análise espacial, sendo este a porcentagem de área urbanizada pela área total

do município (Equação 1).

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Urbanização (%) = Área urbanizada

Área do município × 100

...Equação 1

Para entender o quanto esse urbanizado possui de potencial de crescimento, propõe-

se o parâmetro “Frente de expansão” (Equação 2), o qual leva em consideração o número de

feições no município (diferentes núcleos urbanizados, sejam eles distritos, bairros, ou

condomínios rurais) multiplicado pelo perímetro total destas áreas urbanizadas.

Frente de expansão (km) = Número de feições × Perímetro urbanizado

...Equação 2

Tal indicador busca representar o quanto esta área urbanizada possui de potencial

de pressão sobre as áreas rurais, pois o tráfego de pessoas entre estes diferentes núcleos

urbanizados, tende a criar eixos de crescimento entre os mesmos (Figura 7), sendo assim,

quanto maior o número de feições, maior será o valor deste parâmetro, associado ainda com o

seu formato (perímetro), tais áreas tendem a se juntar com o passar do tempo.

Figura 7 - Exemplo de aplicação do parâmetro Frente de Expansão.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O quanto esse urbanizado impacta sobre o rural é o objetivo do terceiro indicador

proposto, denominado “Impacto do urbanizado” (Equação 3), o qual gera um valor em km².km,

sendo a área urbanizada multiplicada pelo perímetro urbanizado, representando o impacto de

crescimento sobre as áreas periurbanas.

Impacto do urbanizado = Área urbanizada × Perímetro urbanizado

...Equação 3

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76

Tal parâmetro busca representar e quantificar a tendência de quanto maior o número

de eixos de crescimento, bem como áreas de crescimento desordenado, maior será a pressão

sobre as áreas lindeiras a estes (Figura 8), uma vez que existe uma tendência natural de junção

física destes eixos, por processos de proximidade e especulação imobiliária.

Figura 8 – Exemplo de aplicação do parâmetro Impacto do urbanizado.

Fonte: Elaborado pelo autor.

De posse das equações apresentadas, buscou-se a identificação de diferentes níveis

de urbanização em São Paulo, e, baseado na teoria de Von Thünen, delimitar-se a distância do

que pode ser considerada área de agricultura periurbana, ou o primeiro anel do modelo, variável

conforme parâmetros da realidade local de cada área urbanizada.

4.3. Vulnerabilidade agrária-socioambiental

Para a análise de vulnerabilidade, com intuito de estabelecer a importância relativa

de cada fator no processo de identificação da vulnerabilidade ambiental, levando-se em

consideração parâmetros do ambiente, critérios socioeconômicos, econômicos e organizativos

das Unidades de Produção Agropecuária, será utilizada como unidade de análise espacial as 22

Unidades de Gerenciamento de recursos Hídricos - UGRHIs (Figura 9) do Estado de São Paulo,

vetorizadas conforme a base de municípios do IGC (2010).

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77

Figura 9 - Unidade de análise para o estudo de vulnerabilidade ambiental – UGRHIs.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O método AHP foi utilizado para hierarquização das variáveis envolvidas. Sendo

adotadas sete variáveis para a análise: critérios de uso do solo (práticas conservacionistas de

solo e exploração agrícola), critérios socioeconômicos, critérios econômicos, e critérios

ambientais (topografia, clima e solo), conforme Tabela 2.

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Tabela 2 - Critérios para análise de vulnerabilidade ambiental e sua função.

Critérios Função

Práticas de conservação do

solo realizadas pelas UPAs

Avaliar a capacidade dos agricultores para com a manutenção das

condições funcionais para a agropecuária

Exploração Agrícola

realizada pelas UPAs

Ponderar sobre a flexibilidade e velocidade de alteração de cultura

frente a mudanças

Critérios Socioeconômicos

das UPAs

Ponderar sobre a capacidade organizativa e de adaptação

socioeconômica

Critérios Econômicos das

UPAs

Ponderar sobre dependência financeira da produção agropecuária

pelo produtor

Topografia Ponderar sobre condições topológicas para a sustentabilidade de

atividades agropecuárias

Clima Ponderar sobre as condições climáticas para o bom

desenvolvimento de atividades agropecuárias

Solo Ponderar sobre a sustentabilidade do solo para o bom

desenvolvimento de atividades agropecuárias

Fonte: Elaborado pelo autor.

As variáveis da análise de vulnerabilidade são as contidas na Tabela 3, provenientes

de bases vetoriais disponíveis na web e dos dados do LUPA 17/18, divididas em alto, médio e

baixo grau de vulnerabilidade.

A variável “práticas conservacionistas do solo” refere-se às condutas do agricultor

nas explorações agropecuárias, sendo que sua contabilização se dará por porcentagem de UPAs

na UGRHI, indicando-se assim a porcentagem de envolvidos na aplicação de ações que visem

a conservação do recurso básico para as atividades agropecuárias.

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Tabela 3 - Critério de análise para vulnerabilidade.

Critérios Unidade Vulnerabilidade ambiental

Baixa Média Alta

Práticas de

conservação do

solo

Número

de UPAs

Realiza Plantio Direto

e/ou

Pelo menos duas

das práticas abaixo:

Menos que duas

das práticas ao

lado

Adubação orgânica

Adubação mineral

Realiza práticas de

conservação do solo

Adubação verde

Realiza Manejo

Integrado de Pragas

Realiza análises de

solo

Exploração

Agrícola

Número

de UPAs Grupo das olerícolas Grupo dos grãos Grupo das frutas

Critérios

socioeconômicos

Número

de UPAs

Realiza pelo menos

uma atividade

econômica rural e não

agropecuária:

Pelo menos quatro

ocorrências:

Menos que quatro

ocorrências dos

critérios ao lado

Transformação

artesanal

Utiliza assistência

técnica oficial

Turismo

rural/ecoturismo

Utiliza assistência

técnica privada

Restaurante/lanchonete É associado

Plasticultura É cooperado

Pesque-pague É sindicalizado

Outras atividades

econômicas rurais Utiliza crédito rural

Hotel

fazenda/pousada/spa

Dispõe de energia

elétrica

Hidroponia

Faz escrituração

agrícola

Utiliza seguro rural

Critérios

econômicos

Número

de UPAs

Menos que 40% da

renda proveniente da

UPA

Entre 40 e 70% da

renda proveniente

da UPA

Mais que 70% da

renda proveniente

da UPA

Topografia Área Declividades < 7° Declividades ≥ 7 e <

25°

Declividades ≥

25°

Clima Área

Am Cwb Aw

Af

Cfb Cfa Cwa

Cwc

Solo Área

Latossolos Argissolos Espodossolos

Gleissolos

Organossolos Nitossolos Neossolos

Cambissolos

Chernossolos Luvissolos Planossolos

Plintossolos

Fonte: Elaborado pelo autor.

As explorações agrícolas entram como critério de vulnerabilidade, pois o grupo das

olerícolas (área da horticultura que abrange a exploração de hortaliças e que engloba culturas

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folhosas, raízes, bulbos, tubérculos, frutos diversos e partes comestíveis de plantas) possui

baixa vulnerabilidade às mudanças climáticas, pois por serem culturas de ciclo curto, permitem

uma rápida adaptação pelo agricultor, permitindo-se a rápida alteração da exploração sobre a

área gerida, seguido do grupo dos grãos, pela sua característica temporária, porém de média

facilidade de alteração para outras (devido a área envolvida na exploração e os recursos

investidos em sua instalação), colocando-se o grupo das frutas como de alta vulnerabilidade,

devido a sua dependência do regime pluviométrico e clima, e ainda levando-se em conta a

dificuldade na alteração de cultura explorada, devido aos custos. Esta variável será

contabilizada conforme o número de UPAs envolvidas em cada exploração por UGRHI.

Os critérios socioeconômicos indicam a capacidade organizativa dos agricultores e

refletem a sua capacidade de mobilização diante de possíveis alterações climáticas e mudanças

no ambiente.

A variável topografia, clima e solo referem-se ao mapeamento da superfície do

território de São Paulo e são contabilizadas de acordo com as proporções de área de ocorrência

de cada parâmetro, conforme o grau de vulnerabilidade.

A necessidade de uma base única e com precisão cartográfica para a análise da

topografia levou o autor ao desenvolvimento do Projeto MDE CATI (Apêndice 3), disponível

à população em geral, consistindo este num modelo contínuo da superfície terrestre (CATI,

2016), ao nível do solo, representado por uma malha digital de matriz cartográfica encadeada,

ou raster, onde cada célula da malha possui um valor de elevação (altitude) do terreno, sendo

então calculada a declividade, por meio do fatiamento em classes de declive.

As classes de declive adotadas para a classificação da vulnerabilidade levam em

consideração as áreas de uso restrito (entre 25° e 45° - Lei Federal n°12.651/2012), e as áreas

passíveis de mecanização para a cultura da cana-de-açúcar (atualmente até 12%, ou seja, 7°).

O clima é proveniente da classificação efetuada por Alvares et al. (2013), na qual

os autores realizaram uma atualização da classificação climática de Koëppen (sistema de

classificação global dos tipos climáticos mais utilizada em geografia, climatologia e ecologia)

para São Paulo, sendo as ocorrências em São Paulo: climas tropicais (Aw-clima tropical com

estação seca, Am-clima de monção, Af-clima tropical húmido em clima equatorial) e climas

temperados (Cfa-clima temperado húmido com verão quente, Cfb-clima temperado húmido

com verão temperado, Cwa-clima temperado húmido com inverno seco e verão quente, Cwb-

clima temperado húmido com inverno seco e verão temperado, Cwc- clima temperado húmido

com inverno seco e verão curto e fresco). A separação das classificações climáticas nas classes

de vulnerabilidade alta, média e baixa se deu em função das características de disponibilidade

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81

hídrica e temperaturas adequadas ao longo do ano para o desenvolvimento das atividades

agropecuárias.

O sistema de classificação climática de Koëppen é amplamente utilizado para tal

descrição e vem sendo empregado em diversas áreas, tais como meteorologia (Vianello e Alves,

2013), climatologia (Rohli e Vega, 2012), geografia (Petersen et al., 2012), ecologia (Adams,

2009), e agrometeorologia (Pereira et al., 2002), além de ser descritivo sempre presente quando

de caracterização de áreas experimentais em trabalhos de revistas indexadas. Os tipos

climáticos de Koëppen são simbolizados por dois ou três caracteres, sendo que o primeiro indica

a zona climática e é definido pela temperatura e precipitação, o segundo considera a distribuição

das chuvas e o terceiro é a variação da temperatura sazonal.

Os grupamentos de solos, pertencentes a 12 classes de 1º nível taxonômico (Ordem)

foram obtidos de Rossi (2017), no qual a classificação pedológica das diferentes ocorrências de

solo do Estado é apresentada, tendo o autor agrupado levantamentos pedológicos de diversos

autores e regiões de São Paulo. A base de análise ocorre no nível de ordem dos solos, sendo as

ocorrências em São Paulo: Espodossolos (solos geralmente ácidos e pouco profundos),

Gleissolos (saturados com água), Neossolos (solos rasos e arenosos), Cambissolos (elevado teor

de minerais primários), Argissolos (possuem nítida diferenciação entre camadas do solo),

Nitossolos (solos homogêneos entre camadas e argilosos), Latossolos (solos profundos, bem

drenados e com alta resiliência), Organossolos (solos orgânicos, em condições de saturação

com água), Planossolos (solos minerais mal drenados), Plintossolos (presença de camada de

impedimento ao crescimento radicular), Luvissolos (camada subsuperficial com argila de

atividade alta e alta saturação por bases), Chernossolos (solos de cor escura, férteis e

agricultáveis).

No método AHP estabelece-se o objetivo, os critérios envolvidos e as alternativas,

conforme Figura 10. Os diferentes fatores que influenciam a tomada de decisão são comparados

dois a dois, na mesma ordem de importância estabelecida. Variáveis de maior importância

transmitem sua influência para as variáveis menos importantes, em níveis hierárquicos mais

baixos, que por sua vez contribuem também com a funcionalidade e coerência nos níveis

superiores (Saaty, 1986). Ao final do processo, os pesos gerados para cada variável irão gerar

uma função de agregação aditiva, na qual, para cada alternativa específica, será atribuído um

valor final que possibilitará a ordenação global de todas as alternativas.

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Figura 10 - Estrutura de análise hierárquica da vulnerabilidade ambiental.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A comparação pareada entre os critérios definidos foi realizada pelos técnicos das

Unidades Técnicas de Engenharia (UTE) da CATI, sendo esta equipe composta por onze

profissionais de nível superior, com mais de 30 anos de experiência em projetos de engenharia,

dentro dos programas da pasta da SAA (estradas rurais, práticas de conservação do solo,

atividades de geomática, planejamento de propriedades, entre outros), com ações desenvolvidas

em todo o território paulista, conhecendo assim as particularidades das diferentes realidades das

regiões, buscando-se trazer os elementos do local para as inferências regionais. Desta forma,

destaca-se que a ponderação entre as variáveis será sob a óptica dos gestores e atores do órgão

responsável pelas ações de extensão rural em São Paulo. A planilha base para a discussão em

reunião e atribuição de pesos dos critérios por comparação pareada é apresentada no Apêndice

1, a qual visa facilitar a visualização da comparação pela atribuição de cores e demonstração

visual das comparações. As entrevistas foram aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), CAAE nº 93797618.2.0000.8142

(CEP-UNICAMP), parecer número 2.917.644.

Os cruzamentos e processamento das informações foi realizado com uso dos

softwares ArcGIS versão 10.5.1 e Excel 2010, utilizando-se de ferramentas de consulta e

processamento espaciais, ferramentas avançadas de edição de tabelas e tabulação cruzada. Os

dados são provenientes e retroalimentados em banco de dados Oracle versão 12c.

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83

4.4. Simulando cenários

A ferramenta Calculadora Global (Global Calculator) foi utilizada para as

simulações de cenários de contribuição dos modelos da agropecuária paulista para o

aquecimento global. Esta ferramenta é um modelo integrado de energia, alimentos, uso do solo

e clima, de acesso livre e em escala global, mostra potenciais impactos sobre o sistema climático

global, relativos às simulações realizadas pelo usuário, com base nos últimos relatórios do IPCC

e de demais órgãos, tendo diversos especialistas envolvidos no projeto (Strapasson, 2014). Foi

lançado por um grupo de instituições internacionais, sendo um modelo completo e robusto,

congregando diferentes variáveis para sistemas dinâmicos, permitindo que os usuários

explorem diferentes opções para reduzir as emissões globais de GEE associadas aos sistemas

de terra, alimentos e energia no período até 2050.

A Calculadora Global apresenta uma nova abordagem metodológica para modelar

a dinâmica do carbono e da utilização do solo em uma escala global para os seguintes setores:

estilo de vida (características de deslocamento, residências e dieta), tecnologia e combustíveis

(características de transportes, das indústrias e edificações, produção de matérias primas, e uso

e produção de energia), terra e alimentos (características da produção agropecuária e de uso da

terra), e demografia e longo prazo (população e tendência de taxas de emissão).

Pela sua robustez metodológica, facilidade de uso, estruturação, e calibração com a

participação de pesquisadores de diferentes órgãos espalhados por todo o globo, e portanto,

assumindo diferentes níveis de entendimento da dinâmica global, o uso da Calculadora Global

pode trazer luz ao entendimento das possíveis consequências de diferentes cenários da dinâmica

do uso da terra em São Paulo, permitindo-se que sejam quantificados os efeitos do local, sobre

as consequências globais.

Seu uso na presente tese foi orientado para os quesitos ligados ao uso e ocupação

do solo, isolando-se os demais parâmetros, de acordo com a realidade do rural paulista e tendo-

se os dados do LUPA 17/18 como insumos para as simulações decorrentes, bem como as

tendências identificadas. A ferramenta Calculadora Global é controlada usando uma série de

parâmetros, com 4 diferentes níveis de esforço (1= esforço mínimo ou cenário pessimista, 2=

ambicioso mas possível , 3= muito ambicioso mas possível, e 4= extremamente ambicioso e

pouco provável), que representam mudanças que a comunidade envolvida poderia realizar para

mitigação, permanência ou evolução da mudança climática, contados a partir de agora até o ano

de 2050.

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Níveis de esforços das métricas de cada parâmetro, foram selecionados relativos

aos padrões de “Estilo de vida da população”, “Tecnologia e combustíveis”, e “Demografia e

Longo prazo”, conforme a realidade do Estado de São Paulo, identificada em diferentes bases

de dados públicas nacionais. Para a previsão de tendência das diferentes variáveis de cada

métrica foi utilizado o modelo de suavização exponencial simples.

Para os padrões citados anteriormente, os níveis de esforços foram mantidos

constantes, e dois cenários então foram construídos na ferramenta Calculadora Global,

selecionando os níveis de esforço que melhor correspondam ao respectivo estudo do LUPA,

bem como com características inerentes ao rural paulista, variando-se as métricas do padrão

“Terra e alimentos”, um tendendo a um cenário positivo de diminuição das emissões de GEE

referência, levando-se em conta as atuais iniciativas da governança paulista na redução da

emissão de GEE, e outro, numa perspectiva de cenário negativo destas políticas e

recrudescimento de ações de preservação do ambiente.

Dessa forma, diante do retrato atual do setor agropecuário, foram adotados

parâmetros para dois cenários diferentes, um positivo e um negativo, visando-se simular

tendências benéficas às políticas voltadas ao setor e de abstenção de ações que contribuam à

manutenção de seu desenvolvimento.

Foram ainda comparados com dois cenários pré-existentes na ferramenta, sendo:

a. “Relutância do Consumidor”: cenário em que os consumidores, de maneira geral,

relutam em aceitar novas tecnologias que tenham um impacto imediato no dia a dia,

exigindo assim uma necessidade de maiores esforços em outros setores,

especialmente em uso da terra, produção de alimentos, eficiência energética,

transporte e manufaturas, para manutenção do aumento de temperatura em 2°C acima

dos níveis pré-industriais, conforme o Acordo de Paris, e;

b. “Manutenção das Políticas Atuais”: cenário que leva em consideração apenas as

políticas atuais, ou seja, uma extensão das tendências atuais. Elaborado pela Agência

Internacional de Energia24, indica que a demanda de energia primária e as emissões

de CO2 aumentariam em cerca de 60% entre 2013 e 2050, com cerca de 1.700 GtCO2

de emissões acumuladas. Na ausência de esforços para estabilizar a concentração

atmosférica de GEE, o aumento médio da temperatura global acima dos níveis pré-

industriais é projetado para atingir quase 5,5°C a longo prazo. Chamado na interface

da Calculadora Global como rota “AIE 6DS (aprox.)”.

24 https://www.iea.org

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85

Não podemos esperar resultados rápidos. Devemos estar

comprometidos com isso a longo prazo.

Daisaku Ikeda25

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Panorama do rural produtivo paulista

Inicialmente é importante destacar o que Farinaci e Batistella (2012) apontam

quanto aos dados do LUPA, indicando que pelo fato dos entrevistadores do LUPA serem

assistentes agropecuários (corpo técnico com formação de nível superior) e auxiliares técnicos

da CATI, com experiência e proximidade para com os produtores rurais, levam a uma

facilitação quanto a condução das entrevistas e uma possibilidade de maior número de visitas a

propriedades, quando comparado ao censo agrícola do IBGE. Ressalta-se também que a simples

condução de um questionário junto a comunidade rural, sem a experiência no assunto por parte

de quem conduz a entrevista, pode resultar em respostas incorretas por parte do entrevistado,

devido a diferenças de unidades envolvidas (ha, alqueires, caixas, metro cúbico, e outras) e

ainda o fato do recorte temporal ser referente ao ano agrícola, o que reafirma a escolha, pela

adoção na presente tese, para com os dados do LUPA.

Landau et al. (2012) afirma que com a revisão do Código Florestal brasileiro (Lei

Federal n°12.651/2012), o tamanho dos módulos fiscais passou a ter importância como

parâmetro legal para indicação da largura obrigatória para recomposição das Áreas de

Preservação Permanente (APP) situadas na margem de cursos e corpos d’água naturais, bem

como para isentar propriedades rurais da responsabilidade de ter que recuperar ou recompor

áreas de Reserva Legal (RL). O MF serve ainda de referência para a concessão de crédito rural,

delimita o público das políticas oficiais de extensão rural, é parâmetro para a execução da

Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola, é utilizado na aplicação da alíquota no

cálculo do ITR e é um dos parâmetros para definição de agricultura familiar. Lopes e Rocha

(2005) afirmam também que é um conceito que tenta homogeneizar o potencial de geração de

valor da atividade agropecuária entre os municípios, devido à grande diversidade de solos,

infraestrutura, explorações, etc.

25 IKEDA, D. A new humanism: The university addresses of Daisaku Ikeda. IB Tauris, 2010.

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A distribuição do número de UPAs, de acordo com o estrato de seu MF, e sua

evolução nos últimos três censos em estudo é apresentado na Tabela 4, bem como sua variação

em porcentagem de um censo ao outro, e ainda sua variação acumulada.

Tabela 4 – Comparativo do número de UPAs, por estrato de tamanho da propriedade, entre os

três últimos censos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

É importante frisar que o censo LUPA 2017/2018, pelo fato de não ter passado por

um processo de depuração de seus dados coletados, bem como regiões importantes para a

agropecuária paulista como Sorocaba e Itapetininga não terem completado a atualização do

levantamento, podem levar a alterações de seus valores quando da publicação oficial, porém os

dados em análise na presente tese foram devidamente verificados com o censo anterior,

mantendo-se a consistência dos dados e sua localização espacial.

Nota-se que o número de UPAs em São Paulo, cresceu 12,7% nos últimos 23 anos,

que analisado em conjunto com a diminuição de 9,6% no número de latifúndios, e diminuição

também de 5,2% nas médias propriedades, com consequente aumento de 29,7% nos

minifúndios, vêm a demonstrar uma possível alteração do quadro exposto por Carvalho (2010),

de que o tipo da estrutura agrária do Brasil consiste e tem como traço essencial a concentração

da propriedade fundiária. O número de fracionamentos de médias propriedades e latifúndios,

por processos de partilha no inventário entre herdeiros, aumento do número de regularizações

de assentamentos de reforma agrária, e a aquisição cada vez mais frequente de moradores das

cidades por sítios e fazendas são algumas das justificativas.

De acordo com a Lei Federal n°12.188/2010, que institui a Política Nacional de

Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária

(PNATER), as pequenas propriedades são o alvo principal dos serviços de extensão rural

oficiais. Apesar da variação entre os censos 95/96, 07/08 e 17/18, desta parcela, com aumento

Tamanho

das UPAs

LUPA

1995/1996%

LUPA

2007/2008%

Variação

95/96 a 07/08

LUPA

2017/2018%

Variação

07/08 a 17/18

Variação

95/96 a 17/18

Minifúndios 128.883 46,5 168.068 51,8 30,4 167.207 53,5 -0,5 29,7

Pequenas

propriedades97.775 35,3 105.133 32,4 7,5 97.904 31,3 -6,9 0,1

Médias

propriedades37.100 13,4 38.091 11,7 2,7 35.159 11,3 -7,7 -5,2

Latifúndios 13.341 4,8 13.307 4,1 -0,3 12.061 3,9 -9,4 -9,6

Total 277.099 100,0 324.599 100,0 17,1 312.331 100,0 -3,8 12,7

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87

de 7,5% entre os primeiros e diminuição de 6,9% entre os dois últimos, o número de UPAs para

o período total analisado manteve-se praticamente constante, refletindo possivelmente a

conexão com a terra e os modos de vida rural que os pequenos agricultores e os agricultores

familiares possuem, típicos deste recorte por tamanho de propriedade, justificado também pelo

exposto por Prado Júnior (2000) que destaca que para os trabalhadores rurais não associados a

grandes propriedades, a terra e as atividades que nela se exercem, constituem a única fonte de

subsistência para eles acessível.

Para melhor visualização destes números, confeccionou-se o gráfico da Figura 11,

permitindo-se assim favorecer o entendimento desta divisão por tamanho das propriedades.

Percebe-se o desafio colocado aos gestores públicos das políticas de assistência técnica e

extensão rural, pois mais de 80% das UPAs em São Paulo são potenciais beneficiárias destes

serviços. Ressalta-se ainda o comportamento linear dos diferentes estratos, indicando a pouca

variação da concentração fundiária no Estado.

Figura 11 - Evolução temporal do número de UPAs por tamanho das propriedades em São

Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na Tabela 5 é apresentada a mesma análise da Tabela 4 relativa a separação das

UPAs por sua classificação por tamanho, porém levando-se em consideração a área total destas

UPAs. A afirmação de Nakatani et al. (2012), de que o Brasil talvez seja o único “grande” país

que vivenciou um profundo e complexo processo de crescimento e desenvolvimento econômico

sem promover substanciais mudanças na questão da propriedade fundiária, pode ser percebido

pela concentração de 45,2% da área agrícola em latifúndios.

A diminuição do número de UPAs latifundiárias anteriormente apontada, é

reafirmada na análise da área envolvida, verificando-se uma diminuição de 13,9% da área

destas UPAs. Aliado ao anteriormente exposto como justificativa, soma-se as ações da

0%

20%

40%

60%

80%

100%

LUPA 1995/1996 LUPA 2007/2008 LUPA 2017/2018

Minifúndios Pequenas propriedades Médias propriedades Latifúndios

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Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), que por meio da Lei Estadual nº

4.957/85, atualizada pela Lei Estadual n° 16.115/2016, que dispõe sobre os Planos Públicos de

Aproveitamento e Valorização dos Recursos Fundiários do Estado, realiza a política de

Assentamento e Reforma Agrária em São Paulo. Desde o primeiro assentamento com início em

fevereiro de 1984, um total de 140 assentamentos foram instituídos em São Paulo, respondendo

por 153.584,3 ha de terras assentadas, sendo 75,7% destas (116.239,8 ha), assentadas entre

dezembro de 1995 e outubro de 2017 (Itesp, 2018), compreendendo ao período em análise neste

estudo.

Tabela 5 – Comparativo da área das UPAs (em ha), por estrato de tamanho da propriedade,

entre os três últimos censos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Constata-se ainda, com base na Figura 12, uma baixa alteração do cenário geral da

área das UPAs, que pode sinalizar uma das justificativas ao apontado por Schlesener e

Fernandes (2017) que afirmam que, enquanto a maioria dos países capitalistas realizaram

reformas agrárias nos séculos XIX e XX, no Brasil esta reforma ainda não aconteceu. Ao

mesmo tempo, os mercados agrícolas passaram por várias mudanças desde então, trazendo

novos desafios ao entendimento de reforma agrária, num contexto de tipo de exploração e escala

de produção.

Tamanho

das UPAs

LUPA

1995/1996%

LUPA

2007/2008%

Variação

95/96 a 07/08

LUPA

2017/2018%

Variação

07/08 a 17/18

Variação

95/96 a 17/18

Minifúndios 1.254.706 6,3 1.620.564 7,9 29,2 1.596.888 8,6 -1,5 27,3

Pequenas

propriedades3.702.832 18,5 3.955.695 19,3 6,8 3.691.546 19,8 -6,7 -0,3

Médias

propriedades5.218.802 26,1 5.354.755 26,1 2,6 4.936.446 26,4 -7,8 -5,4

Latifúndios 9.813.228 49,1 9.573.106 46,7 -2,4 8.446.506 45,2 -11,8 -13,9

Total 19.989.567 100,0 20.504.120 100,0 2,6 18.671.385 100,0 -8,9 -6,6

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Figura 12 - Evolução temporal da área das UPAs por tamanho das propriedades em São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A diminuição de 6,6% da área agropecuária para o período em análise reflete o

início da discussão sobre as influências ambientais na agropecuária de São Paulo, pois o período

em estudo compreendeu a diferentes fatores negativos influenciando o rural, tais como: a crise

hídrica26 apresentada por Marengo et al. (2015), as esporádicas quebras de safra divulgadas na

mídia pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pelo IBGE, pela União da Indústria

da Cana-de-Açúcar (UNICA), pelo IEA, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

(CNA), pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e por diferentes empresas agrícolas e

empresas de consultoria; pelo efeito do cancro cítrico27 (Massari e Belasque Júnior, 2006) e do

greening28 (Teixeira et al., 2005) nas regiões citrícolas do Estado; e entrada de produtos

agropecuários com preços mais competitivos provenientes das novas frentes de expansão

agrícola brasileiras, como centro-oeste e região norte/nordeste. Tais efeitos levaram várias

UPAs a suspenderem momentaneamente sua produção agropecuária, deixando então de serem

alvo do recenseamento em análise.

Tal efeito, porém, não se refletiu em diminuição de produção, pois conforme

concluíram Souza e Lima (2005) a modernização agrícola em São Paulo foi intensa neste

período e foi acompanhada por um aumento significativo da produtividade das culturas

(Vicente e Martins, 2004, e Perobelli et al., 2007).

A concentração fundiária apresentada por Baracho e Muniz (2015) é constatada

também em São Paulo, tendo 3,9% das UPAs respondendo por 45,2% da área agrícola,

26 baixos acumulados pluviométricos sobre a maior parte do Estado de São Paulo. 27 cancro cítrico é uma doença que afeta todas as espécies e variedades de citros de importância comercial, ocasionando redução na produção e restrição na exploração e comercialização. 28 greening (Huanglongbing) é a mais destrutiva doença dos citros no Brasil, ocasionando perda de frutos e restrições na exploração.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

LUPA 1995/1996 LUPA 2007/2008 LUPA 2017/2018

Minifúndios Pequenas propriedades Médias propriedades Latifúndios

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enquanto a maior parcela do setor agrário 84,8% (minifúndios e pequenas propriedades),

ocupam apenas 28,4% das áreas agrícolas. Tal condição em São Paulo corrobora com a

apontada pelo INCRA (2005) para a realidade nacional, que salienta que os agricultores

familiares (até 4 MFs, ou pequena propriedade) representam, 85,2% do total de

estabelecimentos, ocupam 30,5% da área total e são responsáveis por 37,9% do Valor Bruto da

Produção Agropecuária Nacional, recebendo apenas 25,3% do financiamento destinado a

agricultura.

No período de tempo analisado houve um aumento significativo (29,7%) do número

de UPAs no estrato de minifúndios, com aumento de 27,3% da área ocupada, possivelmente

favorecido pelo fracionamentos de área no Estado, devido a desmembramentos por herança e

venda de parte das propriedades.

O público das políticas públicas dos órgãos ligados a PNATER são as propriedades

de até quatro MFs, ou seja, 265.111 UPAs, que juntas correspondem a 5.288.434 ha, porém tal

análise deve ser acompanhada do perfil socioeconômico do proprietário, para seu

enquadramento como agricultor familiar.

Ramos (2001) aponta que a atenção que vem sendo dada à exploração não

predatória dos recursos naturais por parte de pequenos e médios produtores rurais, algo hoje

presente também nos países desenvolvidos, juntou-se às especificidades da produção

agropecuária que, nem sempre de maneira explicitada, estão associadas à origem e à sustentação

de políticas agrícolas em tais países, fato este também existente em São Paulo, com o

crescimento dos produtos chamados orgânicos, agroecológicos e ligados a sustentabilidade

rural, o que demanda por parte do setor uma nova forma de enxergar esse estrato do setor.

Outra possibilidade de análise geral se dá na avaliação do tipo de ocupação do solo,

a qual pode ser realizada utilizando-se a Tabela 6, na qual o tipo de ocupação por número de

UPAs pode ser verificada, bem como sua variação relativa ao período em estudo.

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Tabela 6 – Comparativo entre os três últimos censos por tipo de ocupação e número de UPAs.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O número de UPAs com exploração de culturas perenes sofreu uma redução de

32,3% em relação ao início do recorte temporal em estudo, passando de 84.382 UPAs no

primeiro recorte, para 57.123 UPAs, representando menos de 17% do total de UPAs atual. A

redução se deu em maior intensidade nos últimos 10 anos, período em que se pesem as

mudanças climáticas sendo sentidas diretamente pela população (aumento de temperatura

média anual, veranicos29 mais intensos e crise hídrica). Gondim et al. (2008) chegaram a

conclusão de que as mudanças climáticas, conforme o modelo e cenários utilizados, impactam

diretamente na demanda de água para irrigação das culturas perenes, ou seja, impactam a

produtividade caso esta maior demanda não seja suprida.

Bueno et al. (2014) afirmam que desde o final do ano de 2013 até início de 2014, o

clima no Centro-Sul do Brasil tem se caracterizado pela escassez de precipitações, baixa

umidade relativa do ar e alta incidência de luminosidade, que combinados, provocaram diversos

efeitos sobre a agropecuária conduzida em território paulista. Vegro et al. (2014) apontaram

que esses fatores climáticos trouxeram importantes perdas econômicas para os cultivos em

plena fase de desenvolvimento e frutificação, principalmente às culturas temporárias.

A evolução do número de UPAs por tipo de exploração é facilitada com a análise

do gráfico constante na Figura 13.

29 Falta de chuvas ou estiada que ocorre em períodos chuvosos, com dias de muito sol e calor.

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Figura 13 - Evolução da ocupação do solo em São Paulo (UPAs).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Importante notar que as ocupações em descanso e complementar tiveram uma

redução significativa de 57,4% e 48,9% respectivamente no número de UPAs o que se atribui

a utilização mais frequente das rotações de culturas, e da classificação de áreas anteriormente

como complementares para pastagens, o que refletiu no aumento de 4,7% no número de UPAs

de pastagens. Dias-Filho (2014) esclarece que as áreas com baixo potencial produtivo são

historicamente destinadas a formação de pastagens, ressaltando que tais áreas não são

efetivamente pastagens produtivas, sendo assim utilizadas como um critério de posse da terra.

Essa peculiaridade contribui para se criar uma tradição de baixo investimento no uso de

tecnologia e de insumos na formação e no manejo de grande parte das pastagens brasileiras.

Portanto, o mesmo autor em Dias-Filho (2013) conclui que por ser a forma menos onerosa e

mais eficiente para ocupar e assegurar a posse de grandes extensões de terra, a pecuária, em

particular a criação de bovinos de corte a pasto, tem sido a atividade historicamente empregada

na ocupação de áreas de fronteira agrícola.

O reflorestamento no LUPA é entendido como o plantio de espécies florestais

(nativas ou exóticas) e muitas vezes é confundido pela população urbana como área de

vegetação nativa. Configura-se como exploração agrícola de monocultura extensiva, com

expressiva importância econômica para o Estado, e de acordo com Schimidt (2017) São Paulo

junto com os Estados de Santa Catarina e Paraná figura como os únicos com um mercado

consolidado de comercialização de madeira. Grandes empresas do setor estão presentes tais

como Celulose Irani, Klabin, e Suzano Papel e Celulose. A redução de 8,0% no número de

UPAs deve ser analisada em conjunto com a área cultivada.

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Número importante em se destacar reside no aumento do número de UPAs com

vegetação nativa, crescente em 39,5% no período em análise. A evolução da ocupação do solo

em São Paulo, com a supressão intensiva das vegetações nativas, já expostas na presente tese,

trouxeram e trazem influências ambientais, principalmente quando analisados os microclimas

locais. Tal constatação, associadas às atuais pressões da sociedade por ambientes que levem em

consideração a preservação ambiental, impulsionados pela estrutura do movimento ambiental

brasileiro, que de acordo com Jacobi (1999) assumem uma configuração multissetorial e mais

complexa no final da década de 80, demandando atores com práticas centradas na busca de uma

alternativa viável de conservação e/ou restauração do meio ambiente degradado. Aliam-se as

políticas de incentivo à restauração florestal, como as linhas de financiamento do Fundo de

Expansão do Agronegócio Paulista30 (FEAP), programas da SAA tais como o Integra-SP, o

Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas (Microbacias I), o Projeto de

Desenvolvimento Rural Sustentável - Acesso ao Mercado (Microbacias II), ações da SMA

como o Projeto Recuperação de Matas Ciliares, a publicação da Resolução SMA nº 32 de

03/04/2014, que estabelece as orientações, diretrizes e critérios sobre restauração ecológica em

São Paulo, e ainda seu Sistema de Cadastro Ambiental Rural do Estado de São Paulo (SICAR-

SP).

As análises de variação no número de UPAs ganham maior expressão quando

associadas a área explorada por cada tipo de ocupação, conforme apresentado na Tabela 7.

30 Fundo do Governo do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que tem o objetivo de prestar apoio financeiro a programas e projetos ligados ao agronegócio, atendendo produtores rurais, pescadores artesanais, bem como suas Cooperativas e Associações em todo o Estado.

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Tabela 7 – Comparativo entre os três últimos censos por tipo de ocupação e número de UPAs.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As áreas com culturas perenes, acompanhando a diminuição no número de UPAs,

teve uma expressiva diminuição na área cultivada, com 22,7% menos área com plantio desta

exploração vegetal, diminuição esta acentuada no último período de 10 anos em análise, com

redução de 15,9%. Tal fato merece uma análise mais detalhada das duas principais culturas

desta categoria, a laranja e o café, pois de acordo com dados de Netto (2016), a produção de

laranja para o período correspondente aos dois últimos censos, permaneceu constante, bem

como para a cultura do café, conforme CONAB (2015). Moraes (2017) apresenta uma

produtividade crescente do café para o período em questão e Erpen (2018) uma produtividade

crescente para o mesmo período para a cultura da laranja, que juntos justificam a produção

constante com a diminuição de área aqui apresentada.

As áreas com exploração de culturas temporárias tiveram uma diminuição de 13,2%

no número de UPAs, porém aumento na área cultivada de 72,8%. Tal efeito pode ser

primeiramente explicado pelo aumento expressivo do plantio da monocultura de cana-de-

açúcar, geralmente associado a grandes propriedades ocupando extensas áreas do território, o

que será visto com maiores detalhes nas análises voltadas à esta cultura. A alteração da dinâmica

do uso do solo para este tipo de ocupação se deve por fatores de influências ambientais sob o

aspecto econômico no cenário nacional, incentivando por meio de demanda a necessidade de

matérias primas de abastecimento à produção de biocombustíveis. Segundo a FAO (2013), o

desenvolvimento do biocombustível, que surgiu na interface da agricultura e da energia, tem

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sido considerado como um dos desenvolvimentos agrícolas mais significativos dos últimos

anos.

Segundo Lourenzani e Caldas (2014), o interesse dos países desenvolvidos em

soluções mais limpas para o setor de transporte, e o lançamento dos veículos bicombustíveis

(flexfuel), no ano de 2003, propiciou a retomada, no país, da importância da produção de etanol,

fato este verificado pelo aumento de 45,9% para o período 95/96 a 07/08. Porém esse rápido

crescimento não apresentou a mesma taxa de crescimento para o segundo período,

correspondendo a 18,4% de aumento de área cultivada, tendo fatores como a queda do preço

por tonelada do açúcar internacional, a migração do plantio de grãos para outros estados, a crise

econômica global de 2008 e as crises políticas brasileiras, podem ser apontadas como elementos

que influenciaram este setor da agropecuária, pelo seu caráter sazonal.

Pastagens são ocupações de longa data no Estado de São Paulo, trazidas pós

exploração da cultura do café, pós ciclo do algodão, e como elemento de exploração após

derrubada de vegetação nativa, e geralmente associadas a manutenção da propriedade da terra,

nem sempre utilizando as técnicas agronômicas e agrícolas necessárias para boas taxas de

produtividade. No período inicial de análise verifica-se aumento de 7,5% no número de UPAs

e diminuição expressiva na área ocupada de 21,4%, caindo de aproximadamente 10 milhões de

ha para cerca de 8 milhões de ha. Tal efeito se alia às constatações anteriormente apontadas

sobre culturas temporárias, explicando a diminuição do número de UPAs destas e o aumento

da área ocupada, ou seja, as áreas de pastagens foram ocupadas por culturas temporárias e semi-

perenes como a cana-de-açúcar, corroborando com os valores apresentados no trabalho de

Nassar et al. (2008).

No segundo período, houve redução de 2,6% no número de Upas com pastagens,

acompanhada de redução de 18,6% na área ocupada, estando atualmente com aproximadamente

6,6 milhões de ha, voltados a produção animal, representando uma perda acumulada de 36% da

área ocupada para o período em estudo.

Importante destacar que o LUPA leva em consideração o chamado conceito de

glebas homogêneas, conhecido internacionalmente por sistema de cultivo múltiplo (MCI –

multiple crop index). O sistema de cultivo múltiplo é indicado por Ofori e Kyei-baffour (2010)

como um fator importante no cultivo, sendo um exemplo chave do uso intensivo de terras

aráveis. Xie e Liu (2015) destacam que o uso do índice MCI tem aumentado a produtividade e

o uso das terras aráveis na China. Zhao et al. (2016) explicam que o MCI mede a frequência de

plantio da(s) plantação(ões) na mesma terra em um ano, e é um sistema de cultivo eficiente e

comumente usado, que alivia a pressão criada pela disponibilidade limitada de recursos

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agrícolas, aumentando a produção agrícola e a renda agrícola. Ao mesmo tempo, o plantio de

várias safras em um mesmo ano pode exaurir o solo se não forem tomadas as devidas

providências agronômicas. O MCI vêm sendo utilizado cada vez mais em análises com uso de

SIG, apontam Jain et al. (2013).

Desta forma, quando da análise de culturas com ciclo de desenvolvimento menor

que um ano agrícola, como a maioria das culturas temporárias, pode haver a contabilização de

uma mesma área física, mais de uma vez, pelo fato da exploração da área ser de acordo com a

rotação de culturas adotada pelo produtor.

Com objetivo de tornar visual a transformação na dinâmica de uso do solo,

ocorridas em São Paulo, foi confeccionado o gráfico da Figura 14, apresentando a evolução por

tipo de ocupação do solo para os três censos em estudo.

Figura 14 - Evolução da ocupação do solo em São Paulo (ha).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Reflorestamento e Vegetação Natural merecem atenção especial, pois representam

um incremento de aproximadamente 1,4 milhões de hectares de florestais no Estado. Segundo

Melo e Durigan (2006) o estoque possível de biomassa por unidade de área nos plantios em

faixas ciliares pode superar o estoque de florestas naturais maduras cobrindo áreas extensas, o

que aliado ao ritmo de crescimento e fixação de carbono superior dos plantios de restauração

sendo superior ao das florestas naturais em sucessão secundária, podem trazer impactos

benéficos aos padrões microclimáticos em São Paulo, pelo aumento dos fragmentos florestais

aqui apontados.

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O aumento da área ocupada e do número de UPAs com reflorestamento, no primeiro

período em análise, de 26,0% e 11,4% respectivamente, com posterior diminuição de 17,4% do

número de UPAs e aumento de 17,5% de área cultivada, no segundo período, pode ser explicado

pelo crescimento do setor de celulose no período em análise, iniciando suas parcerias em

primeiro momento com pequenos e médios produtores e depois havendo concentração da

produção em latifúndios florestais no segundo período (07/08 a 17/18).

A ocupação com vegetação natural total se deve tanto em resposta da pressão da

sociedade, quanto pelo cerceamento gerado por leis relativas a conservação de vegetação no

interior das propriedades agrícolas, agora acompanhadas com maior rigor pelos gestores e

agentes públicos. O incremento de 44,7% na área ocupada com vegetação florestal, trouxe uma

ampliação de cerca de 1 milhão de ha, saltando de 2,2 para 3,2 milhões de ha com vegetação

nativa em São Paulo, ou seja, 15,7% das terras agrícolas estaduais. Importante destacar que tal

número representa a vegetação nativa no interior de UPAs, e portanto deve ser somado a valores

de unidades de conservação e parques públicos, bem como vegetação nativa no interior de

propriedades que não desenvolvem atividades de produção agropecuárias.

O aumento de vegetação natural é assunto bem discutido por Farinaci (2012),

destacando que políticas públicas para acelerar o processo de transição florestal, devem ser

voltadas à conservação ambiental. Uma política pública que contribuiu em muito para tal efeito

foi o programa estadual de microbacias da CATI, pois como destacam Neto e Clemente (2014),

mais de dois milhões e meio de mudas foram plantadas bem como várias ações de

conscientização e fomento à conservação ambiental foram realizadas. Destaca-se também que

à partir de 2007, com a promulgação da Lei Federal n°11.428/2006, que dispõe sobre a

utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica, o proprietário rural deve

declarar áreas com matas nativas para isenção do ITR, desde que faça parte do bioma Mata

Atlântica, configurando então como uma medida de diminuição de encargos, para incentivo

econômico à restauração.

Buscar-se-á agora a análise das principais culturas agrícolas, explorando a

possibilidade de geoespacialização das UPAs, iniciando-se pela que ocupa a maior porção do

território, as pastagens, voltadas tanto à exploração de bovinocultura de corte e leite, bem como

demais criações animais.

Na análise da Figura 15, verifica-se a ocupação por pastagens, podendo-se perceber

a alteração de 10,2 milhões de ha, para quase 8,1 e finalmente 6,6 milhões de ha sob este uso.

Possui característica de dispersão por todo o território do Estado, verificando-se para o recorte

final uma diminuição expressiva no eixo nordeste-sudoeste do Estado, marcadamente

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conhecido por representar as áreas mais férteis paulistas, conhecida por cuestas basálticas31, o

que coincidirá com as áreas ocupadas com cana-de-açúcar, eucalipto, milho e soja que serão

observadas mais à frente. Destacam-se ainda as regiões vazias a sudeste, ocupadas pela terceira

maior ocupação do solo, sendo de vegetação natural na região de Registro, bem como a região

da metrópole de São Paulo. Importante região para a bovinocultura de corte no pontal do

Paranapanema (oeste de São Paulo) e para a bovinocultura de leite, no vale do paraíba do sul

(região leste do Estado) podem ser visualizadas nesta análise espacial.

Figura 15 - Distribuição geoespacial de UPAs com pastagens, proporcional a área ocupada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nesse contexto, Carvalho et al. (2009) destacam que o manejo de pastagens passa a

fazer face a novos paradigmas impostos esperados pela sociedade, dente os quais destacam-se

a construção e a ocupação da paisagem, a preservação de biodiversidade, o suporte a sistemas

agrícolas no manejo de efluentes, o papel de vetor de imagens de produtos ecologicamente

corretos e de base para sistemas de produção animal mais sustentáveis e independentes, dentre

outros.

Para a análise da ocupação por pastagens, apresenta-se o mapa da evolução da

participação da bovinocultura de corte no Valor adicionado32 da agropecuária em São Paulo,

Figura 16. Nota-se a similaridade com a distribuição anteriormente apresentada (Figura 15)

para o ano de 2018, figurando as regiões do Pontal, Vale do Paraíba e regiões de São João da

Boa Vista e Itapetininga.

31 Ou arenítico-basálticas, compostas de remanescentes de rochas vulcânicas da Era Mesozoica em áreas sedimentares, com características e propriedades dos solos propícias à agricultura. 32 Permite medir o valor criado por um agente econômico. É o valor adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados durante o processo produtivo.

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Figura 16 – Participação da bovinocultura de corte no Valor adicionado da agropecuária (ano

de 2014).

Fonte: Fundação SEADE, 2017.

Os gráficos da Figura 17 permitem o diagnóstico da ocupação por pastagens frente

ao total de ocupação do solo em São Paulo, bem como o enquadramento do tamanho da

propriedade pelos envolvidos em tal exploração.

Figura 17 – Evolução temporal da ocupação por pastagens (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

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A redução de 89,3% das UPAs com pastagens para 65,3% se deu com

acompanhamento de redução da área ocupada, de 51,4% para 31,5%. As UPAs mais afetadas

nesta alteração de dinâmica de uso do solo foram os latifúndios, com redução de 4,6 para 1,9

milhões de ha na área ocupada (44,8% para 33,1%), porém acompanhadas de um aumento de

área e de número de UPAs em minifúndios, explicado pelos efeitos de fracionamento de

propriedades anteriormente expostos.

A segunda ocupação do solo em valor de área ocupada é a cultura da cana-de-

açúcar, apresentada na Figura 18, na qual pode-se verificar que, dos quase 8,0 milhões de ha

com culturas temporárias, cerca de 5,3 milhões estão sob exploração de cana-de-açúcar, que na

verdade é uma cultura classificada como semi-perene, porém para critérios de facilidade de

manipulação dos dados foi assim classificada pela equipe gestora do censo LUPA.

Figura 18 - Distribuição geoespacial de UPAs com cana-de-açúcar, proporcional a área

cultivada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nassar et al. (2008) destacam que a sustentabilidade dos biocombustíveis de base

agrícola tornou-se uma questão central, sendo necessária a análise do ciclo de vida de cada

matéria prima. Castro et al. (2010) destacam que São Paulo é o maior produtor nacional de

cana-de-açúcar, sendo o crescimento da cultura desencadeado pela demanda ambiental voltada

para o desenvolvimento de uma nova matriz energética que auxiliasse no controle do

aquecimento global. A expansão desta cultura, ao contrário dos discursos oficiais, não ocorreu

em áreas prioritárias provenientes de pastagens degradadas (Silva e Miziara, 2011), mas sim

acompanhando a implantação de usinas e a busca por solos com maior potencial agronômico.

A análise do Valor adicionado da agropecuária pela cultura da cana-de-açúcar

apresentado na Figura 19 se reflete na distribuição espacial apresentada para o último censo

LUPA.

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Figura 19 – Participação de cana-de-açúcar no valor adicionado da agropecuária.

Fonte: Fundação SEADE, 2017.

O apresentado na Figura 19, aliado ao estudo de Oliveira et al. (2012) indicam que

o avanço do setor sucroalcooleiro contribuiu para um crescimento do PIB nos municípios

produtores de cana-de-açúcar, em especial naqueles onde as usinas estão instaladas. Porém há

de se destacar que trouxe consigo um menor repasse do ICMS rural para os municípios, pois as

áreas antes ocupadas com culturas que podiam ser exploradas mais de uma vez dentro do ano

agrícola (princípio das glebas homogêneas), sendo contabilizadas assim com uma maior área

cultivada, passam a ser contabilizadas apenas uma vez, pelo fato do corte anual da cana-de-

açúcar, havendo então grandes reclamações por parte dos prefeitos de municípios que tiveram

a alteração expressiva de sua área rural por esta cultura, com consequente diminuição desse

recurso do tesouro do Estado.

Rudorff et al. (2010) apresentam dados de acompanhamento da cultura da cana-de-

açúcar em São Paulo, por meio do projeto CANASAT, os quais para o ano agrícola 2007/2008

diferem em cerca de meio milhão de ha para os dados do LUPA. Neste ponto ressalta-se que o

LUPA levanta tanto áreas para plantio de abastecimento de indústrias, como para

suplementação volumosa para criações animais, justificando, portanto, a diferença, pois áreas

com expressivo plantio da cultura, como o vale do rio paraíba do sul (leste de São Paulo) e

outras áreas na região noroeste e centro-sul do Estado não são levantadas pelo projeto

CANASAT, devido a exclusão prévia de municípios, por não serem considerados produtores

de cana-de-açúcar. O LUPA neste sentido permite uma visão mais detalhada da dinâmica desta

cultura no Estado, levando-se em consideração a cana-de-açúcar para silagem e produção de

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aguardente (cachaça), que possui aspecto distribuído no território, em áreas não expressivas

para análises que utilizem insumos de sensoriamento remoto33 de média precisão.

Na Figura 20 é apresentada a análise detalhada da cultura de cana-de-açúcar para o

período analisado. O crescimento na área plantada de quase 2,9 milhões de ha para cerca de 5,5

milhões de ha para o primeiro período, não se verificou no segundo, havendo uma diminuição

na área plantada para 5,3 milhões de ha, porém com manutenção no crescimento da

porcentagem de área, fato este justificado pela diminuição da área agrícola em todo o Estado.

Figura 20 - Evolução temporal da cultura de cana-de-açúcar (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Importante destacar a influência que o setor canavieiro possui sobre o trabalho no

meio rural, que segundo Baccarim e Silva (2014), no período de 2007 a 2013, apresentou

variação significativa em relação ao número de trabalhadores canavieiros, passando de 178.510

33 Conjunto de técnicas que possibilita a obtenção de informações sobre alvos na superfície terrestre através do registro da interação da radiação eletromagnética com a superfície, realizado geralmente por sensores que estão presentes em plataformas orbitais.

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para 94.423 trabalhadores empregados, enquanto houve aumento de trabalhadores na

mecanização, passando de 24.279 para 42.547.

A forte expressão do número de UPAs classificadas como minifúndios,

representando 27% do total, não se reflete em expressão de área cultivada, estando o setor com

50% das áreas cultivadas sob exploração de latifúndios. Percebe-se ainda que o período entre a

safra 2007/2008 e 2017/2018, vieram acompanhados por uma queda de 2,9 para 2,7 milhões de

ha nas áreas de latifúndios, provavelmente explicado pelos contratos de arrendamento, de

comodato, de parceria, e de fornecimento junto a médias e pequenas propriedades, verificado

no crescimento da participação de área ocupada pela cultura nestes estratos de tamanho.

Importante também destacar a atual tendência das usinas pela terceirização da produção, seja

por meio de estabelecimento de contratos diretos com terceiros, ou via estabelecimento de

franquias para a mão de obra e produção de matéria prima.

O incremento de quase 2,5 milhões de ha na ocupação do solo pela cultura no

período em estudo reafirma as alterações elencadas anteriormente e indica a preocupação para

com os riscos ainda invisíveis que podem advir dos 27% da área agrícola do Estado sob

exploração de uma única cultura. Castro et al. (2010) afirmam que os impactos diretos mais

considerados são a competição por terras agrícolas, o risco de novos desmatamentos, além de

poluição do ar (queimadas, emissões), contaminação dos solos e águas, e problemas decorrentes

tanto do manejo agrícola como do processo industrial.

Segundo Rodrigues et al. (2016) o maior produtor de cana-de-açúcar é o Estado de

São Paulo, cuja participação na produção do país tem sido cerca de 60%, desde a década de

1990. Furtado et al. (2011) afirmam que o aumento da produção de cana-de-açúcar, em São

Paulo, ocorreu em função do uso de modernas técnicas de produção e pela proximidade de

instituições de pesquisa e de um complexo industrial, o que se reflete na sempre crescente

produtividade da cultura apresentada por IPEA (2018).

A cultura da cana-de-açúcar possui alteração de sua dinâmica de acordo com as

influências de mercado, pois conforme destacam Segato et al. (2006), está entre as gramíneas

de maior eficiência na utilização e resgate de CO2 da atmosfera, estando adaptada as condições

de alta intensidade luminosa e altas temperaturas, necessitando porém de elevadas quantias

hídricas para suprir suas necessidades fisiológicas, figurando assim como uma cultura que

estará mais adaptada a possíveis aumentos de temperatura ocasionados pelas mudanças

climáticas. Marin e Nassif (2013) afirmam que a cultura da cana-de-açúcar será beneficiada em

caso de ocorrência das mudanças climáticas, porém sendo provável que estas resultem também

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em alterações no sistema de manejo da cultura, uma vez que plantas daninhas, pragas e doenças,

serão beneficiadas.

A terceira maior ocupação no Estado não se refere a exploração agropecuária, mas

sim aos resquícios da outrora vegetação existente, e é apresentada na Figura 21. Pode-se

verificar a distribuição geográfica das UPAs e a área relativa ocupada por vegetação natural, de

brejo e de várzea, percebendo-se que apesar de não terem a expressão das pastagens, encontram-

se também distribuídas por todo o território, em maior proporção nas regiões litorâneas, na

região de registro e oeste do Estado. O incremento de 1,0 milhão de ha, passando de 1,9 em

95/96 para 2,9 milhões em 17/18, permitiu que São Paulo atingisse uma ocupação de cerca de

15,5% sob vegetação, recuperando o nível atingido de 8% na década de 70, mas ainda longe de

padrões aceitáveis de preservação internacionalmente, bem como sob a óptica da legislação

nacional, de 20% de RL, porém indicando a crescente preocupação com as influências

ambientais por parte da população rural.

Figura 21 - Distribuição geoespacial de UPAs com vegetação nativa, proporcional a área

ocupada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo dados de Kronka (2005), que apresentou o inventário feito pelo Instituto

Florestal da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, 3.457.301ha é o total da vegetação natural

na época em análise. A diferença de mais de um milhão de ha para com o LUPA 07/08 é objeto

de reflexão, conforme discussão realizada por Farinaci (2012). Tal discrepância nos dados se

deve ao fato do LUPA identificar as vegetações naturais em UPAs e não na totalidade do

território do Estado, portanto indicando-se cautela em estudos comparativos quando não apenas

os voltados às áreas de produção agropecuária.

Apesar de a integração global ser devastadora para as florestas tropicais em muitas

regiões, como apontados por Hecht (2005), diversos trabalhos relatam tendências de

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recuperação florestal em paisagens povoadas, principalmente entre os trópicos, revelando a

expansão de numerosos tipos de florestas antropogênicas e sucessionais (Hecht, 2010), tais

como os trabalhos de Grau et al. (2008) na Argentina, de Chazdon (2003) na Costa Rica, de

Carr et al. (2005) na Guatemala, e no Brasil (Summers et al., 2004, e Walker, 2012).

Tal efeito, de acordo com Rudel et al. (2005), passa a ser denominado como

Transição Florestal, representando a tendência de reversão com que estes países passam a

apresentar de ganhos líquidos em sua cobertura florestal devido ao balanço favorável ao

reflorestamento em relação ao desmatamento.

Farinaci (2012) destaca que a Teoria da Transição Florestal (TTF) indica uma

relação potencialmente positiva entre desenvolvimento econômico e qualidade ambiental (no

caso, aumento da cobertura florestal), e, de acordo com Klooster (2003), trazendo implicações

para estudos sobre dimensões humanas das mudanças climáticas globais e na criação de

políticas que podem catalisar a conservação e a recuperação das florestas.

O aumento constante da área com vegetação nativa, apresentado na Figura 22,

indica que tal efeito se faz presente em São Paulo, numa alteração do quadro de degradação

ecológica instalado. Nota-se que a distribuição do número de UPAs por estratos de tamanho

permanece praticamente inalterada, porém com crescimento na área ocupada nos minifúndios

e pequenas e médias propriedades, ocorrendo porém o inverso nos latifúndios.

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Figura 22 - Evolução temporal da ocupação por vegetação nativa (a. porcentagem de UPAs e

área ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Importante destacar que, de acordo com Rodrigues et al (2008), além do pequeno

número de remanescentes naturais no Estado de São Paulo, esses ainda têm a sua função de

conservação da biodiversidade comprometida, decorrente da intensa fragmentação.

A cultura florestal de maior ocupação do solo, o eucalipto é apresentada na Figura

23, podendo-se constatar que existem núcleos de concentração desta cultura, nas regiões de

Bauru, Botucatu, Itapetininga, Itapeva e São José dos Campos com relação a área plantada,

porém regiões como a de Bragança Paulista e Presidente Prudente figuram com grande número

de UPAs com tal exploração, porém com menores áreas exploradas. Para as primeiras regiões

indica-se o aumento da demanda por parte das indústrias de celulose e para o segundo a

produção de óleos e madeira para construção e lenha como justificativas para o aumento

visualizado.

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Figura 23 - Distribuição geoespacial de UPAs com eucalipto, proporcional a área cultivada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Castanho Filho et al. (2013) conclui que as intenções da legislação e das políticas

públicas pelo desenvolvimento sustentável, possuem muitas vezes efeitos que vão em direção

contrária na lei, porque ignora a importância igualitária que devem ter os serviços

ecossistêmicos, conferindo um peso exagerado àqueles “ambientais” em detrimento de um

equilíbrio com os componentes sociais e econômicos. Tal fato ocorre na exploração da cultura

do eucalipto, sendo esta confundida com ações de reflorestamento, e confere à população um

falso entendimento de conservação ambiental, muitas vezes agindo contra elementos de fixação

do homem no meio rural.

Tarifa (1994) já apontava que a utilização em larga escala de florestas homogêneas

poderia resultar em alterações microclimáticas, sendo tal efeito verificado nestas regiões, com

diminuição do nível do lençol freático e alteração no regime hídrico local.

Melges et al. (2011), estudando a transição florestal em São Paulo, concluíram que

a divergência dos resultados obtidos para a escala municipal não permite confirmar a hipótese

de transição florestal no Estado de São Paulo, relacionando a identificação deste fenômeno a

possíveis artefatos metodológicos. É importante notar que a análise em questão, e outros

estudos ligados ao assunto, levam em consideração a área florestada, incluindo, portanto, o

eucalipto e outras florestais, que possuem expressiva ocupação no território paulista. Diferente

da conclusão para vegetação nativa, que corrobora com a teoria da transição florestal, as

essências florestais alteram sua dinâmica de acordo com flutuações do mercado, como pode ser

constatado na análise dos gráficos da Figura 24, pois apesar de área crescente explorada com

eucalipto, houve uma diminuição do número de UPAs, estando a maioria destas, os latifúndios,

ligadas as cadeias do papel e celulose, com crescimento destas áreas ao redor dos centros de

processamento de madeira, e não de forma distribuída como as áreas de vegetação nativa.

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Figura 24 - Evolução temporal da ocupação por eucalipto (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Estudos de transição florestal levando-se em consideração regiões específicas de

São Paulo, como o de Silva et al. (2017) devem ser realizados de forma criteriosa e levando-se

em consideração os efeitos e influências dos mercados de florestas, pois podem mascarar o

efeito da transição florestal em épocas de quebra de preços e alteração da dinâmica de ocupação

por parte das florestais comerciais.

A cultura perene de maior ocupação do solo, a laranja, é apresentada na Figura 25,

a qual possui expressivo montante no PIB agrícola do Estado. Neves e Trombin (2017)

destacam que o setor citrícola representa um dos setores mais competitivos e com maior

potencial de crescimento no agronegócio, propiciando a geração de empregos diretos e

indiretos, além da acumulação de capital, sendo o Brasil, o maior produtor mundial de laranja

doce e de suco de laranja. São Paulo e Flórida dominam a oferta mundial dessa commodity

agrícola.

Avaliando-se a evolução da área plantada relativa aos censos em análise, nota-se

expressiva diminuição de área no antes existente eixo citrícola paulista (eixo noroeste-sudeste),

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visualizado no ano de 1996, existindo uma reordenação do eixo de plantio e produção em

direção às regiões de Araraquara, Limeira, e Mogi Mirim, em grande medida ocorridas por

problemas fitossanitários ocorridos no Estado.

Figura 25 - Distribuição geoespacial de UPAs com laranja, proporcional a área cultivada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Analisando-se os gráficos da Figura 26, de forma geral, chega-se à conclusão de

que a diminuição tanto em número de UPAs como em área plantada, veio acompanhada por

uma concentração da área plantada por latifúndios, saindo de uma participação de 39,9% para

59,1% da área total da cultura, e diminuição de área para os demais estratos de tamanho de

propriedade, indicando concentração da produção na mão de grandes produtores.

A diminuição da área ocupada de quase 0,9 milhões de ha, para pouco mais de 0,4

milhões de ha, levaram a cultura da laranja a representar apenas 2,3% da área agrícola paulista.

As grandes empresas desta cadeia, como Citrosuco, Cutrale, Dreyfus e Citrovita, vêm

investindo em técnicas e tecnologias para o aumento da produtividade, a qual, segundo Diniz

et al. (2012), é crescente em São Paulo, realizando a produção em áreas próprias, o que

corrobora com a concentração fundiária verificada.

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Figura 26 - Evolução temporal da ocupação por laranja (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dentre os grãos, milho e soja figuram como as de maior ocupação no Estado. A

cultura do milho, grão que ocupa a maior área, apresenta uma boa distribuição de plantio pelo

território (Figura 27), para o ano de 1995, havendo uma drástica redução na ocupação para o

ano de 2008 e concentração em determinadas regiões para o recorte final em estudo. Tal

aumento no período final analisado, conforme relatos de técnicos da CATI vêm se dando devido

as produtividades do milho safrinha34 terem atingido valores próximos da safra normal,

aumentando assim a exploração por esta cultura. O milho, pelo seu caráter rústico de produção,

bem como a possibilidade de uso em suplementação de alimentação de rebanhos configura-se

como cultura de excelente aplicação aos pequenos produtores, sendo alvo, portanto, de políticas

atuais de fomento pela pasta da SAA, cabendo ainda destaque para sua integração com técnicas

de plantio direto, agindo como fornecedor de palha para proteção do solo.

34 É definido como o milho de sequeiro cultivado fora do período recomendado para plantio, de janeiro a abril, quase sempre depois da soja.

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Analisando-se a distribuição geoespacializada do primeiro censo para o segundo,

verifica-se uma queda drástica na exploração da cultura, a qual caiu de 1,2 para 0,7 milhões de

ha plantados, com posterior aumento para quase 0,9 milhões de ha, tendo o eixo Assis,

Ourinhos, Itapeva, Itapetininga e Sorocaba se destacado para o ano de 2018, bem como a região

de São João da Boa Vista e Guaíra.

Figura 27 - Distribuição geoespacial de UPAs com milho, proporcional a área cultivada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Brunini et al. (2001) analisando os riscos climáticos para a cultura do milho em São

Paulo, apontaram que para o milho de ciclo normal não existem restrições significativas quanto

a disponibilidade de água no solo e precipitação pluvial, indicando ainda que os processos

fisiológicos do milho, na sua maioria, ocorrem numa faixa de temperatura de 0 até 40°C.

Nos cenários mais pessimistas de mudanças climáticas apresentados por Pinto et al.

(2008) a cultura do milho é favorecida por tais processos, com possíveis ganhos de

produtividade e diminuição desta em apenas pequenas porções do território, e também com a

redução marcante no nível de severidade das doenças foliares fúngicas e bacterianas. Diferentes

cenários apresentados por Marengo et al. (2014), reforçam as alterações na temperatura,

balanço hídrico, entre outros impactos que trarão impactos significativos.

Streck e Alberto (2006) destacam também que, apesar da maior disponibilidade de

CO2 nos cenários mais pessimistas de mudanças climáticas, a redução da disponibilidade

hídrica, associada ao aumento de temperatura, pode anular o efeito positivo do CO2 nos ganhos

de produtividade, ocasionando a inversão deste efeito.

A cultura do milho, mesmo impulsionada pela maior adoção do plantio do milho

safrinha, sofreu redução no número de UPAs envolvida em seu plantio (Figura 28), bem como

de área cultivada, passando de 6,2% da área agrícola no primeiro censo para 3,3% no segundo,

seguido de leve aumento para 4,6% no último censo. Nota-se ainda o aumento de minifúndios

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com plantio de milho, o que corrobora com o anteriormente exposto na utilização de milho

variedade. A divisão de área cultivada por estrato de tamanho de propriedade pouco se alterou

no período analisado, havendo distribuição constante entre latifúndios, médias, e pequenas

propriedades.

Figura 28 - Evolução temporal da ocupação por milho (a. porcentagem de UPAs e área

ocupada; b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

A distribuição da cultura da soja (Figura 29) permite a visualização de regiões

típicas de cultivo paulistas, como a região norte e sul do Estado de São Paulo, sendo a última

em função da proximidade com a divisa com o Estado do Paraná, segundo maior produtor de

soja no Brasil, o que favorece culturalmente e economicamente sua exploração, e a primeira

associada ao consórcio, ou rotação, utilizado na região de Guaíra com a renovação de áreas de

cana-de-açúcar.

São Paulo não configura entre os maiores produtores de soja no país e muito do

plantio desta cultura está associado à renovação de áreas de cana-de-açúcar na região norte, na

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consorciação com milho safrinha na região de Itapeva e Itapetininga, consórcio com feijão e

utilização nas crescentes áreas de integração lavoura e pecuária.

Figura 29 - Distribuição geoespacial de UPAs com soja, proporcional a área cultivada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A distribuição espacial da cultura em São Paulo se conecta com as regiões grandes

produtoras nacionais como podem ser observados no mapa da Figura 30, formando um eixo de

produção da cultura que contorna a região oeste de São Paulo.

Figura 30 – Distribuição espacial da quantidade produzida de soja em 2012.

Fonte: Girardi, 2017.

A quantidade de UPAs e a área ocupada com soja em São Paulo acompanharam

tendências semelhantes, de redução no primeiro período em análise e crescimento no segundo

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(Figura 31), reduzindo em 310.677 ha entre o LUPA 07/08 e 95/96 e aumento em 406.891 ha

entre o LUPA 17/18 e 07/08.

Analisando-se os gráficos da Figura 31, constata-se o incremento do número de

minifúndios explorando esta cultura, provavelmente por práticas de consórcio com milho e o

aumento da área ocupada em latifúndios, provavelmente explicada pelos aumentos crescentes

do preço da soja nos últimos 10 anos (IMF, 2014), tornando atrativa aos grandes produtores

paulistas.

Figura 31 - Evolução temporal da ocupação por soja (a. porcentagem de UPAs e área ocupada;

b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Centurion e Ghini (2008) destacam que existem cerca de 400 cultivares brasileiras

recomendadas de soja, com características diferentes quanto ao ciclo, à arquitetura de plantas,

à rusticidade, à adaptabilidade a diferentes condições ambientes, à tolerância a pragas e

doenças, sendo, portanto, de difícil generalização apontamentos para esta cultura. Conforme

Streck e Alberto (2006) a soja, de maneira geral, não possui significativos impactos de possíveis

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mudanças climáticas, com reduzida diminuição em seu rendimento, mesmo no pior dos

cenários, figurando como uma cultura sob impacto apenas das variações de mercado.

Soares e Spolador (2018), destacam que, apesar da baixa representatividade no PIB

agrícola paulista, as culturas do milho e da soja possuem importância estratégica para a

segurança alimentar no Estado de São Paulo, sendo utilizadas diretamente na alimentação,

como óleos ou grãos, ou indiretamente, como ração animal.

O café, antes principal cultura de exploração agrícola de São Paulo, figura agora na

oitava posição de ocupação do solo, correspondendo a apenas 190.444 ha de área plantada, com

nítida diminuição de área ocupada e concentração em regiões consideradas como polo de

produção dos cafés paulistas, quase exclusivamente de variedade arábica35.

Figura 32 - Distribuição geoespacial de UPAs com café, proporcional a área cultivada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tal área ocupada ainda configurava São Paulo como o terceiro maior produtor

nacional, sendo que as médias de produção em sacas continuam no mesmo patamar de anos

anteriores, o que indica o incremento de tecnologias agrícolas e agronômicas para o aumento

das produtividades. Moreira et al. (2010), utilizando-se de técnicas de mapeamento com

sensoriamento remoto, para o ano de 2007, chegaram ao valor de 161.180 ha, enquanto dados

do IBGE chegaram a valores de 207.904 ha, e os dados do LUPA apresentam uma área de

214.790 ha, porém com a definição das mesmas áreas em destaque na Figura 32.

A cultura do café vem apresentando uma diminuição constante tanto do número de

UPAs como na área ocupada, conforme Figura 33, sendo responsável atualmente por apenas

1% da área agrícola do Estado. Nota-se que houve um acréscimo no número de minifúndios,

passando de 45,4% para 58,2% do total de UPAs com café. Tal fato pode ser explicado pelo

35 Espécie de café que possui frutos ovais e requer mais cuidado no manejo, sendo reconhecida como uma espécie que possui maior qualidade em sua bebida.

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crescente apelo por cafés orgânicos, gourmet, e por produções com certificação sustentável.

Nota-se também distribuição quase equilibrada entre latifúndios, médios e pequenos produtores

e minifúndios, o que confere a São Paulo uma cafeicultura com diferentes realidades locais e

diversificação tanto de técnicas de condução do cafeeiro como de tipos de cafés produzidos,

voltados a diferentes nichos de mercado.

Figura 33 - Evolução temporal da ocupação por café (a. porcentagem de UPAs e área ocupada;

b. Porcentagem de UPAs por tamanho; c. Porcentagem de área por tamanho).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pozza e Alves (2008) concluíram que, diante de possíveis cenários de mudanças

climáticas poderá haver escassez de terras agricultáveis para o cafeeiro, ocorrendo um

deslocamento da produção de café para áreas montanhosas e de maior altitude, mantendo-se

seus limites de tolerância ao estresse térmico e hídrico (Assad et al., 2004).

A título de fechamento deste subcapítulo é importante destacar as características

socioeconômicas apresentadas na Tabela 8. Nota-se uma distribuição relativamente igualitária

no número de UPAs com nível de instrução entre alfabetizados e com superior completo,

explicitando as discussões acerca do novo rural paulista, possuindo São Paulo uma ampla

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variedade de características de produtores, dificultando assim análises que tentem a

simplificação. Alentejano (2015) afirma que, a diversidade de formas de organização social que

proliferam, tanto no campo como na cidade, poderia levar à tentação de se dizer que não existe

um urbano e um rural, mas vários urbanos e rurais. Assim, para se falar num novo mundo rural,

seria necessário avançar em formulações que rompam com a dicotomia rural/urbano. O mesmo

autor afirma ainda que a diversidade é a marca fundamental deste novo rural, onde o capital

avança sobre novas realidades (turismo rural, produção agroecológica), buscando apropriar-se

delas, fato este que se verifica fortemente em São Paulo, com a ocorrência e criação de multi

relações de produção e consumo entre cidade e campo. Importante destacar ainda que apenas

87.881 UPAs, ou 28,1% do total, são residentes na UPA, mostrando-se que há uma nova relação

da população rural com a cidade, pois 71,9% das UPAs possuem seus responsáveis residindo

nas áreas urbanizadas.

Tabela 8 - Características de instrução, moradia, participação econômica da UPA e distância à

sede do município, LUPA 2017/2018.

Instrução UPAs % Residente

na UPA %

Participação da

agropecuária na

renda familiar

Distância à

sede do

município

(km)

Sem instrução ou

antigo primário

incompleto

16.736 5,4 8.039 9,1 54,5 14,8

Alfabetizado 88.492 28,3 35.913 40,9 60,8 13,1

1º. grau / Ensino

Fundamental 67.436 21,6 23.024 26,2 59,9 12,1

2.º grau / Ensino

Médio 62.394 20,0 13.410 15,3 50,8 11,5

Superior

completo 68.492 21,9 7.010 8,0 38,0 11,3

Pessoa jurídica 8.781 2,8 485 0,6 33,1 12,3

Total Geral 312.331 100,0 87.881 100,0 52,5 12,2

Fonte: Elaborado pelo autor.

A participação da agropecuária na renda familiar representa em média para o Estado

um valor de 52,5%, ou seja, o produtor paulista já possui seu fluxo monetário agregado a outros

setores da economia, sejam eles, industriais ou serviços.

Com uma distância média à sede dos municípios de 12,2 km, a agricultura paulista

detém uma facilidade de escoamento de seus produtos, aliada a políticas constantes de

manutenção das estradas vicinais e ainda pela conexão a eixos de exportação nacionais e

internacionais. Destaca-se ainda que tal proximidade facilita um maior fluxo cultural e

econômico entre cidade e campo.

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Tenta-se assim, como fechamento deste subcapítulo, explicitar a dinâmica das

alterações do uso do solo em São Paulo, e o perfil dos produtores envolvidos, bem como a

demonstração de que apesar de conhecido como pólo industrial, São Paulo deve também ser

chamado de Estado agrícola. Levando-se em consideração o montante de área explorada pela

agropecuária, deve ser alvo de políticas de controle de emissões de GEE, de conservação

ambiental e de mitigação de efeitos danosos a esse importante setor da economia.

Balsadi (2001) aponta que as políticas de desenvolvimento rural não podem ser

orientadas somente para os produtores modernos e viáveis, pois a agricultura cumpre um papel

não apenas produtivo, mas de manutenção de um tecido social articulado no meio rural.

As influências ambientais, provenientes das mudanças climáticas atuais, se fizeram

mais expressivas na alteração da dinâmica de uso do solo das culturas permanentes e, em menor

medida, nas culturas temporárias. Verificou-se ainda que influências de cunho econômico e

socioeconômico foram mais determinantes nesta dinâmica de alteração.

Diante da importância da relação cidade/campo para a agricultura paulista, passa-

se no próximo subcapítulo para o entendimento desta relação, buscando-se delimitar e entender

a região de contato entre elas, ou seja, as áreas periurbanas.

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5.2. A agricultura urbana/periurbana paulista

O espaço de análise aqui utilizado é o definido por Santos (2014), sendo o espaço

geográfico correspondente a um conjunto formado por um sistema de objetos (de natureza

física, constituídos pela materialidade do espaço) e um sistema de ações (que representam sua

dimensão não tangível, isto é, os processos sociais, culturais, políticos e econômicos que o

constituem).

Para se definir o que é urbano e o que é rural, planejadores municipais delimitam

os perímetros urbanos e rurais em função dos interesses e das perspectivas de desenvolvimento

territorial do município, sendo então realizada sua aprovação, em lei municipal pela Câmara de

Vereadores em cada localidade, impactando diretamente no mercado de terras, influenciado

pela Lei Federal nº 6.766/79, mais os acréscimos e novas redações da Lei Federal nº 9.785/99,

que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, bem como as diretrizes estabelecidas na Lei

Federal nº 11.977/2009, atualizadas pela Lei Federal nº 11.465/2017, que prevê, destaca, e

ordena, formas de Regularização Fundiária.

Diferente deste entendimento legal, buscou-se neste estudo, mapear formações

construtivas de obras civis voltadas a moradia e sua estrutura de transporte interno (cidades e

bairros) em fotos de aerofotogrametria36, pois como conceituado por Talaska et al. (2014) são

necessários critérios a serem empregados para a caracterização do urbano e, por oposição ou

complementação, do rural.

Duas abordagens de campo e cidade são atualmente aceitas. Como apontado por

Freire, Ferreira e Lima (2016) a primeira abordagem, a dicotômica, traz uma oposição entre os

meios rurais e urbanos, onde existem divergências em relação a seus espaços, e a segunda

abordagem, a de continuum, é decorrente das interligações campo-cidade e do processo de

urbanização que recai sobre toda a sociedade, alcançando as regiões rurais e urbanas.

Como conclui Veiga (2002) é errado abordar as relações entre cidade e campo nos

termos em que se desenrola o debate sociológico, isto é, de “dicotomia x continuum”. Não se

visa neste estudo dissociar conceitualmente o rural do urbano, tendo como objetivo, expressar

no plano territorial os limites entre a cidade e campo, delineando unidades-espaciais urbanas e

rurais, conforme Sposito (2006).

O mapeamento destas unidades espaciais, ou o urbanizado paulista, resultou no

mapa apresentado na Figura 34, correspondendo a um total de 842.750,1 ha, ano referência

36 Cobertura aerofotográfica do território, executada para fins de mapeamento.

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2010/2011. Destaca-se que as atividades de mapeamento exigiram conhecimento prévio da

distribuição de ocupação das áreas construídas no território dos 645 municípios paulistas,

devido a peculiaridade existente em São Paulo de diversos distritos distantes das sedes

municipais, bem como condomínios e bairros rurais afastados dos centros urbanos. Dificuldade

esta, explicada por Caiado (1995), de que a rede de cidades do Estado de São Paulo é a mais

complexa do país, com sua constituição remontando ao século XIX, quando, a partir do

dinamismo econômico impulsionado pelo complexo cafeeiro, o território passou por processo

contínuo e permanente de ocupação.

Figura 34 - Áreas urbanizadas em São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Procura-se abordar o urbanizado como o exposto por Talaska et al. (2014), sendo

esse um elemento que extrapola territorialmente os limites da cidade e, portanto, necessitando

de uma abordagem analítica que considere as relações sociais, e a superposição das formas

urbanas e rurais, através de um continuum espacial, contribuindo assim para o entendimento da

dinâmica de um espaço que está em constante transformação. Medeiros (2017) afirma que nesse

contexto, é mais coerente que a cidade e o campo sejam analisados a partir das relações que

estabelecem entre si, uma vez que a dicotomia cidade e campo desaparecem.

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O uso deste mapa permite que estudiosos com base na evolução da teoria da renda37

exposta por Deák (1985), verifiquem a influência da localização no preço do solo urbano, que

está de alguma maneira, ligado à distribuição espacial da atividade humana, e conforme esse

autor destaca, passa a ser o instrumento de mercado fundamental na organização espacial da

produção capitalista em geral, e na grande aglomeração urbana.

Analisando-se a Figura 34, percebe-se que existe certo padrão de ocupação pelas

áreas urbanizadas, partindo dos municípios de São Paulo e Campinas. Tal padrão pode ser

explicado pelos eixos ferroviários históricos implantados no Estado a partir de 1858, e

chamados por Monbeig (1984) de frente pioneira, conforme apresentados na Figura 35, os

quais, voltados a ocupação do território e produção e escoamento da produção de café, sob

concessão de companhias particulares, tiveram o apoio das ações da extinta CAIC para a

abertura de frentes para alocação das áreas hoje sede dos municípios.

Figura 35 – Eixos ferroviários históricos de São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Vale do Paraíba possui um claro eixo de urbanização, em grande medida causado

pela construção da BR-116, Rodovia Presidente Dutra (denominação da ligação entre São Paulo

e Rio de Janeiro) e é, segundo vários autores (Rezende e Lima, 1999), o vetor de união entre as

duas maiores metrópoles brasileiras, onde inclusive a projeção da área de influência de Volta

Redonda (RJ) se faz presente em território paulista, conforme descrito em IBGE (2008).

37 Conjunto de formulações da economia política, dos economistas de Adam Smith a Marx, passando por David Ricardo, referente ao pagamento, por parte dos capitalistas, aos senhores de terra, pelo uso do solo.

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Para delimitação do limite físico a ser caracterizado como periurbano, realizou-se

a análise dos parâmetros obtidos das Equações 1, 2 e 3 propostos no presente estudo, para cada

um dos municípios paulistas. Utilizando-se o padrão de estratificação obtido por quebras

naturais de Jenks (1967), ou também chamado método de otimização de Jenks, que determina

o melhor arranjo de valores em diferentes classes, procurando minimizar o desvio médio de

cada classe da média da classe, maximizando o desvio de cada classe das médias dos outros

grupos, ou seja, reduz a variância dentro das classes e maximiza a variância entre as classes.

Abramovay (2003), apoiando-se no princípio de que ruralidade é um conceito de

natureza territorial e não-setorial, mostra que três aspectos básicos caracterizam o meio rural: a

relação com a natureza, a importância das áreas não densamente povoadas e a dependência do

sistema urbano. Baptista (2001) aponta que o elemento que sobrevive mais forte da

diferenciação rural-urbano é o tamanho dos aglomerados populacionais.

Gonçalves et al. (2017) enfatiza que as áreas periurbanas não têm fronteiras claras,

tanto em termos geográficos como conceituais, e em seu estudo utilizou como pressuposto, de

que mais de um tipo de região periurbana em torno de um núcleo urbano pode existir, sendo

necessária uma abordagem transdisciplinar em sua análise, ligando os aspectos físicos,

econômicos, sociais e pessoais, para capturar a variabilidade intrínseca e a complexidade do

caráter periurbano. Sendo esse o mesmo aspecto e entendimento da presente análise.

Dessa maneira, buscou-se junto a equipe técnica da CATI, numa concepção

interdisciplinar, delimitar um raio de influência dos diferentes padrões de urbanização em

relação ao rural, levando-se em consideração critérios como relações econômicas de comércio

local, e problemas decorrentes de falta de segurança ao rural pela relação com a população

urbana, para se delimitar os valores em quilômetros apresentados na Tabela 9.

A análise do parâmetro “Urbanização” trouxe como resultado a identificação de 24

municípios com valores acima de 40%, ou seja, mais de 40% de seu território sob área

urbanizada, sendo então classificados como nível 1 de urbanização.

Após estratificação por quebras naturais do critério “Impacto do urbanizado” em

cinco classes, selecionou-se as duas classes de maiores valores, permitindo-se a seleção de 25

municípios com valores acima de 11.000 km².km, representando assim os municípios que

possuem um maior impacto sobre a área rural, e, portanto, certamente estão em franca expansão,

o que se verificou utilizando-se imagens recentes disponibilizadas no software Google Earth

Pro, pois os mapeamentos realizados para a referência em uso, já apresentam vários eixos de

expansão que extrapolam os limites vetorizados aqui apresentados.

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Os municípios restantes foram estratificados de acordo com o critério “Frente de

expansão” em três classes, dividindo-se assim os demais municípios de acordo com esse

parâmetro que representa um valor linear em quilômetros do quanto a área urbanizada tenderá

a se desenvolver em direção ao rural.

Obteve-se assim uma estratificação geral entre os municípios paulistas em cinco

níveis de urbanização (Tabela 9), os quais, realizadas consultas pessoais a diferentes agentes de

extensão rural da CATI, levando-se em conta as dificuldades enfrentadas pelos agricultores em

regiões periurbanas, tais como furtos de produtos plantados, assaltos a sede da UPA, despejo

irregular de lixo, fogo clandestino, entre outros inerentes na relação população urbana e rural,

chegou-se a delimitação e proposição apresentada na Tabela 9.

Tabela 9 – Critérios para estratificação dos níveis de urbanização e limites da região

periurbana.

Nível de

urbanização

Parâmetro

utilizado Método de Classificação

Critério de

recorte Municípios

Periurbano

(km)

1 Urbanização

Aplicado o método das

quebras naturais do

algoritmo de Jenks, com 5

classes, e selecionado a de

maior valor

Urbanização >

40% 24 5

2 Impacto do

urbanizado

Aplicado o método das

quebras naturais do

algoritmo de Jenks, com 5

classes, e selecionadas as

duas de maior valor

Impacto do

urbanizado >

11.000

25 3

3 Frente de

expansão

Aplicado o método das

quebras naturais do

algoritmo de Jenks, com 3

classes, e selecionado a de

maior valor

Frente de

Expansão > 2.700 6 1,5

4 Frente de

expansão

Aplicado o método das

quebras naturais do

algoritmo de Jenks, com 3

classes, e selecionado a de

valor médio

2.700 ≥ Frente de

Expansão ≥ 560 43 1

5 Frente de

expansão

Aplicado o método das

quebras naturais do

algoritmo de Jenks, com 3

classes, e selecionado a de

menor valor

Frente de

Expansão < 560 547 0,5

Fonte: Elaborado pelo autor.

A noção do continuum exposta por Talaska et al. (2014), que implica considerar a

existência de uma graduação entre o urbano e o rural, de modo que se pode identificar diferentes

níveis escalares de relações urbanas ou rurais, os quais seriam níveis de transição entre os

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extremos urbano e rural, é utilizada neste estudo como elemento variável de acordo com o nível

de urbanização do município.

Para os municípios com nível 1 de urbanização, propõe-se a delimitação de um raio

à partir do limite urbanizado (buffer) de cinco quilômetros, pois em tais localidades o peso do

município se faz presente numa vasta extensão adentrando a área rural. Nos municípios de nível

de urbanização 2, com ainda elevado impacto do urbanizado sobre o rural é proposto um raio

de 3 km para esta franja do urbano. Os demais municípios, começando com o valor de 1,5 km

e diminuindo-se 0,5 km a cada diminuição do nível de urbanização.

Realizados os procedimentos de delimitação de raio (buffer) para cada município,

efetuadas as junções destes quando da ocorrência de sobreposição, e recorte dos mesmos para

se manterem dentro dos limites do Estado, pois muitos dos municípios causam impactos da área

periurbana a outros estados da federação, chegou-se ao mapa apresentado na Figura 36.

Figura 36 - Áreas de agricultura urbana e periurbana em São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Verifica-se que nas regiões onde houve o processo de conurbação38, extensas áreas

periurbanas se formam como nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas,

apresentando assim, áreas periurbanas que se somam espacialmente, gerando um maior efeito

38 Fenômeno urbano que ocorre quando duas cidades limítrofes se expandem ao ponto de encontrar-se, compondo um único núcleo urbano.

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do urbano sobre o rural em tais áreas. Caiado e Santos (2003) destacam que a localização das

atividades econômicas e da população privilegiou as sedes regionais e/ou seus entornos

imediatos, notadamente as Regiões Administrativas de Campinas, Santos, Sorocaba, São José

dos Campos e Ribeirão Preto, no sentido de induzir um padrão de urbanização até então vigente

somente na metrópole.

As áreas periurbanas, que na literatura especializada, segundo Miranda (2009),

encontram outros conceitos e denominações que se referem aos espaços existentes na interface

do rural com o urbano, dentre os quais, podem ser destacados: franja rurbana, franja rural-

urbana, franja periurbana, periferia rurbana ou, para os casos em que a urbanização não constitui

uma faixa homogênea nas dimensões físico-naturais e/ou sociais.

O entendimento das áreas aqui mapeadas se assemelha ao conceituado por Pryor

(1971), como franja rural-urbana constituindo-se enquanto zona de transição de usos do solo e

características sociodemográficas, que se caracteriza por um maior ritmo de crescimento

demográfico e maior ritmo das transformações do solo rural em urbano, e também ao mesmo

tempo por uma permanência, quer sejam econômicas, quer sejam políticas, de estruturas que

oferecem resistências às transformações mais diretas da urbanização.

Um total de 1.863.055,5 km² foi obtido para a área periurbana paulista (7,5% da

área física total do Estado - 24,8 milhões de ha), sendo esse a base para a delimitação dos limites

físicos da agricultura urbana e periurbana em São Paulo, sendo importante destacar a

característica do efeito crescente desta franja urbana, em função do tamanho da área urbanizada,

permitindo-se visualizar o efeito crescente sobre o rural conforme a proximidade com as regiões

metropolitanas paulistas.

Com vistas à realização de uma checagem da proposição dos cinco níveis de

urbanização, confeccionou-se o mapa da Figura 37, podendo-se observar que o nível 1

representa o município de São Paulo e suas cidades satélites, bem como efeito parecido que

vem ocorrendo no entorno de Campinas, nas cidades de Sumaré e Hortolândia.

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Figura 37 – Nível de urbanização em São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O nível 2 representa cidades referência para a região que a margeia, tais como

Campinas e Taubaté e municípios como São José do Rio Preto e Botucatu no interior do Estado,

distantes da influência do nível 1 de urbanização. Os níveis 3 e 4 apresentam municípios

referência da localidade em que estão inseridos, muitos deles apresentando elevadas taxas de

crescimento de sua população e desenvolvimento constante das indústrias instaladas em seus

limites. O nível 5, ou seja, 84,81% dos municípios paulistas, encontram-se num nível ainda de

menor impacto sobre o rural, existindo ainda o convívio entre as atividades urbanas e rurais de

forma menos impactantes, sendo ainda o rural, pasta importante nas secretarias municipais.

Egler et al. (2013), conclui que, embora fortemente polarizada pela metrópole

paulista, que centraliza as principais funções de serviços especializados, com capitais regionais

importantes, onde se destacam Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, o território

paulista já dispõe de subsistemas urbanos capazes de consubstanciar uma estrutura policêntrica,

que permitiria distribuição mais harmônica do crescimento e uma integração mais efetiva entre

as suas diversas regiões.

Analisando-se o mapa da Figura 37 em conjunto com o mapa da Figura 38, nota-se

que a distribuição dos municípios com maior participação no Valor adicionado da agropecuária

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(acima de 35%), coincide com os pólos regionais no interior paulista, classificados como de

nível de urbanização 4 e às demais regiões classificadas como de nível de urbanização 5.

Figura 38 - Participação dos municípios no valor adicionado da agropecuária – 2007.

Fonte: Egler et al., 2013.

Somente a capital de São Paulo responde por 33,8% do PIB paulista; metade da

riqueza produzida no Estado se concentra em apenas sete municípios, e a participação das

regiões metropolitanas é de 78,6% do PIB (Fundação Seade, 2017). O PIB das regiões

metropolitanas (São Paulo, Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte, Ribeirão Preto,

Sorocaba, e Baixada Santista) somado ao das aglomerações urbanas de Jundiaí e de Piracicaba

corresponde a 84,9% do total, ficando os demais municípios com uma participação de apenas

15,1%. Porém, quando analisado o Valor adicionado pela agropecuária, esta relação se inverte,

ficando estes municípios com uma participação de 69,8% do total. A participação no Valor

adicionado pela agropecuária nos municípios com até 50.000 habitantes é de 71,1% (Fundação

Seade, 2017), sendo estes classificados nos níveis de urbanização 4 e 5.

Com uma área urbana ocupando 3,4% do território paulista e tendo como área

periurbana um total de 7,5%, chega-se a um total de 2.705.805,6 ha, ou 10,9% do território com

relação direta das influências das dinâmicas urbanas sobre o rural. Cruzou-se então a

geoespacialização das UPAs (LUPA 2017/2018) com as áreas urbanizadas, obtendo-se um total

de 7.755 UPAs, ou seja, 2,5% das UPAs no Estado, classificadas como UPAs urbanas. O valor

total da área física destas corresponde a 201.983,3 ha, salientando-se que não obrigatoriamente

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estejam em sua totalidade dentro da área urbanizada. A análise da ocupação do solo por estas

UPAs, agrupada por grupo de culturas é apresentada na Tabela 10.

Tabela 10 - Grupos de cultura nas UPAs Urbanas, LUPA 2017/2018.

Grupo de culturas Número de UPAs % Área ocupada %

Pastagens 5.750 74,1 70.474,0 34,9

Olerícolas 2.431 31,3 3.163,1 1,6

Frutas 1.446 18,6 1.933,8 1,0

Grãos 1.210 15,6 18.698,1 9,3

Cana-de-açúcar 870 11,2 31.803,3 15,7

Outras 829 10,7 9.652,7 4,8

Eucalipto 766 9,9 12.129,3 6,0

Citros 268 3,5 3.816,8 1,9

Café 239 3,1 1.840,4 0,9

Seringueira 47 0,6 517,8 0,3

Plantas fibrosas 2 0,0 8,5 0,0

Total Geral 13.858 178,7 154.037,8 76,3

Fonte: Elaborado pelo autor.

Importante notar que o número total de UPAs ultrapassa o total de UPAs urbanas,

fato esse explicado pela característica de possibilidade de ocorrência da mesma UPA em mais

de um grupo de cultura. As pastagens são a ocupação de maior ocorrência de UPAs,

característica frequentemente associada às áreas de expansão, com desenvolvimento

descontínuo ou pioneiro, conforme Coy, Klingler e Kohlhepp (2017). Ohls e Pines (1975)

afirmam que a especulação entre os proprietários de terras, de que a terra mais próxima do

centro urbano é impedida de se desenvolver para que possa ser desenvolvida em uma densidade

mais alta no futuro, passa a ser determinante primário desse padrão de desenvolvimento com

pastagens, os quais utilizam esta ocupação apenas como medida de ocupação da área,

aguardando sua valorização com o passar do tempo.

O segundo grupo de maior ocorrência, o das olerícolas, vêm a corroborar com a

teoria de Von Thünen, de que estas seriam as de maior ocorrência nestas áreas. Importante

destacar que, apesar de representarem apenas 1,6% da área ocupada, a olericultura possui alta

produtividade com implantação de diferentes culturas e/ou diferentes ciclos numa mesma área

(gleba homogênea). De acordo com Mogharbel e Masson (2005), a importância da olericultura

no cenário agrícola nacional se traduz pela alta rentabilidade, distribuição de renda e geração

de empregos. Caetano et al. (2001) afirmam que dentre os produtos agrícolas nacionais, estas

só perdem em valor da produção para a cana-de-açúcar, café, soja e milho.

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As UPAs periurbanas representam um total de 35.214 UPAs (11,3% do total de

UPAs) com 1.130.534,4 de ha ocupados, representando 6,1% do total da área de agropecuária

estadual, e a relação de grupos de culturas exploradas em seu interior é apresentada na Tabela

11.

Tabela 11 - Grupos de cultura nas UPAs Periurbanas, LUPA 2017/2018.

Grupo de culturas Número de UPAs % Área ocupada %

Pastagens 25.784 73,2 404.334,1 35,8

Olerícolas 10.058 28,6 21.937,4 1,9

Grãos 6.581 18,7 96.706,2 8,6

Frutas 6.455 18,3 13.591,9 1,2

Cana-de-açúcar 6.203 17,6 244.141,9 21,6

Eucalipto 4.320 12,3 61.766,9 5,5

Outras 2.886 8,2 12.567,8 1,1

Citros 1.965 5,6 28.870,5 2,6

Café 1.461 4,1 17.086,4 1,5

Seringueira 325 0,9 4.393,3 0,4

Plantas fibrosas 7 0,0 76,0 0,0

Total Geral 66.045 187,6 905.472,4 80,1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Efeito semelhante ao das UPAs urbanas se repete para o das UPAs periurbanas,

corroborando assim novamente com a teoria de Von Thünen de exploração de olerícolas neste

primeiro anel de entorno do urbanizado. Importante se destacar a expressiva participação da

cana-de-açúcar, reafirmando seu caráter de cultura que cobre grandes porções do território

paulista e a problemática de sua relação com a população urbana, que sofre os efeitos diretos

advindos das práticas agronômicas utilizadas em seu manejo (fogo, deriva39 de defensivos,

perda de diversidade de flora e fauna, e alteração da paisagem).

A discussão acerca da agricultura urbana e periurbana vêm tomando expressão no

cenário nacional, havendo inclusive o projeto de Lei Federal n° 906/2015, que institui a política

nacional de agricultura urbana (BRASIL, 2015), aprovado pela câmara dos deputados e

aguardando apreciação pelo senado. Importante se destacar também na análise deste perfil de

agricultura o exposto na Figura 39.

39 Toda aplicação de defensivos agrícolas que não atinge o local desejado, podendo ocorrer por evaporação, escorrimento e/ou deslocação para outras áreas através do vento.

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Figura 39 – Comparativo entre UPAs urbanas, periurbanas e total, relativo a participação da

agropecuária na renda e número de residentes na UPA (LUPA 2017/2018).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nota-se que conforme a exploração agropecuária se distancia da cidade, a

participação da renda da agropecuária na renda familiar aumenta, explicitando o efeito de

vínculo existente entre as relações do produtor rural para com as atividades econômicas da

cidade quando da proximidade física. Efeito contrário ocorre quando se analisa se o proprietário

reside na UPA, diminuindo em função do distanciamento do urbanizado, que explicita a relação

de distância da UPA para com a área urbanizada, como efeito direto na opção de residência do

proprietário na UPA. Importante perceber que a agricultura urbana e periurbana acabam

funcionando como um elemento que favorece a fixação do proprietário na propriedade agrícola,

efeito esse que merece atenção na formulação de políticas públicas a estas porções do território.

A ocupação do território apresentado aqui como agricultura urbana e periurbana,

favorecem assim a manutenção do homem no campo, gerando uma relação de trocas comerciais

entre cidade e campo que beneficiam a integração entre estas formas de entender e viver o rural,

permitindo que alimentos do grupo olerícolas estejam disponíveis de forma rápida à população

local, bem como permitindo que a família rural se mantenha no campo e não gere impactos à

gestão municipal de trabalhadores desempregados, causado pelo êxodo do rural para o urbano.

De acordo com Ney e Hoffmann (2009), estudos realizados em diversos países em

desenvolvimento, mostram que algumas condições responsáveis pela desigualdade de renda na

agricultura, como a distribuição da posse da terra, o perfil educacional da população e as

desigualdades inter-regionais também tendem a afetar, com maior ou menor intensidade, a

distribuição da renda rural não-agrícola. Desta forma, aliando-se ao obtido para as UPAs

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urbanas e periurbanas, com 63,7% e 61,2% respectivamente, da renda dos proprietários

proveniente de outras fontes não ligadas às UPAs, merece atenção dos tomadores de decisão

quanto aos programas a serem desenvolvidos a esta parcela da agropecuária.

De forma a se realizar uma verificação das áreas periurbanas delimitadas,

empregando-se as ortofotos utilizadas nas vetorizações das áreas periurbanas, para checagem

das características das UPAs de forma visual, realizaram-se algumas observações, como as

apresentadas nas imagens contidas da Figura 40.

Figura 40 – Checagem de delimitação de áreas urbanas e periurbanas, com cruzamento de

UPAs do censo LUPA 17/18, (a) município nível 4 de urbanização e (b) município nível 2 de

urbanização.

(a)

(b)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Obs.: Limite do urbanizado em rosa e limite do periurbano em roxo. Os pontos verdes referem-se à distribuição

geoespacial das UPAs (LUPA 17/18).

Na Figura 40 (a), observa-se um recorte de uma das áreas periurbanas de um

município escolhido aleatoriamente (nível de urbanização 4), verificando-se diversas áreas de

plantio do grupo das olerícolas, às quais visam o abastecimento da área urbanizada,

corroborando assim mais uma vez com a teoria de Von Thünen para o primeiro anel

concêntrico. Na Figura 40 (b) com recorte em município de nível de urbanização 2, constata-se

a influência do urbanizado sobre o rural, quando em município com elevado grau de

urbanização, gerando efeitos em UPAs além das voltadas à produção de produtos da

olericultura, mas também nas UPAs com exploração de cana-de-açúcar, grãos, e frutas.

Na Figura 41 é apresentado um exemplo de análise integrada dos dados do LUPA

com os vetores do CAR para região periurbana da região de Campinas (nível de urbanização

2). Fator importante em se destacar é a capacidade do LUPA de abranger um maior número de

porções do rural, pois mesmo a obrigação legal existindo quanto ao cadastro no CAR, apenas

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uma propriedade é existente para a região, enquanto o LUPA 17/18 apresenta três UPAs, todas

apresentando a característica de presença de olericultura entre suas informações levantadas.

Diferentes ferramentas de gestão do território possuem diferentes ganhos e potencialidades em

seu uso, esta visão, segundo entendimento de Carneiro et al. (2012), abre espaço para uma nova

concepção de plataforma, o Cadastro: o Cadastro Territorial Multifinalitário (CTM). Esse, além

de agregar os aspectos econômicos, físicos e jurídicos tradicionais, contemplará também os

dados ambientais do imóvel e os sociais das pessoas que o habitam. Neste sentido indica-se a

necessidade de integração das bases de dados existentes.

Figura 41 – Exemplo de utilização conjunta de distribuição geoespacial de UPAs (pontos

verdes), com vetores do Cadastro Ambiental Rural (polígono verde hachurado), cidade de

Campinas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Balsadi (2001) afirma que a agricultura em tempo parcial e a pluriatividade nestas

regiões, promovem uma articulação entre a agricultura e os demais setores econômicos, num

contexto territorial que já foi agrícola e rural, passando cada vez mais a ser caracterizado pela

presença de diversos ramos de atividade, com exceção das áreas mais atrasadas e mais pobres

(aglomerados subnormais). Conforme afirma esse autor, nesse espaço, onde o rural já não é

sinônimo de agrícola, há forte expansão das atividades industriais e de serviços, antes restritas

às áreas urbanas, de tal forma que a difusão de novas tecnologias, que acompanha esse processo,

torna cada vez maior a analogia entre os processos de trabalho na agricultura e na indústria e

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entre os mercados de trabalho urbano e rural, ressignificando o “novo rural” destacado por

diferentes autores já apontados.

A título de conclusão desta análise é importante destacar que as UPAs urbanas

possuem um total necessário de 40.396,7 ha de RL (levando-se em consideração os 20%

exigidos no “Novo Código Florestal”) e possuem um total de vegetação nativa de 33.130,0 ha,

ou seja, sendo necessária a restauração florestal de 18% da área das UPAS. Já as UPAs

periurbanas possuem um total necessário de 226.106,9 ha de RL, e possuem um total de

vegetação nativa de 153.553,0 ha, havendo uma necessidade maior nestas áreas quanto a

restauração florestal, ou seja, de 32,1% da área das UPAs. A presença de vegetação nativa

nestas porções do território é apontada por Wollmann (2014) como de extrema importância

para o planejamento e gestão territorial municipal, sendo um processo efetivo que contribui

para a qualidade de vida dos cidadãos e almeja a sustentabilidade ambiental. Permitindo ainda

que contribua como um fator de amortecimento dos efeitos das influências ambientais

decorrentes de possíveis mudanças climáticas, pelo seu efeito no microclima local.

Assim, as políticas públicas voltadas a esta realidade, de acordo com Fernandes

(2008), deverão contribuir para atenuar a divisão que ocorre entre o rural e o urbano,

estabelecendo mecanismos que unam estes meios, especialmente em termos ambientais. Há

ainda de se ressaltar a possibilidade de políticas de incentivo no desenvolvimento e fixação por

agroindústrias nestas áreas periurbanas, aliando-se a demanda proveniente das áreas

urbanizadas, com a disponibilidade de produtos do setor agropecuário.

A agricultura urbana e periurbana é responsável por 19,1% (25.100,5 ha) da área

plantada de olericultura no Estado de São Paulo, englobando 18,1% (5.038 UPAs) das UPAs

com exploração deste grupo de cultivo. Apesar da comprovação da teoria de Von Thünen, o

Estado de São Paulo possui regiões de seu território especializadas no cultivo das olerícolas,

tais como a região do Alto Tietê e de Sorocaba, havendo forte especificidade de cultivo, tais

como jiló, pepino, repolho, quiabo, pimentão, espinafre, couve, cebolinha, alface e brócolis,

visando o atendimento das demandas das regiões urbanizadas.

Conhecida e quantificada esta porção territorial da agropecuária paulista, a qual

possui relação intrínseca com o ambiente urbano, parte-se agora para uma visão voltada a

totalidade do território de São Paulo, com vistas a unir as relações até então estudadas, numa

perspectiva de contribuição ao planejamento de ações mitigadoras às mudanças climáticas

globais sobre o setor produtivo da agropecuária.

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5.3. Vulnerabilidade agrária-socioambiental em São Paulo

Malta et al. (2017) afirmam que nos últimos anos, o termo vulnerabilidade tornou-

se palavra-chave nos estudos sobre risco ambiental e mudanças climáticas. É destacado por

Gallopín (2006) que o conceito de vulnerabilidade é bem amplo, sendo desta forma adaptado

para diferentes áreas do conhecimento.

Muitas vezes, para que esta vulnerabilidade se torne mensurável, a dimensão

territorial é utilizada como base de análise, e conforme afirmam Egler et al. (2013), o território

é a manifestação mais evidente dos processos econômicos, sociais e políticos que moldam a

região enquanto espaço vivido.

À medida que as mudanças climáticas se tornam mais prevalentes globalmente,

Holzkämper (2017) afirma que a disponibilidade futura de recursos hídricos para consumo

humano, produção agrícola e manufatura se torna mais incerta. Desta forma, aliar a análise de

vulnerabilidade com questões sociais, ambientais e econômicas para a agropecuária pode

contribuir para o planejamento de ações que mitiguem tais efeitos, necessitando assim de

espaços geográficos bem definidos para esta eficiente gestão territorial. Binder (2006)

recomenda detalhar os cenários disponíveis das mudanças climáticas para a escala de bacia

hidrográfica.

Trabalhos como o de Freire (2017), De Rezende et al. (2018), e outros, partem da

divisão do território de acordo com unidades definidas para São Paulo, para a gestão em bacia

hidrográfica, conhecidas por UGRHIs. Estudos nesta linha de divisão territorial em bacias

ocorrem por todo o cenário nacional, citando-se como exemplo o de Costa et al. (2007) que

orientaram ações de conservação no Estado do Rio de Janeiro, com uma abordagem por sub-

bacias hidrográficas, onde se propuseram avaliar a vulnerabilidade destes compartimentos

naturais.

As consequências das influências ambientais são sentidas de forma desigual entre

a população, e Givisiez e Oliveira (2017) afirmam que é notório que para cada tipo de desastre

natural, existe um conjunto de variáveis sociais e econômicas que podem ser ou não associadas

às consequências dos desastres.

Maior e Candido (2014) argumentam que os modelos metodológicos e teóricos para

vulnerabilidade, apresentados por Alves (2005), Deschamps (2006), Almeida (2010), Hogan,

Baeninger e Cunha (2001) e Silveira (2010) partem de um mesmo procedimento metodológico,

baseado em dados do IBGE e da sobreposição cartográfica dos riscos ambientais com os riscos

sociais distribuídos no espaço urbano estudado. Porém, vulnerabilidade não é consenso em

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estudos sobre o tema, e Figueiredo et al. (2010) afirmam que se cria assim uma dificuldade de

comparação dos resultados de trabalhos semelhantes.

Unindo as informações até então apresentadas para o setor agropecuário paulista,

com informações de explorações agrícolas, dados econômicos e socioambientais das UPAs, e

ainda informações de relevo, solo e clima de São Paulo, foi desenvolvida análise com vistas a

identificação da vulnerabilidade agrária-socioambiental frente às influências ambientais das

mudanças climáticas.

Na Figura 42, são apresentadas as bases de relevo, solo e clima de São Paulo levadas

em consideração: (a) modelo digital de elevação, base para as análises de topografia das

UGRHIs, (b) mapa de declividades, derivado do processamento do primeiro, (c) mapa de solos,

base para as análises de vulnerabilidade na variável solo, e (d) mapa de clima, base para as

análises de vulnerabilidade na variável clima. Tais elementos visam compreender como as

variáveis preestabelecidas aos agricultores, ou seja, o local no qual estes realizam suas

atividades agropecuárias irá coloca-los em situação de maior ou menor vulnerabilidade frente

às influências ambientais.

Figura 42 – Bases vetoriais e matriciais para análise: (a) modelo digital de elevação, (b) mapa

derivado de declividade, (c) mapa de solos, e (d) mapa de classificação climática.

(a)

(b)

(c)

(d)

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Para fins metodológicos e analíticos, a vulnerabilidade socioambiental aqui

trabalhada, segue a conceituada por Alves (2006), sendo definida como a coexistência ou

sobreposição espacial entre grupos populacionais sob risco (vulnerabilidade social) e áreas de

risco (vulnerabilidade ambiental). Neste sentido, é justamente a combinação destas duas

dimensões que está sendo considerada sob o enfoque ao setor agropecuário. Figueiredo et al.

(2010) ressalta que estudos usualmente consideram pelo menos um dos fatores: exposição de

um sistema às perturbações, sensibilidade do meio e capacidade adaptativa, sendo necessário o

pronto esclarecimento desses conceitos em análises de vulnerabilidade.

Desta forma, o primeiro elemento em consideração para a definição de

vulnerabilidade agrária-socioambiental refere-se à formação topográfica da superfície em

estudo, seguindo-se a metodologia exposta na Tabela 3 da Metodologia, obteve-se o mapa da

Figura 43.

Figura 43 – Vulnerabilidade ambiental sob o enfoque topográfico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As áreas em vermelho representam situação de alta vulnerabilidade ambiental para

o setor agropecuário, pois pelo fato de possuírem acentuada declividade, possuem riscos em

casos de regimes de pluviosidade aumentada e intensificada. Cruz et al. (2010) destaca que

quanto mais inclinado é o relevo, maior a suscetibilidade aos processos erosivos, uma vez que

a intensidade do fenômeno depende da velocidade do escoamento.

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A definição de vulnerabilidade ambiental, de acordo com Olímpio e Zanella (2011),

representa uma importante ferramenta para a tomada de decisão, notavelmente para os gestores

públicos, ao indicar espacialmente a dinâmica do meio natural e, consequentemente, indicar as

potencialidades e as limitações, bem como os riscos das ocupações impróprias, em cada porção

do espaço.

Realizou-se então uma tabulação cruzada com os limites das UGRHIs, obtendo-se

a Tabela 12. Constata-se que como um todo, o Estado de São Paulo possui excelentes

características topográficas para o desenvolvimento da agricultura em seu território, pois 70,0%

deste possui baixa vulnerabilidade neste quesito.

Tabela 12 – UGRHIs e porcentagem da área em vulnerabilidade ambiental sob o enfoque

topográfico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quatro UGRHIs, Litoral Norte, Mantiqueira, Baixada Santista e Ribeira de Iguape

e Litoral Sul possuem mais de 13% de sua área sob alta vulnerabilidade, fato esse que corrobora

com constatações anuais nestas regiões, com constantes deslizamentos de terra em épocas de

chuva, diminuição dos espaços para as explorações agropecuárias, bem como a perda de sua

produção por conta das características topográficas associadas com as climáticas. Importante

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também destacar que a alta vulnerabilidade neste quesito para a agropecuária, corresponde a

elemento de manutenção da vegetação nativa em São Paulo.

Mukesh et al. (2017) destacam que a vulnerabilidade natural e ambiental é

altamente afetada por más condições climáticas, menor cobertura agrícola, degradação da terra

e altas atividades socioeconômicas.

Partiu-se então para a obtenção do mapa de vulnerabilidade ambiental sob o

enfoque do clima de São Paulo (Figura 44), agrupando-se as classificações climáticas de

Köppen-Geiger de acordo com o padrão temporal ao longo do ano, com vistas a condições que

permitam um pleno desenvolvimento da maioria das culturas, com disponibilidade regular de

água e variações de temperatura com baixo regime de alternância em extremos.

Figura 44 – Vulnerabilidade ambiental sob o enfoque climático.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O mapa obtido permite acrescentar uma nova justificativa ao desenvolvimento

urbano ao eixo da BR-116 entre São Paulo e Rio, favorecendo o desenvolvimento do

urbanizado em função das baixas condições ao desenvolvimento da agropecuária. Permite ainda

explicar o atual estado de degradação das pastagens no oeste de São Paulo, e ainda o uso intenso

de irrigação na região de Guaíra (norte do Estado).

As áreas de baixa vulnerabilidade ambiental sob o enfoque do clima vêm

atualmente intensificando o plantio de culturas agrícolas como do feijão (região de Itapetininga

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– centro/sul do Estado), e olerícolas, principalmente morango e hortaliças (região de Bragança

Paulista e Mogi das Cruzes respectivamente).

Com a tabulação cruzada para a variável vulnerabilidade ambiental sob o enfoque

do clima (Tabela 13), obteve-se uma porcentagem de 48,1% de São Paulo, em alta

vulnerabilidade neste quesito. Tal valor corrobora com a bibliografia até então abordada, e

também com Siqueira e Peterson (2003), indicando que com as mudanças climáticas, o

território paulista perderá grande parte de sua área produtiva, vindo a ocorrer uma alteração

brusca da dinâmica de uso do solo.

Tabela 13 – UGRHIs e porcentagens da área em vulnerabilidade ambiental sob o enfoque

climático.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A identificação de regiões ambientalmente vulneráveis ao clima é um aspecto

importante do manejo de recursos florestais segundo Zou e Yoshino (2017), especialmente em

formações florestais que exibem sensibilidade à mudança climática. As regiões de alta

vulnerabilidade ambiental sob o enfoque do clima, apesar de serem voltadas neste estudo ao

desenvolvimento da agropecuária, servem também de indicativo de cuidados mais intensos na

condução de projetos de restauração florestal nestas áreas.

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Algumas UGRHIs merecem atenção especial, pois possuem a totalidade ou quase

toda sua área, em condição de alta vulnerabilidade ambiental ao clima, necessitando assim de

práticas físicas intensivas de conservação do solo, às quais se não realizadas, podem significar

a constante e crescente perda de material base à produção, o solo, com a intensificação dos

processos de alteração do clima.

Apenas a UGRHI do Alto Tietê apresentou elevado valor para vulnerabilidade

baixa (99,1% de seu território), constatação esta que pode contribuir negativamente para a

percepção das mudanças climáticas pela população paulista formadora de opinião, pois esta é

a região mais populosa do Estado, berço das políticas públicas e principal divulgadora de

tendências, mascarando assim a possibilidade de regimes de percepção da alteração do meio

pela população urbana.

Processos erosivos, fator de grande importância no estudo da vulnerabilidade

ambiental, apresentam sérias repercussões porque os materiais erodidos são geralmente

transportados para rios, lagos e reservatórios, causando assoreamento e a poluição desses corpos

líquidos quando doses elevadas de agrotóxicos são utilizadas, além de reduzir a produtividade

agrícola pela perda de nutrientes do solo carreados com o escoamento superficial (Ollier e Pain,

1996 apud Guerra e Marçal, 2006).

Ao tomar o espaço geográfico como uma dimensão fundamental da vida em

sociedade e não apenas como palco ou cenário que pouco influencia essa vida, é preciso

conhecer em profundidade todas as relações intrínsecas a natureza e a sociedade, sobre um olhar

de sua diversidade e interatividade que se materializa no mundo moderno (Bertrand e Bertrand,

2007).

Os solos figuram neste quesito como o principal meio de desenvolvimento da

agropecuária, com suas características de formação e propriedades físico-químicas facilitando

ou não a condução das atividades rurais.

Realizada a classificação dos solos conforme a metodologia apresentada, obteve-se

o mapa de vulnerabilidade ambiental sob o enfoque dos solos (Figura 45).

Os graus de vulnerabilidade de cada tipo de solo foram determinados a partir de

características físico-químicas que, por sua vez, contribuem ou restringem ao desenvolvimento,

de forma geral, das culturas agrícolas. Levou-se em consideração o exposto por Júnior e

Rodrigues (2012) como os quesitos pedológicos, a suscetibilidade à erosão de cada tipo de solo,

o poder de agregação das partículas e a capacidade de suporte à vegetação.

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Figura 45 – Vulnerabilidade ambiental sob o enfoque dos solos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Importante notar que as regiões obtidas como de baixa vulnerabilidade, refletem as

terras mais férteis do Estado (cuestas basálticas, ou eixo nordeste-sudoeste), de áreas

predominantes à exploração de cana-de-açúcar, e ainda as regiões de rizicultura no vale do

Paraíba do Sul (leste) e também regiões de crescente desenvolvimento da agricultura

periurbana, principalmente na região de Ibiúna.

Medeiros (2004) enfatiza que as ações acontecem em lugares específicos e os

problemas a serem resolvidos possuem uma determinada localização geográfica, ou seja,

encontra-se presente no tempo e no espaço. As altas vulnerabilidades ambientais para a

agropecuária levando-se em consideração os solos, refletem ainda a prática de abandono destas

terras ao longo do tempo, pelo seu baixo potencial agrícola, favorecendo a consolidação dos

remanescentes florestais em São Paulo e a existência dos fragmentos florestais distribuídos ao

longo do Estado.

A tabulação cruzada é apresentada na Tabela 14 e permite a identificação das

UGRHIs com maiores porcentagens de área em baixa vulnerabilidade ambiental, que

representam assim maior potencial à agropecuária, apresentando mais de 40% de sua área física,

propícia à agricultura, sendo: Baixo Pardo Grande, Sapucaí Grande, Mogi Guaçu, Tietê/Jacaré,

Médio Paranapanema, Pardo, Alto Paranapanema, Pontal do Paranapanema e Baixo Tietê, em

ordem crescente de área em baixa vulnerabilidade ambiental quanto aos solos.

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Tabela 14 – UGRHIs e porcentagens da área em vulnerabilidade ambiental sob o enfoque dos

solos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Prates (2006) afirma que a categoria vulnerabilidade socioambiental pode captar e

traduzir os fenômenos de sobreposição espacial e interação entre os problemas sociais e

ambientais.

Assim, a vulnerabilidade socioambiental incorpora a vulnerabilidade ambiental

com a vulnerabilidade social. Deschamps (2004) mostra que populações em situação de

vulnerabilidade social alta coexistem com espaços naturais susceptíveis aos eventos naturais

adversos.

Para as análises das vulnerabilidades sociais e econômicas, as características das

UPAs do censo LUPA 17/18 foram geoespacializadas, e possuem distribuição espacial

apresentadas no mapa da Figura 46, às quais foram então cruzadas com as UGRHIs conforme

as seleções apontadas na Tabela 3 da metodologia.

Zanella et al. (2013) afirmam que as bacias hidrográficas estão estruturadas como

um sistema, no qual a relação entre os diferentes componentes forma uma paisagem singular,

marcada por uma dinâmica específica. Enfatiza-se que os componentes não se limitam aos

elementos naturais, mas envolvem a sociedade, através dos reflexos de suas ações (processo

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produtivo, relações imateriais e as condições sociais, econômicas e institucionais) sobre a

dinâmica hidrológica e dos demais processos associados.

Portanto, o uso das UGRHIs como unidade de investigação, no qual as variáveis

naturais e humanas nela presentes estão sempre em interação, possui fundamental importância

para o planejamento e gestão territorial, e permite a visualização concreta das inter-relações

entre as UPAs e o território explorado.

Figura 46 – Distribuição geoespacial de UPAs, LUPA 17/18.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O fato de se tratar de uma análise que relaciona estruturas espaciais às condições de

vulnerabilidade socioambiental, de acordo com Silva (2017), reforça algumas abordagens

emergentes empenhadas em mostrar que a construção do conceito de meio ambiente, como bem

comum, muitas vezes se confunde com o próprio conceito de natureza.

Alves (2006) coloca ainda que o termo vulnerabilidade social tem sido utilizada

com certa frequência por grupos acadêmicos e entidades governamentais da América Latina.

Esta incorporação da noção de vulnerabilidade teve forte influência de organismos

internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial e o Banco Internacional para

Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

No presente estudo busca-se considerar critérios agrários (práticas de conservação

do solo realizadas nas UPAs e tipos de exploração agrícola ocupadas pelas UPAs), econômicos

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(participação da UPA na renda familiar do produtor), e socioeconômicos (indicadores das UPAs

que conferem maior ou menor dependência a fatores ambientais), criando-se assim uma

perspectiva de vulnerabilidade agrária-socioeconômica, conforme Figura 47.

Figura 47 – Vulnerabilidade agrária-socioeconômica.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Desta forma, unindo características da agricultura paulista que contribuem a uma

maior ou menor adaptação às influências ambientais, sejam provenientes das mudanças

climáticas ou suas consequências econômicas diretas ou indiretas por meio do mercado.

A vulnerabilidade socioambiental sob o enfoque econômico busca quantificar a

dependência do produtor rural em relação a sua UPA, pois quanto mais dependente desta sua

renda o for (100% de participação da UPA na renda familiar), maior sua vulnerabilidade neste

critério. Agricultores com menor dependência direta da UPA possuem uma maior capacidade

de se capitalizar em caso de possíveis quebras de safra e impactos na produção. A tabulação

cruzada com as UGRHIs é apresentada na Tabela 15.

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Tabela 15 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade socioambiental sob o

enfoque econômico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nota-se que UGRHIs com maiores porções de seu território já urbanizadas, como

Paraíba do Sul, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Baixada Santista, Tietê/Sorocaba, Ribeira do

Iguape/Litoral Sul, Litoral Norte, e Tietê/Jacaré possuem mais de 50% de suas UPAs em

condição de baixa vulnerabilidade, o que provavelmente se correlaciona com as trocas

existentes entre rural e urbano. Interessante notar que tal efeito não se verificou na UGRHI Alto

Tietê, a qual apresenta 48,3% de suas UPAs em condição de alta vulnerabilidade,

provavelmente associadas a agricultura de subsistência ao redor das grandes cidades.

Braga et al. (2006) afirmam que a falta de resiliência é uma componente

comportamental, comunitária e política, associada à capacidade de um grupo populacional

absorver o choque de um desastre e se adaptar para voltar a um estado aceitável, e é esse

conceito que deve ser levado em consideração na análise das ocorrências de baixa

vulnerabilidade.

Outro elemento que interfere no processo erosivo é o tipo de uso do solo e a

cobertura vegetal. Além de proteger o solo contra a perda de material, Júnior e Rodrigues (2012)

afirmam que o uso adequado e a cobertura vegetal protegem-no diretamente contra efeitos

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degradantes ao solo e indiretamente na prevenção de impactos aos recursos hídricos e florestais,

afetando consequentemente os elementos qualitativos no ambiente.

O grupo das frutas foi classificado como de alta vulnerabilidade, pois apesar de

realizarem uma boa cobertura do solo, possuem uma alta interferência em sua produtividade

em caso de alterações climáticas e exigem do proprietário elevadas quantias para a substituição

da exploração, aliado ao fato do tempo envolvido para o início da produção, que em casos

extremos de influências ambientais, como o identificado para a cultura da laranja, podem levar

o produtor a falência. Além disso, muitos produtores de perenes possuem apenas essa atividade

como principal e, portanto, permanecem no mesmo ramo mesmo em períodos de prejuízo, até

entrar em colapso geral, em caso de crise persistente por vários anos. Ou seja, há pouca

flexibilidade ao produtor.

O grupo dos grãos, pelo seu caráter de cultura anual e, não muito expressiva

característica de cobertura do solo, levou ao seu enquadramento nesta pesquisa como de média

vulnerabilidade, pois em caso de quebra de safra por alterações climáticas, podem envolver o

prazo de um ano para que o produtor perceba seu impacto, exigindo acesso a linhas de

financiamento compensatório (seguro rural).

Pelo caráter transitório da olericultura, com diferentes explorações na mesma gleba

ocupada, com culturas de ciclo curto, as UPAs com seu cultivo foram classificadas como de

baixa vulnerabilidade, pois possuem o dinamismo necessário para a rápida substituição da

cultura, mesmo que sua característica agronômica seja de maior susceptibilidade a alterações

climáticas. Como envolvem explorações de pequenas áreas com alto valor agregado, as UPAs

com esta exploração possuem relação direta com os mercados consumidores, facilitando o

acesso ao crédito e a prospecção de novas culturas e ou variedades adaptadas às mudanças que

ocorrerem.

As porcentagens de UPAs em cada classificação de vulnerabilidade, por UGRHI é

apresentado na Tabela 16. A UGRHI com o maior valor de porcentagem de UPAs em baixa

vulnerabilidade é a do Alto Tietê (56,2%), o que associado com os maiores valores de áreas

urbanizadas vêm novamente a corroborar com a teoria de Von Thünen, de que a olericultura

ocorre no primeiro anel de entorno dos centros urbanos.

Sapucaí Grande e Médio Paranapanema possuem as maiores porcentagens de

79,48% e 76,65% respectivamente, significando boas condições da agricultura praticada nestas

localidades para com possíveis influências ambientais. Baixada Santista e Ribeira de

Iguape/Litoral Sul possuem mais de 70% de suas UPAs com alta vulnerabilidade neste aspecto

indicando uma maior necessidade de políticas de seguro rural para o setor agropecuário nestas.

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147

Tabela 16 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade agrária sob o enfoque das

explorações agrícolas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Abuodha e Woodroffe (2010) destacam que a paisagem, as condições climáticas, a

infraestrutura, a situação industrial, o aumento da população, a menor conectividade entre os

fragmentos florestais, produções florestais e agrícolas e assim por diante são a principal causa

para identificar a vulnerabilidade natural e ambiental para fazer o equilíbrio entre fatores físicos

(uma diversidade de processos naturais), atividades humanas (exploração e desenvolvimento

da região) e processos econômicos.

No critério socioeconômico em análise buscou-se trazer parte deste entendimento,

unindo características da UPA que permeiam as questões econômicas, sociais e da paisagem

local. O enquadramento como UPAs de baixa vulnerabilidade busca representar a possível

independência da geração de recursos monetários da UPA em caso de efeitos danosos à

produção agropecuária da UPA, buscando-se contabilizar as ocorrências de atividades

econômicas rural e não agropecuária, como: Transformação artesanal, Turismo

rural/ecoturismo, Restaurante/lanchonete, Pesque-pague, Outras atividades econômicas rurais,

Hotel fazenda/pousada/spa e ainda técnicas de produção que a tornem independentes de fatores

climáticos externos como: Hidroponia e Plasticultura.

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No enquadramento como de média vulnerabilidade, buscou-se identificar as UPAs

que possuem características organizativas e de gestão que a possibilitem se organizar frente a

influências ambientais. Características como a utilização de assistência técnica oficial, e

utilização assistência técnica privada, conferem ao produtor a capacidade de entender a

problemática em que esteja envolvido, com ajuda de agentes externos a sua produção; a união

organizativa em associações, cooperativas e sindicatos permitem a troca de informação entre

seus grupos produtivos locais. A utilização de crédito e seguro rural conferem ao produtor os

recursos monetários em caso de possíveis problemas no desenvolvimento de sua exploração

agropecuária e o fato de dispor de energia elétrica e realizar escrituração agrícola (controle

contábil da UPA) lhe permitem os recursos e o planejamento necessário para lidar com

possíveis influências ambientais.

A porcentagem de UPAs por UGRHI, de acordo com o critério de vulnerabilidade

socioeconômica é apresentada Tabela 17.

Tabela 17 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade socioambiental sob o

enfoque socioeconômico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nesta condição, conforme Katzman (1999) coloca, deve-se considerar também a

situação das pessoas quanto à inserção e estabilidade no mercado de trabalho, a debilidade de

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suas relações sociais e o grau de regularidade de acesso aos serviços públicos ou a outras formas

de proteção social, fato esse que se espelha nas políticas municipais de incentivo às práticas

agropecuárias, muitas vezes confundidas com ações voltadas a conservação e restauração de

matas. Deve-se caminhar para políticas que unam produção com conservação, visando a

permanência e fixação da população no campo, fugindo da dicotomia ambiente e sociedade

numa vertente de entendimento de sociedade no ambiente, não dissociados entre si.

O último critério levado em consideração na análise da vulnerabilidade agrária

socioambiental refere-se diretamente ao setor agrário e suas práticas de condução da

propriedade. Se a UPA realiza práticas de conservação do solo e/ou realiza Plantio Direto foi

enquadrada como de baixa vulnerabilidade, pois se configuram como práticas agrícolas e

agronômicas que permitem a sustentabilidade em longo prazo da produção agropecuária e

fornecem elementos físicos que protegem o solo de eventos extremos.

Se a UPA realiza pelo menos duas destas práticas: adubação orgânica, mineral, e/ou

verde, MIP, e análises de solo; há elementos de gestão que indicam um produtor preparado a se

adaptar a influências externas ambientais, com técnicas que favorecem a manutenção da

produtividade das culturas.

A distribuição de porcentagem de UPAs por UGRHI neste quesito é apresentada na

Tabela 18. Conclui-se que as práticas de conservação do solo não são ações recorrentes junto

aos produtores das UGRHIs da Mantiqueira, Ribeira de Iguape/Litoral Sul e Paraíba do Sul.

A UGRHI Turvo/Grande, com 79,2% de suas UPAs classificadas como de baixa

vulnerabilidade, é a que possui o maior número de UPAs nesta classificação (22.024 UPAs),

enquanto a UGRHI da Mantiqueira, com 14,1% das UPAs em baixa vulnerabilidade é a que

possui o menor número de UPAs (137).

Importante ressaltar que esse critério indica a necessidade maior ou menor de

políticas educativas junto à comunidade rural, de incorporação de práticas que permitam a

sustentabilidade da produção agropecuária nas UPAs, sendo, portanto, um elemento de análise

para indução de políticas de extensão rural com indução de técnicas agrícolas e agronômicas.

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Tabela 18 – UGRHIs e porcentagens de UPAs em vulnerabilidade agrária sob o enfoque de

práticas de conservação dos solos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Discussões acerca dos pesos entre as variáveis para obtenção da vulnerabilidade

global do setor rural paulista foram iniciadas com os agentes de extensão rural em São Paulo,

visando na sequência a análise da consistência da hierarquização dos critérios de priorização

das diferentes vulnerabilidades em análises.

De acordo com Saaty (1980) os pesos atribuídos pelo julgador não precisam ser

precisos, mas sim um valor estimado, pois se sabe pela teoria de autovalores40 que um

especialista pode fazer pequenos erros no julgamento, causando uma pequena perturbação em

torno de um autovalor simples, e o autovalor principal pode não ser mais consistente.

Visando-se a diminuição deste efeito, tomou-se como relação de especialistas para

ponderação entre os critérios, os agentes de extensão rural da CATI membros das UTEs,

realizado em reunião com a participação efetiva de todos nas discussões pautadas na planilha

apresentada no Apêndice 1, e apresentada preenchida apenas a título ilustrativo na Figura 48.

Importante ressaltar que esta classificação imputa às análises aqui apresentadas um olhar

40 Teoria de autovalores de Steklov-Neumann, importante para a matemática, com aplicações práticas em áreas diversificadas como mecânica quântica, processamento de imagens, análise de vibrações, mecânica dos sólidos, estatística entre outros.

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exclusivo dos agentes de extensão rural frente ao problema exposto, configurando-se, portanto,

numa análise voltada para o setor agrário e realizada por tomadores de decisão que lidam

diretamente com esse público.

Figura 48 – Visualização da comparação pareada entre os critérios realizada pela equipe das

UTE.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Silva e Nunes (2009) apresentam que o modelo AHP de Saaty (1980) é um processo

de escolha baseada na lógica de comparação par a par, onde diferentes fatores que influenciam

na tomada de decisão, são organizados hierarquicamente e comparados entre si, e um valor de

importância relativa (peso) é atribuído ao relacionamento entre estes fatores, conforme uma

escala pré-definida que expressa a intensidade com que um fator predomina sobre outro em

relação à tomada de decisão. Este peso é atribuído da seguinte maneira: 9 para fatores

extremamente mais importantes, 7 para fatores mais importantes, 5 para importantes, 3 para

fatores levemente importantes, e 1 para comparações de igual importância.

Uma vez construída a hierarquia, avalia-se sistematicamente seus elementos,

comparando-os um ao outro, em pares. Ao fazer as comparações, de acordo com Júnior e

Rodrigues (2012), utilizam-se dados concretos sobre os elementos, ou julgamentos sobre o

significado relativo ou a importância dos elementos. O AHP converte os julgamentos em

valores numéricos que podem ser processados e comparados sobre toda a extensão do problema.

Um peso numérico, ou prioridade, é derivado para cada elemento da hierarquia, permitindo que

elementos distintos e frequentemente incomensuráveis sejam comparados entre si. As

comparações entre os atributos e as alternativas são registradas em matrizes na forma de frações

entre 1/9 e 9. Cada matriz é avaliada pelo seu autovalor para verificar a coerência dos

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julgamentos. Esse procedimento gera uma "razão de coerência" que será igual a 1 se todos os

julgamentos forem coerentes entre si.

A matriz de comparação entre os critérios para definição da vulnerabilidade agrária-

socioambiental, construída com a classificação realizada pela equipe das UTEs é apresentada

na Tabela 19.

Tabela 19 – Matriz de comparação entre os critérios de avaliação de vulnerabilidade agrária-

socioambiental e respectivos cálculos do auto vetor e auto vetor normalizado. Análise de Vulnerabilidade Agrária-Socioambiental

Práticas de

conservação

do solo

Exploração

agrícola

Critérios

Socioeco-

nômicos

Critérios

Econômicos Topografia Clima Solo

Auto

vetor

Auto Vetor

Normalizado

Práticas de

conservação do

solo

1 1/5 1/9 1/3 1/5 1 1/5 0,31330 0,03185

Exploração

agrícola 5 1 1/7 1/5 1/7 1/3 1/3 0,41901 0,04260

Critérios

Socioeconômicos 9 7 1 3 5 5 3 3,91809 0,39831

Critérios

Econômicos 3 5 1/3 1 3 5 3 2,16783 0,22038

Topografia 5 7 1/5 1/3 1 1 1 1,12867 0,11474

Clima 1 3 1/5 1/5 1 1 1/3 0,63139 0,06419

Solo 5 3 1/3 1/3 1 3 1 1,25850 0,12794

Soma 29,00 26,20 2,32 5,40 11,34 16,33 8,87 9,83679 1,00000

Fonte: Elaborado pelo autor.

Esta matriz foi construída de forma a facilitar a visualização matemática das

comparações realizadas, bem como os elementos matriciais de autovetor e autovetor

normalizado, e assim permitindo o cálculo do valor máximo do autovalor (λmax), que indica,

uma boa estimativa dos coeficientes da matriz quando λmax é próximo de n. Para o estudo em

questão, o valor de n é igual a 7, definido pelo número de critérios em análise, e o valor obtido

para λmax foi de 7,63828, indicando portanto uma boa estimativa.

Esse desvio de consistência é medido pelo índice de consistência ou coerência, e

para a matriz em questão obteve-se um valor de 0,10638. Esse índice é dividido por um valor

chamado de índice randômico41 variável de acordo com o número de critérios em análise,

podendo-se então avaliar a sua aceitabilidade ou Razão de Consistência (RC), que de acordo

com Saaty (1980) deve ser inferior a 20% para que esteja coerente, e se menor que 10% estará

consistente, tendo-se obtido para a matriz construída um valor de 8,06%, demonstrando assim

a consistência das comparações construída.

41 O índice randômico é um índice aleatório, calculado para matrizes quadradas de ordem n.

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De acordo com Miara e Oka-Fiori (2007) o método AHP é eficiente por aplicar uma

comparação par a par entre as variáveis, considerando as diferentes influências exercidas por

cada variável física aos processos que ocorrem dentro da bacia hidrográfica.

Mesmo sendo o AHP um método de complexo entendimento e aplicação, as

vantagens, apontadas por Júnior e Rodrigues (2012) são a menor subjetividade na determinação

de pesos relativos e ainda a possibilidade de analisar o grau de coerência adotado pelo usuário,

a partir da razão de consistência obtida.

Li et al. (2006) relacionaram vulnerabilidade a características do meio físico e

biótico (declividade, altitude, temperatura, aridez, vegetação, solo), à exposição a fontes de

pressão ambiental (densidade populacional, uso da terra) e à ocorrência de impactos ambientais

(erosão hídrica) em uma área montanhosa, entendimento parecido com o desenvolvido neste

estudo.

Realizou-se então o cálculo dos pesos dos diferentes critérios, bem como o cálculo

das diferentes porcentagens de enquadramentos (alternativas) das diferentes UGRHIs,

apresentada para as primeiras unidades de gestão territorial hídrica na Tabela 20.

Para Carvalho e Meireles (2008), a gestão do território é papel do poder público,

cabendo a este, o dever de administrar os diversos usos e ocupação que se desenvolvem, em

busca de diminuir os conflitos socioeconômicos e os conflitos socioambientais.

Kahime et al. (2018) concluíram em seu estudo que a abordagem setorial para a

gestão da água, a tomada de decisões centralizada e a falta de mecanismos institucionais para

consultas efetivas entre as partes interessadas ainda são persistentes e necessárias para gerenciar

eficientemente os recursos hídricos.

Desta maneira, a gestão por UGRHI apresentada, bem como os diferentes pesos de

vulnerabilidade agrária-socioambiental da Tabela 20, podem minimizar estes problemas

apontados, permitindo que os tomadores de decisão possam identificar as porcentagens de

vulnerabilidade em cada UGRHI, independente de sua classificação como alta, média ou baixa.

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Tabela 20 – Matriz de resultado AHP para definição de vulnerabilidade agrária-socioambiental

(parte 1).

Fonte: Elaborado pelo autor.

A quase totalidade das UGRHIs desta primeira parte da análise foram classificadas

como de alta vulnerabilidade agrário-socioambiental, com valores variando de 39,21% de alta

vulnerabilidade para a UGRHI Baixo Pardo/Grande a 54,03% para a do Litoral Norte. Apenas

a UGRHI do Médio Paranapanema apresentou uma média vulnerabilidade agrário-

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socioambiental, refletindo assim seu perfil forte na produção agrícola. A apresentação das

porcentagens do vetor de decisão permite se identificar o quanto de cada alternativa para a

vulnerabilidade foi classificada por UGRHI. A continuação desta tabela é apresentada na

Tabela 21, na qual é realizado também o cálculo para o Estado de São Paulo como um todo,

baseado na totalização dos critérios mensurados e não na média das UGRHIS.

Tabela 21 – Matriz de resultado AHP para definição de vulnerabilidade agrária-socioambiental

(parte 2).

Fonte: Elaborado pelo autor.

São Paulo se apresenta como um Estado com alta vulnerabilidade agrário-

socioambiental, porém não apresentando grandes discrepâncias em seu território, pois possui

um valor de 27,53% para baixa vulnerabilidade e 30,24% de média.

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Acselrad (2015) enfatiza que a ideia é que se busque avançar a discussão para além

da simples caracterização do perfil sociodemográfico e locacional de indivíduos vulneráveis

(com suscetibilidades a sofrer agravos). Isto porque a busca de elementos para a caracterização

objetiva das condições de vulnerabilidade dos sujeitos tende a esbarrar em duas dificuldades

correntes, a de não se considerar a vulnerabilização como um processo e a condição de

vulnerabilidade como uma relação.

Marandola Júnior e Hogan (2005) afirmam que o ambiente, conjugado a fatores

socioeconômicos, expõe as populações a riscos, sobretudo nas cidades. São apontados por Villa

e McLeod (2002) três passos necessários à construção de um método de avaliação da

vulnerabilidade ambiental: definição do conceito de vulnerabilidade, escolha do sistema a ser

avaliado e escolha e organização dos indicadores ambientais.

Assim, no presente estudo buscou-se este efeito de relação entre os diferentes

quesitos, seu enfrentamento como um processo passível de ser administrável de acordo com as

porcentagens de classificação das vulnerabilidades e a utilização de um conceito que leve em

consideração o rural e sua relação com o ambiente que o cerca.

Na Figura 49 é apresentado um gráfico de setores para se mensurar visualmente os

pesos dos critérios em análise para definição da vulnerabilidade agrário-socioambiental.

Figura 49 – Gráfico de setores dos pesos dos critérios na análise de vulnerabilidade agrária-

socioambiental.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Um bom indicador segundo Barcellos (2002), deve ser sensível à mudança de

condições do ambiente e da sociedade, ser específico em relação ao problema analisado, ser

reprodutível segundo padrões metodológicos estabelecidos, proporcionar uma pronta resposta,

ser entendido pela população leiga, ser robusto para mudanças de metodologia e estar

disponível ou ser de baixo custo.

Malta et al. (2017) colocam que a questão da vulnerabilidade é complexa e cada

situação, população vulnerável e região possui a necessidade de uma informação específica, e

por esse motivo existem diversos índices, cada um desenvolvido para uma determinada

realidade, com objetivos e utilizações diversas.

Objetivando-se facilitar a visualização dos valores das Tabelas 19 e 20,

confeccionou-se o gráfico da Figura 50, também conhecido como gráfico de radar ou gráfico

de teia, no qual se podem visualizar os três níveis de vulnerabilidade por UGRHI.

Figura 50 – Diagrama de Kiviat da vulnerabilidade agrária-socioambiental das 22 UGRHIs.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na Figura 50 pode-se verificar o peso dos diferentes graus de vulnerabilidade para

cada UGRHI, na qual maiores distâncias entre a linha de alta vulnerabilidade e as demais, como

nos casos das UGRHIs da Baixada Santista, do Baixo Tietê, do Litoral Norte, da Mantiqueira,

do Paraíba do Sul, do Ribeira do Iguape e Litoral Sul, e de São José dos Dourados, indicam um

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maior peso do quesito alta vulnerabilidade, indicando assim um setor agropecuário produtivo

mais exposto e menos preparado a possíveis mudanças climáticas globais.

Devido às necessidades de ferramentas de gestão por parte dos tomadores de

decisão, e frente a homogeneidade do Estado de São Paulo como de alta vulnerabilidade,

atribuiu-se um peso de três para as porcentagens obtidas para alta vulnerabilidade, um peso dois

para a média vulnerabilidade e um peso um para a baixa, obtendo-se assim um peso global para

a vulnerabilidade agrária-socioambiental das UGRHIs, visto a necessidade de se indicar as

regiões prioritárias para ações de mitigação dos problemas a serem enfrentados, bem como

indicar o peso de cada efeito frente ao enfrentamento global da vulnerabilidade.

O mapa de vulnerabilidade agrária-socioambiental (Figura 51) foi obtido com a

estratificação por quebras naturais do peso global em três classes, visando-se assim a

reclassificação em alta, média e baixa vulnerabilidade.

Zanella et al. (2013) destacam que iniciativas neste sentido representam um

importante recurso para o processo de tomada de decisão ao indicar espacialmente as condições

socioeconômicas da população associando-as a dinâmica dos sistemas naturais, permitindo

determinar quais as áreas são mais propícias à ocorrência de desastres naturais, principalmente

aos relacionados aos eventos hidroclimatológicos.

Figura 51 – Mapa de vulnerabilidade agrária-socioambiental de São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Tal mapa permite a visualização das porções do território com maiores e menores

necessidades de investimento para subsidiar o desenvolvimento da agropecuária paulista,

permitindo que esta esteja preparada para cenários de mudanças climáticas. Assim, busca-se

apresentar a real situação ambiental, socioeconômica e agrária, apoiado no que afirma Vieira

(2002), da importância de se conhecer o território em sua totalidade, permitindo uma melhor

administração territorial.

Zanella et al. (2013) considera que as políticas e ações de gestão do espaço urbano,

devem sistematizar e integrar as informações ambientais, sociais e econômicas, visando

medidas coordenadas que melhorem as condições de bem-estar da população, bem como a

manutenção e a recuperação dos espaços naturais, afirmação que se reflete também para os

espaços rurais. As UGRHIs classificadas como de alta vulnerabilidade, possuem interações que

reforçam esta necessidade, como a pressão exercida pela população urbana nas regiões

litorâneas (Baixada Santista e Litoral Norte), e na piscicultura na UGRHI São José dos

Dourados. Destaca-se ainda a UGRHI Ribeira de Iguape/Litoral Sul, contendo o polo produtor

de bananas em São Paulo, sob extrema pressão pela característica de ocupação do entorno dos

principais corpos hídricos, apontadas por Roque e Drugowich (2015).

A metodologia de integração entre análise multicritério e SIG, aqui desenvolvida

na construção da vulnerabilidade agrária-socioambiental apresenta uma importante ferramenta

para definir e validar políticas para o setor rural em situação de vulnerabilidade. A análise de

vulnerabilidade é um indicador que mostra onde estamos mais ou menos incertos e, de acordo

com Mukesh et al. (2017), ajuda a indicar como a sociedade e a política podem ter um papel

importante a desempenhar nos futuros caminhos de desenvolvimento.

O mapa da Figura 51 apresenta uma componente política importante, pois as

UGRHIs classificadas como de baixa vulnerabilidade já possuem comitês de bacias com aporte

de recursos voltados ao setor agropecuário, bem como detém uma ocupação com culturas de

expressiva participação na economia. As classificadas como de média e alta, podem ser

priorizadas assim com linhas de financiamento gerais do Estado, tais como FEAP e FEHIDRO,

pois não possuem recursos consideráveis ao setor agropecuário, e necessitam de políticas

específicas para sanar as principais carências identificadas na Tabela 20, e Tabela 21.

Identificadas as vulnerabilidades da agropecuária paulista, parte-se agora para a

definição de cenários de seus efeitos sobre as mudanças climáticas, sendo assim um

componente de causa e efeito das mudanças climáticas, de ações e iniciativas locais sobre o

global.

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5.4. A agropecuária paulista e sua contribuição como cenário nas mudanças climáticas

Souza et al. (2017) colocam que o apoio contínuo à agricultura, infraestrutura,

gestão agrícola e políticas relacionadas são necessários para permitir as sinergias reais entre

culturas alimentares e produção de bioenergia. Neste contexto, projeções de cenários que levem

em consideração esta relação, permitem o desenho de políticas públicas que favoreçam os

prognósticos desenhados.

As relações e análises da presente seção são simulações globais, realizadas na

Calculadora Global, tomando-se como modelo para o global, a realidade e projeções do Estado

de São Paulo, num exercício de estudo comparado. Porém, há duas grandes fontes de incertezas

ao utilizar estes modelos, como apontam Nobre, Sampaio e Salazar (2010), a primeira, é que

não se sabe precisamente a trajetória futura das emissões dos GEE e de aerossóis atmosféricos,

que depende de decisões humanas sobre o caminho socioeconômico-ambiental desejado e que

venha a ser efetivamente implementado. A segunda fonte de incerteza advém do fato que os

modelos matemáticos são representações imperfeitas da natureza e diferentes modelos

climáticos diferem substancialmente em suas projeções para o clima do futuro, dado o mesmo

cenário de evolução das concentrações de GEE e de aerossóis na atmosfera.

As conclusões e discussões apresentadas servirão de base para analogias entre as

reduções de GEE obtidas no estudo e os potenciais de redução de emissões no Estado de São

Paulo efetivamente.

Os Níveis de esforço para mitigação do carbono até 2050, que serão tomados como

base para abastecimento da Calculadora Global foram definidos conforme:

I. Estilo de Vida

1. Parâmetro Viagem

a. Métrica Média de distância percorrida por pessoa por ano

Essa métrica controla a distância percorrida pelas pessoas. Conforme dados do

LUPA, a distância média das UPAs para a sede do município é de 11,8km, 11,9km, e 12,2km,

nos censos em análise. Assumindo um deslocamento diário por seis dias na semana para

escoamento de produtos, se perfaz um total de 7.363,2 km/ano, 7425,6 km/ano, e 7612,8

km/ano. Existe uma relação direta entre o crescimento do PIB e o aumento na demanda por

deslocamentos, o que é atenuado pelo desenvolvimento de hábitos de trabalho mais flexíveis e

digitais, que diminuem a necessidade por deslocamentos, pela facilidade de negociações e

trocas por vias digitais.

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Optou-se assim pela comparação combinada com o uso de computadores nas

atividades agropecuárias, e com o uso de internet nas UPAs, confeccionando-se o gráfico da

Figura 52.

Figura 52 – Distâncias das UPAs à sede dos municípios, uso de computadores na agropecuária

e uso da internet nos três últimos censos do LUPA e suas respectivas projeções para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor, dados do LUPA.

A tendência apresentada pelo aumento da distância das sedes das UPAs para com

os centros urbanos, indica um distanciamento da produção agropecuária às áreas urbanizadas,

o que poderá ser alterado em caso de políticas públicas voltadas à agropecuária em áreas

urbanas e periurbanas. O crescente uso de computadores e internet no setor agropecuário indica

o aumento tecnológico do setor. A análise combinada destas variáveis, bem como os valores

projetados para o ano de 2050, se traduzem num nível 4 de esforço, caracterizado como um

nível extraordinariamente ambicioso e de extremo esforço de redução.

b. Métrica Distância da carga

Essa métrica controla quanta carga será transportada e qual será a distância

percorrida. Inclui o transporte de cargas por vias terrestres, marítimas e aéreas. A característica

de muitos dos produtos agropecuários paulistas é de serem voltados à exportação, sendo o frete

em sua maioria por vias rodoviárias e em baixa medida via ferroviária e hidroviária, os quais

em sua maioria direcionados à Região Metropolitana da cidade de São Paulo e ao porto de

Santos.

Gameiro (2003) explica que a palavra frete pode ser utilizada com o mesmo

significado de transporte, com uma importância paga pelo mesmo, delimitada pelo preço do

serviço, portanto, frete pode significar o preço do transporte. No gráfico da Figura 53, é

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apresentada a comparação do valor médio de frete para carga seca em R$/mil TKU42 entre o

Estado de São Paulo e algumas regiões do Brasil (NE-Nordeste, S-Sul, SE-Sudeste, CO-Centro

oeste, e Outras UFs-Outras Unidades da Federação) para viagens acima de 300 km, em veículo

completo de grande porte (tipo carreta e bitrem43). O frete retorno refere-se a remuneração da

viagem de retorno, após entrega da principal carga contratada, sendo que o transportador cobra

valores às vezes até inferior ao custo da viagem. Verifica-se que São Paulo apresenta valores

expressivos de valor de frete para diferentes regiões, sendo que regiões tipicamente envolvidas

com produção agropecuárias, como o centro oeste, apresentam os menores valores de frete de

retorno.

Os valores refletem a característica exportadora de bens que o Estado possui, que

segundo Oliveira, Angelo e Vicente (2018), em 2017, as exportações do Estado de São Paulo

somaram 50,66 bilhões de dólares, correspondendo a 23,3% do total nacional, sendo o setor do

agronegócio paulista responsável por 18,84 bilhões de dólares, com superavit44 de US$13,90

bilhões.

Figura 53 - Preço do Frete Rodoviário nas Rotas de/para São Paulo (R$/mil TKU) e % de

redução de preço nas rotas de retorno.

Fonte: Painel de Fretes ILOS45 (2018).

Contribuem ainda para estes valores positivos e crescentes, o setor de produção de

grãos em São Paulo, que de acordo com dados do LUPA, saltaram de 1,4 bilhões de hectares

42 Unidade física que mede esforço, podendo ser entendida como as toneladas úteis (ou seja, apenas o peso da

carga, sem considerar a tara dos equipamentos empregados) transportadas por quilômetro. 43 Conjunto formado pela carroceria com o conjunto de dois eixos e pelo menos quatro rodas, o qual é engatado

na carroceria do caminhão para o transporte, formando um conjunto de duas carrocerias. 44 Termo usado na economia para se referir ao resultado positivo a partir da diferença entre aquilo que se ganha

(receita) e aquilo que se gasta (despesa) 45 Processo privado de comparação de produtos, serviços e práticas de empresas do modal rodoviário no Brasil:

http://www.ilos.com.br.

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no LUPA 07/08, para 2,2 bilhões de hectares plantados no LUPA 17/18, um incremento de

66,45%.

Diante deste cenário de unidade federativa com expressiva movimentação de

cargas, bem como crescentes produções e exportações de produtos agropecuários de exportação

de fretes de maior monta, será adotado o nível de esforço 2, com o transporte global de carga

continuando a exibir um crescimento significativo, porém acompanhado de toda a rede de

logística de transporte existente em São Paulo.

c. Métrica Tipo de transporte

Controla a proporção de transporte de passageiros que acontece a pé, de bicicleta,

motocicleta, carro, ônibus, trem, avião ou barco. Também controla a proporção de transporte

de carga realizado por rodovias, ferrovias ou vias aéreas.

O transporte rural apresenta um importante foco de estudo com relação a políticas

setoriais no transporte, pois a falta e a precariedade de transporte nas áreas rurais aumentam os

riscos de saúde e segurança dos trabalhadores no setor (FGV, 2001). Visando trazer

regulamentação ao setor, o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo

(DER) publicou a portaria número 16, de 18 de janeiro de 2017, na qual dispõe sobre o

transporte de trabalhadores rurais por ônibus ou micro-ônibus.

Os principais usuários de transporte no meio rural, segundo FGV (2001), são as

pessoas que residem ou trabalham na área rural, as pessoas que vão à cidade obter bens ou

serviços, e os estudantes. No Estado de São Paulo o tempo médio gasto com transporte de ida

para o trabalho, corresponde a 15 minutos a pé, 31 minutos de carro ou moto, 63 minutos em

coletivos, e 26 minutos em outros meios. O que reflete a presença da agricultura urbana e

periurbana quanto aos deslocamentos a pé, a frequente utilização no estado dos veículos

coletivos (chamados de “rurais”) para médias e longas distâncias, e o uso para médias distâncias

balanceado entre veículos automotivos (carro e moto) e outros meios (em sua maioria bicicletas

e equinos). Importante destacar que com a Lei Federal n° 12.587/12 (Política Nacional de

Mobilidade Urbana), é dada priorização dos modos não motorizados e coletivos de transporte.

Para esta métrica será adotado um nível 3 (muito ambicioso) para esse parâmetro,

assumindo que 49% de km internos são percorridos de carro, escolha esta embasada na

característica do rural pelos deslocamentos a pé, de bicicleta, e de tração animal (equinos),

porém, balanceados com os transportes de cargas constantes e crescentes no setor agropecuário.

d. Métrica Quantidade de passageiros e carga

Esse parâmetro controla a quantidade de passageiros por veículo. Característica

peculiar no meio rural paulista são os deslocamentos conjuntos programados com antecedência

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e/ou por ocasião do deslocamento, chamados caronas, bem como o deslocamento de toda a

família para a área urbanizada do município.

Também representa o fator de carga dos veículos para transporte de carga, que

representa o peso das mercadorias para cada tipo de veículo de transporte. Relação esta que

vêm sendo facilitada e melhorada pela manutenção e melhoria das estradas rurais paulistas com

os programas Melhor Caminho, instituído pelo Decreto Estadual nº 41.721/1997, para a

elaboração de convênios entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São

Paulo e as Prefeituras Municipais, dedicado à execução de obras em trechos de estradas rurais,

para sua recuperação e conservação, e ainda o programa Microbacias II, para adequação de

estradas com planos de negócios aprovados. Havendo assim uma melhoria significativa na

capacidade de escoamento de produção e relação carga/transporte, facilitadas por melhores

condições de locomoção em estradas vicinais.

Assim será adotado o nível 4, assumindo uma ocupação rural média por carro de

2,2 passageiros por veículo.

e. Métrica Carro próprio ou alugado

Possibilita que seja simulado o efeito de uma transição para níveis cada vez maiores

de carros alugados e não comprados. O perfil do proprietário rural paulista, ainda hoje, se

mantém avesso a práticas coletivas de uso, fato este percebido nos trabalhos em cooperativas

no Estado, e iniciativas de aluguel não são bem vistas. Ressalta-se ainda que a posse de veículos

automotivos no meio rural é muitas vezes vista como fator de status, aliado ao fato de que o

setor é de baixa assimilação imediata quanto a novas tecnologias, como possíveis carros

autônomos no futuro. Desta maneira será assumido um nível 2, de que em sua maioria, os carros

são comprados e usados por pessoas físicas.

2. Parâmetro Residências

Esse parâmetro inclui a métrica “Tamanho da edificação”, que controla a metragem

média por pessoa em edificações não residenciais (em metros quadrados por pessoa), e trabalha

de forma combinada com as métricas "Temperatura e uso de água quente" (que controla as

atividades de aquecimento e refrigeração no interior das residências) e "Iluminação,

alimentação e uso de aparelhos" (controla o número médio de aparelhos por residência, e a

demanda média por cozimento e iluminação). O objetivo destas três métricas é determinar a

demanda total de aquecimento e refrigeração, que são as maiores fontes de demanda com

relação às edificações.

No Estado de São Paulo as condições das residências podem ser visualizadas com

apoio da Figura 54, na qual é apresentada a proporção de domicílios particulares permanentes

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com pelo menos quatro cômodos (sendo um deles banheiro ou sanitário), sobre o total de

domicílios particulares permanente, o que associado a uma média de 3,3 pessoas por domicílio

particular no meio rural, conforme o censo demográfico 2010 do IBGE, indicam bons

patamares da relação espaço suficiente de moradia à população.

A Fundação Seade levantou para o ano de 2014 o Índice Paulista de

Responsabilidade Social (IPRS), tendo neste, um indicador sintético de riqueza que é a

combinação linear de quatro variáveis (expressas em uma escala de 0 a 100, sendo o valor 100

a melhor situação), das quais duas se referem ao consumo residencial de energia. O consumo

residencial de energia elétrica, representando 25% do indicador, e o consumo de energia elétrica

na agropecuária, no comércio e nos serviços, representando outros 25% do indicador,

contribuíram para que São Paulo obtivesse um valor de 47, o que coloca o Estado na categoria

mais alta deste indicador, representando assim um uso eficiente de energia no meio rural.

Souza Filho et al. (2011) colocam que a discussão a respeito do tamanho da

propriedade e da sustentabilidade na agropecuária insere-se no debate agrário-ambientalista, e

o padrão tecnológico e a decisão de adotar novas tecnologias estão relacionados com o contexto

institucional e econômico no qual a inovação será introduzida.

Figura 54 - Domicílios particulares permanentes no Estado de São Paulo, com espaço

suficiente (valores em %).

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –

PNAD, Fundação Seade.

A quarta e última métrica desse parâmetro refere-se a “Vida útil dos produtos”, que

controla a vida útil dos produtos, inclusive veículos e aparelhos domésticos. Franco e Lange

(2011) destacam que dados sobre produção, venda e tempo de vida útil dos equipamentos são

limitados, e, por falta de dados nacionais sobre a vida útil média dos equipamentos elétricos e

eletrônicos, adotaram-se como padrão em seu estudo os prazos estabelecidos no estudo

realizado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US-EPA, 2008), sendo:

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refrigerador e freezer – 15 anos; computadores pessoais – 5 anos; telefones celulares – 2 anos;

e aparelhos de televisão – 13 anos. Destaca-se nesta métrica, que a cultura do rural possui um

histórico de permanência a longo prazo de seus eletrodomésticos, com a cultura de realização

de consertos e manutenções quando da necessidade, ao invés da política de troca por produtos

novos.

Para o parâmetro como um todo será adotado o nível de esforço 4, pois o setor rural

paulista possui elementos que o caracterizem como modelo de uso eficiente e moderado dos

recursos ligados a edificações.

3. Parâmetro Dieta

Esse parâmetro engloba as métricas “Calorias consumidas” (controla a quantidade

média de calorias diárias consumidas por pessoa), “Quantidade de carne” (controla a quantidade

média de carne consumida por pessoa por dia), e “Tipo de carne” (controla a média global de

proporção das calorias consumidas de carnes de animais ruminantes).

Estas métricas são importantes porque os animais ruminantes costumam ser

responsáveis por mais emissões de GEE devido às suas emissões de CH4 que vêm da

fermentação entérica e precisam de mais pastos que animais não ruminantes (tais como porcos

e aves). Alexandratos e Bruinsma (2012) projetaram que o consumo de alimentos aumentará

11% entre 2007 e 2050, e uma alimentação a base de um consumo não controlado de carnes

pode levar a um incremento em larga escala na emissão destes GEE.

O Ministério da Saúde (Brasil, 2009) recomenda que um brasileiro saudável

consuma uma ingestão média diária de 2.000 quilocalorias (kcal). Segundo dados do IBGE

(2011), levando-se em consideração sexo e faixa etária, foi observado que o consumo

energético médio da população brasileira variou de 1.490 kcal a 2.289 kcal. Os resultados para

prevalência de inadequação do consumo de nutrientes são similares aos observados no Inquérito

de Saúde de São Paulo, apresentados por Verly Junior et al. (2011).

A média de consumo diário per capita de carne bovina, em território nacional é de

63,2 g/dia, segundo IBGE (2011), e no Estado de São Paulo, devido a forte influência da

população urbana, bem como de pressões e influências de iniciativas globais de redução de

consumo, levaram a assembleia legislativa a aprovar em 2017 o Projeto de Lei Estadual n°

87/2016, que proíbe o fornecimento de carnes e seus derivados às segundas-feiras, nas escolas

da rede pública de ensino e nos estabelecimentos que ofereçam refeição no âmbito dos órgãos

públicos, que foi vetada pelo então governador do Estado no ano seguinte.

Visto que o Estado de São Paulo possui 84,8% de suas UPAs enquadradas como

minifúndios e pequenas propriedades, associados em grande parcela a um consumo

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diversificado de carnes, bem como as tendências de que as pressões populares em São Paulo,

por alterações do tipo de alimentação, venham a se intensificar com o passar dos anos, será

adotado um nível de esforço 4 para esse parâmetro como um todo.

II. Tecnologia e combustíveis

1. Parâmetro Transporte

Envolve as métricas “Eficiência”, e “Elétrico e hidrogênio”, controla a eficiência

dos veículos na transformação energética e quanto a frota de veículos passará de combustíveis

fósseis para veículos com baixa emissão.

Importante destacar que, no ano de 2017, o Estado de São Paulo possuía mais de

18 milhões de automóveis, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo

(DETRAN-SP), e pequenas alterações nestas métricas podem resultar em impactos

significativos na redução das emissões de CO2 e demais gases da combustão de combustíveis

fósseis.

As políticas estaduais de incentivo à economia verde, as iniciativas como as do

município de São Paulo de retirada de veículos elétricos do rodízio municipal, e o fato de São

Paulo ser a unidade federativa em que as tecnologias adentram o mercado consumidor

brasileiro, indicam que em 2050, existirá uma participação maior de novas tecnologias na frota

de veículos. A porcentagem de veículos híbridos e elétricos tenderá a aumentar para carros de

passeio, ônibus e veículos com duas ou três rodas, indicando assim um esforço de nível 2 para

esse parâmetro.

2. Parâmetro Edificações

Refere-se às métricas “Isolamento térmico das edificações”, “Temperatura,

cozimento e iluminação”, e “Eficiência dos aparelhos”, que controlam: o índice médio de perda

de calor de residências; as diversas tecnologias usadas para aquecimento, refrigeração, água

quente, cozimento e iluminação no interior destas; e o índice médio de uso de energia elétrica

dos aparelhos.

O setor produtivo da agropecuária paulista localiza-se em região subtropical, o que

garante temperaturas médias acima da mínima para o conforto térmico das pessoas, não

existindo assim a necessidade de gastos energéticos em aquecimento, sendo, porém, necessário

investimentos no resfriamento das edificações, o que, porém, é pouco frequente nas áreas rurais

paulistas.

A eficiência térmica das construções residenciais no meio rural é muitas vezes

favorecida pela combinação de arborização em seu entorno, o uso de queima de biomassa e

resíduos florestais é recorrente para aquecimento e cozimento e o uso de novas tecnologias com

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maiores eficiências seguem as mesmas tendências de mercado para o meio rural, favorecidas

pelo mercado com alta rotatividade e gerado por questões legislativas, custos e demanda

crescente dos consumidores por produtos mais eficientes.

Com base nessas afirmativas serão adotados os níveis de esforço 2, 1 e 3

respectivamente para cada uma das métricas desse parâmetro.

3. Parâmetro Fabricação (Indústria)

Ligado às métricas “Design, troca de materiais e reciclagem”, “Ferro, aço e

alumínio”, “Químicos”, “Papel e outros”, e “Cimento”, controlam a quantidade de material

necessário para produzir um determinado item em 2050 em comparação com 2011, numa

relação de intensidades médias globais de emissão de GEE associados à produção de ferro, aço,

alumínio, produção química, papel, madeira de construção, produtos de outros setores de

fabricação (cal, vidro, metais não ferrosos, cerâmica, produtos têxteis e processamento de

alimentos e bebidas), e à produção de cimento.

Apesar da existência da Lei Federal nº 12.305/2010, que instituiu a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, considerada como um grande avanço da legislação brasileira

nesta temática, e do Decreto Estadual n° 57.817/12, que institui o Programa Estadual de

Implementação de Projetos de Resíduos sólidos, CETESB (2017) apresenta que há destinação

correta de resíduos sólidos no Estado de São Paulo, porém os padrões de reciclagem ainda

permanecem baixos.

O parque industrial instalado no Estado de São Paulo é o de maior expressão

nacional, e segundo Sampaio (2015), no ano de 2014, o Valor de Transformação Industrial46 da

indústria de São Paulo em relação a do Brasil, correspondeu a 40,2%, mostrando índices

crescentes ao longo dos anos. Cano (2007) destaca que não é a indústria, como setor diretamente

produtivo, mas sim a industrialização em sentido amplo, com seus desdobramentos no setor

terciário funcional e moderno, que amplia o mercado de trabalho urbano. Indústrias de

diferentes setores possuem expressivo papel na economia do Estado, e tendem a aumentar suas

unidades fabris, bem como volume de produção, com o passar do tempo.

A agropecuária paulista está intimamente ligada a várias destas produções por meio

dos agronegócios, tanto diretamente, como no caso das indústrias químicas de fertilizantes, e

no setor de papel e madeira, como indiretamente, como no caso de ferro, aço, alumínio e

cimento.

46 Corresponde ao valor final do produto final produzido, menos os custos com insumos, salários e impostos.

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Diante do cenário de crescimento do parque industrial, bem como da ainda

incipiente política de reciclagem no Estado, se adotará um nível de esforço de 1,5 para as

métricas envolvidas neste parâmetro, indicando-se assim um quadro entre permanência e leve

melhora das condições atuais de fabricação.

4. Parâmetro captura e armazenamento de carbono

Envolve as métricas “Captura e armazenamento de carbono por indústrias”, e

“Captura e armazenamento de carbono para geração de energia”.

Captura e armazenamento de carbono, também conhecido por sequestro geológico

de carbono, que se apresenta como ferramenta indispensável para a busca da proteção

ambiental, por meio da captura e armazenamento do dióxido de carbono (CO2), impedindo que

este gás seja eliminado na atmosfera.

A técnica é ainda experimental, porém já existindo grupos de pesquisa de

universidades públicas paulistas estudando o assunto. Monteiro Júnior, Xavier e Alves (2014)

enfatizam que durante a produção da regulação do sequestro geológico de carbono no Brasil,

diversos desafios jurídicos deverão ser ultrapassados, a fim de conceder maior efetividade e

segurança jurídica para a normatização regulamentadora.

Por ser uma técnica inovadora, ainda em estudo em grandes centros internacionais

de pesquisa, e pela implantação natural de novas tecnologias em primeiro momento nos países

industrializados e num segundo momento nos em desenvolvimento, como é o caso do Brasil,

será adotado um nível de esforço 1 para ambas as métricas deste parâmetro, indicando assim

que não haverá avanços de tais tecnologias em São Paulo.

5. Parâmetro Bioenergia

Composto pelas métricas “Geração de bioenergia”, e “Sólido ou líquido”,

controlam a média global de rendimento energético da cultura de grãos bioenergéticos e a

proporção média global do conteúdo energético da bioenergia moderna tanto nas formas sólidas

quanto líquidas.

Lemos e Stradiotto (2012) afirmam que a bioenergia constitui atualmente um

importante segmento das denominadas energias renováveis, fração cada vez mais representativa

entre as matrizes energéticas de vários países do mundo, e no Brasil, a pesquisa sobre bioenergia

tem se desenvolvido consideravelmente, sendo seu uso, apontado como exemplo a ser seguido

na evolução tecnológica energética da sociedade contemporânea.

Agências de fomento como o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico, Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,

Finep – Financiadora de Estudos e Projetos e BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento,

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tem programas específicos para fomentar e fortalecer novas pesquisas, projetos, equipamentos

e sistemas de utilização da biomassa como fonte de energia renovável, bem como o setor

privado, com fortes investimentos nas cadeias florestais, sucroalcooleiras e de grãos.

Destacam-se neste parâmetro, a Lei Federal nº 13.263/2016, que dispõe sobre os

percentuais de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado no território nacional e a

Portaria MAPA nº 75 de 05/03/2015, que fixa o percentual obrigatório de adição de etanol

anidro combustível à gasolina.

O Estado de São Paulo já apresenta níveis crescentes de um cenário em que a

combinação de culturas energéticas vem mudando de culturas de produção de biocombustível

da primeira geração para culturas energéticas com alto rendimento da segunda geração, e os

biocombustíveis líquidos são cada vez mais utilizados, o que leva à escolha de um nível de

esforço para esse parâmetro igual a 3.

6. Parâmetro Combustível fóssil

Inclui as métricas “Carvão, petróleo e gás”, e “Eficiência do combustível fóssil”,

que controlam as proporções de combustíveis sólidos, líquidos e gasosos usados na geração de

energia térmica e sua proporção de eficiência.

O Estado de São Paulo possui atualmente três usinas termelétricas a gás natural em

seu território, todas e funcionando em ciclo combinado, gerando energia também a partir do

vapor, sendo: Usina Piratininga (potência instalada de 190 megawatts-MW), Usina Fernando

Gasparian (potência instalada de 386 MW), e Usina Euzébio Rocha (potência instalada de 219

MW). Em março de 2018 o então governador do Estado autoriza a instalação da futura Usina

Parque Térmico Pedreira (potência estimada em 1.600 MW), existindo ainda estudos de

instalação no município de Paulínia (492MW) e Mogi Guaçu (985MW), todas a gás natural.

As fontes de energia existentes de origem biomassa, como: agroindustriais,

biocombustíveis líquidos, floresta, resíduos animais e resíduos sólidos urbanos, representam

8,9% do total da matriz energética brasileira, dos quais 76,8% são provenientes do bagaço da

cana-de-açúcar (Ramos e Nachiluk, 2017).

São Paulo possui em 2018, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), 222 unidades que utilizam biomassa para geração de energia elétrica sendo: 203

unidades de bagaço de cana-de-açúcar (potência de 5.779 MW), 9 unidades de biogás47 de

resíduos sólidos urbanos (74 MW), 4 unidades de resíduos florestais (61 MW), 2 unidades de

47 Gasoso obtido pela digestão anaeróbia de compostos orgânicos (resíduos), basicamente composto por metano

(CH4) e dióxido de carbono (CO2).

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licor negro48(41 MW), 1 unidade de carvão de resíduos sólidos urbanos (3 MW), 1 unidade de

lenha (3 MW), 1 unidade de casca de arroz (2 MW), e 1 unidade de biogás de resíduos agrícolas

(1 MW).

Os dados apresentados e a tendência de evolução levaram a escolha de um nível de

esforço igual a 3 para as métricas deste parâmetro, indicando que a contribuição do gás natural

na geração de energia irá aumentar, bem como o uso de tecnologia nas diferentes unidades.

7. Parâmetro Energia nuclear

Segundo Vichi e Mansor (2009) a utilização de energia nuclear na matriz energética

é fonte de grandes controvérsias entre os especialistas. Enquanto alguns defendem a erradicação

das usinas nucleares, outros, antes defensores desta tese, passaram a apontar a energia nuclear

como a única fonte de energia capaz de evitar as mudanças climáticas catastróficas que se

anunciam, como resultado do aquecimento global provocado pela emissão de gases causadores

do efeito estufa (GEE).

O Brasil possui duas usinas em operação atualmente, Angra 1 e Angra 2, instaladas

no município de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, com potencial de geração de

2.000 MW, existindo ainda uma terceira unidade (Angra 3) em construção.

O Estado de São Paulo não possui perspectivas de construção de usinas nucleares

em seu território, porém não se apresenta contrário à mesma, pois possui núcleos de pesquisa

na temática de energia nuclear financiados pelo erário, o que indica um nível de esforço igual

a 1,5.

8. Parâmetro Renováveis

Inclui métricas ligadas a geração de energias: Eólica, Hidrelétrica, Maremotriz,

Solar, Geotérmica, e seu Armazenamento e mudança na demanda.

Segundo São Paulo (2012), a política energética paulista tem como diretriz básica

a utilização da energia para estimular o crescimento econômico e apoiar o desenvolvimento

regional, e a atual matriz energética paulista é uma das mais limpas do mundo, com uma

participação de fontes renováveis de 55%, baseada na utilização de recursos próprios de

biomassa e energia hidráulica. O desenvolvimento de novas fontes renováveis de energia, com

destaque para a eólica, solar e proveniente de resíduos sólidos urbanos, irá contribuir para

manter e ampliar a qualidade e a capacidade de renovação dessa matriz.

Segundo São Paulo (2018), o Estado possui atualmente 1 usina eólica em fase de

finalização com capacidade de gerar por ano até 620 MWh, e um potencial de geração de 13.000

48 Proveniente do processamento da madeira, no processo de extração da celulose. Conhecido também como lixívia

negra, e é usado como combustível em usinas de cogeração da própria indústria de celulose.

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GWh com fator de capacidade médio49 de 31,3%. Possui 11 usinas fotovoltaicas (solares), com

potência de 121.217 kW, e um potencial de 12 TWh/ano. Na área de energia hidráulica, possui

50 usinas hidrelétricas instaladas, com potência de 14.467,8 MW, 48 pequenas centrais

hidrelétricas (PCHs), com potência de 300.700 kW, 26 centrais geradoras hidrelétricas (CGHs),

com potência de 17.101 kW, e um potencial de construção de 2 mil PCHs e CGHs, que

totalizam 4.000 MW de potencial.

Não existem políticas de investimento em geração de energia de maremotriz e

geotérmica em São Paulo, existindo apenas o uso da última, para fins de recreação, em parques

de fontes termais, como nos municípios de Águas de Lindóia, Águas de São Pedro, e Olímpia.

Segundo Leite, Delgado e Hage (2017), o problema do crescimento das fontes

alternativas é que elas são também intermitentes, ou seja, produzem energia não

necessariamente quando há demanda, e assim, o armazenamento de energia passa a ser crucial

para a segurança energética do sistema, além de constituir elemento de legitimação da própria

expansão das fontes renováveis.

Porém, verifica-se que tais tecnologias ainda possuem elevados valores de

instalação e a tecnologia ainda se encontra em fase de desenvolvimento nos países

desenvolvidos.

São Paulo possui ainda um modelo de geração distribuída50, na qual, pequenas

centrais de produção de energia que utilizam fontes renováveis, nas unidades consumidoras,

são conectadas à rede de distribuição. Segundo a Secretaria de Energia e Mineração do Estado

de São Paulo, o modelo de geração distribuída que mais cresce no Estado é a solar fotovoltaica

em casas, comércios e indústrias. Existem aproximadamente mais de 5 mil empreendimentos

de micro e minigeração distribuída com potência instalada de mais de 36 MW.

Diante do panorama atual no Estado de São Paulo, optou-se pelos seguintes níveis

de esforços: métrica eólica = 2 (indica um aumento gradual do ritmo de construção de turbinas

eólicas até 2050), métrica hidrelétrica = 2,5 (indica um crescimento entre 1,5% e 2,0% ao ano,

porém voltado a PCHs e CGHs, de menor capacidade de produção de energia), métrica

maremotriz = 1 (produção de energia das marés de 0 GW), métrica solar = 3 (indica um ritmo

de crescimento de construção da energia solar fotovoltaica e da energia solar concentrada,

principalmente pelo fato da possibilidade de geração distribuída), métrica geotérmica = 0

49 Representa a relação entre o GWh gerado e a potência instalada da usina, ao longo e um ano. 50 Expressão usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor(es), independente

da potência instalada.

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(indica seu não desenvolvimento), métrica armazenamento = 1,5 (baixo crescimento, sendo

construídas apenas algumas usinas de armazenamento).

III. Demografia e longo prazo

1. Parâmetro Demografia

Composto pela métrica População global, que controla o número total de pessoas

no mundo em 2050, e pela métrica Urbanização, relativa a proporção da população mundial

que vive nos centros urbanos.

O Estado de São Paulo possui seis regiões metropolitanas (São Paulo, Campinas,

Vale do Paraíba e Litoral Norte, Sorocaba, Baixada Santista, e Ribeirão Preto), e a sétima cidade

mais populosa do planeta (São Paulo), observando-se o gráfico da Figura 55 (a), percebe-se que

o crescimento da população vêm se mostrando constante ao longo das últimas décadas.

Fontana et al. (2015) afirmam que o aumento da população mundial tem sido

frequentemente responsabilizado pela destruição do meio ambiente, sendo um dos muitos

problemas que afetam a população mundial e o meio ambiente.

A urbanização no Estado de São Paulo, que possui uma taxa de urbanização também

crescente nas últimas décadas (Figura 55(b)), possui uma área ocupada de 842.750,1 ha,

possuindo 24 municípios com o parâmetro urbanização (proposto na presente tese), acima de

40%, o que indica que São Paulo acompanha as tendências mundiais de crescimento tanto de

sua população, como de suas áreas urbanizadas.

Figura 55 – (a) Evolução da população do Estado de São Paulo entre 1980 e 2018 (em número

de habitantes), e seu (b) Grau de urbanização51 (em %).

(a)

(b)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Perfil dos municípios paulistas - Fundação Seade.

Freitas e Fuzisaki (2018) apresentam que, no Estado de São Paulo, a queda da

fecundidade registrada no período 1980-2000 foi expressiva, da ordem de 39,4%, passando de

3,43 para 2,16 filhos por mulher. A partir de então, a diminuição foi constante, mas menos

51 Percentual da população urbana em relação à população total.

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intensa, ocorrendo pequena recuperação nos últimos anos, passando de 1,70 filho por mulher

em 2010, para um patamar de 1,76, em 2014.

A análise destas variáveis leva a uma classificação para a métrica população de um

nível de esforço de 1,5 (pois apesar de elevados valores populacionais, o Estado de São Paulo

possui indicativo de melhores condições que valores estimados pela ONU de projeções futuras),

e para a métrica urbanização igual a 1 (alto nível de urbanização).

2. Parâmetro Emissões após 2050

Controla a trajetória das emissões entre 2050 e 2100, que representa uma escolha

do usuário da Calculadora Global para definir como continuará a tendência de emissões dos

quinze anos anteriores a 2050, em cada ano entre 2050 e 2100. Será adotado um nível de esforço

igual a 1 para esse parâmetro, que indica que as emissões ficam estáveis após 2050.

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Dessa forma, definiu-se os valores de níveis de esforço (Tabela 22) a serem tomados

como base para as projeções da contribuição da agropecuária paulista para as alterações

climáticas globais.

Tabela 22 – Valores de nível de esforço definidos como padrão para as simulações na

Calculadora Global. Padrão Parâmetro Métrica Nível

Estilo de vida

Viagem

Distância do passageiro 4

Distância da carga 2

Tipo 3

Quantidade de passageiros e carga 4

Carro próprio ou alugado 2

Residências

Tamanho da edificação 4

Temperatura e uso de água quente 4

Iluminação, alimentação e uso de aparelhos 4

Vida útil dos produtos 4

Dieta

Calorias consumidas 4

Quantidade de carne 4

Tipo de carne 4

Tecnologia e

combustíveis

Transporte Eficiência 2

Elétrico e hidrogênio 2

Edificações

Isolamento térmico das edificações 2

Temperatura, cozimento e iluminação 1

Eficiência dos aparelhos 3

Fabricação

Design, troca de materiais e reciclagem 1,5

Ferro, aço e alumínio 1,5

Químicos 1,5

Papel e outros 1,5

Cimento 1,5

Captura e armazenamento de

carbono

Captura e armazenamento de carbono (ind.) 1

Captura e armazenamento de carbono (energia) 1

Bioenergia Geração de bioenergia 3

Sólido ou líquido 3

Combustível fóssil Carvão, petróleo e gás 3

Eficiência do combustível fóssil 3

Energia nuclear Nuclear 1,5

Renováveis

Eólica 2

Hidrelétrica 2,5

Maremotriz 1

Solar 3

Geotérmica 1

Armazenamento e mudança na demanda 1,5

Demografia e

longo prazo

Demografia População global 1,5

Urbanização 1

Emissões após 2050 Trajetória de emissões 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

De posse destes valores, alimentados na Calculadora Global, parte-se para a

realização de projeções, com alterações na área de Terra e Alimentos, e suas métricas

envolvidas.

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5.4.1. Cenários

IV. Parâmetro Alimentos

a. Métrica Rendimento da safra

O aumento populacional tenderá a uma crescente demanda por alimentos no

mundo, o que poderá aumentar a pressão sobre as áreas de plantio de culturas agrícolas e pelas

áreas ocupadas pela produção pecuária. A melhoria do rendimento da safra pode reduzir o

comprometimento das áreas sobre pressão, especialmente as matas naturais e outros habitats da

fauna e flora silvestres.

De posse dos dados de produtividade das principais culturas agrícolas em São

Paulo, levantadas nos dois últimos censos do LUPA, confeccionou-se o gráfico da Figura 56,

com a realização de projeção para o ano de 2050.

Figura 56 – Produtividade (em kg/ha) das principais culturas agrícolas de São Paulo nos dois

últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor. Obs.: A produtividade do eucalipto é dada em m3/ha.

Nota-se que o Estado de São Paulo vêm apresentando uma evolução da

produtividade de suas culturas agrícolas, em grande parte devido ao incremento constante de

tecnologias, como é o caso da irrigação, que apresentou um aumento de 26,7% na área irrigada

em relação ao LUPA 07/08, atingindo atualmente 658.860,2 ha, bem como ao uso crescente de

fertilizantes, que segundo ANDA (2017), aumentaram em 15,9% entre os anos de 2016 e 2015,

e 6,2% entre 2017 e 2016.

As produtividades projetadas para a cultura da cana-de-açúcar, de cerca de 130

toneladas por hectare, já são uma realidade em algumas áreas de plantio de usinas canavieiras

da região de Ribeirão Preto. O uso de variedades adaptadas e o uso cada vez mais presente de

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boas práticas agropecuárias de condução da propriedade, serão fatores de indução desta

tendência.

O uso ainda da técnica do Plantio Direto, que cresceu 135,9% em São Paulo,

passando de 758.986,0 ha no LUPA 07/08, para 1.790.343,2 ha no LUPA 17/18, pode favorecer

o incremento das produtividades a longo prazo, nas safras de milho, soja e cana-de-açúcar.

Diante deste cenário, duas conjunturas se fazem pertinentes, uma de que a

produtividade das safras continue constante, ao invés de seguirem a tendência atual de maior

produtividade, o que poderá ser causado por uma diminuição de recursos para pesquisas na

área, e pelo aumento dos impactos negativos das mudanças climáticas sobre as áreas de cultivo,

e outra, de manutenção das atuais taxas de incremento de produtividade, aliadas a constante

inserção de recursos e pesquisas em práticas e tecnologias da produção agrícola, bem como no

desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições locais.

Ressalta-se que as atuais iniciativas de plantio orgânico, induzidas pela demanda da

população pelos ditos alimentos “livres de agrotóxicos”, não são fator preponderantes nesta

análise, uma vez que no Estado houve uma diminuição de 8,1% na área cultivada entre os dois

últimos censos, indicando assim a não adoção de tais práticas na realidade agropecuária

paulista.

Desta forma será adotado o nível de esforço 1 para o cenário negativo da

agropecuária paulista (situação extrema, implica em zero crescimento de produtividade agrícola

até 2050), e o nível 3 para o cenário positivo, pressupondo-se um aumento no uso de

mecanização, irrigação, fertilizantes, biotecnologia, e um aumento expressivo nas eficiências

fotossintéticas das culturas, porém com impactos das mudanças climáticas sobre o seu

desenvolvimento.

b. Métrica Pecuária (alimentação com grãos/sobras e alimentação no pasto)

Estas métricas controlam a proporção média mundial de gado ruminante (ou seja,

bovinocultura, ovinocultura e caprinocultura) criado em sistemas de confinamento, e cuja

alimentação é composta por grãos, sobras e resíduos agrícolas, bem como a média global de

eficiência na produção de carne com gado criado no pasto.

O número de cabeças envolvidos nas principais criações animais para produção de

carnes pode ser visualizado no gráfico da Figura 57, bem como suas respectivas projeções para

o ano de 2050. A crescente demanda pelas ditas “carnes brancas”, bem como a intensificação

da produção nas granjas de avicultura de corte, aliadas aos preços mais atrativos em comparação

às “carnes vermelhas”, serão indutores do já crescente aumento do rebanho de avicultura em

São Paulo.

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A suinocultura paulista, de acordo com Bueno (2014), enfrenta problemas de difícil

resolução, como falta de escala na produção, custos de produção elevados, concorrência com

outras atividades agropecuárias de maior rentabilidade e falta de aptidão cooperativista do

produtor. Tais fatores vêm demonstrando uma tendência de redução desta criação, e migração

para outros estados do Brasil.

Figura 57 – Número de cabeças das principais cadeias produtoras de carne em São Paulo nos

três últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor. Obs.: Exceto bovinocultura de corte.

Ovinocultura e caprinocultura apresentam tendência de manutenção de seus

rebanhos, atendendo nichos específicos de mercado, principalmente relacionados às regiões

metropolitanas do Estado.

A evolução da bovinocultura de corte a pasto e em regime de confinamento pode

ser verificada com a observação do gráfico da Figura 58, demonstrando-se uma leve tendência

de incremento no rebanho bovino criado a pasto, e um crescimento da bovinocultura em

confinamento, passando dos atuais 1 milhão de cabeças para aproximadamente 4 milhões de

cabeças no ano de 2050. Torres Júnior e Aguiar (2013) apontam que no sistema de produção a

pasto o produtor conta com a vantagem de não depender de fatores instáveis, como altas nos

preços de grãos, o que favorece assim seu contínuo crescimento, diante do perfil do pecuarista

paulista.

A tendência de crescimento da criação confinada, segue a apresentada por Ziliotto

et al. (2016), de confinamento de acabamento, que é a modalidade mais difundida no Brasil,

onde os animais são confinados aos 2,5 a 3 anos de idade, com 300 a 400 kg de peso vivo, e

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são alimentados por períodos entre 90 a 120 dias, durante a época seca do ano, principalmente

visando à flutuação de preços no período da safra e entressafra.

Figura 58 – Número de bovinocultura de corte em pasto e confinada em São Paulo nos três

últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tais análises levaram à escolha de um cenário negativo de nível de esforço igual a

1 para alimentação com grãos, que representa um panorama em que existirá uma tendência

reversa à apresentada, evitando-se os sistemas de confinamento intensivo e priorizando-se os

sistemas a pasto aberto, e um nível de esforço igual a 2 para a alimentação a pasto, que mostra

crescimento razoável na densidade de animais de pastagem e no uso de rações como farelo de

soja, milho, polpa cítrica e cevada.

A bovinocultura de corte, quando associada com a área ocupada com pastagem para

criação a pasto, apresentada no gráfico da Figura 59, indica esta tendência de diminuição de

área ocupada, em grande medida causada pelas pressões das produções de grãos para

alimentação e para cultivo de culturas bioenergéticas, como a cana-de-açúcar.

Conforme há diminuição da ocupação das áreas de pastagens, com leve crescimento

do número de cabeças do rebanho bovino para corte, saindo dos atuais 6,6 milhões de cabeças

para uma projeção de cerca de 7,2 milhões de cabeças, verifica-se um uso mais eficaz na relação

cabeças/hectare neste tipo de criação animal, passando da atual relação de 1,7 cabeças para uma

projeção de 3,0 cabeças por hectare no ano de 2050.

A taxa de lotação animal (cabeças/ha) que a pecuária paulista apresenta atualmente

está acima da apresentada por Dias-Filho (2014) para o Brasil, de 1,2 cabeças/ha, sinalizando

assim, que mesmo diante de uma ocupação por pastagens sem o manejo adequado do capim de

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cobertura, a pecuária do Estado de São Paulo apresenta competitividade e eficiência diante do

padrão nacional. Regiões como Araçatuba, Presidente Prudente, Presidente Venceslau,

Andradina, e Dracena, vêm apresentando o crescimento de pastagens plantadas, com manejo e

renovação da pastagem, uso de irrigação e planejamento da ocupação animal, o que reforça a

projeção apontada. Há de se ressaltar ainda outro dado do LUPA 17/18, do uso da técnica da

Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)52, ocupando atualmente 27.653,4 ha, nas quais

há um efetivo manejo da pastagem, e um uso integrado entre produção agrícola, florestal e

pecuária.

Osório e Azevedo (2013) afirmam que, com vistas a atingir padrões sustentáveis de

produção, a pesquisa agropecuária brasileira, por meio de entidades públicas e privadas tem

buscado alternativas para integrar diferentes sistemas de produção e aproveitar os efeitos

sinérgicos entre seus componentes, como é o caso da ILPF.

Figura 59 – Relação número de cabeças e área de pastagem de bovinocultura de corte em São

Paulo nos três últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para um cenário positivo da agropecuária paulista, optou-se pelo nível de esforço

igual a 3 e 4, respectivamente para as métricas grãos e pastagem, que significam um aumento

dos sistemas de confinamento, seguindo-se ao projetado nos gráficos em análise, com um maior

uso de melhorias genéticas, uma vez que, conforme aponta Euclides Filho (2009), deverá ser

impulsionado pela demanda crescente por competitividade das atividades de produção animal

e pela importância, cada vez maior, representada pela qualidade do produto e eficiência da

52 Valor referente a soma de suas variantes, seja Integração Lavoura-pecuária, Lavoura-floresta, Pecuária-floresta

e Lavoura/pecuária-floresta.

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produção. Dias-Filho (2014) destaca ainda que com o aumento do valor da terra, a intensidade

no uso e a aplicação de tecnologia se torna mais intensa, tornando as antes pastagens degradadas

em pastagens com efetivo manejo e uso de técnicas agropecuárias em sua condução,

melhorando assim a eficiência de conversão de ração de bovinos de pasto (% da energia de

biomassa convertida em energia de carne).

c. Métrica Sobras e Resíduos Orgânicos

Ao reduzir a geração de resíduos pós-agrícolas e aumentar a eficiência de coleta de

sobras e resíduos ao longo da cadeia de suprimento de alimentos, é possível reduzir o impacto

ambiental da produção de alimentos de forma significativa (inclusive as emissões de GEE).

No Estado de São Paulo, o crescimento da colheita mecanizada, passando de 4,4

milhões de hectares (LUPA 07/08), para os atuais 8,9 milhões de hectares (LUPA 17/18), um

incremento de 99,25%, indicam um uso mais intenso de tecnologia na colheita, principalmente

ligado a culturas bioenergéticas como cana-de-açúcar e soja. A mecanização traz consigo a

possibilidade de um melhor aproveitamento e gestão dos resíduos.

Macedo e Nishizaki Júnior (2017) afirmam que para produzir alimentos e poder

alimentar a população mundial nos tempos futuros é parte crucial desse desafio desenvolver e

utilizar de modo mais assertivo a tecnologia em favor da produção, armazenagem, distribuição

e transporte de alimentos, podendo-se assim promover meios de contenção quanto ao

desperdício e perdas. Böhm et al. (2017) afirmam ainda a necessidade de trabalhos de educação

ambiental em todo o mundo.

Castro (2016) coloca que um desafio relevante atualmente é o de atender às

demandas da sociedade por inovação tecnológica para o setor, permitindo uma maior produção

com mais qualidade, menor uso de recursos naturais e adaptadas a um meio ambiente em

transformação por causa das mudanças climáticas.

Faria et al. (2016) destacam que o Brasil apresenta grande produção agrícola e

florestal e, dessa forma, resíduos lignocelulósicos53 são gerados em abundância. Logo, a

valorização energética desses materiais vegetais residuais é uma alternativa para aumentar a

eficiência econômica e ambiental do processo produtivo e contribuir para a consolidação de

uma matriz energética limpa e ambientalmente adequada.

Na definição dos cenários optou-se por um valor de nível de esforço igual a 1 em

um cenário negativo da agropecuária paulista, em que não haverá mudança na coleta de resíduos

agrícolas ou na produção de sobras e resíduos pós-agrícolas, e para o cenário positivo, um nível

53 A lignocelulose faz parte da estrutura de resistência da planta, ou seja, da parte fibrosa.

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de esforço igual a 3, indicando que haverá aumento significativo na coleta de resíduos agrícolas,

com redução significativa na produção de sobras e resíduos pós-agrícolas, os quais serão

aproveitados tanto na geração de energia, como na diminuição de perdas no processo e

distribuição das demais cadeias produtivas do agronegócio, causadas pela melhoria constante

dos meios de distribuição, tanto tecnológicos, como de infraestrutura (estradas e logística de

distribuição).

3. Parâmetro Uso da terra

a. Métrica Terra excedente (florestas e bioenergia) e Métrica Eficiência no uso da

terra

Esse parâmetro controla como será feita a alocação de qualquer terra excedente no

futuro, podendo ser alocada para a regeneração de florestas e pastagens, para a produção de

culturas bioenergéticas, ou para essas duas finalidades, controla também o aumento de

eficiência do uso da terra até 2050 por meio do uso de programas de integração da terra, como

cultivos múltiplos.

A ocupação da terra por tipo de ocupação no Estado de São Paulo é apresentada na

Figura 60, bem como sua projeção para o ano de 2050. Importante destacar que a evolução da

ocupação por vegetação natural indica um atendimento da legislação atual, chegando-se em

2050 com 22% do território coberto por matas. Nota-se que o crescimento da ocupação do

território pelas principais cadeias ligadas a produção de bioenergia no Estado atingirá cerca de

48,9% do território, mostrando assim um crescimento da importância destas culturas no cenário

da agropecuária paulista.

Figura 60 – Ocupação da terra por tipo de ocupação, em porcentagem da área agricultável, de

São Paulo, nos três últimos censos do LUPA, e sua respectiva projeção para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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As culturas perenes, ligadas a cadeias como o café e laranja, indicam a diminuição

destes cultivos no Estado, com provável migração deste padrão de ocupação para outras regiões

do Brasil. O reflorestamento tende a continuar seu crescimento, passando dos atuais 5,8% para

8,3% de área ocupada. A ocupação por pastagens apresentará uma drástica redução na ocupação

do território, em parte pelo crescimento das criações em confinamento, e pela conversão de seu

uso para culturas ligadas a cadeia bioenergéticas, em que pese a tendência de redução dos preços

dos biocombustíveis, o que acarretará na necessidade de aumento da produtividade.

Importante destacar que na projeção há uma concentração das ocupações em 84,0%

do território agrícola, restando 16% de terra excedente não descritas nas projeções aqui

apresentadas. Destaca-se neste quesito a tendência pelo uso de técnicas de pastagens cultivadas,

como o crescente uso da técnica ILPF, integração lavoura e pecuária associada ao Plantio Direto

e o uso crescente de fertilizantes, calagem e irrigação, que apontam para a ocupação desta terra

excedente por este padrão de ocupação, mantendo-se assim as pastagens num patamar

aproximado de 20% do território rural.

Para uma análise da eficiência no uso da terra, apresenta-se o gráfico da Figura 61,

no qual a ocupação e o cultivo em hectares de culturas temporárias pode ser constatado, bem

como sua tendência para o ano de 2050. A diferença entre ocupação e cultivo se deve ao fato

do conceito de glebas homogêneas, em que há o plantio de mais de uma cultura, ou da mesma

cultura numa mesma área. Toma-se como exemplo o plantio de vários cultivos de olerícolas,

numa mesma área, aproveitando-se de seu ciclo curto dentro de um ano agrícola, bem como a

realização de 3 plantios de feijão numa mesma área, que vêm ocorrendo nas regiões de

Itapetininga e Sorocaba, e ainda o uso rotacionado, em épocas de renovação de canaviais, das

culturas de amendoim e soja na renovação do solo.

Osório e Azevedo (2013) concluem que, integrar diferentes componentes, para um

melhor aproveitamento das áreas rurais, não é uma tarefa fácil para o produtor rural; ao

contrário, exige qualificação e conhecimentos de diferentes áreas para a sua implantação e

condução, necessitando assim de maior atenção com as ações de extensão rural, de modo a

propagar no campo o que é desenvolvido nos centros de pesquisa, incluindo os benefícios e as

restrições dos sistemas de integração; a capacitação do produtor rural e a assistência técnica

devem ser outras preocupações dos responsáveis pela elaboração de políticas públicas, para que

estas técnicas atinjam maior difusão no meio rural.

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Figura 61 – Área ocupada e cultivada por culturas temporárias e índice de cultivos múltiplos

(MCI) em São Paulo, nos três últimos censos do LUPA, e suas respectivas projeções para 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A relação entre área cultivada e área ocupada gera um índice conhecido como

Multiple Crop Index (MCI – índice de cultivos múltiplos), que estabelece um valor que indica

a intensidade do uso das terras agrícolas. Langeveld et al. (2014) apresentam valores de MCI

de diferentes regiões, figurando China, Indonésia e Malásia como as de uso mais intenso do

solo (MCI entre 1,45 e 1,21), e o Brasil apresentando um índice de cultivos múltiplos igual a

0,86.

O Estado de São Paulo, conforme apresentado no gráfico da Figura 61, apresenta

atualmente um valor de MCI de 1,13, o que o coloca como uma região de uso efetivo e eficiente

das áreas agrícolas, porém com tendência a leve decréscimo deste valor. Tal fato se deve a

manutenção do crescimento das áreas com plantio de culturas temporárias, porém não

acompanhadas por um uso mais intenso na rotação de culturas, em grande parte devido ao

crescimento das áreas com cana-de-açúcar, consideradas como semi-perenes, devido ao seu

ciclo anual de cultivo, bem como a renovação que se dá após diversas colheitas da mesma área,

apresentando em muitas regiões até 6 cortes até a realização da renovação.

Diante desta realidade paulista atual e projetada, optou-se pela escolha dos níveis

de esforço para um cenário negativo de 2,5 e 2 para as métricas, terra excedente e eficiência no

uso da terra, que indicam leve diminuição ao projetado na ocupação de terras para o cultivo de

culturas bioenergéticas, com tendência de que não haja melhoria significativa no uso da terra

para cultivos múltiplos.

Para o cenário positivo da agropecuária paulista adotou-se um valor de esforço igual

a 4 para terra excedente e 3,5 para eficiência no uso da terra, indicando um cenário de

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valorização das culturas bioenergéticas, com políticas de Estado, especialização de produtores

e demandas de mercado voltadas ao direcionamento da ocupação de terras excedentes alocadas

para a criação de plantações de culturas bioenergéticas, atingindo patamares de

aproximadamente 80% das áreas liberadas, bem como um aumento na gestão do uso integrado

de terras agrícolas, utilizando-se em maior medidas técnicas como o ILPF, o PD, técnicas

agroflorestais, rotação de cultivos, cultivos múltiplos, uso intensivo de tecnologias e gestão da

propriedade rural.

Para a criação dos cenários da agropecuária paulista utilizaram-se, portanto, os

valores apresentados na Tabela 23, visando-se a comparação de duas citações, uma de tendência

positiva da agropecuária e uma de tendência negativa, diante dos atuais valores da realidade

rural no Estado.

Tabela 23 – Valores de nível de esforço definidos para dois cenários em São Paulo para as

simulações na Calculadora Global.

Padrão Parâmetro Métrica

Nível

Cenário

Negativo Positivo

Terra e alimentos

Alimentos

Rendimento da safra 1 3

Pecuária (alimentação com grãos/sobras) 1 3

Pecuária (alimentação no pasto) 2 4

Sobras e resíduos 1 3

Uso da terra Terra excedente (florestas e bioenergia) 2,5 4

Eficiência no uso da terra 2 3,5

Fonte: Elaborado pelo autor.

Apesar da adoção de níveis de esforço igual a 4 em diferentes parâmetros para o

cenário positivo, representando assim um esforço muitíssimo audacioso para o global, e

apontado pela Calculadora Global como de atenção em sua escolha, há de se destacar que as

análises e projeções realizadas indicam a possibilidade de que sejam atendidas para o Estado

de São Paulo, desde que as políticas de incentivo ao meio agropecuário continuem sua tendência

de crescimento, bem como seu papel chave na economia paulista.

Farias (2015) destaca que o Estado de São Paulo é reconhecido como agente capaz

de participar da sociedade internacional nas questões ligadas à tutela ambiental e ao

desenvolvimento sustentável, pois trabalha com a conscientização acerca da necessidade de

enfrentamento conjunto das carências comuns, principalmente porque as reivindicações a que

se propõem atender são elaboradas no plano do potencial de desenvolvimento e de

configurações e concepções acerca da nova sociedade internacional, idealizada como de risco,

por Beck (2008).

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O Estado de São Paulo se distingue de outras unidades federativas, na consolidação

de parcerias internacionais para tratar de questões ambientais, e é um dos membros fundadores

da Rede de Governos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável (conhecida por nrg4SD),

a qual é a primeira rede transnacional exclusiva para governos subnacionais, criada com o

objetivo de representar os governos regionais, direcionando-os para o desenvolvimento

sustentável; participa também do Climate Group, que é uma rede que se dedica, desde 2004, à

redução das emissões de carbono, visando acelerar a transição para uma economia verde;

participa desde 2013 da R20, que é uma rede que auxilia governos locais e subnacionais no

desenvolvimento de projetos econômicos de baixo carbono; e é membro do Local Governments

for Sustainability (ICLEI), que é uma rede global que se dedica a fomentar o desenvolvimento

sustentável.

Há de se destacar ainda a importância do município de São Paulo, em que, conforme

apresentado por Cortese e Natalini (2014), os esforços da governança municipal para enfrentar

as mudanças climáticas deram ao município a oportunidade de ser a primeira cidade do

hemisfério sul a sediar o evento C40 Climate Summit54 de 2011, pois a cidade é uma das únicas

da América Latina a possuir uma lei sobre estratégia climática de um governo local.

Desta forma, cenários de governança local, como o do Estado de São Paulo, voltado

ao setor agropecuário, pode representar um modelo precursor para outros países em

desenvolvimento, representando assim um exemplo de abordagem política bottom-up, em que

governos subnacionais estabelecem seus próprios interesses e prioridades, através de políticas

públicas próprias, seguindo as regras multilaterais assumidas pelo governo nacional, mas indo

além, colaborando e influenciando na formulação de regras.

Diante dessa realidade realizou-se a projeção na Calculadora Global, dos sistemas

de energia, terra e alimentos do planeta em 2050, conforme a realidade paulista, utilizando-se

dos níveis de esforço apresentados na Tabela 22 e na Tabela 23, possibilitando a comparação

de dois cenários com outros dois exemplos de rota, possibilitando a exploração dos impactos

associados às mudanças climáticas.

54 Grupo que conecta 90 das maiores cidades do mundo, representando mais de 650 milhões de pessoas e um

quarto da economia global, focado no combate às mudanças climáticas e na condução de ações urbanas que

reduzam as emissões de gases de efeito estufa e os riscos climáticos.

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Os dois cenários criados podem ser visualizados na ferramenta web da Calculadora

Global acessando-se os endereços digitais apresentados na sequência, de qualquer navegador

de internet:

1) Cenário positivo:

http://tool.globalcalculator.org/globcalc.html?levers=f142342224442134fffff1331f2p131f444

3z3433411111312111111111/dashboard/po

2) Cenário negativo:

http://tool.globalcalculator.org/globcalc.html?levers=f142342224442134fffff1331f2p131f444

121233p11111112111111111/costs/po

A comparação de fonte de energia primária para cada um dos cenários é apresentada

nos dois gráficos apresentados na Figura 62. Nota-se que o fornecimento de energia, de forma

geral, é semelhante nos dois cenários de exemplo de rota paulista, diferindo entre si na

importância das fontes renováveis. A importância das fontes renováveis no cenário SP negativo

é semelhante ao cenário de Relutância do consumidor, porém neste último há alto uso de energia

nuclear, e muitos esforços no uso da terra (mais rendimento na produção de alimentos, entre

outros), com reflorestamento relativamente alto.

Figura 62 – Fonte de energia primária para os cenários em estudo, valores em EJ55.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

A visualização do diagrama de Kiviat, comparando os quatro cenários em estudo,

permite-se verificar que as fontes de energia são relativamente semelhantes entre os cenários

SP negativo, SP positivo e Relutância do consumidor, estando as energias renováveis com

maior expressão no cenário SP positivo, mostrando assim que esse cenário coloca uma maior

55 exaJoule = 1018J. Unidade de energia ou trabalho no Sistema Internacional de medidas (SI).

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importância às questões de uso da terra e eficiência na agropecuária. A forte dependência do

cenário AIE 6DS para com fontes de energia provenientes de combustíveis fósseis, pode ser

verificada, demonstrando-se assim a necessidade de gestão e mudança no paradigma de uso

constante e crescente desta fonte de energia.

Para um entendimento mais detalhado das fontes de energia primária,

confeccionou-se os gráficos da Figura 63, detalhando-se a fonte de cada um dos setores de

fornecimento de energia.

Figura 63 – Fornecimento de energia primária por setor, para os cenários em estudo, valores

em EJ.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

A queima de petróleo, gás e carvão ou turfa56 são as fontes predominantes no

cenário AIE 6DS, demonstrando que a necessidade por alteração do padrão atual de origem das

fontes energéticas se faz necessário, visando-se uma maior diversificação e menor dependência

de fontes únicas. O cenário de relutância do consumidor apresenta a maior diversificação de

fonte de energia, enquanto os cenários paulistas demonstram rotas com maior peso e

dependência de bioenergia, indicando assim o caráter agropecuário destas rotas, com maior

expressão sobre a gestão de recursos ligados ao uso e ocupação da terra.

O cenário SP positivo indica o potencial que o Estado de São Paulo tem como

exemplo na geração de energias provenientes de fontes renováveis, principalmente ligadas a

bioenergia, aliado ao crescente uso da energia solar, abundante pela incidência constante de

raios solares por tratar-se de região tropical, e na crescente instalação de placas solares em

residências, num modelo de geração distribuída.

56 Massa de tecido de várias plantas produzida por lenta decomposição anaeróbica associada à ação da água.

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Uma tendência global que pode influenciar esta realidade reside em recente acordo

da União Europeia, estipulando um aumento de sua meta de consumo de energias renováveis,

como eólica e solar, para 32% até 2030.

De acordo com (Irena, 2018), os custos das energias geradas a partir do vento e da

luz solar continuarão a cair ainda mais e, nos próximos três anos, o custo da energia fotovoltaica

tenderá a cair em torno de 50%, na média global.

Figueira (2015) ressalta que existe uma preocupação em torno do impacto da

expansão da produção de biomassa para a produção de biocombustíveis sobre os biomas, e sua

concorrência com a produção de alimentos. A relação de produção conjunta entre culturas

bioenergéticas e alimentares é realidade possível diante das projeções para o Estado de São

Paulo, e pode ser dado como possível diante das análises do padrão de ocupação e da eficiência

no uso da terra que o modelo agropecuário paulista vem demonstrando.

A diferenciação de valores de fornecimento de energia nos cenários em análise pode

ser entendida pelo fato destas atenderem a demanda de energia que cada qual representa,

apresentada nos gráficos da Figura 64.

Figura 64 – Demanda de energia por setor, para os cenários em estudo, valores em EJ.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

O setor de transportes e edificações apresentam demandas semelhantes nas rotas SP

positivo, SP negativo e Relutância do consumidor, indicando um uso contínuo de veículos com

motores de combustão interna com baixíssima adoção de veículos elétricos ou movidos a

hidrogênio, e também um uso contínuo de gases para cozinhar e adoção relativamente baixa de

isolamento e tecnologias de aquecimento de baixo carbono.

Importante ressaltar que existe um dinamismo no setor que provavelmente possa se

alterar, pois o ano de 2018 deve representar um marco para os carros elétricos no Brasil. O

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Ministério da Indústria e Comércio confirmou a queda do Imposto sobre Produtos

Industrializados para a categoria, estando a mesma aguardando sanção presidencial, para

oficializar a medida. Alia-se a esta, o novo programa de desenvolvimento do setor automotivo

brasileiro em discussão entre governo e representantes da indústria, conhecido como Rota 2030,

que beneficiará iniciativas de veículos de maior eficiência, híbridos e elétricos.

As rotas SP negativo e SP positivo apresentam demandas parecidas de energia, pois

partem dos mesmos pressupostos básicos da sociedade de consumo, porém numa dinâmica

diferenciada ante o padrão de países desenvolvidos da rota Relutância do consumidor, que

demandam uma maior necessidade energética. Importante destacar que uma sociedade que não

invista em políticas de alteração do atual padrão de consumo dos diferentes setores, mantendo-

se as atuais políticas (cenário AIE 6DS), tenderá a um aumento da demanda de energia da ordem

de 59,9% superiores a um cenário como o SP positivo e 30,3% superior ao Relutância do

consumidor.

Estas diferentes demandas ocasionam diferentes padrões de emissão anual de GEE,

os quais são apresentados no gráfico da Figura 65. Importante destacar que se não houver

alteração imediata nas atuais políticas de gestão da sociedade, pode-se chegar a emissões da

ordem de 84,3 bilhões de toneladas de CO2eq, como apresentado no cenário AIE 6DS.

Os cenários de Relutância do consumidor e SP negativo apresentam tendência e

valores semelhantes de emissões anuais globais de GEE, diferindo em 5,9 bilhões de toneladas

de CO2eq para o ano de 2050, mostrando assim que as demandas menores no setor de

fabricação, aliados a um maior fornecimento de energia por meio de culturas bioenergéticas

geram efeitos à partir de 2040.

Figura 65 – Emissões anuais globais de GEE para os cenários em estudo, valores em

GtCO2eq/ano.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

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Dafnomilis et al. (2017) destacam que, num caminho rumo ao aprovisionamento

energético sustentável, com reduções profundas das emissões de GEE e diminuição da

dependência de combustíveis fósseis, é esperado que a biomassa utilizada para fins energéticos

(bioenergia) desempenhe um papel substancial, como no caso da União Européia. Neste sentido

tornam-se importantes os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),

flexibilizado no artigo sexto, no parágrafo quatro, pelo Acordo de Paris, se popularizando por

Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (MDS).

É explicado por Kässmayer e Fraxe Neto (2016) que o MDS é um MDL expandido,

uma certificação centralizada e voluntária sujeita à governança multilateral para garantir sua

integridade ambiental. O MDL funciona apenas entre países do Anexo I com os do não Anexo

I do Protocolo de Kyoto, e o MDS é mais flexível e tem o objetivo de incentivar e facilitar a

participação na mitigação das emissões de gases de efeito estufa por entidades públicas e

privadas autorizadas por uma das partes.

Bogo (2012) esclarece que o princípio básico do MDL implica em que países

desenvolvidos invistam nos países em desenvolvimento em oportunidades de redução de

emissões de GEE e que recebam créditos por isso, assim, cada tonelada de CO2eq que as

atividades dos projetos de MDL reduzirem ou removerem da atmosfera originará as Reduções

Certificadas de Carbono (RCE) com permissão de negociação no mercado oficial mundial,

sendo cada RCE equivalente a redução de uma tonelada de CO2eq.

Segundo Frondizi (2009) o MDL diz respeito a um mecanismo baseado no

desenvolvimento de projetos, que podem envolver substituição de energia fóssil por outras

energias de origem renováveis, serviços urbanos mais eficientes, racionalização da utilização

de energia, entre outras possibilidades, podendo ter a participação de entidades públicas,

privadas e parcerias público-privadas dos países desenvolvidos e dos países em

desenvolvimento, na tentativa de conter as mudanças climáticas.

O MCTIC (2016) apresenta que o Estado de São Paulo é a unidade da federação

com o maior número de atividades de projeto MDL. Os projetos de MDL devem envolver a

substituição de energia de origem fóssil por outra de energia renovável, a racionalização do uso

de energia, serviços urbanos e outras atividades, devendo promover o desenvolvimento

sustentável e reduzir ou ajudar no controle dos GEE.

Desta forma, tanto o cenário SP negativo como o cenário SP positivo apresentam

substancial contribuição na efetivação do aumento destas iniciativas, gerando-se uma

diminuição das emissões de GEE da ordem de 83,5% e 106,3% comparados a um cenário sem

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esforços (AIE 6DS). Destaca-se ainda que, o cenário SP positivo apresenta uma emissão anual

global de GEE de -5,3 bilhões de toneladas de CO2eq, ou seja, a cobertura da terra com culturas

bioenergéticas e reflorestamento agem como fixadoras de CO2, sendo, portanto, um modelo de

iniciativa de maior fixação que emissão.

Anater et al. (2016) destaca que o MDL é o único meio estabelecido pelo Protocolo

de Kyoto no qual países que não são pertencentes ao Anexo I podem participar efetivamente

do cumprimento das exigências atribuídas a eles. Nesse mecanismo, nações em

desenvolvimento, como o Brasil, podem reduzir voluntariamente as emissões de GEE, gerando

créditos de carbono, os RCEs, que podem ser vendidos a países do Anexo I para que possam

cumprir com sua meta de redução (Frondizi, 2009).

As emissões anuais globais de GEE por fonte geradora são apresentadas no gráfico

da Figura 66. Importante ressaltar os valores negativos de uso da terra e florestas, agindo assim

como fixadoras de CO2, e no caso do cenário SP positivo, um total potencial de -23,6 bilhões

de toneladas de CO2eq, sendo superior às emissões globais das demais fontes neste cenário.

Figura 66 – Emissões anuais globais de GEE por fonte geradora, para os cenários em estudo,

valores em GtCO2eq/ano.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

Elizondo et al. (2017) destacam que, em termos de mitigação de GEE, a maioria

das emissões virá dos processos de combustão e todos os setores terão um papel na consecução

da meta de mitigação. Do lado da demanda, a eficiência industrial e as ações nas cidades e nos

transportes têm o impacto mais significativo.

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As emissões dos processos industriais e provenientes da queima de combustíveis

são os mais significativos num cenário de não alteração das políticas atuais, e perdem expressão

nos demais cenários, ganhando assim importância os biocombustíveis e as bioenergias.

Simell et al. (2014) destacam que os biocombustíveis a partir de matérias-primas

lignocelulósicas não comestíveis (por exemplo, silvicultura e resíduos agrícolas) produzidos

por um processo de conversão térmica baseado na gaseificação e síntese de combustível

catalítico são frequentemente propostos, e a geração de biocombustíveis de segunda geração

podem representar forte tendência diante de um mercado com demanda de energia e elevada

disponibilização destes recursos de biomassa.

Nota-se ainda a leve semelhança entre o cenário SP negativo e o cenário Relutância

do consumidor, diferindo entre si na menor participação como emissora de GEE que a

Agricultura apresenta no primeiro, e a menor participação como fixadora de CO2 que o uso da

terra e florestas representam ao segundo, demonstrando assim que, mesmo num cenário de

menores investimentos no setor da agropecuária, o modelo paulista aqui simulado é exemplo

de efetiva contribuição na diminuição das emissões de GEE.

Agropecuária, uso da terra e culturas florestais apresentam-se, portanto, como

importantes atividades do setor ligado ao uso e ocupação do solo, e representam importante

contribuição na geração de energia, a qual pode ser visualizada no gráfico da Figura 67.

O setor agroindustrial, a cogeração de energia e a geração de energia da biomassa

são os tipos de projetos mais tradicionais no mercado de carbono atualmente, como

instrumentos de mitigação de GEE, com projetos de geração de energia a bagaço e palha de

cana-de-açúcar (MCTIC, 2016).

Koponen e Hannula (2017) colocam que, os biocombustíveis líquidos fornecem

uma solução de energia renovável para várias aplicações em que a eletrificação continua

desafiadora, incluindo a aviação comercial, transporte rodoviário marítimo e de longa distância

para serviço pesado.

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Figura 67 – Geração de bioenergia por fonte para os cenários em estudo, valores em EJ.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

Assim, os cenários positivo e negativo da agropecuária paulista apresentam uma

possibilidade de crescimento destas tecnologias e projetos para o setor, tanto no uso de

biocombustíveis sólidos quanto líquidos, uma vez que o aumento da oferta destes, irá gerar uma

maior necessidade pelo seu uso eficiente e eficaz.

Figueira (2015) afirma que, a ampliação da oferta de biocombustíveis vem

desencadeando uma série de debates nos países sobre os seus reais benefícios, argumentando

sobre os seus impactos na mudança do uso da terra, na elevação do preço dos alimentos e no

uso de herbicidas e fertilizantes impactando na água.

Bioenergia é uma das alterações de maior significado nos cenários paulistas aqui

propostos, representando 151,0 e 129,5 EJ para o positivo e o negativo respectivamente,

contendo ainda expressiva quantidade de geração de bioenergia inutilizada. Mesmo num

cenário de menores investimentos no setor agropecuário, o Estado de São Paulo demonstra que

representará papel essencial no cenário internacional, na discussão e disponibilização de

alternativas energéticas provenientes de bioenergia, como soluções de biocombustíveis, de

segunda e terceira geração, e uso de resíduos agropecuários com tecnologias de melhor

aproveitamento de seu carbono agregado.

Segundo IRENA (2018b), a produção de bioenergia mundial em 2015 foi de 64 EJ,

e conforme projeções, tenderá a quase quadruplicar em 2050, para 222 EJ, com valores

próximos aos dos cenários simulados.

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Souza et al. (2017), afirmam que o clima global e as mudanças ambientais

relacionadas ao uso de combustíveis fósseis e ao desenvolvimento iníquo tornam antiético não

buscar um desenvolvimento de energia mais equitativo que inclua a bioenergia. A biomassa

como fonte renovável de energia é única em ser capaz de fornecer desenvolvimento social local

de mãos dadas com melhor segurança alimentar, representando assim a importância de

discussões de cenários como o caso do Estado de São Paulo.

Importante se destacar que as emissões de GEE podem ainda ser discutidas

conforme o gás emitido por cada cenário, conforme Figura 68.

Figura 68 – Emissões anuais globais de GEE por gás, para os cenários em estudo, valores em

GtCO2eq/ano.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

Os cenários SP positivo e negativo e Relutância do consumidor representam rotas

importantes em serem discutidas e apresentadas aos tomadores de decisão em políticas publicas

locais e internacionais, pois representam reduções drásticas na emissão de CO2. Importante

destacar que o metano, proveniente em sua maior parte da fermentação entérica das criações

animais, são significativamente menores nos cenários paulistas, porém podendo representar

uma migração destas explorações agropecuárias para outros Estados, e não obrigatoriamente

uma redução global, a qual, para que ocorra efetivamente, demandará uma alteração do padrão

de consumo da população atual.

O óxido nitroso, apesar de representar pequena parcela das emissões globais,

representa 1,7 e 2,6 bilhões de toneladas de CO2eq anuais para os cenários SP positivo e SP

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negativo, respectivamente, e estão associados ao maior uso de adubação nitrogenada nos

cultivos agrícolas.

Koponen e Hannula (2017) destacam que a adubação nitrogenada adicional pode

ser necessária quando os resíduos florestais são coletados de locais pobres em nutrientes. Os

processos de nitrificação e desnitrificação no solo serão importantes temas a serem

considerados numa agropecuária que realizará um uso mais intenso do solo, principalmente

associados às extensas porções de solos de menor fertilidade, como os Latossolos paulistas,

bem como o uso combinado com calagem e gessagem em solos como os Argissolos.

La Rovere et al. (2016) realizando estudos de cenários de redução de GEE para

2030, concluíram que as maiores reduções são provenientes de ações no setor de agropecuária,

florestas e outros usos da terra, os quais permitiriam eliminar 10% das emissões totais. Em

casos de intensificação de ações em agropecuária e uso da terra, como no cenário SP positivo,

esta redução pode ser significativamente maior.

Dafnomilis et al. (2017) destacam que existem iniciativas de diferentes governos na

atualidade com relação a redução das emissões de GEE, como a União Europeia, que

recentemente estabeleceu um acordo de redução de 40% nas emissões, em comparação com

1990, sendo 27% do consumo de energia a partir de fontes renováveis até 2030. Com a crescente

demanda por biomassa na última década, o comércio internacional de biocombustíveis líquidos

e biomassa sólida tem crescido substancialmente, particularmente na União Europeia, bem

como em países como Estados Unidos e Brasil, o que corrobora com cenários em que se pese

uma maior participação destas fontes na matriz energética.

Ressalta-se que os diferentes cenários em estudo possuem um potencial de

acumulação de CO2 na atmosfera, principalmente quando analisado um prazo mais longo, como

o apresentado na Figura 69. Nota-se que se não houver políticas efetivas de redução nas

emissões, o acúmulo de CO2 na atmosfera poderá chegar a aproximados 7.693 bilhões de

toneladas de CO2eq, e cenários que levem a reduções significativas nas emissões, bem como

uma maior importância das questões ligadas a agropecuária podem reduzir em aproximados 1/3

deste acúmulo.

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Figura 69 – Dióxido de carbono acumulado na atmosfera até o ano de 2100, para os cenários

em estudo, valores em GtCO2eq.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

Elizondo et al. (2017) destacam que nos últimos anos, vários estudos investigaram

a viabilidade e os caminhos para as metas de redução de CO2 de médio e longo prazo. No

entanto, análises da utilidade da política de tais cenários mostraram que, dadas as suposições

embutidas e estruturas de modelagem alternativas, os formuladores de políticas não estão

recebendo uma descrição suficientemente precisa das opções e compensações disponíveis.

O Brasil pode ter um papel importante neste processo, uma vez que domina a

tecnologia para produzir tanto o biodiesel como o etanol (Rissardi Júnior, 2015). No entanto,

para que o Brasil possa beneficiar do interesse de diferentes países pelos biocombustíveis,

necessita de enfrentar limitações importantes, como as barreiras tarifárias e não tarifárias contra

a importação de biocombustíveis brasileiros, sobretudo de etanol (Diverio et al., 2017).

La Rovere et al. (2016) ressaltam que existem diversos conjuntos de medidas de

mitigação testadas em diferentes setores, que demonstram que há enorme potencial de

abatimento de emissões de GEE no Brasil, através da implantação de um amplo espectro de

opções que vão desde eficiência energética, ampliação do uso de fontes renováveis de energia

e de técnicas para uma agropecuária de baixo carbono, até mudança de modais de transporte,

captura de metano em projetos de saneamento básico (aterros sanitários e estações de

tratamento de esgoto) e reflorestamento com espécies nativas e de crescimento rápido.

Carvalho et al. (2009) enfatizam, porém que, considerando o dobro da concentração

de CO2 na atmosfera, e nenhuma mudança na temperatura do ar, incrementos na produção de

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plantas com ciclo fotossintético C357 podem chegar a até 30 %, e nas plantas de ciclo C4, na

ordem de 10 %. Contudo, Streck (2005) ressalta que um pequeno aumento na temperatura

(menos de 1°C) poderá anular os benefícios resultantes do aumento da concentração de CO2

sobre o rendimento das culturas.

Tal enfrentamento voltado ao setor agropecuário necessita de análise de projeções

sobre o uso da terra, apresentado para os cenários em análise no presente estudo, na Figura 70,

para uma compreensão das consequências em escala global de uma alteração da cobertura do

solo.

A ferramenta Calculadora Global leva em consideração que apenas 29,2% da

superfície do planeta é composta por terra, das quais cerca de 30% são compostas de geleiras,

desertos e outras áreas não disponíveis para uso, restando-se assim cerca de 9.000 milhões de

hectares para a ocupação humana.

Figura 70 – Uso da terra projetado, para os cenários em estudo, valores em Mha.

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global.

Nos diferentes cenários projetados, percebe-se que o uso da terra voltado aos

assentamentos e infraestrutura é idêntico, representando cerca de 4,0% da superfície, ou seja,

ocupação do território por áreas construídas semelhantes em todos eles, semelhança que

57 Os termos C3 e C4 referem-se, de forma simplificada, ao número de moléculas de carbono de que as plantas

dispõem para realizar a fixação de dióxido de carbono em sua estrutura celular. As plantas C3 são menos

dependentes de altas taxas de radiação solar, enquanto as C4 dependem de elevadas taxas de radiação para

realizarem a fotossíntese, e portanto, são consideradas plantas de sol, fixando mais CO2 por unidade de água

perdida, que as C3.

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também ocorre nas terras disponibilizadas para culturas não alimentícias, representando cerca

de 0,6%.

A disponibilização do território para florestas comerciais apresenta pouca

diferença, representando 4,4% para os cenários paulistas e 5,4% para os cenários AIE 6DS e

Relutância do consumidor.

FAO (2016) apresenta que em 1990 o mundo tinha 4.128 Mha de floresta, e em

2015, esta área diminuiu para 3.999 Mha. Esta é uma mudança de 31,6% da área terrestre global

em 1990 para 30,6% em 2015. No entanto, o documento enfatiza que, o desmatamento, ou a

conversão florestal para outro uso da terra são de difícil acompanhamento, mesmo com imagens

de satélite de alta resolução. A dinâmica da floresta natural e da área florestal plantada varia de

acordo com as circunstâncias nacionais e tipos de florestas.

Os cenários SP positivo e SP negativo indicam que, políticas de incentivo, pesquisa

e crédito na valorização das questões agropecuárias, podem representar incrementos

substanciais na manutenção e retorno das matas, podendo-se atingir um total de 6.000 Mha no

mundo, em 2050, ou seja, planejamento e uso intensivo das áreas já consolidadas para a

agropecuária e projetos de restauração florestal nas áreas desmatadas e com uso não indicado

para exploração, devido a limitações de tipos de solo e relevo. Já o cenário AIE 6DS indica uma

continuidade no desmatamento global, atingindo-se uma área ocupada por matas de 3.165 Mha

em 2050, enquanto o cenário Relutância do consumidor indica uma estabilização do

desmatamento, acompanhado por um uso mais intenso dos solos agrícolas.

As terras voltadas às culturas alimentícias representam 9,8% no cenário SP positivo

e 22,4% no SP negativo, representando a maior importância dada ao primeiro modelo quanto a

intensificação da exploração voltada às culturas bioenergéticas. Valores intermediários são

apresentados pelos cenários AIE 6DS e Relutância do consumidor, que representam 16,9% e

12,4% para culturas alimentícias respectivamente. O cenário SP positivo é dependente de um

uso intenso das terras voltadas à produção de alimentos, necessitando de elevados valores do

índice MCI, nas terras sob esta exploração. Importante destacar que não se trata de uma

ocupação concorrente entre cultivos alimentares e bioenergéticos, pois tratam-se de sistemas

agrícolas integrados, sendo o resultado final passível de atendimento às duas demandas, seja

alimento, seja energia.

Pastagens, que representam cerca de 34% do uso das terras nos cenários AIE 6DS

e Relutância do consumidor, tiveram diminuição drástica nos cenários paulistas, cobrindo 4%

do uso. Tais valores representam um efeito não conectado aos padrões atuais de consumo

mundiais de proteína animal, mas refletem o efeito atual de que as criações animais estão

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migrando para outros Estados do Brasil, tornando assim deficiente uma análise da projeção com

relação a esta ocupação, que só poderá ser acompanhado se houver uma alteração na dieta

global quanto ao consumo de proteína animal, bem como na intensificação registrada em São

Paulo para com os sistemas de criação em confinamento.

As terras voltadas para culturas energéticas representam 6,1% em ambos os

cenários tendo São Paulo como exemplo, e nos cenários AIE 6DS e Relutância do consumidor

representam 1,1% e 3,4% respectivamente. Importante ressaltar que apesar das tendências

atuais já apontadas pelo crescimento do uso de bioenergia em diferentes países, há uma pressão

popular pela descontinuidade de seu uso, principalmente incentivadas pela entrada de

tecnologias ligadas a energia elétrica no transporte, na possibilidade de melhoria das

tecnologias de acumulação de energia em residências, e na associação de impactos negativos

ao meio ambiente pelo uso de plantios em regime de monocultura.

Demanda e geração de energia, associadas a maiores ou menores emissões de GEE,

com diferentes padrões de ocupação da terra, irão gerar diferentes cenários no aumento da

temperatura global, sendo tal impacto para os cenários em estudo, apresentados nos gráficos da

Figura 71, numa perspectiva de acompanhamento até o ano de 2100.

A Calculadora Global estima o total de aquecimento somando os efeitos do CO2,

CH4, N2O e SO2, realizando uma simplificação. Na prática, é improvável que os efeitos sejam

completamente lineares, devendo assim ser considerado apenas como uma estimativa

aproximada.

Para visualização comparativa quanto ao atendimento da meta estipulada no

Acordo de Paris, realizou-se o destaque da temperatura máxima de 2°C. Constata-se que o

cenário SP positivo é o único que mantém todas as suas médias (máxima, mínima e média) de

possíveis incrementos na temperatura global, abaixo dos 2°C, figurando assim em exemplo de

rota para que seja atendido o acordo internacional.

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Figura 71 – Mudança da temperatura média global, para os cenários em estudo, apresentando-

se o valor médio, o mínimo e o máximo possíveis (valores em °C). Destaque no limite de 2°C

estipulado no Acordo de Paris (em vermelho). Cenários: (a) SP positivo, (b) SP negativo, (c)

AIE 6DS, e (d) Relutância do consumidor.

(a)

(b)

(c)

(d)

Fonte: Elaborado pelo autor, usando a Calculadora Global. Obs.: As estimativas dos valores máximos e

mínimos basearam-se na Opção 258 de “Incerteza do modelo”, selecionado na Calculadora Global.

Os cenários SP negativo e Relutância do consumidor apresentam impactos na

temperatura média global com características semelhantes, figurando a primeira com menor

variação quanto a média global, indicando que os cenários que levem em consideração as

dinâmicas de planejamento da agropecuária, e padrões de uso e eficiência mais intensos nos

parâmetros de uso da terra, possam significar rotas com contribuições positivas quanto a meta

de aumento da temperatura em até 2°C.

O cenário em que as atividades e práticas atuais permanecem inalteradas (cenário

AIE 6DS) deixa claro que diante do padrão atual da sociedade, as temperaturas se elevarão

muito acima dos 2°C, podendo-se chegar a um aumento de 6°C no ano de 2100. O impacto

neste sentido dos cenários tanto positivo como negativo paulista aqui apresentados, incorporam

soluções positivas quanto à busca de políticas públicas que contribuam para a redução dos

impactos das emissões de GEE, e na manutenção do aumento da temperatura global dentro dos

2°C.

58 Gera uma categoria de incerteza com base no resultado do modelo, por meio de um método semelhante ao

relatório mais recente do IPCC, aumentando a faixa de possibilidade de máximas e mínimas.

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Santana (2016) coloca que os debates sobre a inserção do uso das fontes

agroenergéticas apresentou-se como resposta à dinâmica industrial e uso intensivo das fontes

fósseis. Neste viés, têm-se o interesse nos projetos de redução de emissão de GEE da área de

energia renovável, através de usinas que tem como atividade a produção de açúcar e álcool e

que utilizam da queima da biomassa (bagaço/palha) de cana-de-açúcar, para gerar energia

excedente através da cogeração de energia.

Dessa forma, é importante para o país, incentivos e investimentos por parte do

governo aos planos de ações setoriais, instituído na PNMC, na busca da redução das emissões

de GEE, a partir de novas abordagens que tratem a problemática ambiental como uma questão

de natureza política e ecológica, e não apenas sob a lógica mercantil (Santana, 2016).

Importante destacar que a análise de custos dos cenários, realizada pela Calculadora

Global, apresentam os cenários SP positivo e SP negativo como 7.2% e 7,9% do PIB

respectivamente, menos caras que os cenários AIE 6DS e Relutância do consumidor,

demonstrando assim sua viabilidade econômica para aplicação pelas governanças.

Souza et al. (2017) afirmam que metas agressivas para manter o aumento da

temperatura global abaixo de 2°C parecem exigir contribuições substanciais da bioenergia em

larga escala, e existem várias opções para realizar uma contribuição significativa, corroborando

assim com as discussões e apontamentos para os cenários paulistas aqui em análise.

Desta forma, os cenários SP positivo e SP negativo figuram como modelo de gestão

aos tomadores de decisão globais quanto a políticas voltadas à gestão da ocupação territorial e

padrões a serem alcançados no meio agropecuário, num modelo de gestão local impactando na

gestão global. O modelo de condução das políticas, pode trazer impacto positivo significativo

no ambiente, onerando em menor medida o erário, e necessitando apenas de orientações quanto

a condução das atividades agropecuárias frente a um reordenamento dos atuais padrões do setor.

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6. CONCLUSÕES

Comprovou-se a hipótese de que o uso de sistemas de modelagem integrada, com

base em dados de satélite e recenseamento rural, permite retratar o rural produtivo paulista,

trazendo elementos socioeconômicos às dinâmicas físicas de uso do solo e fatores de superfície

e clima, permitindo a realização dos estudos da presente tese.

O desenvolvimento da agropecuária paulista se deu baseada na inserção de

monoculturas em larga escala incentivadas por políticas de governo, com alteração e aumento

da diversidade com o passar do tempo, atrelado diretamente a questões econômicas nacionais

e internacionais. As políticas públicas voltadas ao setor produtivo rural, realizadas em grande

monta por trabalhos de extensão rural pública, ajudaram a definir o atual estágio de ocupação

do território rural, e apresentam uma atual mudança de paradigma, voltado a práticas integradas

de produção e conservação do ambiente, favorecendo a recuperação das coberturas florestais

nativas em São Paulo. Ressalta-se, porém, que as políticas de governo atual indicam uma

diminuição exponencial do repasse de recursos para questões ligadas a agropecuária, indicando

assim um esforço do governo para que o mercado auto regule as questões ligadas ao setor.

São Paulo possui atualmente oito principais ocupações do solo, uma ligada a

produção pecuária (pastagens), três ligadas a culturas bioenergéticas (cana-de-açúcar, soja e

milho), uma ligada a produção florestal (eucalipto), duas ligadas a culturas perenes (laranja e

café), e uma ligada a vegetação natural. Minifúndios e pequenas propriedades, alvo das políticas

públicas de extensão rural, representam 84,8% do total de propriedades, porém são responsáveis

pela exploração de apenas 28,3% do território rural, sendo responsáveis pela produção de

culturas voltadas a alimentação. Latifúndios respondem pelas principais ocupações, explorando

45,2% do território rural, ligadas em sua maioria a monoculturas da cadeia bioenergética.

Apesar de São Paulo representar um polo de tecnologia e produção industrial no

cenário brasileiro e mundial, tal efeito se relaciona ao padrão de urbanização do território, e é

concentrado nas regiões metropolitanas, sendo a maioria dos municípios paulistas ligados ao

setor agropecuário, e suas cadeias de produção correlacionando diretamente com o setor

industrial. Tal fato merece destaque, pois as políticas públicas voltadas ao setor agropecuário

são deixadas em segundo plano, tendo destaque as voltadas ao setor industrializado.

A agricultura urbana e periurbana em São Paulo segue a teoria de Von Thünen,

porém não de forma exclusiva, pois existem nichos de produção e setorização em São Paulo,

não obrigatoriamente ligados às questões de distância da área urbanizada, como os polos de

produção olerícolas de Mogi das Cruzes, Sorocaba e Itapetininga. A metodologia criada para

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204

definição da agricultura periurbana mostrou-se válida nas análises dos padrões de ocupação,

bem como no perfil do agricultor que ocupa estes territórios, mostrando que existe um perfil

diferenciado da agricultura realizada nestes espaços, carente de políticas públicas específicas,

pois possuem uma relação econômica e social particular para com as áreas urbanizadas.

A junção de questões sociais, econômicas, de produção agropecuária, de parâmetros

de solo, relevo, e climáticos, trouxe a possibilidade de descrição do perfil de ocupação das

diferentes regiões paulistas, e permitem que políticas públicas sejam elaboradas de acordo com

especificidades locais, favorecendo assim um enfrentamento do setor agropecuário ante as

mudanças climáticas. A metodologia adotada para setorização dos níveis de vulnerabilidade

agrária-socioeconômica, permite que políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas e

de fortalecimento de boas práticas agropecuárias, bem como de questões sociais e econômicas

de diversificação da produção, sejam tratadas de maneira hierarquizada e específica para os

diferentes perfis de agricultores no Estado.

A gestão do setor agropecuário no Estado de São Paulo possui potencial de

significativa geração de energia a partir de fontes renováveis, principalmente as advindas das

culturas bioenergéticas, aliando-se produção alimentar e energia, numa perspectiva de

significativa contribuição na manutenção do aumento da temperatura global em 2°C até o ano

de 2050. Os cenários apresentados demonstram a importância de investimentos no setor, pois

trazem efetivas diminuições nas emissões de GEE. As mudanças climáticas são presentes em

todos os cenários apresentados, ressaltando-se assim a importância de pesquisa agropecuária

no desenvolvimento de cultivares adaptados às mudanças climáticas, e no incentivo em estudos

que conciliem planejamento do uso do solo, e balanços energéticos dos cultivos agrícolas,

produção pecuária e florestal. São Paulo e sua atuação internacional podem ser exemplo para

outras regiões do planeta, em sistemas que integrem tecnologias e técnicas para o crescimento

da produção agropecuária, aliadas a conservação das matas.

Num momento de ataque às instituições e órgãos voltados a conservação dos

recursos naturais, a presente tese apresenta a importância de manutenção destes, para que os

cenários se concretizem para as tendências apontadas, de produção agropecuária aliada a

preservação dos recursos naturais, levando-se em consideração a existência de pessoas como

responsáveis por este processo, o produtor rural.

As tabelas e mapas apresentados no capítulo referente a vulnerabilidade agrária-

socioambiental, permitem que políticas públicas específicas sejam desenvolvidas e focadas para

as regiões carentes dos serviços e objetivos alvo, permitindo que recursos do erário sejam

direcionados à população rural que necessita efetivamente.

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Espera-se que as discussões realizadas no presente estudo, bem como os mapas e

tabelas elaborados, sirvam de base a políticas públicas estaduais, e no indicativo de ações em

escala nacional quanto ao enfrentamento das mudanças climáticas, salientando-se a importância

do setor agropecuário, servindo ainda de exemplo a outras partes do mundo de esforços na

manutenção do clima global em padrões acordados internacionalmente.

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APÊNDICE 1 – Planilha para comparação dos critérios de vulnerabilidade agrária-

socioambiental.

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APÊNDICE 2 – Projeto Urbanizado Paulista

CATI disponibiliza mapeamento de áreas urbanas para gestores públicos

Pensar e gerir o espaço geográfico são a base para toda ação do gestor de recursos para a

população, seja do erário ou do capital privado. Esse planejamento perpassa a correta noção da ocupação

do território, diferenciando-se o meio rural do meio urbanizado, no qual a pressão pelos recursos e seus

impactos são percebidos de maneira mais intensa. Com base nessa premissa, a Secretaria de Agricultura

e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio de sua Coordenadoria de Assistência Técnica

Integral (CATI), disponibiliza para os gestores públicos e a população do meio urbano, o mapeamento

das áreas urbanizadas do território paulista, elaborado pelo Centro de Informações Agropecuárias

(Ciagro). “Elaboramos um material para servir de base para a confecção de planos diretores municipais,

o qual permite quantificar a taxa de ocupação dos diferentes municípios paulistas. Seu uso poderá

subsidiar diferentes estudos da realidade de São Paulo, além de permitir, aos gestores, conhecer as

diferentes frentes de expansão urbana”, explica Mário Ivo Drugowich, diretor do Ciagro.

Com vistas a subsidiar esse conhecimento do uso da terra, tornando delimitado o limite do

urbano, a CATI está disponibilizando para download, os materiais e produtos desse Projeto, intitulado

“O Urbanizado Paulista”. “A equipe do setor de mapeamento e geoprocessamento do Centro, trabalhou

de maneira intensa para oferecer à população um material de excelência, numa escala de mapeamento

voltada aos trabalhos municipais. Seu uso traz perspectivas de análise dos processos de conurbação, de

pressão do urbano sobre o rural e das diferentes realidades da interface rural e urbano”, avalia o gestor

do projeto, Antoniane Arantes.

O trabalho desenvolvido pela equipe do Ciagro foi realizado sobre as ortofotos do Projeto

“Mapeia São Paulo”, disponibilizado pela Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano-SA

(Emplasa), tendo como base os limites municipais oficiais do Instituto Geográfico e Cartográfico do

Estado de São Paulo (IGC). “Foram mapeados 842.750,1 hectares, que somados aos 20.331.149,2

hectares, quantificados pelo Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária

(Lupa/CATI), representam 85,2% do território paulista”, informa Mário Ivo, acrescentando: “esperamos

que esse material subsidie diferentes trabalhos aos munícipes do Estado, embase Planos Diretores e Leis

Orgânicas, auxiliando estudos sobre as consequências da pressão urbana sobre o meio rural e seus

recursos ambientais. Esperamos também que ele propicie a geração de políticas de incentivo à

manutenção do produtor no meio rural, como um dos principais atores da conservação ambiental”.

O material do Projeto “O Urbanizado Paulista” pode ser baixado no link:

http://mapas.cati.sp.gov.br/urbanizado.html

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APÊNDICE 3 – Projeto MDE CATI

CATI disponibiliza modelo digital de elevação de São Paulo

Planejar e gerir políticas públicas para a agricultura paulista perpassa o conhecimento da

superfície onde esta ocorre, ou seja, o modelado topográfico do território de São Paulo. Desde o litoral

do Estado até o interior, peculiaridades da topografia ditam os diferentes usos e ocupações do solo,

necessitando assim que o gestor da região conheça estas especificidades, para que possa indicar culturas

agrícolas e suas respectivas práticas agrícolas e agronômicas voltadas a estas características físicas da

localidade, com a perspectiva de manutenção da sustentabilidade dos recursos naturais. Com vistas a

subsidiar esse conhecimento do modelado topográfico, a CATI está disponibilizando para download, os

materiais e produtos do projeto intitulado “MDE CATI”. A equipe do setor de mapeamento e

geoprocessamento do CIAGRO, trabalhou o modelo digital de elevação (MDE) disponibilizado

recentemente da missão SRTM (acrônimo em inglês da Missão Topográfica Radar Shuttle) da NASA

(Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA) com 30 metros de resolução espacial,

corrigindo-a com dados do sensor ASTER (acrônimo em inglês de Sensor Orbital Avançado de Emissão

Térmica e Reflexão Radiométrica) em sua versão 2 corrigida, aplicando-se ao final a correção da

ondulação geoidal do planeta. Voltado a usuários de Sistemas de Informações Geográficas, sejam

pesquisadores, técnicos, planejadores e gestores privados e do erário, seu uso traz perspectivas de análise

da dinâmica hidrológica, das movimentações de solo por erosão, do monitoramento das áreas de

preservação permanente, entre outras análises baseadas na superfície, aponta Mário Ivo, diretor do

CIAGRO.

Esperamos que esse material subsidie diferentes trabalhos ao Estado, melhorando o

conhecimento do espaço de São Paulo, embasando Planos Diretores e Leis Orgânicas, auxiliando

estudos sobre as consequências da pressão sobre os recursos naturais e suas bacias hidrográficas, bem

como ao meio rural e seus recursos ambientais. O material disponibilizado possibilitará uma melhora

significativa nos resultados provenientes da análise espacial do território. O material do Projeto “MDE

CATI” pode ser baixado no link: http://mapas.cati.sp.gov.br/mdecati.html

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ANEXO 1 – Questionário do LUPA 2017/2018

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