100
JAQUELINE MIRANDA BARBOSA ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE: UM MANUAL PRÁTICO Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2014

ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

JAQUELINE MIRANDA BARBOSA

ORIENTACcedilOtildeES SOBRE CUIDADOS DE CRIANCcedilAS COM PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E

PROFISSIONAIS DA SAUacuteDE UM MANUAL PRAacuteTICO

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Viccedilosa como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Fiacutesica para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Magister Scientiae

VICcedilOSA MINAS GERAIS - BRASIL

2014

Ficha catalograacutefica preparada pela Biblioteca Central da UniversidadeFederal de Viccedilosa - Cacircmpus Viccedilosa

T

Barbosa Jaqueline Miranda 1985-

B238o2014

Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisiacerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manualpraacutetico Jaqueline Miranda Barbosa ndash Viccedilosa MG 2014

vii 91f il (algumas color) 29 cm

Orientador Eveline Torres Pereira

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Viccedilosa

Inclui bibliografia

1 Paralisia cerebral - Cuidado e tratamento 2 Crianccedilascom paralisia cerebral 3 Orientaccedilatildeo I Universidade Federal deViccedilosa Departamento de Educaccedilatildeo Fiacutesica Programa dePoacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Fiacutesica II Tiacutetulo

CDD 22 ed 616836

JAQUELINE MIRANDA BARBOSA

ORIENTACcedilOtildeES SOBRE CUIDADOS DE CRIANCcedilAS COM PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E

PROFISSIONAIS DA SAUacuteDE UM MANUAL PRAacuteTICO

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Viccedilosa como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Fiacutesica para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Magister Scientiae

APROVADA 28 de maio de 2014 _________________________________ __________________________________ ProfordfPaula Silva de Carvalho Chagas Prof Maicon Rodrigues Albuquerque (Coorientador)

_________________________________ Profordf Eveline Torres Pereira

(Orientadora)

ii

Dedico este trabalho a Deus ao meu

marido Eduardo aos meus pais agraves minhas irmatildes aos demais familiares e amigos Em especial a todas as crianccedilas com Paralisia Cerebra vocecircs foram minha fonte de inspiraccedilatildeo e perseveranccedila para a conclusatildeo deste trabalho

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difiacuteceis me dar forccedila interior para

superar os obstaacuteculos e seguir em frente Se natildeo fosse a Sua intercessatildeo por mim natildeo

teria chegado ateacute aqui Muito obrigada Pai do ceacuteu

Ao meu marido Eduardo meu porto seguro por todo amor paciecircncia incentivo

companheirismo e auxiacutelio dispensados a mim ao longo destes dois anos

Ao meu pai Joseacute Geraldo por todo amor e carinho por contribuir para o meu

crescimento pessoal e profissional por estar sempre presente e disposto a ajudar

Agrave minha matildee Maria do Carmo por caminhar sempre ao meu lado me

amparando por todo amor dedicaccedilatildeo e cuidados direcionados a mim em todos os

momentos da vida

Agraves minhas irmatildes Janaiacutena Caroline Karine por sempre acreditarem em mim por

todo carinho e alegrias compartilhadas

Aos meus avoacutes e demais familiares por todo apoio incentivo e oraccedilotildees em

especial a meu primo Tiago que com paciecircncia me ldquosocorriardquo nos momentos de

desespero com a formataccedilatildeo do trabalho

Agrave minha orientadora Eveline por acreditar no meu potencial muitas vezes mais

do que eu mesma pela confianccedila e principalmente pelo aprendizado e por despertar em

mim um novo ldquoolharrdquo a respeito da deficiecircncia

Ao professor Maicon pela co-orieentaccedilatildeo pelos conselhos direcionamentos e

colaboraccedilatildeo para a finalizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Agrave professora Paula pelo carinho e pelas contribuiccedilotildees para o aprimoramento

deste trabalho

Aos amigos que sempre torceram e acreditaram no meu sucesso em especial agraves

novas amigas Thaynara e Deyliane que me ajudaram a seguir em frente apesar dos

obstaacuteculos e dificuldades encontradas durante estes dois anos

A todos os membros do Laboratoacuterio de Estimulaccedilatildeo Psicomotora (LEP) por

todo aprendizado adquirido em especial aos alunos por me fazerem uma profissional

melhor e por me ajudarem a concluir este trabalho

A todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu vencesse mais esta

etapa da minha vida muito obrigada

iv

BIOGRAFIA

Jaqueline Miranda Barbosa filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Joseacute

Geraldo Barbosa nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova Minas Gerais

Cursou o ensino meacutedio no Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de

Viccedilosa-Coluni entre 2001 e 2003

Em 2004 ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de

Fora obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009

Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Lato Sensu em

Fisioterapia Traumato-Ortopeacutedica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

concluindo-o em fevereiro de 2011

Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Strictu Sensu

em Educaccedilatildeo Fiacutesica na Universidade Federal de Viccedilosa obtendo o tiacutetulo em maio de

2014

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 2: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

Ficha catalograacutefica preparada pela Biblioteca Central da UniversidadeFederal de Viccedilosa - Cacircmpus Viccedilosa

T

Barbosa Jaqueline Miranda 1985-

B238o2014

Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisiacerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manualpraacutetico Jaqueline Miranda Barbosa ndash Viccedilosa MG 2014

vii 91f il (algumas color) 29 cm

Orientador Eveline Torres Pereira

Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Viccedilosa

Inclui bibliografia

1 Paralisia cerebral - Cuidado e tratamento 2 Crianccedilascom paralisia cerebral 3 Orientaccedilatildeo I Universidade Federal deViccedilosa Departamento de Educaccedilatildeo Fiacutesica Programa dePoacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Fiacutesica II Tiacutetulo

CDD 22 ed 616836

JAQUELINE MIRANDA BARBOSA

ORIENTACcedilOtildeES SOBRE CUIDADOS DE CRIANCcedilAS COM PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E

PROFISSIONAIS DA SAUacuteDE UM MANUAL PRAacuteTICO

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Viccedilosa como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Fiacutesica para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Magister Scientiae

APROVADA 28 de maio de 2014 _________________________________ __________________________________ ProfordfPaula Silva de Carvalho Chagas Prof Maicon Rodrigues Albuquerque (Coorientador)

_________________________________ Profordf Eveline Torres Pereira

(Orientadora)

ii

Dedico este trabalho a Deus ao meu

marido Eduardo aos meus pais agraves minhas irmatildes aos demais familiares e amigos Em especial a todas as crianccedilas com Paralisia Cerebra vocecircs foram minha fonte de inspiraccedilatildeo e perseveranccedila para a conclusatildeo deste trabalho

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difiacuteceis me dar forccedila interior para

superar os obstaacuteculos e seguir em frente Se natildeo fosse a Sua intercessatildeo por mim natildeo

teria chegado ateacute aqui Muito obrigada Pai do ceacuteu

Ao meu marido Eduardo meu porto seguro por todo amor paciecircncia incentivo

companheirismo e auxiacutelio dispensados a mim ao longo destes dois anos

Ao meu pai Joseacute Geraldo por todo amor e carinho por contribuir para o meu

crescimento pessoal e profissional por estar sempre presente e disposto a ajudar

Agrave minha matildee Maria do Carmo por caminhar sempre ao meu lado me

amparando por todo amor dedicaccedilatildeo e cuidados direcionados a mim em todos os

momentos da vida

Agraves minhas irmatildes Janaiacutena Caroline Karine por sempre acreditarem em mim por

todo carinho e alegrias compartilhadas

Aos meus avoacutes e demais familiares por todo apoio incentivo e oraccedilotildees em

especial a meu primo Tiago que com paciecircncia me ldquosocorriardquo nos momentos de

desespero com a formataccedilatildeo do trabalho

Agrave minha orientadora Eveline por acreditar no meu potencial muitas vezes mais

do que eu mesma pela confianccedila e principalmente pelo aprendizado e por despertar em

mim um novo ldquoolharrdquo a respeito da deficiecircncia

Ao professor Maicon pela co-orieentaccedilatildeo pelos conselhos direcionamentos e

colaboraccedilatildeo para a finalizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Agrave professora Paula pelo carinho e pelas contribuiccedilotildees para o aprimoramento

deste trabalho

Aos amigos que sempre torceram e acreditaram no meu sucesso em especial agraves

novas amigas Thaynara e Deyliane que me ajudaram a seguir em frente apesar dos

obstaacuteculos e dificuldades encontradas durante estes dois anos

A todos os membros do Laboratoacuterio de Estimulaccedilatildeo Psicomotora (LEP) por

todo aprendizado adquirido em especial aos alunos por me fazerem uma profissional

melhor e por me ajudarem a concluir este trabalho

A todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu vencesse mais esta

etapa da minha vida muito obrigada

iv

BIOGRAFIA

Jaqueline Miranda Barbosa filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Joseacute

Geraldo Barbosa nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova Minas Gerais

Cursou o ensino meacutedio no Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de

Viccedilosa-Coluni entre 2001 e 2003

Em 2004 ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de

Fora obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009

Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Lato Sensu em

Fisioterapia Traumato-Ortopeacutedica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

concluindo-o em fevereiro de 2011

Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Strictu Sensu

em Educaccedilatildeo Fiacutesica na Universidade Federal de Viccedilosa obtendo o tiacutetulo em maio de

2014

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 3: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

JAQUELINE MIRANDA BARBOSA

ORIENTACcedilOtildeES SOBRE CUIDADOS DE CRIANCcedilAS COM PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E

PROFISSIONAIS DA SAUacuteDE UM MANUAL PRAacuteTICO

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universidade Federal de Viccedilosa como parte das exigecircncias do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Fiacutesica para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Magister Scientiae

APROVADA 28 de maio de 2014 _________________________________ __________________________________ ProfordfPaula Silva de Carvalho Chagas Prof Maicon Rodrigues Albuquerque (Coorientador)

_________________________________ Profordf Eveline Torres Pereira

(Orientadora)

ii

Dedico este trabalho a Deus ao meu

marido Eduardo aos meus pais agraves minhas irmatildes aos demais familiares e amigos Em especial a todas as crianccedilas com Paralisia Cerebra vocecircs foram minha fonte de inspiraccedilatildeo e perseveranccedila para a conclusatildeo deste trabalho

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difiacuteceis me dar forccedila interior para

superar os obstaacuteculos e seguir em frente Se natildeo fosse a Sua intercessatildeo por mim natildeo

teria chegado ateacute aqui Muito obrigada Pai do ceacuteu

Ao meu marido Eduardo meu porto seguro por todo amor paciecircncia incentivo

companheirismo e auxiacutelio dispensados a mim ao longo destes dois anos

Ao meu pai Joseacute Geraldo por todo amor e carinho por contribuir para o meu

crescimento pessoal e profissional por estar sempre presente e disposto a ajudar

Agrave minha matildee Maria do Carmo por caminhar sempre ao meu lado me

amparando por todo amor dedicaccedilatildeo e cuidados direcionados a mim em todos os

momentos da vida

Agraves minhas irmatildes Janaiacutena Caroline Karine por sempre acreditarem em mim por

todo carinho e alegrias compartilhadas

Aos meus avoacutes e demais familiares por todo apoio incentivo e oraccedilotildees em

especial a meu primo Tiago que com paciecircncia me ldquosocorriardquo nos momentos de

desespero com a formataccedilatildeo do trabalho

Agrave minha orientadora Eveline por acreditar no meu potencial muitas vezes mais

do que eu mesma pela confianccedila e principalmente pelo aprendizado e por despertar em

mim um novo ldquoolharrdquo a respeito da deficiecircncia

Ao professor Maicon pela co-orieentaccedilatildeo pelos conselhos direcionamentos e

colaboraccedilatildeo para a finalizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Agrave professora Paula pelo carinho e pelas contribuiccedilotildees para o aprimoramento

deste trabalho

Aos amigos que sempre torceram e acreditaram no meu sucesso em especial agraves

novas amigas Thaynara e Deyliane que me ajudaram a seguir em frente apesar dos

obstaacuteculos e dificuldades encontradas durante estes dois anos

A todos os membros do Laboratoacuterio de Estimulaccedilatildeo Psicomotora (LEP) por

todo aprendizado adquirido em especial aos alunos por me fazerem uma profissional

melhor e por me ajudarem a concluir este trabalho

A todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu vencesse mais esta

etapa da minha vida muito obrigada

iv

BIOGRAFIA

Jaqueline Miranda Barbosa filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Joseacute

Geraldo Barbosa nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova Minas Gerais

Cursou o ensino meacutedio no Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de

Viccedilosa-Coluni entre 2001 e 2003

Em 2004 ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de

Fora obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009

Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Lato Sensu em

Fisioterapia Traumato-Ortopeacutedica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

concluindo-o em fevereiro de 2011

Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Strictu Sensu

em Educaccedilatildeo Fiacutesica na Universidade Federal de Viccedilosa obtendo o tiacutetulo em maio de

2014

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 4: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

ii

Dedico este trabalho a Deus ao meu

marido Eduardo aos meus pais agraves minhas irmatildes aos demais familiares e amigos Em especial a todas as crianccedilas com Paralisia Cerebra vocecircs foram minha fonte de inspiraccedilatildeo e perseveranccedila para a conclusatildeo deste trabalho

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difiacuteceis me dar forccedila interior para

superar os obstaacuteculos e seguir em frente Se natildeo fosse a Sua intercessatildeo por mim natildeo

teria chegado ateacute aqui Muito obrigada Pai do ceacuteu

Ao meu marido Eduardo meu porto seguro por todo amor paciecircncia incentivo

companheirismo e auxiacutelio dispensados a mim ao longo destes dois anos

Ao meu pai Joseacute Geraldo por todo amor e carinho por contribuir para o meu

crescimento pessoal e profissional por estar sempre presente e disposto a ajudar

Agrave minha matildee Maria do Carmo por caminhar sempre ao meu lado me

amparando por todo amor dedicaccedilatildeo e cuidados direcionados a mim em todos os

momentos da vida

Agraves minhas irmatildes Janaiacutena Caroline Karine por sempre acreditarem em mim por

todo carinho e alegrias compartilhadas

Aos meus avoacutes e demais familiares por todo apoio incentivo e oraccedilotildees em

especial a meu primo Tiago que com paciecircncia me ldquosocorriardquo nos momentos de

desespero com a formataccedilatildeo do trabalho

Agrave minha orientadora Eveline por acreditar no meu potencial muitas vezes mais

do que eu mesma pela confianccedila e principalmente pelo aprendizado e por despertar em

mim um novo ldquoolharrdquo a respeito da deficiecircncia

Ao professor Maicon pela co-orieentaccedilatildeo pelos conselhos direcionamentos e

colaboraccedilatildeo para a finalizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Agrave professora Paula pelo carinho e pelas contribuiccedilotildees para o aprimoramento

deste trabalho

Aos amigos que sempre torceram e acreditaram no meu sucesso em especial agraves

novas amigas Thaynara e Deyliane que me ajudaram a seguir em frente apesar dos

obstaacuteculos e dificuldades encontradas durante estes dois anos

A todos os membros do Laboratoacuterio de Estimulaccedilatildeo Psicomotora (LEP) por

todo aprendizado adquirido em especial aos alunos por me fazerem uma profissional

melhor e por me ajudarem a concluir este trabalho

A todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu vencesse mais esta

etapa da minha vida muito obrigada

iv

BIOGRAFIA

Jaqueline Miranda Barbosa filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Joseacute

Geraldo Barbosa nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova Minas Gerais

Cursou o ensino meacutedio no Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de

Viccedilosa-Coluni entre 2001 e 2003

Em 2004 ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de

Fora obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009

Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Lato Sensu em

Fisioterapia Traumato-Ortopeacutedica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

concluindo-o em fevereiro de 2011

Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Strictu Sensu

em Educaccedilatildeo Fiacutesica na Universidade Federal de Viccedilosa obtendo o tiacutetulo em maio de

2014

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 5: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difiacuteceis me dar forccedila interior para

superar os obstaacuteculos e seguir em frente Se natildeo fosse a Sua intercessatildeo por mim natildeo

teria chegado ateacute aqui Muito obrigada Pai do ceacuteu

Ao meu marido Eduardo meu porto seguro por todo amor paciecircncia incentivo

companheirismo e auxiacutelio dispensados a mim ao longo destes dois anos

Ao meu pai Joseacute Geraldo por todo amor e carinho por contribuir para o meu

crescimento pessoal e profissional por estar sempre presente e disposto a ajudar

Agrave minha matildee Maria do Carmo por caminhar sempre ao meu lado me

amparando por todo amor dedicaccedilatildeo e cuidados direcionados a mim em todos os

momentos da vida

Agraves minhas irmatildes Janaiacutena Caroline Karine por sempre acreditarem em mim por

todo carinho e alegrias compartilhadas

Aos meus avoacutes e demais familiares por todo apoio incentivo e oraccedilotildees em

especial a meu primo Tiago que com paciecircncia me ldquosocorriardquo nos momentos de

desespero com a formataccedilatildeo do trabalho

Agrave minha orientadora Eveline por acreditar no meu potencial muitas vezes mais

do que eu mesma pela confianccedila e principalmente pelo aprendizado e por despertar em

mim um novo ldquoolharrdquo a respeito da deficiecircncia

Ao professor Maicon pela co-orieentaccedilatildeo pelos conselhos direcionamentos e

colaboraccedilatildeo para a finalizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Agrave professora Paula pelo carinho e pelas contribuiccedilotildees para o aprimoramento

deste trabalho

Aos amigos que sempre torceram e acreditaram no meu sucesso em especial agraves

novas amigas Thaynara e Deyliane que me ajudaram a seguir em frente apesar dos

obstaacuteculos e dificuldades encontradas durante estes dois anos

A todos os membros do Laboratoacuterio de Estimulaccedilatildeo Psicomotora (LEP) por

todo aprendizado adquirido em especial aos alunos por me fazerem uma profissional

melhor e por me ajudarem a concluir este trabalho

A todos que de alguma forma contribuiacuteram para que eu vencesse mais esta

etapa da minha vida muito obrigada

iv

BIOGRAFIA

Jaqueline Miranda Barbosa filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Joseacute

Geraldo Barbosa nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova Minas Gerais

Cursou o ensino meacutedio no Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de

Viccedilosa-Coluni entre 2001 e 2003

Em 2004 ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de

Fora obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009

Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Lato Sensu em

Fisioterapia Traumato-Ortopeacutedica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

concluindo-o em fevereiro de 2011

Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Strictu Sensu

em Educaccedilatildeo Fiacutesica na Universidade Federal de Viccedilosa obtendo o tiacutetulo em maio de

2014

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 6: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

iv

BIOGRAFIA

Jaqueline Miranda Barbosa filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Joseacute

Geraldo Barbosa nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova Minas Gerais

Cursou o ensino meacutedio no Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de

Viccedilosa-Coluni entre 2001 e 2003

Em 2004 ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de

Fora obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009

Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo Lato Sensu em

Fisioterapia Traumato-Ortopeacutedica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

concluindo-o em fevereiro de 2011

Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Strictu Sensu

em Educaccedilatildeo Fiacutesica na Universidade Federal de Viccedilosa obtendo o tiacutetulo em maio de

2014

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 7: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

v

RESUMO

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa maio de 2014 Orientaccedilotildees sobre cuidados de crianccedilas com paralisia cerebral para cuidadores e profissionais da sauacutede um manual praacutetico Orientadora Eveline Torres Pereira Coorientador Maicon Rodrigues Albuquerque

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no

ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais Diante dos

diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a

capacidade funcional da crianccedila a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de

reabilitaccedilatildeo A relevacircncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que

reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC quando o tratamento

fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos cuidadores Assim o objetivo deste estudo

foi elaborar um manual praacutetico de orientaccedilotildees domiciliares ilustrativo e com linguagem

simples para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo cuidador diante da crianccedila com PC

Para tanto foi realizada uma revisatildeo integrativa da literatura acerca das percepccedilotildees

preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao

significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados

encontrados na revisatildeo direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o

conteuacutedo do manual Este foi composto por duas partes a primeira que aborda o

significado tipos causas e consequecircncias da PC e a segunda que apresenta sugestotildees

para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees de

posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras O desenvolvimento de uma

relaccedilatildeo de proximidade entre o profissional e a famiacutelia juntamente com as orientaccedilotildees

propostas no manual poderatildeo contribuir para a melhora das habilidades motora

cognitiva e social da crianccedila aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 8: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

vi

ABSTRACT

BARBOSA Jaqueline Miranda MSc Universidade Federal de Viccedilosa May 2014 Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health professionals a practical manual Adviser Eveline Torres Pereira Co-adviser Maicon Rodrigues Albuquerque

Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature

brain characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that

cause limitations in functional activities Given the many factors that compromise the

neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child the family

is essential in the rehabilitation process The relevance of the family can be proven by

studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP

when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers Thus this

study aimed to develop a practical guide of home instruction with simple language and

illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with

CP Therefore it was performed an integrative literature review about the perceptions

concerns needs and difficulties of parentscaregivers regarding the meaning of cerebral

palsy and daily care provided to the child The results found in the review guided the

choice of topics that underlie the content of the guide This was composed of two parts

the first approaches the meaning types causes and consequences of the CP and the

second that presents suggestions to facilitate feeding clothing hygiene bath together

with the instruction for positioning stretching exercises and games The development of

a close relationship between the professional and the family along with the instructions

proposed in the guide may contribute to the improvement of motor cognitive and social

skills of the child besides avoiding the installation of irreversible deformities

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 9: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

vii

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

OBJETIVOS 3

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 4

CAPIacuteTULO 1-Artigo de revisatildeo Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma revisatildeo integrativa 5

Resumo 6

Abstract 7

Introduccedilatildeo 8

Meacutetodos 10

Resultados 14

Discussatildeo 18

Consideraccedilotildees Finais 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

CAPIacuteTULO 2-Manual p raacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de crianccedilas com paralisia cerebral 28

Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral 32

1O que eacute paralisia cerebral 32

2Quais satildeo as causas 33

3Quais satildeo os tipos 34

4Quais satildeo as consequecircncias 36

Parte II Como cuidar 39

1Alimentaccedilatildeo 39

2Vestirdespir 44

3Treinamento da higiene 49

4Banho 53

5Posicionamentos 55

6Exerciacutecios de alongamento 75

7Brincar 80

Referecircncias Bibliograacuteficas 90

CONCLUSOtildeES GERAIS 91

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 10: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

1

INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A Paralisia Cerebral (PC) eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram

no ceacuterebro imaturo caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do

movimento e da postura que causam limitaccedilotildees em atividades funcionais (Rosenbaum et

al 2007) A prevalecircncia de crianccedilas com diagnoacutestico de PC aumentou nas uacuteltimas

deacutecadas afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em paiacuteses

desenvolvidos (Paneth Hong e Korzeniewski 2006) Segundo Mancini et al (2002) a

prevalecircncia eacute maior em paiacuteses subdesenvolvidos atingindo cerca de 7 de cada 1000

crianccedilas Este aumento pode ser justificado pelos avanccedilos e melhorias dos cuidados

perinatais permitindo a reduccedilatildeo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com

extremo baixo peso ou prematuros

Os distuacuterbios neuromotores estatildeo presentes em todos indiviacuteduos com

diagnoacutestico de PC e podem ser acompanhados por deficiecircncias cognitivas e sensoriais

epilepsia e carecircncia nutricional (Rosenbaum et al 2007) Diante destes diversos fatores

que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade

funcional a famiacutelia eacute de fundamental importacircncia no processo de reabilitaccedilatildeo pois eacute

capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indiviacuteduo com PC

Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indiviacuteduos com PC eacute

influenciado natildeo soacute por propriedades intriacutensecas mas tambeacutem por propriedades

extriacutensecas como o ambiente em que vive a demanda das tarefas propostas e as atitudes

do cuidador aspectos abordados no artigo de Mancini et al (2004) Este estudo revelou

que a ausecircncia de estimulaccedilatildeo adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que

indiviacuteduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependecircncia

semelhante agraves crianccedilas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida

diaacuteria Ou seja apesar de crianccedilas com comprometimento moderado apresentarem

habilidades funcionais para execuccedilatildeo de algumas tarefas a falta de estimulaccedilatildeo por

parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente

Paralelamente estudos na literatura tecircm reportado sobre a melhora funcional de

pessoas com PC quando o tratamento fisioteraacutepico eacute associado agraves orientaccedilotildees aos

cuidadores quanto agrave estimulaccedilatildeo posicionamento adequado e cuidados prestados ao

indiviacuteduo de acordo com as respectivas limitaccedilotildees (Brianeze et al 2009 Pavatildeo Silva

e Rocha 2011 Alpino et al 2013) Quando estas orientaccedilotildees satildeo incorporadas durante

as atividades de vida diaacuteria das crianccedilas pela famiacutelia o processo de tratamento se torna

mais eficaz porque aumenta a frequecircncia com que os movimentos adequados satildeo

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 11: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

2

repetidos natildeo deixando esta funccedilatildeo somente para o momento da terapia (Moura e Silva

2005)

Nesse sentido surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaccedilotildees para os

cuidadores em decorrecircncia da minha experiecircncia profissional como fisioterapeuta ao

longo de cinco anos Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianccedilas com o

diagnoacutestico cliacutenico de paralisia cerebral sendo que algumas apresentavam

comprometimento neuromotor grave Segundo os pais os profissionais que lhes

atenderam em momentos anteriores natildeo haviam concedido qualquer tipo de orientaccedilatildeo

para ser efetuada em ambiente domiciliar Por conseguinte algumas destas crianccedilas jaacute

se encontravam com contraturas e deformidades irreversiacuteveis instaladas dificultando a

execuccedilatildeo de tarefas diaacuterias baacutesicas Estas alteraccedilotildees musculoesqueleacuteticas poderiam ser

evitadas ou na maioria das vezes atenuadas se os profissionais tivessem conferido aos

cuidadores informaccedilotildees acerca de como realizar o provimento de cuidados formas de

posicionamentos adequados uso de equipamentos ortopeacutedicos entre outras

Para elucidar melhor tais questotildees e identificar quais eram as informaccedilotildees e

orientaccedilotildees que os cuidadores necessitavam saber desenvolveu-se a primeira parte

deste trabalho que eacute composta por um artigo de revisatildeo integrativa da literatura Esta

revisatildeo foi realizada para investigar as principais percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos pais em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e

aos cuidados diaacuterios prestados ao filho Os resultados apontaram para escassez de

conhecimento dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral e tambeacutem para vaacuterias

dificuldades em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios e posicionamentos da crianccedila

Tais achados serviram para direcionar quais seriam os conteuacutedos do manual

praacutetico que compotildee a segunda parte deste trabalho Assim o manual foi dividido em

Parte I ndash ldquoConhecendo um pouco da paralisia cerebralrdquo que aborda o significado

tipos causas e consequecircncias da PC e a Parte II- ldquoComo cuidarrdquo que apresenta

sugestotildees para facilitar a alimentaccedilatildeo vestuaacuterio higiene banho somadas agraves orientaccedilotildees

de posicionamento exerciacutecios de alongamentos e brincadeiras

A vivecircncia profissional da temaacutetica investigada permitiu refletir acerca da

importacircncia de complementar o processo de reabilitaccedilatildeo com a disponibilizaccedilatildeo de um

material ilustrativo ao inveacutes de conceder apenas instruccedilotildees verbais passiacuteveis de

esquecimento Este manual poderaacute facilitar o processo de percepccedilatildeo e aprendizagem do

membro familiar em relaccedilatildeo aos cuidados diaacuterios da crianccedila de modo que seja possiacutevel

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros familiares neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 12: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

3

aumentar o grau de participaccedilatildeo da mesma nas atividades A relevacircncia do material

ainda eacute reforccedilada pela possibilidade de consulta nos momentos de duacutevidas e

dificuldades situaccedilatildeo favoraacutevel para que as orientaccedilotildees fornecidas sejam aderidas e

devidamente executadas

Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaccedilotildees e informaccedilotildees

sobre cuidados de crianccedilas com PC para os cuidadores o manual produzido tambeacutem

poderaacute ser utilizado pelos profissionais da sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo de

modo a direcionar as accedilotildees durante o atendimento agrave pessoa com PC

OBJETIVOS

Geral

-Elaborar um manual de orientaccedilotildees para subsidiar as accedilotildees desenvolvidas pelo

cuidador e pelos profissionais da sauacutede diante da crianccedila com PC

Especiacuteficos

-Identificar na literatura os conteuacutedos relevantes para a elaboraccedilatildeo do manual

-Padronizar e simplificar as informaccedilotildees transmitidas no manual

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 13: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

4

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALPINO AMS et al Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp v 19 n 4 p597-610 2013 BRIANEZE ACGS et al Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioterapia e Pesquisa v16 n1 p40-5 2009 MANCINI MC et al Comparaccedilatildeo do desempenho de atividades funcionais em crianccedilas com desenvolvimento normal e crianccedilas com paralisa cerebral Arq Neuropsiquiatr v60 n2 p446-52 2002 ____________ Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Revista Brasileira de Fisioterapia v8 n3 p253-60 2004 MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005 p3-10 PANETH N HONG T KORZENIEWSKI S The descriptive epidemiology of cerebral palsy Clinics in Perinatology v33 n2 p251 2006 PAVAtildeO SL SILVA FPS ROCHA NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motricidade v7 n1 p21-9 2011 ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 14: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

5

CAPIacuteTULO 1

ARTIGO DE REVISAtildeO

Cuidados diaacuterios prestados agrave crianccedila com paralisia cerebral uma

revisatildeo integrativa

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 15: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

6

RESUMO

O objetivo deste estudo foi selecionar avaliar e interpretar criticamente publicaccedilotildees que

apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos

paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios

prestados ao filho A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa incluindo-se

todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no Portal

de Perioacutedicos da CAPES no periacuteodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014 e busca

reversa nas referecircncias dos estudos selecionados A amostra final foi composta por 9

artigos A percepccedilatildeo dos pais sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa indicando que

estes natildeo sabiam relatar a respeito do diagnoacutestico dos filhos As preocupaccedilotildees

predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de peacuteandar e na rigidez

muscular As necessidades de mais informaccedilotildees e planejamento futuro para os filhos

foram as mais destacadas pelos pais As principais dificuldades apontadas durante a

prestaccedilatildeo de cuidados foram relativas agrave alimentaccedilatildeo higiene vestuaacuterio locomoccedilatildeo e

posicionamento Desta forma sugere-se o desenvolvimento de programas de

orientaccedilotildees associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo informaccedilotildees

simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais

Palavras-chave paralisia cerebral pais e cuidadores

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 16: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

7

ABSTRACT

The aim of this study was to select evaluate and interpret critically the publications that

presented the description of the perceptions concerns needs and difficulties of

parentscaregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares

provided to the child The research technique used was a integrative review including

all indexed articles of LILACS SciELO PubMed and Journal Portal CAPES from

January 2008 to January 2014 and reverse search in references of the selected articles

The final sample consisted of 9 articles The perception of the parents about what is

cerebral palsy is scarce indicating that they did not know how to report about the

diagnosis of their children The predominant concerns have focused on the ability of the

child to stand walk and muscle stiffness The needs of more information and future

planning for their children were the most outstanding by parents The main difficulties

identified during care provision were related to diet hygiene clothing locomotion and

positioning Therefore it is suggested the development of guidance programs associated

with the distribution of educational material containing simple and specific information

in order to facilitate the care provision by parents

Key-words cerebral palsy parents and caregivers

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 17: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA

8

INTRODUCcedilAtildeO

A famiacutelia eacute a primeira unidade social vivenciada por qualquer indiviacuteduo de

modo a influenciar na sobrevivecircncia na determinaccedilatildeo do comportamento e na formaccedilatildeo

da personalidade do mesmo Desta forma a famiacutelia enquanto estrutura social baacutesica eacute

de fundamental importacircncia para a vivecircncia e reabilitaccedilatildeo das pessoas com paralisia

cerebral (PC)1

Como a paralisia cerebral eacute uma condiccedilatildeo crocircnica caracterizada por

comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaccedilotildees em

atividades funcionais2 a famiacutelia precisaraacute aprender a lidar com as diferentes

necessidades do indiviacuteduo com PC Este distuacuterbio acomete a aquisiccedilatildeo e o desempenho

natildeo soacute de marcos motores baacutesicos como rolar sentar engatinhar andar mas tambeacutem de

atividades da rotina diaacuteria como higienizaccedilatildeo alimentaccedilatildeo vestuaacuterio locomoccedilatildeo

dentre outras3

Diante desta nova demanda de cuidados eacute possiacutevel constatar a realizaccedilatildeo de

mudanccedilas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funccedilotildees de cada membro da

famiacutelia para propiciar o desenvolvimento de accedilotildees relativas ao cuidar4 A alimentaccedilatildeo

estimulaccedilatildeo compreensatildeo e afeto satildeo cuidados integrantes do processo de crescimento

e desenvolvimento de crianccedilas com deficiecircncia capazes de promover uma melhor

interaccedilatildeo entre o cuidador e a pessoa cuidada5 Aleacutem disso os pais precisam assessorar

os filhos nas atividades de vida diaacuteria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento

funcional dos mesmos e os profissionais da sauacutede devem conceder orientaccedilotildees aos pais

contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestaccedilatildeo de cuidados

aos filhos6-8

Uma organizaccedilatildeo internacional sem fins lucrativos que valoriza profundamente

a parceria entre profissional da sauacutede paciente e famiacutelia eacute o Instituto de Cuidados

9

Centrado na Famiacutelia criado em 1992 nos Estados Unidos9 que em 2010 modificou o

nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famiacutelia e no Paciente Esta organizaccedilatildeo

apresenta uma abordagem de cuidados em sauacutede que estima parcerias entre paciente

famiacutelia e provedores para o planejamento prestaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos em sauacutede

sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaccedilotildees mundiais10

Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sauacutede visto

que tal associaccedilatildeo natildeo estava ocorrendo na praacutetica foi lanccedilado em 2008 um relatoacuterio

intitulado ldquoPartnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-

Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria

com Pacientes e Famiacutelia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famiacutelia e

no Paciente - Recomendaccedilotildees e Praacuteticas Promissoras)rdquo Este documento foi elaborado

com base nas deliberaccedilotildees de um encontro ocorrido em junho de 2006 composto por

membros de diversas organizaccedilotildees de sauacutede dos EUA envolvendo desde gestores

administradores e cliacutenicos ateacute pacientes e familiares11

O relatoacuterio apresenta recomendaccedilotildees e orientaccedilotildees praacuteticas visando fortalecer e

propagar a importacircncia da execuccedilatildeo de parcerias com a famiacutelia e o paciente em todos os

niacuteveis de atenccedilatildeo agrave sauacutede Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no

documento destacam-se dignidade e respeito compartilhamento de informaccedilotildees

participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo11

Eacute importante ressaltar que o relatoacuterio expotildee um capiacutetulo contendo orientaccedilotildees e

sugestotildees para o desenvolvimento de avaliaccedilotildees e processos de pesquisa relacionados

com os cuidados centrado na famiacutelia e no paciente Este conteuacutedo tem o objetivo de

aumentar a produccedilatildeo literaacuteria sobre a temaacutetica aleacutem de incentivar a adoccedilatildeo de praacuteticas

baseada em evidecircncias11

Apesar do compartilhamento de informaccedilotildees estar entre os pontos centrais da

abordagem910 estudos desenvolvidos nos uacuteltimos trecircs anos revelaram que os pais ainda

10

recebem poucas informaccedilotildees dos profissionais e apresentam muitas duacutevidas em relaccedilatildeo

a PC11213 Esta falta de conhecimento pode gerar uma visatildeo restrita e pessimista por

parte dos pais em relaccedilatildeo agraves potencialidades da crianccedila sendo responsabilidade dos

profissionais que atendem estas pessoas proverem informaccedilotildees e orientaccedilotildees

esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaccedilotildees do indiviacuteduo com PC14

Paralelamente poucos estudos na literatura buscaram avaliar o niacutevel de

conhecimento e as necessidades dos pais15 jaacute que maioria das pesquisas desenvolvidas

ateacute o momento concentrou-se na investigaccedilatildeo dos sentimentos da famiacutelia da sobrecarga

e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais apoacutes propostas terapecircuticas616-

18

Desta forma o objetivo do presente estudo foi selecionar avaliar e interpretar

criticamente publicaccedilotildees que apresentaram a descriccedilatildeo das percepccedilotildees preocupaccedilotildees

necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia

cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho A compreensatildeo destas questotildees

poderaacute nortear os profissionais da sauacutede na concessatildeo de informaccedilotildees em linguagem

apropriada aos familiares concretizando os princiacutepios dos cuidados centrado na famiacutelia

e no paciente aleacutem de fortalecer a triacuteade famiacutelia-paciente-terapeuta

MEacuteTODOS

A teacutecnica de pesquisa utilizada foi a revisatildeo integrativa uma ampla abordagem

referente agraves revisotildees que permite a inclusatildeo de estudos experimentais e natildeo

experimentais para alcanccedilar um entendimento completo do fenocircmeno investigado

Considerada instrumento da Praacutetica Baseada em Evidecircncias que se encontra em

desenvolvimento na aacuterea da sauacutede a revisatildeo integrativa proporciona a siacutentese de

conhecimento fornecendo subsiacutedios para aplicaccedilatildeo dos resultados encontrados na

11

praacutetica19 Aleacutem da produccedilatildeo significativa de informaccedilotildees sobre o assunto estudado esta

forma de revisatildeo identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o

desenvolvimento de pesquisas futuras20 Desta forma deve ser conduzida com rigor

metodoloacutegico de modo a identificar analisar e sintetizar resultados de estudos

independentes sobre a mesma temaacutetica21

Para guiar a revisatildeo foi elaborada a questatildeo norteadora da pesquisa Quais satildeo

as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades dos paiscuidadores em

relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados diaacuterios prestados ao filho

Neste contexto o termo percepccedilatildeo se aplica agrave capacidade dos pais de entender e

conceituar a paralisia cerebral aleacutem de expressar a condiccedilatildeo de dependecircncia ou

independecircncia dos filhos vivenciada durante as praacuteticas de cuidado2223 As

preocupaccedilotildees se referem a determinadas funccedilotildees dos filhos que estatildeo comprometidas e

que os pais almejam melhorar24 As necessidades concentram-se nas accedilotildees e serviccedilos

que os familiares natildeo tecircm acesso mas que acham imprescindiacuteveis para a criaccedilatildeo da

crianccedila com PC15 As dificuldades dizem respeito agraves atividades de prestaccedilatildeo de

cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8 25

Eacute vaacutelido ressaltar que apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por

outros membros familiares no presente estudo os termos pais e cuidadores foram

utilizados como sinocircnimos

Apoacutes a definiccedilatildeo da temaacutetica foram consultados os Descritores em Ciecircncias da

Sauacutede (DeCS) sendo elencados os seguintes paralisia cerebralcerebral palsy

cuidadorescaregivers e paisparents

A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS

SciELO PubMed e no Portal de Perioacutedicos da Capes no periacuteodo de janeiro de 2008 a

janeiro de 2014

12

Para o refinamento da revisatildeo foram estabelecidos os seguintes criteacuterios de

inclusatildeo (a) artigos disponiacuteveis nas bases de dados LILACS SciELO PubMed e no

Portal de Perioacutedicos da CAPES (b) artigos em portuguecircs inglecircs e espanhol com os

resumos disponiacuteveis nas bases supracitadas no periacuteodo de 1ordm de janeiro de 2008 a 31 de

janeiro de 2014 (c) artigos em que a amostra era constituiacuteda unicamente por

paiscuidadores de indiviacuteduos com paralisia cerebral (d) artigos em que estivessem

expliacutecitos no corpo do texto as percepccedilotildees preocupaccedilotildees necessidades e dificuldades

dos paiscuidadores em relaccedilatildeo ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados

diaacuterios prestados aos filhos

Os criteacuterios de exclusatildeo estabelecidos foram (a) artigos caracterizados como

revisatildeo de literatura (b) artigos que abordassem unicamente questotildees relativas ao

cuidador como avaliaccedilatildeo da qualidade de vida sobrecarga depressatildeo ansiedade

sentimentos de reaccedilatildeo ao diagnoacutestico estrateacutegias de adaptaccedilatildeo e desordens

musculoesqueleacuteticas

Inicialmente a seleccedilatildeo foi realizada pela leitura dos tiacutetulos e resumos

eliminando-se os artigos que natildeo reportavam de forma direta ou indireta a paralisia

cerebral assim como estudos repetidos entre as bases de dados Em seguida procedeu-

se a leitura completa dos 58 estudos preacute-selecionados eliminando-se os artigos de

acordo com os criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo Apoacutes esta etapa foram selecionados 7

artigos e a partir da busca reversa nas referecircncias bibliograacuteficas destes selecionaram-se

mais 2 totalizando 9 artigos incluiacutedos na amostra final ( Figura 1)

13

Iden

tific

accedilatildeo

Paralisia Cerebral

AND Pais

Paralisia Cerebral AND Cuidadores

Cerebral Palsy AND Parents

Cerebral Palsy AND Caregivers

Capes = 72 SciELO = 23 LILACS = 25 PubMed = 0

Capes = 12 SciELO = 22 LILACS = 36 PubMed = 0

Capes = 141 SciELO = 33 LILACS = 23 PubMed =116

Capes = 41 SciELO = 23 LILACS = 35 PubMed =133

Elim

inaccedil

atildeo

de d

uplic

ado

s po

r tiacutet

ulo

e re

sum

os

Capes = 6 SciELO = 3 LILACS = 4 PubMed = 0

Capes = 4 SciELO = 3 LILACS = 2 PubMed = 0

Capes = 11 SciELO = 2 LILACS = 1 PubMed = 9

Capes = 1 SciELO = 1 LILACS = 0 PubMed = 11

Art

igos

sel

ecio

nado

s pa

ra

leitu

ra

Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20

Total = 58

Sel

eccedilatildeo

fin

al

51 artigos excluiacutedos pelos criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo

7 estudos incluiacutedos

9 estudos incluiacutedos

Busca reversa = 2

Des

crito

res

Figura 1 Processo de seleccedilatildeo para estudos incluiacutedos na anaacutelise

14

RESULTADOS

Foram selecionados 9 artigos dos quais 5 foram publicados em

portuguecircs48222325 todos realizados no Brasil e 4 em inglecircs15242627 sendo 3 originaacuterios

dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra

O Quadro 1 apresenta a descriccedilatildeo de todos os artigos da revisatildeo considerando as

respostas para a questatildeo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos

objetivos desta pesquisa

15

Quadro 1 Anaacutelise dos artigos selecionados na revisatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados

Graccedilatildeo e Santos23

O significado da PC eacute desconhecido

Higiene alimentaccedilatildeo vestuaacuterio transporte e atividades luacutedicas

A PC eacute uma patologia pouco compreendida pelas matildees Estas apresentaram dificuldades para realizar a assistecircncia do filho nas atividades diaacuterias e alegaram natildeo ter recebido orientaccedilotildees por parte dos profissionais

Knox24 Atividades da vida diaacuteria funccedilatildeo da matildeo comerbeber mobilidade no chatildeo postura sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo visual e comportamento

As preocupaccedilotildees dos pais diferiram de acordo com a idade e niacutevel de funccedilatildeo motora grossa entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de crianccedilas de todos os niacuteveis Em relaccedilatildeo agrave rigidez notou-se que a preocupaccedilatildeo com esta condiccedilatildeo aumentava de acordo com a idade

Palisano et al 15

Informaccedilatildeo sobre prestaccedilatildeo de serviccedilos planejamento futuro localizaccedilatildeo de atividades na comunidade financeira e de mais tempo pessoal

Os pais de crianccedilas cadeirantes com maior comprometimento motor expressaram diversas necessidades destacando planejamento futuro e localizaccedilatildeo de atividades na comunidade para os filhos Os pais das crianccedilas que caminhavam expressaram poucas necessidades Natildeo houve diferenccedila de acordo com a idade

Chiarello et al 27

Alimentaccedilatildeo vestir banho usar o vaso sanitaacuterio higiene e mobilidade

A maioria das prioridades dos pais estavam relacionadas agraves atividades de vida diaacuteria mais especificamente ao auto-cuidado e a mobilidade

16

Quadro 1 Continuaccedilatildeo

Estudo Percepccedilotildees Preocupaccedilotildees Necessidades Dificuldades Resumo dos resultados Hwang et al 26

Higiene oro-facial ves-tirdespir limpar a regiatildeo do periacuteneo ao usar o ba-nheiro banho posiciona-mento transferecircncias e co-locaccedilatildeo de oacuterteses

A meacutedia total da pontuaccedilatildeo dos questionaacuterios aumentou de a-cordo com o niacutevel da funccedilatildeo motora grossa ou sejaquanto mais grave mais difiacutecil era a realizaccedilatildeo do cuidado O escore total correlacionou-se positivamente com a idade da crianccedila e com o peso corporal

Mello et al 22

Desconhecimento do diagnoacutestico e dependecircncia dos fi-lhos em cuidados diaacuterios

Atividades da vida diaacuteria Os cuidadores relataram despreparo nas atividades diaacuterias Al-guns cuidadores natildeo sabiam relatar o diagnoacutestico dos filhos confundindo-o com a etiologia

Dantas et al 25

Espasticidade hipotonia e crises convulsivas Loco-moccedilatildeotransporte banho alimentaccedilatildeo vestuaacuterio

A atividade considerada pelos participantes como a mais difiacutecil foi a locomoccedilatildeo devido a falta de infra-estrutura das cidades e do ambiente domiciliar Com o crescimento da crianccedila as ati-vidades de vida diaacuteria tornaram-se mais complexas adquirin-do-se posturas inadequadas e movimentos exacerbados

Simotildees et al4

Transporte falta de ajuda para cuidar do filho e lidar com a limitaccedilatildeo do filho

O transporte eacute essencial para o deslocamento da crianccedila no cumprimento das demandas de sauacutede e sociais A falta de aju-da assim como a dificuldade de lidar com a limitaccedilatildeo do filho acabam gerando grande desgaste fiacutesico e emocional ao cuida-dor

Alpino et al8

Banho vestir posicionar estimular brincar movi-mentaralongar e retirar se-creccedilatildeo

Apoacutes um programa de orientaccedilatildeo as matildees indicaram melhora das habilidades relacionadas aos cuidados dos filhos persistin-do as dificuldades em atividades de transferecircncias banho e manuseios Aleacutem disso relataram melhora na conscientizaccedilatildeo da proacutepria postura durante a execuccedilatildeo dos cuidados

17

Em relaccedilatildeo agraves percepccedilotildees dos cuidadores2223 2 artigos reportaram que muitos

desconheciam o diagnoacutestico cliacutenico da crianccedila e algumas vezes confundiam a condiccedilatildeo

diagnoacutestica com a etiologia da doenccedila Outra percepccedilatildeo abordada foi em relaccedilatildeo agrave

dependecircncia dos filhos para os cuidados diaacuterios como banho vestuaacuterio alimentaccedilatildeo e

transferecircncias

Apenas um estudo investigou a preocupaccedilatildeo dos pais relacionada agrave paralisia

cerebral24 identificando 12 categorias especiacuteficas de preocupaccedilotildees atividades da vida

diaacuteria funccedilatildeo das matildeos alimentaccedilatildeo (comerbeber) mobilidade no chatildeo postura

sentada postura de peacuteandar transferecircncias rigidez comunicaccedilatildeo terapia percepccedilatildeo

visual e comportamento A predominacircncia destas preocupaccedilotildees se diferenciou de

acordo com a idade e niacutevel de GMFCS (Sistema de Classificaccedilatildeo da Funccedilatildeo Motora

Grossa) entretanto a preocupaccedilatildeo com a postura de peacuteandar foi expressa por pais de

crianccedilas de todos os niacuteveis24

As necessidades expostas pelos pais de crianccedilas com paralisia cerebral foram

relatadas especificamente em 1 artigo15 Estas tambeacutem se diferenciaram de acordo com

o niacutevel de funccedilatildeo motora grossa mas natildeo com a idade Dentre as necessidades

expressas destacaram-se necessidades de informaccedilatildeo sobre serviccedilos atuais e futuros de

planejamento para o futuro do filho de ajuda na localizaccedilatildeo de atividades na

comunidade e de mais tempo pessoal

Por fim 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos

cuidados com os filhos482325-27 As dificuldades apontadas na maioria dos estudos

foram locomoccedilatildeotransporte alimentaccedilatildeo higiene (destacando-se o banho)

vestirdespir e posicionamento Segundo relatos dos pais estes cuidados tornam-se

ainda mais difiacuteceis de serem executados agrave medida que a crianccedila cresce devido ao

aumento do peso corporal e da estatura O artigo de Chiarello et al27 objetivou elucidar

as prioridades dos pais para atividades e participaccedilatildeo dos filhos entretanto estas

18

prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuccedilatildeo das atividades

justificando a inclusatildeo da pesquisa no presente estudo Aleacutem disso um artigo reportou

que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade hipotonia e crises

convulsivas25

DISCUSSAtildeO

Os termos percepccedilatildeo preocupaccedilatildeo necessidade e dificuldade utilizados para o

direcionamento das investigaccedilotildees do presente estudo apresentam significados

diferentes mas que em relaccedilatildeo agrave paralisia cerebral estatildeo inevitavelmente interligados

Por exemplo o desenvolvimento da percepccedilatildeo de dependecircncia dos filhos durante o

provimento de cuidados22 pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores

durante a assistecircncia nas atividades diaacuterias atrelados agraves necessidades de informaccedilatildeo e

suporte profissional Da mesma forma as preocupaccedilotildees manifestadas por pais de

crianccedilas com paralisia cerebral antes do iniacutecio das intervenccedilotildees terapecircuticas24 podem

estar vinculadas agraves dificuldades e necessidades apresentadas pela famiacutelia

A percepccedilatildeo de alguns cuidadores sobre o que eacute a paralisia cerebral eacute escassa

indicando que estes natildeo sabiam relatar sobre o diagnoacutestico cliacutenico dos filhos Esta

lacuna tambeacutem foi constatada no estudo de Proenccedila et al1 influenciando negativamente

no processo de reestruturaccedilatildeo da dinacircmica familiar e na adesatildeo dos pais ao tratamento

Segundo as diretrizes do Ministeacuterio da Sauacutede profissionais capacitados devem explicar

para os pais o que eacute a paralisia cerebral as causas consequecircncias aleacutem de informar a

famiacutelia quanto agrave variabilidade dos niacuteveis de comprometimento e amplas possibilidades

terapecircuticas visando a sauacutede fiacutesica intelectual e afetiva da crianccedila28

Em relaccedilatildeo agraves preocupaccedilotildees uma das mais reportadas pelos pais corresponde agrave

limitaccedilatildeo de ficar de peacuteandar e uma possiacutevel justificativa para predominacircncia de tal

preocupaccedilatildeo eacute o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo niacutevel de

19

independecircncia27 Outra preocupaccedilatildeo frequente foi a rigidez muscular que ocorre em

virtude da espasticidade Esta condiccedilatildeo ocasiona alteraccedilotildees oacutesseas e articulares

contraturas musculares comprometendo principalmente a coluna e os membros

inferiores29 Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-

se a flexatildeo e aduccedilatildeo de quadris flexatildeo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro

sendo que tais alteraccedilotildees prejudicam a deambulaccedilatildeo Desta forma o reconhecimento

precoce de padrotildees compensatoacuterios progressivos por parte dos profissionais eacute

imprescindiacutevel para prevenccedilatildeo da instalaccedilatildeo de contraturas e deformidades

irreversiacuteveis29 As consequecircncias de tais alteraccedilotildees seratildeo mais bem discutidas

posteriormente quando forem abordadas as dificuldades dos pais

No que diz respeito agraves necessidades dos familiares de pessoas com paralisia

cerebral cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos

Estudos30 31 indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC que eacute

acompanhado pela progressatildeo das limitaccedilotildees funcionais e surgimento ou agravamento

de condiccedilotildees associadas como isolamento fragilidade psicoafetiva dor restriccedilatildeo

alimentar e comprometimento da funccedilatildeo respiratoacuteria28 Aleacutem disso Margre et al32

relataram que eacute frequente a interrupccedilatildeo dos processos de reabilitaccedilatildeo para indiviacuteduos

com PC na fase adulta Diante desta situaccedilatildeo eacute imperioso que os profissionais de sauacutede

continuem a disponibilizar abordagens terapecircuticas adequadas ao paciente de acordo

com as demandas da idade adulta bem como orientaccedilotildees agraves famiacutelias relacionadas ao

estado de nutriccedilatildeo posicionamento participaccedilatildeo do membro em atividades domiciliares

e na comunidade entre outras Tais accedilotildees poderatildeo favorecer o bem-estar fiacutesico

psiacutequico e social da pessoa com PC

Dentre os seis estudos selecionados nesta revisatildeo que reportaram sobre as

dificuldades dos pais nos cuidados diaacuterios com os filhos apenas um abordou esta

temaacutetica como objetivo primaacuterio25 Em todos os demais estas dificuldades foram

20

apuradas de forma direta ou indireta atraveacutes de questionaacuterios ou entrevistas que

apresentavam tambeacutem itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral

Consequentemente as discussotildees sobre os cuidados mais difiacuteceis de serem prestados

aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos Apenas um artigo explorou

profundamente o assunto sintetizando ao final do texto algumas implicaccedilotildees para a

praacutetica cliacutenica27

A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades baacutesicas da

vida diaacuteria como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio e higiene pessoal Alguns autores descreveram

que estas dificuldades assim como outras satildeo acentuadas agrave medida que a crianccedila

aumenta de peso e estatura pois quando a crianccedila cresce as formas de adaptaccedilotildees

ergonocircmicas como cadeiras banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos

acessiacuteveis2526 Jaacute o estudo de Chiarello et al27 indicou que estas dificuldades refletem

as prioridades dos pais para os processos de reabilitaccedilatildeo de modo que sejam

trabalhadas nas praacuteticas terapecircuticas Para este autor o foco dos pais em aprimorar as

atividades relativas ao auto-cuidado ocorre natildeo soacute pelo desejo de diminuir as demandas

de cuidados diaacuterios mas tambeacutem para que os filhos vivenciem a socializaccedilatildeo a

participaccedilatildeo na comunidade e a transiccedilatildeo para uma vida menos dependente Entretanto

o que se observa na praacutetica cliacutenica satildeo tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos

unicamente pelos terapeutas negligenciando as aspiraccedilotildees dos familiares e do paciente

ou seja a tatildeo almejada abordagem de cuidados centrados na famiacutelia e no paciente ainda

parece estar bem distante da realidade atual pelo menos no Brasil Isto fica niacutetido

quando se analisa por exemplo estudos que buscaram verificar o efeito de programas

de orientaccedilatildeo domiciliar a cuidadores de crianccedilas com PC67 Como eacute de se esperar os

resultados satildeo positivos contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades diaacuterias do

cuidador durante a prestaccedilatildeo dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC

21

poreacutem em momento algum as opiniotildees da famiacutelia e do paciente satildeo consultadas para

direcionar as intervenccedilotildees

Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importacircncia dos

profissionais de sauacutede estreitarem as relaccedilotildees com a famiacutelia para o desenvolvimento de

accedilotildees integrais de qualidade o que se observa na literatura satildeo apenas citaccedilotildees vazias de

conteuacutedo O que fazer como fazer quais falhas foram cometidas quais estrateacutegias

deram certo satildeo aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias

com a famiacutelia mas que raramente satildeo abordados ou descritos nas pesquisas

Retomando a questatildeo das dificuldades relatadas pelos pais o posicionamento foi

uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao

deacuteficit no controle motor26 A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores

pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo de quadril

deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29 Estas

condiccedilotildees estatildeo entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianccedilas com

PC juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaccedilotildees33 O

estudo que apurou estes dados buscou investigar a experiecircncia dos pais em relaccedilatildeo agrave

manifestaccedilatildeo de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais satildeo os principais

inteacuterpretes da dor dos filhos o quadro aacutelgico apesar de persistente natildeo eacute devidamente

tratado funccedilotildees baacutesicas como alimentar e dormir satildeo prejudicadas e informaccedilotildees acerca

de problemas comuns no quadril e na coluna natildeo foram concedidas aos familiares33

Mais uma vez a falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo indica que a abordagem centrada na

famiacutelia ainda encontra-se ausente na praacutetica cliacutenica A presenccedila de escolioses

luxaccedilatildeosubluxaccedilatildeo de quadril e contraturas satildeo alteraccedilotildees que poderiam ser evitadas ou

na maioria das vezes atenuadas se os profissionais de sauacutede realizassem os devidos

procedimentos e orientaccedilotildees agrave famiacutelia desde os primeiros anos de vida Apesar dos

avanccedilos em tecnologia assistiva ainda nos dias atuais encontram-se crianccedilas

22

adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram

recomendaccedilatildeo de oacuterteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes

atenderam Esta realidade mais frequente em cidades interioranas pode repercutir de

forma negativa na dinacircmica familiar de modo que tarefas como banho higiene pessoal

vestuaacuterio e transferecircncias tornam-se ainda mais difiacuteceis de serem executadas quando a

pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas sendo necessaacuterio em

determinados casos a atuaccedilatildeo de pelo menos dois indiviacuteduos para efetuarem tais

cuidados

O estudo de Simotildees et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a

limitaccedilatildeo do filho assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaccedilotildees

que acabam resultando em desgaste fiacutesico e emocional significativos para o cuidador

Para atenuar este quadro Palisano et al34 ressaltaram a importacircncia de se considerar as

necessidades dos cuidadores antes da execuccedilatildeo de qualquer plano de tratamento pois

aleacutem de beneficiar o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila a ponderaccedilatildeo destas

necessidades propicia a reduccedilatildeo das demandas fiacutesicas e a prevenccedilatildeo de lesotildees por

esforccedilos repetitivos inadequados dos cuidadores Aleacutem disso a otimizaccedilatildeo da

assistecircncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoccedilatildeo de programas de orientaccedilatildeo

estabelecidos em parcerias com a famiacutelia poderaacute propiciar maior tempo livre aos

cuidadores para a execuccedilatildeo de atividades pessoais

Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde agrave locomoccedilatildeo ou

transporte dos filhos com PC tarefa que se torna ainda mais desafiante com o

crescimento da crianccedila e concomitante exacerbaccedilatildeo das alteraccedilotildees cliacutenicas somados agrave

falta de infraestrutura das cidades e do proacuteprio ambiente domiciliar25 O governo

brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integraccedilatildeo da pessoa com

deficiecircncia na sociedade atraveacutes da promoccedilatildeo da acessibilidade em lugares puacuteblicos

poreacutem a concretizaccedilatildeo de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade

23

vivenciada pelos deficientes e familiares35 A carecircncia de espaccedilos adequados assim

como de transporte puacuteblico acessiacutevel prejudica natildeo soacute a frequecircncia destas pessoas nas

escolas e nos tratamentos de sauacutede mas tambeacutem inviabiliza a participaccedilatildeo em

atividades sociais e de lazer Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito

fundamental agrave liberdade de locomoccedilatildeo restringido36 o que afeta sobremaneira a

qualidade de vida de toda a famiacutelia O que se percebe eacute que ainda haacute muito pelo que se

lutar para que as pessoas com deficiecircncia tenham assegurados direitos baacutesicos estando

distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna

Enquanto accedilotildees efetivas por parte das entidades governamentais natildeo acontecem

cabe aos profissionais de sauacutede permitir o desenvolvimento de relaccedilotildees de maior

proximidade com os familiares e pacientes procurando avaliar e tratar todo o contexto

familiar que envolve aspectos emocionais e sociais aleacutem dos aspectos fiacutesicos da

deficiecircncia Portanto a adoccedilatildeo de praacuteticas centradas na famiacutelia e no paciente eacute crucial

natildeo soacute para um processo de reabilitaccedilatildeo promissor para a pessoa com paralisia cerebral

mas tambeacutem para ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila dos pais

tornando-os membros essenciais das equipes de sauacutede de forma a melhorar a qualidade

de vida de toda entidade familiar

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados desta revisatildeo apontam para a escassez de estudos sobre o

entendimento da doenccedila por parte dos pais assim como sobre aspectos relacionados aos

cuidados diaacuterios prestados ao filho com paralisia cerebral Nota-se a necessidade de um

maior nuacutemero de pesquisas com desenhos metodoloacutegicos mais precisos e especiacuteficos

para a investigaccedilatildeo destas temaacuteticas

24

A anaacutelise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento

entre cuidadores e profissionais mesmo com a abordagem de cuidados centrados na

famiacutelia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura quanto

na praacutetica cliacutenica Observa-se que a concretizaccedilatildeo desta abordagem pelos profissionais

da sauacutede eacute bastante incipiente e tal fato eacute comprovado pela queixa frequente dos pais em

relaccedilatildeo agrave falta de informaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Desta forma eacute imprescindiacutevel que os processos de reabilitaccedilatildeo efetuados por

diversos profissionais da sauacutede tenham as diretrizes revistas de modo que informaccedilotildees

completas e acuradas sejam concedidas agraves famiacutelias Para tanto sugere-se o

desenvolvimento de programas de orientaccedilotildees que considerem as necessidades do

paciente e dos familiares associados agrave distribuiccedilatildeo de material educativo contendo

informaccedilotildees simples e pontuais acerca de manuseios posicionamentos adequados

cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar Tais medidas

poderatildeo contribuir para o aperfeiccediloamento da prestaccedilatildeo de cuidados por parte dos pais

aleacutem de fornecer subsiacutedios para aprimorar a participaccedilatildeo da pessoa com PC nas

atividades diaacuterias e evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

25

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

1-Proenccedila IAA Dificuldades e duacutevidas de pais de crianccedilas com Paralisia Cerebral [dissertaccedilatildeo] Braga Universidade Catoacutelica Portuguesa 2011 2-Rosenbaum P Paneth N Leviton A Goldstein M Bax M Damiano D Dan B Jacobsson B A report the definition and classification of cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol 2007 498-14 3-Mancini MC Alves ACM Schaper C Figueiredo EM Sampaio RF Coelho ZAC Tirado MGA Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional Rev Bras Fisioter 2004 8(3)253-260 4-Simotildees CC Silva L Santos MR Misko MD Bousso RS A experiecircncia dos pais no cuidado dos filhos com paralisia cerebral Rev Eletr Enf 2013 15(1)138-145 5-Milbrath VM Cecagno D Soares DC Amestoy SC Siqueira HCH Being a woman mother to a child with cerebral palsy Acta Paul Enferm 2008 21(3)427-431 6-Brianeze ACGS Cunha AB Peviani SM Miranda VCR Tognetti VBL Rocha NACF Tudella E Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em crianccedilas com paralisia cerebral associados a orientaccedilotildees aos cuidadores estudo preliminar Fisioter Pesq 2009 16(1)40-45 7-Pavatildeo SL Silva FPS Rocha NAC Efeito da orientaccedilatildeo domiciliar no desempenho funcional de crianccedilas com necessidades especiais Motri 2011 7(1)21-29 8-Alpino AMS Valenciano PJ Furlaneto BB Zechim FC Orientaccedilotildees de Fisioterapia a Matildees de Adolescentes com Paralisia Cerebral Abordagem Educativa para o Cuidar Rev Bras Ed Esp 2013 19(4) 597-610 9-Johnson BH Family-centered care four decades of progress Fam Syst Health 2000 18(2)133ndash156 10-Committee on Hospital Care and Institute for Patient- and Family-Centered Care Patient- and Family-Centered Care and the Pediatricians Role Pediatrics 2012 129(2)394-404 11-Institute for Family-Centered Care Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system recommendations and promising practices Bethesda MD 2008 12-Ribeiro MFM Barbosa MA Porto CC Paralisia cerebral e siacutendrome de Down niacutevel de conhecimento e informaccedilatildeo dos pais Cien Saude Colet 2011 16(4)2099-2106 13- Jeglinsky I Autti-Raumlmouml I Brogren-Carlberg E Two sides of the mirror parentsrsquo and service providersrsquo view on family-centredness os care for children with cerebral palsy Child Care Health Dev 2012 38(1)79-86

26

14-Lima RABC Envolvimento materno no tratamento fisioterapecircutico de crianccedilas portadoras de deficiecircncia compreendendo dificuldades e facilitadores [dissertaccedilatildeo] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2006 15-Palisano RJ Almarsi N Chiarello LA Orlin MN Bagley A Maggs J Family needs of parents of children and youth with cerebral palsy Child Care Health Dev 2009 36(1)85ndash92 16-Marx C Rodrigues EM Rodrigues MM Vilanova LCP Depressatildeo ansiedade e sonolecircncia diurna em cuidadores primaacuterios de crianccedilas com paralisia cerebral Rev Paul Pediatr 2011 29(4)483-488 17-Camargos ACR Lacerda TTB Viana SO Pinto LRA Fonseca MLS Avaliaccedilatildeo da sobrecarga do cuidador de crianccedilas com paralisia cerebral atraveacutes da escala Burden Interview Rev bras sauacutede matern infant 2009 9(1)31-37 18-Ribeiro MFM Porto CC Vandenbergue L Estresse parenteral em famiacutelias de crianccedilas com paralisia cerebral revisatildeo integrativa Cien Saude Colet 2013 18(6)1705-1715 19-Whittemore R Knafl K The integrative review update methodology J Adv Nurs 2005 52(5)546-53 20-Russell CL An overview of the integrative research review Prog Transplant 2005 15(1)8-13 21-Souza MT Silva MD Carvalho R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein 2010 8(1)102-106 22-Mello R Ichisato SMT Marcon SS Percepccedilatildeo da famiacutelia quanto agrave doenccedila e ao cuidado fisioterapecircutico de pessoas com paralisia cerebral Rev Bras Enferm 2012 65(1)104-109 23-Graccedilatildeo DG Santos MGM A percepccedilatildeo materna sobre a paralisia cerebral no cenaacuterio da orientaccedilatildeo familiar Fisioter Mov 2008 21(2)107-113 24-Knox V Do parents of children with cerebral palsy express different concerns in relation to their childrsquos type of cerebral palsy age and level of disability Physiotherapy 2008 9456ndash62 25-Dantas MAS Pontes JF Assis WD Collet N Facilidades e dificuldades da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila com paralisia cerebral Rev Gauacutecha Enferm 2012 33(3)73-80 26-Hwang M Kuroda MM Tann B Gaebler-Spira DJ Measuring Care and Comfort in Children With Cerebral Palsy The Care and Comfort Caregiver Questionnaire PMampR 2011 3(10)912-919 27-Chiarello LA Palisano RJ Maggs JM Orlin MN Almasri N Kang L-J Chang H-J Family Priorities for Activity and Participation of Children and Youth With Cerebral Palsy Phys Ther 2010 901254-1264 28-Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013

27

29-Morrell DS Pearson JM Sauser DD Progressive Bone and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral Palsy RadioGraphics 2002 22(2)257ndash268 30-Strauss D Brooks J Rosenbloom L Shavelle R Life expectancy in cerebral palsy an update Dev Med Child Neurol 2008 50(7)487-493

31-Hemming K Hutton JL Pharoah PO Long-term survival for a cohort of adults with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2006 48(2)90-95 32-Margre ALM Reis MGL Morais RLS Caracterizaccedilatildeo de adultos com paralisia cerebral Rev Bras Fisioter 2010 14(5)417-425 33-Stahle-Oumlberg L Fjellman-Wiklund A Parentsrsquo experience of pain in children with cerebral palsy and multiple disabilities _ An interview study Adv Physiother 2009 11137-144 34-Palisano RJTieman BL Walter SD Bartlett DJ Rosenbaum PL Russell D Hanna SE Effect of environmental setting on mobility methods of children with cerebral palsy Dev Med Child Neurol 2003 45113-120 35-Almeida PC Aragatildeo AEA Pagliuca LMF Macecircdo KNF Barreiras arquitetocircnicas no percurso do deficiente fiacutesico aos hospitais de Sobral ndash Cearaacute REE 2006 8(2) 205-212 36-Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado 1988

28

CAPIacuteTULO 2

Manual praacutetico de orientaccedilotildees para profissionais e cuidadores de

crianccedilas com paralisia cerebral

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

Jaqueline Miranda Barbosa

Produccedilatildeo Graacutefica Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraccedilotildees

Washington da Silva PachecoDiagramaccedilatildeo

ElaboraccedilatildeoJaqueline Miranda Barbosa

OrientaccedilatildeoEveline Torres Pereira

Paula Silva de Carvalho Chagas

Maicon Rodrigues Albuquerque

2014

MANUAL PRAacuteTICO DE ORIENTACcedilOtildeES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE

CRIANCcedilAS PARALISIACOM

CEREBRAL

SUMAacuteRIO

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

2VESTIRDESPIR

3TREINAMENTO DA HIGIENE

4BANHO

5POSICIONAMENTOS

51Problemas Ortopeacutedicos

52Oacuterteses

53 Carregar

54 Posiccedilotildees

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

7BRINCAR

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

5

5

6

7

9

12

12

17

22

26

28

28

32

34

40

48

53

63

Se o meacutedico falou que a crianccedila apresenta como diagnoacutestico a Paralisia

Cerebral isto natildeo quer dizer que o ceacuterebro da crianccedila estaacute paralisado

Este nome realmente confunde muitas pessoas mas eacute importante saber

que o ceacuterebro da crianccedila estaacute funcionando soacute que de forma diferente

PARTE I CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

1O QUE Eacute PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de

desordens permanentes que afetam o movimento

e a postura da crianccedila causando limitaccedilotildees nas

atividades do dia-a-dia Eacute resultado de lesotildees natildeo progressivas que ocorreram no ceacuterebro do bebecirc ou da crianccedila em

desenvolvimento (Figura 1)sup1

Figura 1 Lesatildeo no ceacuterebro da crianccedila 5

Dependendo da localizaccedilatildeo e gravidade da lesatildeo a crianccedila pode apresentar

tambeacutem problemas na visatildeo ou na audiccedilatildeo dificuldade para falar e aprender

deficiecircncia intelectual e convulsotildeessup1 sup2

2QUAIS SAtildeO AS CAUSAS

As lesotildees ocorrem no ceacuterebro antes durante ou apoacutes o nascimento da crianccedila

podendo ser resultado de diferentes problemas associadossup1 O quadro 1 apresenta

alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da crianccedila ter

algum dano cerebral mas natildeo significa necessariamente que o bebecirc teraacute

paralisia cerebral Em alguns casos a causa da paralisia cerebral permanece

desconhecidasup2

Fatores preacute-natais Fatores natais e poacutes-natais

Diabetes doenccedilas da tireoacuteide ou

hipertensatildeo arterial materna

Parto prematuro (menos de 37 semanas

de gestaccedilatildeo) e baixo peso ao nascer

Infecccedilotildees virais e convulsotildees materna Asfixia (falta de oxigecircnio para o bebecirc)

Retardo de crescimento intra-uterinoApresentaccedilatildeo anormal do bebecirc no uacutetero

dificultando o parto

Sangramento materno Infecccedilotildees (meningite)

Descolamento prematuro de placenta Icteriacutecia grave (pele amarela do bebecirc)

Hemorragias (sangramento no ceacuterebro do bebecirc)

Convulsotildees

Traumas cranianos

Quadro 1 Fatores de risco para lesotildees cerebrais sup1 sup2 sup3

6

3QUAIS SAtildeO OS TIPOS

causado por estiacutemulos nervosos O tocircnus muscular possibilita tanto a manutenccedilatildeo

do corpo em determinadas posturas quanto a realizaccedilatildeo de movimentossup2

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Qualquer duacutevida perguntepara o profissional de sauacutedeque estaacute nos atendendo

Entendeu tudo

Os tipos de paralisia cerebral variam de

acordo com o tocircnus muscular apresentado

por cada crianccedilasup1 Este termo bastante

utilizado pelos profissionais refere-se ao

estado de contraccedilatildeo constante dos muacutesculos

Toda crianccedila com paralisia cerebral tem uma lesatildeo em partes do ceacuterebro que

controlam o tocircnus portanto nestas crianccedilas o tocircnus poderaacute estar aumentado

diminuiacutedo ou uma combinaccedilatildeo dos dois (tocircnus flutuante)sup2 Assim as classificaccedilotildees

utilizadas satildeo paralisa cerebral espaacutestica discineacutetica ou ataacutexica

( ) Espaacutestica (tocircnus aumentado) Eacute o tipo mais comum atingindo de

75 a 80 das crianccedilas com paralisia cerebral Os movimentos seratildeo riacutegidos 2 3

e desajeitados devido a alta tensatildeo muscular exigindo grande esforccedilo da crianccedila

Discineacutetica Presenccedila de posturas e movimentos atiacutepicos principalmente 3

quando se inicia um movimento voluntaacuterio Dividi-s

8

( ) Distonia O tocircnus muscular eacute muito variaacutevel ou seja o tocircnus pode

estar baixo quando a crianccedila encontra-se em repouso mas aumenta quando ela

tenta realizar algum movimento sup2

( ) Coreoatetose O tocircnus muscular eacute instaacutevel com a presenccedila de movi-

mentos involuntaacuterios sem finalidade da face do tronco e dos membros sup2 sup3

( ) Ataacutexica

Apesar de natildeo demonstrar eu entendo vocecirc e preciso de muito amor e carinho

Peccedila ao profissional da sauacutedepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento

Distuacuterbio da coordenaccedilatildeo dos movimentos a crianccedila

apresenta dificuldade para ficar de peacute andar bem como problemas de 23

equiliacutebrio e tremor intencional

8

9

4QUAIS SAtildeO AS CONSEQUEcircNCIAS

Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva as manifestaccedilotildees cliacutenicas e os

comprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo podendo haver

tanto uma melhora quanto uma piora do quadro Isto vai depender da gravidade e

extensatildeo da lesatildeo no ceacuterebro assim como do grau de estimulaccedilatildeo recebido pela

crianccedila ao longo da vida A seguir algumas accedilotildees que poderatildeo contribuir para

melhora do quadro cliacutenico da crianccedila

4

Comeccedilar o tratamento com os diversos profissionais

da sauacutede (neuropediatra terapeuta ocupacional fonoaudioacutelogo fisioterapeuta

educador fiacutesico nutricionista e outros) o quanto antes A estimulaccedilatildeo precoce

pode minimizar os efeitos da lesatildeo na aprendizagem e na aquisiccedilatildeo de

habilidades durante o desenvolvimento da crianccedilasup2

Intervenccedilatildeo Precoce

Sei que estes atendimentos tomaratildeo um pouco do seu tempo mas preciso realizaacute-los para melhorar o equiliacutebrio dos meus muacutesculos minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento

10

Os tratamentos e as atividades em casa satildeo complementares Um natildeo substitui o outro

Natildeo preciso de superproteccedilatildeo e sim de paciecircncia Aprenda a esperar o meutempo para entender as informaccedilotildeese executar as tarefas

Apesar do papel de cuidador primaacuterio agraves vezes ser assumido por outros membros

familiares neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinocircnimos

Estimulaccedilatildeo realizada pelos pais Como as crianccedilas passam a maior

parte do tempo com o cuidador primaacuterio que na maioria das vezes eacute a matildee ou o pai

estes devem dar continuidade agraves sessotildees de terapia em casa realizando os exerciacutecios

orientados pelo terapeuta Aleacutem disso sempre que possiacutevel deixar a crianccedila realizar

alguma tarefa de forma independente sem ajuda mesmo que isso exija um pouco

mais de 5

tempo

11

Quando existe troca de informa-

ccedilotildees e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a crianccedila

o processo de reabilitaccedilatildeo se torna mais prazeroso e satisfatoacuterio Desta forma

a participaccedilatildeo dos pais tanto no planejamento quanto na execuccedilatildeo das atividades 6

propostas eacute essencial para a eficaacutecia do tratamento

Parceria entre profissionais e pais

Vocecirc tambeacutem pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha atenccedilatildeo em casa

Fale para o profissional o que vocecirc quer que eu melhore primeiro o que ele deve treinarcomigo durante a terapia Sua opiniatildeo eacute muito importante

Eacute vaacutelido destacar que as sugestotildees que seratildeo apresentadas neste manual

natildeo se aplicam a todos as crianccedilas com paralisia cerebral portanto os pro-

fissionais que acompanham a crianccedila devem selecionar e explicar aos pais

quais exemplos satildeo adequados ao filho com paralisa cerebral

PARTE II COMO CUIDAR

1ALIMENTACcedilAtildeO

FIGURA 1

Os cuidados prestados a uma crianccedila com paralisia cerebral satildeo mais

complicados de serem efetuados em virtude dos problemas cliacutenicos 2

alteraccedilotildees de movimentos e posturas Desta forma seratildeo apresentadas

a seguir algumas orientaccedilotildees e informaccedilotildees para diminuir as dificuldades

durante a prestaccedilatildeo de cuidados diaacuterios aleacutem de ajudar a avaliar

as necessidades da crianccedila

Em crianccedilas com paralisia cerebral algumas funccedilotildees como a succcedilatildeo a

mastigaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo podem estar alteradas Dentre os problemas que

podem complicar a alimentaccedilatildeo destas crianccedilas encontram-se a falta de 7

controle da mandiacutebula (parte inferior da boca) da liacutengua e dos laacutebios

Aleacutem disso para conseguir alimentar-se de forma independente eacute necessaacuterio

que a crianccedila apresente bom controle de cabeccedila e de tronco somados agrave 8

capacidade de preensatildeo e coordenaccedilatildeo dos membros superiores (braccedilos)

O fonoaudioacutelogo eacute o profissional que pode amenizar os problemas com a

alimentaccedilatildeo ajudando a crianccedila a desenvolver os movimentos da boca

liacutengua e dos laacutebios que satildeo essenciais natildeo soacute para uma boa alimentaccedilatildeo 78

mas tambeacutem para a aquisiccedilatildeo da fala

12

13

Os problemas com a alimentaccedilatildeo tambeacutem podem dificultar o ganho de

peso sendo o nutricionista o profissional responsaacutevel por acompanhar 28

o estado nutricional da crianccedila

Preciso de uma al imentaccedilatildeo adequada para crescer e ganhar peso O nutricionista poderaacute nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeiccedilotildees

Eu posso aprender a mastigar O fonoaudioacutelogo nos ensinaraacute o que deve ser feito para natildeo provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentaccedilatildeo

O posicionamento adequado de forma que a crianccedila esteja relaxada eacute

fundamental para execuccedilatildeo da alimentaccedilatildeo Aleacutem disso o alimento deve

ser apresentado na direccedilatildeo da boca da crianccedila Caso a colher seja apresen-

tada por cima a crianccedila pode ldquoempurrarrdquo a cabeccedila pra traacutes e natildeo engolir o

alimento ou ateacute se engasgar (Figura 2)

14

Errado Crianccedila sendo alimentada em padratildeo extensor (cabeccedila e troncos jogadospara traacutes) Esta posiccedilatildeo pode gerar engasgo tosse e sufocaccedilatildeo

Figura 2

+

Algumas posiccedilotildees adequadas para alimentar a crianccedila pequena satildeo 8

apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4)

Crianccedila posicionada ldquomeio-sentadardquo no colo para alimentaccedilatildeo Observar o banco situado embaixo de um peacute do cuidador que ocasiona a elevaccedilatildeo de uma das pernas impedindo que a crianccedila escorregue

Figura 3

15

Crianccedila posicionada sentada de frente para a matildee para alimentaccedilatildeo Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa Posicionar a matildeo aberta com pressatildeo na parte inferior do peito da crianccedila contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco

Figura 4

Se a crianccedila jaacute desenvolveu o controle de cabeccedila e tronco deve ser 28

alimentada sentada na cadeira (Figura 5)

Crianccedila sentada em uma cadeira para alimentaccedilatildeo Observar se a cabeccedila e o tronco estatildeo ligeiramente para frente as pernas levemente afastadas e os peacutes apoiados no chatildeo A matildeo que natildeo estaacute sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa

Figura 5

16

Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 28

alimentaccedilatildeo da crianccedila (Figuras 6789)

Colher achatada e arredonda O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preensatildeo manual

Figura 6

Copo plaacutestico com abertura em um doslados para o nariz Observar que a abertura possibilita a inclinaccedilatildeo do copo ateacute as uacuteltimas gotas

Figura 7

Prato fundo com borda alta verticalA borda facilita apanhar o alimento na colher

Figura 8

Tapete ou esteira antiderrapante Posicionar embaixo do prato evitando que este deslize

Figura 9

FIGURA 1

17

Lavar as matildeos antes e apoacutes as refeiccedilotildeesEscovar os dentes apoacutes as refeiccedilotildeesAs refeiccedilotildees devem ser realizadas em local tranquilo sem televisatildeo ou

outros ruiacutedos que possam desviar a atenccedilatildeo da crianccedila

A crianccedila pode e deve fazer as refeiccedilotildees juntamente com os outros

membros da famiacutelia Caso ela precise de ajuda pode ser alimentada

antes ou depois dos demais familiares O importante eacute permitir que a

crianccedila vivencie estes momentos de socializaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

Nomear os alimentos identificar as cores fazer a crianccedila sentir o

aroma da comida satildeo formas prazerosas e beneacuteficas de estimulaccedilatildeo

para a mesma

Dicas Importantes

Eacute necessaacuterio ter paciecircncia e evitar momentos de irritaccedilatildeo caso a

crianccedila se suje com a comida ou demore mais tempo para se

alimentar

2VESTIRDESPIR A tarefa de vestir e despir uma crianccedila com paralisa cerebral pode se

tornar um pouco complicada dependendo das alteraccedilotildees motoras de cada

crianccedila Por exemplo ela pode apresentar resistecircncia a certos movimentos

como afastar as pernas para vestir a calccedila ou estender os braccedilos para vestir 8

a manga da blusa

Mais uma vez o posicionamento apropriado eacute essencial para facilitar 2

os atos de vestir e despir sendo as posiccedilotildees deitado de barriga para

baixo deitado de lado e sentado as mais favoraacuteveis para a execuccedilatildeo dessas8

tarefas (Figuras 1011121314)

FIGURA 1

18

Em caso da crianccedila ser muita riacutegida pode ser mais faacutecil separar as

pernas e trocar a fralda da crianccedila na postura deitado de lado A melhor

posiccedilatildeo seraacute a que a crianccedila se sentir mais confortaacutevel o que pode ser

identificado pela expressatildeo facial da mesma

Crianccedila deitada de barriga para baixo para ser vestida Esta posiccedilatildeo eacute indicada principalmente para crianccedilas com forte padratildeo extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) pois favorece a flexatildeo da cabeccedila e do tronco

Figura 10

Crianccedila deitada de lado para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais simples trazer a cabeccedila e os ombros para frente ficando mais faacutecil estender o cotovelo permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforccedilo Da mesma forma as pernas e os peacutes se dobram mais facilmente simplificando os atos de vestir a calccedila e calccedilar as meiase sapatos

Figura 11

FIGURA 1

19

Crianccedila sentada para ser vestida Nesta posiccedilatildeo eacute mais faacutecil vestir a crianccedila se ela estiver sentada de costas para quem estaacute vestindo-a pois eacute possiacutevel manter o tronco para frente os quadris flexionados e as pernas afastadas

Figura 12

Crianccedila maior sentada em um banco para se vestir Ela pode se vestir tambeacutem sentada no chatildeo e soacute deve receber ajuda se necessaacuterio

Figura 13

20

Crianccedila vestindo uma blusa manga longa Deve-se ldquojuntarrdquo a manga da blusa e passa-laacute pelas matildeos da crianccedila depois ldquoesticarrdquo a manga ao longo do braccedilo estendido Da mesma forma se faz com a calccedila

Figura 14

Quando a crianccedila eacute gravemente incapacitada e estaacute crescendo se tornando

mais pesada para o manuseio a posiccedilatildeo deitada de costas pode ser o uacutenico 8

modo possiacutevel de vesti-la e despi-la (Figura 15)

Crianccedila deitada de costas para ser vestida Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabeccedila deixando os ombros ligeiramente elevados Nesta posiccedilatildeo seraacute mais faacutecil trazer os braccedilos para frente e dobrar os quadris e os joelhos

Figura 15

21

Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da crianccedilaTecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidadeCalccedilas com elaacutestico na cinturaCasacos com aberturas anteriores de preferecircncia com ziacuteperes ao

inveacutes de bototildees

Calccedilados simples de calccedilar e retirar sendo que os com velcro satildeo

mais faacuteceis do que os calccedilados com cadarccedilo

28Tipos de roupas que podem facilitar o vestirdespir

Evitar roupas de tecido deslizante como nylon pois a crianccedila

poderaacute deslizar-se do assento em que se encontra

Evitar roupas ldquoemboladasrdquo pois o atrito direto com a pele pode

causar irritaccedilatildeo

Preciso usar calccedilados desde pequenopois seraacute mais faacutecil para eu apoiar os peacutes no chatildeo e me equilibrar tanto sentada quanto de peacute

22

A crianccedila deve compreender que estaacute sendo vestida ou despida sendo

importante que ela receba uma explicaccedilatildeo do que estaacute sendo realizado

ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestirdespir Tais accedilotildees

despertaratildeo o interesse da crianccedila estimulando-a a ajudar de acordo

com as habilidades que possui

Dicas Importantes

3TREINAMENTO DA HIGIENE A crianccedila com paralisia cerebral como qualquer outra poderaacute apresentar

alguns sinais de que jaacute eacute capaz de usar o banheiro como permanecer seca 2

por vaacuterias horas ou indicar aos pais que a fralda estaacute uacutemida ou suja Mesmo

que ela natildeo apresente tais manifestaccedilotildees eacute importante que os familiares8

incentivem a crianccedila a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem nomear as partes do corpo que estatildeo sendo vestidas os

lados direitoesquerdo e as cores das roupas pois satildeo formas de ampliar

o conhecimento da crianccedila

Eacute provaacutevel que a crianccedila aprenda a despir-se antes do que se vestir pois

tirar a roupa eacute uma tarefa mais faacutecil

Quando a crianccedila comeccedilar a vestir-se ou despir-se de forma independente

deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela

precisaraacute de ajuda Os pais devem aguardar com paciecircncia a execuccedilatildeo da

tarefa pela crianccedila

Algumas vezes eacute importante permitir que a proacutepria crianccedila escolha o que

quer vestir

23

Natildeo quero usar fralda a vida toda Se algueacutem me ensinar a usar o vaso sanitaacuterio depois de um tempo detreinamento eu poderei abandonara fralda e realizar minhas necessidades no banheiro

Uma forma de comeccedilar o treinamento de higiene da crianccedila eacute colocaacute-la em

intervalos de tempo regulares no vaso sanitaacuterio ou no ldquotroninhordquo (Figura 16) 28

explicando-a o que ela deve fazer A crianccedila deve estar relaxada ao sentar

em uma posiccedilatildeo que favoreccedila a pressatildeo abdominal para o esvaziamento da

bexiga ou do intestino por exemplo com o tronco ligeiramente agrave frente quadris

e joelhos flexionados e peacutes apoiados no chatildeo (Figuras 17 18 19) Se a crianccedila

jaacute estaacute maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um

redutor de assento para vaso sanitaacuterio (Figura 21)

24

Troninho Base firme apoio para as costas e suporte para segurar ao lado ou agrave frenteajudando a crianccedila a superar o medo de cair

Figura 16 Figura 17

Crianccedila sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira Observar a barra para a crianccedila agarrar proporcionando-a sensaccedilatildeo de seguranccedila

Figura 18 Figura 19

Crianccedila pequena sentada no troninho sobre as pernas da matildee Esta posiccedilatildeo permite que a crianccedila fique mais calma e o cuidador pode seguraacute-la passando-lhe confianccedila

Crianccedila sentada no troninho posicionadodentro de um banco virado

25

Cadeira de madeira com o urinol Geralmente eacute utilizada para crianccedilas com comprometimentos mais graves

Figura 20 Figura 21

Vaso sanitaacuterio com redutor de assento Pode ser utilizado por crianccedilas maiores e se necessaacuterio colocar uma barra de apoio ao lado para que a crianccedila possa segurar

Um problema comum em crianccedilas com paralisia cerebral que pode complicar o uso do banheiro eacute a constipaccedilatildeo (ldquointestino presordquo) O nutricionista e o pediatra poderatildeo orientar a melhor forma de evitar ou amenizar este problema

Dicas Importantes

O processo de treinamento dos haacutebitos de higiene varia muito de uma crianccedila para outra Por se tratar de um processo de aprendizagem lento requer tempo e paciecircncia por parte dos pais

Os pais precisam ficar atentos aos gestos ou palavras da crianccedila que indique a necessidade de usar o vaso sanitaacuterio

Os pais devem elogiar a crianccedila quando ela se lembrar de usar o ldquotroninhordquo ou o vaso sanitaacuterio

26

A hora do banho deve ser um momento prazeroso para a crianccedila e pode 2

ser utilizada para a realizaccedilatildeo de outras atividades aleacutem do lavar sendo

interessante estimulaacute-la a repetir os movimentos que executa durante o dia

quando estaacute tomando banho

4BANHO

A aacutegua eacute um ambiente diferente que permite agrave crianccedila experimentar

novas sensaccedilotildees e para que o banho seja bem sucedido eacute essencial que a

crianccedila esteja bem posicionada dentro da banheira de forma que se sinta 8

segura e protegida (Figura 22)

Crianccedila pequena tomando banho em uma banheira A banheira deve apresentar leve inclinaccedilatildeo para apoiar as costas da crianccedila aleacutem de ser recomendado colocar algum material antiderrapante toalha ou espuma dentro da banheira cobrindo a superfiacutecie interna para a crianccedila natildeo escorregar

Figura 22

27

As dificuldades para o banho podem se agravar agrave medida que a crianccedila

cresce tornando-se maior e mais pesada Neste caso seraacute necessaacuterio utilizar

uma cadeira para o banho Se o cuidador tiver acesso a um chuveirinho

auxiliar eacute indicada a realizaccedilatildeo da tarefa sentado em um banco para

amenizar a sobrecarga na coluna (Figura 23)

Crianccedila maior sentada em uma cadeira para o banho O cuidador deve permanecer sentado em um banco utilizando o chuveirinho para o banho

Figura 23

28

Estimular a crianccedila a se despir independentemente

Dicas Importantes

5POSICIONAMENTOS Apesar da lesatildeo no ceacuterebro natildeo ser progressiva o tocircnus muscular a

29

Crianccedila com escoliose apresentando inclinaccedilatildeo do corpo para o lado esquerdo

Figura 24

A progressatildeo da escoliose eacute maior durante o periacuteodo de crescimento da

crianccedila pode causar dor e afeta natildeo soacute a postura mas tambeacutem o equiliacutebrio 9

para sentar a capacidade de caminhar e as funccedilotildees cardiacuteacas e pulmonares

A escoliose pode ser evitada ou amenizada atraveacutes de programas de

exerciacutecios e orientaccedilotildees de posicionamentos adequados O uso de coletes

(Figura 25) e assentos anatocircmicos modelados podem ser indicados em 2

alguns casos para melhora da postura e sustentaccedilatildeo da coluna

Crianccedilas que apresentam curvaturas significativas da coluna podem

necessitar de intervenccedilatildeo ciruacutergica portanto deve-se realizar uma consulta

meacutedica para maiores esclarecimentos

Figura 25

Colete para evitar a progressatildeo da escoliose

30

O fecircmur osso da

parte superior da perna perde total contato com articulaccedilatildeo da pelve

(ldquobaciardquo)encontrando-se fora da articulaccedilatildeo (Figura 26) Se a perda de 2

contato eacute apenas parcial chama-se de subluxaccedilatildeo Pode ser causada pela

tensatildeo desigual dos muacutesculos do quadril e por posturas inapropriadas como

a permanecircncia de uma ou ambas as pernas da crianccedila aleacutem da linha meacutedia

do corpo e o sentar em W (Figura 27 ab)

Deslocamento ou luxaccedilatildeo do quadril

Crianccedila com quadril luxado ou deslocado

Figura 26

Figura 27

Errado Crianccedila em posturas inapropriadas que podem causar a luxaccedilatildeo de quadril

(a) Pernas cruzadas (b) Sentada em W+ +

31

A adoccedilatildeo de posturas apropriadas mantendo as pernas da crianccedila sempre

separadas e alinhadas eacute essencial para evitar a luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

de quadril

Em alguns casos pode ser necessaacuteria a realizaccedilatildeo de procedimentos

ciruacutergicos sendo indicado consultar o meacutedico responsaacutevel para maiores

esclarecimentos

Encurtamento dos muacutesculos tendotildees e outros tecidos 2

moles resultando em uma resistecircncia fixa ao alongamento Ocorre

devido a alteraccedilatildeo do tocircnus muscular que estaacute aumentado podendo 89

limitar os movimentos a postura e o modo de caminhar

Contraturas

Em virtude das contraturas eacute comum encontrar crianccedilas com

paralisia cerebral que desenvolvem deformidades em flexatildeo de quadris

joelhos e tornozelos (ldquopeacutes caiacutedosrdquo) afetando o equiliacutebrio a capacidade 29

de sentar e de andar Jaacute as contraturas de membros superiores ocasionam

frequentemente deformidades em flexatildeo de cotovelos punhos e dedos

das matildeos prejudicando a capacidade da crianccedila de agarrar segurar e 28

manipular objetos (Figura 28)

Crianccedila com contraturas dos muacutesculos de membros superiores e inferiores

Figura 28

32

52Oacuterteses

Todas as condiccedilotildees relatadas anteriormente (escoliose luxaccedilatildeo de quadril

e contraturas) podem gerar quadro grave de dor e limitaccedilatildeo das capacidades 29

funcionais da crianccedila Estas complicaccedilotildees podem ser evitadas ou

amenizadas com a realizaccedilatildeo de exerciacutecios orientaccedilotildees de posicionamento

adequado e utilizaccedilatildeo de equipamentos ortopeacutedicos

Dentre a variedade de aparelhos ortopeacutedicos eacute vaacutelido destacar as oacuterteses

Estas satildeo dispositivos de uso externo que visam melhorar a capacidade

funcional proporcionar maior estabilidade postural e prevenir ou retardar 210

a evoluccedilatildeo de contraturas Existem vaacuterios tipos de oacuterteses sendo

apresentados a seguir a oacutertese mais utilizada em membros inferiores

(Figuras 29) e um tipo de oacutertese para membros superiores (Figura 30)

Oacutertese Tornozelo-Peacute Fixa Indicada para proporcionar melhor apoio do peacute nas posturas sentado de peacute e durante a marcha gerando maior estabilidade

Figura 29

33

Oacutertese de posicionamento Indicada para prevenir movimentos indesejados e estabilizar

o membro em uma posiccedilatildeo

Figura 30

A oacutertese pode ser prescrita por meacutedicos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Dicas Importantes

Eacute de uso individual natildeo sendo possiacutevel a crianccedila aproveitar a oacutertese de outra

Os pais devem insistir para a crianccedila usar a oacutertese mesmo que ela natildeo queira A utilizaccedilatildeo da oacutertese eacute essencial na prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades condiccedilotildees que podem provocam dor na crianccedila futuramente

O profissional da sauacutede deveraacute orientar sobre a forma de colocar e retirar a oacutertese e sobre o tempo diaacuterio de utilizaccedilatildeo

Os pais devem sempre verificar a presenccedila de marcas vermelhas na pele da crianccedila que estaacute utilizando a oacutertese e informar ao profissional responsaacutevel

34

Pergunte ao profissional quenos atende qual eacute o tipo deoacutertese indicado pra mim

53Carregar

O ato de carregar proporciona a crianccedila mobilidade aleacutem de criar laccedilos

afetivos com os pais A pessoa que estaacute carregando a crianccedila deve fornecer

sustentaccedilatildeo e controle adequados de modo que o corpo permaneccedila alinhado 28

corretamente para evitar problemas ortopeacutedicos

28

A melhor maneira de carregar a crianccedila vai depender do tocircnus muscular

e da capacidade de observaccedilatildeo dos pais em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de tranquilidade

e conforto da crianccedila em determinada posiccedilatildeo

Enquanto a crianccedila ainda eacute muita pequena ateacute os seis meses natildeo haacute

problema algum carregaacute-la completamente apoiada (Figura 31) mas apoacutes

esta idade este tipo de carregar jaacute natildeo eacute mais adequado Este posicionamento

natildeo permite a crianccedila visualizar o ambiente aleacutem de natildeo exigir que ela 2

exercite os muacutesculos para controle da postura

35

O fisioterapeuta eacute o profissional indicado para ensinar aos pais a melhor 2

maneira de carregar os filhos Algumas formas apropriadas para segurar

a crianccedila com paralisia cerebral satildeo apresentadas a seguir (Figuras 32 33 34)

sendo uma dica importante para carregar uma crianccedila com forte padratildeo

extensor (cabeccedila e tronco jogados para traacutes) sentaacute-la antes flexionando as 8

pernas para depois levantaacute-la

Errado Crianccedila completamente apoiada pelo cuidador

Figura 31

Figura 32

Crianccedila posicionada sentada antes de ser carregada As matildeos do cuidador seguram a crianccedila pelas axilas trazendo os braccedilos e o tronco para frente O antebraccedilo do cuidador ajuda a manter os joelhos afastados

+

36Crianccedila carregada de frente para o cuidador

Figura 33

(a) Colocar os braccedilos da crianccedila sobre os ombros do cuidador enquanto as pernas permanecem afastadas encaixadas na cintura do cuidador

(b) Agrave medida que a crianccedila aprende a equilibrar-se o cuidador reduz o apoio gradualmente

37

Figura 34

Crianccedila carregada de costas para o cuidador Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada sobre a parte anterior do tronco da crianccedila e a outra sustenta a pelve separando as pernas

Se a crianccedila jaacute estaacute um pouco maior e apresenta o tocircnus muito alto pode

ser difiacutecil conseguir sentaacute-la antes de levantaacute-la Nestes casos deve-se

tentar rolar a crianccedila para o lado que for mais faacutecil e flexionar a cabeccedila

tronco e quadris (Figura 35) e ao levantaacute-la para carregar o cuidador deve

manter o braccedilo da crianccedila sobre os ombros (Figura 36) O cuidador deve

atentar-se para natildeo deixar os braccedilos da crianccedila ldquopresosrdquo (Figura 37)

Figura 35

Crianccedila com forte padratildeo extensor posicionada de lado para ser carregada O cuidador deve trazer a cabeccedila e o tronco da crianccedila para frente flexionar os quadris facilitandoo ato de levantaacute-la

38

Figura 36

Crianccedila com forte padratildeo extensor carregada de frente para o cuidador Os braccedilos da crianccedila satildeo posicionados acima dos ombros do cuidador que utiliza as matildeos para manter as pernas da crianccedila afastadas e levemente flexionadas

Figura 37

Errado Crianccedila com os braccedilos ldquopresosrdquo e as pernas riacutegidas e cruzadas

+

39

Existem outras formas de carregar a crianccedila com paralisia cerebral

indicadas principalmente se ela apresenta um padratildeo flexor com a cabeccedila

o tronco e os braccedilos agrave frente aleacutem da coluna arredondada (Figuras 38 e 39)

Figura 38

Crianccedila carregada de costas para o cuidador As matildeos do cuidador satildeo utilizadas tambeacutem para estender os braccedilos e separar as pernas

Figura 39

Crianccedila carregada de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute mais ativa pois estimula a extensatildeo de cabeccedila e tronco da crianccedila aleacutem de possibilitar a utilizaccedilatildeo das matildeos

40

Os pais devem apresentar maior cuidado quando carregar crianccedilas que natildeo conseguem sustentar a cabeccedila

Dicas Importantes

O posicionamento utilizado para carregar a crianccedila pequena pode natildeo funcionar para carregar a crianccedila maior Os pais natildeo devem desanimar e sempre pedir orientaccedilatildeo ao profissional responsaacutevel

Natildeo eacute saudaacutevel para os pais nem para a crianccedila mantecirc-la a maior parte do tempo no colo pois isto pode gerar problemas musculoesqueleacuteticos nos pais ao mesmo tempo em que priva a crianccedila de se movimentar independentemente

A crianccedila precisa permanecer sozinha por um tempo para entreter consigo proacutepria aleacutem de aprender a interagir com sons e imagens ao seu redor

54Posiccedilotildees A crianccedila com paralisia cerebral muitas vezes natildeo consegue posicionar o

corpo adequadamente portanto os pais satildeo os responsaacuteveis por posicionaacute-la

de forma apropriada a fim de evitar os problemas ortopeacutedicos apresentados 2

anteriormente Aleacutem disso o posicionamento correto eacute importante para

estimular e facilitar os movimentos da crianccedila

Decuacutebito dorsal ou Deitado de costas A crianccedila deitada de costas

encontra-se em uma boa posiccedilatildeo para manipular e explorar objetos juntar as

matildeos na linha meacutedia do corpo e explorar o ambiente O correto alinhamento do

corpo eacute importante para eficiecircncia dos movimentos e para ajudar a reduzir o 2

tocircnus muscular (Figura 40) Como a crianccedila com paralisa cerebral tende a se

inclinar para um dos lados ou flexionar algumas partes do corpo os pais devem

estar sempre atentos para corrigir as mudanccedilas de posiccedilatildeo

41

A calccedila de posicionamento eacute um material adaptado para posicionar de

forma adequada a crianccedila Esta pode ser facilmente confeccionada enchendo

uma calccedil

42

O uso de uma rede eacute indicado para o posicionamento de algumas crianccedilas

pequenas que ficam muito riacutegidas quando deitada de costas jogando cabeccedila

ombros e tronco para traacutes O corpo da crianccedila se acomoda na rede e os braccedilos

satildeo trazidos agrave frente para brincar A rede pode ser pendurada dentro do berccedilo

(Figura 42) ou em qualquer outro ambiente da casa

Crianccedila deitada em uma rede pendurada dentro do berccedilo

Figura 42

Decuacutebito ventral ou Deitado de barriga para baixo Apoacutes a crianccedila

desenvolver o controle de cabeccedila os pais devem frequentemente posicionaacute-la

de barriga para baixo Esta posiccedilatildeo eacute importante para fortalecer os muacutesculos

das costas e tambeacutem propicia um melhor posicionamento dos quadris e das 8

pernas diminuindo a tendecircncia das pernas se cruzarem Aleacutem disso

dependendo da capacidade da crianccedila eacute a partir desta posiccedilatildeo que ela comeccedila

a arrastar e posteriormente

43

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando o rolo de posicionamento

Figura 43

Decuacutebito lateral ou Deitado de lado

Figura 44

Crianccedila deitada de barriga para baixo de forma correta utilizando a cunha

A crianccedila tambeacutem pode ser

posicionada deitada de lado possibilitando a visualizaccedilatildeo do ambiente e o

desenvolvimento de habilidades manuais aleacutem de contribuir para que o corpo

permaneccedila mais alinhado Para tanto deve ser colocado um travesseiro

embaixo da cabeccedila rolos de posicionamento separando as pernas e se

necessaacuterio rolos para apoiar as costas (Figura 45)

44

Crianccedila deitada de lado de forma correta

Figura 45

Sentado Quando a crianccedila apresentar controle de cabeccedila e iniciar o

controle de tronco os pais devem estimulaacute-la a permanecer sentada Esta

posiccedilatildeo permite maior acesso visual ao ambiente melhora a exploraccedilatildeo

de objetos e propicia o desenvolvimento de habilidades de auto-cuidado 2

como alimentaccedilatildeo vestuaacuterio entre outros

Inicialmente a crianccedila pode apresentar dificuldade para sentar sendo

necessaacuterio algum apoio para as costas que tambeacutem evite que ela caia para

os lados (Figura 46-abc)

Crianccedila sentada com apoio de forma correta

(a) Calccedila de posicionamento (b) Canto do sofaacute (c) Canto da parede

Figura 46

45

Posteriormente quando a crianccedila desenvolver um melhor controle de

tronco nesta postura eacute importante que ela se sente em um banco sem encosto

para treinar o equiliacutebrio e a manutenccedilatildeo da coluna alinhada fortalecendo

os muacutesculos das costas (Figura 47) Outras formas adequadas para a

crianccedila sentar-se no chatildeo satildeo com as pernas cruzadas ou esticadas

(Figura 48-a e b)

Figura 47

Crianccedila sentada em um banco sem encosto de forma correta

Crianccedila sentada no chatildeo sem apoio de forma correta

(a) Pernas cruzadas (b) Pernas esticadas

Figura 48

46

A postura em ldquoWrdquo natildeo eacute indicada para a crianccedila se sentar pois os quadris

permanecem em posiccedilatildeo incorreta que pode causar uma luxaccedilatildeo ou subluxaccedilatildeo

a longo prazo Aleacutem disso esta forma de sentar limita as rotaccedilotildees de tronco

e as transferecircncias de peso laterais

47

Figura 51

Crianccedila de peacute com auxiacutelio da oacutertese tornozelo-peacute fixa e bengalas candadenses

Existem diversos equipamentos que auxiliam na aquisiccedilatildeo da postura de

peacute como oacuterteses muletas extensores de membros inferiores entre outros

(Figura 51) Os pais devem consultar o profissional responsaacutevel para saber

sobre as possibilidades de a crianccedila adquirir esta postura

Dicas ImportantesA crianccedila natildeo deve permanecer por longos periacuteodos em uma uacutenica posiccedilatildeo sendo necessaacuterio que os pais modifiquem o posicionamento da crianccedila em intervalos de tempo de 30 a 40 minutos

Quando a crianccedila permanece por muito tempo em uma posiccedilatildeo seja deitada ou sentada ela apresenta maior chance de desenvolver problemas ortopeacutedicos

Eacute sempre bom ter um adulto supervisionando a crianccedila independente da posiccedilatildeo que ela se encontre

Algumas crianccedilas choram quando posicionadas de barriga para baixo pois natildeo estatildeo acostumadas com esta posiccedilatildeo Se ela jaacute consegue levantar a cabeccedila a posiccedilatildeo de barriga para baixo deve ser insistida pelos pais Comeccedilar colocando por pouco minutos e gradativamente aumentando-se o tempo

48

6EXERCIacuteCIOS DE ALONGAMENTO

Os pais podem contribuir com o processo de reabilitaccedilatildeo da crianccedila

ajudando o filho a alcanccedilar uma funccedilatildeo mais favoraacutevel agrave medida que

realiza os exerciacutecios orientados pelo profissional da sauacutede em ambiente

domiciliar Desta forma os exerciacutecios de alongamento muscular satildeo

fundamentais para a prevenccedilatildeo de contraturas e deformidades somada agrave

manutenccedilatildeo de posicionamentos adequados jaacute discutidos anteriormente

Os muacutesculos dos membros inferiores mais propensos a encurtamentos e

contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os flexores e adutores do 911

quadril os flexores do joelho e os flexores do tornozelo portanto devem

ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 52 53 54 55)

Figura 52

Alongamento dos flexores do quadril Crianccedila deitada de barriga para baixo enquanto o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na pelve da crianccedila impedindo que esta se movimente A outra matildeo eacute posicionada um pouco acima do joelho de forma que a perna seja elevada Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

49

Figura 53

Alongamento dos adutores do quadril Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma das pernas permanece esticada enquanto a outra deve ser dobrada formando o nuacutemero quatro O cuidador estabiliza o joelho da perna esticada com uma matildeo enquanto que empurra para baixo o joelho da perna dobrada com a outra matildeo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Figura 54

Alongamento dos flexores do joelho Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma perna da crianccedila eacute dobrada mantendo os peacutes apoiados e a outra que seraacute alongada permanece esticada O cuidador segura com uma das matildeos no joelho da crianccedila para mantecirc-lo esticado e utiliza a outra matildeo para segurar o tornozelo de forma a elevar a perna da crianccedila ateacute o maacuteximo que ela permitir Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

50

Figura 55

Alongamento dos flexores do tornozelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada para manter o joelho da perna a ser alongada esticado enquanto a outra eacute posicionada na planta do peacute de modo a empurraacute-lo em direccedilatildeo agrave perna Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada perna

Os muacutesculos dos membros superiores mais propensos a encurtamentos e contraturas na crianccedila com paralisia cerebral satildeo os adutores e rotadores

11

internos do ombro flexores do cotovelo e flexores do punho e dos dedos portanto devem ser alongados sempre que possiacutevel (Figuras 56 57 58 e 59)

Figura 56

Alongamento dos adutores do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila Uma matildeo do cuidador eacute posicionada embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra eacute posicionada no punho de modo a abrir o braccedilo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

51

Figura 57

Alongamento dos rotadores internos do ombro Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila O braccedilo da crianccedila deveraacute estar aberto e o cotovelo dobrado Uma matildeo do cuidador eacute posicionada na parte anterior do ombro para mantecirc-lo encostado na superfiacutecie e a outra eacute posicionada no punho da crianccedila de modo a empurrar o antebraccedilo para traacutes Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Figura 58

Alongamento dos flexores do cotovelo Crianccedila deitada de costas e o cuidador permanece ao lado da crianccedila A matildeo que estabiliza o membro pode ser posicionada no ombro ou embaixo do cotovelo da crianccedila e a outra segura o punho de modo a esticar o cotovelo Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

52

Figura 59

Alongamento dos flexores do punho e dos dedos Crianccedila deitada de costas e o cuidadorpermanece ao lado da crianccedila Uma das matildeos do cuidador eacute posicionada um pouco acimado punho da crianccedila enquanto a outra segura na palma da matildeo da crianccedila de modo amanter aberto todos os dedos aleacutem de estender o punho Manter por 30 segundos contando pausadamente Repetir 3 vezes em cada braccedilo

Pergunte ao fisioterapeuta qual destes alongamentos satildeo indicados para mim

53

Dicas Importantes

Os pais devem separar uma parte do dia para a realizaccedilatildeo dos alongamentosde modo a inseri-los na rotina diaacuteria assim como alimentaccedilatildeo e banho

Os pais devem dar algum brinquedo para a crianccedila cantar conversar ou seja desenvolver estrateacutegias para que ela fique mais relaxada durante os alongamentos

Os alongamentos podem ser um pouco dolorosos para a crianccedila entretanto os pais natildeo devem deixar de realizaacute-los pois satildeo importantes para evitar contraturas e deformidades futuras que depois de instaladas satildeo irreversiacuteveis

O fisioterapeuta deve orientar aos pais quanto agrave amplitude dos alongamentose verificar se estes estatildeo sendo executados de forma correta

7BRINCAR A brincadeira eacute a melhor atividade para desenvolver a capacidade de

aprendizagem da crianccedila O brincar permite agrave crianccedila explorar conhecer e

manipular objetos aleacutem de propiciar a interaccedilatildeo com outras pessoas e com 28

o ambiente

A crianccedila pode adquirir amplo conhecimento atraveacutes de diferentes

brincadeiras aprimorar a coordenaccedilatildeo motora e desenvolver sentimentos

de autoconfianccedila e competecircncia mas para que tais aquisiccedilotildees ocorram

algumas crianccedilas com paralisia cerebral poderatildeo precisar da ajuda e 28 12

orientaccedilatildeo por parte dos familiares

Eacute importante que os pais comecem a brincar com a crianccedila desde os

primeiros meses de vida Durante os dois primeiros anos os principais 8

jogos satildeo baseados na imitaccedilatildeo de sons e movimentos

54

Brincadeiras sugeridas para crianccedilas ateacute 2 anos

Ensinar a dar ldquotchaurdquo e mandar beijo

Em alguns casos as matildeos da crianccedila se encontram permanentemente

fechadas sendo necessaacuterio que ela reconheccedila as matildeos para utilizaacute-las de

diferentes formas agarrar segurar largar cheirar e sentir os objetos

Algumas sugestotildees para ajudar a crianccedila a conscientizar-se sobre as matildeos 2

satildeo apresentadas abaixo

Ensinar a bater palmasCantar muacutesicas estimulando a crianccedila a repetir a melodiaPassar a matildeo da crianccedila no rosto e ao mesmo tempo nomear cada parte (olhos narizboca)

2Sugestotildees para a crianccedila adquirir conscientizaccedilatildeo das matildeos

Amarrar um pedaccedilo de fita colorida nos dedos da crianccedila deixando

as extremidades compridas para que a crianccedila possa puxaacute-las

Desenhar com caneta um ldquorostordquo na palma e nos dorso da matildeo da crianccedilaEsfregar a matildeo da crianccedila em diferentes texturas como latilde algodatildeo

bucha de banho espuma cobertores e outras

Colocar a matildeo da crianccedila dentro de uma bacia com aacutegua feijatildeo folhas

bolinhas de isopor e outros materiais

55

Existem diversos tipos de brincadeiras e jogos portanto os pais precisam

observar em quais destes a crianccedila demonstra maior interesse satisfaccedilatildeo e

empolgaccedilatildeo o que facilitaraacute o processo de aprendizagem Alguns exemplos

de como brincar com a crianccedila atentando-se ao posicionamento adequado

satildeo apresentados a seguir (Figuras 60 61 62 63 64) Eacute vaacutelido lembrar que

os posicionamentos apresentados nestas brincadeiras podem ser utilizados

em vaacuterias outras

Figura 60

Aprendendo percepccedilatildeo baacutesica com bolas e blocos A crianccedila deitada de lado explora objetos como bolas blocos e outros Os pais ajudam a dinamizar a atividade rolando a bola pra crianccedila empilhando os blocos e derrubando-os com a bola

Figura 61

Brincadeira ldquoO mestre mandourdquo Uma pessoa eacute escolhida para ser o mestre que daraacute as ordens para o outro imitar Por exemplo tocar o nariz e a orelha fazer uma careta bater palmas imitar um animal entre outras atividades Esta brincadeira pode ser desenvolvida com um maior nuacutemero de pessoas (irmatildeos colegas outros)

56

Figura 62

Crianccedila brincando de retirar e colocar objetos em uma caixa O cuidador proporciona maior estabilidade para crianccedila atraveacutes das pernas Caso a crianccedila apresente um bom controle de tronco na postura sentada o apoio fornecido natildeo seraacute necessaacuterio

Figura 63

Crianccedila brincando de frente para o espelho Os pais sentam a crianccedila no colo mantendo as pernas da crianccedila separadas e o tronco alinhado Para despertar o interesse da crianccedilautilizam-se bonecos bolas de succcedilatildeo que se prendem ao espelho

57

O importante eacute a crianccedila se divertir aleacutem de aprender e para isso os pais devem usar toda criatividade para inventar novas brincadeiras e ateacute mesmo novos brinquedos que podem ser confeccionados com objetos caseiros e materiais descartaacuteveis (Figuras 65 66 67)

Figura 64

Cuidador contando uma histoacuteria para a crianccedila A crianccedila fica de peacute entre as pernas do cuidador e enquanto a histoacuteria eacute contada pede-se a crianccedila para tocar nas figuras e contornaacute-las com os dedos

Figura 65

Crianccedila brincando de boliche O cuidador pode confeccionar o jogo de boliche com garrafas descartaacuteveis A parte superior do tronco da crianccedila pode ser posicionada no colo do cuidador que estaacute sentado no chatildeo para facilitar a utilizaccedilatildeo dos braccedilos e a extensatildeo do tronco Outra forma de posicionar a crianccedila eacute colocando um rolo embaixo da parte superior do tronco como jaacute apresentado anteriormente

58

Figura 66

Crianccedila brincando de jogar ldquosaquinhordquo de feijatildeo ao inveacutes da bola Como algumas crianccedilas natildeo apresentaratildeo habilidade para segurar e jogar uma bola independente do tamanho uma adaptaccedilatildeo que pode ser realizada eacute encher um saquinho com feijatildeo para ser jogado pois este eacute mais faacutecil para segurar e jogar O cuidador se posiciona sentado ou de peacute agrave frente da crianccedila dependendo da posiccedilatildeo que a mesma se encontre Assim um joga o saquinho para o outro de modo que ambos se movimentem bastante para alcanccedilar o objeto e jogaacute-lo novamente

Figura 67

Crianccedila brincando de construir uma torre Os componentes da torre podem ser confeccionados com potes de plaacutestico ou latas O cuidador se posicionaraacute atraacutes da crianccedila ajudando-a a construir a torre se necessaacuterio Ao final a torre pode ser derrubada e montada novamente

59

8Sugestotildees de brincadeiras para crianccedilas com comprometimento grave

Contar histoacuterias mostrando os personagens do livro para a crianccedila

Mesmo a crianccedila gravemente comprometida que natildeo apresenta controle

de cabeccedila e tronco natildeo consegue se equilibrar e natildeo utiliza as matildeos pode

e deve vivenciar diferentes brincadeiras Apesar de natildeo poderem falar ou

se movimentar expressaratildeo atraveacutes da face se estatildeo satisfeitas e se

divertindo com a brincadeira Desta forma os pais podem estabelecer outros

meios de comunicaccedilatildeo com a crianccedila por exemplo fechar os olhos quer

dizer ldquosimrdquo colocar a liacutengua para fora quer dizer ldquonatildeordquo Algumas sugestotildees

de brincadeiras satildeo apresentadas a seguir

Sentar a crianccedila em um espaccedilo limitado e colocar vaacuterios brinquedos sobre o corpo da crianccedila e em volta dela para que ela os observe e talvez ateacute os empurre O cuidador pode inventar uma histoacuteria a partir do objeto que a despertou maior interesse atraveacutes do olhar

Construir uma torre com cubos coloridos de modo que a crianccedila indique com o olhar qual a proacutexima peccedila que ela quer que seja encaixada Ao final o cuidador movimenta a matildeo da crianccedila para derrubar a torre

Brincar de ldquoesconde-esconderdquo ou de ldquopiquerdquo de modo que os pais carreguem a crianccedila ou empurrem a cadeira de rodas

60

Dicas Importantes

A descoberta de brincadeiras prazerosas que ocasionem uma resposta efetiva por parte da crianccedila com comprometimento grave pode envolver muitas tentativas e erros o importante eacute natildeo desistir

As brincadeiras devem ser incluiacutedas durante as atividades de cuidados diaacuterios sempre que possiacutevel

Os pais precisam escolher brinquedos que estejam de acordo com o niacutevel de desenvolvimento habilidades e faixa etaacuteria da crianccedila

Os pais devem oferecer ajuda somente quando necessaacuterio e orientar a brincadeira com frases curtas

A crianccedila natildeo se ldquoquebraraacuterdquo portanto os pais devem permitir que ela vivencie diferentes brincadeiras em ambientes distintos Levar a crianccedila ao parque ou agrave pracinha deixando que ela brinque em uma caixa de areia ou em um gramado eacute uma boa opccedilatildeo

Se a crianccedila apresenta habilidades para mover-se e equilibrar-se os pais devem priorizar brincadeiras que envolvam a movimentaccedilatildeo da crianccedila em diversas direccedilotildees

A maioria das crianccedilas gosta de muacutesica podendo esta ser um fator estimulante e relaxante natildeo soacute durante as brincadeiras mas tambeacutem durante outras atividades

61

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

62

ANOTACcedilOtildeESDUacuteVIDAS

63

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS1-ROSENBAUM P et al A report the definition and classification of

cerebral palsy April 2006 Dev Med Child Neurol v 109 p8-14 2007

2-GERALIS E Crianccedilas com Paralisia Cerebral Guia para pais e

educadores Traduccedilatildeo de Maria Regina Lucena Borges-Osoacuterio 2ed Porto

Alegre Artmed 2007 288p

3-BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Diretrizes

de Atenccedilatildeo agrave Pessoa com Paralisia Cerebral Brasiacutelia DF 2013 75p

4-OSHEA TM Diagnosis Treatment and Prevention of Cerebral Palsy

in Near-TermTerm Infants Clinical Obstetrics and Gynecology v51

n4 p816-828 2008

5- MOURA EW SILVA PAC A importacircncia do brincar e da famiacutelia

no processo de reabilitaccedilatildeo In BORGES D et al Fisioterapia aspectos

cliacutenicos e praacuteticos da reabilitaccedilatildeo 1ed Satildeo Paulo Artes meacutedicas 2005

p3-10

6-COMMITTEE ON HOSPITAL CARE AND INSTITUTE FOR PATIENT-

AND FAMILY-CENTERED CARE Patient- and Family-Centered Care and

the Pediatricians Role v129 n2 p394-404 2012Pediatrics

7-CESA CC et al Funccedilotildees do sistema estomatognaacutetico e reflexos motores orais em crianccedilas com encefalopatia crocircnica infantil do tipo quadriparesia espaacutestica Revista CEFAC v6 n2 p158-63 2004

8-FINNIE NR O manuseio em casa da crianccedila com paralisia cerebral

Traduccedilatildeo de Maria da Graccedila Figueiroacute da Silva 3ed Satildeo Paulo Manole 2000 314p

9-MORRELL DS PEARSON JM SAUSER DD Progressive Bone

and Joint Abnormalities of the Spine and Lower Extremities in Cerebral

Palsy RadioGraphics v22 n2 p257ndash268 2002

10-CURY VCR et al Efeitos do uso de oacutertese na mobilidade funcional de crianccedilas com paralisia cerebral Revista Brasileira de Fisioterapia v10 n1 p67-74 200611-CARGNIN APM MAZZITELLI C Proposta de Tratamento Fisioterapecircutico para Crianccedilas Portadoras de Paralisia Cerebral Espaacutestica com Ecircnfase nas Alteraccedilotildees Musculoesqueleacuteticas Revista Neurociecircncias v11 n1 p34-39 2003

91

CONCLUSOtildeES GERAIS

O artigo que compotildee a primeira parte deste trabalho salienta que a inexistecircncia

de parcerias e troca de informaccedilotildees ainda satildeo constantes na relaccedilatildeo profissional-famiacutelia-

paciente Foi possiacutevel perceber que para atenuar tal distanciamento eacute necessaacuterio que o

profissional da sauacutede tome a iniciativa de ouvir os familiares com mais frequecircncia

questionaacute-los acerca das dificuldades e anseios orientaacute-los e explicaacute-los acerca das

propostas de tratamento ou seja estabelecer uma relaccedilatildeo de maior proximidade que

poderaacute ampliar o niacutevel de conhecimento confianccedila e seguranccedila desses

Como alertado no manual nem todas as sugestotildees apresentadas se aplicaratildeo a

qualquer crianccedila com paralisia cerebral visto que esta condiccedilatildeo desenvolve-se de forma

peculiar em cada indiviacuteduo Entretanto o estabelecimento de algumas diretrizes pode

propiciar aos pais um melhor entendimento sobre o que eacute a paralisia cerebral e como

prover os cuidados diaacuterios aleacutem de evitar a instalaccedilatildeo de deformidades irreversiacuteveis

Este conhecimento tornaraacute mais faacutecil o cumprimento de algumas tarefas a convivecircncia

com a crianccedila possibilitando ateacute o surgimento de questotildees por parte dos cuidadores o

que poderaacute contribuir para a melhora das habilidades motora cognitiva e social da

crianccedila Desta forma espera-se que este manual seja valorizado e utilizado natildeo soacute pelos

pais mas tambeacutem pelos profissionais da aacuterea da sauacutede agrave medida que o apresentem agrave

famiacutelia de forma a despertar o interesse de aprender e desenvolver as orientaccedilotildees

propostas

Cabe ressaltar que este estudo evidenciou a limitaccedilatildeo de pesquisas relacionadas

aos cuidados diaacuterios prestados a pessoas com paralisia cerebral indicando a necessidade

de novos trabalhos com desenhos metodoloacutegicos mais especiacuteficos que permitam

esclarecer questotildees ainda obscuras relativas ao cuidar Sugere-se o desenvolvimento de

pesquisas que envolvam entrevistas com os cuidadores e visitas em ambiente domiciliar

de modo a elucidar aspectos da dinacircmica familiar que vatildeo aleacutem das caracteriacutesticas

cliacutenicas da paralisia cerebral Recomenda-se tambeacutem o desenvolvimento de estudos

longitudinais para verificar os benefiacutecios do uso do manual ao longo do tempo e

identificar possiacuteveis lacunas do conteuacutedo que podem indicar a necessidade de

reestruturaccedilatildeo do material

Page 18: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 19: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 20: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 21: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 22: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 23: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 24: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 25: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 26: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 27: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 28: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 29: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 30: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 31: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 32: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 33: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 34: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 35: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 36: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 37: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 38: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 39: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 40: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 41: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 42: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 43: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 44: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 45: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 46: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 47: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 48: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 49: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 50: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 51: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 52: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 53: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 54: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 55: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 56: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 57: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 58: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 59: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 60: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 61: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 62: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 63: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 64: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 65: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 66: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 67: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 68: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 69: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 70: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 71: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 72: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 73: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 74: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 75: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 76: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 77: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 78: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 79: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 80: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 81: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 82: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 83: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 84: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 85: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 86: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 87: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 88: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 89: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 90: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 91: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 92: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 93: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 94: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 95: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 96: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 97: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 98: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 99: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA
Page 100: ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM PARALISIA