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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …...A Dislexia e suas implicações no contexto escolar: uma questão emergente para os educadores. Autor: Cleto de Assis Alves1 Orientador:

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …...A Dislexia e suas implicações no contexto escolar: uma questão emergente para os educadores. Autor: Cleto de Assis Alves1 Orientador:

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …...A Dislexia e suas implicações no contexto escolar: uma questão emergente para os educadores. Autor: Cleto de Assis Alves1 Orientador:

A Dislexia e suas implicações no contexto escolar: uma questão

emergente para os educadores.

Autor: Cleto de Assis Alves1

Orientador: Oriomar Skalinski Junior2 Resumo: O presente artigo tem o objetivo de apresentar os resultados dos estudos relativos à temática da Dislexia desenvolvidos ao longo das etapas do PDE, bem como relatar e problematizar a experiência por nós implementada, no sentido da promoção da formação continuada acerca do tema, junto a professores da rede estadual de ensino. Inicialmente são apresentadas as características do transtorno, suas causas e critérios diagnósticos, para em seguida se discutir possibilidades objetivas de intervenção pedagógica junto a esses alunos. No quadro da discussão das Necessidades Educativas Especiais (NEE), passa-se ao relato da vivência do trabalho realizado com professores, a partir da descrição de suas experiências e da identificação de suas demandas, no sentido de se instrumentalizarem conceitualmente para o trabalho com esses alunos. Os resultados dos estudos teóricos realizados, bem como da experiência de ordem empírica junto aos professores, revelaram uma franca necessidade do fortalecimento das ações inclusivas no ambiente escolar. Nesse sentido, o investimento nas condições objetivas que podem ser oferecidas a esses alunos na escola, bem como na formação continuada de professores, mostram-se como desafios emergentes dentro do contexto escolar na contemporaneidade. Palavras-chave: Necessidades Educativas Especiais. Dislexia. Formação Continuada de Professores. Inclusão.

Considerações iniciais

Ao empreendermos uma revisão histórica verificamos que os estudos

sobre a dislexia remetem ao final do século XIX, com a quantidade de

pesquisas sobre o assunto tendo crescido muito ao longo do tempo. Os

debates contemporâneos quando abordam as questões relativas à dislexia no

âmbito do ensino, dão conta da necessidade de envolvimento de toda a

comunidade escolar, com vistas ao enfrentamento dos desafios ligados à

superação das dificuldades apresentadas por alunos disléxicos. Assim, cursos

1 Formação Licenciatura em Matemática - UEPG. Especialista em Psicopedagogia; Gestão

Democrática Escola Pública, Colégio Estadual General Osório, Ponta Grossa-PR, Brasil. 2Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2014).Professor Adjunto da

Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR, Brasil.

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e palestrascapazes de esclarecer os pais sobre essas questões e,

principalmente,investimento na formação continuada de professores, mostram-

se imprescindíveis para a promoção de uma efetiva inclusão desses alunos no

ensino regular.

As principais características de um aluno com dislexia são a dificuldade

persistente na aquisição da leitura,com um concomitante atraso em seu

desenvolvimento global, bem como o emprego da linguagem abaixo do

esperado para sua idade cronológica e nível intelectual.

A temática da dislexia na medida da necessidade de seu enfrentamento

no âmbito escolar foi por nós escolhida em razão de verificarmos, entre

educadores da rede estadual de ensino, uma recorrente preocupação frente às

dificuldades na leitura e na escrita, presentes tanto no ensino fundamental

quanto no ensino médio.

Atualmente, a dislexia é um tema bastante divulgado pelos meios de

comunicação, o que contribui para que aos poucos os educadores sejam

sensibilizados no atinente a essa questão e acabem porbuscar conhecimento e

informações no sentido de auxiliar os alunos com esse diagnóstico. Assim,

tendo como objetivo contribuir para a formação continuada dos

educadores/professores, ao abordarmos as questões relativas à dislexia, por

meio de subsídios teóricos e práticos, buscamos contribuir para que o

transtorno possa ser melhor compreendido no âmbito da comunidade escolar.

O presente trabalho procurou orientar educadores e professores,

fornecendo informações teóricas acerca das causas, das características e das

implicações da dislexia no processo ensino-aprendizagem. Também tivemos

como objetivo apresentar estratégias para o trabalho com o aluno disléxico,

com destaque para a importância da aproximação entre professores, alunos e

pais, visando estabelecer uma aliança de trabalho capaz de contribuir para a

superação das dificuldades pedagógicas.

Ainda, cumpre destacar que o presente artigo é um desdobramento das

reflexões presentes no material didático por nós produzido, elaborado com

vistas à promoção da inclusão do aluno disléxico. Material esse que foi

empregado em cursos ministrados de forma presencial e à distância, e por

meio do qual foi proporcionado aos educadores subsídios teóricos para a sua

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ação pedagógica, abordando as causas, os sintomas e as consequências da

dislexia quando avaliada no âmbito do desenvolvimento escolar.

1- A dislexia como transtorno: dimensões históricas e conceituais

A escola regularpor meio da educação formal tem como compromisso

fundamental introduzir o aluno no mundo social, cultural e científico, direito que

deve ser garantido a todo ser humano. O desafio da inclusão de alunos com

necessidades educativas especiais (NEE), presente em nossas escolas, nos

remete a uma prática educativa que aponte para o respeito e para a

inclusãodesses estudantes, respeitando a sua individualidade e o seu ritmo de

aprendizagem.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Especial (PARANÁ,

2006), a inclusão e a diversidade são temas quem vem sendo discutidos

amplamente na última década. Diversos congressos, debates e produções

acadêmicas têm enfatizado a temática, assim como a mídia tem chamado a

atenção para a questão. Porém, isto não significa que a inclusão esteja sendo

realizada efetivamente em nossa sociedade, onde diversos grupos encontram-

se ainda marginalizados, sofrem preconceito, não tem voz, sendo-lhes negados

direitos garantidos por lei a todos os cidadãos.

Dentre os vários aspectos que afetam os processos de aprendizagem, a

Dislexia é um fenômeno que tem chamado a atenção no contexto educacional

das últimas décadas. O conceito de dislexia é amplo e contempla uma série de

distúrbios de linguagem: problemas de leitura, em aquisição e capacidade de

escrever e soletrar. Dificuldades a princípio não esperadas em relação a idade

e que, muitas vezes, levam a criança/adolescente a experimentar uma

sensação de inferioridade em relação aos colegas.

Ao avaliarmos a questão historicamente verificamos diferentes

concepções acerca da dislexia, como as ligadas à ideia de "leitor fraco" ou

"mau leitor", ou ainda a classificações tais como: "dificuldade com as palavras",

"cegueira verbal" e "cegueira mental".Muskat e Rizzutti (2012) se referem à

morfologia da palavra dislexia, indicam que dyssignifica uma disfunção, um

funcionamento anormal ou prejudicado, enquanto lexia remete à linguagem em

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um sentido amplo. Já Massi (2007) a classifica como um distúrbio da

aprendizagem específico da linguagem, afirmando que:

Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sociocultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldades com diferentes formas de linguagem, frequentemente incluídos problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar.(MASSI,2007,p.44).

A escola enquanto instituição que tem entre suas finalidades a

transmissão do conhecimento acumulado ao longo da história da humanidade

às novas gerações, cumpre portanto uma função decisiva no sentido da

superação das dificuldades dos alunos disléxicos.

2- A dislexia: causas e diagnóstico

A delimitação das causas da dislexia precisa levar em conta diversos

aspectos que de alguma forma refletem na vida escolar dos educandos, por

exemplo, fatores: genéticos, neurológicos, psicológicos, culturais e

educacionais.

A identificação precoce da dislexia se faz necessária, para criação de

meios de encaminhamento no plano educacional, a fim de viabilizar

proposições e intervenções no sentido do enfrentamento das dificuldades. Esta

identificação deve ocorrer, preferencialmente, por meio de uma avaliação

pedagógica desenvolvida por uma equipe multidisciplinar. Conforme Fonseca a

"[...] avaliação psicopedagógica deve levar-nos aos mais válidos métodos

pedagógicos e reabilitativos, subtendendo uma estreita e intrínseca relação

entre o diagnóstico e a intervenção". (1995, p.74).

O diagnóstico de dislexia é resultado da avaliação psicopedagógica que

deve trazer a indicação para acompanhamento específico, em diversas áreas

profissionais, tais como a fonoaudiologia, a psicologia, a psicopedagogia, a

neurologia, entre outros, de acordo com a dificuldade e o nível de dislexia

constatados.A equipe de profissionais verificará as possibilidades

(dificuldades/avanços) antes de confirmar se o educando terá o diagnóstico de

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dislexia. Durante este processo é muito importante ter vários pareceres da

escola, dos pais e levantar o histórico familiar (se teve alguém na família com

esta dificuldade) e qual a evolução do aluno.

O uso de testes é um recurso muito utilizado para se obter informações

sobre o aluno. Ao final do diagnóstico deve-se conseguir uma visão global do

avaliado, considerando-se, inclusive, uma contextualização familiar, escolar e

social. Por meio do diagnóstico, podemos considerar em que medidao

indivíduo disléxico necessita de orientação e amparo, pois muitas vezes esse

aluno é confundido como incapaz, sendo que o mesmo tem um grande

potencial e condições de aprender com o uso de estratégias e metodologias

adequadas.

3- A dislexia no ambiente escolar

É na escola que os sintomasda dislexia costumam ser identificados

inicialmente, em razão de ser o espaço em que a leitura e a escrita são

constantemente utilizadas e valorizadas.Assim, costumam aparecer queixas

relativas à dificuldade de leitura e de escrita. Para além disso, muitas vezes

também se verifica que os alunos podem estar desmotivados, ou ter

desenvolvido sentimentos de inferioridade perante os colegas, bem como

experimentar angústias, frustrações e sofrimento.

A família, muitas vezes se sente impotente diante das dificuldades, o

que aliado a sentimentos de desamparo, de angústia e de confusão, faz com

que não consigam encontrar e oferecer caminhos efetivos para a superação

das dificuldades do indivíduo. Ainda, o educador, também pode se sentir

despreparado e sem ação para resolver as dificuldades, por desconhecer

causas e métodos a serem empregados com alunos que tenham essa NEE.

Diante deste contexto, devemos repensar o papel daescola nesses

casos, buscando tornar a sala de aula mais acolhedora, com um olhar

diferenciado, mais humano, com menos preconceito e mais informações,

orientações que auxiliem os alunos com dislexia.

No entanto alguns desafios se apresentam nesta caminhada, dentro os

quais podemos destacar: a) Os disléxicos são infelizmente as principais vítimas

do insucesso escolar (reprovações, desistências), devido ao desconhecimento

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dos educadores sobre dislexia; b) A necessidade das universidades

repensarem a formação de professores, no relativo aos conteúdos sobre

distúrbios e dificuldades de aprendizagem; c) A necessidade de formação

específica para os professores das séries iniciais, no atinente aos distúrbios e

dificuldades de aprendizagem; d) A Necessidade de ações mais efetivas dos

gestores educacionais, fornecendo formação continuada na área de

dificuldades de aprendizagem.

Outra questão que se coloca de maneira muito importante no trato com

os alunos com NEE, diz respeito à avaliação em suas diferentes modalidades e

possibilidades. No Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil,em seu

livro de introdução, o item "Observação, registro e avaliação formativa", nos

traz uma visão da avaliação: "[...] um conjunto de ações que auxiliam o

professor a refletir sobre as condições de aprendizagens, oferecidas para

ajustar a sua prática às necessidades colocadas pela criança" (BRASIL,1998,

p. 59). Não sendo classificatória, punitiva ou promocional. O documento

completa, acerca da avaliação:

É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita o professor definir critérios para planejar atividades e criar situações que geram avanços na aprendizagem das crianças tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo.(BRASIL, 1998,p. 59).

Nesse mesmo sentido, vale destacar a afirmação de Alvarez Mendez

(1993) quando escreve que:

[...] avaliar é conhecer, é contrastar, é delegar, é indagar,é argumentar, é deliberar, é raciocinar, é aprender. Em termos gerais, realmente comprometido com a racionalidade prática e crítica, quem avaliar quer conhecer, valorizar, ponderar, discriminar, contrastar, o valor de uma ação humana,de um processo resultante. (ALVAREZ MENDEZ, 1993,p.66).

A avaliação escolar assume um papel amplo: sua função deve ser

formativa, na medida em que lhe cabe a função de subsidiar o trabalho

pedagógico redirecionando o processo ensino-aprendizagem, para sanar as

dificuldades encontradas na aquisição de conhecimentos, aperfeiçoando a

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prática escolar. Assim, faz-se necessário reorganizar os processos

avaliativos,buscando maneira diferenciadasvisando oportunizar a caminhada

do aluno disléxico no ambiente escolar. O educador deve ter o conhecimento,a

sensibilidade e a preocupação de estar voltado para a aprendizagem de seus

alunos que estão inseridos no contexto da inclusão. Ao conceber novas

maneiras de avaliação, bem como novas adaptações curriculares, de uma

forma consciente e coerente,cria-se um diferencial na vida do educando

disléxico, modificando sua forma de estudar e aprender, inclusive, mediante a

incorporação de novas metodologias, de novas maneiras de abordar os

conteúdos.

Vários são os desafios, mas a escola deve se preparar para receber o

aluno que apresenta algum tipo de transtorno ou dificuldade. Para tanto, é

importante estar informada para amparar esse aluno em suas necessidades,

sendo capaz de manter os professores e demais profissionais envolvidos no

processo ensino aprendizagem preparados e atualizados, para que possam

compreender e apoiar o aluno, por meio de metodologias pedagógicas

diferenciadas, respeitando o tempo e o ritmo do educando na realização de

suas atividades.É com o envolvimento de todos nós educadores, como

multiplicadores do conhecimento sobre dislexia, que iremos sensibilizar a

comunidade escolar sobre as dificuldades que os alunos disléxicos enfrentam.

4- A dislexia e as possibilidades de intervenção

A identificação precoce da dislexia é fundamental, para a viabilização de

meios de encaminhamento educacionais de intervenção, sendo necessário

implementar ações, formas diferentes de mediação pedagógica, que permitam

às crianças receberem os conteúdos de maneira adequada. Dessa forma:

“Pode ser que as condições mudem. Sem dúvida, o que antes era inabordável,

por não ter podido compreender ou não ter querido assimilar no ensino, será

dado de outra maneira”. (AJURIAGUERRA,1984, p.67).

Os métodos de ensino usados com os disléxicos tendem a colocar

ênfase sobre a fonética, a maior área de dificuldades. Vários estudos

demonstram que os disléxicos podem fazer um progresso razoável, quando

recebem uma instrução sistemática. Destaca-se a aplicação do método

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sintético, que parte do elemento, exatamente de correspondência fonema-

grafema, para chegar a sílaba, depois a palavra e por último a frase.

(MUSZKAT; RIZZUTTI, 2012). Nesse sentido:

[...] dois métodos de alfabetização são especialmente indicados para os indivíduos com dislexia: o Método Multissensorial é o mais indicado para as crianças mais velhas, que já possuem um histórico de fracasso escolar, o método fônico é indicado para crianças mais jovens e deve ser introduzido logo no início da alfabetização. (MUSZKAT; RIZZUTTI, 2012, p. 69).

Ainda, acerca do envolvimento dos alunos e da adaptação dos métodos

de ensino, Schlünzen afirma que:

Um dos grandes desafios de conceber um ensino de qualidade é o professor descobrir como usar diferentes recursos disponíveis na sociedade da informação e do conhecimento atual, permitindo a transformação do aluno especial em agente do seu próprio desenvolvimento intelectual, afetivo e social. O papel do professor deve ser o de possibilitar essa nova maneira de construir o conhecimento, reinterpretando o seu papel e transformando-se em mediador. (2000, p. 25).

Essas crianças/adolescentes/adultos muitas vezes acabam sendo vistas

com“problemas”, na medida em que não se enquadram aos parâmetros a

princípio esperados no ensino regular. Elas não atingem satisfatoriamente os

objetivos inicialmente propostos,considerando-se um padrão de sequência, de

velocidade e de resultados.

A dislexia é reconhecida principalmente no momento em que tem início o

processo formal de alfabetização, pois ela se refere a uma dificuldade

específica no aprendizado da leitura e da escrita, enquanto outros aspectos do

desenvolvimento evoluem de modo mais favorável.

Os transtornos de aprendizagem, em geral,caracterizam-se pela

presença de um conjunto de sintomas. Sendo que a área mais afetada tende a

ser a da linguagem. Tais dificuldades são mais persistentes do que o normal e

podem se manifestar na forma de indícios como os apontados a seguir:

Atrasos na aquisição da linguagem falada;

Maior lentidão no desenvolvimento da linguagem;

Omissão, substituição ou inversão de fonemas;

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Dificuldades em encontrar palavras adequadas para se expressar,

trocando, substituindo os nomes por expressões tais como: “aquele

negócio”, “a coisa”, “isso”, “esse”.

Vocabulário reduzido;

Dificuldades para organizar ideias, relatos e explicações;

Dificuldades com jogos e brincadeiras, envolvendo nomes em sequência

ou rimas;

Dificuldades ou limitações para aprendizagem de um modo geral;

Dificuldade para memorizar sequências (contagem de números, dias da

semana, meses do ano, alfabeto), compreender números e horas;

Dificuldades em organizar ou planejar uma sucessão de ações para

chegar a um determinado fim;

Recusa, ansiedade, demora, indiferença e até mesmo choro,frente às

situações que considera mais desafiadoras;

Atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem.

Ainda, no início da alfabetização alguns problemas podem ficar mais

evidentes e merecem uma maior atenção dos professores, tais como:

Dificuldades para aprender o nome das letras;

Dificuldades para fazer a relação entre letras e sons correspondentes;

Dificuldades segmentar as palavras em símbolos e, principalmente, em

fonemas;

Dificuldades para reconhecer letras;

Leitura lenta, mesmo em palavras curtas e simples;

Dificuldade para reconhecer palavras;

Compreensão do texto prejudicada, principalmente pelas alterações ou

confusões durante a leitura das palavras;

Erros ortográficos mais numerosos e mais diversificados do que o

esperado para a série cursada;

Dificuldades para elaboração de textos.

As faltas de atenção, de preparo e de informações frente aos

indicadores de risco nas séries iniciais, têm provocado uma série de

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problemas, que afetam e se agravam nas séries posteriores.Ao identificar o

aluno com dificuldades, estaremos oportunizando a esses educandos serem

atendidos/orientados por profissionais especializados, visando um

encaminhamento para avaliação e diagnóstico, por meio dos quais a escola, os

professores e os pais terão orientação acerca de como auxiliar este indivíduo.

Entre os diversos desafios a serem vencidos, a falta de informações e a

pouca flexibilidade de ações metodológicas, são uma enorme dificuldade para

se fazer qualquer mudança ou adaptação que não esteja prevista ou

programada no planejamento do educador e no método da escola. Dentre as

possibilidades de ação relativas ao processo ensino-aprendizagem que podem

ser empregadas, destacamos as seguintes:

Questões formuladas de modo claro e objetivo;

Possibilidade de consulta, visando sustentar a elaboração do raciocínio;

Diferenciar os erros de ortografia e pontuação de erros de entendimento

ou compreensão;

Facilitar a decodificação do texto (uso do dicionário) para que o aluno

tenha acesso ao significado;

Valorizar o empenho e o trabalho em si (sem desmerecer por erros

eventuais);

Entender a avaliação como uma oportunidade para o aluno refletir ou

reelaborar os temas apresentados ou estudados. As respostas certas e

erradas, devem ser exploradas no sentido de orientar o uso de novas

estratégias;

Os enunciados devem ser lidos com calma, em voz alta certificando-se

que o aluno com dificuldades entendeu;

Dar assistência durante a avaliação, bem como prazos maiores para sua

resolução;

Manter contato visual com os alunos durante as explicações, se

necessário coloque-o próximo da mesa do professor para facilitar a

interação;

Propiciar o uso de recursos alternativos como, por exemplo, o

computador;

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Incentivar e valorizar as conquistas que a criança atingir, valorizando as

diferentes habilidades que demonstra;

Ler sempre para e com a criança, mesmo que ela já tinha alguma

habilidade de leitura. Um leitor mais maduro sempre pode servir de

modelo da forma pela qual uma leitura pode ser organizada.

Zorzi (2008) ao discutir a questão da dificuldade de aprendizagem nos

leva ao seguinte ponto para reflexão:

Uma grande caminhada se faz a passos pequenos. Precisamos, por esta razão, aprender a apreciar cada pequeno avanço que a criança vai conseguindo. Precisamos estimar situações que propiciem esses pequenos deslocamentos. Eles podem ser pequenos, quando comparados com a dimensão da caminhada total, mas também podem ser grandes, quando considerados em sua importância no sentido de produzir movimento, de gerar novas descobertas e conhecimento.(p. 33).

As sugestões relacionadas, aliadas a ações pedagógicas inovadoras,

representam pequenos passos, no entanto, passos firmes na direção de

conhecimentos importantes no auxílio ao aluno com dificuldades. Nesse

quadro, o papel do professor é muito importante nesta caminhada, sendo o

diferencial auxiliando, orientando na intervenção, oportunizando avanços na

aprendizagem mediante o emprego de metodologias diferenciadas.

Ao discutirmos sobre o tema dislexia, é muito importante conhecermos

as leis e pareceres que contemplam esta temática, destaca-se aqui a Lei de

diretrizes e bases da educação nacional, lei 9394/96 (LDB):

Art.12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e os do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - Elaborar e executar sua Proposta Pedagógica; V - Prover meios para a recuperação para os alunos de menor rendimento; Art.13 - Os docentes incumbir-se-ão de: III - Zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento. (BRASIL, 1996).

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No Estado do Paraná o aluno disléxico, de acordo com a Instrução n°

016/2011,é contemplado com o direito de receber atendimento na sala de

recursos, em razão de precisar de intervenções pedagógicas que possam dar

conta das dificuldades relacionadas a esse transtorno funcional específico

(SEED/SUED,2011). Assim, é necessário por parte de todos os educadores

uma reflexão coletiva sobre o planejamento incluindo atividades educativas,

recursos e avaliações diferenciadas visando garantir a aprendizagem desses

alunos. Segundo Mantoan (2002), para construir sistemas educacionais

inclusivos, é necessário recriar o modelo educativo, ou seja, rever

primeiramente o que ensinamos aos alunos e, depois, como ensinamos,

visando ao estabelecimento de práticas motivadoras, que propiciem o

crescimento do indivíduo, o seu desenvolvimento ético, moral e o seu senso de

justiça.

O aluno disléxico necessita de compreensão, acompanhamento,

acolhimento e também respeito em relação à sua individualidade,

desenvolvimento. Esse aluno precisa se perceber como um ser capaz,

inteligente, e também verificar que é possível amenizar suas dificuldades, com

um trabalho sério e comprometido de todos (aluno/escola/família). Assim, com

certeza conseguirá desenvolver-se psicologicamente, afetivamente,

socialmente e academicamente, com valores sociais e éticos, conseguindo

levar uma vida normal com capacidade de vencer e se realizar pessoalmente e

profissionalmente.

Ao oportunizar e considerar as possíveis dificuldades que os educandos

terão em seus projetos de vida, se faz necessário aprofundar e refletir acerca

do envolvimento de todos, no sentido de minimizar os efeitos que a dislexia

causa na vida escolar. Assim, cabe aos educadores prever alternativas,

selecionar materiais e recursos para que se ajustem às necessidades das

crianças e enfrentem os desafios escolares com maior eficiência.

5- A vivência no trabalho com professores: a dislexia como tema de

formação continuada

A troca de experiências e de vivências experimentadas em nossas

ações de formação continuada em diferentes unidades escolares, com

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diferentes pensamentos e reflexões, enriqueceram nossas discussões sobre o

tema dislexia, revelando que temos muitos educadores sensibilizados e

preocupados com os educandos, principalmente com os educandos com NEE.

A formação continuada é um espaço diferencial para o educador

comprometido em auxiliar/ajudar o educando. Destaca-se como elemento a ser

pensado nessa circunstância o fato de que o indivíduo que apresenta dislexia

não possui deficiência em si, mas necessita de orientação. Com esse amparo

pode desenvolver-se durante o processo de aquisição da leitura, da escrita, do

cálculo, entre outros, pois muitas vezes esse aluno é considerado incapaz de

aprender efetivamente. Entretanto, o que se verifica é que o mesmo tem

potencialidades e condições de aprender com o uso de estratégias adequadas.

A participação dos professores foi fundamental em nosso trabalho com o

tema dislexia, nos proporcionando várias reflexões. As quais gostaríamos de

destacar em sete pontos:

Primeiro ponto. Ao analisar as ações realizadas podemos concluir que

os objetivos propostos foram contemplados. Foi muito importante mostrar aos

professores as dificuldades que nossos alunos podem apresentar durante a

aquisição da leitura e da escrita, como também outras dificuldades de

aprendizagem e levá-los a valorizar as diferentes capacidades dos indivíduos.

Além dos professores, a escola como um todo, principalmente a equipe

pedagógica, que é quem mantém maior contato com a família, também deve

ser envolvida nesse processo. Instrumentalizar professores e equipe

pedagógica é importante para o entendimento sobre dislexia.

Segundo ponto. Um projeto pedagógico elaborado e aplicado pelo

professor é de extrema necessidade frente ao contexto da educação inclusiva,

pois percebeu-se que com a realização desse trabalho foi possível

proporcionar aos cursistas um melhor entendimentodo que é dislexia. Também

foi importante nesse quadro demonstrar a importância da formação continuada

dos docentes, pois a dislexia ainda continua pouco conhecida para muitos

educadores. Sabe-se que por meio da capacitação o professor poderá ter um

olhar diferenciado para esses alunos, buscando estratégias para possibilitar ao

disléxico potencializar suas habilidades e aprendizagem, criando assim um

ambiente de ação profissional capaz de oferecer ao aluno instrumentos que o

auxiliem a ultrapassar essas dificuldades.

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Terceiro ponto. Dentre muitos aspectos que se destacaram no projeto de

intervenção pedagógica na escola, o que mais se destacou de forma positiva,

foi a possibilidade de destacar o fato de que o indivíduo que apresenta a

dislexia não possui uma deficiência em si, mas necessita de orientação e

amparo, para se desenvolver durante o processo de aquisição da leitura, da

escrita, do cálculo, entre outros. Por isso a necessidade de identificar a dislexia

precocemente e elaborar meios educacionais de intervenção. Durante o

desenvolvimento do projeto pudemos apontar aspectos positivos no sentido da

compressão, identificação e intervenção pedagógica por meio de atividades

concretas.

Quarto ponto. A elaboração de estratégias para o trabalho com os

alunos disléxicos, foi uma atividade que envolveu bastante os professores ao

longo da implementação, o fortalecimento desse vínculo de trabalho

certamente contribuiu para que eles possam dar continuidade e transmitir o que

aprenderam a outros colegas, em outras situações.

Quinto ponto. A proposta de estudo sobre dislexia foi muito proveitosa e

necessária para os professores, principalmente, para aqueles que não

conheciam as questões referentes às necessidadeseducativas especiais, com

destaque para os aspectos relativos às dificuldades e desafios enfrentados por

uma criança/adolescente com dislexia.

Sexto ponto. Ao escolher o tema tive certeza o quanto seria bom buscar

mais informações e trocar ideias com outros professores a respeito da dislexia.

Como aspecto positivo está todo o estudo e o trabalho do professor que

elaborou o projeto, inserindo nele o que percebe na realidade do aluno e da

escola, em relação a toda problemática que envolve a dislexia. Ao realizar as

leituras, pude perceber que a realidade que vivo em sala de aula é parecida

com a dos demais colegas, que estamos buscando juntos uma forma, que

favoreça e possibilite que nosso aluno disléxico tenha a oportunidade de

mostrar sua capacidade e seus talentos, verificando-se que ele é sim capaz de

aprender.

Sétimo ponto. São vários os aspectos importantes no projeto, ao

pensarmos o desafio da inclusão como uma nova forma de prática educativa,

no sentido de criar oportunidades ao acesso e permanência de crianças e

adolescentes na escola. De fato são vários os desafios, mas a escola deve se

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preparar para receber o aluno que apresenta algum tipo de necessidade

especial.Para tanto, é importante que o professor esteja bem preparado

pedagogicamente para amparar esses alunos em suas demandas particulares.

Os sete pontos por nós elencados mostram toda a preocupação em

acolher o aluno disléxico, por meio de um trabalho formativo com educadores,

a fim de sensibilizá-los quanto à questão e de oferecer informações

importantes sobre como trabalhar com esses alunos.Por meio de nossa ação

de formação continuada, acreditamos que tenhamos possibilitado aos

professores participantes a aquisição de novos conhecimentossobre a dislexia,

de modo a contribuir para que possam fazer a diferença em suas unidades

escolares. Com essa vivência e essas reflexões, destaca-se a importância de

que todos nós educadores nos sensibilizemosacerca da importância do estudo

sobre dislexia.

Nesse quadro, ainda cumpre destacar a flexibilidade como um

diferencial importante na ação do educador e na inclusão do aluno disléxico.

No dicionário Aurélio, a palavra “flexível”remete à ideia de ser adaptável às

circunstâncias. E as novas circunstâncias na escola nos levam a tomar

decisões pedagógicas que atendam a diversidade, incluindo social e

educacionalmenteos alunos (FERREIRA, 2011).

Entre várias ações desencadeadas no auxílio do entendimento sobre

dislexia, destaca-se as seguintes sugestões: a) Formação continuada de

professores; b) Orientações, nas semanas pedagógicas, dia de formação,

conselho de classe; c) Sugestões de filmes reportagens para ilustrar a questão;

d) Uso das redes sociais (para postar vídeos e textos) que abordem o tema; e)

Produção de textos informativos; f) Uso de dinâmicas; g) Uso de vídeos em

sala (inovando, motivando); h) Trabalhar com a classe o tema dislexia; i)

Materiais e metodologias diferenciadas na escola.

Por meio do plano de ação a equipe pedagógica poderá auxiliar os

educadores, no atendimento do aluno disléxico, como no exemplo do quadro a

seguir:

Ação Objetivo Estratégias

Mudanças na forma de avaliar o aluno disléxico.

Apresentar condições/ opções de instrumentos

Propor várias possibilidades/opções

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avaliativos diferenciados que auxiliem/atendam o processo de avaliação respeitando e oportunizando cada aluno em suas dificuldades.

de avaliação: -Provas orais; -Atividades diversificadas; -Observação de comportamento; -Desenhos; -Esquemas/ Fluxogramas.

Responsáveis Período Avaliação

Professores com apoio da equipe pedagógica e sala de recursos.

Durante todo o ano letivo.

-Através da observação dos resultados; -Uso do erro para propor novas estratégias.

Com essas ações exemplificadas,certamente é possível buscar por meio

da cooperação entre os diferentes agentes da comunidade escolar uma forma

adequada de trabalho pedagógico, que favoreça e possibilite ao educando

disléxico a oportunidade de se desenvolver em suas diferentes potencialidades.

Considerações finais

Este artigo procurou contribuir para informar e sensibilizar a comunidade

educativa sobre a necessidade de discussão e de estudo acerca da dislexia, na

medida das implicações que ela traz para o processo ensino-aprendizagem. O

seu histórico, a sua caracterização, as suas causas, as suas consequências e,

principalmente, a proposição de sugestões de intervenção junto ao aluno

disléxico, foram assim elementos-chave para o nosso trabalho ao longo do

PDE.

Com isso, esperamos ter contribuído com uma ação consistente no

sentido da formação continuada de professores na rede estadual de ensino,

discutindo de modo geral as necessidades educacionais especiais e,

particularmente, a questão da dislexia, ainda pouco conhecida pelos

educadores. Espera-se que nossa ação ainda possa se desdobrar em cursos,

palestras e seminários temáticos, em trabalhos realizados de modo articulado

com o corpo técnico das diferentes unidades escolares nas quais temos

inserção.

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Ao abordar as questões relativas à dislexia, por meio de subsídios

teóricos e práticos, com cursos nas modalidades à distância e presencial,

oportunizamos aos educadores conhecer a problemática que envolve a

dislexia, proporcionando reflexões que levaram a repensar a prática educativa,

com metodologias e técnicas diferenciadas que podem auxiliar o aluno

disléxico em sala de aula.

As reflexões realizadas de modo conjunto com os professores

participantes, destacaram a necessidade de formação continuada como uma

ação transformadora, visando a preparação para o exercício da inclusão nas

unidades escolares.Assim, reafirmamos a importância da escola como

instituição privilegiada para a socialização dos saberes acumulados

historicamente, bem como para a produção de novos saberes em seu cotidiano

nas relações de ensino e de aprendizagem.Portanto, a escola deve garantir as

condições necessárias para que o educando se desenvolva, monitorando e

verificando como a aprendizagem está acontecendo. Sendo necessário levar

em consideração a individualidade do aluno e suas necessidades particulares,

concebendo opções e metodologias diferenciadas para o crescimento desse

educando.

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