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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O JOGO COMO UMA TENDÊNCIA METODOLÓGICA PARA O
ENSINO DA MATEMÁTICA: possíveis contribuições
Ilda Dercach1
Professora PDE
Ana Lúcia Pereira Baccon2
Orientadora
Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar resultados da implementação da proposta pedagógica realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), a qual teve o jogo como uma tendência metodológica para o ensino das quatro operações matemáticas. As intervenções com os jogos foram realizadas em sala de aula e tiveram a participação de alunos do sexto ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Sagrado Coração de Maria, Ivaí, Paraná. Os resultados dessas intervenções nos permitem compreender que os alunos têm mais facilidade de aprender determinados conteúdos matemáticos através de metodologias voltadas para o seu cotidiano. Nessa perspectiva, o jogo como presença em vários momentos da vida dos alunos quer como competição, quer como passatempo, pode ser usado, estrategicamente, em sala de aula para despertar o interesse dos alunos na aprendizagem matemática de forma contextualizada e significativa.
Palavras-chave: Matemática. Jogo. Aprendizagem.
1 Introdução
O ensino atual da Matemática na escola é acompanhado por uma série de
mitos que apresentam o ensino da Matemática vinculado a uma série de dificuldades
no ato de ensinar e aprender, sem levar em conta as reformas no ensino e as
tendências assistidas no cenário da Educação Matemática.
1
Professora Da Rede Pública graduada em Ciências com habilitação em Matemática com Especialização em Educação Ambiental e Gestão de Educação no Campo atua no Colégio Estadual Sagrado Coração de Maria em Ivaí.
2 Professora Doutora em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação Mestrado e Doutorado e orientadora do PDE na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
O ensino da Matemática no contexto escolar é visto e considerado por muitos
como difícil, pois, muitas vezes, o seu ensino associa a ideia de fórmulas, regras e
cálculos aos modelos tradicionais.
Para essa mudança de concepção, Kammi (1995) ressalta que
primeiramente, há necessidade de inovação no ensino da Matemática para que os
resultados sejam satisfatórios.
Durante a minha trajetória como educadora, pude observar em sala de aula
que alguns alunos apresentam dificuldades e não conseguem desenvolver o
raciocínio lógico. Diante dos desafios e dilemas encontrados no processo de ensino
e aprendizagem em Matemática é que consideramos a necessidade de uma
proposta de trabalho que desperte interesse, auxilie na construção do conhecimento
e que estimule o aluno não só a aprender o conteúdo, mas também a desenvolver o
conhecimento matemático.
O presente estudo é fruto de uma implementação pedagógica realizada a
partir de um projeto desenvolvido no PDE que teve como local de aplicação, o
Colégio Estadual Sagrado de Maria, da cidade de Ivaí, Paraná.
Elencar o uso dos jogos como uma tendência metodológica na disciplina de
Matemática torna-se relevante devido ao interesse que se tem em apontar para as
práticas metodológicas diversificadas de modo a atender as necessidades de
aprendizagem.
O presente projeto foi realizado no Colégio Estadual Sagrado Coração de
Maria, no Município de Ivaí no Estado do Paraná como 6º (sexto) ano do Ensino
Fundamental por considerarmos essa etapa da educação básica essencial para que
o aluno descubra suas potencialidades e, a necessidade de se trabalhar com outras
habilidades para que esteja preparado para seguir em frente, encontrar e aprender
outros conteúdos complementares para a sua educação matemática.
Optou-se pela temática das quatro operações, considerando a fragilidade dos
alunos diante das operações. Essa informação foi possível a partir da observação
realizada em turmas que frequentam o 6° (sexto) ano.
2 O contexto histórico da Matemática
Historicamente, o ensino da Matemática passou por várias tendências
associadas à ideia de melhorar as técnicas de ensino e aprendizagem. Dessa forma,
o que se tem hoje no campo de Educação Matemática, deve-se às tendências em
Educação Matemática voltadas para ações que fundamentam a atuação docente no
contexto escolar.
Com as mudanças no ensino da Matemática, vieram as tendências
metodológicas para o ensino da Matemática. Dentre elas, temos o jogo que tem sido
considerado como recurso didático eficiente em sala de aula por atuarem em
situações de ensino e aprendizagem. Além disso, a utilidade dos jogos busca o
estímulo, a reflexão e análise no aluno que desenvolvera um pensamento abstrato
sobre a real situação.
Segundo Bittar e Freitas (2005, p.29), “o jogo em sala de aula pode ser eficaz
para aumentar a concentração e a atividade mental e assim contribuir para o
envolvimento das crianças em atividades matemáticas”.
É notável que a exposição dos jogos como recurso didático em sala de aula,
requer conhecimentos teóricos e práticos do professor acerca dos jogos para que o
mesmo saiba adequá-los à faixa etária, as propostas do seu planejamento, a
necessidade do seu conteúdo, etc.
De acordo com Kammi (1995, p.45):
Inovar o ensino da matemática geralmente relaciona-se com o desenvolvimento de novas metodologias de ensino que complementem o conteúdo trabalhado com o objetivo de desenvolver a autonomia dos alunos bem como seu conhecimento lógico matemático analisado dentro de uma visão interativa e autônoma, na formação de indivíduos autônomos,
capazes de raciocinar de forma independente, participativo e criativo.
O ensino da matemática por meio da tendência metodológica dos jogos revela
uma nova perspectiva não só para o processo de ensino, mas também para a
aprendizagem da Matemática.
Melo e Urbanetz (2008, p.15) expõem que:
No ato de ensinar encontram-se sintetizados os elementos e os sujeitos componentes do processo educativo: professores, alunos, conteúdos, métodos, objetivos educacionais, projeto político, projeto de homem a ser formado pela educação, demandas externas para o processo educativo, formação profissional para atuação em sala de aula, condições físicas da escola, realidade material dos estudantes com os quais vivem o professor e a quem se destina o ensino, a necessária relação do ensino com a aprendizagem do aluno, o que, além dos elementos acima, implica o entendimento do funcionamento do mecanismo de aprendizagem, no sentido de lhe dá a psicologia da educação etc.
Vygotsky apresenta a necessidade de o professor inovar e utilizar-se da
partilha, das experiências, vivências e aprendizados para que o aluno aprenda
através da autonomia e participação consciente e responsável em sala de aula
(OLIVEIRA, 2003).
Podemos destacar ainda que adotar mudanças ao ensino da Matemática é:
Reconhecer a estabilidade e a contingência da sala de aula é buscar um equilíbrio entre aspectos recorrentes e incertos. Significa que o professor não pode apenas contar com saberes instituídos atendendo a uma lógica curricular para orientar a ação docente (GRILO, 1995, p. 81).
De acordo com Gil (2008) é errôneo acreditar que para ser um bom professor
é necessário apenas ter boa comunicação ou elevado grau de conhecimento sobre
determinado assunto, pois a ação docente deve partir da didática fundamentada que
contemple os conteúdos propostos na sala de aula.
Do mesmo modo, Carvalho (1991, P.25) aponta para alguns pontos que
necessitam de maior reflexão, especialmente em relação ao exercício da profissão
de professor de Matemática, quando diz que “o simples domínio do conteúdo,
adicionado a algumas disciplinas didático-pedagógicas, simplesmente não o prepara
para enfrentar a realidade complexa da escola”.
Com o objetivo de minimizar as dificuldades enfrentadas pelo futuro
profissional de Matemática, importante repensar a formação de professores para
que se fortaleçam as práticas metodológicas para o ensino da Matemática na sala
de aula.
Dentro desse contexto, verifica-se que a formação do professor para atender
as necessidades de aprendizagem matemática de seus alunos, tem se constituído
numa preocupação constante, uma vez que o cenário atual é marcado pelo
interesse de novas contribuições que motivem e promovam a aprendizagem dos
alunos.
Segundo Kishimoto (2005, p.75):
[...] se tomarmos como marco apenas a história mais recente, veremos que é deste século, preponderantemente na sua segunda metade, que vamos ter entre nós as contribuições teóricas mais relevantes para o aparecimento de propostas de ensino que incorporam o uso de materiais pedagógicos em que os sujeitos possam tomar parte ativa na aprendizagem.
Piaget e Vygotsky foram os pioneiros a defender a participação dos alunos
como sujeitos ativos no processo de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva,
entre as tendências metodológicas, o uso dos jogos matemáticos, mostra-se
favorável para o contexto da sala de aula, por ser apresentado como proposta de
interesse entre os educandos.
Nesse sentido, conhecer a história da matemática é fundamental para
reconhecer as atividades teóricas e práticas a serem utilizadas em contextos
específicos para determinada época.
Cabe, concordar com D’Ambrosio (1996, p.30) que “conhecer, historicamente,
pontos altos da matemática de ontem poderá, na melhor das hipóteses e, de fato faz
isso, orientar no aprendizado e no desenvolvimento da matemática de hoje”.
As Diretrizes Curriculares da disciplina de Matemática (2008) consideram
importante a alusão histórica da matemática de forma a enfatizar a disciplina como
relevante ao ser humano, destacando que: “
A abordagem histórica deve vincular as descobertas matemáticas aos fatos
sociais e políticos, as circunstâncias históricas e às correntes filosóficas que
determinaram o pensamento e influenciaram o avanço científico de cada época”
(BRASIL, 2008, p.66).
Ainda, nas DCEs (2008) há uma relação de interdependência entre as
tendências metodológicas da Educação Matemática para enaltecer e fundamentar
as práticas do professor. Dessa maneira, as tendências se completam viabilizando
conteúdos propostos com o ato da aquisição da aprendizagem.
Coelho (2005) salienta que um método pode ser melhor que o outro, e que
pode funcionar muito bem, seja na matemática, ou em outra área, todavia a escolha
da ação metodológica é que vai influenciar a aquisição e compreensão de
determinado conteúdo indispensável ao educando para o seu desenvolvimento
(p.06).
Sobre as tendências, Soares (2004, p.25) discorre que podem se elucidar
duas leituras em Educação Matemática: a primeira é a Resolução de Problema,
Etnomatemática, uso da História da Matemática, Modelagem Matemática, Educação
Matemática e Informática, Didática da Matemática Francesa e Educação Matemática
Crítica. A segunda leitura reflete as manifestações no ensino da Matemática.
Fiorentini (1995) propunha as tendências classificadas em formalista clássica,
empírico ativista, formalista moderna, tecnicista e suas variações, a construtivista, a
socioetnoculturalista, a histórica-crítica e a sociointeracionista-semântica.
Situando historicamente a preocupação com o ensino da Matemática,
observa-se o movimento da Escola Nova o ensino pautado na concepção empírico-
ativista que tinha a intenção de levar o aprendizado por meio de atividades de
pesquisa, lúdicas, resolução de problemas, jogos e experimentos.
A partir dessa concepção, outras tendências como a formalista clássica
fundamentaram o ensino da Matemática. A formalista clássica perdurou até o final
da década de 50, caracterizando-se pela sistematização lógica e pela visão estática
centrada o papel do professor como transmissor de conteúdo a partir da
aprendizagem na memorização e repetição (BRASIL apud FIORENTINI, 1995).
Com o final da década de 1950, a tendência formalista moderna passou a
compor o ensino da matemática enfatizando o ensino centrado no professor, com a
abordagem “internalista” da disciplina de Matemática (BRASIL, 2008, p.43).
Mais tarde, surge no Brasil em meados da década de 50, mas efetivada
apenas no final dos anos 60, com predomínio a partir de 1978, a tendência tecnicista
que atribuía à escola a função de preparar o indivíduo para o mercado de trabalho e
articulado ao sistema produtivo para o aperfeiçoamento do sistema capitalista
(BRASIL, 2008, p.44)
A partir da década de 60 e 70, a tendência construtivista predominava
colocando o conhecimento como resultado de ações interativas e reflexivas entre os
estudantes e o professor, a produção individual como interiorização das ações
tratadas no coletivo (BRASIL, 2008, p.44).
A tendência socioetnocultural surge, no Brasil, mediante necessidade de
valorização sociocultural e tem como base a etnomatemática, caracterizada como
“[...] a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de entender-nos diversos contextos
culturais” (D’AMBROSIO, 1998, p.5).
Em meados do ano de 1984, a tendência histórico-crítica buscava a
construção do conhecimento como prática social de modo a atender a participação
do indivíduo como cidadão (BRASIL, 2008, p.45).
Voltando-se para a tendência metodológica que abrange os jogos, é
importante destacarmos, que o uso dos jogos na Matemática como metodologia tem
sido considerado desde Platão que propunha o uso de jogos com palavras para
ensinar os seus discípulos
No ensino tradicional, os jogos foram negligenciados devido ao seu caráter
sem significação funcional. Os precursores de métodos mais elaborados propunham
o método com o uso de jogos “Ensina-lhe por meio de jogos” (ALMEIDA, 1974,
p.17). O autor destaca ainda que:
Os jogos constituem uma atividade primária do ser humano. É principalmente na criança que se manifestam de maneira espontânea, [...] na atividade de jogo, a inteligência, sob todos os aspectos, é altamente estimulada e a própria linguagem torna-se mais rica, pela aquisição de novas formas de expressão (ALMEIDA, 1974, p. 24-26).
Atualmente, as referências aos jogos, bem como as várias pesquisas
realizadas sobre o tema é crescente levando em conta que o seu uso assume
diversos significados à Educação Matemática. “As evidências parecem justificar a
importância que vem assumindo o jogo nas propostas de ensino de matemática”
(KISHIMOTO, 2005, p. 73).
Ao dar ênfase às mudanças de paradigmas com relação aos novos métodos
de ensino, importante mencionar que “muitas vezes é difícil fazer o que se pretende,
mas cair numa rotina é desgastante para o professor” (D’AMBRÓSIO, 1996, p. 104).
Dessa forma, optar por práticas diferenciadas e contextualizadas para cada
turma, tem se tornado favorável para o ensino da Matemática na sala de aula, pois:
“[...] o jogo é um fator didático altamente importante; mais do que um passatempo,
ele é elemento indispensável” (ALMEIDA, 1977, p.31).
Nesse contexto, não obstante enfatizar que, os jogos, permitem liberdade de
ação, pulsão interior, naturalidade e, consequentemente, prazer que raramente são
encontrados em outras atividades escolares.
De acordo com Machado (2001, p. 40) existem duas concepções de jogos
vinculados à didática:
[...] a lúdica em sentido estrito, com ênfase no divertimento, na brincadeira, na arquitetura das estratégias vencedoras, e a que diz respeito aos aspectos prático-utilitários envolvidos (jogos para introduzir certos temas, como as frações, ou para exercício e a fixação técnicas operatórias).
Encontram-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais o argumento: [...] os
jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que
estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na
elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções (BRASIL, 1998).
Entretanto, cabe o uso de jogos como metodologia na sala de aula a partir da
condição de que “os educadores necessitam conhecer determinados componentes
internos de seus alunos para orientar a aprendizagem deles, de maneira
significativa” (GRANDO, p.10). para que estes encontrem sentido e significado na
aprendizagem matemática.
3 Implementação da Proposta Pedagógica
A proposta pedagógica voltada para a utilização de jogos no processo de
ensino e aprendizagem da Matemática foi realizada com alunos do sexto ano do
Ensino Fundamental do Colégio Estadual Sagrado Coração de Maria, no Município
de Ivaí no Estado do Paraná.
Para Borin (2004, p.08) a atividade de jogar desempenha papel importante no
desenvolvimento de habilidades essenciais para o aprendizado em Matemática de
raciocínio lógico, dedutivo e indutivo; da linguagem; da criatividade; da atenção e da
concentração.
Diante dessa ideia, verifica-se que a utilização de jogos como uma ferramenta
metodológica em ambiente de sala de aula, é eficaz para realizar a consolidação do
conteúdo trabalhado como também, despertar o interesse e habilidade no aluno em
relação com a matemática.
Sabemos que o jogo ajuda o aluno na construção de seu conhecimento,
tornando-o mais crítico e confiante relatando suas próprias conclusões,
possibilitando o desenvolvimento do raciocínio lógico.
Inicialmente, o projeto foi apresentado à direção, equipe pedagógica e aos
professores do colégio como possíveis contribuições na aprendizagem dos alunos
através desta metodologia alternativa.
O conteúdo temático para a aplicação dos jogos compreendeu as quatro
operações considerando a fragilidade dos alunos diante da prática. Para tanto, num
primeiro momento, os alunos foram divididos em duplas e, em seguida, foram
distribuídos em grupos maiores para uma aprendizagem conjunta e a socialização
entre os alunos.
Nessa perspectiva, a prática com jogos foi iniciada de acordo com os
conteúdos aplicados e, desenvolveu-se a partir de fevereiro de 2014. Ao todo, foram
oito jogos divididos em encontros, seguindo o modelo da unidade didática para a
aplicação.
O primeiro jogo aplicado em sala de aula foi o “Soma 100 ou 200”, que tem
como objetivo fixação da operação de adição. A aplicação deste jogo foi uma forma
mais descontraída para o aluno aprender e fixar melhor a adição. É um jogo fácil e
que desperta o interesse dos alunos como também ajuda o aluno ser mais
participativo nas aulas. Nessa perspectiva, buscou-se mostrar ao aluno o ensino da
adição de uma maneira divertida e menos complicado, através dele torna-se mais
interessante aprender a adição, deixando de lado aquela aula que para alguns
alunos era tão difícil e complicado.
Para a realização desse jogo, os alunos tiveram que fazer anotações das
operações. O jogo da “Soma 100 ou 200” proporcionou aos alunos o
desenvolvimento mais construtivo da operação de adição. No início, os alunos
ficaram um pouco confusos, mas depois compreenderam como o mesmo funciona, e
conseguiram se adaptar e prestar atenção no seu andamento. A opção por esse tipo
de jogo foi pertinente, pois o jogo contribuiu para fixação do conteúdo trabalhado
sobre a adição - os alunos que apresentavam dificuldades em relação ao conteúdo
sentiram mais facilidade na aprendizagem ao estarem em contato com o jogo. Por
fim, todos demonstraram através da empolgação, interesse e gosto pela prática e
utilização do jogo para a aprendizagem matemática.
O Segundo jogo aplicado em sala de aula foi a “Adição em quadrado” – o seu
objetivo é o cálculo mental, raciocínio lógico e estratégias. A prática consiste na
realização de anotações das operações e estratégias para formar o quadrado da
multiplicação.
Esse jogo ajuda no desenvolvimento do aluno e torna a aula mais
diversificada, auxilia na socialização e trabalha com as habilidades de cálculo
mental, raciocínio lógico e estratégico. Nesse segundo encontro com os alunos,
constatou-se que todos estavam na expectativa e mais centrados nas dicas para
serem mais ágeis. Ao final, cada aluno marcou para si os pontos referentes ao
resultado da adição completada na sua vez. O aluno que terminou primeiro as suas
peças, foi o ganhador do jogo. Foi uma aula participativa.
O terceiro encontro contou com o “Jogo da velha da adição e subtração” que
objetiva exercitar o cálculo mental. Importante salientar que esse jogo foi
desenvolvido pelos alunos. Nesse jogo já não foi tão rápido porque envolvia o uso
de duas operações juntas, mas os alunos souberam trabalhar bem com esse jogo.
Observou-se na prática, o interesse dos alunos pela matéria, pois sabem que
aqueles que têm mais facilidade de resolver os jogos, são alunos esforçados em
aprender e servem de exemplos para os que têm dificuldades no conteúdo. E até os
próprios alunos ajudam seus colegas que apresentam dificuldades na
aprendizagem.
O quarto encontro teve o jogo “Contando pontos” que objetiva fixar melhor as
operações da adição e subtração. Primeiramente, foram explicadas as regras deste
jogo e a sua função. Este jogo despertou muito interesse, pois exigiu bastante
concentração, no começo os alunos estavam um pouco apreensivos, mas depois
viram que é fácil de jogar e aprenderam muito com jogo. Cada aluno na sua vez
escolheu dois números diferentes do quadro e realizaram a soma ou a subtração
deles, e o resultado foi realizado mentalmente por cada aluno.
No quinto encontro, foi utilizado o jogo “Tabuleiro da multiplicação” também
com objetivo de desenvolver cálculo mental e fixar a multiplicação. Neste jogo
alguns alunos apresentaram dificuldades em relação à tabuada, mas foi proveitoso,
pois os alunos que não sabiam realizar os cálculos, os colegas ajudaram para
ganhar o jogo.
O jogo “Baralho da multiplicação” foi aplicado no sexto encontro e teve o
objetivo de auxiliar o aluno na compreensão e memorização da tabuada. Nessa
proposta os alunos utilizaram cartas com operações de multiplicação impressa, para
realizar essa atividade e percebemos que neste jogo alguns dos alunos
apresentaram dificuldades porque não sabiam a tabuada por esse motivo o jogo foi
repetido várias vezes até os alunos fixar bem a tabuada.
Para o sétimo encontro em sala de aula, o jogo “Resto da divisão” foi aplicado
com o objetivo de levar o aluno a exercitar suas habilidades de raciocínio e
concentração. Neste jogo os alunos registraram os cálculos e foi possível observar
as dificuldades no que se refere às divisões.
No último encontro em sala de aula, foi utilizado o jogo “Operações em trilha”
para fixar os conteúdos fundamentais da adição, subtração, multiplicação e divisão.
Este o jogo foi elaborado pela pesquisadora e confeccionado pelos alunos. Os
alunos gostaram do jogo que envolveu as 4 (quatro) operações, os alunos jogaram
em grupo de 4 (quatro) mas cada dupla jogou contra a outra e eles se ajudavam
quando o parceiro da dupla apresentava dificuldades.
4 Resultados
A proposta pedagógica com os jogos matemáticos mostrou-se satisfatória
uma vez que foi possível observarmos que a mesma despertou o interesse dos
alunos no aprendizado de Matemática, desenvolvimento de habilidades para a
compreensão das quatro operações, participações orais e escritas, raciocínio,
concentração, memorização, entre outros.
Todos os encontros que envolveram os jogos como recurso pedagógico,
apresentou-se com bons resultados e rendimentos dentro do esperado. As
participações dos alunos facilitaram a aplicação dos jogos, pois a expectativa da
turma era grande, assim como, o comprometimento de todos para a realização da
proposta.
A atividade de jogar desempenha papel importante no desenvolvimento: de
habilidades de raciocínio lógico, dedutivo e indutivo; da linguagem; da criatividade;
da atenção e da concentração. Habilidades estas, essenciais para o aprendizado em
Matemática (BORIN, 2004, p. 8).
Marinho et al. (2007, p.105) destaca o reconhecimento do jogo como uma
atividade educativa que contribui para o desenvolvimento humano. Para o autor, “[...]
jogar é uma oportunidade aberta, não determinada, para um aprender relativo, tem
uma intencionalidade subjacente, e sua configuração está relacionada a valores,
princípios, crenças e estruturas”.
Durante as atividades de intervenção, os alunos foram informados acerca dos
objetivos e dos conteúdos presentes nos jogos para que compreendessem que,
além de se apresentarem de forma lúdica, os jogos são didáticos e auxiliam na
aprendizagem de diferentes conteúdos matemáticos.
Segundo Bregolato (2005), o jogo tornou-se uma necessidade lúdica, fruto da
imaginação que possibilita expressão de sentimentos, medos, espontaneidade e a
descoberta de si mesmo a cada momento.
De acordo com Friedmann (apud BROTTO, 1999) o jogo recebe diferentes
enfoques para o desenvolvimento humano. Entre eles está o enfoque educacional –
contribuição para o desenvolvimento e aprendizagem; sociológico – influenciando o
contexto social; psicológico – percepção das emoções e personalidade dos
jogadores; antropológico – reflete nos costumes e história de diferentes povos e
culturas; folclórico – expõe o jogo como expressão de diversas gerações; filosóficos
– valores humanos em destaque.
Para Bregolato (2005) não tem como deixar de considerar o jogo como parte
do processo educacional tendo em vista que é no ambiente do jogo que o homem
aprende, se desenvolve, constrói o conhecimento e se humaniza.
No entendimento de Carvalho (2003) os professores devem buscar ações
conjuntas que influenciem de maneira positiva o comportamento e o aprendizado
dos seus alunos para que, posteriormente, acompanhe-os por toda a vida.
Nesse contexto, como aponta Sampaio (2005, p.92), “O uso de jogos em sala
de aula, como importante auxiliar da aprendizagem matemática, é uma prática
comum e bem fundamentada nas escolas atuais”
5 Considerações finais
Objetivou-se na presente pesquisa apresentar resultados da implementação
da proposta pedagógica realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE), a qual teve o jogo como uma tendência metodológica para o ensino da das
Quatro Operações Matemáticas.
Buscou-se criar oportunidades para estimular os alunos, para que os mesmos
consigam pensar, relacionar, conjecturar, levar hipóteses, refletir e propor soluções
às situações que lhes são apresentadas.
Pela observação realizada durante a participação nas aulas desenvolvidas
nesta proposta, podemos destacar que os alunos se dedicaram e se envolveram
ativamente das atividades realizadas por meio da tendência metodológica dos jogos,
desenvolvendo a capacidade do raciocínio lógico e a habilidade ao realizar as
quatros operações de forma mais significativa.
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