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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · bombardeiam o tempo todo com figuras atraentes e fragmentárias. O símbolo verbal e escrito, sede lugar ao simulacro, ou seja,

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

As Tecnologias Educacionais e a Realidade Escolar

Meri Terezinha Pawelski1

Regina Aparecida Messias Guilherme 2

Resumo: O presente artigo é o resultado do Projeto de Intervenção Pedagógica realizado para

atender ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – sobre o Tema: Pedagogia e tecnologias Educacionais, a área Pedagogia e objetivou discutir acerca das Tecnologias Educacionais existentes na escola e estabelecer relação com a Comunicação Midiática de Múltiplas Linguagens. Refletir sobre a influência das Tecnologias Educacionais na aprendizagem e sua contribuição para a organização do trabalho pedagógico e a ação educativa, pois constatou-se a necessidade de investigar as causas que levam professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio fazer pouco uso das Tecnologias Educacionais em suas disciplinas? O que poderia ser realizado para que as Tecnologias Educacionais presentes nas escolas públicas do Estado do Paraná fossem utilizadas com mais frequência. Para responder a problemática buscou-se delinear três percursos para com estes percorrer os ditames da Tecnologia no contexto escolar. Assim, no primeiro percurso, está explicitado o conceito de Tecnologia Educacional para fortalecer o entendimento teórico prático do que significa as Tecnologias Educacionais na atualidade. O segundo percurso estão apresentadas as mídias como relevantes contribuições face ao papel da Comunicação Midiática de Múltiplas Linguagens buscada nas imagens e nos meios eletrônicos que conta com o referencial de pesquisadores renomados da área. No terceiro percurso analisou-se a pesquisa sobre à luz dos olhares dos sujeitos da escola: direção e direção auxiliar, pedagogos, professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio e funcionários, os quais se constituíram em sujeitos sociais da pesquisa aqui delineada, a partir do referencial teórico iniciado para compor a presente análise. Os resultados da investigação apontaram que a introdução de novos recursos tecnológicos no ensino ainda não produziu efeitos ambicionados na aprendizagem, pois educadores veem alguns obstáculos para introduzir esses recursos em suas práticas pedagógicas e planejamentos.

Palavras-chave: Tecnologias Educacionais. Comunicação Midiática. Educadores.

Reflexão. Pesquisa.

1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Especialização em

Psicopedagogia pela mesma instituição e Educação Especial pela Universidade Internacional de Curitiba, professora do Governo do Estado do Paraná. 2 Professora Orientadora – Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa,

professora efetiva da Universidade Estadual de Ponta Grossa junto ao Curso de Letras.

Introdução

O presente artigo é o resultado do Projeto de Intervenção Pedagógica

realizado para atender ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

implementado no Colégio Estadual Trinta e Um de Março, sobre a temática

Pedagogia e Tecnologias Educacionais objetivou refletir sobre a influência das

Tecnologias Educacionais na aprendizagem e sua contribuição para a

organização do trabalho pedagógico e a ação educativa. Buscou-se discutir acerca

das Tecnologias Educacionais existente na escola pública e estabelecer relação

com a Comunicação Midiática de Múltiplas Linguagens e sobre a influência na

aprendizagem e sua contribuição para a organização do trabalho e a ação

educativa.

Para o desenvolvimento do Projeto foram realizadas reuniões com a

direção e o conselho escolar, o trabalho foi efetivado através de ações em que os

dados foram obtidos por meio de dinâmicas diversificadas, discussões,

socializações de ideias e questionário, pois em contato direto com educadores em

momentos diversos como: semana pedagógica, reuniões de planejamento e

conselhos de classe notou-se certo grau de insatisfação destes em relação ao

trabalho com as Tecnologias Educacionais disponíveis na escola. O que ouve-se,

com certa frequência são falas do tipo: “Eu acho que dá para trabalhar no

laboratório de Informática, mas não da forma como as turmas estão organizadas,

com muitos alunos”. “Do jeito que os equipamentos estão sem manutenção, é

impossível planejar o meu trabalho...” “Vivo de improvisações com estes

equipamentos ultrapassados...” também outra questão que tem gerado

questionamentos entre os educadores é o fato de que para eles nem todos os

conteúdos curriculares previstos para serem estudados numa determinada turma

ou ano de escolaridade são possíveis de serem abordados no contexto digital.

Assim, estas foram algumas das questões que orientaram a reflexão.

Diante desta realidade, constatou-se a necessidade de investigar mais a

fundo as causas que levam professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio

fazer pouco uso das Tecnologias Educacionais em suas disciplinas? O que

poderia ser realizado para que as Tecnologias Educacionais presentes nas

escolas públicas do Estado do Paraná fossem utilizadas com mais frequência

como recurso didático para enriquecer o processo de ensino aprendizagem no

Colégio Estadual Trinta e Um de Março? Ainda por tratar-se de uma realidade com

especificidade distinta optou-se pela metodologia da pesquisa-ação por considerar

que os sujeitos envolvidos na problemática constituem um grupo com objetivos

comuns, permitir que todos os engajados participassem ativamente do processo.

Thiollente (2009, p. 02) define pesquisa-ação como aquela que:

(...) consiste em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual os atores implicados participam, juntos os pesquisadores, para chegarem interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando problemas coletivos, buscando e experimentado soluções em situações reais.

A pesquisa-ação serviu como base para a investigação e a reflexão que

realizou-se a respeito das Tecnologias Educacionais e a Comunicação Midiática

de Múltiplas Linguagens existente na escola como instrumento pedagógico,

disponibilizado para auxiliar no processo de ensino aprendizagem.

Para responder a problemática buscou-se delinear três percursos para com

estes percorrer os ditames da Tecnologia no contexto escolar. Assim, no primeiro

percurso, está explicitado o conceito de Tecnologia Educacional para fortalecer o

entendimento teórico prático do que significa as Tecnologias Educacionais na

atualidade.

O segundo percurso estão apresentadas as mídias como relevantes

contribuições face ao papel da Comunicação Midiática de Múltiplas Linguagens

buscada nas imagens e nos meios eletrônicos que conta com o referencial de

pesquisadores renomados da área como: Belloni (1991), Moran (2000) Sampaio e

Leite (1994) entre outros autores.

No terceiro percurso analisou-se a pesquisa sobre à luz dos olhares dos

quarenta e quatro profissionais da escola: direção e direção auxiliar, cinco

pedagogos, vinte e nove professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio e

oito funcionários, os quais se constituíram em sujeitos sociais da pesquisa aqui

delineada, também contou com a participação a distância de vinte professores

cursistas (várias regiões do Estado do Paraná) através do Grupo de Trabalho em

Rede - GTR, a partir do referencial teórico iniciado para compor a presente

análise, Neste sentido, estão revelados os resultados da trajetória de dois anos de

estudos do Programa Educacional – PDE iniciados em 2014 à 2015.

1 - Ampliando o conceito de Tecnologia

Com as novas Tecnologias da Informação e Comunicação surgiram novos

modos de transmitir, receber e conservar a informação. Surgiram novos

vocábulos, como “telemática”, “tele documentação”, “teleinformática” ou “novas

Tecnologias da Informação”. Então, não pode-se descartar que esse mundo em

transformação influi notavelmente na cultura Brito (2006).

O termo Tecnologia vai muito além de meros equipamentos. Ela permeia

toda a nossa vida, desta forma Bueno (1999, p. 87) conceitua Tecnologia como

sendo:

... um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica e gera a sua qualidade de vida. Há uma constante necessidade do ser humano de criar, a sua capacidade de interagir com a natureza, produzindo instrumentos desde os mais primitivos até os mais modernos, utilizando-se de um conhecimento científico para aplicar a técnica e modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos do processo de interação deste com a natureza e com os demais seres humanos.

Para Ramos (2011) a Tecnologia é qualquer artefato, método ou técnica

criada pelo homem para tornar seu trabalho mais leve e sua vida mais agradável

ou mais divertida. Na educação, a tecnologia é o que torna possível a transmissão

e aperfeiçoamento do conhecimento.

Observa-se uma verdadeira revolução tecnológica, decorrente dos avanços

técnicos nos campos das Telecomunicações e da Informática, colocando à

disposição da sociedade possibilidades novas de comunicar, de produzir e difundir

informação. Tal mutação leva um nome: Internet. A Internet realiza em uma

máquina que é, ao mesmo tempo, incrível e complexa e que está ao alcance de

todos nós: o computador, onde se acrescenta toda uma gama nova de pequenos

dispositivos técnicos relacionados com as telecomunicações como, por exemplo,

os telefones celulares multifuncionais, Ipod e dispositivos MP3, jogos eletrônicos

cada vez mais performáticos. (Belloni, 2009).

Um dos grandes desafios é adaptar a educação às novas tecnologias, tais

como os meios de comunicação a exemplo da Internet, a televisão, o rádio, os

softwares que funcionam como meios educativos formais e informais.

A Tecnologia Educacional é a área de conhecimento onde a Tecnologia se

submete aos objetivos educacionais. Ela procura auxiliar o processo ensino

aprendizagem de modo propiciar formas adequadas de utilizar os recursos

tecnológicos na educação.

No entanto, as Tecnologias Educacionais não são nenhuma novidade, o

que a princípio eram feitas de pedra-ardósia, passou a ser usada através do giz e

da lousa, no momento usa-se a tecnologia do livro didático, enquanto diversos

estados mundiais debruçam-se sobre quais seriam os currículos mais adequados

para o tipo de sociedade que se pretende e qual tecnologia será adequada a essa

sociedade.

Almeida (2008) sintetiza a historicidade das Tecnologias na Educação

quando relata que o homem para superar obstáculos impostos pelo meio

desenvolve instrumentos tecnológicos. Primeiramente com a descoberta do fogo,

mais tarde a invenção da roda por volta de 3.500 a.C., depois a invenção da

escrita para registro de seus afazeres diários, suas vidas, suas trocas e vendas e

o ciclo da agricultura.

Ao longo da história é notório que o homem está sempre criando

alternativas para melhorar sua vida e cada povo imprime sua marca na civilização:

os Egípcios antigos criaram o papiro e a cerâmica, também utilizavam rampas e

alavancas para auxiliar seu processo de produção. A Roma antiga valeu-se da

hidráulica, construindo fontes e chafariz, marca da sua civilização. Na Índia

encontraram-se os primeiros exemplos de esgotos fechados, assim como técnicas

de construção baseada em plantas. Enquanto a China colabora com a invenção

da pólvora, ferro fundido, carro de mão, fósforo, ponte suspensa, o gás natural e

tantas outras invenções. E o ligado medieval fica por conta da imprensa móvel,

responsável pela democratização da escrita (Aranha, 1996).

2 - Comunicação Midiática de Múltiplas Linguagens

Em uma época que privilegia a imagem e os meios audiovisuais que nos

bombardeiam o tempo todo com figuras atraentes e fragmentárias. O símbolo

verbal e escrito, sede lugar ao simulacro, ou seja, pode-se afirmar que as imagens

espetacularizam a vida, à medida que simulam o real com formas hiper-reais,

convertendo as pessoas em espectadores de um show permanente. A

universalização não se restringe ao mundo do lazer e do entretenimento, mas dá

origem a outra forma de pensar, distante do saber tradicional, em que as

informações derivam mais da transmissão oral e escrita.

Segundo Fantin (2005), educa-se por imagens, sons e outros meios

provindos da cultura de mídias, o que torna as Tecnologias Audiovisuais um dos

protagonistas dos processos culturais e educativos. As mensagens midiáticas, no

entanto, não são neutras como afirma Masterman; Barthes apud Gonnet (2007),

além de nos informar sobre o universo, as mídias apresentam modos de perceber

e compreender a realidade, o que força-nos à rever este contexto para avaliar

ética e criticamente o que está sendo oferecido pelas mídias. Assim, ressignificar

o papel que as mídias exercem sobre a educação exige-nos rever opiniões que

define que a única função da mídia é a de informar ou divertir.

A expressão “educação para as mídias” ou “mídia educação” aparece em

organismos internacionais, particularmente na UNESCO, nos anos de 1960 e,

num primeiro momento, refere-se de modo um tanto confuso à capacidade destes

novos meios de comunicação de alfabetizarem em grande escala populações

privadas de estruturas de ensino e de equipes de pessoal qualificado, ou seja, às

virtudes educacionais das mídias de massa como meios de educação à distância.

A mesma expressão é usada para exprimir a preocupação de educadores,

intelectuais e decisores com a influência cultural destas mídias, os riscos de

manipulação política, comercial e publicitária e a consequente necessidade de

desenvolver abordagens críticas (Gonnet, 2004, apud Belloni, 2009).

Por mídia-educação convém entender o estudo, o ensino e a aprendizagem dos meios modernos de comunicação e expressão, considerados como parte de um campo específico e autônomo de conhecimentos, na teoria e na prática pedagógicas, o que é diferente de sua utilização como auxiliar para o ensino e a aprendizagem em outros campos do conhecimento, tais como a matemática, a ciência e a geografia (UNESCO, 1984 apud Belloni, 2009).

A educação para mídia é desenvolvida em alguns países como o Brasil, a

Austrália, o Canadá e em alguns países da Europa como Finlândia e a Noruega

há muito tempo. Apesar de em alguns países existirem há mais de 30 anos, as

experiências envolvendo as mídias e a educação, no conceito de educação para

as mídias, nem sempre foi chamada assim, possuindo apenas um caráter

experimenta e sem nome definido (Fantin 2005 p. 27).

Do ponto de vista conceitual, a questão importante é a integração destes

dispositivos técnicos aos processos educacionais e comunicacionais. É

interessante ressaltar que nas sociedades contemporâneas, esta integração tende

a ocorrer de modo bastante desigual: ela é alta e rápida nos processos de

comunicação, onde os agentes (as “mídias”) se apropriam imediatamente das

novas tecnologias e as utilizam numa lógica de mercado; e tende a ser muito

baixa nos processos educacionais, cujas características estruturais e institucionais

dificultam mudanças e inovações pedagógicas e organizacionais, que a integração

de novos dispositivos técnicos acarreta. Além desta desigualdade estrutural, é

preciso ressaltar outras, igualmente importantes: o acesso e a apropriação das

Tecnologias de Informação e Comunicação ocorrem também de modo muito

desigual, segundo as classes sociais e as regiões do planeta. (Belloni, 2009;

Gonnet, 2004; Bévort, 2002 apud Belloni, 2007).

Neste cenário, as novas Tecnologias da Informação e Comunicação estão

presentes na sociedade como um todo em alguns momentos de modo desigual

faz-se necessário a inserção dos recursos tecnológicos no interior da escola como

instrumento pedagógico numa relação dialógica centrada na reflexão auxiliando

educador e educando na construção do conhecimento, ou seja, na constituição do

processo educativo.

Vriesmann (2008), alerta que:

A inserção do recurso tecnológico na escola não é garantia de uma transformação efetiva e qualitativa nas práticas pedagógicas, mas pode provocar profundas transformações na realidade social, desde que seu uso seja adequado com uma prática que propicie a construção do conhecimento e não a sua mera transmissão. (Portal dia-a-dia educação, 2009, p.4 apud Andrade, 2013 p. 09).

Como as Tecnologias estão no momento mais acessíveis e interferem na

maneira de viver e de pensar do homem como afirma: Masterman; Barthes apud

Gonnet (2007) e Andrade (2013), também as mídias apresentam modos de

perceber e compreender a realidade. Elas estão em toda parte, especialmente

onde o jovem está. O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação,

contudo requer reflexão quanto a sua utilidade nas práticas de ensino, como

afirmam Santos (2002, p.49).

“... a tecnologia não é o motor da transformação educacional, mas poderá ser impulsionadora de mudanças, a partir das reflexões que passa provocar. O aprendizado de um novo referencial exige mudanças de valores, concepções, ideias e atitudes. As mudanças que se fazem necessárias não dizem respeito apenas a metodologia diversificada, ou ao uso de novos equipamentos, mas especialmente, as novas atitudes diante do conhecimento e da aprendizagem, num permanente devir, capaz de orientar a prática e estabelecer novos valores de acordo com as exigências de uma época universalizada e sujeita a alterações”.

Cabe aos educadores atuar de forma que o saber seja socializado da

melhor forma possível, buscando entender às necessidades emergentes dos

estudantes, trazendo para sala de aula, recursos variados, que despertem o

interesse e principalmente a curiosidade na busca do conhecimento.

Diante a premissa, o professor passa a exercer o papel de mediador, entre

suas funções primordiais, a de organizar o trabalho dos alunos, detalhando o

processo a ser seguido, o professor agora tem de conduzir o trabalho do início ao

fim, sem perder de vista seus objetivos. Essa nova postura coloca o aluno como

sujeito ativo de seu processo de aprendizagem (Moran, 1998).

Se o momento exige invenção, ousadia e imaginação para criar o novo. O

modelo de escola tradicional mostra-se anacrônico e as propostas de ensino

exigem planejamento e execução polivalente de maior atividade intelectual,

capacidade de iniciativas, adaptação rápida às mudanças e reflexão.

3 - Educadores e suas percepções de Tecnologia

Com as constantes transformações tecnológicas, os recursos tecnológicos

educacionais podem favorecer o acesso ao conhecimento. Isso requer que se

aborde e opere os mais diversos conteúdos com diferentes semioses (múltiplas

linguagens), uma vez que levar os alunos a pesquisar nos motores de busca

(exemplo Google) não é o suficiente. Os textos veiculados nesse meio exigem

assim, a capacidade de compreensão multidisciplinar.

Refletir, a articulação entre diferentes saberes a mídia e as Tecnologias faz-

se necessário em função dos significados múltiplos que a Tecnologia possibilita,

afinal esses significados são influenciados pelos aspectos imagéticos, musical,

verbal, entre outras, de acordo com a intenção comunicativa, exigindo que se

repense as Tecnologias Educacionais disponibilizadas nas escolas públicas.

Partindo dessa premissa, o que revelaram pedagogos, professores e

funcionários convidados à participar da pesquisa intitulada “O papel das

Tecnologias Educacionais e Comunicação Midiática no Contexto Escolar”.

Assim, para alcançar os objetivos foi realizado na primeira etapa de

trabalho do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola uma pesquisa com

perguntas abertas e fechadas, dirigidas aos profissionais da educação para

conhecer a percepção dos mesmos com foco nas seguintes pontos: a importância

da utilização de recursos tecnológicos na prática pedagógica, bem como os

recursos tecnológicos disponibilizados com maior e menor utilização e identificar

suas dificuldades, anseios referentes ao uso das Tecnologias disponibilizadas na

escola.

Para entendermos o pensamento e a percepção de cada educador a

respeito das questões abordadas é necessário destacar que suas concepções têm

como base suas histórias de vidas e experiências docentes, ou seja, o que

vivenciaram sobre Tecnologias Educacionais constroem a apropriação de seus

conceitos: Alves (1982, p. 16), neste sentido já destacou:

educadores são como velhas árvores possuem uma face, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os ligam aos alunos sendo que cada aluno é uma “entidade” “sui generis”, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças.

Neste sentido, a visão sobre Tecnologias Educacionais depende da

concepção que cada educador tem da sua própria prática. Aqui buscou-se

questionar como as Tecnologias Educacionais disponibilizadas na escola tem sido

incorporada ne escola pelos professores em seus planejamentos, em sua sala de

aula em seu cotidiano. Os quarenta e quatro questionários distribuídos revelaram

a importância de incorporar a Tecnologia no contexto educacional como relatam

algumas citações elencadas pelos cursistas:

... é inegável que os recursos tecnológicos auxiliam de modo relevante na aprendizagem, porém estes recursos devem ser utilizados como ferramentas na contextualização destes conteúdos e não apenas para reproduzi-los.(CURSISTA; 2015)

... todos devem acompanhar a evolução da TIC’s, as informações chegam numa velocidade absurda, estamos na era digital e ela deve estar incorporada no nosso contexto. (CURSISTA; 2015)

... através do uso de recursos tecnológicos podemos propor novas práticas fazendo assim com que possibilidades surjam enriquecendo e sugerindo novos com maior qualidade. (CURSISTA; 2015)

... um dos desafios na atualidade está em chamar a atenção do aluno para o conteúdo a ser ministrado, acredito que os recursos tecnológicos auxiliam de forma eficaz na conquista do interesse do aluno. (CURSISTA; 2015)

... pois através desse meio podemos compartilhar conhecimento com outros verificando assim que conteúdo ministrado está presente em nosso dia a dia. (CURSISTA; 2015)

... porque nós como professores precisamos tornar a metodologia que utilizamos em sala de aula como ferramenta para aproximar o currículo escolar da realidade de nossos alunos. (CURSISTA; 2015)

Através das afirmações dos educadores mudanças de paradigmas são

necessárias para uma reconstrução de conceito no que se refere às novas

Tecnologias. Este instrumento muitas vezes vinculado à área da Informática. Para

estes educadores a Tecnologia é entendida como produto e não como processo.

Constatou-se que a maioria dos entrevistados tinham conhecimento e

informações sobre o uso das Tecnologias Educacionais antes de desempenhar

suas funções, pois de acordo com levantamento de dados de 2004 a 2010 várias

aquisições de Tecnologias foram agregadas ao acervo da escola, observou-se

que as aquisições foram feitas, mas ainda não foram o suficiente para integrar os

professores e demais profissionais da escola com o uso dos materiais

pedagógicos (aparelho de TV, DVD, aparelho multimídia, micro system, tablet

entre outros) na dinamização de suas aulas.

Anuncia Moran (1998) que estamos aprendendo a integrar o humano e o

Tecnológico, uma mudança qualitativa na educação acontecerá quando

aprendermos a utilizar dentro de uma visão inovadora todas as Tecnologias, pois

o professor tem uma gama de opções metodológica com a Tecnologia que pode

ser aplicada em seu fazer pedagógico.

Dos recursos tecnológicos elencados para uso na prática pedagógica a TV

Multimídia é usada com frequência, o Laboratório de Informática é usado

eventualmente, assim como o vídeo, rádio e projetor. O recurso pedagógico

apontado como nunca usado ou usado raramente foi o tablet.

No Laboratório de Informática os educadores costumam acessar o Portal

dia a dia educação, e-mails e pesquisar para elaborar o plano de aula, poucos os

professores que utilizam para pesquisar com os alunos, quando o fazem somente

utilizam para pesquisa para complementar o conteúdo ou para produção textual,

nenhum educador marcou a opção “uso de softwares educacionais”.

Já na TV multimídia/TV pendrive, os recursos que os educadores

costumam utilizar para exibir vídeo, slides, trechos de filmes, ilustrações e

fotografias. Em relação aos recursos da comunicação midiática TV Paulo Freire,

jornais, revistas entre outros os mais citados pelos educadores para acesso ao

conhecimento foram: temas atuais, notícias, artigos, teses, dissertações a menor

opção marcada foi relato de experiências.

Afirma Moran (2000), “ensinar e aprender são os desafios maiores que

enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora que estamos

pressionados pela transição do modelo industrial para o modelo da informação e

do conhecimento.

Observa-se uma grande resistência dos educadores em utilizar a

Tecnologia disponibilizada, talvez pela falta de conhecimento dos mesmos em

relação ao uso dinâmico dos recursos tecnológicos. Muitos educadores elencaram

como negativo o Laboratório de Informática, pois segundo eles o número de

equipamentos (computadores) é insuficiente, também há falta de manutenção,

aparelhos ultrapassados, número elevados de alunos nas salas de aulas e falta de

demanda de pessoal para auxiliar no desenvolvimento das atividades. Quando

questionados sobre as Tecnologias Educacionais disponibilizadas na escola a

maioria dos educadores informou não corresponder às expectativas como revelam

as citações:

... seria necessário se houvesse melhor manutenção dos recurso existentes e implementação de novos recursos tecnológicos. (CURSISTA; 2015)

... o Laboratório de Informática não comporta os alunos, tem sala que a TV pendrive não funciona a internet é ineficaz. (CURSISTA; 2015)

... a internet é lenta, não carrega imagens, tenho dificuldades para converter imagens no sistema, quando preciso organizo meu material em casa. (CURSISTA; 2015)

... o Laboratório de Informática não comporta todos os alunos de uma turma, falta manutenção dos computadores, dificuldades para imprimir (cota muito pequena). (CURSISTA; 2015)

... totalmente desatualizado, rudimentar, causa desgaste, os computadores funcionam muito mal. (CURSISTA; 2015)

Nota-se de modo geral, quando o educador se refere as Tecnologias

Educacionais, a primeira associação que faz é a um computador ou ao Laboratório

de Informática que ofereça acesso rápido às informações, em razão da Internet. A

despeito dessa associação usual, a Tecnologia não se limita aos computadores ou

aparelhos eletrônicos, como vídeo, gravadores, câmeras fotográficas. Alguns

autores Vieira (2003), Santos (2001) e Osório e Dias (2008), consideram que o

significado de Tecnologia envolve tanto conhecimento técnico/científico, como

ferramentas, processos e materiais criados e utilizados.

Educadores esquecem que além das Tecnologias de Informação e

Comunicação as demais fazem parte da vida cotidiana dos alunos, sobretudo nos

grandes centros como telefonia móvel, robótica entre outras.

Considerando a citação de Candau (2000, p. 14) que afirma “a escola está

chamada a ser, nos próximos anos, mais que um lócus de apropriação do

conhecimento socialmente relevante, um espaço de diálogo entre diferentes

saberes científico, tecnológico, social e linguagens... como o educador enquanto

profissional da educação vê as Tecnologias Educacionais no futuro? Muitos

consideraram como fator importante e uma condição necessária a efetivação dos

processos de aprendizagem como aponta as seguintes citações.

... como ferramenta indispensável no processo de ensino aprendizagem dos conceitos das disciplinas. Porém as tecnologias devem ser inseridas no processo mediante planejamento e a seleção de informações. (CURSISTA; 2015) ... com encaminhamentos metodológicos as tecnologias serão relevantes no processo ensino aprendizagem. (CURSISTA; 2015) ... não somente no futuro, mas também no presente como uma ferramenta indispensável para a busca de informações. (CURSISTA; 2015) ... vejo como um caminho sem volta, uma vez que todos os processos estão dominados pelos recursos tecnológicos. (CURSISTA; 2015) ... a ideia da tecnologia trabalhando junto da educação é esplendida, porém para que funcione será preciso bastante empenho por parte de todos... (CURSISTA; 2015)

Nas palavras dos educadores enfatizou-se a compreensão das vantagens

de incluir as Tecnologias Educacionais em seus planejamentos, por ser um

complemento complexo o educador precisa ser consciente para compreender que

é preciso acompanhar a evolução da Tecnologia, não ficar nos métodos prontos

como afirma Moran (1999), avançaremos mais se soubermos adaptar os

programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o

cotidiano, com o inesperado, se transformarmos a sala de aula em uma

comunidade de investigação.

Na Implementação do Projeto de Intervenção na escola durante as

reflexões e discussões os professores mencionaram a relevância do tema para o

sua prática pedagógica e planejamento, também que a proposta estava de acordo

com o esperado, atendendo às expectativas. É oportuno salientar que a realização

do Grupo de Trabalho em Rede o GTR fortaleceu a proposta, pois constituiu uma

das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional e caracterizou-se

pela interação a distância entre o professor que participa do Programa e os

professores da rede pública estadual possibilitando a divulgação da mesma

viabilizando mais um espaço de estudo e discussão do projeto de intervenção

pedagógica, da produção didática-pedagógica e da implementação do projeto na

escola.

Considerando os avanços tecnológicos e o crescente interesse dos

adolescente e jovens em dominar as ferramentas disponíveis, discutiu-se com os

educadores diferentes perspectivas sobre as Tecnologias Educacionais e a

Comunicação midiática de diferentes linguagens com as quais poderão aprender,

ensinar e agregar conhecimentos.

Considerações Finais:

Os estudos revelaram que as estratégias de acrescentar a Tecnologia à

atividade existem na escola e nas salas de aula, mas ainda pouco acrescenta nas

práticas habituais de ensino. Através dos dados coletados, foi possível perceber

que os educadores do Colégio Estadual Trinta e Um de Março consideram as

Tecnologias Educacionais e a Comunicação Midiática de Múltiplas Linguagens

importante para desenvolver um trabalho de qualidade.

No entanto, a investigação constatou que a maioria dos educadores

apontam como obstáculos ao uso da Tecnologia nas práticas pedagógicas a falta

de manutenção dos equipamentos e equipamentos ultrapassados no laboratório

de Informática tanto nas salas de aulas elencadas aqui as TVs Pendrive, pois a

maioria dos docentes manifestou uso das Tecnologias Educacionais, as

computacionais.

Constatou-se que outra razão para o pouco uso da Tecnologias

Educacionais prende-se ao fato que a integração inovadora das Tecnologias exige

esforço de reflexão e de modificação de concepções nas práticas de ensino e uma

grande parte dos docentes não está disposta a fazer. Compreende-se que alterar

esse aspecto não é tarefa fácil, pois é necessário esforço pessoal, persistência e

empenho.

Para acontecer a aplicação de recursos tecnológicos pedagógicos será

necessário que o educador esteja preparado para as inovações que o mundo da

Tecnologia está oferecendo. Também urge a educação para as mídias, para

compreende-las, criticá-las e utilizá-las de forma mais abrangente possível.

Percebe-se que as Tecnologias Educacionais não resolverão a

problemática do ensino, mas apresentam alguns recursos para aprimoramento do

processo ensino e aprendizagem.

Destaca-se que o tema abordado foi favorável ao processo educacional

enquanto reflexão, possibilitou a discussões no que se refere à transformação

social e política com a inclusão digital.

Através das afirmações dos professores cursistas observou-se que as

mudanças de paradigmas são necessárias para a ressignificação do conceito no

que se refere as Tecnologias Educacionais. Ressignificação essa que deve estar

inserida no Plano de Trabalho Docente e no Planejamento escolar para trazer

mudanças significativas.

O sistema educacional está disponibilizando novos recursos tecnológicos,

mas é importante capacitar os educadores no que tange suprir algumas

necessidades educacionais. Como afirma Imbernón (2001), a formação

continuada assume papel que vai além do ensino que pretende uma mera

atualização científica, pedagógica e didática possibilita espaço de participação,

criação e reflexão. Assim, pessoas aprendem, adaptam-se e convivem com as

mudanças. Não pode-se esquecer que a responsabilidade pelo financiamento dos

equipamentos tecnológicos, manutenção desses equipamentos e demais

despesas da escola pública, é do poder público e dele que que deve-se cobrar.

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