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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
Fundação Universidade Estadual de Maringá
MATERIAL DIDÁTICO: UNIDADE DIDÁTICA
ÁREA: Língua Portuguesa
NOME DA PROFESSORA PDE: Luzia Ofélia Tavares
NOME DA ORIENTADORA: Profª. Drª. Marcele Aires Franceschini
2014
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: A LEITURA ARGUMENTATIVA COMO UMA PROPOSTA PARA MELHORAR A ORALIDADE CRÍTICA E A PRODUÇÃO ESCRITA DO CEEBJA SANTA CLARA, MANDAGUARI
Autor: Luzia Ofélia TavaresDisciplina/Área Língua PortuguesaEscola de Implementação do Projeto e localização
CEEBJA – Santa Clara, Mandaguari
Município da Escola Mandaguari, PRNúcleo Regional de Educação MaringáProfessor Orientador Profª. Drª. Marcele Aires FranceschiniInstituição de Ensino Superior UEM – Maringá
Relação Interdisciplinar
---
Resumo Esta Sequência Didática/Caderno Didático tem como objetivo incentivar a leitura argumentativa através de artigos de opinião, cartas do leitor, charges e letras de música. A escolha desses gêneros deu-se por ser apropriada ao público-alvo, constituído por alunos adultos do Ensino Médio que frequentam o CEEBJA-Santa Clara (Mandaguari), no modo presencial. A pretensão é que os educandos leiam, reflitam, discutam e argumentem a partir dos gêneros propostos, encontrando na mediação do professor um elemento imprescindível no ensino e na compreensão dos recursos linguístico-discursivos empregados no que se refere à construção argumentativa dos textos e sua utilização nas diferentes esferas sociais. No que pesa esse aspecto, a Produção Didática reflete a condição da escola como ambiente favorável à preparação intelectual dos estudantes, levando-se em conta a prática pedagógica direcionada para situações reais de uso da produção discursiva dos educandos, como forma real de sua inserção nos meios de produção escrita e da representação de sua subjetividade. Nesse cenário, a abordagem metodológica do professor pode transformar a capacidade argumentativa e melhorar o modo
de agir e se posicionar dos alunos nas tarefas de leitura e escrita.
Palavras-chave Leitura; reflexão; argumentação oral; produçãoFormato do Material Didático Sequência DidáticaPúblico Alvo Alunos do Ensino Médio
1. INTRODUÇÃO
Quando um enunciador comunica alguma coisa, tem em vista agir no mundo.
José Luiz Fiorin inLinguagem e Ideologia (2007)
Antes de tecermos quaisquer considerações sobre o assunto, importa dizer
que, a partir de uma visão polifônica do ensino da literatura, a escola passa a ser
vista como um dos principais veículos responsáveis pela transmissão do
patrimônio literário ao aluno. Nessa esfera, o professor assume papel de
mediador e busca caminhos para proporcionar práticas de formação do leitor que
sejam, concomitantemente, críticas e prazerosas. Temos em mente que tais
práticas de leitura não podem se restringir à execução de tarefas enfadonhas e
obrigatórias. De fato, em nome dessa “obrigatoriedade” a prática de ensino em
sala de aula tende a restringir o ensino da gramática a aspectos meramente
estruturais da língua, esquecendo-se o professor da literatura e dos debates
suscitados pelo texto.
Tomando-se a noção de que a leitura é peça crucial no aprendizado e que
a escola absorve centralidade na formação didática, esse projeto se propõe a
trabalhar com a franca compreensão dos recursos linguístico-discursivos
empregados na construção argumentativa dos textos e sua utilização nas
diferentes esferas da sociedade. Visamos não somente o desenvolvimento da
competência linguística do aluno, mas também de sua capacidade de reflexão, de
crítica e de ação na vida social. Sem dúvidas, um de nossos maiores desafios é
proporcionar meios que efetivem essa formação de forma lúdica e consciente.
No ambiente polifônico, entendemos que a voz de um aluno não
representa apenas a sua voz, mas a de sua realidade como um todo, englobando
seu círculo de convivência e sua comunidade. Lensmire (1994, p. 3 apud
OLIVEIRA, 2014) observa que ao compreendermos a experiência social,
compreendemos a nós mesmos. De tal modo que em uma sala de aula
“polifônica”, alunos e professores relacionam seus horizontes sociais ao texto
literário. Barros (1994) infere:
Os textos são dialógicos porque resultam do embate de muitas vozes sociais; podem, no entanto, produzir efeitos de polifonia, quando essas vozes ou algumas delas deixam-se escutar, ou de monofonia, quando o diálogo é mascarado e uma voz, apenas, faz-se ouvir (1994, p. 6).
Em outras palavras, ao contrário de uma visão que capta a voz do
professor como a imposição de uma interpretação única e irrefutável, a presença
da voz do mestre não só oferece um “outro olhar”, porém também instiga o fluxo
da voz dos alunos. É notório o poder dos educadores nos processos interativos
de ensino, detalhando-se a compreensão dos textos. Giroux (1990 apud
OLIVEIRA, 2014) denomina tal poder de “autoridade textual que vem a legitimar
uma prática discursiva particular”.
Nesse âmbito, importa discutir como se dá a prática dessa autoridade, pois
produz questões de interesses éticos e sociais. É daí que escolhemos trabalhar
com recursos linguístico-discursivos empregados na produção de textos
predominantemente argumentativos, produzidos por alunos do Ensino Médio do
CEEBJA Santa Clara, de Mandaguari.
Para tanto, elaboraremos um programa propondo temas relevantes,
polêmicos e que sejam de interesse da turma. Ofereceremos textos de diferentes
gêneros do discurso, como artigos de opinião, charges e imagens, evidenciando
aspectos argumentativos, ressaltando-se as características típicas de cada um.
Nosso intento é proporcionar, por meio da leitura, discussão e debate em sala de
aula, a tomada de posição do aluno, bem como o desenvolvimento de suas
capacidades argumentativas escritas.
Desta forma, a cada texto trabalhado, procuraremos mostrar aos alunos
que, “além da significação explícita, existe toda uma gama de significações
implícitas, muito mais sutis, diretamente ligadas às intencionalidades do produtor”
(Koch, 2002, p. 159). Por essa razão, torna-se necessário a nítida percepção
dessa intencionalidade. Só assim chegamos a uma compreensão mais adequada
do texto. Portanto, os alunos necessitam aprender a reconhecer as “manobras”
discursivas realizadas pelo produtor do texto e uma das formas possíveis será
identificando as marcas linguísticas presentes no discurso.
Charaudeau define o contrato de comunicação como
um ritual sócio-discursivo constituído pelo conjunto das restrições e liberdades resultantes das condições de produção e interpretação do ato de linguagem, as quais codificam tais práticas, deixando ao eu-comunicante uma margem de manobra, dentro da qual este elabora seu projeto de comunicação (2006, p. 54).
A ideia central do projeto, no que tange à leitura literária, emana da
necessidade de promover nos educandos habilidades leitoras que ultrapassem as
fronteiras da mera decodificação “mimética”, oferecendo debates e
representações críticas da visão de cada um como indivíduo consciente de seu
lugar no mundo.
2. PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
O conteúdo estruturante da disciplina de Língua Portuguesa é, em nosso
trabalho, priorizado na capacidade do discurso como prática social. Dessa forma,
o material pedagógico objetiva organizar uma Sequência Didática que priorize o
desenvolvimento da prática pedagógica de maneira simples, possibilitando
atividades que correspondam às necessidades locais, que visem à leitura,
discussão, produção textual, e principalmente que favoreçam a prática discursiva
de forma contextualizada.
Para tanto, apontamos os níveis de análise que constituem o modelo
didático do gênero textual Artigo de Opinião. Seu caráter evidencia-se em textos
cuja finalidade é o debate de temas que suscitam pontos de vista diferentes,
buscando o convencimento do outro. Os sujeitos exercitam suas capacidades
argumentativas. Cartas de reclamação, cartas de leitores, artigos de opinião,
editoriais, debates regrados e reportagens são exemplos de textos com tais
finalidades.
A estrutura ampliada da sequência argumentativa (ou seja, com lugar para
a contra-argumentação) e as categorias argumentativas quase lógicas só se
efetivam espontaneamente nos textos escritos dos indivíduos a partir do seu
amadurecimento cognitivo. Assim, acreditamos que o trabalho com gêneros da
ordem do argumentar com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) são
fundamentais, pois se evidenciam muito presentes na realidade desses alunos,
seja no âmbito pessoal, social, político, cultural e comportamental.
Antes de partirmos ao planejamento das aulas, devemos lembrar, dentro do
campo da produção didático-pedagógica, que o trabalho com leitura começa
ainda na Educação Infantil e vai se tornando mais complexo com o passar dos
anos. Assim, tanto para se levar os “futuros leitores” a dominar as habilidades
básicas de compreensão, reflexão e retransmissão das mensagens – assim como
os já maduros – é necessário incluir algumas ações na rotina, entre elas:
1. Disponibilizar textos críticos e argumentativos
O material disponibilizado ao aluno deve ter natureza crítica e pontos
argumentativos. Por isso, além de escolher linguagem clara ao contexto de
produção, é preciso que estejamos atentos à capacidade argumentativa do
enunciador.
2. Estabelecer um diagnóstico das capacidades dos educandos
A primeira tarefa é elaborar uma pauta de observação que considere as
habilidades de leitura já apropriadas pela turma e por cada aluno individualmente.
Essa ação facilita o preparo da sequência didática.
3. Propiciar atividades abordando diferentes habilidades
Há textos mais adequados aos tipos de inferência, a exemplo de charges,
piadas e tirinhas. Outros focam as relações entre argumentação e crítica, como as
cartas do leitor e os artigos de opinião; ao passo em que textos como reportagens
exibem um caráter prioritariamente informativo.
4. Propor leituras colaborativas
Ler em conjunto com os alunos auxilia na interpretação textual. O trabalho
começa com o levantamento de algumas questões, localizando-as no texto.
Desde o início, o ideal é estimular os alunos-leitores. Conforme o texto avança,
eles se antecipam sobre o tema – sempre sustentando as respostas com marcas
e recursos linguísticos textuais.
5. Organizar as aulas de modo a conduzir autonomia
Ao apresentar gênero novo à turma, o professor deve iniciar o trabalho
focado no coletivo antes de propor leituras individuais, pois o contrário pode
acabar gerando dificuldades de compreensão.
6. Desenvolver o “comportamento leitor”
Esse é um conteúdo de ensino que pode ser elaborado de variados modos:
além de o professor socializar os próprios critérios de escolha, pode pedir que o
estudante procure outros textos regularmente, comente com os colegas, leia
trechos de que gostou e recomende a todos as que são de seu interesse.
7. Incluir a leitura programada no planejamento
Basicamente, o professor lê as obras selecionadas e as divide em trechos
com coerência semântica para serem lidos pela classe sequenciadamente, em
prazos combinados – fora da sala de aula. Em data prevista, em uma discussão
coletiva dos aspectos levantados, explicitam-se, então, os procedimentos de
leitura utilizados.
Ao professor
Apresentação da Proposta Pedagógica aos alunos através de slides,
com uso do data show. Explicação da proposta pedagógica, os motivos
que levaram a optar por este gênero. NÃO DEIXE DE INCENTIVAR seu
aluno à participação, pois a excitação da primeira aula é muito
importante para que a sequência ocorra de modo proveitoso. Por isso,
durante a explanação, permita que participem fazendo as mais
variadas perguntas sobre o projeto.
Após as discussões, os alunos serão convidados a escolher jornais e
revistas levados pela professora. Depois de optado o meio impresso, os
estudantes deverão ler temas que lhes despertem interesse. Lembrando que cada
um tem seu tempo de leitura, assim que um tempo mínimo, de pelo menos dez
minutos, deve ser respeitado. Exija silêncio e corte conversas paralelas.
Atividade cumprida, peça que, espontaneamente, alguém comente sobre o
que leu. Organize o tempo de fala de cada um. Como os assuntos são bastante
controversos e opinativos, certifique-se já na primeira ação de que um saiba
respeitar o tempo de fala do outro.
Questionamentos direcionados pelo professor:
• Por que você escolheu esse jornal ou essa revista?
PRIMEIRA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
• O que te chamou a atenção? Por quê?
• Esse é um tema que você sempre buscou ou é algo novo?
OBJETIVO DA PRIMEIRA AÇÃO
Camargo (1997), em artigo intitulado ”O discurso sobre a avaliação escolar
do ponto de vista do aluno”, observa:
Espera-se que o aluno tenha uma relação passiva com o saber e uma atitude acrítica e neutra perante os fatos. Portanto, é possível afirmar-se que o contexto [...] escolar é caracterizadamente alienante, no qual se manifesta a hierarquização dos saberes e dos métodos de ensino pretendida, assim como se manifesta a natureza da relação com o saber e da atitude perante os fatos esperada do aluno (1997, p. 5, grifo da autora).
Nosso objetivo é justamente escapar da “relação passiva” da qual fala a
estudiosa. Propiciar a leitura e posterior debate, ainda que mediado de forma
simples, com perguntas direcionadas, permite que o aluno saia de sua zona
“acrítica” ou “neutra”, como pontuado na citação.
Artigo de Opinião:
Definição e usos
O Artigo de Opinião é um gênero discursivo claramente argumentativo, cujo
objetivo se revela em expressar o ponto de vista do autor que o assina sobre
alguma questão relevante, geralmente controversa, de natureza social, política,
cultural, etc. O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pelas
justificativas de posições arroladas pelo autor para convencer os leitores da
validade da análise que faz.
Como jornais e revistas destinam a maior parte de seu espaço para textos
informativos, é importante que haja alguns textos em que as notícias mais
relevantes possam ser analisadas. É essa a principal função dos artigos de
opinião.
Contexto de circulação
Tradicionalmente, o espaço de circulação dos artigos de opinião são as
colunas assinadas dos jornais e revistas semanais, que costumam contar com um
quadro fixo de articulistas.
Tais colunas aparecem em diferentes setores (geral, política, economia,
cultura, esportes, etc.) e a capacidade analítico-argumentativa de seus autores
costuma conquistar leitores fiéis para os veículos que os publicam.
Com a criação dos grandes portais de notícia na internet, a migração das
colunas para esse espaço virtual foi natural. Hoje é possível encontrar portais que
“publicam” não só articulistas brasileiros, como também a tradução dos textos de
opinião que circulam em alguns dos mais importantes jornais estrangeiros, como
SEGUNDA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
do americano The New York Times, do britânico The Guardian; do francês Le
Monde, entre uma infinidade de outros veículos.
Os leitores do artigo de opinião
O perfil do leitor de artigos de opinião coincide, de modo geral, com o perfil
do leitor da publicação em que tais artigos circulam. Lembrando-se que, como
assinala Alves Filho (2008), ambos escritor (autor empírico) e leitor (autor
enunciativo) interagem no processo de absorção da informação e das opiniões:
Como não poderia deixar de ser (e seria mesmo absurdo se assim não o fosse), tanto os autores empíricos - aqueles que realizam a tarefa material-semiótica de construir enunciados - como os autores enunciativos - aqueles que assumem discursivamente os enunciados - são co-responsáveis pela representação da autoria do texto (2008, p. 29).
Estrutura
Como todo texto de natureza argumentativa, os artigos de opinião são
estruturados para convencer o leitor de que a perspectiva analítica adotada pelo
autor do texto é a melhor. Nesse sentido, não apresentam uma estrutura fixa, mas
precisam contar com partes que desempenhem determinadas funções.
Ao professor
Tais definições apresentadas serão xerocadas, entregues aos alunos,
para então serem devidamente explicadas e exemplificadas pela
professora. Logo após, passe à leitura dos artigos de opinião.
EXEMPLIFICAR O TEXTO é a melhor forma de absorção da informação
teoricamente apresentada.
ARTIGO
Manifestações no Brasil: quais as razões?
Publicado em 29/06/2013 | MOISÉS FARAH JR.
O início das manifestações populares no Brasil, desde o meio de
junho, deixou perplexas as autoridades da União, estados e municípios.
De um protesto contra o aumento da passagem dos ônibus, a
população incorporou temas pouco discutidos. Em que cenário surgiram
os questionamentos por parte da população? São vários, mas alguns
desses assuntos diretamente refletem na vida das pessoas.
O cenário econômico internacional revela que nossos problemas
internos não são causados por fatores vindos de fora; o cenário interno
revela aumento da inflação, baixo crescimento da economia sem
perspectivas de melhora no curto e médio prazo, perda de poder
aquisitivo face a reajustes automáticos de serviços públicos privatizados
(pedágio, transporte coletivo, telecomunicações, energia) e serviços
prestados ao povo sem o padrão Fifa; para a Copa de 2014, houve
gastos questionáveis para construir estádios particulares sem a
transparência adequada e necessária. A Fifa, uma entidade privada
internacional, impõe (e o governo aceita) exigências que ignoram nossa
soberania.
Além disso, há uma sensação de que os condenados pelo
mensalão não irão ficar atrás das grades. Aumenta a corrupção porque
a impunidade assegura meios de os políticos corruptos escaparem da
prisão. A PEC 37, já derrubada, defendia que o Ministério Público não
tivesse mais o poder investigativo (contra corrupção, desvio de
recursos, obras superfaturadas etc.), e pergunta-se: quem se
beneficiaria com a exclusão do MP das investigações?
Para se evitar problemas com direitos autorais, eis o link do artigo na íntegra:
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?
id=1386512&tit=Manifestacoes-no-Brasil-quais-as-razoes
Após a leitura silenciosa, passaremos então à leitura oral. Cada um lê um
trecho. O professor fará ainda uma terceira leitura, para que o tema seja
devidamente fixado. Agora é o momento de se abrir os comentários dos alunos.
Ao professor
Se sentir que os alunos estão tímidos, com medo de falar, lance
questionamentos como:
Vocês viram as manifestações? Onde aconteceram? Quando
aconteceram? Quem participou? Que revindicaram inicialmente os
manifestantes? Alguém aqui já participou de alguma manifestação?
Alguém aqui se lembra de outras manifestações importantes ocorridas
no Brasil? Quais? Quando? Por quê?
Para auxiliar nas discussões serão lidos os artigos:
As atuais manifestações sociais no Brasil. Disponível em:
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/481180/as-atuais-manifestacoes-sociais-no-brasil
E o Brasil sacudiu! Disponível em:
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/481180/as-atuais-manifestacoes-sociais-no-brasil
Ao aluno
Agora responda:
a) Quem escreveu o artigo?
b) Para quem o texto se dirige?
c) Quais as principais características do gênero artigo de opinião?
d) Qual a relação entre o título e as ideias expressas no corpo do texto?
e) Qual é o ponto de vista do autor?
f) Qual o tipo de linguagem empregada? Há palavras desconhecidas? Quais?
g) Quais relações argumentativas são estabelecidas? Quais argumentos o autor utiliza para estabelecer essas relações?
h) O ponto de vista do autor está explícito ou implícito no artigo?
i) Sabendo-se que as palavras (até, mesmo, mesmo que, inclusive), ou então (ao menos, pelo menos, no mínimo, etc.) são operadores que assinalam o argumento mais forte ou o mais fraco, encontre no artigo exemplos do uso desses operadores.
j) Os articuladores meta-enunciativos “comentam”, de alguma forma, a própria enunciação. Alguns são delimitadores de domínio e explicitam o âmbito dentro do qual o conteúdo do enunciado se verifica (geograficamente, economicamente, politicamente). Retire do artigo um exemplo que comprova esta afirmação.
k) Os articuladores meta-enunciativos (primeiramente, depois, em seguida, enfim, etc.) são organizadores textuais e têm por função estruturar a linearidade do texto, organizá-lo em série. Quais organizadores textuais o autor empregou no artigo?
OBJETIVO DA SEGUNDA AÇÃO
Bräkling (2000 apud HILÁ, 2008) salienta que o artigo de opinião parte de
uma questão controversa, manifestando-se como:
(...) um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes, que possam convencer o interlocutor (2000, p.226, apud HILÁ, 2008).
É importante que o aluno tenha CONSCIÊNCIA do discurso que busca
“convencer o outro” através de argumento, ou, como na citação, da “sustentação
das afirmações realizadas”, marcadas, sobretudo nessa ação, pelos enunciadores
meta-enunciativos.
Plano de ação:
Retomada do artigo anterior e correção das atividades.
Posteriormente, passaremos à leitura do artigo já exposto na segunda
ação:
E o Brasil sacudiu! Disponível em:
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/481180/as-atuais-manifestacoes-sociais-no-brasil
Após a leitura, eis um momento propício para a apresentação de trechos
do documentário: “Os Gritos da Rua”, de Marcos Aleotti (vencedor da Mostra de
Curtas Cambury, 2013).
TERCEIRA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
Vídeo 1: Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=VwyAZYJiVW4
(Acesso: 10 out. 2014)
O vídeo faz uma análise dos movimentos sociais que eclodiram no país
nos últimos tempos, revelando o descontentamento generalizado da população
com diferentes problemas brasileiros, a exemplo da corrupção.
Após as leituras e o vídeo, o professor dividirá a sala em dois grupos. Um
grupo deverá argumentar a favor das manifestações populares e o outro deverá
argumentar contra. O professor deverá ser o mediador, formulando argumentos,
direcionando voz e vez de falar sem emitir seus argumentos. É imprescindível
deixar que os alunos defendam seus pontos de vista, por mais divergentes que se
manifestem. A função de mediador do professor é instigar cada participante a
elaborar argumentos que refutem os argumentos do outro grupo.
Essas atividades devem ocupar as duas primeiras aulas. Após o intervalo,
os alunos deverão, dois a dois, organizarem a produção escrita dos argumentos
por eles utilizados na defesa de seu ponto de vista. O texto deve conter entre 18 e
25 linhas. Eles não estarão produzindo um artigo de opinião, mas argumentos
contra ou a favor das manifestações populares.
Ao professor
Durante a produção, a professora já estará orientando na organização
da escrita, dos argumentos utilizados auxiliando já na produção e
antecipando a refacção, pois como estamos trabalhando com alunos
adultos, eles tendem a gostar que o professor diga, mostre o que está
bom, o que precisa ser melhorado antes que terminem a atividade.
Pela experiência com a turma, muitos se sentem mal quando o
professor permite que eles “façam” para depois dizer que não
executaram corretamente as demandas. Dessa forma, leve em conta
que o “fazer” e o “refazer” são ações paralelas. Não adianta o aluno
escrever e o professor corrigir o texto na íntegra, entregando-o de
volta cheio de correções sem contra-argumentações prévias. Isto só
servirá para desestimular os autores. Ajude-os na concretização dos
argumentos.
OBJETIVO DA TERCEIRA AÇÃO
Cereja e Magalhães (2008), no tópico “Verdade X Opinião” expõem:
Nos gêneros argumentativos em geral, o autor sempre tem a intenção de convencer seus interlocutores. Para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões. Consideram-se verdades tanto as afirmações universalmente aceitas (por exemplo, o fato de a Terra girar em torno do Sol, a poluição prejudicar o meio ambiente) quanto dados científicos em geral, como estatísticas, resultados de pesquisas sociais ou de laboratório, entre outras. Já as opiniões são fundamentadas em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são mais fáceis de contestar. Os bons textos argumentativos geralmente fazem uso equilibrado dos dois tipos de argumentos (2008, p. 338).
Em outras palavras, o indicado a sobressair na atividade de escrita é a
intenção de “convencimento”. Dica ao professor: trabalhe com verbos no
imperativo, bem como estimule os alunos a argumentar ao invés de
fundamentarem suas impressões em “achismos” ou opiniões pessoais.
Para ajudar na explicação, mostre-lhes a seguinte charge antes que
executem a defesa das ideias:
Charge 1 – Fonte: http://blogdobenett.blog.uol.com.br/arch2013-06-01_2013-06-15.html
(Acesso: 15 out. 2014)
Plano de ação:
Leitura de três artigos de opinião expondo nova temática: “Rolezinhos”
Dando Um Rolê por Aqui. Disponível em:
http://centraldasletras.blogspot.com.br/2014/01/dando-um-role-por-aqui.html
Depois dos Rolezinhos. Disponível em:
http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2014/01/depois-dos-rolezinhos-por-cristovam-buarque-521993.html
Rolezinhos. Disponível em:
http://pintobernardo.jusbrasil.com.br/artigos/112334436/rolezinhos-opiniao
Discussão dos artigos
QUARTA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
O primeiro texto, do professor e escritor Théo Alves, posiciona-se a favor
dos rolezinhos. Seu argumento é o seguinte: “como quaisquer adolescentes, os
meninos e as meninas dos rolezinhos querem se divertir”, devendo-se levar em
conta que, legitimamente, os shoppings são espaços públicos que também lhes
pertence.
O segundo texto, publicado em 25.01.2014, no jornal O Globo, de autoria
do Senador Cristovam Buarque, argumenta: “Daqui para frente, os shoppings
existirão e terão um papel positivo no conforto social, mas a ‘guerrilha cibernética’
é uma realidade com a qual vamos conviver. Ou assume-se a segregação
explícita, ou promove-se a miscigenação social”.
Já o terceiro, do estudante de direito Bernardo Pinto, explica, dentro do
Direito Criminal, como se dá a prática do “rolezinho”: “Com a relação à prática de
crimes: o 'rolezinho', propriamente dito, ou seja, aquele encontro de jovens que
visa somente fazer um protesto pacífico, não carrega crime algum. Há crime
quando o protesto ganha contornos de violência, gerando quebra-quebra, furtos,
etc, devendo ser punido cada infrator na medida de sua culpabilidade”.
Ao aluno
Produção textual
Argumente, posicione-se contra ou a favor dos “rolezinhos”. Não se
esqueça de utilizar de argumentos consistentes para defender o seu ponto de
vista. Esta produção será individual e a reestruturação dos textos produzidos se
realizará de acordo com a necessidade de cada aluno. Após a conclusão, os
textos serão expostos para o colégio, no mural do pátio.
, conforme forem fazendo, o professor vai olhando , corrigindo onde
necessário ou ainda quando o aluno pedir ajuda ou correção. Após será exposto
para o colégio, no mural do pátio.
Ao professor
Conforme os alunos forem escrevendo, a professora deverá dar uma
“olhada”, corrigir e estar atenta aos pedidos de ajuda. Instigue-os a
elaborar bons argumentos!! Lembrando que a ação afirmativa de
expor seus textos aos demais alunos, professores e funcionários do
colégio é, em si, uma “mola” que os propulsiona a construir bons
argumentos.
OBJETIVO DA QUARTA AÇÃO
Rocha (2012) pontua:
Em uma proposta didática que considere as dimensões teóricas apontadas, a língua é reflexo do dinamismo da vida, pois, materializada em um enunciado, não só reflete a realidade imediata, mas resgata a memória discursiva dos sujeitos e a atualiza no momento de sua produção. Desse modo, parte-se do princípio de que ler e escrever textos é participar de diferentes práticas de linguagem, uma vez que, pelo diálogo travado entre um sujeito e as vozes instauradas nas diferentes formas de discurso, uma atitude responsiva pode ser instituída, marcando de forma apreciativa as posições assumidas por um enunciador (2012, p. 47).
Pense bem nessa citação: “a língua é reflexo do dinamismo da vida”, visto
que “reflete a realidade imediata” e “resgata a memória discursiva dos sujeitos”,
atualizando-a no “momento da produção”. Garanta que esse movimento dinâmico
permaneça quando seu aluno argumentar e representar seu pensamento no
texto. Aqui, mais do que nunca, a posição do enunciador – o autor – é assumida
não apenas frente ao professor e à turma, mas para toda a escola.
Ao aluno
Retomando os artigos lidos e discutidos na aula passada, responda às
seguintes questões:
a) Quem são os autores dos textos? A quem os textos se dirigem?
b) Qual a intenção do produtor do texto, já que se trata de um estudante de direito?
c) No artigo “Rolezinhos”, publicado por Bernardo Pinto, o ponto de vista do autor está implícito ou explícito? Justifique com trechos do artigo.
QUINTA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
d) Para validar seu discurso, o enunciador lança mão do discurso jurídico. Que argumentos ele utiliza para validar seu ponto de vista?
e) Qual a relação entre os títulos e as ideias expressas nos corpos dos textos?
f) Qual é o ponto de vista dos autores?
g) Que tipo de linguagens foram empregadas? Há palavras desconhecidas? Quais?
h) Foram utilizados operadores argumentativos. Quais?
Plano de ação
Estas atividades serão trabalhadas nas duas primeiras aulas. Após o
intervalo, passaremos para o vídeo da música “Chega (Não é pelos vinte
centavos)”, cantada por Seu Jorge, Gabriel Moura e Pretinho da Serrinha:
Vídeo 2: Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=GULdqoyycFI
(Acesso: 10 out. 2014)
Logo após, será entregue aos alunos a letra da música:
Chega de impunidade
Chega de desigualdade
Chega
Todo mundo está enxergando
Não é pelos vinte centavos que estamos lutando
Chega de não ter casa pra morar
Chega de não ter grana pra pagar
Chega
O povo não está brincando
Não é pelos vinte centavos que estamos lutando
(...)
Para evitar problemas com direitos autorais, disponibilizamos apenas um trecho
da música. Para ouvi-la e visualizá-la na íntegra acesse o link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=GULdqoyycFI
Na sequência, assistiremos a um vídeo produzido com a canção “Brasil”,
do compositor Cazuza (1958-1990), tendo em mãos a letra:
Brasil (Cazuza)
Não me convidaramPra esta festa pobreQue os homens armaramPra me convencerA pagar sem verToda essa drogaQue já vem malhadaAntes de eu nascer
Não me ofereceramNem um cigarroFiquei na portaEstacionando os carrosNão me elegeramChefe de nadaO meu cartão de créditoÉ uma navalha
Brasil!Mostra tua caraQuero ver quem pagaPra gente ficar assim
Brasil!Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?Confia em mim(...)
Para evitar problemas com direitos autorais, disponibilizamos apenas um trecho
da música. Para ouvi-la e visualizá-la na íntegra acesse os links abaixo,
respectivamente:
https://www.youtube.com/watch?v=1Ss_b5IirIg
http://letras.mus.br/cazuza/7246/
Ao aluno
Responda:
a) Como sabemos, as letras de música também são ótimas fontes argumentativas e sempre estiveram presentes nos momentos importantes da nossa história. Ambas as letras, apesar de simples, estão repleta de vozes, de discursos. De quem são essas vozes, esses discursos?
b) Qual é o principal argumento utilizado pelos compositores? Você, como cidadão contribuinte, concorda com ambos? Por quê?
c) No primeiro vídeo, no trecho: “Brasil, tá na tua hora Brasil, tem que ser agora”, que outra letra de música está implícita nesses versos?
d) No primeiro vídeo, no trecho: “Brasil, pinta a sua cara/ Brasil, é uma chance rara”, há outra letra de música sendo parodiada. Qual é essa letra? Quem é o seu autor?
e) No segundo vídeo, o país atua como sujeito: “Brasil, mostra tua cara”. Quando um objeto inanimado, um animal ou até mesmo um país agem
como sujeitos, temos a figura de estilo denominada “personificação”. Como ela se dá na letra? Quais passagens indicam essa característica?
Ao professor
Neste momento é importante incentivar os alunos a discutirem sobre
as letras das músicas. Uma dica é ir ao laboratório de informática e
realizar uma pesquisa rápida sobre os autores e o contexto das
produções (histórico, social).
OBJETIVO DA QUINTA AÇÃO
O teórico e formalista russo Bakhtin, em seu famoso estudo “Marxismo e
filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência
da linguagem”, publicado em 1929, revoluciona o pensamento linguístico por
considerar que:
cada campo de criatividade ideológica tem seu próprio modo de orientação para a realidade e retrata a realidade à sua própria maneira. Cada campo dispõe de sua própria função no conjunto da vida social (BAKHTIN, 2004, p.33).
De fato, para o pensador russo, todo signo obedece às coerções da
avaliação IDEOLÓGICA, orientadas de acordo com cada esfera da criação
ideológica. Sua concepção de linguagem, além de considerar as coerções das
esferas ideológicas, apresenta o signo como um fenômeno ideológico
onipresente, MATERIALMENTE constituído, refletindo e refratando a realidade.
Mostre essa característica ao seu aluno. Ao refletir e retratar, temos que ter em
mente que as significações não estão garantidas no sistema abstrato da língua,
mas são constituídas na INTERAÇÃO DOS SUJEITOS, na dinâmica de suas
experiências.
Plano de ação:
Iniciar com o vídeo da canção “Pra não dizer que não falei das flores”, de
Geraldo Vandré, composta no auge da repressão militar, em 1968:
Caminhando e cantando e seguindo a cançãoSomos todos iguais braços dados ou nãoNas escolas nas ruas, campos, construçõesCaminhando e cantado e seguindo a canção
SEXTA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
Vem vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora não espera acontecerPelos campos a fome em grandes plantaçõesPelas ruas marchando indecisos cordõesAinda fazem da flor seu mais forte refrãoE acreditam nas flores vencendo o canhãoHá soldados armados, amados ou nãoQuase todos perdidos de armas na mãoNos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:De morrer pela pátria e viver sem razãoVem vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora não espera acontecer(...)
Para evitar problemas com direitos autorais, disponibilizamos apenas um trecho
da música. Para ouvi-la e visualizá-la na íntegra acesse os links abaixo,
respectivamente:
https://www.youtube.com/watch?v=A_2Gtz-zAzM
http://letras.mus.br/geraldo-vandre/286787/
Voltemos agora ao vídeo da música “Brasil”, de Cazua, reproduzida na aula
anterior. A partir dos vídeos, com o auxílio do professor(a) de História,
promoveremos uma discussão sobre essas manifestações, suas repercussões
positivas e negativas; quais foram as conquistas; quais foram as perdas, quais os
problemas solucionados no passado, quais os acumulados; como era a censura,
como está moldada nos tempos atuais. Guarde duas aulas para essa ação.
Ao professor
É muito importante que essa unidade de ação seja realizada em
parceria com o professor(a) de História. Ninguém melhor do que ele(a)
para contextualizar a cena dos debates, para esclarecer fatos
temporais e sociais com exatidão. Além disso, uma das atividades
mais importantes nesse ciclo de ações é promover atividades
multidisciplinares, ampliando a visão de mundo do aluno.
Ao aluno
Elabore:
Após as discussões, produzam, em duplas, um texto argumentando sobre
os resultados obtidos através das manifestações, levando-se em conta as
explanações contextualizadas repassada pelo(a) professor(a) de História.
OBJETIVO DA SEXTA AÇÃO
A interdisciplinaridade começou a ser abordada no Brasil a partir da Lei de
Diretrizes e Bases Nº 5.692/71. Desde então, sua presença no cenário
educacional tem se tornado mais presente e, recentemente, ainda mais, com a
nova LDB Nº 9.394/96 e com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Além
da sua grande influência na legislação e nas propostas curriculares, a
interdisciplinaridade tornou-se cada vez mais presente no discurso e na prática de
professores (MEC, PCN, 1997).
Assim, a utilização da interdisciplinaridade como meio de se integrar os
conteúdos de uma disciplina com outras áreas de conhecimento é uma das
propostas apresentadas pelos PCNs que contribui para o aprendizado. É
possível sim a interação entre disciplinas “aparentemente” distintas, como a
LITERATURA e a HISTÓRIA. Esta interação é uma maneira complementar que
possibilita a formação de um pensamento crítico-reflexivo e é através dessa
perspectiva que ela surge como uma forma de diálogo entre os saberes.
Plano de ação
Refacção dos textos produzidos. Nesse momento, o processo de reescrita
serve para que o aluno melhore seus argumentos, exponha situações com maior
clareza, amplie o vocabulário e corrija erros de gramática. Os alunos que
concluírem seus textos terão à disposição jornais e revistas (caixa da professora),
para lerem novos textos argumentativos. Salve duas aulas para essa atividade.
SÉTIMA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
Ao professor
A Caixa da Professora é uma alternativa bastante atrativa ao aluno,
que, ao se encontrar livre para escolher os gêneros que lhe prezam,
tende a participar mais. Cabe ao professor(a) sugerir as leituras: carta
do leitor, editorial, artigo, reportagem.
Sobre os gêneros opinativos:
CARTA DO LEITOR: Tal gênero discursivo apresenta natureza opinativa e
é bastante conhecido, especialmente em tempos de internet e feedback de fatos e
expressões pessoais. Pode ser encontrado em diferentes situações de construção
de enunciados na imprensa, com os seguintes propósitos: para agradecer ou dar
congratulações; para fazer um pedido ou uma reclamação; para justificar
argumentos; para criticar; e ainda para apresentar conselhos ou soluções sobre
determinados assuntos.
Não obstante, por serem os gêneros discursivos os canais de exposição
dos enunciados, observamos que as cartas podem ter diversos conteúdos,
informações e contextos, produzidos por diferentes interlocutores, com distintos
propósitos e finalidades. Assim como sabemos que os enunciados variam de
acordo com a atividade reproduzida, as cartas também podem se apresentar de
modo diferenciado, de acordo com o contexto da situação em que estão sendo
escritas. Além disso, as questões “para quê”, “para quem”, “de que modo” e
“como” informam quais tipos de construções textuais se formam.
EDITORIAL: Os editoriais são textos que posicionam a opinião do jornal ou
da revista, sem ter a obrigação de imparcialidade ou objetividade –
DIFERENTEMENTE DA REPORTAGEM E DA NOTÍCIA, QUE, EM TESE,
NECESSITAM SER INFORMATIVAS, E NÃO OPINATIVAS!
Os grandes jornais e revistas tendem a reservar um espaço
predeterminado para os editoriais logo nas primeiras páginas. Os boxes
(quadrados que “cercam” os textos) são marcados por uma borda ou tipografia
distinta, com a intenção de demarcar, com clareza, que aquele é um texto
opinativo – e não informativo. Os editoriais apresentam a tendência de serem
“apócrifos”, isto é, nunca são assinados por alguém em particular – ao contrário
dos artigos opinativos e das reportagens, que NECESSITAM de assinatura.
ARTIGO: Como notamos até aqui, nos gêneros argumentativos o autor tem
a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar bons
argumentos. O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do
autor e, portanto, são contestáveis, afinal ninguém é “dono da verdade”, como diz
o velho ditado.
Mas para que a contestação seja evitada, o ideal é que o escritor tenha em
mente quem irá ler sua opinião, ou seja, seu tipo de público. Além disso, a
linguagem deve ser adequada ao gênero e ao perfil do público leitor.
Ao aluno
CARTA ARGUMENTATIVA:
Sabendo-se desses conceitos, produza uma carta argumentativa
endereçada à direção da escola / ou à equipe pedagógica ressaltando os pontos
positivos/ e ou negativos do projeto de implementação pedagógica proposto por
nós como forma de melhorar a argumentação oral e escrita dos alunos do Ensino
Médio desta escola.
OBJETIVO DA SÉTIMA AÇÃO
Roncaglio (2004), em artigo acadêmico que aborda a relação professor-
aluno, observa existir reação de parte dos alunos à postura autoritária dos
professores, não se reduzindo à titulação:
Outros fatores, como inflexibilidade, alto grau de exigência, sem oferecer retorno, teoria desvinculada da reflexão e da prática, denotam relações de poder do educador que se distancia da realidade do aluno, fazendo com que o processo ensino-aprendizagem seja unilateral, acrítico e desprovido de uma prática democrática (2004, p. 136).
Pois esta ação se apresenta justamente como uma solução aos problemas
apresentados pela autora, evitando que o processo de ensino-aprendizagem seja
unilateral, acrítico e desprovido de democracia. Ao contrário: o aluno, ao se
perceber no direito – e no dever – de informar questões didáticas e de
aprendizado aos seus superiores na escola, tende a se sentir valorizado e ouvido.
Essa é a via de ação!
Plano de ação
Refacção das cartas argumentativas e finalização das atividades.
Ao professor
OITAVA AÇÃO
(Total: 4 aulas)
Nesse momento, a professora deve atuar como auxiliar na correção
gramatical, evitando se posicionar a respeito da argumentação do
aluno. É importante que o autor da carta se sinta “livre” para poder se
expressar do melhor modo, ainda que a carta apresente argumentos
negativos relacionados às aulas ou aos conteúdos. A democracia
segue esse movimento, impreterivelmente.
Ao aluno
EDIÇÃO É A PALAVRA DE ORDEM!
Capriche na escrita de sua carta argumentativa, afinal ela será lida pela
direção da escola / equipe pedagógica! Mostre que você sabe o que diz, que tem
consciência de sua participação no processo de educação e que consegue
desenvolver boas colocações. Demonstre como sua opinião é importante! Mas
para isso, cuidado com o texto! Edite, edite e edite! Ou seja: leia e releia e releia
sua carta, para que erros “horríveis” de gramática não preponderem sobre seus
bons argumentos. Eis algumas dicas:
1) Após a leitura de vários pontos de vista, anote num papel os argumentos que mais lhe agradam, pois eles podem ser úteis para fundamentar o ponto de vista que você irá desenvolver.
2) Escolha os argumentos, entre os que anotou, que podem fundamentar a ideia principal do texto de modo mais consciente, e desenvolva-os.
3) Pense na melhor forma possível de concluir seu texto: retome o que foi exposto, ou confirme a ideia principal, ou faça uma citação de algum escritor, pensador, artista ou outra pessoa importante que já enfocou o mesmo tema.
4) Crie um título que desperte o interesse e a curiosidade do seu leitor.
5) Após o término do texto, releia e observe se nele você se posiciona claramente sobre o tema; se a ideia está fundamentada em argumentos fortes e se estão
bem desenvolvidos; se a linguagem está adequada ao gênero; se o texto apresenta título e se é convidativo e, por fim, observe se o texto como um todo é persuasivo. Persuasivo: isto é, se convence.
OBJETIVO DA OITAVA AÇÃO
Rocha (2012), no texto “O ensino da escrita argumentativa na perspectiva
dialógica”, enfatiza:
Todo texto é um produto da vida real, na qual um enunciador responde a outros interlocutores. Considerando essa concepção (...), seu objetivo é dialogar com os diferentes pontos de vista que foram suscitados no momento da produção escrita, que contribuíram para a publicação e que poderiam ser vivenciados pelo aluno (2012).
Vivenciar a aprendizagem de distintos gêneros (como carta opinativa, letras
de música contestatória e artigos de opinião) foi o mote deste trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Desde a primeira ação, esta Sequência Didática priorizou como objetivo
incentivar a leitura argumentativa através de artigos de opinião, cartas do leitor,
letras de músicas e charges. A escolha desses gêneros deu-se por ser apropriada
ao público-alvo, constituído por alunos adultos do Ensino Médio que frequentam o
CEEBJA-Santa Clara (Mandaguari).
Nossa intenção, ação após ação, foi garantir que os alunos pudessem ler,
refletir, ponderar e argumentar distintos tópicos de importância social a partir dos
gêneros propostos, encontrando na mediação do professor um elemento válido no
ensino e na compreensão dos recursos linguístico-discursivos empregados no
que se refere à construção argumentativa dos textos.
Nesse contexto, pensamos elaborar a prática pedagógica dirigida a
situações reais de uso da produção discursiva, enfatizando-se a argumentação, a
opinião e as visões de cada aluno e como elas se manifestam nos meios de
produção escrita e oral.
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