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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
A PRÁTICA DO BADMINTON PARA ALUNOS DOS 6º ANOS DE
UMA ESCOLA ESTADUAL EM ASSIS CHATEAUBRIAND/PR
Edimara dos Santos Dias1 Lucinar Jupir Fornes Flores2
RESUMO: O presente artigo analisa a implementação do projeto de intervenção
pedagógica intitulado “A prática do Badminton para alunos dos 6º anos de uma
escola estadual em Assis Chateaubriand/PR”. Trata-se de uma pesquisa de caráter
bibliográfico e atividades de campo com alunos dos 6ºs anos do Ensino
Fundamental. Os objetivos específicos consistiram em (i) ministrar conteúdos
inerentes ao Badminton na prática escolar, (ii) elaborar Caderno Pedagógico de
atividades relacionadas à prática do Badminton e contendo o histórico da
modalidade,(iii) implementar atividades práticas de iniciação esportiva da Unidade
Didática e (iv) verificar, mediante a aplicação de um questionário, a opinião dos
alunos em relação às vivências praticadas do Badminton. Os resultados foram
apresentados numericamente, de forma absoluta e relativa. Após a intervenção, 78
alunos responderam a nove itens do questionário, e foi verificado que os alunos
tiveram uma boa aceitação da modalidade, que gostariam de continuar a ter aulas
de Badminton, que aprenderam pelo menos uma regra do jogo, porém não acharam
tão fácil de aprender todas as regras e, por isso, passaram a prestar mais atenção
no jogo. A maior dificuldade encontrada foi acertar a peteca. A melhor razão para
jogar Badminton é a questão do lazer. O valor mais importante do jogo, segundo
eles, é praticar o respeito entre os jogadores.
Palavras-chave: Badminton, Iniciação esportiva, Unidade Didática.
1 INTRODUÇÃO
A prática pedagógica da Educação Física não deve limitar-se ao fazer
corporal, isto é, ao aprendizado única e exclusivamente das habilidades físicas, das
destrezas motoras, das táticas de jogo e das regras (GOVERNO DO ESTADO DO
1 Professor da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. Contato via internet pelo e-mail: [email protected].
2 Orientador PDE da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Contato via internet pelo e-mail: [email protected].
PARANÁ, 2008). É importante permitir aos alunos as múltiplas experiências das
inúmeras modalidades esportivas existentes. Sendo assim, estudou-se como o
conteúdo Badminton3, que consiste num esporte individual ou em duplas, poderia
contribuir no desenvolvimento motor, sim, mediante os conhecimentos básicos e a
prática dessa nova modalidade esportiva para estudantes brasileiros, porém mais
ainda contribuir para o desenvolvimento das capacidades cognitivas, afetivas e
sociais dos alunos. O estudo incluiu pesquisa bibliográfica sobre a área da
Educação Física e sobre essa modalidade esportiva inglesa, também buscando
dimensionar a opinião dos alunos sobre essa nova vivência nas aulas de Educação
Física.
Dessa forma, foi elaborada uma produção didático-pedagógica desenvolvida
no formato de Unidade Didática, destinada aos alunos dos 6º anos da Escola
Estadual Guimarães Rosa, de Assis Chateaubriand, no estado do Paraná. Assim,
portanto, essa Unidade Didática abordou um único tema, qual seja esse do
Badminton, e consistiu em trazer informações importantes sobre essa modalidade
esportiva que, embora ainda pouco divulgada, está incluída nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica do Paraná (GOVERNO DO ESTADO DO
PARANÁ, 2008).
O Badminton é um esporte de raquete, que pode ser praticado
individualmente ou em duplas, sendo disputado numa quadra por dois ou por quatro
jogadores, à semelhança do jogo de tênis de quadra. Os jogadores utilizam raquete
para baterem uma peteca de um lado para o outro por sobre a rede que divide a
quadra em duas áreas iguais (GOMES, 2012).
Partiu-se da informação de que o Badminton seria uma excelente opção de
esporte escolar tanto para meninos como para meninas, praticamente adequado
para crianças de todas as idades e níveis de habilidade. Além disso, entendeu-se de
pronto que seria um esporte seguro, divertido e de baixo impacto inclusive para
crianças (KELZENBERG, 2011).
Parte este estudo do pressuposto de que os professores de Educação Física
em geral propõem apenas esportes coletivos aos seus alunos. Essa parece ser a
realidade das escolas estaduais da região oeste do Paraná, embora não tenhamos
estudos conhecidos comprovando tal predominância curricular. Assim, 3 Como se trata de esporte que integra as olimpíadas e existe, inclusive, uma confederação brasileira de badminton, a palavra pode ser considera aportuguesada, escrita com fonte normal (não itálico).
diferentemente, salienta-se, de antemão, que o Badminton é esporte mais individual,
com potencial de estimular o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, como
a coordenação motora, a lateralidade, a estruturação espacial e temporal, dentre
outras capacidades. Permite, pois, ao sujeito que desenvolva as suas capacidades
físicas, cognitivas, afetivas e sociais (GONÇALVES, 2012).
Assim sendo, esta Unidade Didática contempla 32 horas/aulas
implementadas no período de março a agosto de 2015 e está organizada com
instrumentos como textos de fundamentação, reflexões sobre o tema proposto,
vídeos, trabalhos de pesquisa, atividades práticas e exposições de trabalhos. Para
os professores, esse material de apoio ajuda a ensinar o Badminton no contexto
escolar, oferecendo uma imagem e experiência positiva desse esporte.
2 REVISÃO DE LITERATURA
O esporte ─ que é o tema deste estudo, na modalidade de Badminton ─ é
entendido como uma atividade teórico-prática e um fenômeno social que, em suas
várias manifestações e abordagens, pode ser uma ferramenta de aprendizado para
o lazer, para o aprimoramento da saúde e para integrar os sujeitos em suas
relações sociais (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2008).
A compreensão do que significa ensinar/aprender esporte não é tão simples,
apesar da ideia, muito comum, de que ensinar um esporte é ensinar a praticá-lo.
Conhecer o esporte não significa apenas saber executá-lo, mas também saber suas
regras, sua história, sua inserção sociopolítica. Esse aspecto possibilita a realização
de uma proposta pedagógica da Educação Física, que apresenta uma prática
esportiva fundamentada numa visão crítica do fenômeno esporte (GONÇALVES,
2011).
Assim, portanto, o ensino do esporte nas aulas de Educação Física deve,
sim, contemplar o aprendizado das técnicas, das táticas e das regras básicas das
modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É importante que o professor
organize, em seu plano de trabalho docente, estratégias que possibilitem a análise
crítica das inúmeras modalidades esportivas e do fenômeno esportivo, que, sem
dúvida, é algo bastante presente na sociedade atual (GOVERNO DO ESTADO DO
PARANÁ, 2008).
É necessário, desta forma, que o professor identifique os instrumentos de
ação pedagógica a serem usados em suas aulas de Educação Física, estimulando a
automotivação dos seus alunos, tornando-os mais criativos em busca de seu
desenvolvimento. Deve o professor estar ciente de que todo profissional de
Educação Física necessita de uma base teórica para orientar sua prática
pedagógica. Faz-se necessário repensar o esporte no contexto escolar,
considerando-o como conteúdo de uma disciplina comprometida com o processo
educativo (GONÇALVES, 2011).
2.1 Abordagem histórica do Badminton
O nascimento da modalidade Badminton aconteceu na Índia, no século XIX,
com o nome de poona. Oficiais ingleses, em serviço naquele país, gostaram do jogo
e trouxeram-no para a Europa.
O poona passou a chamar-se Badminton quando, na década de 1870, uma
nova versão dessa modalidade foi jogada na propriedade de Badminton House,
pertencente ao Duque de Beauford, em Gloucestershire, na Inglaterra, utilizando
raquetes de tênis e um volante4 muito parecido com o usado atualmente. Esse jogo
ficou para sempre como “aquele jogo em Badminton”. Assim surgiu o nome da
modalidade (GOMES, 2012).
Em 1934 foi fundada a Federação Internacional de Badminton (IBF), com
nove membros: Canadá, Dinamarca, Escócia, França, Holanda, Inglaterra, Nova
Zelândia e País de Gales. Sua sede era em Gloucestershire. Nos anos seguintes
mais países se tornaram membros, especialmente após a estreia do esporte nas
olimpíadas de Barcelona, em 1992. Hoje em dia existem 130 países membros da
IBF (International Badminton Federation), e o número tende a crescer
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON – CBBd, 2014).
Em 1995 o Badminton foi incluído nos XII Jogos Pan-Americanos de Mar del
Plata, Argentina, e foi jogado novamente em 1999, nos XIII Jogos Pan-Americanos
em Winnipeg, Canadá. Depois disso, a modalidade se firmou no evento sendo
4 Que voa ou tem a capacidade de voar; voante.
esporte que conta medalhas até hoje. Inclusive, em 2007, nos Jogos Pan-
Americanos do Rio de Janeiro, o Brasil conquistou sua primeira medalha na
competição. O feito histórico para o Badminton brasileiro foi conseguido pelos
atletas Guilherme Kumasaka e Guilherme Pardo, que conquistaram medalha de
bronze na categoria de dupla masculina (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE
BADMINTON – CBBd, 2014).
Quanto ao Brasil, a prática do Badminton teve início de forma competitiva em
1984, em São Paulo. No mesmo ano, o país disputou o I Campeonato Sul-
Americano, sendo que em 1985 conquistou a vitória no II Campeonato. Ambos
foram realizados em Buenos Aires. Em 1987 disputou pela primeira vez um
Campeonato Pan-Americano, disputado em Lima, no Peru. Em 1993 foi criada a
Confederação Brasileira de Badminton (COPELLI, 2010, p.54).
2.1 Caracterização da modalidade
O Badminton é um esporte de raquete e peteca, que pode ser praticado
individualmente ou em duplas, sendo disputado numa quadra por dois ou quatro
jogadores. Os jogadores utilizam raquetes para baterem a peteca de um lado para o
outro por sobre a rede que divide a quadra em duas áreas iguais (GOMES, 2012).
Para treinamentos e competições, o ideal é que o jogo seja jogado em quadra
coberta onde não ocorram correntes de ar. O piso da quadra deve ser feito de
material antiderrapante e suas marcações devem estar feitas com cores facilmente
identificáveis (branco ou amarelo). A rede de Badminton deve ficar a 1,55m de
altura do chão e pode ser fixada em postes ou em suportes fora da área da quadra
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON – CBBd,2014).
A “bola” usada no Badminton é uma frágil e aerodinâmica peteca. Existem
dois tipos de petecas: o tipo tradicional, feito com penas de ganso, e o tipo sintético,
feito de nylon, e, respectivamente, as bases esféricas são feitas de cortiça ou de
poliuretano (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON – CBBd,2014).
A raquete é, sem dúvida, o principal equipamento do Badminton, sendo sua
escolha muito importante para um bom desempenho nas quadras. Para os
iniciantes, uma raquete de aço e alumínio servirá para pegar o jeito do esporte.
Posteriormente, uma raquete mais leve, de grafite, por exemplo, seria o ideal
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON – CBBd,2014).
O sistema de pontuação consiste de um melhor de três sets de 21 pontos,
sem vantagem para quem saca. O set termina sempre com dois pontos de diferença
entre os adversários, sendo que, em caso de um empate em 20 a 20, o jogo
continua sendo disputado até que alguém consiga a vantagem de dois pontos no
placar. O saque é executado sempre pelo jogador que ganhou o ponto e deve ser
cruzado: do lado direito da sua quadra para o lado direito da quadra adversária
quando o placar está com pontuação par para quem saca e o contrário quando o
placar está com pontuação ímpar para quem saca (COPELLI, 2010).
De fácil aprendizagem, o Badminton desenvolve o raciocínio, a estratégia, o
rendimento esportivo, e também estimula o desenvolvimento das habilidades
psicomotoras, como a coordenação motora, a lateralidade, a estruturação espacial e
temporal, dentre outras capacidades. Pode-se afirmar que esse esporte permite ao
sujeito o desenvolvimento das capacidades físicas, cognitivas, afetivas e sociais,
fazendo do corpo um instrumento de percepção da realidade externa e interna
perante a realização de sua ação, de seus movimentos (GONÇALVES, 2012).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Para que este projeto se tornasse realidade se iniciaram os preparativos para
que a Implementação acontecesse de fato. O primeiro obstáculo encontrado foi a
aquisição dos materiais para a prática do Badminton, pois houve uma série de
fatores burocráticos que retardou a compra dos materiais, se tornando um processo
lento.
Através de um empréstimo de 15 raquetes e 30 petecas da Prefeitura
Municipal de Assis Chateaubriand, iniciou-se a organização das quatro quadras com
pinturas das demarcações das linhas do Badminton, fabricação dos postes em uma
fábrica de móveis e instalação das redes.
Participaram deste Projeto três turmas de 6º anos com meninos e meninas e
idade variando entre 11, 12 e 13 anos, totalizando 78 alunos. As aulas aconteceram
conforme o horário das referidas turmas, sendo duas vezes por semana do período
de março a agosto de 2015 com pequenas interrupções devido à greve dos
profissionais da educação.
Após a aquisição dos materiais esportivos próprios para a atividade, a
primeira ação pedagógica com os alunos foi explicar a concepção sobre o
Badminton e seus principais objetivos. Isso foi realizado com base na literatura
sobre o tema, mostrando que o Badminton é uma excelente opção de esporte
escolar e é adequado para crianças de todas as idades e níveis de habilidade,
sendo um esporte seguro, divertido e de baixo impacto fisiológico (KELZENBERG,
2011). Houve aula teórica sobre o histórico do Badminton e regras oficiais utilizando
texto explicativo. Nesse momento os alunos se sentiam confusos com tantas regras
diferentes e até mencionaram a questão da interdisciplinaridade com a matemática
na questão de números pares e ímpares para o momento do saque (também
denominado de momento do serviço). Em seguida foram apresentados os materiais
de jogo para as aulas práticas (raquetes e petecas), e ficaram encantados com os
materiais, pois o material comumente utilizado em aulas de Educação Física são
bolas. Logo em seguida os alunos assistiram a um vídeo que mostra o que é o
Badminton e suas regras. Nesse momento se percebeu que os alunos se sentiam
empolgados, curiosos e animados para a próxima etapa da implementação.
As aulas práticas foram realizadas baseadas no programa de Badminton
escolar da Badminton World Federation de KELZENBERG, (2011) e adaptadas para
a realidade desta escola.
Em seguida foi realizada uma atividade prática visando treinar a
empunhadura da raquete, para o que duas posições foram apresentadas, sendo a
posição backhand e a posição forehand ─ em que essa nomenclatura em inglês já
dá a entender de quais gestos se trata em cada posição ─. Os alunos não ficaram
muito animados com esse manuseio, pois eles queriam mesmo era manusear os
materiais oficiais. Assim, cresceu muito o entusiasmo ao ser iniciado um jogo com o
uso das raquetes. Logo, nas atividades 2 e 3 foram apresentados exercícios de
deslocamento fazendo uso das petecas, à princípio sem rede e, após, com rede,
percebendo que eles gostam mesmo é de utilizar todos os materiais disponíveis.
Assim, na atividade 4 foi realizada a introdução propriamente dita ao jogo na
rede e com deslocamento em duplas. A começar, pôde-se perceber que se sentiram
desconfortáveis por não conseguir acertar a peteca, porém, com a prática, foram se
familiarizando com os materiais, participando dos jogos em equipes e criando gosto
pelo esporte.
O saque foi um dos desafios para muitos alunos, principalmente o saque
baixo de backhand, pelo posicionamento diferenciado do corpo e da raquete, sendo
que muitos optaram pelo saque longo, que não está inserido na Unidade Didática,
mas que foi apresentado aos alunos.
A partir da atividade 7 foram inseridos exercícios com níveis de maior
dificuldade, como drives no meio da quadra, clear com salto de tesoura, drop,
smash e bloqueio. Não há ainda termos próprios em português para essas jogadas
e mesmo parece que os termos em inglês acabam se consagrando, como já ocorreu
com muitos outros esportes mais antigos. No decorrer das atividades foi se
evidenciando uma realidade de que alguns alunos se sentiam muito à vontade em
realizar os exercícios, tendo bastante animação e vontade de aprender cada vez
mais, isso ocorrendo enquanto outros alunos, porém, não queriam realizar as
atividades propostas, mas apreciavam realizar e mesmo queriam fazer exercícios
simples de “bater peteca” em duplas, em trios e em quartetos.
A partir da atividade 12, que era o jogo propriamente dito, todos gostaram
muito de desenvolver as partidas, fazendo a contagem dos pontos com animação,
troca do lado da quadra e aplicando estratégias.
Para as partidas em duplas, a ênfase foi para as questões de posicionamento
e de devolução. Houve um pouco de desinteresse quanto a essas atividades, pois a
preferência da maioria era a de jogar individualmente.
Não houve participação em eventos e nem em campeonatos, pois, devido à
greve dos profissionais da educação, o calendário foi alterado e a implementação foi
acontecendo aos poucos. Mesmo assim, contudo, permaneceu uma expectativa de
que possa ocorrer a continuidade do Projeto e, consequentemente, poder ser
programada participação nos Jogos Escolares oficiais paranaenses e em outras
competições envolvendo o Badminton.
No último dia das atividades foi aplicado um questionário. Foi utilizado o
questionário formulado por Cafisso (2010), ao qual foram feitas algumas
adaptações, enfim consistindo em 9 interrogações abertas sobre a opinião dos
alunos referente às aulas práticas de Badminton. O Quadro 1, abaixo, apresenta
informações sobre se os alunos apreciaram ou não a aprendizagem que tiveram.
Quadro 1: Indicadores relacionados sobre se os alunos gostaram das aulas de Badminton.
Você gostou das aulas de Badminton? %
Sim 88
Não 12
Analisando o Quadro 1, constata-se que 88% dos alunos gostaram das aulas
de Badminton e apenas 12% não gostaram. Dessa forma, mostra-se que é possível
transmitir informações e dar aos alunos a chance de conhecerem novos esportes e
assim sair dos quatro esportes hegemônicos comumente praticados nas escolas:
futsal, handebol, basquetebol e voleibol (LORENZI, 2011).
O Quadro 2, que apresenta a informação percentual sobre se os alunos
gostariam de continuar com essa modalidade esportiva, os dados praticamente
confirmam a informação do primeiro questionamento.
Quadro 2: Indicadores relacionados sobre se os alunos gostariam de continuar a ter aulas de Badminton.
Gostaria de continuar a ter aulas de Badminton? %
Sim 77
Não 23
O Quadro 2 indica que 77% gostariam de continuar a ter aulas de Badminton
e somente 23% não gostariam. Alguns alunos relataram que não gostariam de
continuar a ter aulas de Badminton porque isso atrapalharia as aulas de futsal, ou
seja, teriam menos aulas do esporte favorito de alguns deles. A grande maioria
respondeu, porém, que é um esporte novo, que não utiliza bola, que usa materiais
diferenciados como peteca e raquete e que a escola oferece novas oportunidades
de esporte a eles.
Quanto ao terceiro questionamento, os dados estão inscritos no Quadro 3, a
seguir.
Quadro 3: Indicadores relacionados sobre se os alunos aprenderam alguma regra de Badminton.
Você aprendeu alguma regra do Badminton? %
Sim 84
Não 16
O Quadro 3 aponta, que 84% dos alunos entrevistados aprenderam alguma
regra do Badminton, enquanto que somente 16% informaram não terem aprendido
nenhuma regra. As respostas obtidas mencionaram que aprenderam a sacar
(empunhadura de backhand e forehand), aprenderam o sistema de pontuação e a
regra de que não pode encostar na rede. Uma resposta bem interessante citou que
não aprendeu nenhuma regra porque não prestou atenção e que esquece
rapidamente as coisas ─ o que é, obviamente, uma idiossincrasia desse aluno
específico.
Na verdade, pela observação atenta dos alunos enquanto realizavam as
atividades propostas, pôde-se perceber que aprenderam, com esses afazeres
lúdicos, bem mais que gestos motores, pois praticaram o conceito de trabalhar em
grupo, de dialogar, de respeitar as diferenças e de conviver com os outros
(TINÔCO; BATISTA; ARAÚJO, 2014). Não é que o Badminton detenha a primazia
desse tipo de aprendizagem, mas certamente é um aspecto importante da sua
prática na escola.
Quadro 4: Indicadores relacionados sobre se os alunos acharam difícil aprender as regras do Badminton.
Você achou difícil aprender o Badminton? %
Sim 46
Não 54
No quadro 4 vemos que as respostas ficaram bem igualadas na questão da
facilidade de aprender as regras do Badminton. Alguns alunos disseram que são
muitas regras, que são todas difíceis, que têm que prestar muita atenção, que
esquecem fácil e que nunca tiveram aulas dessa modalidade. Outros acharam que é
tudo muito fácil, que a professora explicou direito, que têm facilidade, que
entenderam as regras, que, porém, é difícil jogar.
No caso, até mais da metade dos alunos acharam difícil de aprender as
regras. Na verdade, foram conduzidos a praticar um jogo de que não tinham
nenhum conhecimento prévio da vida ─ por ser jogo novo no país. Então foram
levados a sair da inércia e a aprender novas condutas de movimentos, novas ações,
novas comunicações, novos significados, novas regras, em que a especificidade do
esporte exige cooperação e marcantes alterações de comportamento e de
hierarquia de relacionamento entre os alunos de cada turma (ARRUDA et al., 2013).
Vale dizer que os alunos de destaque em outros esportes talvez não sejam os
mesmos desse novo esporte ─ o que certamente mexe com reputações na turma.
Quadro 5: Indicadores relacionados sobre se os alunos após as aulas passaram a prestar mais atenção ou se interessar pelo jogo de Badminton.
Após as aulas, você passou a prestar mais atenção
ou se interessar pelo Badminton?
%
Sim 85
Não 15
O Quadro 5 aponta que 85% dos alunos passaram a prestar mais atenção ou
passaram a se interessar pelo Badminton e somente 15% não. Essa elevada
atenção a esse esporte se deve, presumivelmente, ao fato de ser um jogo de
interação, um jogo que estimula tanto as capacidades físicas, quanto as psíquicas e
afetivas, além das sociais de seus praticantes (ARRUDA et al., 2013).
Quadro 6: Indicadores relacionados sobre as maiores dificuldades encontradas pelos alunos.
Qual foi sua maior dificuldade durante as aulas? %
Acertar a peteca 44
Sacar 28
Nenhuma dificuldade 12
Todas as dificuldades 6
Fazer ponto 5
Aprender as regras 5
O Quadro 6 indica que acertar a peteca foi a maior dificuldade dos alunos,
com 44% de indicações nesse sentido. Já 28% dos alunos referiram que a
dificuldade era realizar o saque ─ sacar bem e acertar a peteca são praticamente a
mesma habilidade. Assim, predominou essa inabilidade geral. Diferentemente,
somente 12% disseram não terem encontrado nenhuma dificuldade, 6% informaram
que tiveram todas as dificuldades (continua sendo a questão da inabilidade).
Depois, 5% informaram que não conseguiam fazer pontos, ou seja, vencer um rally
(o que, obviamente, depende da competência do/s adversário/s na quadra) e 5%
informaram dificuldade de aprender as regras.
Quadro 7: Indicadores relacionados sobre as razões pelas quais os alunos gostariam de jogar Badminton.
Você jogaria Badminton porque considera este esporte importante
para:
%
Lazer 70
Competir 17
Qualidade de vida 13
O Quadro 7 indica que 70% dos alunos consideram o Badminton importante
para o lazer, 17% para competir e 13% para melhorar ou manter a qualidade de
vida.
Assim, os alunos aprenderam que é possível vivenciar um esporte sem que
as regras de sobrepujar o adversário e as comparações de potência pessoal sejam
a tônica principal. Também aprenderam que os padrões hegemônicos estabelecidos
podem ser recriados e ressignificados. Aprenderam, principalmente, que é possível
vivenciar o esporte sem que, necessariamente, sejamos mais fortes, mais rápidos
ou mais sagazes (TINÔCO; BATISTA; ARAÚJO, 2014).
Quadro 8: Indicadores relacionados sobre os valores que os alunos acham que podem ser desenvolvidos com a prática do Badminton.
Quais os valores que você considera possíveis de serem
desenvolvidos com a prática do Badminton?
%
Respeito 62
Fair-play 18
Disciplina 12
Nenhum 8
Analisando o Quadro 8, vemos que 62% dos alunos consideram que, com a
prática do Badminton, é possível adquirir valores como respeito, 18% consideraram
o fair-play importante, 12% a disciplina e 8% nenhum valor.
Desta forma, os alunos aprenderam, pela ludicidade proporcionada por esse
esporte, bem mais que gestos motores, pois aprenderam ─ como já dito em página
anterior ─ a trabalhar em grupo, a dialogar, a respeitar as diferenças e a conviver
civilizadamente com o outro (TINÔCO; BATISTA; ARAÚJO, 2014).
Quadro 9: Você considera o Badminton um esporte fácil de ser aprendido?
Você considera o Badminton um esporte fácil de
ser aprendido?
%
Sim 70
Não 30
O Quadro 9 aponta que 70% das crianças acharam o Badminton um esporte
fácil de ser aprendido e 30% consideraram difícil.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como proposto ao início deste estudo, procurou avaliar a prática do
Badminton, na disciplina de Educação Física do Ensino Fundamental, se os alunos
gostaram das aulas, se gostariam de continuar a ter aulas de Badminton, se
aprenderam algumas regras, se tiveram dificuldades e algumas razões pelas quais
gostariam de jogar Badminton.
Nesse sentido, após realizadas as aulas teóricas e práticas com os alunos
dos 6ºs anos de uma escola estadual de Assis Chateaubriand, no Paraná, isso no
decorrer deste ano de 2015, foi aplicado posteriormente um questionário avaliativo
sobre a atividade. Pelas informações buscadas no questionário ficou evidente o
interesse por novas modalidades e que a maioria se interessa em aprender e
jogar/praticar Badminton. Também serve de base para novos estudos e
planejamentos e ocorreu melhoria/evolução técnica do Badminton quando
comparado o início e fim da unidade, mas que este não foi o objetivo e sim o
incentivo da prática/vivência da modalidade.
Assim, a Unidade Didática que integra esta pesquisa ─ e que foi utilizada
para as aulas teóricas e práticas ─ traz lições que cobrem as habilidades básicas do
Badminton e que garantem que os alunos participantes tenham uma primeira
experiência positiva dessa modalidade esportiva. Essa Unidade Didática ainda pode
vir a ser importante recurso didático para os professores de Educação Física em
geral, pois esse material poderá ajudá-los a planejar e a ministrar aulas de
Badminton divertidas e com segurança.
Dessa pesquisa decorre um parâmetro para a disciplina de Educação Física,
o parâmetro de que é importante para os professores buscarem diversificados
conteúdos esportivos para a execução de diferentes tipos de movimentos de
educação física no Ensino Fundamental, para a realização de novas tomadas de
decisão nos jogos e nas demais atividades que despertem a atenção dos alunos,
para que tudo seja prazeroso, dinâmico, integrador das várias dimensões do ser
humano, em que alunos de todos os gêneros e idades possam participar juntos,
sem perder o viés lúdico.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Émerson Pereira de Souza et al. O badminton nas aulas de Educação Física: um relato de experiência. Coleção Pesquisa em Educação Física. João Pessoa/PA, v. 2, n. 12, p.111-120, 2013. CAFISSO, Jorge Luiz. O tênis de campo como conteúdo da Educação Física e suas características educacionais. Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, 2010: Curitiba, Paraná. CBBd ─ CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON. História do badminton. Disponível em:<http://www.badminton.org.br/sobre_o_badminton/historia-do-badminton/>.Acesso em: 9 jul. 2014. CBBd ─ CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON.Equipamentos.Disponível em:<http://www.badminton.org.br/equipamentos>.Acesso em: 9 jul. 2014. COPELLI, V. N.Introdução dos esportes de raquete nas aulas de Educação Física escolar: uma visão segundo a cultura corporal domovimento.Campinas/SP, 2010. Monografia – Faculdade de Educação Física,Universidade Estadual de Campinas.
GOMES, P. M. C. Mec do Badminton. Porto, PRT: Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, 2012. GONÇALVES, R. O jogo badminton. Arapongas, PR: Inovação Social, 2012. GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares na Educação Física para Educação Básica. Paraná: 2008. KELZENBERG, Heinz; WOODWARD, Mike; WRIGHT, Ian; BORRIE, Stuart. Shuttle Time: o programa de badminton escolar da BWF – Manual para o professor.Tradução de Luciane Neri. 2011. LORENZI,V.F. O badminton nas aulas de Educação Física na proposta crítico-superadora.Criciúma/SC,2011. Monografia do Curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar, da Universidade do Extremo Sul Catarinense,UNESC. TINÔCO, Rafael de Gois; BATISTA, Alison Pereira; ARAÚJO, Allysson Carvalho. Apontando possibilidades para o ensino do badminton na Educação Física escolar. Cadernos de Formação, Natal/RN, p.9-19, 2014.